Edição número 3032 - 29 de novembro de 2017

Page 6

6

OPINIÃO

TRIBUNAINDEPENDENTE

MACEIÓ - QUARTA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 2017

Opinião

Consumo das famílias

A

Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), alcançou 80,2 pontos em novembro de 2017, o maior nível do indicador desde julho de 2015, quando estava em 81,8 pontos. Na comparação com outubro, o aumento foi de 3,0%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o índice também apresentou alta de 7,9%. Único subitem acima da zona de indiferença (100 pontos), com 108,8 pontos, o componente Emprego Atual aumentou 1,3% na comparação com o mês anterior. Em relação a novembro do ano passado, também houve melhora de 3,0%. O percentual de famílias que se sentem mais seguras em relação ao emprego atual é de 32,9%, ante 31,7% em outubro. A percepção das famílias sobre a Renda Atual obteve a maior variação mensal desde março (+2,7%). Na comparação com 2016, o

incremento foi de 4,8%. A preocupação das famílias em relação ao mercado de trabalho aparece no componente Perspectiva Profissional. Com 96,3 pontos, o subitem apresentou variação positiva de 3,3% na comparação mensal e queda de 2,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O componente Nível de Consumo Atual atingiu 56,1 pontos, um aumento de 2,9% na comparação com o mês anterior e de 14,7% ante novembro do ano passado. A Perspectiva de Consumo registrou aumento de 6,0% em relação ao mês anterior e, na comparação anual, houve alta de 21,7%. O item Momento para Duráveis apresentou incremento de 2,4% na comparação mensal. Em relação a 2016, o componente teve aumento de 17,4%. O item Acesso ao Crédito, com 73,9 pontos, registrou aumento de 2,9% na comparação mensal e de 10,5% em relação a novembro de 2016.

ÂNGELO CAVALCANTE Economista, cientista político e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Racismo como religião E essa da atriz Thaís Araújo de denunciar o racismo brasileiro em um evento realizado em São Paulo? Onde já se viu isso? A também atriz Marieta Severo entrou na onda e escancarou o racismo de todo o dia contra seu neto, Francisco Brown; o que, por sinal, já fora, tempos atrás, feito pelo seu ex -marido, o cantor e compositor Chico Buarque. Faz pouco tempo que o ator Bruno Gagliasso havia corajosamente “rasgado o verbo” contra o racismo desancado contra sua filha adotiva, uma criança negra e que, segundo o mesmo, deu novo rumo e sentido para sua vida. Algo em torno de trinta mil jovens negros são assassinados anualmente no Brasil. As policias, brigadas, guardas e batalhões do país os executam aos montes, em série, em escala industrial e com a nobre “certeza do dever cumprido”. Para essa épica e ininterrupta limpeza étnica são evidentemente, promovidos, recebem medalhas, patentes e ganhos salariais. E tudo na nossa cara, com nosso aval, benevolência e vistas grossas. Essa álgebra de sangue implica, vejamos, em algo como oitenta e dois assassinatos ao dia; ou quase quatro mortes por hora. Não é impressionante? Isso representa uma morte a cada quinze minutos.

Uau... Nem a Síria, Bagdá ou a Faixa de Gaza são tão eficazes. Que Estados Unidos que nada... Nós somos os mestres, os senhores da guerra do mundo! Nada se compara com o Brasil! Nada! E não vai parar! Não tem porquê parar; nada indica, aponta ou viceja que esse genocídio irá chegar a termo. É uma guerra de civilizações. É que matar gente negra dá dinheiro... Muito dinheiro! Garante poder, força, território e liderança. Gente negra mete medo; sua religiosidade milenar de fecunda interação com a natureza; que celebra a existência, a liberdade do ser e que tudo fascina, promove e exulta; que confere centro e unidade para o corpo e a mente entre danças, gingas e atabaques, não tem jeito, mobiliza todo o chauvinismo brasileiro, ergue titãs fascistas neste “patropi”; elege bancadas inteiras de senadores e deputados federais e que abertamente, bem sabemos, cerram fileiras contra negros, gays, feministas e a juventude. O racismo como definitiva instituição da própria fundação brasileira conforma formas políticas; produz ajuntamentos, unidade e gera discursos, evidentemente, de ódio, segregação e muita apartação. É bom recordar que muito do ódio ao Lula (a palavra é mesmo ódio!) é porque ele con-

