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angelo de zorzi

Babélia

COMPORTAMENTO Internet sem medo Manter o diálogo e estabelecer limites é a melhor forma de ensinar as crianças a navegar na web.

Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos — Edição 16 — São Leopoldo/RS — Dezembro de 2011

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DANIELA FANTI

DIEGO DIAS

POLÍTICA Polêmica nas Câmaras Municipais

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LÍLIAN STEIN

Emenda constitucional que prevê o aumento do número de vereadores divide opiniões.

Loucos por camisas

SAÚDE Exercícios retardam o envelhecimento

A farta comercialização de artigos dos times de futebol fez nascer um novo tipo de fanático: o colecionador de camisetas

MARINA CARDOZO

Aposentados contam como atividades aeróbicas e alongamentos melhoram a qualidade de vida. 15

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ESPORTE

POLÍTICA

EDUCAÇÃO

MEIO AMBIENTE

Goleira gaúcha no Mundial de Handebol

Capão da Canoa já pensa no inverno

Presidiárias voltam a estudar

Consumo de carne afeta ecossistemas

Bárbara Arenhart, de Novo Hamburgo, defende a seleção nacional em dezembro.

Secretaria de Turismo planeja eventos para atrair maior público na baixa temporada.

Detentas aproveitam o tempo livre para investir em novos conhecimentos.

O impacto da pecuária em escala industrial repercute até mesmo na qualidade do ar.

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Página Editorial A tábua de salvação da credibilidade

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s avanços tecnológicos estão tão rápidos quanto a nossa capacidade de assimilação das potencialidades e transformações que provocam. As interfaces de acesso às máquinas chegam a moldar o real, principalmente com o advento da web. A internet encurtou distâncias, deu o poder de voz a todos e tornou-se protagonista entre os meios de comunicação. Mas o que realmente se ganha e se perde quando vivemos no mundo digital? Ganhamos com a liberdade de nos expressar, temos mais força coletivamente. Nesses tempos, regimes ditatoriais são permanentemente sacudidos pelas mobilizações via rede. Não é por acaso que regimes do Oriente Médio como o de Hosni Mubarak, que governava o Egito com mãos de ferro, caíram. No caso do exlíder egípcio, as redes sociais foram fundamentais para mobilizar a população do país que bradava por liberdade, e disseminaram no mundo o panorama da região. Mubarak tentou inutilmente cortar a internet em todo o espaço nacional. Ele compreendia o foco de sua derrocada, que aconteceu em fevereiro deste ano. No entanto, se a web não for utilizada de forma ética, ela pode permitir que as mazelas morais e sociais de nossa sociedade sejam superdimensionadas. O universo subjetivo criado por esse meio é sem lei, ficando à mercê dos princípios de cada usuário conectado. É verdadeiro o fato de que pessoas já são presas por praticar delitos de trás seus computadores, mas ainda permanecem latentes os sentimentos de anonimato e impunidade. Neste território livre e desregrado, o fluxo de conteúdos, principalmente informativos, cresce sem controle. Então, como confiar em algo que está imerso num mar aberto? A tábua de salvação da credibilidade ainda está no jornalista. Ele deve usar seus princípios para não colocar em xeque o que há de mais importante na sua profissão: a confiança.

Babélia Universidade do Vale do Rio dos Sinos Sao Leopoldo Linha Direta (51) 3591 1122 Email: unisinos@unisinos.br Reitor: Marcelo Aquino Vice-reitor: José Ivo Folmann Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes Diretor de Graduação: Gustavo Borba Gerente de Bacharelados Gustavo Fischer Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs

TEXTOS: alunos das disciplinas de Redação Jornalística I, II e III, sob orientação dos professores Anelise Zanoni, Beatriz Marocco, Edelberto Behs, Eduardo Veras, Ronaldo Henn e Thaís Furtado. IMAGENS: alunos da disciplina de Fotojornalismo, sob orientação do professor Flávio Dutra. PLANEJAMENTO GRÁFICO: alunos da disciplina de Planejamento Gráfico II de 2011/1 Émerson Vasconcelos, Matheus Andreatta e Luciana Andreatta, sob orientação do professor Everton Cardozo. EDITORAÇÃO: realizada pela Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Diagramação: estagiário Marcelo Grisa, sob supervisão do jornalista Marcelo Garcia.

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Votar por quê? DIVULGAÇÃO

Jairton Camisolão Redação Jornalística III

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s jovens da capital gaúcha, nos parece, estão sem estímulo para votar nas próximas eleições municipais que acontecem nos dias 7 e 28 de outubro de 2012, respectivamente primeiro e segundo turnos, onde serão eleitos vereadores e prefeitos em todo o Brasil. Não é para menos, com tantos escândalos que têm acontecido ultimamente no cenário político nacional, eles adiam até a idade limite de 18 anos, para fazer o titulo eleitoral e exercer o seu direito de cidadão. Os dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RS) comprovam esta insatisfação dos jovens portoalegrenses com a classe política. Conforme este levantamento, a capital tem o menor percentual de eleitores entre 16 e 17 anos de todas as cidades gaúchas. Isto representa 0,72% em um universo de quase 1.1 milhões de eleitores. Pelos números do censo, que o IBGE divulgou em agosto passado, Porto Alegre deveria ter o triplo de eleitores nesta faixa etária. A falta de politização de alguns adolescentes é outro fator agravante pelo que vem

ocorrendo na capital do Estado. Muitos preferem virar as costas e fugir da responsabilidade do que participar das questões decisivas do Brasil. A juventude não pode se furtar de eleger nossos governantes a cada dois anos. Por este processo democrático definimos o futuro do Brasil. Aos vereadores, prefeitos, gover-

nadores, deputados, senadores e presidente, delegamos o poder, com nosso voto, para que eles decidam por nós. Está nas mãos da juventude a renovação e talvez um jeito mais transparente de se fazer política no Brasil, porque os jovens que decidem hoje nas urnas serão os futuros políticos do amanhã.

O câncer dos rebeldes sem causa Bruno Lois Redação Jornalística III

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erta vez o poeta espanhol Jaimes Balmes disse que “muito custa ao homem revelar-se mau, até aos seus próprios olhos; e não se atrevendo, faz-se hipócrita”. Mais de um século se passou e a frase segue atual e encaixa exatamente no padrão de comportamento da sociedade. Protegida pela armadura da hipocrisia e reforçada com a internet, o meio mais democrático de comunicação, a sociedade descobriu que a polêmica gratuita é legal. Se você começa a leitura esperando uma posição política, esqueça, pode parar por aqui. A questão é outra: opinião todo mundo tem, mas argumentos que tornem as opiniões válidas pouco se veem. Dou o primeiro exemplo: assim que divulgada a notícia

do câncer do ex-presidente Lula, o tiroteio de opiniões sobre o assunto nas redes sociais foi algo digno dos morros cariocas. Foi bala perdida para tudo que é lado. Ora, sejamos francos, o SUS é, sim, um sistema deficitário. Verbas insuficientes ou desviadas da finalidade desejada, poucos

“A pluralidade de informações é muito válida na construção de uma opinião e esse é o cenário das redes sociais. Isso configura um espaço democrático”

hospitais e médicos e muitos pacientes, que formam filas de espera para determinadas especialidades. Sem defender qualquer figura pública e tampouco sigla partidária: não é o Lula que merece tratamento diferenciado, é a instituição Presidência da República. Qualquer ex-presidente merece e tem direito a tratamento especial. Sugerir que Lula se trate pelo SUS, como se isso fosse sentença de morte ou descaso é, no mínimo, desinformação. Mas veja bem, não é o tratamento de Lula o tema central da abordagem e sim o poder e a democracia do argumento. A pluralidade de informações é muito válida na construção de uma opinião e esse é o cenário das redes sociais. Isso configura um espaço democrático onde se lê muitas posições inteligentes e outras nem tanto.


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pinião

Jane Maria da Silva

Bastidores da

VIDA

O leitor entre os letrados Jonas Pilz Redação Jornalística III

Um doce por um sorriso. É por conta da casa Jaqueline Loreto Redação Jornalística III

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ma das melhores formas de expressar a emoção, de maneira que todos compreendam, é através do sabor da comida. É na panela que se escondem histórias das mais variadas formas de interpretações, e as histórias ao pé do fogão são que mais agradam Eloá dos Santos Prates, a tia Lolô. É só saber que irá receber visitas que ela logo se apronta para ir ao mercado e comprar os ingredientes. O valor de cozinhar sobre um bom teto, com panelas boas e com prazer, Eloá sabe dar. Há quem diga que as coisas novas que estão inventando deixam as pessoas acomodadas, por ser tudo mais fácil do que antigamente. E em parte, não deixam de ter razão. Eloá, ou melhor, a tia Lolô, nasceu em Morrinhos, 90 quilômetros de Porto Alegre. Aos 18 anos se instalou na cidade que continua residindo, São Je-

rônimo. Enquanto mexe com seus doces, conta que sua primeira moradia foi levantada pelos homens da casa, e que era modesta com telhado de sapé e de chão batido. Era de paua-pique. E nela a cozinha também ficava por sua conta, usando as panelas de ferro e o fogão à lenha, de barro, da família. Ao redor da casa fica as plantações, a horta. E de manhã, antes dos galos cantarem, era hora de tirar o leite da vaca e começar a fazer as lidas da casa. Os afazeres eram exaustivos, mas nunca tiraram o seu sorriso. E ainda tinha no currículo um curso de corte e costura – comum naquela época para que as mulheres aumentassem os ganhos. Trabalhando como empregada doméstica conheceu o seu marido. Juntos, os dois cuidavam dos animais e faziam sua vida campeira. Hoje, aos 67 anos, tia Lolô vive em uma grande casa e continua no trato dos animais. Segue fa-

zendo de tudo para agradar quem aparece na sua casa. Enquanto um olho fica espreitando o preparado (normalmente um doce ou um pão) o outro fica no chimarrão passado de mão em mão. Suas rapaduras ou broas de milho têm efeito acalentador. Impossível resistir, ainda mais quando se escuta a cuia roncando. Algumas palavras saem pesadas, com dificuldade, devido às emoções lembradas, que não são poucas. Como a vez em que se prontificou a fazer os docinhos e salgadinhos para o primeiro ano de seu primeiro neto. Ou quando a família resolveu fazer uma pequena surpresa em seu aniversário e foram mais de 40 cabeças em sua casa. Talvez seja cozinhando que Eloá encontre um motivo para fazer os outros se sentirem bem. Talvez seja o motivo dela se sentir bem. Mas uma coisa é certa, quem entra sempre irá sair com uma “bobagenzinha” – como ela gosta de falar – pra levar na viagem.

A figura de um morador de rua que reside entre os arranha-céus de um dos principais centros econômicos de Porto Alegre, é contrastante. Juca, como gosta de ser chamado, vive há seis meses no cruzamento da avenida Carlos Gomes com a Anita Garibaldi, com mais dois amigos. - Chegamos aqui e, como tinha espaço, sem que incomodasse ninguém, ficamos. A vida de Juca poderia ser como a de qualquer outro morador de rua, não fosse um detalhe curioso: ele passa a maior parte do dia lendo. Com um vocabulário impecável, não sabe precisar quantos livros já leu na vida. - É um hábito que surgiu por acaso. Juca recolhe livros e jornais no lixo, no chão, às vezes recebe de moradores das proximidades que sabem do seu apreço. “Gosto de estar - Gosto de estar informado do que acontece. Eu faço parte do mundo taminformado do bém. E com os livros eu aprendo e me divirto muito. que acontece. Quanto às preferências de gênero, Eu faço parte diz que gosta de quase todos, desde que tenham uma boa história. do mundo - Principalmente os de ação e sotambém.” bre lugares do mundo. Dá vontade de conhecer. A vizinhança não ajuda somente com livros, mas também com comida, roupas, cobertores e outras coisas. Assim, ele afirma que não precisa pedir esmola. - Às vezes também aparece algum trabalho. Mas mais pra mim. Enquanto eu leio, eles (seus amigos) ficam dormindo o dia todo - diverte-se. Juca e seus colegas têm uma companheira inseparável. A cadela Pulga está sempre pronta pra brincar com quem dê atenção. - Não sou desses que trata cachorro como pessoa, mas tem vezes que leio em voz alta, e ela fica parada olhando, prestando atenção. Percebo reações nela. Deve ser a entonação da voz. Sobre escrever o seu próprio livro, ele diz que não se empolga muito com a idéia. Juca vive entre pessoas letradas com garbo e o barulho de carros. Ele não dá bola. Está imerso em suas histórias.

Chão batido e raízes André Rafael Herzer Redação Jornalística III

Sentado na varanda de casa, o idoso magro e de escassos cabelos observa o pouco movimento da rua onde mora. Há 84 anos, ele vive na mesma localidade, a estrada de chão batido é testemunha de sua vida. Atualmente ele mora em uma casa de alvenaria com a sua esposa, a poucos metros da casa de estilo colonial alemão onde ele nasceu. Vidas inteiras se passaram e Libório reluta em abandonar o local no qual cresceu. Os dedos grossos, a mão calejada e a pele escurecida pelo sol revelam que o senhor de idade além de apreciar uma cervejinha nas tardes de calor, já trabalhou muito na roça. Desde pequeno, Libório e seus oito irmãos ajudavam no sustento da família, tirado no cultivo de lavouras. Outra paixão do agricultor é a televisão. Quando a eletricidade chegou à localidade onde mora, Libório optou por comprar uma televisão e não uma geladeira, afinal era ano de Copa do Mundo. No Bom Fim, local onde mora, o senhor de fala carregada pelo sotaque alemão aprendeu o ofício que pratica até hoje: fazer vassouras de palha. A primeira delas foi feita com o material descartado por não ser de boa qualidade. Em nenhum momento ele recebeu um conselho de seu pai, Libório apenas observou como elas eram produzidas e repetiu o processo. Até hoje ele se orgulha pelo fato de sua primeira vassoura, mesmo sendo feita com a palha ruim, ter sido melhor do que as feitas pelo seu pai. Hoje, a idade avançada atrapalha na produção de vassouras. A velhice também vem atrapalhando Libório em outros afazeres. Há mais de cinco anos ele não realiza o percurso de quatro quilômetros até Feliz de bicicleta. Na verdade, ele só se desloca até a cidade em casos de urgência. Ele já criou raízes nesse chão que o viu crescer e o ajudou a levar uma vida decente, enquanto espera sentado na varanda de sua casa, pelo próximo carro que levantará a poeira da rua.


Reportagem

especial

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A febre das camisas Os uniformes deixaram de ser usados apenas pelos jogadores para se tornarem artigos de coleção e uma paixão sem limites LISIANE MACHADO

Helena Caliari Jeferson Dias Luís Francisco Caselani Redação Jornalística II

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“manto” é o maior símbolo de um time de futebol. Suas cores identificam seus torcedores. Uma camisa azul, preta e branca tem um gremista dentro. Uma vermelha, farda um colorado. É uma fácil associação, que se tornou ainda mais simples tão logo iniciou a comercialização delas. Começaram, então, a ser vistas pelas ruas, indicando um torcedor do seu próprio time, da equipe rival ou de outro clube qualquer. Isso porque sua venda fez nascer um novo tipo de fanático: o colecionador de camisas de times de futebol. As coleções começam sempre a partir de um item e não param mais. “Comecei tudo com uma camisa de um time amador de Morro Reuter, há 27 anos. Daí se desenrolou uma febre”, diz Valdir Pedro Eissmann, dono da Grêmio Mania de Novo Hamburgo e apresentador do programa Esporte na TV, da TVNH. Aos 60 anos, sua coleção de mais de 300 camisas foi construída através de presentes. “Eu trabalhei como repórter de campo nas rádios Progresso e ABC 900. Acabei fazendo vários amigos dentro dos clubes”, conta Valdir, que brincava: “Me dê sua camisa e será campeão”. Ganhar camisas é privilégio de poucos. A maioria dos colecionadores acaba tendo que desembolsar consideráveis quantias por elas – uma nova sai em torno de 160 reais. A solução é comprar produtos em liquidação ou então

“Meus xodós são as únicas duas camisas que tenho do Grêmio, utilizadas por Paulo Nunes e Jardel. São relíquias.” Valdir Pedro Eissmann Colecionador

Orgulho: Valdir tem uma coleção de mais de 300 camisas de futebol de segunda mão. Cada colecionador junta suas peças seguindo determinado critério. Alguns possuem camisas apenas do clube pelo qual torcem. Outros reúnem camisas bonitas, marcantes, que conquistaram títulos ou de algum jogador de destaque. “Tenho camisas de vários times, tanto profissionais como amadores. Mas meus xodós são as únicas duas camisas que tenho do Grêmio, utilizadas por Paulo Nunes e Jardel. São relíquias”, diz Valdir. Todos, no entanto, se interessam pelo design e pela arte de cada uma delas. Hoje existem blogs que debatem novos lançamentos. Isso fez com que as empresas fornecedoras de material esportivo questionassem os torcedores sobre como eles desejam que seja a nova camisa de seu time. A Reebok, patrocinadora do Internacional,

deu ao torcedor colorado a oportunidade de escolher sua terceira camisa tanto no ano passado quanto neste ano. Os gremistas também puderam escolher a sua, tanto com a Puma, no ano passado, quanto com a Topper, neste ano. A camisa escolhida foi apresentada no dia 20 de novembro. O mercado consumidor é cada vez maior e inflaciona os valores de patrocínios, que já chegam a 42,66 milhões de euros anuais – valor pago pela Nike à Seleção Francesa. Mas isso pouco importa aos fãs de camisas. Elas continuarão a significar, para eles, a identidade de cada clube e de cada torcida.

Encontro

Realizado anualmente no estádio Pacaembu, em frente ao museu do futebol, a última edição do Encontro de Camisas reuniu cerca de 600 torcedores de todo o país. O encon-

tro possibilitou aos presentes realizar trocas ou mesmo vendas de uniformes que já não interessavam mais. Uma camisa era negociada pelo preço médio de 350 reais. Em geral, os torcedores não têm preferência por camisas do seu time; gostam mesmo é de possuir raridades, aquelas que ninguém mais tem. O evento é promovido por uma parceria entre a Secretaria da Cultura do estado de São Paulo e o site “Minhas Camisas”, com o objetivo de preservar a memória do futebol brasileiro e homenagear aquelas pessoas que gostam e admiram o esporte. No evento, é possivel encontrar uniformes como o do Boca Juniors de Cristinápolis-SE ou do Santos de ItacoatiaraAM. A coordenação do encontro acredita que esta é uma maneira diferente de apresentar o futebol ao público,

possibilitando-o a conhecer um novo jeito de compartilhar o esporte. Para participar do evento não é necessário colecionar camisas. Qualquer pessoa pode comparecer e conhecer mais sobre essa mania, já que a ideia é justamente criar uma confraternização entre todos que se interessam pelo assunto. Esses artigos de coleção representam a essência do futebol, a paixão envolvente que ele proporciona, mas mostram também o lado comercial em que o esporte está inserido hoje em dia. A necessidade de faturamento dos clubes, no entanto, não estraga o prazer desses amantes, apaixonados por camisas, por suas histórias e pela glória que cada uma delas evoca. Elas podem até não ser a matéria-prima do futebol, mas que são elas que colorem o futebol, isso não há dúvida.


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LISIANE MACHADO

OPINIÃO Guilherme Endler

Redação Jornalística III

A paixão vira alto negócio

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Raridade: a camisa mais cara que Carlos já vendeu foi uma que o ex-jogador do Inter Falcão usou na Roma

Brechó do Futebol atrai colecionadores Em 2001, quando comprou uma camiseta da seleção de futebol da Itália, Carlos Caloghero não sabia que aquilo mudaria a sua vida. “Comprei a camisa pela manhã e de tarde já tinha vendido pelo triplo que eu havia pago”, lembra Carlos. O ex-estudante de Relações Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, hoje com 29 anos, trancou o curso para iniciar sua atividade comercial. Há um ano e três meses dedica-se integralmente à compra, troca e venda de camisas. Na pequena loja Brechó do Futebol, localizada no centro da Capital gaúcha, estão reunidas mais de 1400 camisetas oficiais de times de futebol do mundo inteiro. São verdadeiras peças raras. Muitas vezes o proprietário sente até pena em negociá-las. Mas não era assim no início. “Eu comprava uma camiseta e a vendia pelo dobro, aí sobrava dinheiro para comprar mais duas e assim por diante.” Com a ajuda de um amigo, Carlos passou a comprar as camisas pelo site de compra e vendas Mercado Livre, mas com um porém: “Só compro as que estão em bom estado

e que sejam oficiais”, diz. Com visão de empreendedor, ele dá a dica: “Se alguém está precisando de dinheiro para ir à praia, por exemplo, e tiver uma camiseta de qualquer time, passa na loja que faço a avaliação e compro na hora.” Carlos ainda incentiva a rotatividade das peças pelas mãos dos colecionadores ou apaixonados por futebol. Aproveitando o ditado que a propaganda é a alma do negócio, Carlos só usa camisa de seu time, o Grêmio. Em casa, tem camisas do Grêmio e da

Para quem quiser visitar a loja de Carlos Brechó do Futebol - Bar e Camisetas http://brechodofutebol.com/loja Endereço: Rua Fernando Machado, 1.188, Centro Histórico, Porto Alegre – RS. Funcionamento da Loja: de segunda à sexta, das 16h às 20h.

Seleção da Grécia, num total de 120. A decoração de sua loja é toda de mantas e bandeiras, que não estão à venda. O preço das peças variam de acordo com o ano, o número e o significado da conquista de cada campeonato ou torneio. Apesar de não revelar o preço, ele diz que a camisa mais cara que ele já vendeu foi a do ex-jogador do Sport Club Internacional Falcão, usada pelo próprio jogador na época em que jogou na Roma, da Itália. “Uma raridade”, exibe-se. Além dos diversos modelos classificados por ano e marcas, à disposição para qualquer negociação, o espaço abriga um bar no andar de baixo, que é mantido por Carlos e mais dois sócios. “Recebemos pessoas de todas as idades.” Carlos comenta que há muitas raridades em sua loja, que atua também com vendas online. “Vendo camisas para todo o Brasil e também negocio com outros colecionadores da América do Sul”, diz. Seu empreendimento, que começou ao acaso, acabou se tornando uma boa opção para os maníacos por camisas.

á faz muito que o futebol deixou de ser um simples jogo. Além de ser o esporte mais popular do mundo, movimentando milhões de pessoas numa paixão que se mistura com questões raciais, socioeconômicas e até religiosas, o futebol se tornou, quase que acima de tudo, um negócio. Não basta toda a corrupção que acontece entre os clubes, empresários e as entidades máximas do futebol, nem as picuinhas com contratos de direito de transmissão de TV, ou os desvios de verba pública para a construção de estádios, o dinheiro macula também um dos símbolos máximos dos clubes: a camiseta. Os anúncios publicitários infestam os uniformes. São propagandas de todos os tamanhos e cores, descaracterizando símbolos às vezes centenários. A tradicional camisa branca do Santos, por exemplo, leva um enorme logotipo laranja em seu peito. A do Corinthians, então, parece um abadá, com propaganda até nas axilas dos jogadores. E o pior de tudo é que essa quantidade absurda de merchandising parece não gerar muito lucro, já que a camiseta oficial de qualquer clube da Série A não custa menos do que R$ 150. Cento e cinquenta reais por um uniforme com marcas de bancos, desodorantes, camisinhas e, ali no cantinho, o escudo do clube. A saída pensada pelos colecionadores de camisas foi potencializar a importância desse símbolo. Para eles, o preço da camiseta baseia-se na sua história. Pouco importa se ela foi fabricada com um tecido high-tec que faz o suor evaporar mais rápido, ou se foi feita pela empresa X ou Y. Essa necessidade, por vezes exorbitante, de conseguir o item mais raro traz de volta a essência do futebol, que é justamente esta paixão exagerada, exorbitante.

