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3 O ENCONTRO QUESTÃO DE CRÍTICA
© 2016 Daniele Avila Small e Dinah de Oliveira
Este livro segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, adotado no Brasil em 2009
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Coordenação editorial
Isadora Travassos
Produção editorial
Eduardo Süssekind
Rodrigo Fontoura
Victoria Rabello
Revisão
Aline Erthal t293 isbn 978-85-421-0481-3 cdd: 792 cdu: 792
3º encontro Questão de Crítica / organização Daniele Avila Small , Dinah de Oliveira. - 1. ed. - Rio de Janeiro : 7 Letras, 2016.
1. Teatro - Crítica e interpretação. I. Small, Daniele Avila. II. Oliveira, Dinah de.
2016
Viveiros de Castro Editora Ltda.
Rua Visconde de Pirajá, 580 – sl. 320 – Ipanema
Rio de Janeiro – rj – cep 22420-902
Tel. (21) 2540-0076 editora@7letras.com.br – www.7letras.com.br
Apresentação
Daniele Avila Small e Dinah de Oliveira
Este livro reúne os textos produzidos a partir das mesas-redondas e palestras realizadas em abril e maio de 2015 no 3º Encontro Questão de Crítica, que se deu no Espaço Sesc com apoio do Rumos, programa do Itaú Cultural. Os artigos estão reunidos de acordo com os temas propostos para as conversas e se dividem em duas partes.
Na primeira, os autores escrevem sobre formação de artistas de teatro, encenação e dramaturgia. Reunimos três artistas em cada mesa-redonda e cada um deles apresenta aqui as suas ideias no formato que lhe parece mais adequado. Assim, os textos não seguem um padrão.
A segunda parte corresponde às palestras realizadas na Mostra de Teatro Brasileiro Filmado, na qual exibimos registros em vídeo de seis peças que têm um lugar especial na história do teatro brasileiro. Convidamos pesquisadores de teatro para contextualizar e comentar as peças, conduzindo um debate com os espectadores presentes. Os artigos aqui presentes foram escritos a partir dessa proposta.
Também publicamos nesse conjunto de textos um exercício criativo e bem-humorado sobre a crítica de teatro, escrito por Patrick Pessoa, professor do minicurso A arte da crítica, realizado durante o evento.
formação, encenação, dramaturgia
Iniciamos os trabalhos com os textos produzidos na mesa-redonda sobre formação de artistas de teatro. Em “Talvez um livro sobre a ética seja mais importante que todos”, Ruy Cortez aborda aspectos da formação do ator a partir da sua experiência prática como pedagogo e pesquisador do Sistema
Stanislavski, analisando o sentido e a importância da ética na poética da pedagogia stanislavskiana. Reflete também sobre os problemas e desafios contemporâneos da formação de artistas de teatro.
Em “A cena expandida: alguns pressupostos para o teatro do século XXI”, Gabriela Lírio Gurgel Monteiro problematiza a formação em teatro tendo em vista a expansão dos limites da cena teatral, suas bordas e inscrições, à procura de um delineamento para uma cena que tem como pressuposto o campo ampliado. Nesse questionamento, a autora toma o teatro como foco da proposição, mas fricciona a prática com conceitos do cinema, da literatura e das artes visuais.
O texto de Celina Sodré, intitulado “A autoexposição impiedosa”, se desenvolve através de uma narrativa pessoal a respeito de modos e abordagens da questão da formação de atores e atrizes a partir do conhecimento das obras de Constantin Stanislavski e Jerzy Grotowski.
Sobre questões da encenação, temos pontos de vista diversos, de artistas de diferentes cidades do Brasil. Em “A construção do espetáculo na cidade: Dom Quixote e a busca de comunidades transitórias”, André Carreira, que vive e trabalha em Florianópolis, apresenta o processo de criação do seu espetáculo Das saborosas aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu fiel escudeiro Sancho Pança, com o grupo goiano Teatro que Roda, refletindo sobre procedimentos de criação de um teatro de invasão do espaço urbano, considerando a noção da cidade como dramaturgia.
“Roteiro de uma fala” é um texto-performance de Marcio Abreu, o resíduo de uma fala elaborada para um contexto presencial e articulada com a memória do seu pensamento sobre o teatro. Ele parte da afirmação de Jacques Rancière de que “a imagem na arte não é uma exclusividade do visível”, propondo reflexões críticas sobre presença, escuta e relação numa abordagem transversal dos seus processos recentes de criação – a maior parte, com a Companhia Brasileira de Teatro, de Curitiba.
