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jornal UEG jornal UEG Anápolis, outubro-novembro de 2015

Consciência travessia

em

Capa: Lia Bello

Jornal da Universidade Estadual de Goiás I Ano 2 - Nº 16 | outubro/novembro / 2015

O aumento do número de negras e negros no Ensino Superior é apenas um dos passos necessários à luta pela desmarginalização histórica de um povo. E onde é preciso chegar? Ao ponto em que todos os lugares de evolução sejam, de fato, lugares para todas e todos

Gestão Reitoria nos câmpus pág. 3 Equipe da Reitoria vai aos câmpus para empreender diálogos diretos sobre as realidades locais e fortalecer a gestão compartilhada

UEG em contexto Núcleo Livre pág. 5 Estudantes, entendam como poderão direcionar sua formação com disciplinas dos seus interesses extracurso

Universidade em mosaico II Cepe pág. 9 Em Pirenópolis, a UEG reúne professores e estudantes para dialogar as novas perspectivas de ensino, pesquisa e extensão

Arte Nossa UEG Mostra Moda pág. 11 A sustentabilidade é a grande inspiração para a produção de moda no câmpus Trindade. Criatividade e consciência ambiental em forma de look

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EDITORIAL

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Passos de novas e

grandes travessias Por Alisson Caetano

Ver os direitos humanos ganharem destaque nos espaços de discussão foi um grande passo dado em nosso processo civilizatório. Nos últimos anos, causas como a diversidade de gênero, o feminismo e a luta contra a invisibilidade da população negra e das culturas de matrizes africanas têm ganhado novo fôlego. Na mesma força em que se avança para a igualdade e para o respeito às diferenças, os escudos do retrocesso fortalecem sua sedimentação. E como isso tem ficado cada vez mais evidente! Enquanto alguns comemoram que o tema da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tenha sido a persistência da violência contra a mulher, os parlamentares Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano acusam a prova de doutrinação. Bolsonaro, em uma de suas redes sociais que conta com mais de 100 mil seguidores, afirmou que a temática abordada no Enem seria uma tentativa de tornar os brasileiros mais “idiotas”. Como o despertar da consciência pode ser visto como retrocesso? Isso eu não sei. Mas esse é só um dos exemplos isolados que comprovam o quão necessário é ampliar os espaços das vozes que ecoam a defesa dos direitos humanos. Por isso, em sua 16ª edição, o Jornal UEG traz em sua capa alguns tons da luta pela Consciência Negra, lembrada no dia 20 de novembro. A repórter Stephani Echalar buscou três personagens negros da comunidade acadêmica para que eles, um diretor de câmpus, uma professora e uma aluna, contassem o que se conquistou, o que é mais urgente, e onde é preciso chegar em termos da presença negra no Ensino Superior. Em seu texto Por uma educação de todas as cores, Stephani retrata a travessia árdua de conquista de novos espaços e das dificuldades de se trazer ao ambiente educacional as culturas africanas em pé de igualdade com as demais.

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Passos memoráveis já foram dados. Mas apenas os primeiros. E nessa caminhada em que damos aos sujeitos o devido respeito às suas individualidades, trazemos aqui uma matéria sobre como o desenvolvimento curricular

na UEG poderá dar liberdade aos nossos estudantes. Com o Núcleo Livre, os alunos e as alunas da Instituição poderão colocar seus interesses extracurso em prática no cotidiano acadêmico. “O Núcleo Livre visa conduzir os estudantes a compreender a sociedade em que vivem e levá-los a usar essa compreensão em sua atuação profissional”, explica a pró-reitora de Graduação da UEG, professora Maria Olinda Barreto. Por isso, as disciplinas de Núcleo Livre irão retratar as artes, as questões ambientais, as questões de gênero, a marginalização das expressões culturais de matrizes africanas e todas as outras possibilidades de temas que busquem, acima de tudo, ampliar a consciência cidadã dos estudantes da UEG em sua trajetória universitária. É o desenvolvimento curricular atuando como condutor de novos desenvolvimentos socioculturais. A consciência ambiental ganha espaço nesta edição na editoria Arte Nossa. Mostramos como a ideia Vestir Consciente tem conduzido a aprendizagem dos futuros designers de moda formados pelo câmpus Trindade. Aqui vocês poderão ver as produções de estudantes do primeiro ano do curso de Tecnologia em Design de Moda, expostas na oitava edição do UEG Mostra Moda, um evento que instiga os estudantes a pensar a sustentabilidade no potencial criativo necessário à profissão. De volta às travessias, o repórter Fernando Matos conta como a equipe de gestão da UEG foi a todas as regiões do Estado com o projeto Reitoria no câmpus. Com a missão de ouvir as demandas das realidades locais de cada câmpus, reitor, vice-reitora e pró-reitores dialogaram diretamente com diretores de câmpus, professores, estudantes e técnico-administrativos para fortalecer a gestão compartilhada e plural na Instituição. Por fim, acrescento que as próximas páginas trazem muito mais do que aqui foi citado. E, claro, espero que algo de bom ou de novo elas tragam a vocês. Boa leitura!

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- CGCOM ção Geral nicação

Anápolis - Goiás, outubro-novembro de 2016 Ano 2, Nº 16

EXPEDIENTE

REITOR Haroldo Reimer VICE-REITORA Valcemia Gonçalves de Sousa Novaes

COORDENADOR GERAL DE COMUNICAÇÃO Marcelo Costa

CHEFE DE GABINETE Juliana Oliveira Almada

EDITOR Alisson Caetano

PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Maria Olinda Barreto

REDAÇÃO Alisson Caetano Bárbara Zaiden Fernando Matos Stephani Echalar

PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Ivano Alessandro Devilla PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS Marcos Antônio Cunha Torres PRÓ-REITOR INTERINO DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS Lacerda Martins Ferreira

REVISÃO Alisson Caetano DIAGRAMAÇÃO E ARTE Lia Bello

FOTOGRAFIA Fernando Matos Lia Bello Marcos Rogério Nabyla Carneiro Stephani Echalar DISTRIBUIÇÃO Jacqueline Pires Universidade Estadual de Goiás CGCOM - Reitoria da UEG

