Tribuna do Norte - 15/07/2011

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Sexta-feira | 15 de julho de 2011

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte |

[ VOO 4698 / CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 6 ] Antônia Fernanda Jalles completaria 46 anos no dia 25, data

[ DIPLOMACIA ]

escolhida por ela para o lançamento de um livro que escreveu. Projeto será tocado pelas amigas

Chávez fará tratamento de câncer no Brasil

Professora deixou livro pronto

ADRAIANO ABREU

MARCO CARVALHO Repórter

professor de história da rede estadual de ensino, Diógenes Carvalho Veras, cedeu às lágrimas apenas uma vez. O choro contido se soltou por dois segundos, quando abaixou a cabeça e levou a mão esquerda ao rosto. Falava sobre os projetos da mulher que estavam prestes a se concretizar. Voltou a se concentrar e com os olhos vermelhos contou a história da sua vida com a professora Antônia Fernanda Jalles, morta no acidente 4896 da empresa NoAr Linhas Aéreas. “Precisamos aprender a conviver com a dor, que nunca passará”, diz. A conversa com a TN ocorreu antes de receber a notícia sobre a identificação do corpo no Recife. O professor conta do começo do relacionamento, quando em março de 1990 a conheceu no disk-amizade – serviço que compartilhava ligações entre pessoas para entretenimento. “Ela disse que tinha gostado da minha voz e marcamos um encontro. