Edição número 3177 - 3 de julho de 2018

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CIDADES

MACEIÓ - ALAGOAS TERÇA-FEIRA, 3 DE JULHO DE 2018

União muda assistência a doente renal Ao TH Entrevista, presidente do Cremal Fernando Pedrosa comenta redução do atendimento para esses pacientes EVELLYN PIMENTEL REPÓRTER

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TH Entrevista desta semana recebeu o presidente do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa, para comentar a mudança no atendimento a pacientes renais em todo o país. Segundo o presidente, a Portaria Nº 1.675, publicada no dia 7 de junho, trará impactos negativos e coloca em risco a vida do paciente. “As pessoas que fazem terapia renal substitutiva, que são aquelas pessoas que têm insuficiência renal e precisam de um rim artificial, eles fazem a filtragem do sangue três vezes na semana... Essas pessoas ficam sob o acompanhamento de médicos, enfermeiros e auxiliares. E aí essa portaria compromete a assistência desses pacientes, que terão muito menos profissionais para cuidar deles no momento da hemodiálise”, aponta. Segundo Fernando Pedrosa, no modelo convencional cada médico atende 25 paciente durante o procedimento de hemodiálise, com a portaria, agora serão 50. “O grande risco é que quando a gente diminui a participação dos profissionais. O maior risco é a questão da infecção, o aparecimento de infecções, os cuidados com infecção e a possibilidade da ocorrência disso é muito grande e, se você passa a dar assistência a um maior número de pessoas, o trabalho de cada um vai ficar comprometido com certeza, e essas pessoas correm risco. O próprio procedimento, alguns pacientes que recebem medicamento podem ter reação e nesse caso o paciente fica exposto a um número menor de profissionais a dar

assistência, é uma sobrecarga. Um para 25 que era o modelo anterior, ele não aumentou um pouquinho não, ele dobrou a quantidade de pacientes por médico, o que dobra o risco de complicações, que já existe normalmente”, critica. O médico acrescenta que a situação clínica dos pacientes requer atenção redobrada, cada sessão dura de 3 a 4 horas e deve ser repetida três vezes por semana. Os cuidados devem obedecer a critérios que não comprometam ainda mais o estado de saúde. No entanto, a portaria fará o efeito inverso. “É uma situação já muito delicada, as pessoas que fazem hemodiálise já estão ali por anos a fio e que precisam de alguém próximo para assisti-lo, responder algum chamado. E isso vai comprometer. Vamos imaginar que apareçam dois pacientes que necessitem de uma intervenção imediata que pode ocorrer, a gente vai ter apenas um médico para atender”, ressalta. A portaria estabelece que os estabelecimentos de saúde habilitados para os procedimentos de terapia devem oferecer a proporção de uma equipe contendo um médico nefrologista, um enfermeiro e um técnico de enfermagem por turno para cada 50 pacientes. O que de acordo com o presidente da entidade é uma forma de reduzir também os custos. “O objetivo é baixar custo. É diminuir os valores colocando em risco as pessoas que fazem terapia, porque vão diminuir os médicos, os auxiliares... As equipes começaram a reivindicar um reajuste na tabela de pagamento do SUS e o que aconteceu, o governo não quer dar reajuste então vai diminuir o número de profissionais. Colocando em um risco maior os pacientes que estão lá”, explica.

REPRODUÇÃO

Fernando Pedrosa, do Cremal, diz que portaria coloca em risco a vida de pacientes; ela dobra quantidade de atendidos por um único médico

NOVO REDUTO DO SAMBA

O VALDICE GOMES – cojira.al@gmail.com

Dia do Axé!

