Edição número 3031 - 28 de novembro de 2017

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CIDADES

TRIBUNAINDEPENDENTE

MACEIÓ - TERÇA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2017

“Universidade deve levar serviço à comunidade” Antropólogo e professor do Cesmac, Jorge Vieira destaca lançamento de núcleo voltado às questões indígenas e quilombolas

BRUNO MARTINS REPÓRTER

O

TH Entrevista desta semana teve como destaque o professor e pesquisador do campo da Antropologia, Jorge Vieira. Ele faz parte do corpo docente do Centro Universitário Cesmac e falou sobre o lançamento do Núcleo Acadêmico Afro e Indígena (Nafri) que ocorre hoje (28). O núcleo terá o objetivo de preparar os profissionais que estão sendo formados na instituição, das mais diversas áreas, para lidar com as questões das comunidades indígenas e quilombolas. Para o antropólogo, “a universidade que não pode ficar dentro de quatro paredes. O papel dela é produzir conhecimento e prestar o serviço à comunidade”, ressaltou o coordenador do Nafri. Ele considera o Nafri um marco na história de Alagoas. “Nós queremos formar profissionais de medicina, fisioterapia, veterinária, direito, de todas essas áreas, de todos os cursos do Cesmac preparados para o século vinte e um para enfrentar os grandes desafios de uma sociedade que não é monocultural, ao contrário, é uma sociedade pluriétnica e pluricultural”, destacou Jorge Vieira. O professor falou também de outros núcleos como

o de antropologia jurídica que após realização de pesquisas já rendeu o lançamento de um livro no qual é analisado o que foi realmente desenvolvido com relação ao que foi escrito na Constituição Federal de 1988 sobre as comunidades quilombolas e indígenas. “Vamos discutir quais são as demandas, qual a sua cosmovisão, quais são as suas potencialidades e a partir das necessidades dessas comunidades, com nosso conhecimento técnico especificamente de cada área, iremos desenvolver pesquisas e, a partir das pesquisas, procurar dar respostas dialogando com essas comunidades”, pontuou o antropólogo. Jorge Vieira declarou que existem 68 comunidades quilombolas certificadas em Alagoas e 12 povos indígenas. Para ele, o Nafri traz a oportunidade de certificar outras. “Nós queremos contribuir com esse processo de identificação dessas comunidades para que dentro desse processo histórico essas comunidades tenham efetivamente o nosso apoio, a nossa solidariedade, o nosso compromisso e assim a universidade não pode ficar dentro de quatro paredes. O papel da universidade é produzir conhecimento e prestar o serviço à comunidade”, frisou o acadêmico. O Nafri terá cinco profes-

RAFAEL SOARES

Jorge Vieira diz que Cesmac pretende formar profissionais de todas as áreas preparados para enfrentar os grandes desafios da sociedade

sores de dedicação exclusiva com carga horária para pesquisa. Eles contarão com uma sala com estrutura, estagiários remunerados, monitores, todos trabalhando na pesquisa e produção científica. CONSTITUIÇÃO Para o professor, a Constituição de 1988 trouxe avanços fundamentais. “É um marco que recepcionou de uma forma belíssima as reivindicações principalmente dos povos indígenas e muitas das reivindicações

do movimento negro no que diz respeito à garantia constitucional”, afirmou. Entretanto, a distância entre a lei e o cumprimento dela é bastante grande. “O problema é que há um fosso muito grande entre o que preconiza a lei e a prática. O artigo 67 diz que num prazo de cinco anos após a promulgação, em 1988, todos os territórios indígenas devem ser demarcados. Isso significa que em 1993 os territórios deveriam todos encontrarse demarcados. E isso não

aconteceu. E no caso dos quilombolas, a mesma coisa”, destacou o pesquisador. O processo de demarcação de terras, segundo Jorge Vieira, está paralisado. “À medida que o governo não demarca os territórios ele está efetivamente contribuindo com o processo de destruição das culturas dos quilombolas, da cultura dos povos indígenas”, falou o coordenador do Nafri. De acordo com Jorge, o Nafri vai produzir conhecimento em nível acadêmico

para socializar com a sociedade dialogando com as comunidades indígenas. “É um conhecimento que nós vamos pra campo efetivamente, dialogamos com as comunidades, trazemos a comunidade para dentro do Cesmac, vamos discutir com eles e devolvemos para a sociedade”, encerrou. A inauguração do Nafri ocorre hoje às 10h no campus 4 do Centro Universitária Cesmac, situado na Rua Ângelo Neto, no bairro do Farol.

