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Pr\u00EAmio UBC
União pela música
Artistas de origens e estilos bem diferentes se juntam para celebrar Erasmo Carlos, vencedor do Prêmio UBC 2018, e apontam caminho para o país
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por_ Roberto de Oliveira ■ do_ Rio

Uma obra que perpassa décadas, gerações, gêneros, regiões — e países — diferentes não poderia ser mesmo representada por um único estilo. Foi plural, integrando artistas de muitos ritmos e origens, a série de shows que celebrou Erasmo Carlos, no último dia 9 de outubro, durante a entrega do Prêmio UBC 2018 ao Tremendão pelo conjunto da sua obra.
Curador das apresentações, que trouxeram hits compostos por Erasmo, Zé Ricardo esperava surpreender e tocar o homenageado. “O Erasmo vem emocionando as pessoas há muito tempo, então eu quero esta noite é emocioná-lo.”
A grande salva de palmas que recebeu o Tremendão logo na chegada dele abriu os trabalhos. Celso Fonseca, Moraes Moreira, Toni Garrido, Sandra de Sá e Gabriel Moura estavam entre os artistas que o recepcionaram na Casa UBC, espaço de eventos da nossa associação no Centro do Rio, onde se deu a premiação.

A partir do alto, Erasmo se apresenta com os artistas que fizeram releituras de músicas dele; o Tremendão recebe o troféu das mãos dos diretores da UBC Ronaldo Bastos e Aloysio Reis e do presidente, Paulo Sérgio Valle; abaixo, os artistas reunidos no camarim antes dos shows

A dupla Gilberto Gil e Emicida deu início à noite de releituras da obra de Erasmo com “Sou Uma Criança, Não Entendo Nada” (composta com Giuseppe Ghiaroni). Enquanto Gil nadava de braçada no suingue, o público presenciou um show de rimas do rapper paulista.

Gilberto Gil e Emicida
Johnny Hooker veio depois, com “Filho Único” (cocriação com Roberto Carlos), cedendo o palco em seguida para Ludmilla — que comentou ter ficado nervosa por não cantar com frequência músicas do estilo de “Mais Um Na Multidão” (composta com Marisa Monte e Carlinhos Brown) — fazer um show bem fluido. A apresentação arrancou aplausos e abraços emocionados do Tremendão, que, aos 77 anos e 57 de carreira, recebeu um merecido banho de carinho durante a cerimônia.

Johnny Hooker
Os próximos craques a subir ao palco foram Ney Matogrosso (“Mesmo Que Seja Eu”), Mosquito e João Cavalcanti (“Cachaça Mecânica”), Rael e Simoninha (“Coqueiro Verde”) e Ana Cañas (“Do Fundo do Meu Coração”). As quatro canções foram criadas por Erasmo em parceria com Roberto.

Ney Matogrosso
“QUE ESSA MENSAGEM CHEGUE AOS CIDADÃOS”
A união de artistas tão diferentes entre si era uma espécie de manifesto pelos reencontros, pela reconciliação e a superação das diferenças, algo tão caro neste momento político conturbado que o país vive. “Espero que a música possa unir um pouco mais as pessoas. Nunca vivi um radicalismo tão grande”, comentou Simoninha. “A música não resolve tudo, mas ajuda a amenizar a turbulência”, disse Ludmilla. “O rap e a música em geral sempre pediram uma sociedade melhor. Que essa mensagem chegue a todos os cidadãos”, completou Rael.

Ludmilla
Humor e mais homenagens
O ator e humorista Lúcio Mauro Filho apresentou o prêmio e logo de cara exaltou os trabalhadores da cultura. “Uma gente que é chamada de vagabunda a todo momento e que representa 4% do PIB brasileiro”, descreveu, arrancando gargalhadas da plateia.
Ney Matogrosso também provocou risos ao revelar que se descuidou e foi o único que deixou escapar antes para Erasmo que participaria da homenagem.
Na plateia, Moacyr Luz, Moraes Moreira, Celso Fonseca, Tiago Nacarato, Toni Garrido e representantes da indústria musical. Eles participaram também de outra homenagem, para o advogado João Carlos Müller, de 78 anos, primeiro premiado com o novo Troféu Fernando Brant por sua longa vida dedicada aos direitos autorais.

Taís Alvarenga e Mariana Volker
A cantora baiana Illy e o cantor e músico
uruguaio Diego Drexler (irmão de JorgeDrexler) deram um tom internacionalao sucesso “Sentado à Beira doCaminho” (composta com Roberto).Sorridente, feliz, Erasmo cumpriu o
brincou o Tremendão, para quem, mais do que os artistas, é a música que deve ser imortal e unir as pessoas.

Zé Ricardo e o Tremendão

Diego Drexler e Illy
Nas palavras dele, o papel da arte para pacificar, cicatrizar, é enorme e pode ser resumido em outra de suas muitas criações com Roberto, “é Preciso saber Viver”, que fechou a noite reunindo o próprio Erasmo e os demais artistas sobre o palco.
“se você estiver no inferno, precisa saber viver no inferno. é uma música que prega a adaptação ao que a vida dá, às condições em que se vive. Então, é uma mensagem para sempre, para qualquer lugar”, encerrou o Tremendão.