Edição número 1638 8 de janeiro de 2013

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TRIBUNAINDEPENDENTE

AÍLTON VILLANOVA ailton.villanova@gmail.com

MACEIÓ - TERÇA-FEIRA, 8 DE JANEIRO DE 2013

CIDADES

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Sem coleta há semanas, Rio Largo vira um lixão Após 15 dias sem o serviço de limpeza, população se revolta e teme enchente ADAILSON CALHEIROS

ALANA BERTO REPÓRTER

O “Zé Pinguelo é a mãe!”

N

ascido no alto Sertão das Alagoas, o coroa José Clitório do Nascimento teve de viajar quilômetros e quilômetros desde Dois Riachos até Maceió, para tratar de sua aposentadoria. Naquela época esse tipo de assunto só podia ser resolvido na capital. Orientado por um vereador de sua cidade chamado Zezito, e de posse de um pedaço de papel com algumas anotações, ele foi bater no finado INPS, localizado na Praça dos Palmares. Lá, dirigiu-se ao setor específico, onde lhe exigiram mais “papéis”, incluindo aí uma tal de “Folha Corrida” da polícia. Mesmo aborrecido por ter que caminhar mais do que já caminhara, Clitório procurou uma delegacia de polícia no centro da cidade, onde foi recebido na base da gozação. Clitório entrou na repartição policial suando por todos os poros e exalando um cheiro de sovaco aloprado. No local já tinha um monte de gente aguardando a oportunidade de ser atendida. E chegando mais! Quando pintou a sua vez, o agente de serviço na recepção perguntou: - O que o senhor deseja? E o sertanejo: - Eu vim tirá um decumento chamado “fôia currida”, quié pra mode me apusentá. - O seu nome, por favor? - Zé Critóre... - Como é? - insistiu o policial com ar de riso. - Zé Critóre do Nascimento. Aí, o policial não conseguiu se segurar. Abriu na risada. Atrevido, o matuto não gostou de ser gozado e reagiu, na hora: espetou o dedo indicador no peito do policial e perguntou: - Duquié qui vosmicê tá rindo, com essa sua cara de rapariga? E o agente, sem parar de rir: - Zé Clitório? Isso é nome de gente, meu amigo? Rá, rá, ráááá... O matuto malcriou-se ainda mais: - E se num é nome de gente, duquié, intão? - Clitóris é o nome daquela pecinha que tem parte íntima da mulher, chamada pinguelo. O matuto invocou-se ainda mais: - Me arrespeite cabra safado! Vosmicê fique sabendo que pinguelo é a veínha sua mãe e toda a sua famía! E sabe duma côiza? Quero mais tirá essa merda de decumento, não. Pegue ele e enfie no rabo!

O suicida azulino O popular Açuceno Anilino andava todo pra baixo. Estava numa depressão filha da mãe. Um dia, seu problema agravou-se, ele subiu no elevado do Cepa e ameaçou se jogar no asfalto. Criou uma confusão danada! Até o trânsito parou na Avenida Fernandes Lima. Em menos de dez minutos o local estava isolado. Repórteres de jornal, de rádio e de televisão, cada um procurando o melhor ângulo para registrar o fato. Aí, chegaram as polícias militar e civil e os heróicos bombeiros. Um oficial desta última corporação, treinado em gerenciamento de crises, dirigiu-se ao Açuceno: - Meu amigo, não estrague a sua vida... E o cara: - Eu vou pular! Tô de saco cheio de tudo! - Vale a pena não, meu amigo - insistiu o oficial. - Vou pular! - E sua mulher? E seus filhos? Já pensou neles? - Graças a Deus não tenho mulher e nem filhos. - E seu emprego? - Que emprêgo? Tenho emprego, não! - Então, pense na sua mãe... - Minha mãe morreu! - Sou azulino. Sou CSA! - Então o que está esperando seu imbecil? Se joga de vez!