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Rod. BR – 153, Quadra Área, Km 99 CEP: 75.132-903 / Anápolis – GO Tel. Geral: (62) 3328-1403

@uegoficial www.ueg.br Impressão: Gráfica Aliança Tiragem: 11.000 exemplares Universidade Estadual de Goiás


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GESTÃO

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Um outro espaço para novos diálogos Em encontros regionais, o projeto Reitoria no Câmpus busca aproximar as equipes de gestão da Universidade ao cotidiano acadêmico dos câmpus da Instituição

Foto: Fernando Matos

Por Fernando Matos

Bolsistas de permanência reunidos em grupo de trabalho durante o primeiro Reitoria no Câmpus, em Porangatu

Um projeto pioneiro da Universidade Estadual de Goiás (UEG) tem levado equipes da Reitoria a empreender diálogos junto aos seus 41 câmpus. O projeto Reitoria no Câmpus nasceu com o intuito de cobrir todas as regiões do Estado, unindo a comunidade acadêmica em um processo de escuta mais direta das demandas locais da UEG. Considerando a proximidade geográfica dos câmpus, o Projeto definiu sete deles para sediar esses encontros. Dessa forma, equipes gestoras e representantes docentes e discentes se reúnem durante dois dias para debater e discutir as principais questões nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e gestão da Instituição, com foco nas realidades locais. A ideia principal do Projeto foi abrir um novo espaço de diálogo para se dividir experiências, elencar demandas prioritárias e direcionar ações estratégicas. Composta por mais de 20 profissionais das pró-reitorias, além do reitor, da vice-reitora e pró-reitores, a equipe que participa das visitas discute novos projetos, otimiza processos e garante treinamento para as gestões administrativas locais. Tudo isso em um cronograma de atividades dividido em grupos de trabalho direcionados. Temas como assistência estudantil, matriz curricular, pós-graduações e infraestrutura norteiam as temáticas do Reitoria no Câmpus. “Ao propor o diálogo regionalizado, teremos como conhecer melhor as demandas dos câmpus”, observa professor Haroldo Reimer, reitor da UEG. Para o professor Edson Arantes, diretor do câmpus Uruaçu, esse formato se mostra bastante produtivo, pois amplia a participação dos envolvidos nas decisões de gestão. O professor também enxerga na iniciativa uma oportunidade importante para o fortalecimento da Universidade no interior do Estado de Goiás. “São reuniões menores e de foco regional, o que favorece a participação mais efetiva dos envolvidos, além de ser mais direcionada”, analisa.

Microrrealidades em foco Nas reuniões e grupos de trabalho os temas podem ser diversos, como, por exemplo, o funcionamento da secretarias acadêmicas e das bibliotecas e as formas assistência estudantil. Assim, o encontro também dedica espaços de fala aos estudantes, aos professores e aos técnico-administrativos dos câmpus participantes. Com média de 130 participantes por encontro, o Reitoria no Câmpus é uma ação estratégica para se levantar dados que auxiliarão no planejamento futuro da Instituição.

O PROJETO DIVIDIU OS 41 CÂMPUS EM SETE REGIÕES PARA A REALIZAÇÃO DE SETE ENCONTROS QUE TÊM COMO ENFOQUE O PLANEJAMENTO DE ESTRATÉGIAS DE GESTÃO LOCAIS “Ao levarmos a Reitoria, a Vice-Reitoria e as Pró-Reitorias aos câmpus conseguimos ter uma visão mais ampla do cotidiano de nossas comunidades e isso, certamente, irá refletir em melhores estratégias de trabalho e na melhoria dos nossos planos de ação”, observa Haroldo Reimer. Dois importantes pontos de destaque no encontro dizem respeito ao redimensionamento de cursos e as gestões

dos recursos da Instituição. Apontando para as boas práticas e planejamento, o reitor foi bastante taxativo quanto à importância da utilização dos orçamentos dos câmpus. “É importante que se dê bastante atenção aos investimentos e gastos da Instituição. Buscar alternativas para a captação de recursos externos é um ótimo mecanismo. Temos casos bem-sucedidos na UEG em que os câmpus conseguiram financiamento para colocar em prática projetos e realizar obras. É preciso ficar atento a essas oportunidades”, lembra o reitor.

Repensar ofertas, otimizar processos Outra questão levantada nos encontros que já ocorreram foi a necessidade de análise das graduações. Para os presentes, é ponto de consenso que as graduações oferecidas precisam ser repensadas. Oferta de cursos de Educação a Distância e de novos cursos também fizeram parte das conversas, e em alguns casos essas novas ofertas já se encontram em estudo de viabilidade. A oferta de cursos de cada câmpus e as necessidades diárias das comunidades acadêmicas geraram subsídios para novas estratégias de gestão para resolver, da melhor forma possível, as principais demandas dos câmpus diante do contexto de contenção de gastos. Trazer soluções e buscar mecanismos para otimizar os trabalhos nos câmpus é ponto-chave para boas práticas de gestão locais. “É imprescindível que no atual contexto do país a Universidade seja exemplo”, argumenta Haroldo Reimer. Nesse sentido, é reforçado o papel das gestões locais nesse gerenciamento de recursos. Buscar meios de serem eficientes com as demandas dos câmpus, identificar prioridades e investir onde é preciso são formas de atender com precisão às demandas urgentes. Ações direcionadas e a ampliação dos diálogos são iniciativas primordiais para o bom funcionamento da Instituição.