seguiu incluir algumas minúsculas frações do povo negro nos propalados cursos de medicina, nas engenharias, nos concursos públicos e os afastou um pouco da senzala brasileira, ao fim, a principal arquitetura simbólica e societária do país. Uma das principais estrategias contra o genocídio afro -brasileiro seria investir em políticas públicas civilizacionais como moradia, acesso perene a saúde e a educação de qualidade, uma definitiva política de segurança alimentar para todas as pessoas, enfim, esse movimento de resgate do humano brasileiro como política de Estado e em operação, ao menos, por cinquenta anos, poderia, talvez, estancar a sangria aberta a bala, quem sabe pela fome, pelo desemprego ou pelo desespero puro e simples de nossa gente negra. Só não podemos esquecer do racismo nosso de cada dia! Essa religião nacional, sutil e potente que respiramos, comemos, lemos, vemos, assistimos, saboreamos, que nos faz, refaz e perfaz constantemente e que, definitivamente, não nos dispensa em instante algum. Ainda bem que temos William Waack, Merval Pereira, Ali Kamel e Marco Antonio Villa a nos lembrar de que “racismo não existe” nesta terra. Pura “invencice” de preto magoado. Ao trabalho!

ANTONIO ARNALDO CAMELO JAIR PIMENTEL

Médico aposentado

Jornalista, professor e escritor.

O latinista Assim se expressou Pontes de Miranda, ao referir-se ao Desembargador Mário Guimarães: “Pense-se em quem nunca praticou atos maus, que se entristecia quando outros os praticavam. Pense-se em quem julgou, julgando-se, no que sofreu e foi feliz nos julgamentos dentro e fora da justiça. Essa pessoa foi Mário Guimarães”. Essa sentença, proferida por um expoente do direito, alagoano, conhecido internacionalmente, levou-me a escrever, um pouco a respeito de um mestre, que conheci na minha adolescência, quando Diretor do Liceu Alagoano na década de sessenta, e que, na minha formação, muito me influenciou, Profº. Aloysio Americo Galvão. Austero, competente, de uma personalidade forte, um caráter ilibado, irretocável, pontualíssimo nos seus compromissos, inquestionável nas suas aulas e sentenças, que dedicou toda a sua vida ao magistério e a magistratura. No magistério, por concurso de provas, título e defesa de tese, foi nomeado Professor Catedrático de Língua Portuguesa do Colégio Estadual de Alagoas (1961), Professor Titular de Literatura Brasileira da Ufal(1957), Professor de Latim, Ufal (1971), Diretor Geral da Educação no Estado, membro dos Conselhos de Educação e Cultura

do Estado de Alagoas. Ministrou o 1º curso de Latim Forense promovido pela Associação Alagoana de Magistrado s – Almagis e o Curso de Latim Clássico, promovido pela Academia Alagoana de Letras. Como magistrado, foi Juiz de Direito do Poder Judiciário do Estado de Alagoas, fundador da Comarca de Cacimbinhas e Juiz Eleitoral também de Cacimbinhas e promovido a Juiz da Capital em 1995, onde concluiu sua carreira como magistrado. Quantas gerações ele influenciou! Que legado! Que história exemplar a ser seguida! A restauração do portal do Cemitério de São José, no Trapiche da Barra, com dígrafo em latim mortvis moritvris “A morada dos mortos”; a grade de proteção do obelisco em homenagem a D. Pedro II, na praça do mesmo nome, devem-se a esse intelectual de escol, que solicitou à Presidência da Fundação Municipal de Ação Cultural o restauro daqueles espaços históricos. Conta-se que, exatamente aquela praça, ao lado do obelisco, onde se encontra um banco de mármore, era o local favorito de encontro com a sua namorada, depois esposa, a Profª Maria Amélia Peixoto Patury Galvão (Memé), falecida em 25 de janeiro de 2009, para quem escreveu este poema: Linda, era muito

linda,/Era meiga e carinhosa,/Era doce e afetuosa,/Tinha cinturinha fina,/Alva pele de cetim,/De vozinha delicada,/Suave e toda feminil,/Sempre foi mais que perfeita,/Bem soube ser amantíssima,/ Bem soube ser amadíssima. Pai de Aloysio José, Therezita, Maria Amélia (Mely) e de Aloysio Filipe. É avô de Ana Amélia, Maria Tereza, Aluysinho, Marcinho, Arthur e Letícia. A ele deve-se o dígrafo da Academia Alagoana de Cultura: artes omnibus colendae“Todos devem conservar as artes”. Seus cartões natalinos, com as mensagens em latim: omnis mvnds laetetvr gavdio magno nascitvri anni “Alegre-se o mundo todo com o grande júbilo do ano que vai nascer”; vota nyncvpata ad annvm novvm “Votos especiais para o ano novo”, com fotos dos filhos e netos. Dele, a sentença: decorvm pvlchr vmqve officio fvngi“É honroso e belo cumprir o dever”. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (1971), Academia Alagoana de Letras (1995), Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro, ALANE - Núcleo de Alagoas (1998), da qual foi o seu 2º Presidente (1999 a 2002). Exemplo de esposo, pai, avô, magistrado, mestre com letras maiúsculas, exemplo de vida para todas as gerações, dr. Aloysio Américo Galvão.

