Edição número 2403 - 24 de julho de 2015

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TRIBUNAINDEPENDENTE

AÍLTON VILLANOVA ailton.vilanova@gmail.com

MACEIÓ - SEXTA-FEIRA, 24 DE JULHO DE 2015

CIDADES

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Consumo de etanol sobe 57,9% em Alagoas Dados são da ANP e referem-se ao primeiro semestre de 2015 ADAILSON CALHEIROS

CARLOS AMARAL COLABORADOR

O O APRENDIZ DE NECROPSISTA

F

ilho de um humilde (porém decente) coveiro, o Niclaudinor Alexandre, aos 8 anos de idade, empolgou-se com a rotineira ocupação do pai, assim que o viu em plena atividade no Cemitério de São José, localizado no Trapiche da Barra. Seu Adrenalino, o genitor referenciado, o havia levado para que conhecesse como era o riscado num campo santo. - Tá vendo, meu filho, é pr’aqui que a gente vem, quando morre! E o menino, abismado: - É aqui que é o céu, pai? - Não, não, meu filho. Aqui é o cemitério! Dentro da cabeça do garoto o juízo deu uma reviravolta: - Ôxente, pai, essa história num tá certa, não! Lá na escola, a professora de religião todo dia ensina que, quando a gente morre vai para o céu, que fica lá no alto, bem pertinho da lua... onde mora o São Jorge! Sem condições e melhor conhecimento para contra-argumentar a teoria cristã instruída pela mestra do garoto, seu Adrenalino resolveu encerrar o papo com a seguinte ideia: - Olhe, meu filho, essa história de céu lá nos ares, pertinho da lua, só existe pra quem é santo, como São Jorge, entendeu? Pra nós, que moramos aqui na terra, o céu fica debaixo dos nossos pés. E não se fala mais nisso! Nesse dia, a fila de “de cujus” para sepultamento foi grande. A impressão que se teve, foi a de que todo mundo resolveu morrer na véspera para ser enterrado, justo, naquela data. Feliz e contente, o garotinho Niclaudinor ajudou o pai no seu mister, até cair, esgotado pelo cansaço. A partir daí, toda folguinha de que dispunha, olha ele no cemitério, de pá e enxada na mão, dando uma de auxiliar de coveiro! Garoto esperto, trabalhador, ele despertou a atenção de um determinado dono de funerária, o José Osply de Carvalho, que lhe propôs um emprego de higienizador de defunto. - E como é que é esse babado, seu Osply? O funéreo empresário explicou: - É simples, meu garoto... Você só terá que passar uma esponja com água no defunto, antes do meu pessoal especializado começar a vestí-lo. Quando for o caso de uma defunta, você aplica um perfumezinho... Niclaudinor topou a parada, na hora. Até por que a grana era melhorada e ele não teria mais que estar esburacando o chão para enterrar cadáver. O pai alegrou-se com a ascensão do filho e já previa para ele um futuro promissor no ramo defuntístico. Não é segredo para ninguém – muito menos para a polícia, para o MP e para a Justiça -, que na grande maioria das funerárias, ocorre a prática espúria, condenável, ilegal, de injetar formol em corpo humano morto, crime previsto em lei (violação de cadáveres) e aquela de propriedade do José Osply não fugia à regra. Ele próprio se encarregava de praticar o crime, porque sempre soube que não dava em nada. Quando completou 18 anos de idade, Niclaudinor já estava enfronhando em todas as atividades legais e ilegais da Funerária “Vai com Deus”. Numa determinada tarde de sábado, encontrando-se em gozo de merecida folga, o jovem mancebo participava de uma farra no bar do Pedrão, localizado na Brejal, quando pintou na porta do referido um negrão montado numa bicicleta e a ele se dirigiu: - Niclaudinor, seu Osply mandou chama-lo com urgência...! - O que é que ele quer? Tô de folga, meu! - Ele mandou chama-lo para aplicar formol num defunto... - E por que ele não aplica? O negrão esclareceu: - É que ele tava trocando uma lâmpada, caiu da escada e quebrou os dois braços... Só essa besteirinha! É mole ou quer mais? E o Niclaudinor, já biritado e cheio de má vontade: - Eu vou, mas quero ganhar hora “extra”. Vá na frente que eu chego já! Não demorou muito, eis que lá chegou o solicitado funcionário, mais bêbado do que gambá. Na sala onde se praticavam os delitos, jaziam sobre respectivas mesas, dois sujeitos. Um deles estava vivo. Era o motorista do carro que havia trazido do interior, um defunto para submeter-se ao processo espúrio de formolização. Cansado da longa viagem do interior à capital, o tal motorista espichou-se na mesa ao lado onde fora colocado o morto, para “tirar um cochilo”. E que cochilo foi esse, que agarrou o sono. Niclaudinor embocou na sala dos defuntos e o primeiro que achou com cara do respectivo, foi logo arrancando suas roupas. O cara acordou assustado: - Êpa! O que é isso, meu chapa? Tá despindo por quê? E o Niclaudinor: - Cala a boca, porra! Você veio aqui para receber formol. Mas eu vou mais adiante... Vou fazer aquilo que sempre sonhei: a minha primeira necropsia! - O quêêê? O morto é esse aí do lado, rapaz! Eu sou apenas o motorista! - Não interessa! Fique quietinho, que agora vou lhe abrir, para saber do que você morreu! Não se mexa! O suposto morto abriu no berreiro: - Socoooorrrooo! Estão querendo me mataaarrr! O motorista ainda chegou a receber o primeiro corte no bucho. O segundo não houve tempo de ser aplicado, porque a sala foi invadida por um monte de soldados da Rádio Patrulha, cada um mais invocado que o outro. O pau que eles deram no Niclaudinor, não se dá nem num rinoceronte.