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ENTREVISTA

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Invenção e inovação Com a criação da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia as pesquisas da UEG terão maiores chances de serem inseridas no mercado econômico Por Bárbara Zaiden

A Academia precisa se conectar com os mercados econômicos dos quais faz parte: regionais, estaduais ou nacionais. Pensando nisso, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) criou a Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AITT). Ligada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PrP|UEG), a AITT tem como objetivo transformar em produtos as pesquisas científicas da Universidade, por meio de contratos de transferência tecnológica. O professor Eduardo Gomes, coordenador da AITT, explica que esse tipo de cooperação faz com que a Instituição passe a ter um maior potencial de otimizar o desenvolvimento econômico, principalmente na dimensão local. Aos estudantes, professores e pesquisadores que têm o interesse de transformar suas pesquisas científicas em produtos, a Agência facilita o processo. Para entender melhor quais são os objetivos e ações da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade Estadual de Goiás, o Jornal UEG conversou com o gerente da AITT, professor Eduardo Gomes. Confira, a seguir, a entrevista. Professor Eduardo Gomes é coordenador da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da UEG

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Jornal UEG: Qual é o objetivo da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (AITT) da UEG?

Jornal UEG: E quais são as vantagens, para a UEG, dessa cooperação com as empresas privadas?

do para a equipe ou para o pesquisador, dependendo do regimento da AITT.

Eduardo: Uma universidade atua em duas vertentes: produzindo descoberta, que é o resultado de pesquisa científica; e invenção, que é o resultado de atividade tecnológica com motivação técnica.

Eduardo: Quando há inovação, há a criação de empregos, de empresas, de setores industriais e de riquezas. Posteriormente, tudo isso vai se reverter em impostos para o Governo, que vai fechar esse ciclo financiando novas pesquisas e descobertas. É um ciclo virtuoso.

Jornal UEG: Como funciona o processo de patenteamento de uma descoberta?

A inovação, por sua vez, é produzida por indústrias e empresas privadas e visa explorar comercialmente uma invenção, sendo essencialmente econômica. Uma agência de inovação e transferência de tecnologia tem a função de transformar em inovação as descobertas e as invenções produzidas na universidade, levando essas pesquisas às empresas. Jornal UEG: Como ocorre esse contato da universidade com as empresas? Eduardo: Uma das formas é a empresa privada procurar a universidade e criar mecanismos de colaboração, como, por exemplo, montar um laboratório dentro do câmpus. Esse laboratório seria voltado para a prestação de serviços à universidade, para o estágio para alunos de graduação e para as pesquisas de pós-graduação. A partir daí haverá o desenvolvimento conjunto da pesquisa.

Essa troca faz com que universidade e empresas criem uma sinergia: o conhecimento gerado na universidade se transforma em inovação, em produto econômico. Nesse aspecto, é fundamental o papel de uma universidade no cenário econômico. Jornal UEG: O que significa o processo de transferência tecnológica, feito pela AITT? Eduardo: Nós estabelecemos um contrato de licenciamento com uma empresa privada ou com uma indústria para transformar uma pesquisa da universidade em inovação. A empresa, então, financia o desenvolvimento de algum produto com base na descoberta da pesquisa da universidade. Em um acordo de licenciamento, o pesquisador vai ter uma parcela dos royalties quando o produto estiver no mercado. Cerca de 1/3 dos lucros do produto é reverti-

Eduardo: A patente é uma garantia da propriedade intelectual. Antes de fazer publicações sobre uma pesquisa, todo professor ou pesquisador deve fazer um depósito no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que regulamenta as patentes no Brasil. Esse depósito garante que o invento não será utilizado por terceiros. O patenteamento ocorre depois disso. Jornal UEG: E como a Agência da UEG vai atuar nesse processo? Eduardo: A Agência tem a atribuição de gerir o processo de patenteamento, dando auxílio e consultoria aos docentes e pesquisadores. O patenteamento é uma condição essencial para que haja interesse das empresas privadas pela invenção ou descoberta. Lembrando que toda pesquisa desenvolvida dentro de uma universidade é de propriedade da instituição, porque é ela quem faz o financiamento da pesquisa. Mas o professor ou o pesquisador terá direitos sobre os ganhos que resultarem desse licenciamento.


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UEG EM CONTEXTO

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Livres percursos da formação Com a possibilidade de cursar disciplinas em diferentes cursos e câmpus e até em outras instituições, o Núcleo Livre dá ao estudante o poder de direcionar sua experiência acadêmica

Foto: Stephani Echalar

Por Alisson Caetano

“O NÚCLEO LIVRE VISA CONDUZIR OS ESTUDANTES A COMPREENDER A SOCIEDADE EM QUE VIVEM E LEVÁ-LOS A USAR ESSA COMPREENSÃO EM SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL” Pró-reitora de graduação da UEG, professora Maria Olinda Barreto Professora Maria Olinda Barreto e professor Ivan Lima Gomes, da pró-reitoria de graduação da UEG

“Estudo exatas, mas adoro cinema”. “Curso licenciatura, mas adoraria aprender mais sobre gestão e planejamento”. “Onde encontro embasamento teórico para aprofundar meu interesse em questões de gênero?”. A universidade é um espaço de transformação. E é pelo caminho dos novos conhecimentos e do autoconhecimento que muitas questões são respondidas ao mesmo tempo em que novas surgem. Para além da formação profissional, a Academia deve ser um ambiente fértil para o cultivo da ampliação das visões de mundo. E é com esse objetivo que o Núcleo Livre (NL) entra na nova matriz curricular da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Atendendo à necessidade de uma formação interdisciplinar, alunas e alunos podem fazer escolhas próprias e pessoais em seus percursos curriculares, optando por disciplinas de outras áreas, de outros câmpus e de outras Instituições de Ensino Superior (IES). Dessa maneira, os estudantes da UEG modelam suas formações a partir de seus interesses individuais extracurso.