Aposta de contrários Numa churrascaria e bar de beira de estrada, lá pras bandas de Palmeira dos Índios, uma turma fazia a maior farra. Em dado momento, um caboco metido a esperto falou pra um matuto baixinho que se achava ao lado: - Ô Chiquinho, topa brincar de antônimo? - Que qui vosmicê falô? Brincá de “Ontôinhimo”? - É. Brincar de antônimo, sim. Antônimo é uma coisa contrária da outra. Por exemplo: alto e baixo, forte e fraco, entendeu? - Intindi. Intonce vamo brincá! Uquí vai valê? - Uma cerveja, certo? Eu começo. Começaram a brincadeira, e o espertalhão falou: - Gordo? E o baixinho: - Mágo! - Homem? - Mulé! - Preto? - Branco! E o espertalhão: - Verde? - Verde? Nada! Verde num tem ontôinhimo não! - Claro que tem! - Intonce isprica! - Maduro! - Arre égua! Perdi a pósta Vamo dinôvo, valendo ôtra celveja? - Pode começar! - Saúde? - Doença! - Muiádo (molhado)? - Seco! Aí, o matutinho provocou: - Agora tu vai si ferrá, seu fidaégua! Qué vê só? Fumo! - Não, não! Peraí! Fumo não tem antônimo! - Cráro qui tem, sim sinhô! - Então diz aí, qual o antônimo de fumo? - Vortêmo!

Estratégia pedregosa Dois bêbados caminhavam por uma rua deserta do bairro da Pitanguinha, quando deram de cara com um pé de manga, carregado do fruto. Começaram a jogar pedras, até que ficaram cansados, com a língua de fora. Um deles, o chamado Biguá, falou pro companheiro: - Ô Sindibaldo, já tem um tempão que estamos aqui jogando pedras e não derrubamos nenhuma manga! Vai procurar uma escada. Sindibaldo se mandou e depois de algum tempo voltou com uma escada. - Vamuvê agora! - disse. - Agora tu sobe pra ver se tem alguma manga madura. Sindibaldo subiu, apalpou a primeira e gritou para o colega: - Olha, Biguá, esta aqui está madura! - É mesmo? Então desce pra gente poder derrubá-la na pedrada!

município de Rio Largo está entregue às moscas, baratas e ratos, literalmente. Quem chega à cidade, se depara com uma quantidade enorme de lixo, que toma conta das ruas trazendo mau cheiro e revoltando à população. Nem o prédio onde foi instalada a prefeitura da cidade foi poupado e também virou depósito de sujeira. A população afirma que o lixo não é recolhido desde meados de dezembro e reza para que não caia uma chuva. “Se chover, vai complicar ainda mais”, disse o autônomo e morador da cidade, José Melo. O autônomo ainda contou que é morador do município há 32 anos e nunca se deparou com uma situação desta. “Eu pago IPTU caro, enquanto isso os políticos ganham bem. A situação está insuportável”. Ele ainda acrescentou que se pudesse recolhia todo lixo por conta própria. “Se eu tivesse ganhado o prêmio do Alagoas da Sorte, com dois mil reais eu retirava todo esse lixo. O pior de tudo é o silêncio do povo”, frisou. O serralheiro Daniel da Silva, que está convivendo com um depósito de lixo vizinho a sua residência, disse que não suporta o mau cheiro. “Tem quase um mês que

Lixo toma conta das ruas de toda a cidade, assim como mau cheiro, moscas, baratas e ratos

o lixo não é recolhido. Está aparecendo muita mosca, os bichos mortos estão apodrecendo aqui. É melhor jogar uma bomba para resolver o problema, já que ninguém resolve nada”, sugeriu. Para o morador Bruno Fernando, a situação é vergonhosa. A rua na qual ele trabalha foi tomada pelo lixo. “Desde o dia 25 de dezembro que pararam de coletar, mas a gente soube que a partir de amanhã [nesta terça-feira] será iniciado um

mutirão de limpeza e eu espero que seja verdade”. O vendedor Paulo Roberto destacou que qualquer chuva que cair poderá inundar a parte baixa da cidade. “Só espero que seja feita uma administração boa, pois a população de Rio Largo está sofrendo”, declarou o vendedor. Na Rua Getúlio Vargas, localizada no Centro da cidade, a situação é ainda mais alarmante. Os vendedores reclamam que por

conta do mau cheiro as vendas diminuíram. “Hoje chuviscou um pouco e isso amenizou o mau-cheiro, mas se chover muito pode ter outra enchente”, colocou a assistente administrativa Rosângela Mendonça, se referindo à enchente de 2010. Nem a frente do cemitério da cidade ficou livre dos entulhos, de um canto a outro do imóvel. Os moradores chegaram a queimar parte do lixo, mas não conseguiram resolver a situação.