“A saída pensada pelos colecionadores de camisas foi potencializar a importância desse símbolo”


ESPORTE

Santo Antônio quer a Copa

Babélia

Santo Antônio da Patrulha é uma das 12 cidades gaúchas que quer receber uma delegação internacional da Copa do Mundo 2014. As principais exigências são um Centro de Treinamento de Seleções e um hotel dentro dos padrões Fifa. A cidade já conta com o Parque da Guarda, complexo de 46 hectares, com dois campos de futebol e academia de ginástica. Quanto ao hotel, o prefeito Daiçon Maciel revelou que um empresário manifestou interesse em lançar o empreendimento e o projeto arquitetônico já foi encaminhado à prefeitura. (Por Tatiana Oliveira / Redação Jornalística 1)

Gaúcha no Mundial de Handebol 2011 Bárbara Arenhart, de Novo Hamburgo, defende a Seleção no campeonato que pela primeira vez se realiza no Brasil FOTOS: PHOTO&GRAFIA

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Farrapos fortalecerá o time em 2012 Augusto Veber Redação Jornalística I

Com o fim da temporada, o Farrapos, time de rugby de Bento Gonçalves, prepara a equipe para os desafios do próximo ano, e propõe novos objetivos aos jogadores. O Farrapos foi bicampeão gaúcho em 2011, após vender o Charrua de Porto Alegre. Além disso, foi o único time do estado a participar do Super10, campeonato que reúne a elite do rugby nacional. “Concluímos nossos objetivos para este ano, conquistando o gaúcho e conseguindo vaga no Super10 de 2012”, afirma

Luís Francisco Flores, presidente do clube. Para o treinador Carlitos Baldassari, 2012 servirá para fortalecer a equipe. “Estamos de olho em alguns jogadores que se destacaram em outras equipes nacionais”, diz. O time volta ao treinamento em fevereiro do ano que vem. O calendário de jogos inicia-se pelo Gaúcho, em março. O Farrapos Rugby Clube existe desde 2007, mas foi em 2009 que o time começou a contratar apenas jogadores profissionais, e recebe apoio financeiro apenas de seus patrocinadores. Todos os jogos são gratuitos.

Rugby: elas também têm a força Jackeline Moraes Redação Jornalística I

Conquista: a goleira Bárbara Arenhart, a Babi, ganhou o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara Gustavo Ev Redação Jornalística I

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mundial de handebol feminino, da categoria adulta, ocorre neste mês de dezembro, com final prevista para o dia 18. É a primeira vez que a América realiza este evento, e é o Brasil que terá a honra de funcionar como sede. Uma das jogadoras que tentará fazer com que a seleção brasileira melhore seu desempenho é a goleira hamburguense Bárbara Arenhart, 25 anos. Babi, como é conhecida, começou a jogar no Colégio Santa Catarina, em Novo Hamburgo, mas teve seu primeiro salário em 2007, quando se transferiu para a Metodista/ São Bernardo. No mesmo ano, a goleira foi jogar na Europa, e atualmente joga no Hypo Niederösterreich, da Áustria. Ao ser perguntada sobre o que o torcedor brasileiro pode esperar da seleção, Bárbara diz: “Acredito

Babi: o começo de tudo foi no Colégio Santa Catarina que todo torcedor brasileiro pode esperar de nós muita luta, muita entrega e muita alegria nesses jogos, somos uma equipe guiada pela raça, e isso se deixa transparecer em todos os momentos”. Ela ainda elogia a seleção pelas jogadoras convocadas, por-

que a maioria delas joga na Europa, e pelo técnico, que trouxe uma outra filosofia de trabalho ao grupo. Em Novo Hamburgo, o técnico do time de handebol feminino do Colégio Santa Catarina, Renato Arena, diz que usa a Bárbara como exemplo: “Ela estudou e jogou desde o início aqui no Santa. Ela é uma atleta excepcional, e que soube conquistar o seu espaço. É muito bom dizer que ela saiu daqui, sei que o mérito é todo dela, mas nós demos essa forçinha”. Bárbara e as outras atletas competirão contra as principais equipes e atletas do mundo, que estão no Brasil para disputar a competição mais importante do handebol. Resta aos fãs do esporte e aos outros brasileiros torcerem pelas meninas. “Agora mais do que nunca estamos trabalhando para representar o Brasil da melhor maneira possível”, comenta Babi em relação ao mundial.

O rugby parece ter deixado de ser o “patinho feio” brasileiro e se lança a longos arremessos para o estrelato esportivo da nação. O rugby feminino, em destaque, figura entre os esportes que mais se desenvolvem no Brasil, conquistando não só fãs como praticantes. A Seleção Brasileira de rugby feminino galgou seis títulos Sul-Americanos e a décima posição no mundial em Dubai, em 2009. O interesse das gaúchas tem surpreendido os clubes. O dire-

tor de desenvolvimento da Federação Gaúcha de Rugby, Nilson Taminato, explica o crescimento das gurias no esporte: “Diferente de outros, o rugby é conhecido por aceitar um vasto número de biótipos, porque são 15 posições em campo que exigem força ou velocidade”. Embora seja um jogo tradicionalmente agressivo, o esporte acolhe as mulheres. “Não há um limitador para a prática, o jogador participa das atividades com regras que mitigam a disputa e aumentam a segurança, assim”, afirma Taminato.

Cerâmica dá carros a jogadores Caroline Weigel Redação Jornalística I

Após subir para a Série A do Gauchão de futebol, o Cerâmica Atlético Clube, de Gravataí, presenteou os 11 atletas que mais jogaram com um Celta 2012. O volante Robson Dal’Santo, 22 anos, que ingressou nas categorias de base do clube e acompanha a equipe profissional desde o seu surgimento, em 2007, explica: “Na Copa RS de 2010, o presidente do clube, Décio Becker, falou sobre a premiação. Isso

nos motivou muito, pois nenhum clube dá um automóvel como prêmio.” Perguntado sobre como se sentiu ao conquistar a vaga, Robson exclama: “Me senti realizado, pois foi um trabalho longo, e o objetivo era muito difícil de ser alcançado.” O jogador agora projeta o próximo ano: “Espero que façamos um grande Gauchão. Estamos em um momento muito especial, e todos estão motivados para vencer e conseguir uma boa colocação”. O time inicia na competição no dia 22 de janeiro, contra o Juventude, no Estádio Vieirão.


Babélia

Este ano, na 26ª edição do Natal Luz em Gramado, uma das atrações inéditas é a Mágica Árvore de Natal. Com 30m de altura, o equivalente ao Cristo Redentor, por 15 m de diâmetro, pesa 75 toneladas. A tecnologia, importada da Dinamarca, faz dela um monumento à parte. “Com softwares específicos de iluminação, criamos este atrativo. Sem tecnologia não faríamos ela nem o próprio Natal Luz”, conta Mário Kleinowski, criador da árvore. A atração pode ser vista até o dia 15 de janeiro de 2012, às 19h. (Por Karine Vasem Klein / Redação Jornalística 1)

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Audrey Lockmann Felipe de Souza Greice Nichele Redação Jornalística II

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uando a geração que está nas escolas já nasce em um ambiente sem distinção entre o on e o offline, o que fazer para que as crianças consigam aproveitar toda a tecnologia disponível? A resposta está em duas palavras: conversa e convivência. Essa é a receita da relação entre o analista de conteúdo Israel Cefrin e sua filha Isabela, de sete anos. Ele conheceu a internet aos 20 anos, enquanto Isabela cresce em plena era da web 2.0. “Ela nasceu em 2004 e eu trabalhava com internet. Não lembro quando a Isabela começou a usar porque sempre mostramos vídeos na web para ela.” O pai admite que as grandes mancadas na web foram dadas por ele, justamente por ter conhecido a internet só na fase adulta. “Uma vez entrei em um grupo de discussão sobre pedofilia e briguei com um dos componentes. É uma coisa que eu me envergonharia se meus filhos presenciassem.” Do episódio sai o primeiro conselho: “Na internet é melhor você discutir ideias e opiniões e não questionar os valores das pessoas”. Isabela dispõe da conexão por cerca de cinco horas diárias. Apesar do limite ser respeitado, o pai utiliza aplicativos para patrulhar a navegação da filha. A ferramenta chama-se Gnanny e informa o horário de acesso e quais endereços foram visitados. Mesmo assim, nessa família a internet nunca foi um bicho-papão, pelo contrário. “A Isabela entrou na escola já sabendo ler e começou a interagir com as letras através do teclado, digitando o endereço dos sites”, recorda. A menina usa Facebook e Twitter. No primeiro, tem 66 amigos e apenas cinco deles não são conhecidos pessoais. “Lá está toda nossa família, então é mais seguro”, explica Cefrin. “Sempre aviso minha mãe quando alguém pede para me adicionar”, garante Isabela. Segundo Cefrin, que é profissional da área, no mundo dos usuários Isabela é classificada como butterfly, pessoa que visita vários sites sem fixar muita co-

“O jovem tende a confiar demais nas pessoas de suas redes, e isso nem sempre acaba bem.” Emerson Wendt Delegado de crimes virtuais

Geração web sem bicho papão A conversa ainda é o melhor antídoto contra as ciladas que a internet 2.0 pode provocar dentro de casa GREICE NICHELE

COMPORTAMENTO

Novas atrações no Natal Luz de Gramado

municação com outros internautas. Depois vem os daily users (usuários diários) e no topo da pirâmide, os influenciadores e geradores de conteúdo. Pode parecer fácil para um pai que trabalha no ramo administrar o acesso e a vivência dos filhos na web. Mas vale ressaltar: os Cefrin são uma família como qualquer outra, e o diálogo deve sempre balizar o comportamento de todos. “O legal é os pais não terem medo de aprender, pois os filhos tem algo para ensinar”, orienta Cefrin.

Caso de polícia

Controle: pais e autoridades concordam em estabelecer limites para o uso do computador por crianças

OPINIÃO

Bianca Hennemann / Redação Jornalística III

Virtualmente abaladas

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tualmente, é impossível imaginar o funcionamento da sociedade sem as tecnologias e, principalmente, a internet. A rede virtual é uma ferramenta de troca de conhecimentos, que contribui para o desenvolvimento da cultura em todo o mundo. Socialmente falando, através da internet ninguém mais é anônimo. A vida de qualquer indivíduo está explícita na tela: basta um clique para enxergá-la. Porém, neste mundo mágico, no qual tudo é resolvido com a ponta dos dedos, feito uma varinha de condão, nem tudo é benéfico. Há jovens, principalmente, que não utilizam a rede a seu favor – usam-na como uma espécie de escudo para se proteger da sua própria realidade. Escondidos por detrás da tela, eles

têm coragem de ser aquilo que sempre quiseram e que, muitas vezes, os dogmas da sociedade real impedemnos. Muitos se prendem às magias audiovisuais e, como que hipnotizados, negam-se a sair desse universo. Alienados, há tantos que parecem viver somente para suas vidas virtuais. Muitos esquecem até que têm família, trocando um diálogo e contatos físicos por uma caixa de interatividade. Como falam e são o que bem entendem, abertos a quaisquer oportunidades, esses jovens também se tornam vulneráveis, com grandes chances de atraírem fatores negativos para perto de si. Um estudo que evidencia esse lamentável fato foi divulgado pela empresa de antivírus Norton, em setembro deste

“Como falam o que bem entendem, abertos a quaisquer oportunidades, esses jovens também se tornam vulneráveis” ano, revelando que 77 mil usuários brasileiros são vítimas diárias de crimes virtuais. Esse dado negativo só poderá ser modificado através da educação. Promover ações de alerta aos jovens sobre os perigos do mundo virtual seria uma solução prática para tentar diminuir índices de crimes na rede. Além disso, fazer com que eles se aceitem como são, sem que precisem se esconder atrás de múltiplos personagens, vivendo uma peça de teatro virtual que não se sabe direito o roteiro.

Nem todas as famílias, no entanto, sabem como se relacionar de forma saudável com a internet. O delegado de Crimes Virtuais da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt, alerta para os riscos da superexposição na internet: “O mais comum é o que chamamos de cyberbullying. Mas há também casos de revenge porn e pedofilia”, enumera o policial (veja quadro). Segundo ele, os pais devem estar atentos e acompanhar a vida virtual de seus filhos. As escolas também precisam de preparo, pois existem comunidades criadas para ofender professores, o que pode ser enquadrado em crime contra a honra. Quando o assunto é pedofilia, a superexposição preocupa Wendt. “Um perfil de rede social contendo dados como telefone e e-mail facilita a ação do criminoso. Se tiver uma foto da criança com o uniforme da escola, é um prato cheio.” Com adolescentes é mais complicado, porque eles sempre tentam burlar o acompanhamento dos pais. Nesse caso, vale a conversa. “O jovem tende a confiar demais nas pessoas de suas redes, e isso nem sempre acaba bem”, explica o delegado. A superexposição também pode ocasionar crimes comuns, como roubo. Basta comentar um evento. “Se todos saíram para um fim de semana na praia, fica fácil para um ladrão invadir e limpar a casa”, ressalta Wendt. Apesar da existência de outros crimes praticados através da web, para as crianças o risco maior vem da falta de cuidados. Fica o alerta!

Entenda quais são os crimes virtuais Cyberbullying: bullying praticado por meio das redes sociais e comunidades específicas da internet. Revege porn: pornografia por vingança. Acontece quando, após uma briga ou discussão, fotos ou vídeos de nudez ou relação sexual são divulgados na rede.


CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Estado recebe nova tecnologia

Babélia

O Rio Grande do Sul deve projetar-se ainda mais no ramo da tecnologia: a empresa HT Mícron vai atuar no encapsulamento e teste de semicondutores, que consiste na ligação de circuitos internos dos componentes com outras conexões. A empresa apresentou no dia 17 de outubro, no campus da Unisinos, em São Leopoldo, o primeiro lote comercial de chips totalmente encapsulados no estado. O empreendimento ocupará inicialmente a sede da antiga gráfica da Unisinios até o novo prédio tecnológico Tecnosinos ficar pronto. (Por Bibiane Engroff / Redação Jornalística 1)

Por um concreto à prova de bala

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Pesquisa diz que games não emburrecem Gabriela Giralt Redação Jornalística I

Formando de Engenharia Civil da Unisinos desenvolve pesquisa inédita em busca de material mais resistente ALEXANDER DRESCH

Teste: com armas militares, Alexander Dresch experimentou com sucesso 35 placas de concreto balístico

Mais um mito sobre a relação das crianças e o videogame é colocado em xeque. Um recente estudo da Universidade do Estado de Michigan, junto com a Fundação Nacional de Ciência dos EUA, revelou que as crianças que jogam videogame são mais criativos. Os estudos mostraram como diferentes formas de tecnologia podem interferir e desenvolver os campos da criatividade das crianças. Segundo a psicóloga infantil Fabiana Ferreira, dona da Clínica Psicorpo, em São Leopoldo, os jogos de videogame estão tornando crianças mais inteli-

Brasil no fórum da Microsoft Suzi Servo

Anelise Durlo Redação Jornalística I

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m concreto mais resistente a diversos tipos de armas de fogo, que seria usado na blindagem e segurança de casas e empresas, é o objeto de uma pesquisa inédita na Unisinos, realizada pelo estudante de Engenharia Civil, Alexander Dresch. No projeto, que levou dez meses para ser concluído, foram levadas em consideração a aplicação, a fabricação e o custobenefício do concreto balístico,

feito a partir de materiais como areia, cimento, brita, minério de ferro e óxido de alumínio. No total, foram produzidas 35 placas de concreto convencional, de alta resistência, alta densidade e reforçado com fibra de vidro. Os testes foram realizados nas placas com munições em diferentes níveis de blindagem, segundo as normas da ABNT NBL 15000. Com isso, foi possível traçar uma tabela comparativa, evidenciando a eficiência de todos os materiais feitos. “Consegui comprovar que o concreto convencional pode ser usado até

com a classe III-A, munição que abrange armas militares”, salientou Alexander. No Rio Grande do Sul ainda não há expectativas da indústria em relação à produção do material. Entretanto, em São Paulo, a empresa Blindaço, que serviu de referência para o estudo do aluno, desenvolve uma pesquisa semelhante em conjunto com o Ministério do Exército e da Companhia Brasileira de Cartuchos – CBC, utilizando o auxílio de tecnologia canadense, país que já examina esse novo método.

Cláudia Silva

Sapiranga foi confirmada como uma das cidades gaúchas que receberão novas escolas técnicas através do Programa de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). O programa disponibilizará no total R$ 10 milhões em investimentos e, em contrapartida, a cidade deverá ceder a área para a instalação da escola. A prefeitura de Sapiranga ainda está em fase de escolha do terreno para a construção,

que deve se desenvolver ao longo de 2012. Inicialmente foi cogitada a possibilidade de a instituição funcionar no prédio onde hoje está instalado o CIEP que oferece ensino de nível médio. Porém, a construção de novas instalações acabou sendo considerada a melhor opção. Através do Pronatec, serão instaladas mais de 120 escolas técnicas em todo o território nacional, que devem oferecer cursos como informática e eletrotécnica. A unidade de Sapiranga, que

Redação Jornalística I

O professor Jorge César Coelho da rede pública de Ensino Fundamental de Campo Bom, no Rio Grande do Sul, foi o único representante do Brasil na sétima edição do Fórum organizado pela Microsoft que ocorreu, em Washington (EUA). Nesta edição, participaram trabalhos vencedores das etapas do prêmio Microsoft Educadores Inovadores 2011. Educadores de 107 países estiveram presentes nesta ocasião, na qual os 700 edu-

cadores presentes no fórum apresentaram projetos sobre uso criativo de tecnologia no aprendizado dos alunos. O projeto CBB WebTV tem por objetivo desenvolver um canal de comunicação, no qual sejam publicadas enquetes, votações on-line, trabalhos escolares, etc. No blog, os alunos do 9º ano da EMEF Borges de Medeiros postam suas coberturas jornalísticas, fotografam, gravam e editam vídeos. Eles realizam também transmissões ao vivo e interativas de eventos de toda a comunidade escolar.

Exoesqueleto biônico auxilia paraplégicos

Sapiranga terá escola técnica federal Redação Jornalística I

gentes. “As crianças são levadas a descobrir as regras do jogo e como pensar estrategicamente, isso as tornam mais inteligentes”, diz a psicóloga. A pesquisa revela que os jovens que jogam com frequência apresentam o que os especialistas chamam de “inteligência fluida”, ou resolução de problemas e se tornam pessoas mais perceptivas com a formação dos seus cérebros, se tornando prontas para analisar as situações de forma mais rápida. Apesar de reconhecer os benefícios, Fabiana ressalta “É importante ter um controle do tempo que a criança fica em frente ao videogame, jogar mais de duas horas por dia é prejudicial”.

inicialmente deverá disponibilizar cem vagas, ainda não teve os seus cursos confirmados. Segundo a secretária de educação do município Cleidi do Prado, essa é mais uma grande conquista para a cidade, que é referencia na educação básica da região. “Para nós só faltava a escola técnica, pois os cursos superiores nós já conquistamos. Teremos com isso uma nova visão de cidade educadora”,comemora a secretária em declaração ao site da prefeitura municipal.

Paula Viegas Redação Jornalística I

Uma empresa norte-americana apresentou, em 21 de outubro, durante uma convenção médica, em Londres, na Inglaterra, uma prótese de corpo inteiro que permite às pessoas paraplégicas ou com graves lesões na coluna vertebral voltem a caminhar. No lançamento do eLEGS, a empresa apresentou a palestrante americana, Amanda Boxtel, paraplégica desde 1992 após um acidente de esqui. Ela conseguiu dar seus primeiros passos com o exoesqueleto biônico, após 17

anos em uma cadeira de rodas. O equipamento, de acordo com a fabricante, será oferecido inicialmente a centros de reabilitação para uso sob supervisão médica. Um de seus diferenciais é a capacidade de dobrar os joelhos com mais eficiência e, assim, lidar melhor com terrenos irregulares. Segundo o fisioterapeuta Denis Garcia Corrêa, além da melhora funcional, o paciente pode apresentar outros benefícios, como melhora do condicionamento cardiovascular, sistema digestivo, hipotensão postural, nível de massa óssea, e redução de escaras de pressão.


Babélia 9

O jovem contemporâneo deixou de ser aquele que simplesmente ia à loja de telefones celulares para comprar um que pudesse ligar, mandar mensagens ou até mesmo que tivesse bluetooth para compartilhar músicas com seus amigos. A vendedora de telefones da operadora TIM, Kethlin Rapach, 19 anos, diz que a procura por celulares mais modernos é cada vez maior. Pois é através das tecnologias que contém neles, como acesso a internet, é que se pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. (Por Francisca Pereira / Redação Jornalística 1)

Redes Sociais: ame-as ou deixe-as N

Laís de Oliveira Natália Maciel Redação Jornalística II

Na era da informação online, os sites de relacionamento geram polêmica e dividem a opinião dos comunicadores Lisiane Machado

Interatividade: presentes nas mais variadas plataformas, as redes sociais atraem cada vez mais o público

OPINIÃO

Bárbara Natália / Redação Jornalística III

Eis a questão

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edes sociais. ‘Ame-as ou deixe-as’. Para muitos essa é uma máxima que hoje serve para distinguir as pessoas entre as “conectadas” e as “desatualizadas”. Há quem diga que quem não faz parte pelo menos do Facebook, do Twitter, ou fez do quase finado Orkut, pode se considerar alienado do mundo moderno, que como se vê por aí, cada vez mais se confunde entre o virtual e o real. O que aparentemente tinha o inofensivo propósito de servir para o lazer dos internautas, sempre sedentos por novidades tecnológicas e mais interação social, mostrou suas ‘garras cibernéticas’ e atualmente abrange uma nova e indispensável categoria de finalidades: o de ferramenta de trabalho.

Sim, as redes sociais invadiram escritórios, empresas e principalmente redações de veículos de comunicação, assessorias e agências publicitárias. De fato, quando bem direcionadas facilitam no fluxo de informações, no compartilhamento de dados, rastreiam fontes, são usadas em cases para propagandas, servem como canal de ouvidoria, e viram indicadores instantâneos de audiência. As redes sociais estão ganhando mais espaço e criando novos cargos. Difícil não encontrar nos cadernos de empregos e em ofertas de vagas online, seleção para estagiários ou analistas em mídias sociais. Então, a pergunta que fica: um profissional de comunicação pode abdicar disso? Não é raro encontrar quem resista à tentação de criar um

“O que aparentemente tinha o inofensivo propósito de servir para o lazer, mostrou suas ‘garras cibernéticas’ e vira ferramenta de trabalho” perfil, curtir uma página ou saber dos trend topics do dia. O uso livre da internet traz conseqüências, sejam para inovar e criar oportunidades, sejam para restringir a privacidade e incentivar o individualismo coletivo. A verdade é que fazendo ou não parte dessas ferramentas, elas integram a realidade de um mercado competitivo, segmentado e conectado entre si. Uma questão de escolha pessoal, que pode definitivamente limitar possibilidades profissionais.

os últimos anos, as redes sociais surgiram como um novo meio de comunicação que disputa a preferência do público com a televisão, o rádio, o jornal e a revista. Além de serem usados para obter informação, esses sites possibilitam ao usuário conhecer pessoas novas, reencontrar amigos e participar de grupos sobre assuntos de seu interesse. Apesar de todas as facilidades, muitos estudantes e profissionais da comunicação não utilizam as redes. Outros se consideram dependentes e declaram não conseguir viver sem elas. A popularização da internet, de acordo com a jornalista e doutora em Comunicação Adriana Amaral, é a razão pela qual as redes sociais têm feito tanto sucesso. “As pessoas procuram um local para compartilhar informações, estabelecer contatos e é isso o que esses sites proporcionam”, explica. Usuária de seis redes sociais e pesquisadora do tema, Adriana não se considera dependente. “Sei o momento em que devo parar e fazer outras coisas, apesar de trabalhar com isso.” Adriana destaca as vantagens das redes sociais. Informação precisa e rapidez são algumas delas. “Obtemos respostas de formas específicas, muitas vezes até mais do que se fôssemos buscálas nos meios de comunicação de massa.” O estudante de Jornalismo João Henrique Rosa se considera viciado. “Não saberia mais viver sem o Facebook”, afirma. Morador de Canoas, ele diz que o que o atrai nos sites é a rapidez das informações. “É uma forma de saber o que se passa na vida das pessoas que eu conheço.” Na era das redes sociais, para jornalistas, publicitários e relações públicas, é importante saber interagir com esses meios. Apesar disso, o doutor e pesquisador em Comunicação Fabrício Silveira diz que não se sente prejudicado por não participar das redes, mas que, se isso passar a dificultar seu trabalho, irá se integrar. “Mas espero que nunca aconteça”, acrescenta. Algumas pessoas são mais radiciais em suas opiniões. É o caso do estudante de Jornalismo Diego Appel, que não mantém perfil em nenhuma rede social, porque considera “uma perda de tempo”. Para ele, além da falta de privacidade, a dependência pode atrapalhar a convivência. “Parece que as pessoas estão se distanciando cada vez mais. Cada um só pensa em si mesmo”, comenta. Gabriela Wenzel, estudante de Jornalismo, acredita que as

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Celulares: o local de encontros

“As pessoas procuram um local para compartilhar informações, estabelecer contatos e é isso o que as redes sociais proporcionam.” Adriana Amaral doutora e pesquisadora em Comunicação

redes sociais surgiram inicialmente como forma de comunicação mais ágil, mas se transformaram em uma maneira de as pessoas se firmarem socialmente. “Passou a fazer parte da vida social real, como um complemento”, explica. A jovem de 17 anos acha que os sites devem ser utilizados de forma mais útil. “As redes de interesse específico, por exemplo, possibilitam a troca de informações e opiniões sobre determinado assunto, acho bastante válido”, comenta.