Formando cidadãos Para a integralização dos cursos, o estudante precisa concluir 12 créditos de Núcleo Livre mais atividades complementares extraclasse. Como conceito, o NL não é para reforçar o conteúdo específico dos cursos da UEG, mas para trazer ao ambiente acadêmico uma visão mais humana e crítica sobre questões do campo da arte, temas ambientais, ética, diversidade e outros assuntos que se pautem, principalmente, pela reflexão do exercício da cidadania. “O Núcleo Livre visa conduzir os estudantes a compreender a sociedade em que vivem e levá-los a usar essa compreensão em sua atuação profissional”, explica a pró-reitora de Graduação da UEG, professora Maria Olinda Barreto. Qualquer professor pode sugerir uma disciplina de NL junto ao colegiado do curso. O importante, neste processo, é que os professores e professoras compreendam a verdadeira função do Núcleo Livre: extrapolar os temas específicos dos cursos para dar ao estudante a liberdade de ter contato com temas que lhe sejam interessantes e que

ressaltem o papel da UEG na formação ampliada dos discentes. Outra questão importante é a ideia de matrícula aberta. Quando essas disciplinas forem pensadas, é preciso lembrar que estudantes de outros cursos, outros câmpus, outros interesses e outras realidades também têm direito a se matricularem nelas.

Desengessa aí! Ao poder incluir em seus semestres disciplinas de diferentes câmpus e insituições, pretende-se despertar, nos estudantes, o crescimento que vem da mobilidade.

“A ideia é incentivar a cultura de mobilidade entre os alunos. Estimula-se, com a nova matriz da UEG, a construção de disciplinas que atraiam os estudantes a exercer essa liberdade”, explica o coordenador de Programas e Projetos da Pró-Reitoria de Graduação, Ivan Lima Gomes. Quanto à mobilidade interinstitucional, o aluno ou a aluna deve procurar os acordos existentes entre a UEG e as demais Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado. Todos os editais de mobilidade serão divulgados no site www.prg.ueg.br. Em caso de dúvidas, entre em contato com a Coordenação de Ensino da PrG pelo telefone (62) 3328-1113 ou pelo e-mail coordensinoprg@ueg.br

Professores

Estudantes

Ao elaborar uma disciplina de Núcleo Livre:

Para incluir uma disciplina

Discutir as disciplinas junto ao colegiado do curso Pensar além dos temas específicos do curso e lembrar que o NL tem como objetivo ampliar a formação humana e cidadã dos discentes Lembrar que as disciplinas de NL são de matrícula aberta a estudantes de todos os cursos e câmpus da UEG, além de alunos de outras instituições

Veja as disciplinas ofertadas em todos os câmpus e sintase livre para escolher as que mais te interessam Se quiser optar por uma disciplina em outra universidade, vá até www.prg.ueg.br e acompanhe a abertura de editais de mobilidade Para a mobilidade interinstitucional, procure o coordenador ou coordenadora do seu curso

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UNIVERSIDADE

EM MOSAICO

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Por uma educação de todas as cores Nas duas últimas décadas, a educação superior no Brasil acolheu um número crescente de estudantes negros e pardos. Mas esse é apenas o primeiro passo Por Stephani Echalar

Em uma de suas letras, o rapper Emicida canta: “Eles não vão entender o que são riscos / E nem que nossos livros de história foram discos”. Jovens e crianças, por vezes, realmente precisam recorrer a fontes que não estão no ambiente escolar para conhecer melhor algum assunto - que pode ser, até mesmo, a história de seu próprio grupo social, contada por eles mesmos. Essa é uma das falhas da nossa educação.

Para Mary Anne Vieira, professora de Geografia do câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas (CCSEH) e coordenadora do Centro Interdisciplinar de Estudos África-Américas (CieAA) “a universidade só vai garantir a reprodução de um sistema mais igualitário após uma reforma da educação básica, sobretudo a pública”. A Lei 10.639 não é uma reforma, mas talvez possa ser a indicadora de um novo caminho.

Entre tantas outras coisas, o conteúdo das escolas não consegue abarcar a riqueza cultural dos vários povos que formam o Brasil, daí que alguns acabam com mais espaço que outros. Entre os povos que recebem pouco espaço estão os afrodecendentes. E em que medida isso afeta nossa construção cultural? “A escola é muito responsável pelas visões de mundo que nós construímos”, conta Paulo Ségio Catanheide, professor de História e diretor do câmpus Goiás da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Se apenas alguns grupos ganham espaço, a visão de outras culturas se torna restrita.

Mesmo com vários passos sendo ainda necessários, o diretor do câmpus Goiás vê um avanço considerável na presença da população negra na escola. “Quando eu transito pelos ambientes escolares percebo que houve um avanço muito grande na relação inter-racial”, reflete Paulo Sérgio.

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Escalas de cor Da escola à formação superior, os estudantes percorrem um longo caminho. Para os estudantes negros e negras esse percurso parece se tornar ainda mais longo. Em 2013, segundo dados do IBGE, 55% dos jovens brasileiros com idades entre 18 e 24 anos estavam matriculados em universidades e faculdades.

A iniciativa busca cobrir um vácuo na educação básica, apresentando de forma mais completa as contribuições dos povos africanos para o Brasil. Para Paulo Sérgio, a lei tenta superar problemas históricos. “O país teve 300 anos de regime de escravidão, voltado à população negra, naturalmente isso deixou sequelas em nosso povo”.

O IBGE APONTA QUE OS TRABALHADORES PRETOS OU PARDOS GANHAVAM, EM MÉDIA, EM 2014, 58% DO VALOR RECEBIDO PELOS TRABALHADORES BRANCOS O professor Paulo Sérgio aponta uma exclusão da comunidade negra que vai além do acesso à educação. A população negra também enfrenta problemas de emprego e geração de renda, além de ser uma das principais afetadas pela falta de segurança. “O Brasil teve muita dificuldade de reconhecer o espaço social do negro no que se refere ao mercado de trabalho, acesso à renda e nas oportunidades no campo educacional”.

Dez anos depois as instituições ainda têm dificuldades para atender à Lei. Surgem questões que vão desde a estrutura das escolas até à preparação dos professores para trabalhar temas como religiosidade e folclore de matrizes africanas. Para ajudar os professores da rede de educação básica do munícipio a superar essas barreiras, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de História do câmpus Goiás é voltado para completar a formação dos docentes nessas áreas. O câmpus também desenvolve um grupo de estudos afrodiaspórico, e outro sobre educação para as relações étnico-raciais. No momento, a Lei pode parecer uma ação básica para complementar o conteúdo escolar. Mas é também uma iniciativa de inclusão de um grupo social historicamente excluído, que tem suas manifestações culturais e religiosidades marginalizadas.

