Jorge Adoum - Rumo aos Mistérios, Ísis Vive

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No Livro dos Mortos, o texto egípcio por excelência, está “pir - m - haru”, que significa “saída para a luz” (das trevas da morte para a luz da ressurreição). A Esfinge tem dois nomes: um é Hor-Harmajitu (que quer dizer “Deus do Sol Levante”); e, o outro é Khepra (que significa “Devenir” – ou seja, “sair do nada para ser”, “ressuscitar”). Nos confins do deserto egípcio reinou a morte; então, a Esfinge levanta a cabeça para ser a primeira a receber o Sol ressuscitado. Mãe e filho descansavam ao pé da Esfinge, à sombra das pirâmides (negros triângulos dos sepulcros eternos). No sorriso da criança e no da Esfinge se achava o mesmo mistério.

3. Moisés tirou seu povo do Egito. Mas, o Menino volveu, porque o Egito encontrou Deus. “Nossa terra é o Santuário do Universo”, dizia Hermes Trimegisto. O santo Egito é a pátria de Deus. No entanto, se o Egito encontrou Deus, nós O perdemos. Quando Napoleão disse: “Quarenta séculos vos contemplam”, não falou a verdade. (1798). Mais de quarenta séculos: todos os séculos, desde o começo do Mundo (o começo do Mundo contempla o seu fim). O Egito é o começo do Mundo, e o Apocalipse é o seu fim. Quanto mais alguém se acerca de seu fim, mais próximo se acha de seu começo – “Aqui é onde convém que comece meu caminho”, dizia Peer Gynt. Do Egito parte o caminho que conduz ao Terceiro Reinado, ao fim do tempo: Reinado de mil anos, dos santos sobre a Terra, segundo predisse o Apocalipse.

4. Terra Negra (Khem) é o nome do próprio Egito.


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