Em “Espreitar e encenar: Recusa, um caminho do desconhecido para o desconhecido”, Maria Thais partilha alguns dos pressupostos que nortearam a pesquisa realizada pela Cia. Teatro Balagan, que atua na capital paulista e que resultou no espetáculo Recusa, sob o ponto de vista da encenação.
Nos textos sobre dramaturgia, estão reunidos autores de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Em “Impossibilidades”, Alexandre Dal Farra aborda aspectos centrais da sua poética atual, a partir de questionamentos sobre a ideia de sujeito, da morte do sujeito, da crítica da ideologia na atualidade e dos caminhos do teatro político paulistano no século XXI. No ensaio intitulado “Caranguejo overdrive e os territórios da geoficção”, Pedro Kosovski analisa as referências teóricas e críticas que serviram para a criação da peça teatral Caranguejo overdrive. O texto articula a obra ficcional de Josué de Castro, Homens e caranguejos, o Manguebeat, movimento artístico concebido por Chico Science e demais artistas de Recife, e a construção do Canal do Mangue, projeto urbanístico que reformulou a paisagem do Centro do Rio de Janeiro, no século XIX. teatro filmado na história do teatro
Em “Dramaturgia: algumas reflexões em 2015”, Grace Passô, que optou por uma abordagem menos teórica (e não por isso menos reflexiva) para sua participação na mesa-redonda, investiga as opções e caminhos da linguagem de sua peça Vaga carne, um texto teatral em construção.
Para falar sobre a Mostra de Teatro Brasileiro Filmado, o artigo de Luiz Fernando Ramos, “A filmagem de espetáculos para além do registro histórico”, discute como o registro fílmico de espetáculos estabelece um território frágil, espremido entre a tradição fílmica, nascida do teatro, e a própria teatralidade, com sua especificidade ontológica irreversível de compromisso com o presente.
Edelcio Mostaço, no artigo “O balcão, sonho e utopia em Victor Garcia”, enfoca a realização cênica da montagem de O balcão, de Jean Genet, que estreou no Brasil em 1969, numa produção da atriz e empresária Ruth Escobar.
Em “A experiência do risco no corpo-palavra: Artaud! em cena”, Leonardo Munk se propõe a contextualizar e analisar Artaud!, a antológica peça encenada no Teatro Ipanema na década de 1980, dirigida por Ivan de Albuquerque e interpretada por Rubens Corrêa.
O artigo intitulado “Macunaíma: transição e continuidade na trajetória de Antunes Filho”, de Daniel Schenker, aborda a encenação de Macunaíma como um momento de importante transição na carreira de Antunes Filho, marcando seu afastamento do teatro de mercado (em que também desenvolvia pesquisa cênica) para aderir ao teatro de grupo, à investigação coletiva e à verticalização do processo de formação do ator.
Em “O ensaio como discurso cênico (a Cia. dos Atores de A Bao A Qu)”, Fabio Cordeiro enfatiza a presença de traços ensaísticos na estrutura formal de A Bao A Qu (um lance de dados), realização que marca o período de formação da Cia. dos Atores e sua trajetória posterior.
Angela Leite Lopes escreve sobre A mulher carioca aos 22 anos, espetáculo dirigido por Aderbal Freire Filho em 1990 e que marcou a reabertura do Teatro Gláucio Gill, no Rio de Janeiro. No artigo intitulado “Romance e cena”, ela faz uma reflexão sobre a palavra no teatro, bem como uma contraposição entre o papel do romance na definição da encenação por Antoine no final do século XIX e na concepção de Aderbal Freire Filho.
No artigo “Da vertigem: considerações sobre imagens do corpo e da vida”, José da Costa tem dois objetivos. O primeiro deles é refletir sobre as imagens do corpo e da vida nos espetáculos do Teatro da Vertigem e, em especial, em Apocalipse 1,11, encenado no ano 2000. O segundo objetivo do texto é associar algumas situações da vida cotidiana à peça, tentando compreender a relação entre o Teatro da Vertigem e a sociedade no tempo presente.
Di Logo
Partindo do minicurso “A arte da crítica”, Patrick Pessoa escreve um diálogo entre um crítico e um artista para levantar questões relevantes para a discussão sobre a função da crítica na atualidade, colocando em jogo, de certa forma e com voz pessoal, ideias e posicionamentos que norteiam o trabalho da Questão de Crítica desde a sua fundação em 2008.
Com essa reunião de pensamentos colocados no papel, procuramos deixar aos artistas, estudantes e amantes do teatro a memória daqueles dias de encontros tão produtivos, bem como um convite ao convívio presencial em uma próxima oportunidade.