Já entre os jovens negros na mesma faixa etária, o percentual cai para 40,7%. Essa relação fica ainda mais significativa quando incluímos na conta que mais da metade da população brasileira se autodeclara negra ou mestiça.

Foto: Stephani Echalar

No Censo de 2010, o último realizado, mais de 50% da população brasileira se declarou preta ou parda. Com esse número, fica mais fácil compreender a criação da Lei nº 10.639 - sancionada lá em 2003 e que tornou obrigatória a inclusão de história e cultura afro-brasileira e africana no currículo das escolas.

Quando o recorte passa a ser racial, percebe-se uma grande diferença entre os grupos que compõem esse número. Entre os jovens brancos dessa faixa etária, 69,4% estavam matriculados no ensino superior.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano de 2009, o desemprego atingia 5,3% da população branca masculina e 9,2% da feminina. Já na população negra, 6,6% dos homens estavam desempregados e 12,5% das mulheres também estavam na mesma situação. Quanto à renda, o IBGE aponta que os trabalhadores pretos ou pardos ganhavam, em média, em 2014, 58% do valor recebido pelos trabalhadores brancos.

Mary Anne Vieira é coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da Universidade Estadual de Goiás, o CieAA

A campanha Jovem Negro Vivo, criada pela Anistia Internacional no Brasil, busca chamar a atenção para o alto índice de assassinatos de jovens negros. De acordo com a organização, 77% dos jovens assassinados no país em 2012 eram negros. Paulo Sérgio enxerga a


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A estudante Regina da Silva enxerga na formação acadêmica o caminho para novas conquistas

Fotos: Stephani Echalar

educação como um elemento fundamental na superação dessas disparidades. “A educação é fundamental para se reconhecer valores, não só do povo negro, mas no caso do Brasil também do povo indígena”.

Chegar e permanecer Apesar da disparidade, o acesso da população negra ao Ensino Superior tem crescido nas últimas décadas, apoiado por políticas públicas de inclusão e permanência de jovens em universidades públicas e privadas. Após a regulamentação da Lei de Cotas (2012), que destina 50% das vagas das instituições federais de Ensino Superior a estudantes negros, essa participação cresceu ainda mais. Com apenas dois anos de funcionamento, a lei já garantiu 111 mil vagas para a população afrodescendente.

“A CONQUISTA DE UM AMBIENTE ESCOLAR COM MENOS DISCRIMINAÇÃO É FRUTO DO EMPENHO DE MUITOS HOMENS E MULHERES QUE SE DEDICARAM A ESSAS CAUSAS DO POVO AFRO-BRASILEIRO”

Com o seu sistema de cotas, criado em 2005, a UEG atende a estudantes negros, indígenas, egressos de escolas públicas e pessoas com deficiência. Em dez anos, cerca de 20 mil jovens entraram na UEG pelas cotas. O programa de cotas da Universidade foi alvo de edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) que tinha como objetivo avaliar o programa. Foi assim que a professora Mary Anne se viu à frente do projeto de pesquisa Avaliação das políticas de cotas na UEG - período de 2005 a 2009. Entre o que pôde ser apreendido com a conclusão do projeto, a professora destaca a necessidade de consolidar o debate sobre a presença da população negra na UEG, promovendo a inclusão e a autoestima desses jovens. Segundo a professora, nos dados obtidos, o aluno cotista manteve a mesma configuração do alunos da concorrência universal. “E em alguns casos os cotistas superaram a média, mas não se assumiam negros, não se autodeclaravam negros”. Mary Anne destaca que para a Universidade avançar em seu processo de democratização é preciso ir além das iniciativas para promover o ingresso de grupos excluídos. É necessário investir também em políticas de permanência, tanto com a promoção de bolsas quanto pelo envolvimento do estudante nos eixos de ensino, pesquisa e extensão. “Hoje avançamos bastante porque temos as bolsas de permanência, temos outros instrumentos, que colaboram para combater a evasão no Ensino Superior”, aponta a docente. Há cerca de dois anos a UEG deu os primeiros passos no desenvolvimento de uma política de permanência para seus estudantes com a criação da Coordenação Central de Bolsas. A Central oferta bolsas em nove modalidades, cinco delas voltadas a estudantes de graduação.

Paulo Sérgio, diretor do câmpus Goiás

“Aí já era” “A pessoa é negra, mulher e vem do orfanato, aí já era”. É assim que a estudante de História Regina da Silva, do câmpus CSEH, conta porque recebeu tanto incentivo no orfanato em que morava para ingressar no Ensino Superior. Lá, já sabiam que suas condições de mulher e de negra já seriam desvantagens sociais aos olhos daqueles à sua volta. A passagem pelo orfanato iria apenas contribuir para a construção do estereótipo pelo qual ela seria vista. Com o incentivo e o interesse próprio em estudar, ingressou na UEG pelo programa de cotas da Universidade em 2011. A experiência como cotista trouxe uma visão crítica da política de cotas desenvolvida no país. “As cotas abrem espaço para o negro na Universidade, mas o estudante é visto com desconfiança”, explica Regina. Segundo a estudante, os cotistas enfrentam diversos preconceitos. “Quando o estudante negro entra por cotas ele tem sua capacidade posta em dúvida”, destaca a estudante. Para ela, a política de cotas não é ideal, mas ainda é necessária para garantir a presença de grupos minoritários na universidade. Regina se forma em 2016. O diploma de licenciatura em História, no entanto, não será o fim do caminho. Inspirada pelos amigos que já estão na pós-graduação e por seus professores, Regina quer ingressar no mestrado e dar continuidade à sua formação. “Quem sabe um dia eu me torne professora da UEG?”.