O que querem de nós? Tudo, e a “preço de banana”. Assim é a exigência dos investidores estrangeiros na compra das poucas estatais que ainda restam no Brasil. E o presidente da República, vem atendendo o que os ingleses, americanos, chineses, japoneses, coreanos, franceses e outros, estão exigindo. Já começou com o Pré-Sal, a riqueza brasileira no fundo do mar, que gera petróleo e foi criado no governo anterior como subsidiária da Petrobras. Exigem menos impostos, em troca de empregos, mas já com a reforma trabalhista em vigor, além da previdenciária a ser aprovada facilmente pelo Congresso Nacional. É o puro neoliberalismo, onde a presença do Estado, é mínima da economia. Foi criado na década de 1980 pelos Estados Unidos da América e o Reino Unido, se espalhando pelo mundo, e chegando ao Brasil na década seguinte, através da privatização das mais rentáveis estatais: Telebras e Vale do Rio Doce. Chegou também o avanço da informática, substituindo o homem pela máquina em todos

Presidente José Paulo Gabriel dos Santos

INDEPENDENTE Rua da Praia, 134 - sala 303 - centro - Maceió Alagoas Endereço Comercial: Av. Menino Marcelo - 10.440 - Serraria Maceió - Alagoas - CEP: 57.083.410 CNPJ: 08.951.056/0001 - 33

Jorgraf UM PRODUTO:

Cooperativa de Produção e Trabalho dos jornalistas e gráficos do Estado de Alagoas

Diretor administrativo-financeiro Flávio Peixoto Editor geral Ricardo Castro ricardojcastro@yahoo.com

Diretora comercial Marilene Canuto

os setores. De lá paca cá, houve uma parada nesse sistema, com o investimento do governo na área social, criando os programas: Bolsa Família, Luz para Todos, Prouni Pronatec, criação de universidades e institutos federais, aumento real do salário mínimo e demais salários, via acordos com sindicatos, resultando no aumento do déficit público, mas em compensação crescia o Produto Interno Bruto e foi quitada a dívida com o FMI., Nem a crise econômica mundial de 2008, chegou a atingir o Brasil, que era a oitava economia do mundo. Com o golpe parlamentar de 2016, retirando a presidente eleita pelo povo, Dilma Rousseff e assumindo o vice Michel Temer, a situação se complicou. Ele adotou logo o corte de gastos públicos por 20 anos, aprovou seu projeto de terceirização dos serviços, a reforma trabalhista e provavelmente vai conseguir a aprovação da reforma previdenciária. Começou a privatização com a venda dos campos do Pré-Sal, chegando agora aos aeroportos, depois será a vez das

LOCALIDADE ALAGOAS

VENDA AVULSA DIAS ÚTES R$ 2,00

OUTROS ESTADOS R$ 3,00

LOCALIDADE ALAGOAS

ASSINATURAS SEMESTRAL R$ 300,00

OUTROS ESTADOS R$ 500,00

DOMINGO R$ 4,00 R$ 5,00

rodovias, ferrovias, Eletrobras suas geradoras e fornecedoreas de energia e a própria Casa da Moeda. Vem cortando o orçamento dos programas sociais, educação, saúde e segurança pública. A classe média, que tanto “bateu panelas” nas ruas, pedindo o fim da corrupção, exigindo que o Congresso Nacional tirasse a presidente eleita do poder, por ter praticado as chamadas “pedaladas” fiscais, conseguiu o que queria, e logo depois considerou que as tais pedaladas não eram crimes de responsabilidade, pois todos faziam o mesmo e o atual continua fazendo. Na verdade esse termo é aplicado a transferência de dinheiro de determinado setor público para outro, que depois retorna, com a arrecadação de impostos. Corrupção é o que se constatou através da Operação Lava Jato, com propinas recebidas por servidores publicos e de estatais, deputados, senadores, provocando um rombo milionário nos cofres públicos. Não tem como ainda ter esperança de dias melhores para o Brasil.

PABX: 82.3311.1338 COMERCIAL: 82.3311.1330 - 3311. 1331 REDAÇÃO: 82.3311.1328 - 3311.1329 CENTRAL DE ASSINANTE: 82.3311.1308

ANUAL R$ 600,00

comercial.tribunaindependente@gmail.com redação.tribunaindependente@gmail.com

R$ 1.000,00

OS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO REPRESENTANDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DESTE JORNAL.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.