Dimensões da Dieta Mediterrânica

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comandadas pelas mensagens que os alimentos podem transmitir: identidade, origem, autenticidade, modo de produção, tradições, aspetos culturais e propriedades nutricionais. Relativamente aos cereais, variedades antigas que mantêm as suas características originais estão a ressurgir porque o consumidor valoriza os benefícios ocultos do grão inalterado pelo tempo. Alguns grãos têm propriedades nutricionais comprovadas e, para além disso, supostamente, adequam-se a uma agricultura mais ecológica e sustentável. As cultivares antigas de trigos portugueses têm potencial para expressar teores proteicos elevados e manifestam uma grande diversidade no que respeita à dureza do grão e também nos parâmetros reológicos (Brites et al., 2000). Outras espécies têm elevada rusticidade como o Triticum monococcum que é cultivado em solos pobres e áreas montanhosas da França e Marrocos e o farro que resiste a temperaturas baixas, sendo cultivado em áreas montanhosas de Marrocos, Espanha (Astúrias), Albânia, Turquia e Itália onde já existe Indicação Geográfica Protegida (Toscana) para a sua produção que é tradicionalmente consumida em grão na preparação de sopas. os desafios societais e oportunidades para o futuro O reconhecimento pela UNESCO da Dieta Mediterrânica como Património Imaterial da Humanidade irá certamente trazer vínculos e mensagens que estimulem o consumo de cereais, contudo, torna-se necessário superar alguns mitos (comer massas, arroz, pão engorda; sempre se consumiu demasiado pão; cereais carecem de importância, podem eliminar-se da dieta, entre outros) através da divulgação dos

192 a. freitas et al. (coord.) – dimensões da dieta mediterrânica, património cultural imaterial da humanidade, faro: universidade do algarve, 2015


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