Jornal Chafariz de Arruda - Edição AGosto 2019

Page 3

Chafariz de Arruda

Julho 2019

Sociedade 3

Profissionais do Hospital de Vila Franca ficaram indignados com a notícia das casas de banho Hospital de Vila Franca de Xira volta a figurar como uma das unidades do país com melhor avaliação no âmbito do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS). Entre as mais de cem instituições que participaram neste estudo da responsabilidade da Entidade Reguladora da Saúde, a unidade que serve os concelhos de Vila Franca de Xira, Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, e Benavente é um dos hospitais do país com mais áreas com nível máximo de excelência clínica, concretamente, Cirurgia de Ambulatório; Cirurgia Geral - Cirurgia do Cólon; Cuidados Transversais - Avaliação da Dor Aguda; Neurologia - Acidente Vascular Cerebral; Obstetrícia - Partos e Cuidados Neonatais e Pediatria - Cuidados Neonatais. Sensivelmente um mês depois do surgimento de um outro relatório que dava conta do internamento de doentes em refeitórios e casas de banho, situações entretanto desmentidas pela administração da José de Mello Saúde, o Chafariz de Arruda falou com Mário Paiva, diretor clínico desta unidade, tendo em conta a aparente contradição produzida pela tutela para o mesmo hospital. O diretor clínico refere que sendo ambos os relatórios distintos, a notícia reportada ao relatório que foi produzido pela Entidade Reguladora da Saúde com base em queixas de utentes e familiares – (a

O

escassos dias do anúncio da não renovação da PPP nos atuais moldes) – que dava conta do internamento em refeitórios e casas de banho “foi algo que indignou os profissionais do hospital”. “Esse tipo de situação seria impensável para todos aqueles que aqui trabalham”, refere, acrescentando que a nova unidade, inaugurada em 2013, encontra-se aquém do número de camas desejável para internamento de doentes agudos. Aliás o número de camas não subiu em relação ao antigo hospital, sendo que a procura disparou, bem como o aumento do número de especialidades. O também médico pediatra refere que cerca de 30 a 40 pessoas continuam a permanecer no hospital após receberem alta, o que é um fator crítico quando se fala em falta de camas nesta unidade de saúde, que tem apenas uma capacidade para 280 camas, obrigando muitos doentes a “permanecerem na urgência por ausência de camas nos pisos de internamento, e isso é algo que nos perturba”. Por outro lado, muitos dos doentes com alta ficam a aguardar nas ditas zonas de refeitório, mas que no fundo são pequenas alas onde aguardam “que os venham buscar, nomeadamente, as instituições ou os familiares”. Sendo certo que há casos notórios de negligência e de desinteresse por aqueles doentes por parte das famílias. São normalmente pessoas mais velhas à espera há muito tempo, em

Diretor clínico sublinha cultura de excelência nos cuidados de saúde tendo em conta nova avaliação do SINAS que a resposta só surge mais tarde e por parte da Segurança Social. O hospital apenas tem conhecimento de uma queixa relacionada com a questão da casa de banho – “Foi em 2015 que essa questão foi apresentada. É impossível desde logo internar alguém numa das casas de banho porque a maca não entra. Existe o espaço dos banhos assistidos que não é casa de banho, onde, uma vez, um doente pediu para ficar ali, porque havia demasiado barulho e luz no tal local designado erradamente por refeitório, mas que eu saiba foi uma única vez.” Quanto à avaliação produzida pelo SINAS que entregou ainda ao hospital de Vila Franca de Xira, segundo ava-

liação produzida no início do mês de julho, excelência clínica de nível 2 (duas estrelas) às áreas de Cardiologia - Enfarte Agudo do Miocárdio; Unidade de Cuidados Intensivos; Cuidados Transversais: Tromboembolismo Venoso; Ginecologia - Histerectomias; Ortopedia – Artroplastia da Anca e do Joelho e Tratamento Cirúrgico da Fratura Proximal do Fémur e Pediatria – Pneumonia; “é o resultado de um trabalho e de uma estratégia direcionada para a excelência da qualidade do ato médico”. A adesão ao SINAS é voluntária. “Ao longo do tempo fomos aderindo a novas propostas de trabalho neste âmbito, com planeamento estratégico, amadurecimento das equipas

dentro desta cultura, e em que a responsabilidade é maior”. Em algumas patologias, o hospital montou mesmo alguns circuitos como o do Acidente Vascular Cerebral (AVC) que compreende a chegada do doente e o seu diagnóstico, “com uma série de parametrizações clínicas a decorrer sem quebra de tempos, de forma eficiente e rápida”. A servir uma população sobretudo idosa, o hospital definiu ainda um circuito do idoso com um número de camas atribuídas, e onde se trata de forma integrada as incidências e as doenças do ponto de vista da Geriatria, sobretudo doentes oriundos da urgência. Mário Paiva trabalha na uni-

