Edição número 3164 – 13 de junho de 2018

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BRASIL

Bolsonaro defende esterilização de pobres Presidenciável disse estudar um planejamento familiar que limite número de filhos

O

presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) apresentou projetos e defendeu em discursos nas últimas décadas a esterilização dos pobres como meio de combater a criminalidade e a miséria. No último dia 23, ele afirmou na marcha dos prefeitos a Brasília que estuda colocar no seu plano de governo uma proposta de planejamento familiar, mas não a detalhou. “Não estou autorizado a falar isso, que botei na mesa, mas eu gostaria que o Brasil tivesse um programa de planejamento familiar. Um homem e uma mulher com educação dificilmente vão querer ter um filho a mais para engordar um programa social.” Nas dezenas de discursos que ele proferiu sobre o assunto, na Câmara, nos últimos 25 anos, defendeu a adoção pelo Estado de um rígido programa de controle de natalidade, com foco nos pobres. Segundo o pensamento que manifestou nesse período, seria o caminho para a redução da criminalidade e da miséria. No passado, Bolsonaro manifestou que programas como Bolsa Escola e Bolsa Família serviriam apenas para incentivar os pobres a ter mais filhos e, com isso, aumentar a fatia que recebem de benefícios. “Só tem uma utilidade o pobre no nosso país: votar. Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso, para votar no governo que está aí. Só para isso e mais nada serve, então, essa nefasta política de bolsas do governo”, afirmou em novembro de 2013 no plenário da Câmara. Em 1992, seu terceiro ano como deputado, ele já falava sobre o tema. “Devemos adotar uma rígida política de controle da natalidade.

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MACEIÓ - ALAGOAS QUARTA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2018

WILSON DIAS / AGÊNCIA BRASIL

Nos últimos 25 anos de Câmara, o deputado Jair Bolsonaro defendeu controle rígido de natalidade

FALSA MORALISTA

PGR afirma que Cristiane Brasil integra uma organização criminosa A deputada federal Cristiane Brasil (PTB) está proibida de entrar no prédio do Ministério do Trabalho. Por decisão do ministro Luiz Edson Fachin, no âmbito da Registro Espúrio, ela também não pode manter contato com os demais investigados na ação da PF que mira fraudes na Secretaria de Relações do Trabalho da pasta. O gabinete e o apartamento funcional de Cristiane foram alvo de busca e apreensão ontem na segunda fase da operação da PF, autorizada pelo ministro Fachin. Segundo a ProcuradoriaGeral da República, indícios “de que a parlamentar integra a organização criminosa que atua no Ministério foram descobertos a partir da análise de telefones celulares de Renato Araújo Júnior, então servidor do Ministério do Trabalho, membro do núcleo administrativo da suposta organização criminosa, e o suplente de deputado federal Wilson Santiago Filho (PTB -PB). Segundo o pedido da PGR, foram encontradas trocas de mensagens entre a deputada e Araújo, que seria seu braço direito no MTE, “atuando em conformidade com os interesses desta no exercício da função pública”.

“Além de orientar o servidor em relação a como agir na análise de pedidos, há inclusive mensagens que tratam da cobrança de valores previamente combinados. Também foram mencionadas mensagens de texto que fazem referência a Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB e pai de Cristiane Brasil”, afirma a Procuradoria, por meio de nota. De acordo com relatório de análise telemática, o servidor da secretaria de Relações do Trabalho, que atendia a interesses de membros do PTB, disse a Wilson Filho que tinha “priorizado ao máximo o senhor, Deley e Cristiane Brasil”. O pedido do servidor Renato era que petebistas reforçassem o “protagonismo” dele na Secretaria de Relações do Trabalho. A sustentação dele vinha do apoio do partido, incluindo do presidente, Roberto Jefferson, pai da deputada. O delegado Leo Garrido, na ocasião, ao falar sobre Cristiane Brasil, Deley e o deputado estadual de São Paulo Campos Machado, todos petebistas, disse que “os indícios constantes nos autos ainda não são aptos a comprovar o envolvimento deles com a Orcrim (organização criminosa)”. ANTÔNIO AUGUSTO

FOGO AMIGO

Ministro da Cultura critica Temer por desviar dinheiro do ministério Após publicar às 13h de ontem no site do Ministério da Cultura (MinC) uma nota oficial em que classificou como “equivocada” a Medida Provisória (MP) 841, que transferiu recursos da Cultura para o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), e de ter anunciado que “trabalharia incansavelmente” no Congresso para modificar a MP, o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão divulgou uma segunda nota, na tarde de ontem. Nesta, ele sustenta não ter intenção de pedir demissão – como informou a Agência Brasil, após ouvir fontes do MinC. Na segunda nota, Sá Lei-

tão diz que vai trabalhar não mais contra a MP, mas “pelo projeto do MinC, que, inspirado na Lei Agnelo Piva, efetivamente destina os recursos de loterias federais que cabem à Cultura para projetos culturais, por meio de seleções públicas de alcance nacional”. Na segunda publicação, o MinC informou que a nota anterior trazia apenas uma “ressalva à eventual redução do volume de recursos disponíveis para a política pública de cultura e à incompreensão histórica, ainda presente em vários segmentos da sociedade, sobre o papel estratégico do setor cultural no combate

à criminalidade e à violência e na promoção do desenvolvimento econômico e social do país”. O ministro informa ainda que sua agenda no Rio nos dias 15, 16 e 18 está mantida e diz “reiterar seu respeito e apoio ao presidente Michel Temer e à política de segurança pública do governo federal”. As manifestações do Ministério da Cultura foram provocadas pela MP 841, que cria o Fundo Nacional de Segurança Pública, com recursos das loterias federais, assinada ontem pelo presidente Michel Temer e publicada ontem no Diário Oficial da União.

Cristiane Brasil ao votar contra a corrupção durante o impeachment


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