MPE

Prefeitura diz que aguarda parecer Porém,z promotor alega que não interfere na administração municipal Percebendo a gravidade da situação de Rio Largo, a Tribuna Independente foi à procura do prefeito da cidade, Toninho Lins, eis que surgiu outro problema: os moradores do município, que possui cerca de 33.312 habitantes e um território de aproximadamente 306 km², não sabiam onde está localizada a prefeitura. Pedimos informação a um taxista que brincou: “A prefeitura infelizmente a cheia levou”. A reportagem pediu várias informações e cada pessoa questionada dava uma informação diferente. Após cerca de uma hora, conseguimos localizar o lo-

cal, que está funcionando temporariamente na Secretaria de Obras, e conversamos com o prefeito reeleito, Toninho Lins. Ele, por sua vez afirmou que já assumiu o cargo com o problema da coleta de lixo suspensa. Em junho de 2012, ele foi afastado do cargo por improbidade administrativa e quem assumiu neste período foi a então vice-prefeita Fátima Correia. Toninho Lins afirmou que quando recebeu a prefeitura foi informado de que existia um contrato com uma empresa de coleta de lixo que seria responsável pela limpeza da cidade até

o dia 31 de dezembro, no entanto do dia 20 a coleta de lixo foi suspensa. Ontem a secretária de Finanças, Luiza Beltrão, foi ao Ministério Público Estadual (MPE) pedir um Termo de Ajuste de Conduta para autorizar as contratações. O prefeito reeleito alegou que não tem como fazer nenhuma contratação e quer uma recomendação do MPE. “Queremos fazer tudo de forma legal”, emendou. Ele ainda contou que quando foi afastado, a prefeitura estava adimplente. “Hoje a prefeitura está inadimplente e a situação está difícil, pois nem como

colocar combustível nos veículos nós temos”. O prefeito frisou que não sabe como conduzir a situação se o MPE não ajudar. “Se isso acontecer, não sei o que vou fazer. Tenho rezado muito. Peço paciência ao povo de Rio Largo. Vou resolver a situação o mais breve possível”, adiantou. O promotor Jorge Bezerra disse que o assunto foi discutido com o Núcleo de Patrimônio Público. “A gente reconhece que a situação é grave, mas o MPE não tem como interferir. Esperamos que o prefeito tome as melhores decisões da forma legal”, pontuou. (A.B.)

NO SÁBADO

Pacientes são transferidos para o HU

Secretário municipal de saúde afirma que não há mais irregularidade Todos os pacientes com câncer que estavam internados no Hospital Geral do Estado (HGE) foram transferidos para o Hospital Universitário (HU). A informação foi confirmada pelo secretário municipal de Saúde, João Marcelo Lyra. A medida atendeu à solicitação da Defensoria Pública e os pacientes foram levados para o HU na manhã do último sábado (5). Segundo Lyra, a demanda da Defensoria foi atendida e a Secretaria Municipal de Saúde acompanhou a transferência de todos os pacientes. “Às 11 horas do sábado, todos já se encontravam no Hospital Universitário”, disse o secretário. Lyra afirmou também

ADAILSON CALHEIROS

Transferências foram feitas no sábado, após cobrança de defensor

que a Secretaria de Saúde agendará reuniões com representantes dos hospitais que realizam tratamento de câncer em Maceió. O objetivo é manter um canal aberto com essas unidades para que o aten-

dimento seja otimizado. “Vamos manter esse diálogo para que as pessoas que precisem do serviço tenham um melhor atendimento”, garantiu o secretário municipal de Saúde.

RECOMENDAÇÃO A Defensoria Pública de Alagoas, por meio do defensor Ricardo Melro, deu um prazo de 24 horas, na semana passada, para a transferência dos cerca de dez pacientes com câncer que estavam recebendo tratamento paliativo no HGE, mas que teriam de estar em uma das unidades que são referência no tratamento do câncer, credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no caso específico: o Hospital Universitário (HU) e a Santa Casa de Misericórdia de Maceió. O defensor deverá se reunir hoje com os secretários de Saúde Estadual e Municipal para discutir o problema, que é recorrente.


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