consumo de etanol hidratado – álcool combustível – aumentou 57,9% em Alagoas no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2014. Em nível nacional, esse aumento foi de 38,3%. Foram 16.595 barris consumidos em junho de 2015 no estado contra 9.094 no mesmo mês do ano passado. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombústiveis (ANP) e os percentuais se referem ao acumulado no ano e os números inteiros ao mês de referência. A autarquia ressalta que eles ainda são preliminares e podem sofrer alterações. Um barril de petróleo estadunidense, padrão mais usado internacionalmente, possui cerca de 160 litros. Em relação à gasolina, o saldo semestral de consumo em 2015 deu negativo em 0,2% no estado e 5% no país. Contudo, o consumo local aumentou se comparados os meses de maio (-0,4%) e junho deste ano. O consumo em barris em Alagoas foi de 175.697 no último mês de junho contra 173.263 do mesmo mês em

Em junho deste ano, foram consumidos 16.595 barris de etanol contra 9.094 no mesmo mês do ano passado

2014. Já o consumo de óleo diesel caiu em 2,5% no Brasil e 1,2% em Alagoas neste semestre. A quantidade de barris comercializados no estado no mês de junho de 2015 foi de 171.202 contra 171.503 do mesmo mês do ano anterior. Segundo a

ANP, o consumo de gasolina diminuiu no país devido à concorrência com o etanol hidratado. PRODUÇÃO Dados do sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar) apontam que, de janeiro até o dia 15

de junho deste ano, o estado produziu 185.531 metros cúbicos de etanol hidratado. Cada metro cúbico equivale a mil litros, portanto, foram produzidos mais de um milhão e cem mil barris do combustível, tendo por base o barril de petróleo estadunidense.

PREÇO

Usar gasolina é mais compensatório Para valer a pena, o etanol precisa ser pelo menos 30% mais barato Hoje em dia, os carros saem da fábrica com motor flex. Isso quer dizer que eles aceitam tanto a gasolina quanto o etanol hidratado como combustível. A equipe da Tribuna Independente conversou com alguns consumidores e a maioria deles afirmou preferir a gasolina ao etanol. O principal motivo é o custo benefício diante dos preços cobrados nos postos, mesmo com o atrativo de o biocombustível ser menos poluente. Como o desempenho por litro de um veículo movido a etanol é 30% menor do que o movido à gasolina, portanto, utilizar o combustível derivado da cana-de-açúcar só compensa financeiramente se a diferença de preço for pelo menos a mesma do desempenho. O preço médio da gasolina em Alagoas é R$ 3,35 e do etanol hidratado é de R$ 2,50. Para fazer essa conta basta multiplicar o valor da gasolina por 0,7. Se o resultado for maior que preço do litro de etanol vale à pena