Públicos específicos

Não é apenas Gabriela que demonstra interesse em redes sociais segmentadas. Esses sites se diferenciam dos demais por serem destinados a públicos específicos, determinados por faixa etária, localização ou gostos pessoais. Nas suas mais variadas formas, eles procuram atrair o público e tornar-se ponto de encontro para quem quer fazer amigos que tenham os mesmos interesses, reunindo milhares de pessoas. A professora Adriana considera as redes segmentadas importantes, porque facilitam a troca de experiência entre pessoas que possuem interesses em comum. “Acho excelente! Possibilita o contato entre os usuários que têm um mesmo gosto, gerando integração e troca de ideias e opiniões”, finaliza. Já o professor Fabrício, apesar de não possuir nenhum perfil em redes sociais, comenta que participaria de um site específico para torcedores do Internacional ou para fãs de Neil Young. Há muita divergência de opiniões quando se trata de redes sociais. Fabrício diz que reconhece a importância social e comunicacional das redes para o momento histórico que vivemos e que, se tantas pessoas participam, “elas devem ser boas”. O fato é que, a cada dia, surgem novas redes, conquistando público e a posição de meio de comunicação. Por isso, mesmo para os profissionais da área que não participam desses sites, fica difícil ignorá-los.


ECONOMIA

Migração da Paquetá é assimilada sem trauma

Babélia

Os sapiranguenses reagiram bem ao receber a notícia de que a produção da Paquetá fecharia as portas na cidade. A Ramarim Calçados acolheu os funcionários que seriam despedidos da Paquetá. A empresa, iclusive, está instalada em um dos prédios cedidos por aluguel pela Paquetá. Visando a redução de custos, a Paquetá transferiu sua produção para a República Dominicana, onde a mão-de-obra é mais barata, e para o Nordeste, onde são maiores os incentivos financeiros por parte do governo. (Por Francisca Pereira / Redação Jornalística 1)

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FABIANO MAZZOTI

Dicas para morar perto da universidade Eduardo Friedrich Redação Jornalística I

Hoje em dia, ingressar na faculdade quase sempre é sinônimo de mudança de endereço para o recém ingresso na vida acadêmica. As causas para a mudança são diversas, porém o problema é quase sempre o preço. Na região da Unisinos, as opções de imóveis são muitas. É possível alugar desde um JK por R$ 500 até um apartamento de dois quartos por R$ 750. Só que tais valores são fora da realidade universitária. Por isso, antes de estudar, o primeiro passo é achar um teto para morar.

Duas saídas para quem quer morar perto da Unisinos são a Casa do Estudante Universitário Cristo Rei (CEUNI) e a Associação Caritativa Beneficente A Educadora. A primeira é uma instituição independente, mantida apenas pelos moradores. A mensalidade fica em R$ 55. Já a Educadora é um local exclusivo para o sexo feminino. O valor da mensalidade varia entre R$ 260 e R$ 290. Claro que nem tudo é fácil. As duas instituições têm suas regras. Na CEUNI, por exemplo, o morador é obrigado a fazer três faxinas por mês, e na Educadora existem horários de entrada e saída. Porém as exigências são mínimas, quando se pensa no valor cobrado.

Preocupação: com falta de mão-de-obra local, donos de pequenas propriedades buscam auxílio externo

A hora da colheita Região de Bento recebe trabalhadores de outros estados para preencher as 10 mil vagas temporárias da safra da uva 2012 Larissa Luvison Redação Jornalística I

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colheita da uva se aproxima do seu auge, e os produtores se preparam. Preocupados com a falta de mão-de-obra, os agricultores esperam receber emigrantes nos próximos meses para auxiliar no trabalho da safra. “As famílias aumentaram a área de produção, e a qualificação está cada vez mais carente”, diz o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin. Uma das preocupações da Comissão Interestadual da Uva

é que os jovens das famílias rurais não têm permanecido em casa na época da colheita. O crescimento dos setores como o moveleiro e de construção civil possibilita melhores condições de emprego, fazendo com que os jovens busquem essas áreas. Por isso são aguardados trabalhadores de outras regiões do Estado e até mesmo de Santa Catarina e Paraná, para suprir a necessidade. Estima-se que dez mil empregos temporários serão criados para suprir a demanda que deve ultrapassar os 707 milhões de quilos da safra anterior. Para o produtor Alzir Brunelli,

as preocupações com a mão-deobra e o preço do quilo da uva podem interferir na colheita de 2012. Além disso, há a sempre temida condição climática. O governo federal definiu em R$ 0,52 quilo da uva para a próxima safra, o que gera descontentamento entre os agricultores. “Com este valor, recebemos menos que o que gostaríamos pela produção” garante Brunelli. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realizou um estudo que aponta que o preço ideal para o quilo da uva seria de R$ 0,82.

Tupandi é o município que mais cresce no Vale do Caí Priscila Tonietto Redação Jornalística I

A pequena Tupandi, no Vale do Caí, apresenta crescimento econômico acelerado. Pelos dados divulgados pelo governo do Rio Grande do Sul, o município encabeça a lista de 51 cidades da região, em termos de expanção econômica. A explicação para o desenvolvimento e Tupandi tem a ver com o planejamento. Investimentos no setor primário permitiram que a cida-

de adquirisse estabilidade e pudesse investir no comércio e na indústria. “Os recursos que temos hoje são graças ao esforço do povo e do poder público. Isso é crescimento sustentável”, entusiasma-se Alexandre Steffen, administrador público que ajudou na criação das estratégias econômicas. O setor industrial ganha subsídios públicos para empréstimos bancários e terraplanagens de terrenos às empresas com projetos de

desenvolvimento avaliados. “A projeção agora é a estabilidade, com meta de crescimento de 10% ao ano”, avalia Carlos Vanderley Kercher, prefeito municipal. Tupandi serve de modelo para outras cidades. O equilíbrio das contas públicas e o trabalho pensando a médio prazo garantem a pequenas cidades a possibilidade de propiciar a empreendedores uma terra fértil para implantação de seus negócios

Europa abre portas para intercâmbio Felipe Gaedke Redação Jornalística I

Com a crise econômica instaurada em expressivas nações do velho mundo, a Europa mergulha novamente em um período de turbulência. Países como Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal estão afundados em dívidas que podem levá-los à falência. Para estabilizar sua economia, as citadas potências estão em busca de mão-deobra barata. E é aí que entram os jovens intercambistas. Países como Irlanda estão abertos para estudantes em

busca de uma experiência internacional e dispostos a trabalhar. Estudantes como Nadine Wendt, 25 anos, cursando Comércio Exterior na Unisinos, que passou um ano no páis entregando jornais durante a semana e vendendo panquecas em shows e eventos nos sábados e domingos. Uma experiência internacional é um grande diferencial para alguém que esteja entrando no mercado de trabalho. E, hoje, com a constante queda da moeda européia, uma viagem de intercâmbio para a Europa tornou-se bastante “acessível”.

Energia eólica sopra forte no Litoral Fabiana Cardoso Redação Jornalística I

Os parques eólicos de Osório e Tramandaí têm aumentado significativamente o aumento de investimentos financeiros nos municípios litorâneos. Em Osório, o projeto eólico é composto por 75 torres de 98 metros de altura, pesando 810 toneladas cada uma. A cidade de Osório, carinhosamente chamada de “Terra dos bons ventos”, ficou conhecida nacionalmente por abrigar o maior parque eólico da América Latina, com 150 megavolts, capaz de atender 700 mil habitantes.

Já foram investidos 670 milhões de reais. Comerciantes e empresários locais estão entusiasmados com o aumento do capital de giro no litoral, o projeto se tornou um atrativo a mais para o público que visita as praias do Litoral Norte. O empresário do setor de móveis Airton Oriques salienta que as vendas tem aumentado devido à procura de pessoas que desejam adquirir imóveis na região “Tenho uma empresa em Tramandaí, e percebo que a vinda do parque eólico fez crescer a oferta de mão-de-obra qualificada na região”, constatou.


Babélia

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia implantou um novo curso no estado. O campus de Feliz está iniciando aulas de cerâmica, na modalidade subsequente ao Ensino Médio. “O curso nasceu da carência de profissionais para o setor e passou a ser considerado a partir de um estudo do mercado local”, explica o diretor-geral do campus, professor Luis Carlos Cavalheiro da Silva. As aulas têm duração de 1200 horas teóricas e 150 horas de estágio supervisionado, totalizando quatro meses de preparo. (Por Priscila Tonietto / Redação Jornalística 1)

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Consciência em pequenas mãos

Jorge Leite Paula Silveira Regina Milbradt Redação Jornalística II

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Educação financeira para as crianças garante que elas tenham paz econômica no futuro Dienifer Cecconello

Aprendizado: a partir do processo de escolarização, a criança já pode se organizar financeiramente

OPINIÃO

Darlan Schwaab / Redação Jornalística III

Geração economia

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icar no vermelho. Passar aperto. Contas a pagar. Empréstimo. SPC. Serasa. Todas, palavras ou expressões amedrontadoras. Como evitar tornar-se um adulto com problemas financeiros? Uma alternativa interessante é aprender a poupar desde cedo. Todo aprendizado exige algum esforço e todo esforço, por sua vez, é recompensado. No caso da economia, a bonificação é o que faz o mundo girar. Economizar é sinônimo de privação, exige regras. Em uma sociedade tão consumista quanto a nossa, ensinar aos mais jovens o valor das coisas, a diferença entre conquistar algo pelo empenho e simplesmente ganhar, é fundamental. Certa vez assisti uma reportagem na qual uma

criança economizara desde o primeiro centavo ganho e chegara o dia de gastar tudo em uma televisão. A TV era simples, mas segundo a criança a compra representava a realização de um sonho. Fiquei admirado com a perseverança obsessiva – quase doentia – do menino. Provavelmente esse personagem, foco da matéria citada, é hoje um adulto, no mínimo, mais controlado. A proporção da economia só tende a aumentar. Esse “talento” pode tornar-se um processo evolutivo. Em outras palavras, é possível investir para que alguém se torne investidor. Aprendemos com os exemplos ao nosso redor. Assim sendo, uma criança desde cedo ensinada a poupar e mais tarde, consequentemente, instigada

ECONOMIA

Curso de cerâmica industrial é inédito no estado

“Em uma sociedade tão consumista quanto a nossa, ensinar aos mais jovens o valor das coisas é fundamental” a investir com cautela, pode tornar-se um bom homem de negócios. Tudo, em função de conselhos dos pais – talvez despretensiosos - na infância do sujeito. É interessante o fato de começar na infância o cuidado com o dinheiro. Recordo de uma situação, onde dois amigos – na auge da sabedoria de crianças com oito anos – discutiam se um real valia muito ou pouco. Louvável o teor da discussão: o valor. Independente do que se pode comprar, ou se existem moedas mais valiosas, aquele um real tinha seu valor. Vale a pena dar valor à economia. É lucro certo.

dultos desregrados financeiramente, endividados, consumistas, gastando mais do que ganham. Na sociedade atual é cada vez mais comum as pessoas se sentirem atraídas por campanhas publicitárias, pela facilidade de obtenção de crédito, pelas condições de pagamento. Esses adultos desequilibrados financeiramente não tiveram, por algum motivo, uma orientação econômica. A falta desse conhecimento dificulta a tomada de decisões dos endividados diante de situações relacionadas a dinheiro. A educação econômica pode e deve começar desde a infância, partindo da orientação e exemplificação dos pais. Segunda a psicóloga da União Sul Brasileira de Educação e Ensino, Isone Gloger, a partir do processo de escolarização, quando a criança se ambienta no universo dos números, os pais já podem começar a conversar com seus filhos sobre como se organizar e lidar com o dinheiro que ganharão. Shoppings, lojas, supermercados já pensam em campanhas publicitárias destinadas especialmente às crianças. O mundo econômico tem um mercado destinado só para os pequenos, com roupas, brinquedos e comidas da “moda”. As empresas já visam muito esse mercado e cada vez mais existem especialistas procurando explorar de forma eficiente esses consumidores. Vinícius Petry, 11 anos, começou a economizar bem cedo. O caçula de seis primos ganhou sua primeira nota de valor grande quando tinha apenas sete anos. “Meus avós não queriam mais escolher presentes com medo que os netos não gostassem. Eu ganhei 50 reais. Para todos os meus primos, era pouco dinheiro. Para mim, dava para comprar todo o mundo”, conta o menino rindo. Aos oito anos, o pequeno passou a ganhar 30 reais por mês de seus pais para gastar com lanches e jogos. Para a mãe de Vinícius, Ana Beatriz Petry, foi difícil a missão de controlar os gastos do filho mais novo. “Eu queria dar tudo que ele pedia, mas sabia que não podia. Tinha que ensinar o Vinícius a comprar somente o que é necessário”, comenta a mãe. A rotina de Vinicius mudou completamente quando ele completou oito anos. Os gastos na lanchonete da escola foram cortados por ele mesmo, que

“Para todos os meus primos, 50 reais era pouco dinheiro. Para mim, dava para comprar todo o mundo.” Vinícius Petry 11 anos

começou a pedir para levar os lanches de casa. “Eu estranhei no começo, mas como ele pediu, obedeci e comprava até coisas mais saudáveis para ele levar”, conta Ana Beatriz. Os 50 reais foram substituídos por 100 reais. Quando completou dez anos, o garoto realizou sua primeira compra de grande valor. Um par de tênis, que custava 300 reais e que foi adquirido com suas economias e, que embora não sirva mais, ainda está no guardaroupa do garoto.

Planejamento

Para a coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da Unisinos, Gisele Spricigo, a forma de ultilizar o dinheiro envolve valores e princípios do que se quer e sobre o que gastar. Essa posição remete à questão do que é realmente necessário, e aqui entra a ação dos pais. Como tutores, devem pensar como será o futuro do seu filho, obrigando-se dessa forma a elaborar um plano para incrementar a educação sobre como economizar. Há muitas formas de ensinar aos pequenos a manter um equilíbrio financeiro, mostrando-lhes os benefícios que uma vida econômica saudável pode trazer no futuro. Porém, um grande número de pais vê nos bens materiais uma forma de compensar sua ausência perante os filhos. A psicóloga Isone ressalta que essa atitude desfoca a visão da criança diante do mundo, fazendo com que ela acredite que possa conseguir tudo o que quer a qualquer momento. Além disso, essas crianças podem se tornar adultos em constante desequilíbrio, com imensas dificuldades de saber o que é e o que não é importante para si. O apoio da família quando se trata de educação financeira na infância é de extrema importância. Ensinar aos filhos a controlar seus gastos, visando o aproveitamento do dinheiro poupado no futuro, mesmo que o futuro seja o próximo mês, faz com que se crie uma geração mais consciente quanto suas reais necessidades.


POLÍTICA

Santo Antônio terá 13 vereadores em 2013

Capão quer aquecer negócios no inverno Para secretário de Turismo, Marcelo Berasi, eventos fora da temporada aumentariam o movimento do comércio da cidade dirlei corte

Marina Matias Corte Redação Jornalística I

J

á dizia a fábula infantil: enquanto a cigarra diverte-se no verão, a formiga aproveita para trabalhar. Assim são os meses de alta temporada em Capão da Canoa, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Quando chegam os meses de calor, os 40 mil habitantes de Capão da Canoa veem sua população multiplicar. No ano novo, período de maior movimento, são esperadas aproximadamente 500 mil pessoas. “A gente acaba vivendo para o trabalho”, afirmou Eduardo Sarmento, dono de restaurante e floricultura no distrito de Capão Novo. A situação não é diferente para Maqueirre Elias, construtor e dono de imobiliária. “A gente não tem praticamente tempo livre nenhum, é de domingo a domingo!”. Entretanto, eles não reclamam. O faturamento compensa: “No restaurante aumenta, em média, 100% o movimento”, disse Eduardo. No entanto, quando o sol vai embora, os problemas chegam. “Tem meses que a gente paga a estrutura aberta, tem meses que tem um pouco de prejuízo, tem meses que tem um pouquinho de lucro”, declarou Eduardo, que já

Verão: sol e água morna é garantia de praia lotada pensou em fechar o restaurante fora da temporada. A ideia, porém, mostrou-se falha. “O litoral já é fraco de estrutura para atender o público que vem aos finais de semana. Se todo mundo pensar em fechar, acaba que isso aqui vira um deserto”, argumentou. Além disso, fechar deixaria os funcionários desempregados no inverno. “A gente tenta fazer com que eles fiquem na casa, sabe? Incentiva-os porque é muito difícil conseguir mão de obra no litoral”, comentou. Para o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Ca-

pão da Canoa, Marcelo Berasi, os eventos são a solução para atrair os turistas à praia durante o inverno. “No momento em que você começar a trazer eventos, você vai hospedar as pessoas nos hotéis, as pessoas vão circular, vão querer um restaurante, vão querer ver uma loja aberta”, explicou. Tanto Marcelo quanto Eduardo citaram Gramado como exemplo de gestão inteligente. A falta de união dos empresários de Capão da Canoa, entretanto, ainda não permite que a cidade siga o mesmo caminho. “Aqui é cada um por si”, lamentou Eduardo.

São Leopoldo destina recursos ao projeto “Leituras da Cidade” Jóice Müller Redação em Relações Públicas II

A Secretaria Municipal de Cultura de São Leopoldo promete ampliar os pontos de acesso a eventos na cidade e promover a circulação da produção de artistas locais na comunidade atráves do programa “Leituras da Cidade”. Entre as primeiras ações realizadas pelo projeto está o lançamento de dois editais. Um deles regulará a contratação de agentes de leitura e o outro o financiamento de projetos culturais do município. O primeiro edital prevê a

Babélia

O Projeto de Emenda à Lei Orgânica do município elevando de nove para 13 o número de vereadores de Santo Antônio da Patrulha foi aprovado no dia 3 de outubro. Nos dois turnos de votação a proposta recebeu seis votos a favor e três contra. Nas duas sessões, a casa estava lotada e ocorreram manifestações contra o aumento. Mesmo não fazendo parte da Câmara, o PSB foi o partido mais atuante durante as votações. O jovem militante Eduardo Berbacha compareceu amordaçado, carregando uma placa onde lia-se “9 tá bom!”. (Por Claudia de Souza / Redação em Relações Públicas II)

contratação de 44 agentes de leitura. Os agentes que passarem pelo processo de seleção atuarão nas oito regiões da cidade, realizando empréstimos de livros, rodas de leituras e contando histórias. “A ideia é, até o final de fevereiro, já estar com os agentes nas ruas”, disse o diretor do Centro Cultural de São Leopoldo e coordenador do “Leituras da Cidade”, Jair Maurício da Rocha. O segundo edital regulará a entrega do Fundo Municipal de Cultura. Cada projeto inscrito no edital e selecionado pela Comissão de Avaliação e Seleção poderá receber até 15 mil

reais. A verba destinada aos projetos culturais escolhidos soma um total de 90 mil reais. Para o empresário e músico de São Leopoldo, Carlos Eduardo Vargas, o projeto “vai levar a cultura para as pessoas que não têm tempo ou condições de acesso à leitura, teatro e shows.” Já a turismóloga, mestre em planejamento urbano e regional, Aline Martins da Silva, acredita “que os investimentos devem ser principalmente em mais ofertas de atividades de lazer, culturais e esportivas” que aproveitem melhor os espaços urbanos já existentes.

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Partidos procuram nomes para eleições Tamara Flôres Redação em Relações Públicas II

Os eleitores de Novo Hamburgo, as mídias locais e os vereadores acreditam que a próxima eleição será muito concorrida. Há especulações de que Airton dos Santos virá com toda a força pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) para enfrentar o atual prefeito, em busca da reeleição, Tarcísio Zimermann, do Partido dos Trabalhadores (PT). Descontente com a coligação PT e PDT, que elegeu a vice-prefeita, Lorena Mayer, em Novo Hamburgo, Airton dos Santos deixou a

agremiação e filiou-se ao PMDB. O presidente do PT hamburguês, Renê Backer, disse que agremiação política vai lutar pela reeleição de Zimmermann. Outros partidos também estão se movimentando. O Partido Progressista (PP) pretende apresentar candidatura própria, afirmou o vereador Leonardo Hoff. O Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB) não menciona nomes. As eleições de 2012 estão agendadas para os dias 7 e 28 de outubro, em segundo turno, para cidades com mais de 200 mil eleitores. Nesta edição, os eleitores irão escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

Obra em Cachoeirinha bagunça o trânsito Mariana Batista Redação em Relações Públicas II

A obra de modernização da Avenida Flores da Cunha, em Cachoeirinha, está em andamento desde fevereiro e promete ficar pronta no próximo mês. O projeto, que trará desenvolvimento à cidade, evitará constantes manutenções e tornará a via mais resistente. Porém, enquanto a reforma não for concluída, a população sofrerá com transtornos no trânsito. “Depois que deram início às obras a cidade virou um caos”, reclamou o morador Julian dos Santos Cardoso, 23 anos. A comunidade está dividida: há quem diga que a reforma é necessária para o desenvolvimento da cidade. Outros, entretanto, alegam que a obra é só para o “bem” do prefeito e está deixando a cidade desorganizada. Os cachoeirinhenses pedem providências aos governos federal e estadual

para desafogar a avenida, pois os trabalhadores que utilizam a via precisam se delocar em torno de meia hora mais cedo, por causa da lentidão do trânsito. A prefeitura está investindo quase R$ 10 milhões na revitalização das seis pistas. A obra na principal avenida da cidade conta com 13 máquinas e dezenas de trabalhadores da CC Pavimentadora, que fazem o recapeamento integral. Desde que foi implantado o pedágio em Gravataí, o fluxo de veículos que busca desvios da praça de recolhimento aumentou para 160 mil veículos por dia, a segunda mais movimentada do estado. Desde 1985, essa é a primeira vez que a Flores da Cunha recebe uma recuperação integral do asfalto. Antes de ser concluída, a obra ainda prevê a construção de calçadas, duas elevadas, dois túneis, ciclovia e arborização.

Alessandro Schlesnner / PREFEITURA DE CACHOEIRINHA

Reforma: avenida Flores da Cunha terá seis pistas


Babélia

POLÍTICA

Território de Paz faz aniversário em Canoas O bairro Guajuviras, em Canoas, comemora o segundo ano de implantação do Território de Paz, projeto do governo federal. Considerada uma região com altas taxas de homicídios, subemprego e baixa escolaridade, o Guajuviras era conhecido pelos aspectos negativos. Com o Território de Paz, passou a receber atenção em várias áreas. Além de ter ruas asfaltadas, a comunidade será beneficiada com uma praça, centro de convivência, anfiteatro, quadra coberta, quiosque e espaço para capoeira. (Por Rodrigo da Silveira / Redação em Relações Públicas II)

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Polêmica no poder legislativo Medida que aumenta o número de vereadores nas câmaras divide opiniões e gera manifestações populares Daniela Fanti

Fabrício Romio Luiz Fernando Vieira Rafael Trajano Redação Jornalística II

M

ais uma vez no cenário político brasileiro há uma polêmica. O aumento do número de vereadores em câmaras de todo o país tem sido motivo para manifestações populares. O debate em relação aos parlamentares só ocorreu devido a aprovação da emenda constitucional 58, em setembro de 2009, pelo Congresso, definindo que o número máximo de vereadores fique atrelado à população de cada município, apurada no Censo de 2010. No Rio Grande do Sul, pelo menos 67 câmaras municipais já decidiram que terão maior número de vereadores a partir de 2013 e mais de 30 discutem o aumento. Para o cientista político Márcio Nólio, a argumentação sobre o número populacional das cidades como justificativa do aumento não é válida. “Não gosto de radicalismo, mas num caso desses é inevitável pesarmos os prós e os contras. O vereador é o primeiro vínculo da sociedade com a esfera política, porém, quantidade não significa muita coisa”, defende. Para Nólio, a argumentação é totalmente descabida do ponto de vista lógico. “Se fosse o caso, o Brasil deveria ter algumas dezenas a mais de presidentes do que o Uruguai por exemplo. Que tal seria um país com 60 presidentes?”, questiona. Por outro lado, o jornalista Rafael Martinelli, colunista de po-

OPINIÃO

“A maioria das câmaras já trabalha com o orçamento máximo previsto em lei, de acordo com a população de cada município.” Rafael Martinelli Jornalista

minuir os assessores de cada um. Gastos com viagens, muitas vezes irregulares, também devem ser cortados”, completa Martinelli. De acordo com Confederação Nacional de Municípios (CNM), 87,7% das 2.153 cidades com mais de 15 mil habitantes já decidiram pelo aumento. “Com mais vereadores, cresce também a fiscalização ao poder Executivo”, conclui Martinelli.