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UEG EM CONTEXTO

jornal UEG Anápolis, outubro-novembro de 2015

Goiás qualificado para ser referência A UEG é uma das várias instituições que integram o Programa Inova Goiás, que irá ampliar incentivos na áreas de tecnologia e inovação

Foto: Lia Bello

Por Alisson Caetano

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (Sed) lançou, em setembro deste ano, o Programa Inova Goiás. O Programa é norteado por um conjunto de ações que têm como meta colocar o Estado em posição de destaque com a mais preparada plataforma de incentivo à inovação do Brasil. A Universidade Estadual de Goiás (UEG) é uma das instituições que integram o Inova Goiás e que fazem parte da estratégia de criação de rotas de inovação. Essas rotas irão conectar polos de excelência já existentes em Goiás, otimizando as vantagens competitivas dessas regiões em diferentes setores (como o de mineração, o lácteo, o de turismo, de confecção, fármaco e outros). Para isso, o Programa irá se amparar na articulação entre Governo, universidades e instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação, e setor produtivo.

Valorizar nosso capital humano A UEG aplica uma interlocução direta com os arranjos produtivos locais de onde se insere. Hotelaria e Gastronomia em Pirenópolis, Tecnologia em Laticínios em São Luís de Montes Belos e Moda em Trindade e em Jaraguá são alguns dos exemplos que colocam a UEG como protagonista na formação de mão de obra voltada às demandas do Estado de Goiás.

O reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, na cerimônia de lançamento do Programa Inova Goiás

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Em um encontro realizado ao fim de setembro, a superintendente de Desenvolvimento Tecnológico, Inovação

e Fomento à Tecnologia de Informação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Aline Figlioli, apresentou o Inova Goiás aos diretores de câmpus da UEG e falou da importância da Universidade na missão do Programa. “É importante esse alinhamento entre Academia, setores produtivos locais e sociedade. Quanto mais os diversos atores estiverem envolvidos com as suas realidades, mais satisfatórios serão os resultados”, observou. Com esse perfil a Universidade atuará no Programa Inova Goiás em três eixos: na criação dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), na Rede de Laboratórios do Estado de Goiás e na formação de pesquisadores em áreas estratégicas.

Empreender mais Para alcançar o objetivo proposto, a Rede Goiana de Inovação (RGI) irá ampliar os investimentos voltados às incubadoras das universidades de Goiás. A UEG é associada à RGI por meio do seu Programa de Incubadoras (Proin.UEG). Criado em 2011, atualmente o Proin.UEG conta com 13 empreendimentos incubados. O reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, explica que essa parceria irá fortalecer o papel da Instituição no cenário produtivo goiano. “Vamos buscar a melhor aproximação com os setores produtivos para reforçar as potencialidades da UEG no desenvolvimento humano e tecnológico no Estado, potencializando, assim, as ações do Inova Goiás”, afirma.


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UNIVERSIDADE

EM MOSAICO

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Reunindo projetos de diferentes eixos e áreas de conhecimento, o Cepe chega à sua segunda edição com a predominância de trabalhos de iniciação científica

Foto: Stephani Echalar

II Cepe promove integração na UEG

Por Bárbara Zaiden

A Universidade Estadual de Goiás (UEG) passou a participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no ano passado. A Semana é voltada para a divulgação científica e promove, em todo o país, eventos que congregam diversas instituições de Ensino Superior (IES). Com o Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), a UEG se insere no mapa de IES que aderem ao calendário científico. Em 2015, foram 649 trabalhos inscritos, sendo 87 resultantes de projetos de extensão; 329 de iniciação científica; 153 de pesquisa e pós-graduação e 80 de pró-licenciatura.

DURANTE TRÊS DIAS DE CONGRESSO, A UNIVERSIDADE VIABILIZA O DEBATE E A TROCA DE CONHECIMENTO ENTRE OS CÂMPUS, CURSOS, PROGRAMAS DE MESTRADO E ESPECIALIZAÇÕES Seis oficinas também ocorreram durante do evento. Foram discutidos temas variados, desde direitos humanos e cidadania, chegando a técnicas para elaboração de projetos de iniciação científica. Um workshop sobre intercâmbio e mobilidade internacional também foi organizado.

O pontapé para as pesquisas A iniciação científica é um instrumento essencial para que os estudantes de graduação experimentem o contato com a pesquisa. No II Cepe, a maioria dos trabalhos inscritos, um total de 329, era dessa modalidade. Thalita Aguiar, estudante do curso de Geografia do câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas de Anápolis, participou do Congresso com uma apresentação oral. Desde que ingressou na UEG, ela teve acesso à bolsa de iniciação científica, um dos aspectos que viabilizou a permanência de Thalita na Universidade. O projeto de

Estudantes dos 42 câmpus da UEG estiveram reunidos no II Cepe, em Pirenópolis

pesquisa desenvolvido por ela aborda questões urbanas, tendo como objeto de estudo Brasília e seu entorno.

É uma oportunidade de mostrarmos que a pesquisa está realmente sendo feita”, afirmou.

A estudante analisa as contradições trazidas pela nova capital do país, que não tinha estrutura para receber o novo contingente populacional. Ela explica que o processo migratório para municípios vizinhos teve como consequência as fragmentações espacial e socioeconômica dos mesmos.

Egresso do curso de Geografia do câmpus Itapuranga, Levi Junio de Camargo é professor da rede básica de educação. “Uma vez assisti a uma palestra no câmpus Itapuranga e a pessoa disse que ‘nós somos a família uegeana’. Eu me sinto um uegeano autêntico”, afirma. É com esse sentimento de pertencimento e orgulho que ele se mantém na UEG mesmo após a graduação. Atualmente, ele é aluno do programa de mestrado em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (Teccer).

A estudante vai dar continuidade às pesquisas da iniciação científica na monografia, e pretende, ainda, transformar o trabalho em um projeto de mestrado. “Eu acho [o Cepe] interessante porque é o momento para expormos nossas pesquisas. Às vezes nós não temos a oportunidade de fazer isso em outros eventos devido às temáticas.