dade há 30 anos, e conheceu os dois tipos de gestão- a pública, “sistematicamente controlada pela tutela e com problemas de défice orçamental”, por oposição “a esta gestão de parceria público-privada como a que temos em que existe maior liberdade, atendendo às necessidades imediatas dos serviços sem termos de ficar à espera de outra entidade externa que dê autorização para fazer isto ou aquilo”. “Temos uma gestão de qualidade em que conseguimos fazer planeamento a longo prazo”. Um dos desafios da gestão clínica deste hospital prendese com a procura crescente de utentes não oriundos dos cinco concelhos. Nesta altura não há mãos a medir para encaixar quem venha, por exemplo, de Santarém, Cartaxo, Torres Vedras, Salvaterra de Magos, apenas para citar concelhos próximos, à procura de uma consulta ou de um tratamento no hospital de Vila Franca de Xira. Para o diretor clínico “é tudo uma questão de equilíbrio entre a procura e a oferta, mas é sobretudo um desafio”. “Não pretendemos ser um hospital de final de linha, (hospital central) para a maioria das doenças, mas de facto fazemos aqui muita coisa”, orgulha-se, referindo ser da maior importância a ampliação das atuais instalações, até porque em certas patologias os tempos de espera para consultas ou cirurgias, e conforme os casos, chega a ser de seis meses.

Câmara de Arruda aprova a manutenção do 2º ciclo público em Arranhó o rescaldo da decisão da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST) de dar por findo o protocolo com o Externato João Alberto Faria (EJAF) em Arranhó e subsidiação de duas turmas do 5º ano, os ânimos continuaram quentes em reunião de Câmara com o vereador do PSD, Luís Rodrigues a acusar o presidente da autarquia, André Rijo, de ter sido conivente com a decisão do ministério de Tiago Brandão Rodrigues desde o seu iní-

N

cio. Na reunião de 15 de julho, foi emitido parecer favorável sobre a manutenção da oferta de ensino do 2º ciclo do Ensino Básico no Centro Escolar de Arranhó. Recorde-se que o Centro Escolar de Arranhó albergou até ao último ano letivo turmas do 5º e 6º anos por contrato de associação com o EJAF, situação que a tutela considerava ilegal, por se tratar de um edifício da escola pública. O ministério deu duas hipóteses tendo em vista já o próximo ano letivo: ou o município aceitava a integração das duas tur-

mas do 5º ano no ensino público, ou seja nas mesmas instalações (o 6º ficou de fora desta obrigatoriedade), com o consequente não pagamento de verbas ao EJAF por parte da tutela, neste caso 80 mil 500 euros por ano por turma, ou as cerca de 30 crianças teriam de rumar à sede do externato em Arruda para frequentarem o 5º ano. “Não posso deixar de notar que desde o início estava favorável à mudança no 5º ano em Arranhó. Houve uma incapacidade de chegar a acordo com o EJAF para sa-

nar aquilo que foi apresentado como uma ilegalidade, criando-se um quadro de instabilidade nas famílias pois nenhum encarregado de educação discordou do ensino levado a cabo pela EJAF naquele centro escolar. Só lamento a falta de coerência de camaradas seus, do PS, de outros concelhos que colocam os filhos no externato em Arruda, defendendo para os filhos aquilo que não querem para os filhos dos outros”, sintetizou o vereador da oposição. O presidente da Câmara respondeu alegando que com

aquele discurso Luís Rodrigues estava a passar o maior atestado de incompetência aos professores do ensino público, salvaguardando que foi a tutela que colocou esta questão na agenda política e não o município. “Reconheço que houve alguma incapacidade da Câmara na negociação com o EJAF”. Em causa estaria o pagamento por parte do externato de uma verba de 400 euros por mês numa espécie de aluguer das instalações desde 2009 sem que nunca tivesse sido assinado este protocolo. “Pode-

ríamos ter resolvido esta situação em 2016 quando a Câmara propôs o acordo, mas em 2011 o PSD também o poderia ter realizado”. As verbas do ministério ao EJAF para o ensino em Arranhó rondam os 80 mil 500 euros anuais e destinam-se no entender do Estado a fazer face aos custos em meios humanos e funcionamento das instalações, ora estando as aulas a serem ministradas num edifício público, o que não acontece em Arruda, o ministério achou estar perante um caso de dupla subsidiação.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.