Garibaldi

Expectativa: câmaras podem aumentar o número de cadeiras em 2013 lítica do jornal Correio de Gravataí, defende que o aumento do número de legisladores pode dar maior voz ao povo. “A maioria das Câmaras já trabalha com o orçamento máximo previsto em lei, de acordo com a população de cada

município. Esse orçamento não aumenta, mesmo com mais vereadores”, explica. Para ele, a mudança deve gerar uma maior representatividade do povo. “Deve-se aumentar o número de parlamentares, mas di-

Muitas cidades gaúchas se mobilizaram contra a proposta. As manifestações vão desde declarações de entidades de classe, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), até anúncios em outdoors explicitando a negativa da população com comparações entre os salários dos vereadores e de outros funcionários públicos. É o caso de Garibaldi, onde entidades empresariais e municipais organizaram manifestos para tentar conscientizar os legisladores a

Rodrigo Blum / Redação Jornalística III

O alto custo da representação política

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m toda minha vida ouvi um ditado que diz algo que se assemelha ao que ocorre no cenário político de muitas cidades gaúchas: “Aí há muitos caciques para poucos índios.” A política brasileira está em descrédito com a população, mas ninguém dá muita bola. Em atos momentâneos de indignação a população reclama em rodas de conversa e debate brevemente em mídias sociais sobre nossos representantes. Um dos temas discutidos de forma rasteira é o número de verea-

dores que habitam as câmaras municipais que vem crescendo a cada ano que se passa. Segundo pesquisa publicada no site braudel.org.br, o economista e pesquisador Marcos Mendes nos mostra que em 1988 a média de vereadores por município era de 9,4. Oito anos depois essa média subiu para 11,1. E agora há municípios já com o limite de 13 vereadores na câmara. O problema econômico é grande. Assusta saber que o gasto com vereadores se estende à assesso-

res, assessores especiais, chefes de gabinetes, passagens aéreas, hospedagens e segue a lista. Porém não é só com isso que devemos nos preocupar. Afinal o gasto é restrito a um percentual. O que realmente me assusta é a organização social por trás de tudo isso. Será que precisamos mesmo de mais representantes? Numa era de incontáveis alianças partidárias que incluem imprensa insossa e falta de educação, acredito que não. É o que mesmo dizia no início do tex-

votarem contra a medida. Na cidade, a Câmara de Indústria e Comércio (CIC), a Câmara de Dirigente Lojistas (CDL) e a Associação de Médias e Pequenas Empresas de Garibaldi (Apeme) se juntaram e organizaram um manifesto contra a emenda. Os vereadores da cidade ainda não entraram em acordo quanto ao aumento. Garibaldi atualmente conta com nove vereadores. Segundo a Emenda Constitucional, o município pode aumentar este número para até 13. Para Jorge Alberton, presidente da Câmara de Vereadores de Garibaldi, o ideal seria passar para 11, o que aumentaria a representatividade da população nas decisões dos legisladores. Leonir Nicaretta, presidente da Apeme, diz que a entidade é contrária a um aumento, pois o número atual é suficiente para os padrões da cidade. Porém, a decisão final ainda cabe aos parlamentares. Outras manifestações acontecem também pela rede social Facebook. O perfil Garibaldi Cidadania, movimento apartidário que tem como objetivo uma maior transparência dos órgãos públicos, já conta com mais de mil seguidores. A ideia surgiu após outras cidades realizarem manifestações contra o aumento do número de vereadores. A polêmica nos municípios que ainda não decidiram sobre o aumento deve se estender até junho do próximo ano, prazo máximo para a medida ser votada. Até lá, o clima deve permanecer conturbado.

“Assusta saber que o gasto com vereadores se estende à assessores, assessores especiais, chefes de gabinetes, passagens aéreas, hospedagens...” to: Há muitos caciques para poucos índios, o que quer dizer, há muitos representantes para um povo que não sabe o que quer e não sabe cobrar ações de quem o representa.


SAÚDE

Posto de Saúde apoia Grupo de Gestantes

Centenário amplia gestão humanizada Devido a reclamações sobre o atendimento, direção da casa introduz atividades de motivação e incentivo aos colaboradores comunicação / hospital centenário

Larissa Cavalheiro Redação em Relações Públicas II

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Fundação Hospital Centenário, único hospital de São Leopoldo e referência em saúde para toda região, é frequente alvo de críticas sobre os serviços que presta à comunidade. Casos de omissão de socorro, falta de profissionais, mau atendimento e longas esperas são apenas algumas das queixas veiculadas na imprensa. Para amenizar essa situação, foi iniciada em 2005 a política de humanização no atendimento hospitalar. Em funcionamento há 80 anos e com cerca de 900 colaboradores diretos, o Centenário sempre teve foco na área assistencial. Essa postura foi revista e hoje a instituição busca o envolvimento dos servidores e da comunidade através de ações e projetos que aproximem o cidadão da casa de saúde. A criação da Comissão de Patrimônio Histórico do Hospital permitiu a elaboração de atividades e projetos em parceria com as Secretarias Municipais de Saúde, Esporte e Cultura, como: Memorial Centenário (museu com acervo histórico do hospital), a revitalização da Capela do Cente-

Trabalho: profissionais valorizam ambiente com qualidade de vida nário, a formação do Coral, o projeto Curta Centenário (exibição de curtas metragens às sextas-feiras no Anfiteatro do Hospital), o Piquete Centenário da Tradição, ginástica laboral diária nos setores e as oficinas de integração. Todas as iniciativas são coordenadas por funcionários do hospital e para eles voltadas. Os pacientes também realizam atividades, mas distintas, com outros setores do hospital e voluntariados. Esse conjunto de ações visa incentivar o colaborador a melhorar a qualidade do serviço

prestado, pois dentre os tantos aspectos que qualificam um bom atendimento está o fator humano, que envolve a capacitação e o reconhecimento da instituição na qual trabalha. Nessas condições, o profissional está apto a exercer suas funções com dignidade. De acordo com o presidente do Centenário, Marco Machado, o papel da gestão é oportunizar um ambiente agradável e com qualidade de vida, oferecendo cultura e momentos de convivência que amenizem o cotidiano desgastante dos profissionais.

Campanha antidrogas vai até as escolas do município de Caí Camila Cassepp Redação Jornalística I

O Conselho Municipal Antidrogas (COMAD), de São Sebastião do Caí, introduzirá novidade nas escolas municipais. De acordo com a Lei Municipal nº 3.292, as instituições deverão inserir em seus planos curriculares a “Cartilha para Pais, Educadores e Agentes de Prevenção”, elaborada a partir de uma pesquisa realizada com as escolas e a comunidade, em 2010. O estudo identificou que os pais não conversam com os filhos sobre as drogas, porque

Babélia

O Grupo de Gestantes do bairro Jardim Leopoldina, de Porto Alegre, auxilia as futuras mamães em relação às dúvidas da gravidez e primeiros cuidados com o bebê. A capital gaúcha tem 85 Postos de Saúde e mais da metade deles oferecem esse serviço, pois agrega conhecimento aos pais de primeira viagem, deixando-os mais seguros. Nos encontros semanais, de duas horas cada, futuras mães e pais aprendem desde a troca de fraldas a como dar banho no bebê. (Por Sibelle Rech Moleta Zarro / Redação em Relações Públicas II)

não se sentem capacitados. Por isso surgiu a ideia de discutir o tema nas salas de aula. Esse projeto se dará a partir do próximo ciclo letivo e faz parte do Programa Municipal Antidrogas (PROMAD). Neste mês, o COMAD ofereceu aos professores da rede municipal capacitação e formação educacional para o uso da Cartilha com o objetivo de auxiliar os docentes na abordagem do tema. Para o presidente do Conselho, Leonardo Semeria Maurente, é importante a conscientização através de ações pontuais nas escolas como forma

de mobilizar e informar as famílias. “É preciso que o poder público, a escola e a família atuem na socialização e imposição de limites aos jovens”, comentou Leonardo. Como representante de uma das únicas redes de atendimento municipais antidrogas do Brasil em funcionamento, o COMAD atua nos processos de prevenção, recuperação, reinserção social e repressão às drogas. Segundo o responsável pelo projeto, “problemas extraordinários exigem soluções extraordinárias. Não podemos ser ordinários no que é extraordinário”, assinalou.

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Hospital municipal passa por reformas Raquel Ignez da Fonseca Redação em Relações Públicas II

A expectativa dos moradores de Novo Hamburgo é grande em relação à ampliação do Hospital Geral do município, único ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que atende cerca de 450 mil habitantes da região do Vale do Sinos. A reforma está ocorrendo inicialmente na parte interna, e por setores, para não prejudicar os atendimentos. O principal problema do hospital é a falta de espaço físico, que não comporta a quantidade de acolhimentos, explicou o Dr. José Luis Bordignon, cirurgião clínico do hospital há um ano e meio. “O prédio é antigo e está bastante depreciado”, declarou. O setor mais crítico é o da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), pois conta somente com dez leitos disponíveis. A previsão é que aumente para 20.

Para que as obras tenham prosseguimento no próximo ano, a prefeitura encaminhou nova proposta ao senador Valter Pinheiro, durante seminário que debateu o Plano Plurianual (PPA) e o Orçamento 2012 da União, realizado no dia 17 de outubro, na Assembleia Legislativa. “Precisamos efetivamente ampliar os recursos para investimentos na área da saúde, seja nas estruturas básicas, seja nos hospitais”, disse o deputado. A estrutura de internação do hospital deixa a desejar, uma vez que vários pacientes ficam alojados nos corredores. A dona de casa Marlene Lima, 46, passou duas noites em claro, recostando-se na maca da filha, que estava internada após acidente de carro. “Não posso reclamar do atendimento do hospital, pois minha filha fez todos os exames e recebeu a medicação indicada, porém o fato de estarmos no corredor é desagradável”, afirmou.

Programa lazer e saúde cadastra 17 mil usuários Eliane Rodrigues

divulgação

Redação em Relações Públicas II

Na busca de uma melhor qualidade de vida para os porto-alegrenses, a Secretaria Municipal de Esportes (SME) criou o Programa Lazer & Saúde. No bairro Bom Fim, o programa é realizado no Parque Farroupilha todas às quartas, sextas e sábados, das 8h às 11h15min. Trata-se de um programa comunitário e gratuito de orientação para caminhadas, corridas e ciclismo, realizado em nove parques e praças da cidade, com mais de 17 mil usuários cadastrados. Nesse programa, o participante tem atendimento individualizado com prescrição e acompanhamento de sua atividade física, com controle de frequência cardíaca e da pressão arterial. No intuito de promover a saúde no dia a dia, o programa é acompanhado por professores municipais de Educação Física. Além do atendimento sistemático, foi criado o “Lazer & Saúde vai à comunidade”, uma estratégia educativa e de descentralização, na qual palestras

Prevenção: mudando hábitos sobre saúde, qualidade de vida e importância do exercício físico são levados pela equipe de professores às comunidades. Segundo a professora responsável pelo programa, Heloisa Silveira, é realizada a prescrição do ritmo adequado, levando em conta a condição física atual, o biotipo, as eventuais doenças, o histórico e os objetivos que o usuário deseja alcançar. “O principal objetivo é a promoção da saúde, com a mudança de hábitos da população”, esclareceu Heloisa. O “Lazer & Saúde Itinerante” vai até a população em locais onde não há atendimento sistemático.


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No último dia 27 de novembro realizou-se em Porto Alegre a comemoração do Dia do Bebê. No Parque Farroupilha, atividades contemplavam tanto os pequenos quanto seus pais: caminhada, exames, doação de sangue, entre outras. Além disso, foi lançado o manual A canção dos direitos da criança pouco antes da tradicional Passeata dos Bebês. O evento fez parte da Semana do Bebê, promovida pela Secretaria de Saúde da Capital. (Por Marcelo Grisa / Agexcom)

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Dijair Brilhantes Juliana Litivin Renata Santos Redação Jornalística II

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ongevidade. Essa palavra define um dos principais objetivos da população mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o termo terceira idade compreende indivíduos com 60 anos ou mais. Ao todo, são 523 milhões de idosos no mundo. Estimativas apontam que esse número irá triplicar nos próximos 40 anos. Vários fatores contribuíram para o aumento da expectativa de vida. Este novo grupo é independente, preocupa-se com a saúde e o bem-estar. O envelhecimento é normalmente associado à perda de massa muscular, redução da flexibilidade, distúrbios cardiovasculares e falta de memória. Para evitar esses problemas, é importante conciliar uma alimentação balanceada com a prática de exercícios físicos. O sedentarismo, nessa faixa etária, é considerado perigoso, pois pode ocasionar obstrução das artérias cardíacas. Exercícios aeróbicos e de alongamento melhoram a qualidade do sono, diminuem a depressão e atenuam fraturas. Com os treinamentos, também ocorrem benefícios em relação a problemas articulares de coluna e osteoporose. Isolina Fernandes, de 71 anos, há seis meses participa de um clube de ginástica em Cachoeirinha. “Comecei a fazer exercícios neste ano. Sempre quis ter um corpo saudável”, explica. Antes de iniciar em qualquer modalidade, é necessário consultar um médico e fazer uma avaliação clínica. Caso contrário, o idoso poderá se machucar realizando os movimentos. Há quatro anos, a professora de educação física Kellen da Silva Correa ministra aulas para a terceira idade. Ela salienta os principais cuidados com o grupo. “A maioria dos meus alunos têm problemas articulares, por isso, faço atividades com baixo impacto. Predominam nos

“No início, o corpo ainda não está acostumado. Lentamente fui me adaptando. Depois que comecei os alongamentos, as dores desapareceram.” Isolina Fernandes 71 anos

Atividade física é uma escolha de vida Idosos que praticam exercícios obtêm inúmeros benefícios. Nota-se a melhora na força, no equilíbrio e na mobilidade lÍlian stein

SAÚDE

Evento na Redenção marca o Dia do Bebê

encontros práticas de alongamento, reforço muscular e flexibilidade.” Antes de entrar para a turma de Kellen, Isolina Fernandes sentia fortes incômodos nos braços e joelhos. “No início, o corpo ainda não está acostumado. Lentamente fui me adaptando. Depois que comecei os alongamentos, as dores desapareceram”, afirma. Os benefícios vão além das questões musculares, conforme esclarece a professora. “Meus alunos tinham dificuldade em realizar tarefas domésticas. Com os exercícios, eles notam a melhora na força, no equilíbrio e na mobilidade. Os encontros também promovem a socialização. Nessa idade, é comum sentir-se sozinho. Nas aulas, eles veem outras pessoas, conversam e trocam ideias. Essas ações melhoram a auto-estima e a confiança.”

Prevenção

Longevidade: manter o corpo sempre ativo contribui para um envelhecimento saudável

OPINIÃO

Priscila Gomes / Redação Jornalística III

Aproveite a melhor idade

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s cabelos grisalhos e os traços que registram a passagem do tempo não são obstáculos para diversos idosos que encaram exercícios físicos diariamente. Com uma mochila nas costas e uma toalha na mão, muitos deles frenquentam as academias. Eles caminham na esteira, pedalam na bicicleta, levantam peso e, ainda, conseguem fazer amizades entre uma série e outra. Diversos jovens admiram e até sentem um ponta de inveja da energia dos colegas. Pesquisas comprovam que se movimentar proporciona vários benefícios físicos, como o fortalecimento dos músculos, a preservação do equilíbrio, a conservação da flexibilidade e outros. Manter as formas em dia pode ser sinal de uma vida

longa. E a longevidade é o desejo de muitos. Porém, o que poucos sabem é que a atividade não traz bem-estar apenas para o corpo, mas também para a mente. Assim como Isolina Fernandes, 71 anos, que faz ginástica há seis meses e Sidônia Seger, 74 anos, adepta aos exercícios na piscina, existem diversos idosos que reservam uma parte do dia para cuidar da saúde. Além de curar dores com os alongamentos, as duas aposentadas citadas na matéria acima andarão quase sempre com um sorriso no rosto devido a vida social que as academias e clubes também proporcionam. Ser rabugento e reclamar das dores e das rugas que certamente aparecerão ao longo do tempo não é indicado aos

“Ser rabugento e reclamar das dores e das rugas que certamente aparecerão ao longo do tempo não é indicado aos que querem passar dos 80” que querem passar dos 80. Para perceber isso não precisa ser médico, psicólogo ou especialista. Basta atender à vida. Se existisse uma fórmula para envelhecer bem, o frasco de instruções recomendaria rever os amigos com frequência, abraçar mais a família, rir dos próprios deslizes, apreciar o ar do amanhecer, caminhar entre a natureza, não se preocupar com pequenos problemas e aprender a se alegrar com coisas simples. Afinal, não é a toa que a “velhice” também é chamada de melhor idade.

No Brasil, o sedentarismo é um problema que afeta 70% da população. O estilo de vida atual pode ser responsabilizado por 54% dos infartos e por 50% dos derrames cerebrais, as principais causas de morte no país. Aos 71 anos, Isolina não cogita parar. “Adoro as aulas. Sinto-me mais solta e leve. A idade nos deixa com o corpo enrijecido. Os treinamentos contribuíram para que eu voltasse a ficar flexível”, comemora. O segredo para um bom envelhecimento é ter uma vida saudável desde cedo. Desta forma, evitam-se doenças que tornam os idosos limitados e dependentes dos familiares. Aos 34 anos, a telefonista Márcia Pereira, moradora de Porto Alegre, realiza atividades diariamente. Mesmo com uma vida agitada, a prática de exercícios está inclusa na sua rotina. ”Já me preocupo com o avanço da idade, quero evitar certas doenças e prevenir dores. Desejo me sentir bem, ter mais flexibilidade e disposição”, declara Márcia. Na época de escola, ela se exercitava praticando diversas atividades. “Meus filhos nasceram e me acomodei. Senti falta de me exercitar e decidi praticar algo que se adequasse comigo. Faço caminhadas e pedalo sempre que posso.” A aposentada Sidônia Seger, de 74 anos, se reúne todas às terças e quintas-feiras em Nova Petrópolis com um turma de 20 amigos para praticar hidroginástica.“Os exercícios são fundamentais para a saúde. Quando não vou às aulas, sinto dores nas articulações”, diz. Os treinamentos proporcionam ao idoso uma sensação de bemestar. Desta forma, eles melhoram a qualidade de vida, o que hoje é tão desejado por todos.


Vândalos destroem 43 lixeiras na capital Após denúncia anônima, polícia prende em flagrante homem suspeito de incendiar contêiner no Centro de Porto Alegre divulgação

Juliana Borba Redação Jornalística I

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esde a implantação do sistema de contêineres para a coleta automatizada de lixo orgânico domiciliar, em julho deste ano, 43 desses equipamentos foram incendiados. Na terça-feira, 15 de novembro, mais um contêiner foi encontrado em chamas na Avenida Júlio de Castilhos. A polícia prendeu e encaminhou o suspeito à 2ª Delegacia de Pronto Atendimento para registrar o flagrante. Os primeiros contêineres foram instalados no Centro Histórico da capital. A coleta automatizada em 13 bairros é a primeira ação da prefeitura no movimento “Porto Alegre: Eu curto. Eu cuido”. São, ao todo, 1,1 mil estruturas. A população pode utilizar os equipamentos durante 24h. Das 43 unidades destruídas, 22 delas sofreram perda total Somente na Avenida João Pessoa quatro equipamentos foram queimados. Cada contêiner custa 4 mil reais. “A população aprovou a implantação do novo sistema automatizado de coleta de lixo orgânico”, disse Roberto Azevedo, assessor de comunicação do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). As pessoas que descartarem dejetos impróprios

Visual: novos equipamentos mudam a paisagem da cidade (lixo seco) nos contêineres serão autuadas, ressaltou. Não há previsão de expansão do sistema para os resíduos recicláveis, pois a coleta seletiva não atinge 10 % do total diário de lixo recolhido. Dados do DMLU registram a coleta de 3 mil metros cúbicos - equivalentes a uma montanha do tamanho de um edifício de dez andares de resíduos - recolhidos todos os dias na capital gaúcha. Segundo Roberto, esse material ficava exposto a cata-

dores, animais, vento e chuva nas calçadas, entupindo bueiros e propiciando alagamentos. Karine Dias Sehn, membro da Associação Moinhos Vive, do bairro Moinhos de Vento, disse que os moradores concordam que era preciso modificar o sistema de coleta de lixo. “Em principio foi positivo, mas na prática não funciona muito bem”, afirmou. A principal reclamação dos moradores é a falta de planejamento na realização da coleta.

Parque das Laranjeiras conquista melhorias depois de 20 anos Paula Ferreira Cavalheiro Redação em Relações Públicas II

Após conviver 20 anos com enchentes e sistema de esgoto deficiente, os moradores do Parque das Laranjeiras, na zona norte de Porto Alegre, podem comemorar. A rua principal e os acessos um, dois, seis e sete foram asfaltados e o sistema de esgoto está sendo refeito. Segundo a presidente da Associação de Moradores, Jurema Salete Costa Inácio, as obras serão concluídas no próximo ano, pois ainda falta a construção do asfalto dos acessos três,

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A prefeitura de São Vendelino está investindo na saúde do seu principal córrego, o arroio Forromeco, e no saneamento básico do município. O município aplicou 500 mil reais este ano em melhorias das redes de água e de esgoto. “Saneamento é uma obra que não se vê, mas que pode ser sentida por muitos anos”, pois representam uma economia no futuro, declarou a prefeita Marlí de Lourdes Oppermann Weissheimer. Sem água de qualidade e esgotamento, os problemas de saúde passam a ser maiores, agregou. (Por Wuilliam S. B. Mello / Redação em Relações Públicas II)

quatro e cinco. Em 2010, Jurema assumiu a presidência da Associação, juntamente com um Conselho de Moradores. Sempre participando do Orçamento Participativo, a nova administração começou a tomar iniciativas, pois soube do novo modelo de serviço da prefeitura, em que os moradores entram com a mão de obra e o governo traz as máquinas e a avaliação técnica para melhorias nos bairros. Em virtude disso, a Associação resolveu unir forças com a comunidade em busca de uma solução eficaz. Cada

morador ajudou na compra de canos para a rede de esgoto e paralelepípedos. O Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) deu apoio técnico, realizou avaliação dos canos e reparos na rede para melhor escoamento da água, sem alagar as ruas mais baixas. A Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV) emprestou as máquinas. Desde a fundação do loteamento, os moradores lutavam pela legalização do sistema de esgoto e construção do asfalto. Hoje, os moradores estão felizes com os resultados e com as obras em movimento.

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Leopoldenses terão coleta duplicada Danilo Adriano Marinho

os galpões de reciclagem no município. “Esperamos que em 2012 possamos coletar 500 toneladas, dobrando esse número, que era em torno de 120, 130”, declarou. Para Antônio da Silva, presidente da Associação dos Carroceiros da Campina, a coleta seletiva é uma conquista do Fórum dos Recicladores que, durante esse período, trouxe oportunidade de aumentar a renda das famílias que trabalham na associação. “A entrada do nosso grupo na coleta seletiva ajudou a aumentar a renda dos integrantes”, afirmou. O Programa Tecnologias Sociais para Empreendimentos Solidários – Tecnosociais/ Unisinos dá apoio ao fórum desde o seu início. Segundo Renata Hahn, técnica do programa, a coleta seletiva é uma oportunidade de a população da cidade conhecer o trabalho das reciclagens. “Nós já apoiamos o fórum há mais de dois anos e vimos também suas conquistas. A coleta seletiva é a chance que a população tem de conhecer o trabalho desses grupos”, ressaltou.