ACERVO PESSOAL

Questão econômica pesa mais na escolha de Mara Almeida por gasolina

abastecer com o biocombustível. Se for menor, vale a pena abastecer com gasolina. Para Valdivam Raimundo, a relação entre os preços é o fator determinante para sua preferência pela gasolina. Ele reconhece o fator poluente favorável ao etanol, mas questão econômica

pesa mais em sua escolha. “Não consigo encontrar nenhum posto com uma diferença que compense, que pela média do que se cobra em Alagoas é de um real. Por isso não uso álcool no meu carro. No fim do mês fica muito pesado”, comenta. O mesmo raciocínio tem

Mara Almeida. Com as contas na ponta da língua, ela destaca a que seu carro fica com menos potência. “Por exemplo, se eu abasteço R$ 50,00 de álcool, no máximo, no meu carro, dura quatro dias. Se eu abasteço o mesmo valor de gasolina, rende por até seis dias. E sinto que o carro com gasolina é muito mais potente”. Também tem quem só utiliza o etanol como combustível, mesmo a relação financeira não sendo compensatória, mas devido ao fato de ele ser menos poluente. É o caso de Sebastião Rocha. “Eu só abasteço com álcool, sempre. Mesmo a diferença de preço sendo contra mim, mas o combustível é a favor da natureza. O que vale é pensar que o CO2 que ele libera veio e vai para a cana-de-açúcar, ou outras plantas. Eu vivo no ambiente, por mais que algumas vezes eu me esqueça disto. Antes eu não pensava nisso, mas percebi que sou parte dele [meio ambiente]”, afirma. (C.A.)

USO

Etanol por muito tempo prejudica motor

DE SALTO? IMPOSSÍVEL!

Combustível possui baixo índice de lubricidade, mesmo tendo 7% de água

Por insistência da dedicada e cuidadosa genitora, o Nivaldinho, rapaz delicadíssimo, superfino, foi consultar-se com o dr. Gamaliel, famoso psicanalista. O esculápio o examinou percucientemente e, ao final, indagou: - O que o levou a fazer a opção pelo homossexualismo, rapaz? E ele, revirando os olhos e torcendo as mãos: - Não foi opção minha, doutor! Fui colocado nessa vida à força! Eu tinha uns dez anos, estava brincando inocentemente quando o Fred, meu primo mais velho, me agarrou por trás e abusou de mim! Uma violência i-no-mi-ná-vel, doutor! - Mas você não tentou escapar? Não dava pra sair correndo? - Dava nada, doutor! De salto alto e saia justa, como eu poderia...?

Ao contrário do que algumas pessoas acreditam, utilizar o etanol não ajuda a limpar o motor. Inclusive, seu uso prolongado parece causar efeito contrário. Mesmo o combustível tendo até 7% de água em sua composição no Brasil. O etanol hidratado possui baixo índice de lubricidade, o que prejudica al-

gumas peças importantes para o funcionamento do motor, como válvulas, guias e anéis de segmento, fazendo com que elas trabalham com nível de atrito um pouco maior. A durabilidade pode ser 15% menor do que um motor que só utiliza gasolina. Ainda por cima, o óleo do motor pode se contaminar com pequenas gotas de

água, principalmente os que rodam por curtos trajetos, durante a fase de aquecimento. Contudo, a gasolina também precisa de cuidados. Ela faz o motor funcionar a combustão e resíduos sólidos podem se acumular no motor, causando vedação nas transmissões de combustível.

Vale ressaltar que ambos os combustíveis possuem versões aditivadas e que elas ajudam na manutenção do motor, mesmo o etanol. Essa versão possui componentes que garantem a lubricidade. Porém, ela não está disponível na maioria dos postos de combustível de Alagoas. (C.A.)


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