Pietro Ubaldi - 16 - Evolução e Evangelho

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Pietro Ubaldi

EVOLUÇÃO E EVANGELHO

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inteligência? O passado exigia tal aptidão, e assim se justifica a presença atual dos resíduos. Por isso o involuído não merece condenação alguma. Está tudo bem. Todavia, se esta posição atual se explica e se justifica diante do passado, o mesmo não acontece em relação ao futuro. Aceitá-la para o futuro significa adaptar-se a viver naquele estado de barbárie. O homem atual, em vez de condenação, merece antes até admiração, por ter sabido emergir até aqui de estados tão selvagens. Se, diante destes, ele pode julgar-se civilizado, está bem longe de sê-lo perante o seu futuro. Eis por que pode considerar-se o homem atual como um ser ainda semisselvagem, que precisa urgentemente ser civilizado. Eis aí, então, a função do biótipo evoluído, para executar esse trabalho necessário, ou seja, retirar da barbárie a massa involuída, que ainda se encontra atrasada, vivendo no plano animal. Trata-se de multiplicar cada vez mais o biótipo do evoluído, em substituição ao tipo involuído, mais atrasado; de ajudar a vida neste seu laborioso processo de maturação dos espíritos, exigido pela lei de evolução; de secundar a história no grande trabalho deste seu parto doloroso de evoluídos, não mais como casos esporádicos excepcionais, mas sim em massa, pois só essa massa poderá formar a futura sociedade orgânica da humanidade, na qual o Evangelho será finalmente vivido. Tudo isto, segundo o princípio pelo qual a sociedade dos seres que formam a vida é constituída por um sistema orgânico hierárquico, em que todos os seres estão interligados e nenhum deles pode avançar sozinho, mas somente inclinando-se sobre os irmãos menores, para fazê-los subir com ele. ◘ ◘ ◘ Às belas exortações do Evangelho o tipo corrente, apegado às realidades da Terra, responde desconfiado. Irá depois a Divina Providência me salvar de fato? E se o milagre não se realizar? Que tenho de seguro nas mãos? Estando habituado a viver num mundo de traições, ele deve considerar a desconfiança como uma de suas principais virtudes. Mas são justamente estas suas qualidades, com as quais ele se torna apto a viver na Terra, que impedem o funcionamento daquela Providência. Esta é colocada em movimento por qualidades opostas, exatamente aquelas que tornam o homem menos apto a viver na Terra. Não se pode ganhar de ambos os lados. Para se ganhar na Terra, perde-se no Céu, e vice-versa. Quem possui as qualidades que lhe permitem viver bem na Terra, contente-se com as vantagens alcançáveis aí e não peça as que descem do Alto. Mas quem não sabe viver na Terra, porque pertence a planos


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