Redação em Relações Públicas II

Dentro da programação da Jornada Roesller, a comemoração dos seis anos da coleta seletiva em São Leopoldo, no dia 1º de novembro, foi marcada por discursos do poder público e a expectativa de dobrar a coleta de resíduos em 2012, aumentando a renda das pessoas que trabalham nos galpões de reciclagem. Participaram do evento, ocorrido no Ginásio Municipal, autoridades, catadores, convidados da iniciativa privada e populares, que tiveram a oportunidade de conhecer o processo de separação do lixo. A oficina Escola de Reciclagem foi um dos principais momentos da solenidade. Uma mesa de triagem foi montada para que os participantes pudessem acompanhar como é o trabalho realizado dentro de um galpão. Segundo o secretário de Limpeza Pública, Mário Enéas Tasch Selli, 250 toneladas de resíduos são coletados mensalmente, distribuídos entre

Materiais recicláveis são destaque na moda Gisele Scheffer

ses produtos, a Borda Barroca assume compromissos com as comunidades artesãs envolvidas e suas famílias, além de proporcionar o desenvolvimento sustentável do artesanato brasileiro, respeitando a diversidade humana e o meio ambiente.

Redação em Relações Públicas II

A Borda Barroca, empresa do ramo de confecções de roupas femininas da cidade de Montenegro, destacou-se na premiação do Guia Moda Brasil pela parceria realizada com comunidades artesãs do país. O prêmio foi entregue em evento realizado em Novo Hamburgo, no dia 18 de outubro. A parceria firmada com comunidades artesãs gerou novos acessórios da Borda Barroca inspirada em linha recentemente lançada pela marca e que consiste na confecção de acessórios para as roupas da nova coleção. Esses produtos são elaborados a partir de materiais recicláveis ou renováveis. A marca surpreender, assim, sua clientela, produzindo acessórios que motivam a conscientização do desenvolvimento social. Na comercialização des-

divulgação

MEIO AMBIENTE

São Vendelino aplica R$ 500 mil em esgoto

Detalhe: toque de artesãos


Babélia 17

Apesar de ocupar posição de destaque na produção de energias renováveis, o Brasil poderia fazer mais esforços em relação às energias solar e eólica. A análise está em relatório da Conferência da Organização das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado recentemente. Segundo o documento, o Brasil foi o quinto país que mais investiu na área, totalizando US$ 7 bilhões. A China liderou os investimentos em energias renováveis em 2010, com o valor recorde de US$ 49 bilhões. (Por Marcelo Garcia / Agexcom)

Não comer carne faz bem ao planeta A onda da sustentabilidade revela que as escolhas alimentares influenciam não só na saúde, mas também na natureza Marina cardozo

Opção: vegetarianismo ajuda a diminuir os danos causados pela produção de carne

OPINIÃO

Lucas de Barros / Redação Jornalística III

Consciência alimentar

P

ra quem não consegue controlar o desejo pela carne, ou melhor, pelo consumo da carne, pode rever um pouco sua postura alimentar. Destaco aqui a necessidade de ingerir nutrientes e proteínas que estão nos alimentos, o que é diferente de “comer um boi pela perna”. O problema está quando nos deixamos levar pelo instinto e esquecemos de que é preciso ter consciência das nossas atitudes em relação ao mundo do qual fazemos parte. Se fossemos canibais, essa questão não seria colocada. Os animais predadores agem instintivamente, porém, não possuem outra escolha. São seres vivos irracionais. O presente é tudo o que possuem. É tudo o que vivem.

Ser humano significa ser racional. Pensar, refletir, planejar e transformar o nosso habitat. A sociedade, apesar de ser comandada por pessoas, não pode ser explorada de forma egoísta. O respeito e a exploração dos espaços naturais exige que todos os seres vivos, racionais e irracionais, compartilhem de uma mesma natureza. A responsabilidade recai sobre os capacitados de consciência. Para os nutricionistas, uma boa dieta deve ser acompanhada de carne e seus derivados. Para alguns veganos (vegetarianos mais extremos), nem mesmo alimentos que contenham derivados, como leite e ovos, devem ser ingeridos. As opiniões divergem. Prefiro viver um dia de cada vez,

“O respeito e a exploração dos espaços naturais exige que todos os seres vivos, racionais e irracionais, compartilhem de uma mesma natureza” sem tentar mudar o mundo, a ponto de torná-lo um paraíso. Gosto do conceito de perfeição. Gosto também, de pensar que somos limitados e imperfeitos. Seres humanos, alunos de uma eterna escola, a vida. Mas, apesar de tudo, arrisco resumir que, somente o convívio coletivo, tanto dos animais quanto dos humanos, de forma respeitosa e plena poderá reservar o meio ambiente que queremos zelar e preservar para o presente, para o amanhã.

Gabriela Boesel Jéssica Berger Marina Cardozo Redação Jornalística II

S

er ecofriendly (amigo do meio-ambiente) virou moda. A onda das ecobags dominou os mais antenados, e a separação do lixo virou hábito. Junto a essas atitudes, a economia de água e energia elétrica se tornou bandeira de uma geração que vive de maneira mais sustentável. O que nem todos sabem é que um costume comum influencia – e muito – o meio ambiente: o consumo de carne. A pecuária é o conjunto de processos técnicos, feitos no campo, usados na domesticação e criação de animais com objetivos econômicos. É por meio dessa atividade que os seres humanos atendem a sua necessidade alimentar de proteínas. A criação de gado é uma das mais antigas profissões do mundo e um dos pilares da economia brasileira. A indústria da carne é responsável por 90% do desmatamento de florestas tropicais, afinal, o gado é alimentado com soja, cultivada, em sua maioria, em áreas de floresta destruída. Além disso, são necessários de 20 a 30 mil litros de água para produzir um quilo de carne, contra 150 litros para a mesma quantidade de trigo. A atmosfera também sofre com a produção de carne: pesquisadores da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgaram em 2009 o estudo A grande sombra da pecuária, por meio do qual descobriram que cerca de 40% das emissões de metano, 21 vezes mais prejudicial que o gás carbônico, vêm da pecuária. A maioria destes gases é liberada pela flatulência do gado. A bióloga Daiane Trindade Costa destaca outros impactos da produção de carne no Brasil: “A domesticação de animais em larga escala é um fator histórico de degradação da biodiversidade, gera a seleção artificial de espécies, pela qual alguns seres vivos são selecionados e protegidos pelo homem em detrimento de outros”. Buscando diminuir os impactos ambientais, estudos mostram que reduzir a produção e criação de gado faria diferença: “Daria espaço para o reflorestamento de áreas degradadas além de reduzir a emissão de gases poluentes”, explica Daiane. “Mas essa é uma tarefa difícil, pois deve começar com a mudança de hábito alimentar das pessoas.” Existem diversos movimentos que defendem a alimentação sustentável com base na ecologia. As iniciativas reúnem pessoas que trabalham pela produção de

MEIO AMBIENTE

Brasil poderia investir mais em energia renovável, diz relatório

“Alimento bom e limpo é o produzido com modos de cultivo que adotam práticas que buscam o menor impacto possível para o meio ambiente.” Fabiana Thomé da Cruz Engenheira de Alimentos e doutoranda em Desenvolvimento Rural

alimentos sustentáveis, pelo respeito ao meio ambiente e ao ser humano. Mas o que é a alimentação sustentável? Fabiana Thomé da Cruz, engenheira de alimentos e doutoranda em Desenvolvimento Rural, explica que esse regime implica no respeito de critérios ambientais, sociais, éticos e de saúde. “Alimento bom e limpo é aquele produzido com modos de cultivo que adotam práticas de agricultura, manejo animal e processamento que buscam, em todas as etapas, ter o menor impacto possível para o meio ambiente.”

Hábito verde

Uma alternativa para quem quer contribuir para a mudança desse quadro é o vegetarianismo. Existem diversos tipos desse regime alimentar, desde vegetarianos que abolem apenas a carne vermelha de seu cardápio até quem não come nenhum alimento de origem animal, nem mel. Os mais conhecidos são os ovolactovegetarianos (popularmente chamados de vegetarianos), que não comem carnes em geral, mas continuam a ingerir ovos e leite; e os veganos, que abolem todos os tipos de carne e alimentos de origem animal de seu cardápio. Taís Pereira é vegana há dois anos, mas desde 2004 não come carne: “Há sete anos, fui a uma festa com meu marido, onde foi exibido o filme Meet your meat. Fiquei enjoada por ver tantas barbáries cometidas com os animais”, conta. Desde então, Taís e o marido são vegetarianos: “Mas sempre tive o intuito de me tornar vegana”. A estudante de Jornalismo conta que o motivo principal para o veganismo foi a questão ética, de respeito aos animais: “Mas com certeza quem é vegano também contribui para a preservação do meio ambiente”. Taís não tem carro, faz a separação do lixo em casa e diz economizar ao máximo energia elétrica: “Procuramos poupar água também”.


EDUCAÇÃO

Ensino Médio passa por mudanças

Aprendizado para superar o cárcere

Guilherme Maciel Redação Jornalística I

Jacqueline santos

Jacqueline Santos Redação Jornalística I

E

Reinserção: detentas dedicam três horas por dia aos estudos (nome fictício), por estar presa, consegue dar atenção aos estudos. “Lá fora eu não me interessava em estudar, aqui dentro, sim, porque tenho bastante tempo para pensar.” A estudante do Ensino Fundamental revela que este não é o único curso que realizou na PFMP. “Já fiz curso de culinária e tecelagem, e, no mês que vem, vou fazer o ENEM.” Dos 97 presídios do Estado, 43 possuem NEEJAs. O objetivo da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), em parceria com a Secretaria Estadual da

Educação, é instalar núcleos em todas as penitenciárias. Para isso, é necessário preencher requisitos, como ter salas adequadas para aula, professores e direção, informa a coordenadora do Setor Educacional do Departamento de Tratamento Penal (DTP) da Susepe, Cintia Nunes. Segundo a diretora do DTP, Ivarlete de França, “os núcleos possibilitam que elas invistam na educação fora da penitenciária. Em liberdade, elas poderão dar prosseguimento aos seus aperfeiçoamentos profissionais e pessoais”, afirma.

Cursos rápidos preparam para o mercado de trabalho Juliane Quaresma Redação Jornalística I

Hoje é crescente a busca por qualificação profissional em todo o país. Jovens encontram nos cursos profissionalizantes um aliado para conciliar trabalho e estudo e uma porta de entrada para o mercado. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo Instituto Votorantim em junho de 2010 mostra que a chance dos jovens que fizeram cursos profissionais de conseguirem trabalho é 48% maior do que pessoas sem esse tipo de estudo.

Para a vice diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Bento Gonçalves, de Porto Alegre, Maria Aparecida Coutinho Gil, o interesse dos alunos por essa modalidade de ensino é cada vez maior, pois é um dos caminhos mais rápidos para conseguir uma colocação no mercado. “Nós, como educadores, damos apoio para promover o encaminhamento dos interessados às instituições”, afirmou Aparecida. Maria Sara Cabrera Mendéz, 19 anos, concluiu o curso de Rotinas Administra-

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Unisinos investe na educação a distância

Presas aproveitam a privação da liberdade para concluir os estudos e ganhar chances no mercado de trabalho

m contraste com a superlotação, o sistema prisional do Estado tem bons exemplos na área da ressocialização. Um deles é o Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA), que oferece aos apenados a oportunidade de alfabetização e de concluírem os ensinos fundamental e médio. Na Penitenciária Feminina Madre Pelletier (PFMP), em Porto Alegre, 79 presas estão inscritas no projeto. As aulas, com três horas de duração, ocorem pela manhã e à tarde. Nas três salas disponíveis, cinco professoras lecionam as disciplinas de Português, Literatura, História, Filosofia, Sociologia, Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia, Ciências e Inglês. A PFMP possui o núcleo desde 2007. Ao fim dos estudos, as alunas recebem um certificado de conclusão, explica a diretora do espaço educativo, Joice Flores. “O NEEJA é o local de integração de todas as apenadas da penitenciária. Aqui é o único ponto de encontro de todas as galerias.” Conforme a aluna Suzana

Babélia

Com o objetivo de combater a evasão escolar – cujo percentual atinge 13% do contingente de alunos – a Secretaria da Educação do RS promoverá, a partir de 2012, mudanças que adaptarão o currículo do Ensino Médio para o mercado de trabalho. Ao ensino tradicional se somará o conteúdo politécnico, dividido em quatro eixos: Ciência, Cultura, Tecnologia e Trabalho. Segundo a assessora pedagógica Lúcia Cristina Santos, a nova identidade do sistema despertará o interesse dos educandos e os ajudará nas escolhas profissionais. (Por Erivaldo Júnior / Redação Jornalística 1)

tivas na Microlins, de Porto Alegre, e considera que o investimento valeu a pena, pois seu objetivo de se inserir no mercado de trabalho foi atingido. Em alguns meses ela conseguiu estágio, onde aprendeu mais sobre contabilidade, departamento pessoal e fiscal (setor administrativo). “Eu recomendo para as pessoas fazerem cursos profissionalizantes, não considero uma perda de tempo. A gente não pode esquecer que hoje em dia, com a concorrência do mercado, todo conhecimento é valido”, concluiu a jovem.

Seguindo as evoluções tecnológicas e visando flexibilidade, a Unisinos está investindo no Ensino a Distância (EaD). A modalidade foi feita para quem não tem como comparecer na universidade, e, com o auxílio da plataforma Moodle, o discente pode estudar no tempo disponível. Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), o sistema foi criado em 1997. A Unisinos começou a desenvolver essa forma de estudo a partir de 2003, com a especialização Currículo e Educação Crítico-Humanizadora, tendo hoje cerca de 5,4 mil estudantes matriculados. Para o gerente de educação a distância da Unisinos, Carlos Eduardo Sabrito, a atual tecnologia permite aos alunos quebrarem barreiras geográficas e evitar perdas de

tempo. “O aproveitamento pode ser tão bom ou melhor que o do ensino presencial uma vez que, no EaD, o aluno assume o protagonismo do seu processo de ensino-aprendizagem”, conclui Sabrito. O estudante de jornalismo Augusto Veber escolheu o EaD para poder se organizar. “A principal vantagem é a possibilidade de estudar em horários variados”, afirma. Contudo, ele adverte que a efetividade desta forma de ensino depende apenas do aluno. “A desvantagem é que se o indivíduo não for tão dedicado, acaba sendo lesado”, alerta Augusto. Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 870 mil alunos matriculados no EaD, e, segundo a previsão do Diretor de Regulação e Supervisão da Educação a Distância do MEC, é que este número ultrapasse a marca de um milhão de matriculas até o final de 2011.

Orientação ajuda na escolha da profissão Cássia Gribler Redação em RP II

Indecisão, medo, insegurança e ansiedade são características comuns de adolescentes que saem do Ensino Médio e pretendem enfrentar o vestibular. Decidir qual profissão escolher em meio a tantas opções normalmente traz dúvidas para a maioria dos jovens. A psicóloga Maria de Fátima Santos explica que é importante que os adolescentes façam testes vocacionais e conversem com profissionais especializados. “As pessoas estão entrando cedo demais na faculdade, muitos ainda não têm a maturidade suficiente que o ambiente exige. Outra problemática são os pais que projetam em seus filhos sonhos pessoais não concretizados e procuram realização por meio deles”, diz a psicóloga. O vice diretor da Escola

de Ensino Médio 9 de Maio, localizada em Imbé, Luíz Carlos Garlipp, mestre em Psicologia pela Ispa – Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Portugal, diz que a escola proporciona atividades diferenciadas para os formandos. “Levamos eles a cursos gratuitos, palestras e feiras na Ulbra de Torres e na Facos de Osório, e trazemos profissionais para falarem sobre suas profissões”, fala Garlipp. Vinícius de Souza, 16 anos, aluno do 3° ano do Ensino Médio da Escola 9 de Maio, acredita ser muito importante esses aprendizados. “Eu estava confuso em relação a qual curso escolher e tinha que fazer minha inscrição para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ouvindo profissionais de áreas diferentes e pesquisando na internet decidi. Vou fazer Engenharia de Minas”, diz Vinícius.


Babélia

Acompanhando as transformações do mercado, o curso de Jornalismo da Unisinos ganhará um laboratório prático em 2012. Os alunos produzirão materiais jornalísticos sobre política, economia, esporte, cultura e geral, que serão publicados em um site. Durante as aulas, os alunos serão divididos por editorias e se revezarão entre a redação e a cobertura externa. No currículo, foi introduzido o núcleo de empreendedorismo, para que o futuro egresso saia preparado para gerir seu próprio negócio. (Por Caroline Santos / Redação Jornalística 1)

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Bethina Baumgratz Camila Weber Taini Holz Redação Jornalística II

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empre que entrava nas salas de aula com turmas de Educação para Jovens e Adultos (EJA), a professora aposentada Therezinha Grings encontrava a imagem de rostos cansados após um longo dia de trabalho, porém ávidos pelo conhecimento prestes a ser repassado. Ela recebia na escola alunos para os quais cansaço ou anos longe da escola não eram páreo para a vontade de aprender. EJA é um projeto que consiste na formação de pessoas acima da idade escolar, que não completaram os anos da educação básica em tempo regular. Therezinha foi a mentora da implantação deste tipo de ensino na Escola Estadual São José, em Nova Petrópolis. A instituição foi a pioneira da região na oferta dessa modalidade de ensino, em 2001, e contou com grande adesão da comunidade já na primeira turma. A extensão do curso variava de um a dois anos, conforme a série em que o aluno havia abandonado os estudos. O conteúdo aplicado nas turmas correspondia ao do ensino fundamental, sendo que cada ano da EJA correspondia a dois do ensino regular. A Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul contabilizou a Educação para Jovens e Adultos. Em 2010, havia 87.377 alunos no ensino fundamental contra 90.385 em 2009. Pode-se atribuir o decréscimo da adesão de novos alunos às atuais políticas de incentivo à educação em período regular. Outro fator é que parte do público interessado buscou sua formação nos primeiros anos após o início da oferta da modalidade, em 1996. A formatura da última turma da escola São José, por exemplo, aconteceu seis anos após a primeira. Entendeu-se, por falta de quorum para novos grupos, que todos os que quisessem concluir o curso fundamental já haviam sido contemplados. Falta de apoio e estrutura familiar, entrada precoce no

“Os alunos eram muito respeitosos, vinham para a escola realmente com o propósito de estudar.” Therezinha Grings ex-professora

Esperança renovada na sala de aula Educação para Jovens e Adultos (EJA) traz perspectivas de novos horizontes a milhares de brasileiros Renata Strpazzon

EDUCAÇÃO

Curso de Jornalismo da Unisinos terá mudanças

mercado de trabalho e até mesmo poucas perspectivas para o futuro são alguns dos motivos que levam a maiora dos jovens a abandonar os estudos, segundo levantamento do Ministério da Educação. A professora de Nova Petrópolis relata que os alunos da EJA se diferenciavam do ensino regular principalmente pela sua postura. “Eram extremamente respeitosos e vinham para a escola realmente com o propósito de estudar”, lembra Therezinha.

Conquista

Recomeço: alunos voltam à escola após anos longe da sala de aula

OPINIÃO

Júlia Klein / Redação Jornalística III

Uma educação possível

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sistema para educação de jovens e adultos (EJA) é uma modalidade de ensino voltada a pessoas que não completaram os anos da educação básica, na idade apropriada, por algum motivo. O ensino voltado a adultos é uma necessidade, não só na comunidade onde vivem, mas nos locais de trabalho. A educação é responsável pelo crescimento social, pois, com o aumento da escolarização, o nível de vida melhora e as pessoas tornam-se mais críticas, conscientes e capazes de reconhecer seus direitos. O EJA evoluiu ao logo dos anos, permitindo o acesso de todos à educação, independente da idade. Na década de 70 surge o Movimento Brasileiro de Alfa-

betização, o antigo Mobral, cujo projeto visava acabar com o analfabetismo em apenas dez anos. O ensino supletivo implantado nessa época representou um marco importante na história da educação brasileira. Foram criados Centros de Estudos Supletivos em todo o País, com a ideia de servir como modelo de educação para o futuro. Nos anos 80, o Mobral deu lugar ao EJA, onde o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, passou a ser garantia constitucional para todos os que não tiveram a oportunidade de concluir os estudos em tempo normal. A educação de adultos torna-se mais que um direito: é uma forma de poder exercer a cidadania e condição para garantir maior partici-

“A educação de adultos torna-se mais que um direito: é uma forma de poder exercer a cidadania” pação na sociedade. O Rio Grande do Sul possui 3,6% das matrículas brasileiras no EJA, considerando todos os níveis de ensino. O número de matrículas cresceu quase 23,3% entre 1999 e 2005. É importante que o EJA seja tratado junto com outras políticas públicas, e não de forma isolada. Pessoas que retomam os estudos depois do tempo devem ser incentivados pelos professores e pela sociedade. Estudar pode não ser a solução de todos os problemas sociais do país, mas é o meio pelo qual a pessoa pode buscar qualificação e ter a chance de reescrever sua própria história.

Anderson Viana, de Porto Alegre, está no time das pessoas que tiveram a chance de concluir a educação básica tardiamente pelo formato do supletivo (antigo nome do EJA). No caso do estudante, desinteresse e desmotivação em relação ao estudo foram as causas do abandono. Após vários anos longe da sala de aula, aos 18 anos, o intimato veio da mãe, da namorada e da sogra. “A idade pesou e houve uma certa pressão. Mas não foi só isso, eu me sentia mal, incompetente”, desabafa. Depois de cursar os anos de EJA referentes ao Ensino Médio, hoje, com 26 anos, tem em mãos o valioso certificado de conclusão. O jovem afirma nunca ter passado por constrangimentos ou preconceito por ter concluído os estudos por meio da EJA, mas admite um único entrave nesse formato de ensino: a superficialidade. “Ter visto os conteúdos de forma mais rápida dificulta o estudo para passar no vestibular. Quero ser professor e cursar Letras, vou tentar a vaga na Universidade Federal do Rio Grande do Sul neste ano”, revela. A modalidade torna-se uma oportunidade de aprendizado também para os professores. Por tratar-se de uma metodologia diferente, é necessária uma familiarização com um repasse de conteúdo diferenciado do tradicional. As disciplinas são trabalhadas de forma global, sempre pensando na sua aplicabilidade para o dia a dia. Muitas portas podem se abrir quando é dada a estas pessoas uma nova chance de aprender. No caso da escola de Nova Petrópolis, a professora Therezinha Grings conta que alguns dos ex-alunos que concluíram os estudos por meio da EJA atualmente cursam o ensino superior. Outros ainda obtiveram, graças à formação básica, ascensão profissional, chegando a ser aprovados em concursos públicos municipais. “Saber que de alguma forma contribuímos para a realização pessoal dessas pessoas é a maior recompensa”, completa.


CIDADANIA

Geração Inconformada completa seis anos

O que faz Canoas voar de verdade Mudanças comandadas pela prefeitura local, como limpeza de praças e asfaltamento, melhoram a vida dos moradores PREFEITURA DE CANOAS/DIVULGAÇÃO

Marta Reckziegel Redação Jornalística I

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esde que assumiu o cargo de prefeito de Canoas, em 2008, Jairo Jorge e sua equipe têm feito mudanças significativas nos serviços públicos da cidade. Entre as melhorias estão a iluminação de ruas, limpeza de bairros, novas paradas de ônibus e uniformes escolares para a rede pública. As prioridades são definidas com base no projeto “Prefeitura na Rua”, que ocorre por meio de encontros aos sábados, em um espaço público que recebe uma unidade móvel. Ali, os representantes municipais ouvem e registram os pedidos, e a resposta normalmente é dada na hora. Qualquer pessoa pode participar, dando ideias e fazendo solicitações ou aproveitando o espaço, nos brechós, feiras e serviços sociais. As últimas melhorias foram feitas nos bairros Ideal e Nossa Senhora das Graças, com a troca de lâmpadas e o asfaltamento de ruas, pedidos feitos há anos pelas famílias locais. Cecília Menta Carniel, 21 anos, uma das beneficiadas, aprovou as mudanças e afirmou que

Melhorias: ações são definidas em encontros com a população ainda há muito para se fazer. Para ela, os avanços da região são significativos e melhoram a aparência de Canoas, como também a segurança, já que a escuridão antes predominante deu espaço à uma sensação de mais tranquilidade. A funcionária pública Rejane Ledur, 44 anos, salienta as iniciativas de promover a limpeza de espaços públicos e a plantação de flores, que dão um novo visual para quem visita a cidade e para quem nela habita. Ela afirma que o resultado do governo não pode ser avaliado somente sob essa

perspectiva, pois apresenta falhas em outros setores. A expectativa da Secretaria de Segurança Pública e Cidadania é promover mais benfeitorias aos canoenses até o final do mandato. Para isso, conta com a participação ativa de todos os moradores, comparecendo às edições do programa Prefeitura na Rua. Os próximos passos são a continuação das novas iluminações em outros bairros, as sinalizações em locais de muito movimento e a manutenção geral dos serviços de utilidade pública.