Modalidades de bolsas de iniciação científica

Assim como Thalita, Levi vai aprofundar, no mestrado, a pesquisa do seu projeto de iniciação científica. O estudante analisa os impactos socieconômicos e ambientais causados na bacia hidrográfica do município de Ceres, provocados pelo cultivo de cana-de-açúçar, principalmente no que diz respeito ao Córrego da Gameleira.

Diálogo e diversidade Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq (PIBIC/CNPq) e PIBIC Ações afirmativas (PIBIC-AF)* *As bolsas PIBIC-AF são destinadas exclusivamente a estudantes que ingressaram na Universidade pelo sistema de cotas (social, racial/ étnica, deficientes)

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) do CNPq;

Bolsa de Iniciação Científica (BIC) da UEG; Bolsa de Iniciação Tecnológica (BIT) da UEG.

Os estudantes Wallas Machado e Lorrana Priscilla estavam orgulhosos de serem os únicos do curso de Ciências Econômicas do câmpus Itumbiara a participarem do Cepe. Eles apresentaram banners sobre os diferentes direcionamentos que cada um dá ao projeto de pesquisa intitulado A crise econômica internacional de 2008 e as implicações das políticas publicas do governo federal, sob coordenação do professor Ednando Vieira. Conhecer novas pessoas e outras pesquisas foi o que mais encantou Lorrana durante sua participação no Cepe. Com o Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão, a UEG proporciona a seus estudantes e pesquisadores o contato com diferentes áreas de conhecimento, pesquisas e eixos de enfoque. Durante os três dias de evento, a Universidade viabiliza o debate e a troca de conhecimento entre os câmpus, cursos, programas de mestrado e especializações.

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UEG EM CONTEXTO

jornal UEG Anápolis, outubro-novembro de 2015

A ascensão do mercado da Beleza A UEG foi a primeira instituição pública a oferecer o Curso Superior em Estética e Cosmética. Dados apontam que o setor cresce 10% ao ano e movimenta mais de R$ 40 bilhões Por Fernando Matos

Foto: Lia Bello

cam em prática seus conhecimentos em corte, penteados e maquiagem. Inaugurado no dia 5 de outubro, o Laboratório de Face e Corpo do curso é um espaço para as práticas de protocolos em estética corporal e facial. Entre essas práticas estão limpeza de pele e massagens linfáticas e modeladoras. A estrutura montada obedece aos padrões sanitários exigidos para tais procedimentos. Além das aulas práticas, os laboratórios do cursos também atendem às demandas da comunidade. Atualmente há em andamento dois cursos de extensão: Química da Beleza e Biossegurança, abertos a profissionais da área e comunidade em geral. O projeto Química da Beleza foca nos processos e na aplicação segura de químicos em cabelos e na pele de quem procura certos tratamentos em cosmetologia e estética. O projeto fornece informações para os profissionais sobre composição e aplicação de produtos.

Estudantes do curso de Estética e Cosmética realizam procedimentos no rosto de pacientes em tratamento de câncer, em atividade do Outubro Rosa

reações nos procedimentos. A formação foca na segurança para a manipulação adequada dos produtos envolvidos nos procedimentos estéticos, tanto para o profissional quanto para o cliente”, observa a coordenadora do curso, professora Gysella Santana Honório de Paiva. Ainda segundo a professora, esse diferencial oferecido pela formação é primordial nos serviços oferecidos pelos profissionais.

A Universidade Estadual de Goiás (UEG) é a pioneira entre as Instituições de Ensino Superior Públicas a oferecer o curso de Estética e Cosmética. Oferecido no câmpus Laranjeiras, em Goiânia, o curso acolhe 92 estudantes matriculados, 15 professores, 2 laboratórios e tem duração de 3 anos.

O país ocupa o terceiro lugar no mercado de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, atrás dos Estados Unidos e da China. O Brasil representa quase 10% do consumo desse tipo de produto e atualmente conta com 2.522 empresas no setor. Dentre elas, as 20 maiores têm faturamento anual de R$ 100 milhões.

“Os profissionais formados em nosso curso estão aptos para atuarem com segurança e evitarem possíveis

No Centro-Oeste há 180 indústrias do ramo, das quais 145 estão em Goiás. Além das indústrias, os profissionais estão aptos a atuarem ainda em spas, salões, clínicas e centros de estéticas, hotéis e academias, por exemplo. Segundo a professora Luciana Lara Pontes Ferreira, o Estado possuí ainda mais de 35 mil profissionais sindicalizados.

Foto: Lia Bello

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Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o mercado de beleza tem crescido, em média, 10% ao ano, bem acima do crescimento do setor industrial. R$ 43,2 bilhões foi o lucro obtido pelo setor em 2014, e as expectativas é que esse crescimento se mantenha em 2015.

“Ao oferecer o curso superior em Estética e Cosmética, a UEG qualifica os profissionais da área de beleza do Estado. Não apenas por oferecer formação, mas por levar qualificação aos que não possuem Ensino Superior via cursos de extensão”, observa.

Conhecimento em prática Em 2014 o setor obteve lucro de mais de R$43 bi

Os dois laboratórios do curso são equipados para as aulas práticas. No laboratório de Visagismo os estudantes colo-

Seguindo essa lógica, o projeto em Biossegurança foca na segurança microbiológica de salões e clínicas. Esse projeto trabalha a importância dos protocolos de segurança para evitar a contaminação de produtos, além de métodos de proteção para os envolvidos nesses casos, seguindo o artigo IV da lei que regulamenta a profissão, a 12592/92 de 2012. Os laboratórios do curso de Estética e Cosmética da UEG também fazem atendimentos gratuitos à comunidade oferecendo serviços de cortes, escovas, químicos em geral, limpezas de pele e outros serviços.