Seleção

Comissão de Jornalistas pela igualdade racial - Cojira - AL Editado por Helciane Angélica

Coepir-AL

A

4ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (COEPIR) começou ontem e segue até às 17h dessa terça-feira, 28 de novembro, no Hotel Ponta Verde em Maceió. A ação é organizada pelo Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir-AL) em conjunto com a Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), e reunirá cerca 170 delegados e delegadas eleitos/as durante as nove etapas intermunicipais, que atingiu um público de 700 pessoas: quilombolas, indígenas, ciganos, capoeiristas, religiosos de matrizes africanas, ativistas do movimento social negro e gestores públicos. A palestra magna com o tema “Reconhecimento, Justiça, Desenvolvimento e Igualdade de Direitos” foi ministrada por Adeildo Araújo Leite, representante da sociedade civil no Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Para aprofundar as discussões nos grupos de trabalho e elaboração de propostas para a efetivação de políticas públicas, são quatro eixos temáticos na Conferência: 1. Do Reconhecimento dos Afrodescendentes e outras etnias – educação, relações étnico-raciais e políticas afirmativas, com a expositora Profa. Ligia Ferreira (Coordenadora do NEAB-UFAL); 2. Da Garantia de Justiça dos Afrodescendentes e outras Etnias – juventude negra, segurança pública e polícia – expositor: Prof. Carlos Martins (Sociólogo); 3. Do Desenvolvimento dos Afrodescendentes e outras etnias – política nacional de saúde e as questões étnico raciais – com a expositora Profa. Angela Brito (Pesquisadora e militante histórica do Movimento Negro); 4. Discriminação múltiplas ou agravada dos Afrodescendentes e outras etnias – gênero, sexualidade, saúde e violência – com a expositora Profa. Ana Pereira (Presidente do Instituto Feminista Jarede Viana). Também além das apresentações culturais: Dança Afro Guerreiros de Oyá Ojú Obá (São Miguel dos Campos), Grupo os Paradoxos, Nega Fulô (Teotônio Vilela) e Afoxé Obá Agodô (Maceió). Hoje à tarde, a partir das 14h, será o momento da plenária final para a aprovação das propostas, defesa das moções e eleição dos membros da delegação alagoana que participará da etapa nacional prevista para o mês de maio de 2018. Mais informações: (82) 3315-1791 (SupDHIR/SEMUDH) e 998091015 (Helcias Pereira – Presidente do Conepir).

Nafri Hoje (28) às 10h será inaugurado o Núcleo Acadêmico Afro Indígena (Nafri) no Centro Universitário Cesmac (Cesmac), no Campus IV Professor Elias Passos Tenório – antigo Colégio Guido – no bairro do Farol em Maceió. Coordenado pelo Professor Doutor Jorge Vieira, o objetivo do Nafri é promover a articulação da temática de relações ético-raciais no ambiente acadêmico, orientando no desenvolvimento de pesquisas e atividades de extensão, além de organizar encontros de reflexão e capacitação de servidores em educação para o conhecimento e valorização da história dos povos africanos, da cultura afro-brasileira e indígena e da diversidade na construção histórica e cultural do país.