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m dia especial para marcar o reconhecimento do povo africano e sua religiosidade. A Câmara Federal aprovou, por meio da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), no dia 20 de junho último, o Projeto de Lei 3551/15, do deputado Vicentinho (PT-SP), que institui o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, a ser comemorado, anualmente, no dia 30 de setembro. Segundo o autor da proposta, o Candomblé desembarcou no Brasil junto com as grandes levas de escravizados\das no século XVI. “Atualmente reconhecido como religião, o Candomblé foi bastante marginalizado num passado não muito distante. Inicialmente proibida e considerada como ato criminoso, a prática do Candomblé chegou a ser impedida por vários governos, sendo seus adeptos perseguidos e presos pela polícia”, destacou ao apresentar a proposta. Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a proposta busca “enfrentar a desigualdade no reconhecimento, pelo Poder Público, das religiões de matriz africana.” O Projeto de Lei foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em caráter conclusivo, e o próximo passo para se tornar Lei Nacional será a análise do Senado. A votação foi acompanhada por representações do Movimento Negro e das Religiões de Matrizes Africanas, sendo fundamental para a legitimação da instituição do Dia. A informação é da Agência Câmara de Notícias. Para o professor Nelson Inocêncio, do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UNB (Universidade de Brasília), a data comemorativa é significativa no sentido de dar visibilidade e relevância às religiões de matrizes africanas. Infelizmente, quem segue as religiões de matrizes africanas ainda sofre preconceito e intolerância. Por isso, esperamos que a criação da data seja uma forma de estimular a tolerância e o respeito entre as diferentes crenças. Também no mês de junho, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara realizou sessão especial para discutir a criação de políticas públicas para os povos de matriz africana. A deputada Érika Kokai (PT), que solicitou a audiência, disse que vai pedir uma sessão solene do Plenário, para lançar um projeto de criação de um marco legal sobre os terreiros, que funcionariam com centros de apoio às políticas para os povos de matriz africana. Axé!

EDITAL CULTURA AFRO A Prefeitura de Maceió, por meio da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), abriu edital para selecionar grupos culturais que se apresentarão em quatro eventos voltados às tradições afro-brasileiras. O edital contempla os já tradicionais Saurê Palmares, Festa das Águas e Xangô Rezado Alto, além do Ginga Capoeira, que acontecerá pela primeira vez. As inscrições seguem abertas até o dia 08 de agosto. O investimento nos quatro eventos será de mais de R$ 80 mil e contemplará 73 grupos culturais. As inscrições podem ser feita na sede da Fundação Municipal de Ação Cultural, na Avenida da Paz, no bairro de Jaraguá, das 8h às 14h. Mais informações e edital completo no endereço eletrônico da FMAC http://www.maceio.al.gov.br/2018/06/ prefeitura-lanca-edital-para-grupos-de-cultura-afro-brasileira/ .

NJINGA MBANDI

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stá disponível em português, para download gratuito a obra ‘Njinga Mbandi: Rainha do Ndongo e do Matamba’ (Foto), no endereço http://unesdoc.unesco. org/images/0023/002309/230931por.pdf . Trata-se de uma publicação digital sobre uma das lideranças mais expressivas que Angola já teve, um marco de governança feminina fora do comum, que se revelou como negociadora e diplomata ímpar, além de apresentar táticas de guerra e espionagem importantes para resistir aos projetos de colonização portuguesa. O e-book é uma produção da Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, publicado em 2014, por meio da Divisão das Sociedades do Conhecimento – Setor de Comunicação e Informação, com apoio da Divisão para a Igualdade de Gênero, com financiamento do Governo da República da Bulgária. Ao todo, são 56 páginas que, ao tratar da história da personagem principal, também faz conexões com a história de Angola e seus desafios, como o tráfico de escravizados (as), construção de identidade da população e como a figura e atitudes de Njinga inspiraram diversas religiões de origem africana.

MARCELO ALBUQUERQUE / CORTESIA

s sambistas de Maceió terão um novo espaço para se reunir e se manter atualizados de tudo que acontece no mundo do samba e suas vertentes. Nesta quarta-feira (04/07), a partir das 20h, será inaugurado o Samba do Galpão – o novo reduto do samba da Zona Sul de Maceió. O projeto está sob o comando de Igbonan Rocha & Samba de Nego, Grupo Cadência e KV Eventos. E para que a festa fique ainda mais bonita, a estreia conta com convidados especiais: Tanne Dely, Vânia Garcia, Rogerinho e Tuim Gandaia. O Galpão fica na Rua Formosa, nº 1.421 – Ponta Grossa. O ingresso custa R$ 5,00, por pessoa. Informações e reservas pelo telefone (82) 99921-0754 (Karine).