Estudar para exercer Nos dias 26 e 27 de setembro, o câmpus Laranjeiras foi sede do primeiro Encontro de Estudantes de Estética e Cosmética de Goiás (Eneco). Com o objetivo de promover o debate e a reflexão sobre a atuação profissional, frente às exigências das legislações vigentes, o Eneco reuniu quase mil estudantes do Estado. “Goiás possui 1600 estudantes matriculados em cursos de Estética e Cosmética. Com o Encontro, além de proporcionar a socialização entre esses profissionais em formação, ampliamos o alcance das discussões da regulamentação do exercício da profissão”, comentou a professora Luciana. Foram dois dias de programação que envolveram mesas-redondas, oficinas e minicursos, em que o tema Pelo Direito de Exercer foi o mote dos diálogos. Com um mercado de trabalho promissor, e em busca constante por profissionais qualificados para atuar em suas diversas frentes, não é surpresa que o curso de Estética e Cosmética esteja entre os 20 mais concorridos nos processos seletivos da UEG.


jornal UEG

ARTE

NOSSA

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Para o segmento Ousadia da exposição, a aluna Stephanie Ferreira apresentou um vestido longo com elementos de plástico e EVA

Na exposição Memórias Extravasadas a aluna Tálita Lorranny

Por Alisson Caetano

C. de Faria experimentou bucha vegetal e crochê em sua

A oitava edição do UEG Mostra Moda transformou o câmpus Trindade na vitrine de exibição do potencial criativo dos designers de moda em formação na UEG. De 11 a 18 de setembro, o evento uniu atividades acadêmicas, como palestras, lançamentos de livros e apresentações de trabalhos, a oficinas e exposições de peças produzidas pelos estudantes do curso de Tecnologia em Design de Moda.

criação

Vestir consciente é o ponto de partida do UEG Mostra Moda, que teve como tema da sua oitava edição Brasilidade, com inspirações na Chita. Além da passarela montada na entrada do câmpus Trindade, responsável por desfilar 80 looks na noite de encerramento do evento, todo o espaço físico do câmpus foi tomado por exposições de peças produzidas pelos estudantes do curso.

Botões e pequenos metais de latas chamam a atenção na obra de Taís Dias Machado, criada para a exposição Intensidade em Cravo e Canela

Plástico, EVA, algodão cru, guipir, bucha vegetal, crochê, latas de refrigerante. Estes e outros materiais são reutilizados e transformados em moda pelas mãos dos estudantes da UEG. Confira neste Arte Nossa algumas peças expostas no último dia do oitavo UEG Mostra Moda pelos futuros designers de moda que hoje cursam o 1º ano de Tecnologia em Design de Moda no câmpus Trindade. Para o 8º UEG Mostra Moda, a estudante Carla Oliveira Guimarães se inspirou na temática Tropical Livre Fotos: Marcos Rogério

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jornal UEG

UEG EM

FOCO

Anápolis, outubro-novembro de 2015

Por Bárbara Zaiden e Alisson Caetano

Concurso de teses A tese intitulada Metropolização e mercado imobiliário: a produção do espaço dos Condomínios de Chácaras da Região Metropolitana de Goiânia, do professor Leandro Oliveira de Lima, foi a vencedora do primeiro lugar no Concurso de Teses e Dissertações das Ciências Humanas realizado pelo Centro Editorial e Gráfico (CEGRAF) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O professor, do curso de Geografia do câmpus Goiás da UEG, desenvolveu o trabalho durante o doutorado no Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESA) na UFG. O prêmio é composto pela organização do projeto gráfico, revisão e editoração. As obras publicadas pela Editora UFG fazem parte da Coleção Expressão Acadêmica. Condomínios de chácaras de Goiânia é tema de tese de professor da UEG

Psicólogos homenageados

Destaque internacional

Em comemoração ao dia do psicólogo, o Conselho Regional de Psicologia homenageou 20 profissionais que prestaram relevantes serviços no exercício da profissão no Estado de Goiás. O evento ocorreu em agosto, na Assembleia Legislativa de Goiânia.

O professor João Gabriel Modesto, do câmpus Goianésia, recebeu menção honrosa da Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP) durante o XXXV Congresso Interamericano de Psicologia. O evento ocorreu em Lima, no Peru, em julho deste ano.

Dentre os homenageados estavam o professor Wanderley de Paula Júnior, diretor do câmpus Eseffego, pelos serviços desenvolvidos no Hospital Araújo Jorge, e o professor Nelson de Abreu, do curso de Pedagogia do câmpus de Anápolis, que, durante muitos anos, desempenhou importante papel no Conselho Regional de Psicologia.

João Gabriel foi reconhecido pelo trabalho desenvolvido no mestrado da Universidade de Brasília (UnB), intitulado Nem todas as vítimas importam: a influência das crenças no mundo justo na responsabilização de vítimas de diferentes grupos sociais. A pesquisa trata sobre os processos psicológicos relacionados aos estereótipos e preconceitos.

Produção agroecológica Foto: Lia Bello

No décimo volume da revista Campo-Território, da Universidade Federal de Uberlândia, o professor Edson Batista da Silva publicou o artigo A produção agroecológica: a possibilidade da autonomia camponesa no assentamento Cunha, em Cidade Ocidental – GO publicado. O trabalho do professor da UEG câmpus Itapuranga apresenta os resultados dos projetos do Programa da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) e dos Polos Irradiadores de Manejo da Agrobiodiversidade (CIMAS) para as famílias do assentamento Cunha, em Cidade Ocidental.

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Professor do câmpus Itapuranga pesquisa a produção agroecológica de famílias assentadas

Foto: Nabyla Carneiro

Semana Nacional de Trânsito O Programa Educando e Valorizando a Vida da Universidade Estadual de Goiás (EVV|UEG) deu início às atividades da Semana Nacional de Trânsito, lembrada anualmente de 18 a 25 de setembro, com o Workshop Mobilidade Urbana e Trânsito. A ação trouxe a Goiânia, além de outros nomes, o antropólogo Roberto DaMatta para falar sobre os aspectos culturais que determinam a existência de um trânsito cada vez mais caótico e violento. Além do Workshop, o EVV realizou atividades em 17 cidades goianas, levando palestras, teatros e passeatas de conscientização. Acompanhe as ações do EVV na página Programa EVV / UEG, no Facebook. O antropólogo Roberto DaMatta integrou mesa-redonda promovida pela UEG no Workshop Mobilidade Urbana e Trânsito


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