O VERÃO de Francisco Rodrigues Lobo : a cinco pares de mãos by UFMB

O VER ÃO de FRANCISCO RODRIGUES LOBO

A CINCO PARES DE MÃOS

Ficha Técnica «O Verão» de Francisco Rodrigues Lobo ilustrado por Rui Pedro Lourenço, Carlos Fragoso, Dina Fonseca, Patrícia Penedo e Nídia Nair Marques

Coordenação e organização de Catarina Dias, União das Freguesias de Marrazes e Barosa. Paginação e design gráﬁco de Paulo Fuentez

21 junho 2021 | solstício de Verão

livro digital O VERÃO de Francisco Rodrigues Lobo : a cinco pares de mãos nasce do desaﬁo lançado pelo Município de Leiria à Junta da União das Freguesias de Marrazes e Barosa, no âmbito dos 400 anos da morte do poeta leiriense Francisco Rodrigues Lobo (1574-1621) e é o resultado do trabalho de cinco artistas deste território de Marrazes e Barosa de revisitação e ilustração das estrofes do poema O VERÃO. A escolha do poema resultou no facto deste ser uma celebração daquela que é a estação que representa a natureza na sua plenitude, homenageando assim o legado de Francisco Rodrigues Lobo. A escolha do dia do solstício de Verão para apresentação deste livro acolhe a sua justicativa por ser aquele que dá início à estação do ano reetida e representada no poema e por ser aquele que é o dia mais longo do ano, metaforicamente representando a intenção e a vontade de que o legado deixado por Francisco Rodrigues Lobo permaneça na memória das gentes deste território.

Já nasce o belo dia, Princípio do verão fermoso e brando, Que com nova alegria Estão denunciando As aves namoradas, Dos oridos raminhos penduradas.

Já abre a bela Aurora Com nova luz as portas do Oriente, E mostra a linda Flora O prado mais contente, Vestido de boninas Aljofradas de gotas cristalinas.

Já o sol mais fermoso Está ferindo as águas prateadas, E Zéfiro queixoso Ora as mostra encrespadas À vista dos penedos, Ora sobre elas move os arvoredos.

De reluzente areia Se mostra mais fermosa a rica praia, Cuja riba se arreia Do álamo e da faia, Do freixo e do salgueiro, Do ulmo, da aveleira e do loureiro.

Já com rumor profundo Não soa o Lis nos montes seus vizinhos, Antes no claro fundo Mostra os alvos seixinhos E os peixes que nas veias Deixam tremendo a sombra nas areias.

Já sem nuvens medonhas Se mostra o céu vestido de outras cores; Já se ouvem as sanfonas E frautas dos pastores Que vão guiando o gado Pela fragosa serra e pelo prado.

Já nas largas campinas E nas verdes decidas dos outeiros Ao som das sanfoninas Cantam os ovelheiros, Enquanto os gados pastam As mimosas ervinhas que renascem.

Sobre a tenra verdura Agora os cabritinhos vão saltando, E sobre a fonte pura Passa a noite cantando O rouxinol suave, Com saudoso acento, agudo e grave.

Diana mais fermosa Sem ventos sobre as águas aparece, E faz que a noite irosa Tão clara resplandece À vista das estrelas Que se envergonha o sol de inveja delas.

Tudo nesta mudança Também de novo cobra novo estado; Qual em sua esperança, E qual em seu cuidado, Acha contentamento; Qual melhora na vida o pensamento. Francisco Rodrigues Lobo (1579-1621)

Biograas Rui Pedro Lourenço Nasceu em Leiria em 1973. Estudou pintura no Centro de Artes e Comunicação Visual – Ar.Co., em Lisboa, onde viveu vários anos. Já trabalhou num jornal, em três livrarias, em publicidade, em decoração e em ilustração. Fez algumas exposições de pintura. Ilustrou o primeiro livro em 2003. Em 2012, criei a editora Barca do Inferno. Atualmente trabalha em ilustração. Carlos Fragoso Professor e artista plástico nascido a 2 de julho de 1947, no lugar da Barosa, onde fez o ensino primário. Foi sempre um excelente aluno, no entanto, foi na escola secundária que se destacou pelo seu talento, ao nível do Desenho e Trabalho Manuais, facto que não passou despercebido ao corpo docente, o qual incentivou o seu pai a deixá-lo seguir os estudos artísticos. Nesse sentido, frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroios e fez a Secção Preparatória de Belas Artes. Mais tarde, já como professor, deu aulas de Trabalhos Manuais, Desenho, Pintura, Modelação e Escultura em várias escolas, vindo mesmo a assumir a direção da Escola Preparatória Mouzinho de Albuquerque. Para além da extensa prática letiva, aos longos dos anos foi fazendo vários trabalhos de pintura, escultura e azulejo, onde se podem destacar, por exemplo, as esculturas em arte sacra, o busto em bronze de António Vieira (Faiart), as esculturas dos irmãos Lumière, entre muitos outros. Participou em várias exposições individuais e coletivas a nível local e tem trabalhos seus em coleções particulares espalhadas por diversos sítios do mundo, nomeadamente em África, América do Sul, Brasil e Guiné-Bissau.

Dina Fonseca Nascida a 11 de março de 1975, natural de Leiria, residente em Marrazes. Licenciada em Artes Plásticas, atualmente a terminar o Mestrado em Intervenção e Animação Artística e a desempenhar a função de atelierista na instituição CSPP (Centro Social Paroquial dos Pousos). Desenvolve workshops e projetos de expressão artística dos 3 aos 16 anos na Oﬁcina da Cor. Encantamento, espanto e fascinação pelas Artes encontraram o lugar e a forma como se liga com o mundo.

Patrícia Penedo É uma ilustradora, animadora e designer gráfica, natural de Leiria. Licenciou-se em Arte e Design, pela ESE de Coimbra e possui o mestrado em Ilustração e Animação, pelo IPCA, de Barcelos. Além de trabalhar em publicidade, é a ilustradora dos livros “A Nuvenzinha que gostava de Trovoada”, de Carlos Alberto Silva e “Sem Parar”, de Iolanda Pereira. Foi vencedora do Concurso Sardinhas Festas de Lisboa (2017), com a sardinha “Comadres”, e é autora da imagem e animação da 4ª edição do Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas. Ao longo dos anos, tem vindo a participar em exposições coletivas, das quais destaca os eventos “Braga em Risco”, “Festa da Ilustração de Setúbal” e Bologna Children's Bookfair.

Nídia Nair Anjos Marques Portuguesa, nascida em Coimbra (1978). Dinamizadora de ateliês de leitura e expressão plástica para diferentes públicos, complementando a criação de artesanato reciclado, ilustração e pintura desde 2006. Licenciada em arquitetura (FAUTL/2002) com experiência proﬁssional e particular interesse nas áreas de recuperação e espaços naturais.Defensora dos princípios de educação pela arte e património nas diversas modalidades expressivas, fomentando o crescimento relacional.