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ROTAS E CAMINHOS | BARLAVENTO | FÓIA
ver a neve, como na sua terra. Para lhe agradar, o príncipe do sul que a raptara, mandou plantar em todos os campos amendoeiras para as flores alvas se confundirem com os flocos tenros. Curou-se a princesa das saudades e assim viveram felizes. Embalados pelas lendas, sairemos da cidade atravessando o Arade e seguiremos a estrada que liga a Lagoa passando pela Venda Nova, envolta em laranjais.
Amendoeiras em flor (RTA)
E não serão mais de 6 km até Lagoa, a que os árabes chamavam Abenabece. Ao sol amadurecem as castas de uvas de excelente qualidade. Distando a cidade cerca de 5 km da costa, vive-se aqui um ambiente calmo com invernos amenos desafiando a passeios equestres ou pedonais. O seu monumento mais importante é o Convento de São José, agora usado como centro cultural, com uma galeria de exposições. Construído no século XVIII, possui uma torre com miradouro e um arco sobre a rua. Na entrada existe uma Roda dos Expostos onde outrora se depunham, sob anonimato, crianças abandonadas. Nos jardins pontifica um menir, datado de 5 000 a.C. e deslocado da zona de Porches. O artesanato ainda está presente no quotidiano de Lagoa, em especial a olaria, colorida com belos tons de azul e decorações campestres e marinhas. As delicadas miniaturas de barcos de pesca e carroças são ex-libris da arte popular.
Olaria (PR)
Andaremos cerca de 2 km até Estômbar, uma pequena aldeia cuja igreja nos fascina ao primeiro olhar, por causa dos azulejos setecentistas e de duas colunas, únicas em todo o país, que são totalmente recobertas de ornamentações, reproduzindo plantas exóticas e figuras que dão ao conjunto um toque oriental. É bom ceder ao apelo da água do Sítio das Fontes, situado a cerca de 1 km, na margem esquerda do Rio Arade, um parque de lazer, ou mais propriamente um ecomuseu com oliveiras centenárias, lírios selvagens, orquídeas bravas, cardos e choupos, em orgia de cores de uma natureza caprichosa.