Associação de meninas faz ações voluntárias em Montenegro Gabriela Clemente Redação Jornalística I

Um grupo de meninas de Montenegro uniu forças para ajudar os mais necessitados do município. A Liga Feminina de Ação Voluntária é uma pequena entidade que conta com 15 participantes envolvidas em ações sociais em prol de instituições beneficentes que cuidam principalmente de crianças. “Um dia, conversando sobre a Liga de Combate ao Câncer de Novo Hamburgo, tivemos a ideia de adaptar o projeto aqui em Montenegro,

Babélia

Um projeto em Esteio, que vem atraindo jovens para ensinar mais que o português e a matemática da escola, comemora seis anos. A Associação Geração Inconformada (GI) oferece atividades extra curriculares, atende a crianças de quatro a 17 anos e hoje tem cerca de 130 alunos. A entidade, que conta somente com ajuda de voluntários, tem oficinas de esporte, artesanato, música e reforço escolar sem cobrar nenhum valor. Os jovens também fazem visitas a asilos e orfanatos esporadicamente. (Por Cecília Pires / Redação Jornalística 1)

com pessoas e entidades carentes daqui”, relata Luiza Soares, uma das coordenadoras. Luiza e duas integrantes da entidade foram as idealizadoras do projeto. Depois de a ideia montada, chegou o momento de recrutar ajuda. “Começamos a falar para nossas amigas, que foram passando a mensagem para outras e outras. Assim conseguimos formar um grupo de trabalho”, explica. No início, a equipe era composta por 35 voluntárias que desenvolviam ações sociais com patrocínio apenas de empresas que tinham algum vínculo familiar,

como negócios dos pais ou familiares. “Com esse primeiro patrocínio da família conseguimos arrecadar dinheiro para desenvolver as atividades que realmente queríamos”, conta Juliana Bortolaso. A partir de então, a Liga Feminina desenvolve principalmente atividades de recreação voltadas para crianças de creches carentes da cidade. Além disso, o grupo visa arrecadar donativos como alimentos, produtos de higiene e fraldas em outras ações como a Campanha do Agasalho e eventos beneficentes que acontecem durante o ano no município.

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Paixão pelo time traz esperança a crianças Rafael dos Passos Redação Jornalística I

Com o objetivo de realizar sonhos de crianças portadoras de problemas de saúde, o Instituto Desejo Azul (IDA) nasceu da reunião de conselheiros do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense. A ideia tem inspiração na ONG norteamericana Make-A-Wish, que ajuda crianças e adolecentes com necessidades especiais. Em um caso recente, a instituição levou uma menina de 11 anos ao show de Justin Bieber, no Rio de Janeiro. Roberto Acauan, cinco anos, morador do bairro Passo D´Areia, na capital gaúcha, é portador de neuroblastoma e participou do projeto Desejo Azul em julho deste ano. O menino recentemente sofreu um transplante de medúla óssea e foi nesta época que ele realizou o sonho de conhecer os jogadores do Grêmio. A surpresa aconteceu quando o pequeno estava internado no

Hospital de Clínicas de Porto Alegre para se recuperar de uma cirurgia. Na época, ele recebeu a visita do goleiro Víctor, seu maior ídolo e ganhou uma camisa autografada pelos atletas. A partir desse momento, a saúde de Roberto melhorou, dizem os pais. “Ele tinha perdido a vontade de viver, mas tudo mudou depois da visita dos jogadores do Grêmio”, conta a mãe, Mardja Acauan. Um dos fundadores do Instituto Desejo Azul é Eduardo Caminha, 49 anos. Conselheiro do Grêmio, ele e responsável pelos vídeos da entidade e participa pessoalmente de todas as ações realizadas pelo IDA. Outra pessoa engajada na causa é Denise Rombaldi Vieira, 49 anos, médica, também conselheira do clube. Ela fica entusiasmada de poder ver os olhos de uma criança após ter seu sonho realizado, uma frase marcante da Dra. Denise é “ A paixão não cura, mas trás a esperança”.

Jovens deixam Novo Hamburgo mais feliz Elisa Goemann

Elisa goemann

Redação Jornalística I

Um grupo de jovens de Novo Hamburgo está alegrando a comunidade com um projeto – o Minha Herança. O objetivo dos voluntários é realizar ações solidárias para sanar necessidades emocionais e físicas. O movimento começou em março deste ano, com amigos que frequentavam a mesma igreja. O desejo de ajudar os outros com alimentos, roupas e até mesmo com abraços, motivou-os a agirem. O nome foi dado pensando na herança que se pode deixar para o próximo – mais amor e alegria. A primeira ação realizada foi a distribuição de abraços e sorrisos, no centro da cidade. Um grupo ficava nas sinaleiras, fazendo os motoristas sorrirem, e outro passeava oferecendo abraços. “Pode parecer que ninguém vai aceitar, mas muitas pessoas querem carinho”, conta Leonardo Marques, integrante do Minha Herança. Outra atividade praticada foi a entrega, em julho, de mais de 300 peças de roupas no bairro Vila Braz, em São Leopoldo. De acordo com Lisiane Dias, uma das idea-

Voluntários: ações solidárias lizadoras do projeto, a doação foi pequena, mas ajudou diversas famílias. “Os sorrisos contrastaram com o ambiente triste do bairro”, afirma ela. O jovem Eduardo Oliveira, responsável pelo cronograma, diz que muitas ações são planejadas. “Com o crescimento do grupo, com quase 60 inscritos, podemos fazer muito mais pela comunidade”, explica. Ele informou que o Minha Herança é disseminado para várias cidades, devido ao aprimoramento do site www.minhaheranca.com. br e a ações de divulgação. Os jovens esperam, assim, alegrar mais pessoas e espalhar amor para quem está à sua volta.


Babélia 21

As organizações ligadas ao Projeto Pescar de Porto Alegre - entre elas, Infraero, Stemac, Vonpar, Corag e CDL - estão com os processos seletivos abertos para 2012. Os 35 cursos oferecidos são voltados a jovens em vulnerabilidade social. Para participar, é preciso ter entre 16 e 19 anos, não estar cursando cursos técnicos ou profissionalizantes, estar, no mínimo, na 6ª série do Ensino Fundamental e pertencer a uma família de baixa renda. (Por Nathália Falcão / Redação em Relações Públicas II)

Posto do Jardim Itu é modelo em saúde C

Diego da Costa André Corrêa Redação Jornalística II

Mesmo em casos mais graves, como os de câncer, famílias escolhem realizar tratamentos pelo sistema público JOANE SANTOS

Atendimento comunitário: associação de moradores atua junto com o Grupo Hospitalar Conceição

OPINIÃO

André Herzer / Redação Jornalística III

População maltratada As filas e o mau atendimento nos hospitais públicos do Rio Grande do Sul, Estado que menos investe em saúde no Brasil, apenas 5% dos 12% exigidos pela Constituição, possuem um passado histórico. Décadas de ineficiência na gestão e o pouco investimento na área da saúde pública foram expostos com os dados do levantamento feito pelo Ministério da Saúde e pelo estudo do Tribunal de Contas do Estado divulgados em outubro. Investindo apenas 5% de seus recursos na área no ano de 2009, a saúde no Rio Grande do Sul tem esperanças na Emenda Constitucional 29. Regulamentar a Emenda 29 é o primeiro e um dos mais importantes passos para a melhora do sistema de saúde pública de todo país. Exigir um mínimo de investimento

na saúde por parte da União, Estado e dos municípios, que hoje se esforçam ao máximo para manter os hospitais abertos para sua população, é o início da reparação de um erro histórico. Muito foi investido na infra-estrutura e no desenvolvimento econômico do Estado mos últimos anos, para se ter idéia em 2002 o PIB per capita do Rio Grande do Sul era de 10.057 reais passando para 18.777 reais em 2009. Focado no desenvolvimento econômico e na infra-estrutura do Estado os governantes descuidaram-se e deixaram de investir na saúde e educação. Porém, não adianta exigir um investimento na área da saúde e pagar seus custos através da criação de impostos, o que foi rejeitado pela Câmara de Deputados. O ide-

“Baixo investimento e má gestão prejudicam a qualidade de atendimento na rede pública. Emenda 29 pode ser uma solução” al é rever o modo como são realizados os investimentos do Estado e da União na área da saúde buscando, quem sabe, reduzir os investimentos em áreas já bem servidas e repassando-os para a saúde. A reparação de erros históricos não é fácil, mas buscando um maior investimento na área da saúde e uma melhor gestão desses recursos talvez um novo quadro na saúde pública seja possível nos próximos anos.

om 25 anos de atuação em parceria com a associação de moradores do bairro, o posto Jardim Itu, em Porto Alegre, é exemplo de atendimento e cuidado com a população. Vinculado ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC), o centro de saúde integra uma rede de 12 unidades, num total de 39 equipes que atuam em áreas da Zona Norte. A enfermeira Tailia Reginato, 35 anos, trabalha há cinco anos no bairro e recebe a todos com sorriso fácil. Além do carinho que tem pela profissão, ela trata os pacientes com cortesia. Outro motivo que torna o atendimento mais terno é o fato de estar grávida de sete meses. “Júnior chegará em dezembro”, diz. Ela atende outra gestante e dá as instruções sobre pré-natal, alertando as futuras mamães sobre riscos de uma gravidez precoce. “A gente se sente mais segura com outra mãe atendendo”, admite Carla Maria Guedes, estudante, 17 anos. Ela agradece Tailia com um sorriso gentil e despede-se empurrando a barriga oval de oito meses, desproporcional ao corpo franzino. Carla ainda ajeita os cabelos longos e negros sobre os ombros e conta como foi a sua trajetória desde o início da gestação. “Meus pais queriam que eu fosse embora para estudar fora do Estado, mas com a notícia de que seriam avós, se sentiram frustrados”, recorda. Apesar da mudança de planos, os pais de Carla a apoiaram, e ela considerase “sortuda” pelo privilégio de ter conseguido apoio psicológico. A adolescente fala sobre a dificuldade que alguns parentes têm em procurar ajuda médica em outros bairros da Capital. Ela elogia a precisão dos serviços da unidade de saúde do Jardim Itu. Em contrapartida aos demais postos, os pacientes recebem mais do que o atendimento básico. A Associação de Moradores do Bairro Jardim Itu (AMBAJAI) e a unidade fazem caminhada orientada, atividades de combate ao tabagismo, programas de saúde mental e da mulher e orientação aos idosos. Dentre as ações também estão a organização de um posto volante, próximo ao Triângulo da Assis Brasil, para situações como vacinações e surtos de epidemias. Há também atendimento multidisciplinar, que inclui serviços como curativos, teste do pezinho, nebulização, verificação de tensão arterial, hemoglicoteste para diabéticos e antropometria. Possui uma equipe composta por médicos de família, dentistas, psiquiatras, psi-

CIDADANIA

Projeto Pescar abre inscrições para turmas de 2012

cólogos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas, auxiliares administrativos e assistentes sociais. O terreno da unidade de saúde, na Rua Biscaia, 39, pertence à AMBAJAI. A enfermeira Tailia explica que o posto teve início em 1986 e nasceu de uma demanda da própria associação, que solicitou ao GHC que fosse instalada uma sede no bairro para desenvolver uma política pública de saúde no local. Ela explica que os programas de promoção e prevenção na saúde familiar e o respaldo dos moradores devem-se à boa gestão da equipe que trabalha no posto. “O grupo é organizado e os conselhos locais de saúde elaboram planos que dialogam com as as dificuldades. Há um clima de união e tudo é elaborado com o máximo de profissionalismo.”

Moradores aprovam o atendimento

De acordo com o marceneiro Eli Porto Caseres, 64 anos, natural de Itaqui e moradora do bairro há cinco anos, o atendimento é de alta qualidade. “Sofro muito de asma, venho aqui me tratar com frequência e sou muito bem atendido. Toda minha família vem aqui quando precisa. Minha esposa, que sofre de pressão alta, recebe todos os medicamentos que necessita através do posto”, lembra. A filha dele, Elisa Caseres, 27 anos, tem hipotireoidismo, doença que compromete a glândula tireóide, podendo ocasionar a desaceleração do metabolismo e aumento de peso. Ela aprova o atendimento e a qualidade dos profissionais. “A minha vida seria muito complicada sem o posto, tenho uma série de restrições alimentares e preciso ter uma dieta balanceada, os profissionais daqui me ajudam muito”, afirma a dona de casa. A aposentada Vera Maria Pereira, 66 anos, e moradora há um ano e seis meses da região, diz que o posto é como uma extensão do hospital. “É um dos melhores atendimentos de Porto Alegre. Meu marido tinha câncer e, infelizmente, faleceu. O tratamento clínico era todo realizado aqui. Eu morava em Gravataí, onde o posto não era nem a metade do atendimento daqui.” Os moradores recebem periodicamente folders explicativos sobre as campanhas de saúde. No local há diversos cartazes que ilustram prevenções e tratamento de doenças. A marcação de consultas é realizada todas às terças-feiras por telefone para pessoas acima dos 60 anos e todas às quartasfeiras inicia o agendamento com distribuição de 40 fichas por turno. As consultas ocorrem de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h, e das 14h às 18h.


GASTRONOMIA

Receitas chiques viram pratos populares no país

Babélia

O jornal Folha de S. Paulo realizou um levantamento em que relaciona algumas das iguarias que já foram carros-chefes da cozinha brasileira e que agora se tornaram raras nos grandes restaurantes. Entre elas, estão petit gâteau, estrogonofe, camarão na moranga e papaia com cassis. Segundo a publicação, isso se deve, principalmente, ao fato de que esses pratos estão disponíveis ao público de outras formas, como congelados ou com a receita original deturpada. (Por Marcelo Grisa / Agexcom)

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Os dilemas na hora da refeição Para os adeptos do vegetarianismo, encontrar refeições saborosas fora de casa nem sempre é fácil Rafaela Kley

Diego Appel Fernanda Schmidt Juliete Rosy de Souza Redação Jornalística II

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número de pessoas que não consome carne no Brasil está cada vez mais alto: segundo dados de 2006 do grupo Ipsos de pesquisa de satisfação do consumidor, 28% da população brasileira tem procurado comer menos esse tipo de alimento. Os motivos são diversos: saúde, beleza, causas sociais, entre tantos outros. Com o crescente número de vegetarianos, os restaurantes tendem a se moldar com algumas receitas voltadas a esse mundo totalmente verde. Dentro do regime vegetariano existem seis tipos de dietas. A mais radical restringe o consumo de alimentos com leite, ovos e mel, além da abolição do consumo de todos os tipos de carne. Com isso, a dificuldade de preparar uma refeição completa, saudável e saborosa acaba sendo maior, mas não impossível. Para a estudante de gastronomia da Unisinos mariana Schmidt, restaurantes e bares têm se preocupado em satisfazer os clientes vegetarianos com receitas criativas e saborosas. “Um exemplo é a feijoada vegetariana, feita de ensopado de legumes, proteínas vegetais e até tofu”, exemplifica a gourmet. Um exemplo de restaurante que tem adotado em seu cardápio alimentos adequados para atender a clientela vegetariana é

OPINIÃO

“Os sucos de laranja e de abacaxi são os mais pedidos pelos vegetarianos.” Sílvia Borges Proprietária de restaurante

de frutas naturais são os mais pedidos. O de laranja, é saudável porque contém grande quantidade de vitamina C e o de abacaxi, diminui o colesterol. “São as preferências para quem cuida da saúde, e são os mais pedidos pelos vegetarianos”, acrescenta Sílvia. Em alguns lugares não é fácil encontrar comida adequada para esse tipo de dieta. Essa é uma das reclamações dos alunos vegetarianos da Unisinos, que muitas vezes acabam trazendo

Coloque a mão na massa Dica de uma refeição simples e saborosa:

Pizza vegetariana Dieta: nos restaurantes tradicionais, salada é uma das únicas opções o Engenho do Boi, de Gravataí. Apesar do prato principal ser a carne, o arroz integral passou a fazer parte dos pedidos. “Ele é muito procurado, as pessoas escolhem esse tipo de arroz porque sabem que é mais saudável do

que o outro, por isso é um dos pratos fundamentais no cardápio diário”, afirma a proprietária do estabelecimento, Sílvia Borges. As bebidas também ganham um papel importante no cardápio dos vegetarianos. Os sucos

Ingredientes: • 1 base para pizza • 2 colheres de molho de tomate • 1/3 de pacote (aproximadamente 75g) de tofu aromatizado com hortaliças • Azeitonas, alcaparras e queijo de soja e mussarela Preparação: Cubra a base de pizza com tomate e por cima preencha com o tofu desfeito com um garfo. Decore com os demais ingredientes a gosto.

Mariana Staudt / Redação Jornalística III

Qual sua filosofia alimentar?

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lanches e refeições de casa para consumir na universidade. É o caso da estudante de jornalismo Angélica Pinheiro. Ela acaba preparando o próprio alimento frequentemente. “Uma das opções agora é o Subway. Como sou vegana, não consumo leite e ovos, e um tipo de pão deles é feito sem esses ingredientes”, explica a universitária. Os benefícios do vegetarianismo são quase indiscutíveis, apesar do mito de que a dieta é carente em nutrientes. Um exemplo é a redução das mortes por doenças cardiovasculares de 31% para homens e 20% para as mulheres. Embora a carne certamente seja uma fonte de proteína concentrada, é extremamente pobre de outros nutrientes, como minerais, carboidratos e vitaminas. Assim, vale a reflexão na hora de sentar à mesa, afinal, como diz o ditado, você é o que você come.

ieta da lua, da sopa, da proteína, da água. Muitas capas de revistas estampam modelos de alimentação e formas rápidas de se emagrecer. Há quem siga estes maus exemplos, mas a maioria sabe que para ter uma vida saudável é necessário um acompanhamento e uma rotina alimentar diversificada. Entre tantos gostos e sabores, algumas pessoas preferem excluir algumas variedades por diversos motivos, sejam por saúde, ideologias, questões religiosas ou simplesmente por modismos. Já imaginou deixar o churrasco de do-

mingo de canto e comer um bom prato de salada? O vegetarianismo, por exemplo, é uma tradição de origem indiana que exclui todos os tipos de carnes e, até mesmo, seus derivados da dieta. Os que seguem este regime não comem nada que implique em tirar a vida de um animal. Há, também, outros mais radicais, chamados de veganos, que seguem apenas uma modificação alimentar, mas, sim, uma nova forma de vida. Estes, além das carnes, excluem os laticínios, ovos, mel e evitam o uso de couro, lã, óleos e tantos outros produtos de origem animal.

No meio da jornada desta mudança alimentar, muitos não conquistam a força de vontade necessária para seguir a filosofia, pois sabemos o quão complicado é se proibir de um ou mais tipos de alimentos, e acabam retornando para a velha dieta gastronômica. E aquele chocolate, pastel ou uma lasanha com bastante queijo? Pois é, não são apenas os vegetarianos que possuem restrição alimentar. Intolerantes a glúten, a lactose ou pessoas diabéticas não escolhem excluir determinados alimentos da sua rotina. Às vezes, de uma hora para

“Às vezes, de uma hora para outra, algumas guloseimas precisam ser deixadas de lado e uma reeducação alimentar entrar em vigor, sem escolhas.” outra, algumas guloseimas precisam ser deixadas de lado e uma reeducação alimentar entrar em vigor, sem escolhas. Seja qual for o tipo de dieta, cada um tem seus motivos. E o mais importante de tudo, é segui-la de forma responsável e que torne a vida mais saudável e cheia de energia.


O

Babélia

pinião

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casamata

plenário

Bruno Gross Leandro Luz Luciano Pacheco Nathália Mendes

André Buchfink Pereira Augusto Turcato Giuliano Reis Larissa Azevedo Letícia Silveira

Redação Jornalística III

Redação Jornalística III

Ranking

Copa no Brasil

O Santa Cruz lidera o ranking de média de público das séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro. O detalhe é que o clube está na quarta divisão do futebol nacional. Com uma sequência de três rebaixamentos consecutivos iniciada em 2006, é impressionante a fidelidade dos torcedores com o clube, e ainda por cima, contrariando todas as tendências, é a torcida que mais cresce no nordeste.

Mazembe Aprender com os erros do passado para não repeti-los no futuro. Essa afirmação do senso comum pode ser aplicada ao time dos Santos. Focados no mundial, todos só falam sobre o confronto do time brasileiro contra o poderoso Barcelona e do duelo entre Neymar e Messi. Mas é bom lembrar do que aconteceu com o Internacional no ano passado, que pensou apenas na final e acabou perdendo para o Mazembe.

Pontos quentes Para quem dizia que um campeonato por pontos corridos é sem graça, aí está o brasileirão 2011 para provar o contrário. Com um equilíbrio antes nunca visto e a liderança trocando de mães a cada rodada, a edição desse ano do campeonato brasileiro deixa ao menos duas lições: não há uma final, mas sim 38 decisões e por conta disso a disputa começa a se decidir na primeira rodada. E o título, mais um vez, só é decidido na última.

Boston A Federação Gaúcha de Futebol realizou no Chile o congresso que definiu o sorteio das chaves do Gaúchão 2012. NO CHILE. Há a possibilidade de se jogar um grenal em Boston. BOSTON. A decadência do futebol gaúcho, que hoje não tem nem um representante na Série B do Brasileirão, e apenas um na C, pouco importa a federação. Suas atenções estão voltadas exclusivamente para si própria.

Coisa feia Quem acompanha os noticiários deve ter estranhado o que aconteceu entre os dias 14 e 30 de Outubro. De um lado uma cobertura luxuosa dos jogos Pan Americanos de Guadalajara no México, de outro o silêncio da mais tradicional emissora de TV do país. O que podemos ver nesse episódio é o desrespeito da função social em que as emissoras, para alcançarem o monopólio, agridem os seus próprios princípios editorias. Até quando irá esse jogo?

Beira-Rio O assunto da moda agora é o atraso das obras do Beira Rio. Todos criticam o planejamento do Inter e a demora para assinar o tal contrato com a construtora Andrade Gutierrez. A perda da Copa das Confederações foi motivo de um chilique em massa, onde mídia, torcedores e até o prefeito reclamaram dos supostos milhões de reais que a Capital deixou de ganhar ao não poder mais sediar os jogos. Dizem, até, que o atraso abre possibilidade para que a Arena do Grêmio “roube” os jogos da Copa do Mundo do estádio colorado, escolhido como sede desde o início. Não há dúvidas que o atraso é uma questão preocupante e um erro grave de planejamento da direção do Inter, mas o Beira Rio não é o único estádio que ainda não possui contrato assinado.

Desde que o Brasil foi anunciado sede da copa de 2014 o assunto causa polêmica. Entre a honra de sediar um evento esportivo deste porte e a visibilidade que trará ao país estão grandes problemas. Há reformas e construções de estádios paradas. Obras de infraestrutura que nem ao menos começaram ou que foram finalizadas e destruídas por vandalismo, como o que aconteceu recentemente em vias de Belo Horizonte. Até mesmo a Lei Geral da Copa que estabelece um conjunto de normas exigidas pela Fifa que deveria ser aprovada este ano foi adiada para 2012. Será que até o fim de 2013 o Brasil vai conseguir dar seu jeitinho até lá?

Um palhaço no poder Quando se candidatou ao cargo de deputado pelo PR de São Paulo, Tiririca transformou-se em assunto de grandes discussões. Eleito com mais de um milhão de votos e contestado sobre sua capacidade de escrever o comediante segue no poder. Atualmente é titular da comissão de educação e cultura na câmara federal. Seus projetos visam a melhoria de educação e avanço para cultura do país. Em suas falas não esconde sua origem e não perde a piada. Tanta gente eleita que faz piada com o que é sério, parece que Tirica está sabendo usar a piada para mover o sério.