OFICINA PARA AFRO-EMPREENDEDORES A Rede Cenafro-Alagoas realizará, no dia 09 de julho, das 8h às 17h, a Oficina: Relacionamento Interpessoal, Liderança e Formação de Equipes para Afro-empreendedores Criativos. O encontro tem o objetivo de apresentar os principais conceitos sobre comportamentos nos ambientes de trabalho, com foco naquelas pessoas que buscam abrir seu próprio negócio e montar suas equipes. O mercado afro é um dos segmentos que mais cresce nos últimos tempos, fortalecendo a população negra. A oficina acontecerá no Sebrae-AL, que fica na Rua Mizael Domingues, Centro. As inscrições tem o valor de R$ 40,00 e podem ser feitas pelo link https://doity. com.br/relacionamento-interpessoal-lideranca-e-formacao-de-equipes-paraafroempreendedores-criativos#about .

MUSEU THEO BRANDÃO Depois de uma longa temporada sem exposições permanentes, o Museu Theo Brandão reabriu as salas para as visitações. As atividades no espaço trazem uma síntese representativa do povo alagoano, na qual estão presentes: a história, a herança cultural, os valores, as festas, a economia agrária, entre outros aspectos importantes da formação da identidade local. A exposição permanente ficará aberta de terça a sexta, das 9h às 17h. Escolas e grupos devem agendar a visita pelo telefone 3214-1713. O Museu Theo Brandão fica na Av. da Paz, 1490, Centro, Maceió – Alagoas.

CAMPANHA A jornalista alagoana Olívia de Cássia, diagnosticada com a doença de Machado-Joseph, que afeta os músculos e ainda não tem cura, realizou um estudo sobre os registros de histórias familiares e descobriu uma alta incidência de casos da doença. A pesquisa na árvore genealógica remonta mais de um século. Entre trisavós, primos distantes e pessoas mais próximas são mais de 80 casos da doença. Agora, a jornalista tenta lançar um livro onde conta sua história. Para isso, está em curso uma campanha de arrecadação com o objetivo de viabilizar o lançamento de sua autobiografia “Mosaicos do Tempo”. O livro está em fase de revisão, a capa está pronta e qualquer pessoa pode ajudar no financiamento, com R$ 20, R$ 50, R$ 100 ou valores superiores e, caso autorizem, terão o nome publicado como colaboradores no final do livro. Para contribuir com a campanha, basta entrar em contato com Olívia de Cássia (99653-1153) ou Odilon Rios (98871-0198).

CURTAS  Chegamos à edição nº 498 da Coluna Axé, uma publicação da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-AL), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas (Sindjornal). Nesta edição, contamos com a contribuição da jornalista Luíla de Paula. Encaminhe sugestões de notas sobre eventos e ações étnico-raciais para o e-mail cojira.al@ gmail.com. Acesse o nosso blog: http://cojira-al.blogspot.com.br/ .  Diante das reformas na Educação, o Curso de História da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) fará uma discussão sobre o ensino da disciplina. O 1º Seminário de Ensino de História de Alagoas será realizado nos dias 19 e 20 de julho dentro da 70° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Com o tema Diálogos, experiências e práticas pedagógicas de uma disciplina “sob suspeita”, fomentará debates e reflexões acerca das interfaces do ensino da História na educação básica no estado de Alagoas, em tempos de reestruturação do ensino médio e currículo do ensino básico.  A aplicação da Lei 10. 639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, merece destaque na discussão. A programação do evento será extensa, nos horários entre 13h e 22h, e conta com mesas-redondas que farão a discussão sobre a formação e atuação do professor e das práticas pedagógicas em sala de aula, além dos descaminhos da profissão docente no Estado.


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