Seminário O XIII Seminário Negritude e Resistência, o 3º encontro e 2ª Jornada Científica de Comunidades Quilombolas e Povos Tradicionais de Terreiro de Alagoas (Enconquite) ocorrerá nos dias 28, 29 e 30 de novembro na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) – Campus Arapiraca. As atividades têm como público alvo: comunidades quilombolas de espaço urbano e rural, religiosos/as de matriz africana, gestores/as nas esferas federal, estadual e municipal, profissionais da saúde, artistas, estudantes e professores/as. Serão discutidos os temas: “Questão Agrária: avanços e ameaças – análise de conjuntura da questão agrária e políticas territoriais”, “Cultura brasileira e educação: a oralidade nos Quilombos e nos Terreiros”, “Conhecendo nossa história: da África pré-colonial à contemporaneidade – concepções diaspóricas”, “Alagoas na rota do tráfico de africanos”, “Juventude, identidade negra e violência” e “Africanidades, Diáspora e identidade negra”; além de oficinas e apresentação de trabalhos.

Encontra-se aberta a seleção para negros e negras interessados em participar do Espetáculo “RAÇA NEGRA! MANIFESTO, RESISTÊNCIA E LUTA!” (foto). Trata-se de uma realização da Cia. De Teatro e Dança Afro Aiê Orum; produzido por Aie Orum Assessoria e Produção de Eventos Culturais e apoio da Diretoria de Teatro Estado de Alagoas (Diteal). Os/as interessados devem entrar em contato e deixar os dados: nome completo, RG e uma foto de perfil; além de participar das oficinas de preparação de elenco. Saiba mais: (82) 98815-0638 / 99957-7880. (Foto: Divulgação).

Mulheres mil O programa Mulheres Mil do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) encontra-se com inscrições gratuitas para o processo de seleção simplificado de bolsistas, na função de professor, nos cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC/MULHERES MIL/IFAL. As aulas serão ministradas no turno vespertino e ao todo serão contemplados 18 municípios alagoanos. São 274 vagas disponíveis, além de formação de cadastro de reserva e podem se candidatar profissionais internos ou externos da instituição, por meio do endereço eletrônico sispronatec.ifal.edu.br/selecao.

Cineclube O Cineclube Elegbá traz nessa quinta (30.11) às 15h, no auditório do Museu Théo Brandão (MTB), o filme “Chocolate” (2016) baseado em fatos da vida de Rafael Padilha, um ex-escravo negro que se destacou nos circos franceses durante a belle époque no final do século XIX. Com direção de Roschdy Zem, o longa mostra a parceria entre o negro Chocolat, palhaço de estilo sofredor, e o branco Footit, do tipo autoritário (foto). Nos palcos, eles buscavam entreter e alegrar o público através de humilhações e agressões feitas pelo palhaço branco com o negro. O cineclube integra os projetos do “Fórum Mestre Zumba – pensamentos afro-ameríndios” e acontece no MTB, na última quinta-feira dos meses letivos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Entrada gratuita! (Foto: Divulgação).

CURTAS § Chegamos à edição nº469 da Coluna Axé. Encaminhe suas sugestões de eventos e ações étnicorraciais para o email cojira.al@gmail.com. Acesse o nosso blog: http://cojira-al.blogspot.com.br/ . § Encerra no dia 30 de novembro a exposição fotográfica “É Coisa de Preto” na loja Leroy Merlin – localizada no bairro de Cruz das Almas – como forma de combate ao racismo e exalta a beleza negra. Trata-se de uma ação entre o Studio Maceió 40 Graus e do Maceió 40 graus: Jackson Kenedy, Igor Araújo e Flávio Cansanção com produção de Marcelo Freire. § No evento CasaCor no Parque Shopping no bairro de Cruz das Almas em Maceió dessa quinta-feira(30), terá a participação de Tamires Melo – conhecida por Assessora dos Cachos. A primeira especialista em cabelos cacheados/crespos/ondulados em Alagoas, ministrará às 17h a oficina Bate Cachos com dicas valiosas para os cuidados em casa. § Até o dia 13 de dezembro, na Aliança Francesa em Maceió, encontra-se com a exposição “Salve as Águas...” composta por fotografias de Cristiano Kriko. Prestigie!


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