Irregularidades Por meio de sua assessoria, o Ministério do Planejamento divulgou estudo que aponta redução na quantidade de obras irregulares que devem ser paralisadas no país. Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União) 26 obras estão com irregularidades graves, devendo ser embargadas. É o menor número desde o lançamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Apesar do aumento do núme-

ro de obras realizadas e fiscalizadas, houve uma expressiva diminuição na quantidade de obras que o TCU recomenda que sejam paralisadas. Além disso, das 32 que foram embargadas ano passado, apenas 11 continuam nessa situação. 5 das 18 obras do PAC que estão na lista, já tiveram os problemas apontados no estudo resolvidos e serão apresentados ao Congresso para que as obras sejam retiradas da lista.

Mortes no trânsito O Ministério da Saúde divulgou estatísticas dos acidentes de trânsito no país. Entre 2002 e 2010, o aumento do número de mortos chegou a 25%. Em números absolutos significa que cerca de 8 mil pessoas a mais morreram nas estradas e ruas brasileiras. As regiões Norte e Nordeste foram as que tiveram maiores aumentos percentuais, praticamente 50%. O número de motociclistas envolvidos quase triplicou e é agora corresponde a 25% do total de vítimas por acidentes de trânsito, ou 10 mil mortes. Apesar do aumento da rigidez em punir motoristas que bebem, dirigem e causam acidentes, o efeito ainda não foi sentido no que realmente importa, que é a vida das pessoas. A Lei Seca só teve real efetividade, nos estados que foram aplicadas com a devida rigidez, lá além do aumento ter sido menor, os acidentes estão cada vez menos ligados ao álcool. Um dado preocupante é que triplicou o número de mortos em acidentes de moto, muito explicado pelo aumento relevante da frota, mas que não o torna menos apavorante.

A faxina para inglês ver Pelo visto tudo são só aparências. Depois de seis ministros envolvidos em escândalos de corrupção serem demitidos, Dilma ficou com fama de intolerante; afirmou que não admite em seu governo políticos com má fama. Ao que tudo indica, só corrupção que vem a público causa demissão nesse governo, incompetência não. O ENEM, mais uma vez, foi alvo de fraudes e erros. Mais uma vez o exame que é de responsabilidade do Ministério da Educação terá questões canceladas por vazamento, e até agora ninguém falou nada em punição aos responsáveis.


Babélia

Edição 16 São Leopoldo/RS — Dezembro de 2011

BRUNA VARGAS

Caderno de

CULTURA

Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos

Artes cênicas enfrentam a crise Para lidar com dificuldades, companhias teatrais de São Leopoldo levam jovens aos palcos e levantam bandeira da resistência.

NOTÍCIAS

BSK / stock.xchng

Stephen Davies / stock.xchng

GABRIELA GIRALT

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MÚSICA

AMBIENTE

Escola ajuda a lançar talentos da música

Por que os Beatles não saem da moda

Crianças ensinam adultos a preservar

Para deixar anonimato, jovens buscam ajuda de professores especializados em instrumentos.

Vinda de Paul McCarney e Ringo Starr ao Brasil retoma louvor à banda que mudou o rock.

Atitudes sustentáveis que se iniciam na infância podem trazer resultados no futuro.

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Planeta Atlântida aposta na interatividade

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O que pode estar por trás de uma embalagem

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Caderno de

Encarte da edição 16 do Babélia

CULTURA Resistência teatral por trás das cortinas

Símbolo de perseverança: adultos e crianças que participam do TGB aprendem técnicas e realizam espetáculos na cidade

Redação Jornalística II

“O

teatro é a única arte que usa a criatura humana como meio de expressão”. Palavras ditas pelo dramaturgo baiano Dias Gomes revelam a complexidade da arte. Dificuldades financeiras e falta de patrocínio são alguns dos problemas enfrentados pelos grupos independentes. A resistência de grupos teatrais espalhados pelo Brasil ainda é nítida, suas origens estão perdendo-se no tempo, e o fator “fazer teatro” enfrenta uma série de dificuldades. Trinta anos depois da ditadura militar brasileira, um novo panorama surgiu, o de resistência. Assim como todas as outras expressões artísticas, esta também sofreu com a censura e repressão, tendo sua criatividade e independência barradas. Foi condenado pelo regime político da época, tendo de se refugiar em pequenas companhias. Com orçamentos reduzidos e sem apelo público, passaram a ocupar espaços alternativos. Na década de 90, São Leopoldo viu a fundação teatral próximo à extinção, enquanto os grupos lutavam por espaço e reconhecimento. No âmbito nacional, a queda do ex-presidente Collor gerou uma enorme instabilidade econômica e uma desconfiança na democracia. Em meio a estas mudanças, nasceu o Teatro Geração Bugiganga – TGB - criado em 1993 pelo

política, drogas, violência e fome.

A arte do sorriso

Autores nacionais alavancam venda de livros para jovens

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Um incentivo, por favor BRUNA VARGAS

professor, ator e diretor Marcelo Schneider, com o objetivo de fomentar a transformação social a partir desta manifestação. Segundo Schneider, três períodos importantes ocorreram desde o final da década de 80. Primeiro, houve o momento de efervescência. Depois, a fase de produções isoladas e a criação do que hoje é denominado resistência. O TGB, o Fantomania - Teatro de Bonecos, o Teatro Velho do Saco e a produtora Realize sobreviveram às adversidades e construíram a cultura teatral em São Leopoldo. No final dos anos 2000, houve a criação do Teatro Municipal e da Secretaria de Cultura, que oferece como apoio financeiro, o Fundo Municipal de Cultural um orçamento flexível que varia de acordo com as necessidades de cada grupo – além de disponibilizar oficinas gratuitas de interpretação. “Estas iniciativas ofereceram um novo espaço e deram ânimos as novas gerações. Porém, a resistência continua; sem ela o teatro sucumbe”, revela Schneider. O preconceito, a falta de espaço e incentivo continuam sendo as maiores dificuldades para os amantes das artes cênicas. Para o professor, a arte acontece com dinheiro ou sem, o que muda são as possibilidades. Contudo, ele acredita que o maior desafio é o reconhecimento da população. “É preciso acreditar que a dramaturgia transforma as pessoas e estas irão transformar o mundo”. Nas peças os temas debatidos acarretam um caráter social, as histórias vão desde clássicos até assuntos mais polêmicos como

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Opinião

Mesmo com dificuldades financeiras, companhias teatrais de São Leopoldo enfrentam a falta de reconhecimento e levam jovens para os palcos

Jéssica Padilha Mégui Moraes

Cineastas apostam em adaptações e remakes para chamar público

A arte da encenação surgiu com o desenvolvimento do homem primitivo. Com a civilização egípcia, as manifestações passaram a ter o objetivo de propagar as tradições e divertir os nobres. Contudo, foi na Grécia Antiga que o conceito se fundiu. No início fazia-se apresentações nas ruas, depois, houve a necessidade de um local e as grandes Casas de Ópera começaram a ser construídas. O teatro chegou ao Brasil no período colonial como acessório utilizado pelos jesuítas para catequizar os índios. Com a chegada da Família Real portuguesa, ganhou novos estabelecimentos e melhorias. Passaram a retratar as alegrias, revoltas e manifestações do povo contra o governo. O primeiro brasileiro a publicar suas peças foi o baiano Manuel Botelho de Oliveira, com base em duas comédias inspiradas na dramaturgia espanhola. A primeira Casa de Ópera brasileira estreou em 1833, em Niterói, com O Príncipe Amante da Liberdade. Porém, não só de dramas vivia a arte teatral, a comédia era o ponto focal, e as tragédias românticas chegaram floreando e trazendo amor aos palcos brasileiros, através dos escritores Gonçalves Dias e José de Alencar. Após enfrentar duas crises políticas no país, foi no início do século XX que o teatro deu seu grito de liberdade. Nos anos seguintes, passou a incentivar a cultura mundial e a influenciar a cultura brasileira.

Nádia Strate Redação Jornalística III

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iberdade de expressão, acredito ser essa uma das características mais marcantes do teatro. As crianças aprendem desde cedo nas escolas que a dramaturgia pode ser utilizada para falar sobre qualquer assunto, do preconceito à miséria profunda. Então, levamos essa ideia para a vida adulta. Entretanto, percebemos que “fazer” teatro nessa fase, não é tão simples como parecia enquanto éramos crianças. Esta arte está em constante transformação e uma das mudanças mais significativas aqui no Brasil ocorreu durante o regime militar de 1964. Esse foi considerado um período difícil em que a ditadura altamente repressiva pôs em prática a supressão de liberdades individuais, motivando a criação das pequenas companhias. Dessa forma fez surgir o teatro de resistência. De lá para cá pouco mudou, os grupos de resistência enfrentam ainda hoje muitas dificuldades, entre elas, a falta de recursos. Mesmo assim, a verba não é empecilho para esses que querem expor o que pensam sobre as coisas do mundo, entretanto, certamente dificulta a realização dos trabalhos. O município de São Leopoldo oferece um incentivo financeiro aos quatro grupos de resistência, mas ainda é considerado pouco, pois sabemos que realizar qualquer atividade, por menor que ela seja, exige investimento. São roupas, objetos, cenários e também a recompensa pelas horas de trabalho do ator. Os grupos de resistência do município valorizam a cultura local. E mesmo com a falta de recursos, cada vez mais, é possível perceber a expansão do teatro, não só em São Leopoldo, mas em várias cidades do Estado. Também é possível acompanhar o crescimento dos grupos teatrais nos bairros periféricos, dando a eles uma nova oportunidade de perceber e aprimorar seu olhar sobre o mundo. O teatro merece mais atenção, mais investimento, pois é cultura, arte, expressão e também deveria ser visto dessa forma. Esse incentivo que recebemos dos professores quando éramos criança, deveria ser mantido, mas hoje com um maior apoio dos governos.


2 Notícias

Caderno de

CULTURA

Para empreender e formar talentos

Além do som e da percepção Rhian Berghetti Redação Jornalística I

A Musicollege, em Canoas, forma novos artistas e realiza atividades musicais voltadas à comunidade local Luísa Zottis

Luísa Zottis Redação Jornalística I

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o mundo musical, há gêneros para todos os gostos. Grande parte das pessoas está acostumada a apenas ser o público de bandas e cantores. Mas passar para o outro lado e tornarse artista não é impossível. A escola, produtora e gravadora Musicollege, em Canoas, vem inserindo muita gente neste contexto. A instituição realiza um festival de música beneficente anual. Neste ano, o evento ocorre nos dias 15 e 16 de dezembro, no colégio Maria Auxiliadora. “O grande barato é ver aluno e professor juntos, numa vivência de palco e troca de estilos”, afirma o diretor da Musicollege, Rodrigo Gandolfi. A entrada é 1 kg de alimento, destinado ao Banco de Alimentos de Canoas. Para o professor de violão e guitarra da Musicollege Eduardo Cardoso, todos são capazes aprender a tocar instrumentos, a não ser por problemas de coordenação motora. “Dedicação e vontade é fundamental. Ter dom é mito, tudo é fruto de muito estudo”, diz. Mas técnica não é suficiente. “Música é expressão”, explica. É o caso de Anna Stein, 18 anos, que já lançou até um clipe, com a canção Once and Again de sua autoria. Ela estuda violão, pia-

Aprendizado: professor e aluna compartilham acordes nas aulas no e técnica vocal, e quer seguir carreira no estilo sertanejo universitário. Para isso, está preparando sua estreia para março de 2012. O diretor da Musicollege conta que, além das atividades para for-

mar e incentivar artistas, a banda dos professores se apresenta em escolas públicas. “Música é universal. Colocar pessoas em contato com ela é uma maneira eficaz de incentivar a cultura”, avalia.

Prepare sua fantasia e os nervos, porque a Zombie Walk vem aí Fernanda Bierhals Redação Jornalística I

Fãs da fantasia podem preparar o sangue falso. A 6ª edição da Zombie Walk Porto Alegre se aproxima e dá início aos preparativos. A apresentação visual dos zumbis porto-alegrenses é a principal expectativa sobre a passeata. Não apenas divertida, a preparação dos figurinos é vista como oportunidade profissional. Para o artista plástico Leo Dias de Los Muertos, o evento é uma oportunidade de experiências. “Encaro

como uma ocasião de aprender e treinar minhas habilidades e descobrir novas formas de obter efeitos”, afirma. O evento tem como objetivo principal divertir a Capital e pretende reunir mais de 500 participantes na edição 2011. Participantes do primeiro evento comparam anos e públicos. “Desde o primeiro ano, o número de zumbis vem crescendo. Com a divulgação pela internet, cada vez mais a galera vem participando”, diz Alexandre Figueiredo. A Zombie Walk é um evento público e popular em diversas cidades do mundo.

Em Porto Alegre, acontece desde 2006 de forma independente, contando apenas com o apoio Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC,) que fornece fiscalização de trânsito. A data oficial da Zombie Walk 2011 não pode ser divulgada, a fim de estimular a participação online e preservar a expontaniedade do evento. Interessados podem procurar informações no facebook do movimento, onde fãs discutem ideias e figurino. Também no site, sem breve será divulgada a trajetória da passeata.

Coral da Unisinos seleciona vozes Em atividade há 45 anos, o Coral Unisinos atualmente é regido pela professora Daiana Fülber e conta com 25 vozes entre homens e mulheres. Está aberto para seleção, realizada pela maestrina juntamente com a professora de técnica vocal Elisa Machado. Os ensaios acontecem na CASC,

Centro de Ação Social e Cidadania, antiga sede da universidade, duas vezes por semana, nas quintas –feiras das 20h às 22h30min e nos sábados das 9h às 12h. Para se inscrever basta entrar em contato pelo telefone 3590-8259. (Por Bruna Mattana / Redação Jornalística 1)

Passar o dia cantarolando uma música pode ter explicação científica. Pesquisas apontam que a vontade de dançar com Beat It, de Michael Jackson, está ligada a partes do cérebro que influenciam na hora de sentirmos emoções. Psicólogos descobriram que a música caracterizada pela simplicidade, com batida repetitiva ou que foge a expectativa do ouvinte, tem mais chances de grudar na cabeça. André Conti Silva, professor da Unisinos, diz que a civilização não seria a mesma em aspectos de desenvolvimento científico e tecnológico, se não fosse a música, que é uma ferramenta de trabalho e de lazer. “A música canta nossas histórias, ativa nossos sentimentos, incentiva nossa imaginação. A nossa capacidade criativa é fantástica e é uma pena

que nossa cultura passou a valorizar tanto as questões mais frias e pragmáticas”. A musicoterapia, ciência que estuda a relação da música com as reações do corpo para fins terapêuticos, relata uma melhora no comportamento dos pacientes em até 10 sessões. O som atinge o sistema límbico, região do nosso cérebro responsável pelas emoções, pela motivação e pela afetividade. O hábito de cantar mentalmente alguma canção ao longo do dia,sugere que aquela determinada harmonia ativa sensações que estavam em falta no nosso organismo ou que muitas vezes condizem com o nosso estado de humor. O ambiente visual também influencia na nossa percepção musical, relacionando sensações com o clima, gerando euforia ou nostalgia. E você, já ouviu música hoje?

Planeta Atlântida ainda mais interativo DIVULGAÇÃo

Renata Almeida Redação em Relações Públicas II

Fazendo jus à ideia de atingir todas as tribos, o Planeta Atlântida está cada vez mais inovador. Em 2012, haverá interatividade na divulgação das atrações. Maior festival de música da América Latina, o evento é sucesso há 16 anos. Um dos motivos é o fato de reunir atrações de renome nacional e internacional. Este ano a campanha está diferente. Há uma alusão às previsões do fim do mundo, que supostamente ocorreria em 2012. Na TV e na internet, um vídeo mostra dois sobreviventes que encontram um aparelho transmissor de imagens para o “passado”. Eles devem revelar as atrações da edição 2012 do Planeta Atlântida por meio de ações em diversas redes sociais e da ajuda dos internautas. Vitor Cramer, produtor de eventos do Grupo RBS, é responsável pelo casting e cuida da logística e mecânica do festival. Ele conta que as atrações são pensadas em conjunto com a direção da Rádio Atlântida e escolhidas conforme o sucesso do momento.

Público: surpresas em 2012 Essa adaptação é perceptível nas últimas edições, com a presença de DJs internacionais e pela quebra do estilo pop rock do projeto, que há algum tempo traz ao palco atrações do axé, sertanejo e pagode. Entre os nomes internacionais que já se apresentaram estão Men at Work, Fatboy Slim, Charly Garcia e Mark Ramone. O festival acontece anualmente em duas noites nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e recebe um público de cerca de 150 mil pessoas. As datas da próxima edição são 13 e 14 de janeiro, em Floripa, e 3 e 4 de fevereiro em Atlântida.

Universidade promove Natal sustentável A área cultural da Unisinos está finalizando os preparativos para o evento de Natal que marca o encerramento das atividades de 2011, no dia 14 de dezembro, às 17h30min. Na programação há uma atividade voltada à consciência ecológica. A proposta partiu de uma parceria entre o Sistema de

Gestão Ambiental e o Instituto Humanitas, que trabalham as questões do meio ambiente e acompanharão os resultados do evento RIO +20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – em 2012. (Por Bruna Ribeiro / Redação Jornalística 1)


Música 3

Caderno de

CULTURA

Beatlemania volta para ficar Shows de Paul McCartney e Ringo Starr no Brasil resgatam febre comportamental dos anos 60 GABRIELA GIRALT

Letícia Rossa Yngrid Lessa Redação Jornalística II

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sol tímido do inverno norte-americano brilhava no céu de Nova Iorque quando a aeronave Pan American, vinda de Londres, pousou no aeroporto internacional da cidade. Mais de 3 mil corações esperavam ansiosos pela chegada de quatro jovens de Liverpool que prometiam mudar, a partir dali, a história da música no mundo. Gritos, histeria e lágrimas eram o indício de que os Beatles pisavam pela primeira vez, em 7 de fevereiro de 1964, no território dos Estados Unidos da América. Era o começo da febre comportamental chamada “Beatlemania”. Cerca de cinco décadas depois, a história se repete. Após 17 anos sem pisar em solo tupiniquim, o exbaixista da maior banda de rock de todos os tempos, Paul McCartney, aterrissou no Brasil em novembro de 2010. Passados seis meses, o astro retornou ao país para uma apresentação dupla no Rio de Janeiro. A visita do músico despertou nos brasileiros uma paixão que havia sido esmaecida após o término dos Beatles, em 1970. Com os shows de Paul no Brasil por dois anos consecutivos, restava apenas o outro beatle vivo dar o ar da graça em território nacional. O talento do baterista Ringo Starr pôde ser visto em sete oportunidades em novembro de 2011. A data não marcou apenas um momento histórico para a tietagem brasileira, mas também a visita inédita de Starr na América do Sul.

De geração para geração

O primeiro presente que João Gabriel Vendruscullo

Resgate musical: as clássicas canções dos reis do iê-iê-iê voltam a fazer sucesso no Brasil após cinco décadas ganhou do avô paterno logo após o seu nascimento foi uma minicamiseta com a estampa de Paul, John, Ringo e George atravessando a clássica avenida Abbey Road, em Londres. Hoje, com 19 anos, ele exibe com orgulho a peça que o transformou em mais um seguidor da banda inglesa. “A maioria das crianças cresce ouvindo músicas infantis. Eu cresci ouvindo as canções clássicas dos Beatles”, conta o estudante de Biologia. O retorno de Paul McCartney e a primeira apresentação de Ringo Starr no país marcaram a vida do jovem. Ele pôde ver seus dois maiores ídolos a poucos metros

de distância, como uma espécie de desenhos animados que se materializavam em cima do palco. As mãos suadas, o cabelo imitando os astros, a voz que saía aos berros, as lágrimas incontidas e o óculos à la John Lennon compunham a imagem perfeita do retorno do fenômeno da Beatlemania. “Ver o Paul com o lendário baixo e o clássico terno azul foi o melhor momento da minha vida”, revela João, falando sobre a apresentação de McCartney em novembro de 2010, no Estádio Beira Rio, em Porto Alegre. No show de Starr, o encanto não foi diferente. O ba-

terista, acompanhado da All Star Band, animou durante toda a noite os fãs gaúchos. Os músicos tocaram canções dos Beatles e também composições próprias.

A estrutura de um grande show

A apresentação de Paul na capital gaúcha abriu uma série de shows de grande porte na cidade. O espaço montado para o concerto de Ringo Starr, no início deste mês, por exemplo, foi equivalente a um prédio de dois andares. O que o público de Porto Alegre viu foi um espetáculo grandioso: três toneladas de estruturas metálicas. O pal-

co teve 15 metros de largura e 10 de altura. Cerca de sete mil fãs praticamente lotaram o Gigantinho para acompanhar as canções de Ringo Starr. Há pouco mais de um ano, também em Porto Alegre, Paul McCartney colocou 50 mil pessoas no Estádio BeiraRio. O segredo dos ingleses? Ninguém sabe. Meio século depois da década de euforia, os três mil corações que esperavam os músicos no aeroporto de Nova Iorque em fevereiro de 64 aumentaram em um número incalculável. A mania continua à solta e o mistério do sucesso dos Beatles segue até hoje.

Opinião Beatles, a melhor de todas Renata Mandicajú Redação Jornalística III

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esponda rápido “qual a melhor banda dos últimos tempos?” Se sua resposta for os Beatles, você faz parte dos milhares de jovens espalhados pelo mundo que não conheceram, mas que escutam e gostam do som dos Beatles. O que faz com que uma banda, que existiu há mais de 50 anos, ainda faça tanto sucesso

entre os jovens de hoje? Alguns responderiam que a banda consagrou-se devido à sorte, pois o quarteto surgiu em um momento adequado. Naquela época, a Inglaterra sofria de uma carência de ídolos, e os que existiam não serviam de bom exemplo para a juventude. Foi então que quatro rapazes de Liverpool surgiram com músicas jovens, bem humoradas e vestindo trajes refinados que passavam a imagem de bons moços para a sociedade.

Mas é claro que o sucesso dos Beatles não se deve a isto, eles representaram muito mais para a geração de jovens daquela época e desta. Eles foram inovadores, eram jovens que faziam um tipo de música totalmente diferente daquele tempo, influenciando diversos estilos musicais e bandas da atualidade. A influência da banda tem passado de geração a geração, pois muitos tomaram gosto por

suas músicas através de familiares, que estavam sempre escutando, acostumaram-se a ouvi-los desde pequenos, outros foram influenciados por amigos que, por sua vez, começaram a escutar devido aos pais. O sucesso da banda está associado às músicas sinceras, que são cheias de poesia, com sentido e conteúdo, representando sentimentos e sensações como amor, felicidade, tristeza e raiva. É uma banda que faz

sucesso até hoje, fez a cabeça de jovens daquela época e continua fazendo atualmente. É importante notar que um dos integrantes da banda, Paul McCartney, após dezessete anos sem vir ao Brasil, retornou, e teve um público extremamente expressivo de jovens e adultos dos mais variados estilos. E então responda rápido, Beatles é ou não é a maior banda dos últimos tempos? É claro que é.


4 Artes

Caderno de

CULTURA

Mais que uma simples embalagem A arte desenvolvida com intuito publicitário pode carregar muito mais que um conjunto de cores e imagens STÉFANIE TELLES

Matheus Maia Beck Lucas Möller Redação Jornalística II

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bordar o cliente de forma diferenciada, levando em conta a sua etnia, é estratégia de venda, ou preconceito? Em alguns casos, produtos ficaram encalhados nas prateleiras de supermercados, devido às imagens estampadas nas embalagens, dizem especialistas. De acordo com esses levantamentos, fatores como política, cultura, geografia e economia influenciam na inserção de uma marca em determinada região. A polêmica sobre a relação entre publicidade e preconceito pôde ser vista em novembro, na 8ª Bienal do Mercosul, em exemplos como a mistura para bolo “El Negrito”, a garrafa de Rum “Negrita”, o amaciante “Limpido”, o café “Caboclo”, a água mineral “Merci!”, souvenirs da realeza inglesa, papel higiênico “Velvet”, chocolate “Kinder”, dentre outros. A sociedade consumista é representada de diversas formas na obra Consommons racial! (Consumo Racial!). Jean-François Boclé, um mulato nascido na Martinica e que vive na França é o responsável por criar essa obra composta por diversos elementos para consumo. Vista de longe, a arte ilustra um mosaico de cores e culturas que fazem uma crítica principalmente à imagem dos índios e negros que a publicidade tende a expor. Produtos de limpeza são estampados por pessoas de pele negra e, da mesma forma, são encontrados rostos caucasianos com dentes brilhantes à frente de produtos de higiene. Seria coincidência? Jean-François acredita que não e convida o público a ter uma visão de uma forma mais analítica às embalagens. A obra está em constante construção e retrata elemen-

Mosaico: obra de Boclé, exposta na Bienal, está em constante construção e mostra diferentes abordagens publicitárias nas embalagens tos consumidos em diversos países durante os últimos cinco anos. O mediador e também psicólogo Leandro Inácio Walter, comenta que a obra traz reflexões maiores. “Certa vez, uma empresa criou uma embalagem de leite com a imagem de uma pessoa negra, e o produto não saiu das prateleiras dos supermercados. Isso está expresso na obra, que acaba questionando a sociedade sobre o porquê da escolha das imagens utilizadas para embalar os produtos”, explica Walter. Boclé reúne aspectos do cotidiano que muitos não dão importância. Apesar dos estereótipos ainda estarem

incluídos na sociedade, a arquiteta de São Paulo, Luzia Brosso, discorda do levantamento feito pelo autor. Ela afirma que “é algo muito pessoal e que retrata um pouco de cada cultura”, e completa dizendo que no Brasil, devido a diversidade, a mescla é bem maior e comum.

