Turbo Oficina 8

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PROTAGONISTA

PROTAGONISTA

António Cortez. “Continuo a pedir representações todos os dias”

Tem 80 anos, nasceu em Lisboa e é um dos agentes mais antigos do aftermarket português. António Cortez é conhecido por ser a cara da Brembo em Portugal, mas tem no seu portfólio uma longa lista de representações espanholas, inglesas, alemãs e italianas. Fomos conhecer o seu percurso e as ideias de quem conhece o aftermarket como a palma da sua mão. TEXTO andré Bettencourt rodrigues FOTOS JOSÉ BISPO

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asceu “ao pé do cinema Tivoli” e talvez assim se explique o seu gosto pelas artes. Apaixonado por museus e pintura, António Cortez acumula mais de meio século de atividade na representação de peças para automóveis. No rosto carrega as rugas da idade, mas a voz ainda guarda o entusiasmo de quem dá os primeiros passos na carreira. Foi no 8º A do Nº334 da Rua dos Soeiros, um escritório adquirido por si há mais de 40 anos, que a cara da Brembo recebeu a Turbo Oficina, o lugar certo para nos contar as suas histórias. Não costuma dar muitas entrevistas, pois não? Só me lembro de ter dado uma. E não correu muito bem, porque foi publicado um dado incorreto. Também ninguém a deve ter lido, por isso não me incomoda muito.

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O que correu mal e porque diz isso? Dizia que eu tinha vendido material bélico (risos). Não sei onde é que foram inventar aquilo. Não me incomoda porque já todos me conhecem e porque eu já estou demasiado velho para me chatear com isso. É uma das pessoas com mais experiência no setor das peças em Portugal. Ainda se lembra como tudo começou? Acabei o curso comercial à noite e depois estudei francês e inglês. Comecei a trabalhar numa empresa de exportação e, para ganhar mais umas coroas, respondi a um anúncio para tratar da correspondência estrangeira de um português – Benjamim de Oliveira Manaia – que tinha vivido no Brasil. Foi ele quem me abriu as portas deste setor. E depois? Bom, o negócio não estava a ter a faturação que ele pretendia e acabou por regressar ao

Brasil pouco tempo depois. Embora sem perceber nada de peças de automóveis, a única pessoa que estava minimamente por dentro do assunto era eu. Por isso, fizemos um acordo para que eu pudesse continuar as representações dele, que naquela época eram seis ou sete. Eu apresentava-lhe contas e retirava uma mensalidade. Ao fim de um ano consegui reunir mais representações e propus-lhe que passasse para o meu nome as representadas que estivessem de acordo. Essas seis ou sete firmas depois desapareceram quase todas. Tudo o que tenho hoje foram coisas que arranjei entretanto. Quanto é que pagou por elas? Cerca de 50 contos, se não estou errado. Isso era muito dinheiro. Era fácil arranjar representações naquela altura? Repare, eu não era um caso único. Já havia

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