O legado da Bienal para uma criança

Em meio a tantos visitantes que, orientados ou não pelos mediadores, tentavam compreender o que retratam as obras, chamava a atenção uma menina que falava alto e se mostrava encantada. Correndo de um lado para o outro,

sempre atenta, ela observava todos os detalhes da exposição de forma bem peculiar. Quando perguntada sobre o que mais lhe chamou atenção na obra, Betina Luiza Pedon, a menina de cabelos longos, com sapatilha preta com estrelas prateadas não titubeou em apontar a boneca Barbie. Na verdade, não era a boneca loira quem lhe despertava o interesse, e, sim, a coroa que ela estava usando, grande e brilhosa. A obra expõe vários produtos que são destinados às crianças, como chocolates, brinquedos e biscoitos. O colorido da composição foi o que mais chamou a aten-

ção de Betina, que é jovem de mais para compreender o complicado processo de criação e desenvolvimento de uma embalagem. Fica nítido no mosaico, a escolha de negros para as embalagens de produtos direcionados a um público de menos poder aquisitivo, enquanto crianças brancas estão a frente de produtos mais caros. Se Betina vai voltar a uma exposição ou a um museu, só o tempo dirá. Certo é que do seu jeito, sem os preconceitos e restrições dos adultos, na plenitude da sua pureza, ela se divertiu durante a visita e viveu algo que ficará registrado para sempre.

Opinião Instintos (não) aguçados Marília Dias Redação Jornalística III

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empre que falo em arte, penso que gosto dela. Mas não sei o quanto gosto, ou de que manifestação artística, além da fotografia. No início de novembro resolvi visitar a Bienal, na capital gaúcha. Você Sabe: arte contemporânea, pessoas que não entendem passando reto pelas obras, pavilhões cheios de objetos sem

muito sentido... E eu, a estudante de jornalismo que sabe – muito pouco – sobre a pouca coisa teórica que estudou em alguma disciplina relacionada à arte. Não sabia o nome da obra que deveria analisar para o Babélia. Sabia que era sobre racismo e que tinha a ver com publicidade – fator comum a mais de uma obra do sexto pavilhão da Usina do Gasômetro. A graça da Bienal pra quem não entende como eu é tentar

entender o que o artista quis dizer. Há uma grande probabilidade de que haja interpretações totalmente diferentes das que o autor tentou despertar. Para compreender, precisa um pouco de imaginação. Precisa saber que a arte, hoje, não é mais a arte das coisas bonitas e fáceis de entender e ver. O contexto histórico e a interação com o tema tratado são fatores principais para a absorção da essência.

Assim como quando nos deparamos com um morro de pedras sobre a bandeira do Brasil, quando se chega à frente de um monte de potes de produtos aleatórios rotulados, o primeiro pensamento que vem à cabeça é “nossa, esses artistas transformam tudo em arte”. Mas o detalhe é sempre o diferencial. A obra “Consommons Racial” (Consumo racial) apresenta produtos de limpeza e alimentos que traziam caricaturas pre-

conceituosas de negros e índios nos rótulos, refletindo o pensamento de uma época em que tarefas domésticas eram função de determinadas raças. A obra é um tanto curiosa. Um tanto reflexiva; nada visceral. Não é algo sobre o que eu pensaria após sair de uma exposição. Mas tudo bem. Deixemos para quem entende do assunto falar destes trabalhos. Aos meros mortais resta ir acostumando os sentidos.


Cinema 5

Caderno de

CULTURA

A criatividade ficou em casa Em busca do lucro garantido, os grandes estúdios de cinema apostam mais em adaptações e remakes TAMIRES FONSECA

Luísa Venter da Costa Maurício Mussi Maurício Wolf Redação Jornalística II

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azer algo novo e diferente é complicado, ainda mais na sétima arte. Os diretores e produtores de Hollywood apostam no que já existe para evitar críticas, comentários negativos e, talvez, o fracasso. Juntam velhas histórias em quadrinhos com novos atores e uma pitada de 3D. Ou então sucessos do passado com cenas de ação de mais fôlego e maior tecnologia para encontrar uma fórmula de incrementar a bilheteria. A década de 80 caiu nas graças das refilmagens. A onda começou em 2010 com Karatê Kid (1984). Em 2011, os estúdios apostaram em Conan – O Bárbaro (1982), Hora do Espanto (1985) e Footloose (1984). São esperados ainda RoboCop (1987), com a direção do brasileiro José Padilha, Dirty Dancing (1987) e outros. Para o cineasta Daniel de Bem, a maioria resulta em filmes genéricos e esquecíveis, mas que podem surpreender. “Embora sejam feitos por motivos de mercado, há sempre a possibilidade de nos depararmos com uma grande obra”, ressaltou. Entretanto, o cineasta lembra de produções de sucesso, como Os Infiltrados, de Martin Scorsese. Um dos mais premiados de 2007, é uma refilmagem de Conflitos Internos (2002). Outra é Scarface, filmada pela primeira vez em 1932 com direção de Howard Hawks. Em 1983, ganhou remake histórico com Al Pacino no papel principal e direção de Brian de Palma. Segundo De Bem, esta onda pode estar ligada à busca por lucro. “Se a moda atual são as refilmagens, é porque algum remake deu certo e os estúdios aproveitaram a possibilidade de ganhar a atenção do público. Há pouco, as adaptações de games estavam na moda (de-

Falta de criatividade: remakes e adaptações de livros e histórias em quadrinhos estão cada vez mais frequentes nas salas de cinema vido ao sucesso de filmes como Resident Evil). Hoje isso está ocorrendo com adaptações dos quadrinhos também”, explica.

Das páginas para os projetores

Do público adulto ao infantil. De Spawn a As Aventuras de Tintin, passando por Watchmen, V de Vingança, Do Inferno, Hellboy, Super-Homem, Lanterna Verde, entre outros. Além de filmes baseados em graphic novels, existem “hollywoodizações” e adaptações literárias, como Bravura Indômita, Old Boy e a trilogia O Senhor dos Anéis. Isso sem contar as películas baseadas em brinquedos ou animações.

Muitas vezes sucesso de público, as releituras decepcionam os fãs da obra original. “Homem-Aranha 3 é ridículo. Não é possível acreditar que aquele filme fez sucesso. Outra série muito ruim é Harry Potter. Os livros são demais, mas os filmes são muito bobos”, comenta Marina Diel, 20 anos, leitora de quadrinhos desde os sete anos. Não apenas os fãs, mas a crítica raramente aprecia adaptações. Em revistas e sites focados em entretenimento e cultura pop, como o Omelete (www.omelete.com.br), diversas películas baseadas em narrativas ficcionais receberam notas medíocres, entre elas, o já citado Homem-Aranha 3.

Uma das grandes falhas de Hollywood em adaptar histórias em quadrinhos foi em 1996 com o filme O Fantasma. Os fãs reclamam até hoje principalmente da atuação do ator principal, que se fez contrária à versão do herói dos gibis e aos efeitos especiais precários da época. “Há muitos filmes bons. Watchmen e Sin City são fiéis e funcionam tão bem na tela quanto no papel”, opina Wagner Rainner, 19 anos, músico e desenhista. “Um cara que leva a obra original a sério na hora de escrever o roteiro é o Zack Snyder”, complementa o jovem. O diretor de cinema Guilherme de Castro explica a proximidade entre as duas artes.

“Veja bem: é preciso admitir que há uma tênue linha que separa os quadrinhos do cinema. Você não concorda que ambos têm ritmo, fotografia de cena e linguagem? As duas artes compartilham esses recursos. Mas o que os fãs de HQ’s querem talvez, é uma adaptação literal para o cinema”, diz. Com o saudosismo se sobrepondo à novidade, resta “abrir a cabeça” e assistir aos filmes deixando os preconceitos de lado. “Para a maioria dos filmes, vale mais a pena rever o original. Tento ver cada filme como uma obra única, independentemente de sua relação com outro filme, livro, HQ, etc”, concluiu De Bem.

Opinião Tudo novo de novo Andressa Barros Redação Jornalística III

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emakes! Está aí a onda da vez! Diversos clássicos sendo refilmados e apresentados ao público como uma cópia melhorada do original. Mas por que temos tantos filmes só aguardando para serem relançados nos próximos anos? Seria falta de criatividade dos diretores, que não vêem mais formas de atrair seu público e

optam por lançar algo que já tenha feito sucesso, ou mesmo a busca incessante por dinheiro e premiações? A pergunta divide opiniões. Enquanto alguns gostam da ideia de poder ver (ou rever) clássicos do cinema, onde as novas gerações terão a oportunidade de conhecer obras que fizeram sucesso na época de seus pais, cinéfilos de carteirinha costumam torcer o nariz para essas produções,

alegando ganância dos estúdios de filmagens. Costumo ouvir do meu namorado ao final dos filmes: “Você achou bom? Bah, eu não gostei muito. Você teria que ter visto como era o original que tem o ‘fulano’ e o ‘sicrano’ atuando e o ‘beltrano’ como diretor”. E ai de mim que tente argumentar, porque aí vem o discurso: “Naquela época não havia recursos para tantos efeitos especiais como nos dias

atuais. Os caras eram gênios, mestres, eles sim sabiam atuar, dirigir etc...” Vale lembrar que ele é 13 anos mais velho do que eu e um apaixonado por cinema. Mas mesmo assim, eu, particularmente, acho tudo isso um grande e interminável caçaníqueis, ainda mais se tratando de filmes hollywoodianos. Claro, que não podemos generealizar. Filmes como O Enigma de Outro Mundo (The Thing),

de John Carpenter, A Mosca da Cabeça Branca (The Fly), com a lenda Vincent Price e os mais pops como King Kong, Onze Homens e Um Segredo e Titanic fizeram tanto sucesso quanto sua primeira versão ou até a superaram. E há ainda muitas refilmagens interessantes aparecendo por aí. Então, por que não dar uma chance a esses projetos? Porque, sim, alguns remakes podem ser melhores que o original.


6 Literatura

Caderno de

CULTURA

Literatura ao alcance dos jovens Editoras e autores utilizam redes sociais para fomentar o gosto dos novos leitores pelos livros DIVULGAÇÃO

Angélica Pinheiro Larissa Tassinari Redação Jornalística II

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área da literatura que envolve os jovens se desenvolveu muito no país durante os últimos anos. Novas editoras e o uso da internet têm contribuído para o crescente interesse pela leitura no Brasil. Com o objetivo de incentivar o cenário literário brasileiro, a Editora Draco trabalha apenas com autores nacionais. O editor Erick Santos começou no mercado com a publicação de quadrinhos e se expandiu para escritores brasileiros. A Novo Conceito iniciou como uma distribuidora de livros para livrarias de todo país e tem interesse em lançar novos escritores, mesmo os que possuam apenas um único livro escrito, o que a difere em algo da Draco, cujo sistema Santos diz ser focado em autores que queiram ter carreira e se profissionalizar. Há uma quantia de adolescentes publicando trabalhos próprios e ganhando reconhecimento, muitas vezes iniciando a propaganda de seus manuscritos pela internet. Fernando Baracchini, presidente da Editora Novo Conceito, diz que 80% dos seus leitores estão entre a adolescência e a fase adulta e, mesmo desaprovando certos usos da internet (como a distribuição ilegal de livros digitais), ele admite que, se bem manejada, ela se torna uma grande fonte de divulgação, principalmente com o surgimento e disseminação das redes sociais. A autora do chick-lit Ser Clara, Janaína Rico, exemplifica bem a nova realidade. “Sou escritora em tempo integral e consigo vender meus livros graças à divulgação virtual”, afirma. O editor da Draco acredita que é possível combinar as duas coisas, tanto a distribuição gratuita quanto a venda. Outra questão muito discutida é a possível substituição do livro impresso pelo digital, já

Diversidade: novos títulos e autores preenchem as estantes das livrarias, aumentando a oferta para quem começa a descobrir a literatura bastante difundido e popularizado no mundo todo. “Mesmo que os autores não tenham editores, é importante sempre comprar o que se gosta para poder ler esse mesmo escritor amanhã”, diz Erick.

O que pensam os leitores

Em uma enquete de rua, entre os leitores entrevistados a opinião se divide no que diz respeito ao fim do livro impresso, embora a maioria se considere contra. A estudante de Jornalismo Maionne Santi, 21 anos, acredita nesta mudança do papel para o digital. “A tecnologia avança a cada dia e soluciona questões, como poder carregar diversos livros ao mes-

mo tempo num simples e levíssimo equipamento. Isso é muito atrativo”, diz. Entretanto, Aline Murussi, 20 anos, pensa que isso jamais acontecerá. “Se um dia o livro impresso for realmente substituído, o que eu duvido, certamente haverá campanhas pela volta dele”, completa. Há quem pense também que não existirá substituição e, sim, agregação. É o que diz Francine Enzveiler, 21 anos. “Acho que haverá público para as duas modalidades, impressos e digitais”. Com a mesma opinião, Baracchini diz que a disponibilização online de alguns capítulos de um livro pode servir como incentivo para que os leitores se interessem e comprem um exemplar.

Autores brasileiros jovens em destaque Entre os principais autores da nova geração estão Mandy Porto, Paula Pimenta e Janaína Rico. Saiba mais sobre elas: Mandy Porto: apelido de Amanda Porto, 22 anos, autora de Sussuros de uma garota apaixonada, Diários de um Anjo e Lágrimas em Salém. É de Porto Alegre e começou a escrever em 2009. Faz sucesso em sites como o Skoob, blogs e no twitter. Paula Pimenta: Formada em Publicidade, a mineira começou a carreira em 2001 com o livro

de poemas Confissão. Ficou conhecida em 2008, quando lançou Fazendo meu filme 1. A série está no quarto volume, que será lançado em 2012. Este ano lançou Minha vida fora de série. Janaína Rico: Formada em Direito, é romancista, cronista, roteirista e palestrante. A brasiliense de 31 anos é autora dos livros Ser Clara, Apimentando. É colunista dos sites Mundo Mulher e Guia de Mulher e editora da revista eletrônica Mulheres de Opinião.

Opinião Leitura: paixão desde cedo Cássia Oliveira Redação Jornalística III

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ode parecer estranho para alguns, mas existem jovens que não só gostam de ler, como se tornam fanáticos por literatura, suas histórias e autores favoritos. Essa ‘tribo’, formada por leitores dos 13 aos 19 anos, pode ser um pouco criticada, ou mal interpretada por nem sempre ler o que seus pais e professores consi-

deram literatura adequada ou culta. Uma coisa é inegável, existem obras que adolescentes adoram e que foram as responsáveis por formar uma nova geração de leitores. Alguns dos livros mais lidos pelos adolescentes brasileiros são: a coleção Harry Potter, de Joanne Kathleen Rowling, a saga Crepúsculo, escrita por Stephenie Meyer e Gossip Girl, de Cecily von Ziegesar. Um dos nomes nacionais

de destaque é o da escritora adolescente Thalita Rebouças, autora de obras como Era uma vez minha primeira vez. Todos estes livros vêm faturando alto e alguns ganharam versões cinematográficas, mas há quem torça o nariz dizendo que histórias como as de J. K. Rowling e Stephenie Meyer, apesar de causar furor, não trazem grandes ganhos à formação cultural. Eles argumentam que deveriam ler

Carlos Drummond de Andrade ou Machado de Assis e, aí sim, estariam ganhando conhecimento, ao invés de perder tempo com cultura inútil de vampiros e bruxos. Há sim uma responsabilidade muito bem cumprida por estes livros. Eles encantam jovens que até então só haviam cruzado com livros que consideraram chatos, mesmo que de ótimo valor cultural. O resultado é que, com isso,

o leitor iniciante cansa e desiste de ler. Por outro lado, esta geração, a do best seller adolescente, certamente não parou nos livros de Potter, foi além, descobriu cedo a paixão pela leitura e atualmente, na condição de jovens adultos lêem autores jovens e velhos, em diferentes gêneros literários. Isso porque ninguém depois de descobrir um livro fantástico consegue perder a mania de ler.


Meio ambiente 7

Caderno de

CULTURA

Sustentabilidade ao alcance de todos Atitudes conscientes podem iniciar na infância, ser aplicadas no dia-a-dia e ainda gerar lucro DIVULGAÇÃO

Fernanda Reus Silveira Jéssica Sobreira Luciana Marques Redação Jornalística II

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nquanto a irmã lavava a louça, Giovanna, oito anos, observava. A água corria livremente, ao mesmo tempo em que Fernanda, dez anos mais velha, ensaboava os pratos. Não se contendo ao ver tamanho desperdício, a menina chamou a atenção da outra, “Por que você gasta tanta água? Minha professora disse que a gente tem que economizar.” Assim como Giovanna, milhares de crianças desde cedo têm sido preparadas nas escolas para se tornarem cidadãos conscientes, pois a sustentabilidade ambiental é um tema que está em pauta nos últimos anos. Mudar hábitos quando se é adulto, não é fácil. Por isso mesmo, a escola de Educação Infantil Canarinho, de Porto Alegre, procura ensinar valores ambientais e explicar as consequências das agressões à natureza para os alunos. Para a professora Adriane Silveira, 42 anos, fazer este trabalho de conscientização ainda na infância, é algo muito importante, pois garantirá à sociedade uma geração que zelará mais pelo patrimônio natural do planeta. “Ensinamos a eles pequenas coisas, como separar o lixo, evitar o desperdício e a não poluir. No entanto, se estas lições tivessem sido melhor abordadas há 20, 30 anos, não haveriatantos problemas ecológicos”, afirma. A conduta sustentável já pode ser percebida nas crianças da escola. Bernardo Coelho, cinco anos, pratica ensinamentos que aprende em sala de aula. “A gente tem que cuidar da natureza para ela não ficar suja e bagunçada. Eu separo o lixo seco do orgânico e fecho a torneira quando vou escovar os dentes, para não gastar muita água”, conta o menino.

Preservação: os valores aprendidos durante a infância contribuem para a formação de adultos com consciência ambiental

Nunca é tarde para começar

Receber lições sobre sustentabilidade não é somente um privilégio das crianças. Quando estudava Engenharia Elétrica na Unisinos, Gian Mella, 21 anos, fez a disciplina Ciência do Ambiente. Desde então, passou a ter vontade de pesquisar mais sobre o tema. Ele explica que separa o lixo seco e coloca o orgânico em uma composteira doméstica, que serve como adubo, além de utilizar sacola ecológica, quando faz compras. “Acredito que a sustentabilidade pode proteger o planeta e gerar uma qualidade de vida melhor para nós e para as gerações futuras”, diz.

O estudante de Publicidade e Propaganda Alex Ferreira, 23 anos, também contribui com o meio ambiente. “Minha família faz a separação do lixo orgânico e seco. Inclusive, utilizamos o lixo orgânico em nossa horta doméstica, assim, diminuímos a utilização de fertilizantes artificiais poluentes e o despejo de dejetos orgânicos, que seriam depositados em lixões”, conta.

Geração de renda de modo sustentável

Segurando uma flor de filtro de café usado, a artista plástica e pedagoga Denise Pacheco Lopes comenta que é possível criar diversos produtos a partir de materiais que costumam

serem descartados. Há quatro meses como coordenadora artística do ‘Mulheres da Paz’, em Gravataí, ela frisa que a proposta de seu trabalho é apresentar para as 150 integrantes do projeto, uma nova forma de geração de renda que pode ser obtida de maneira sustentável. É na sede do projeto que as moradoras do bairro Rincão da Madalena aprendem a fazer máscaras de tiras de jornal, esculturas em papel machê, a arte em gravuras, objeto muito apreciado no norte do País. Segundo a artista plástica, o papel machê pode ser produzido por meio de folhas de jornal picados, deixados de molho na água, triturados no liquidificador e amassados com cola grude.

Denise explica ainda que até a coloração dos artigos pode ser feita de maneira natural. “Costumo usar o caldo de alimentos como a beterraba, a cenoura e a abóbora, para tingir as flores, e o resultado é ótimo”, relata. “Explicamos que é possível fazer belos artigos com produtos que geralmente são jogados fora. Além de econômico, este ato respeita o meio ambiente”, conclui. Participando das aulas desde o início, Maria Iracema assegura que está tendo uma grande oportunidade de aprender algo novo e que abrirá uma nova forma de ganhar dinheiro. “Estamos nos preparando para as vendas de final de ano”, comenta.

Opinião Educação sustentável Taís Duranti Pereira Redação Jornalística III

M

uitos adultos estão aprendendo com as crianças a importância de preservar o meio ambiente, para que a natureza não se volte contra nós mesmos. A sustentabilidade ambiental é um tema cada vez mais frequente em todo o mundo. Nas escolas, nas prefeituras, no dia-a-dia do cidadão.

Desde a mais tenra idade, nossas crianças estão sendo “treinadas” para ter um olhar crítico a tudo que possa prejudicar o meio ambiente: desperdício de água, produção indiscriminada de lixo, utilização indevida de produtos tóxicos. Muitas vezes é através delas que os pais aprendem a mudar seus hábitos, reciclar suas atitudes e passar a ter um modo de vida mais sustentável. É

comum hoje em dia, escutarmos histórias de pais que foram advertidos ou até criticados pelos filhos pequenos por utilizarem de forma incorreta os recursos naturais já tão escassos no mundo. Reciclagem é a palavra da vez em todas as grandes cidades do planeta. Prefeituras se mobilizam para que, cada vez mais, seus habitantes tenham acesso a informações e formas de preservação am-

biental. O incentivo à separação do lixo é uma delas. Com a facilitação dos serviços de coleta de lixo seco e orgânico, o cidadão se vê obrigado a incorporar a ética ambiental no seu cotidiano. O meio acadêmico é um espaço importante para que estas ideias sejam implantadas. A UNISINOS é uma universidade que inova nos programas de sustentabilidade ambiental. Lixeiras de coleta

seletiva são amplamente distribuídas pelo campus, bem como diversos cartazes que incentivam os alunos a poupar água e energia elétrica. A universidade já descobriu há algum tempo uma realidade ambiental: é somente com a educação que conseguiremos preparar as pessoas que no futuro enfrentarão e resolverão os problemas ambientais criados pelas gerações passadas.


8 Ensaio fotográfico

Quanto vale o quilo Texto e fotos:

André Ávila Fotojornalismo

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relação que diversos produtos – comprados ou vendidos – podem ter entre si sempre me chamou a atenção, assim como a diversidade entre os seus valores também. O valor de um tecido que é vendido de acordo com o seu peso; o valor do peso da carne ou de um peixe. Não demorou muito para relacionar esses produtos com outros, talvez mais esquecidos ou dignos de menor atenção: o lixo que jogamos fora. Como funciona o trabalho daqueles que separam aquilo que descartamos e vendem de acordo com cada peso? Para ganhar em média R$150 semanais, algumas pessoas trabalham muito para separar papéis, plásticos e ferro para depois vender a empresas recicladoras. O quilo do papel do jornal custa 0,12 centavos; sacolas plásticas de supermercado, 0,20 centavos; e um real o quilo das tampas de garrafas pet. A cooperativa de recicladores que me recebeu para as fotografias já não existe mais, pelo menos não mais ao lado da via do trem, entre as estações Farrapos e São Pedro. Talvez estejam pesando outros quilos em algum outro lugar.

Caderno de

CULTURA


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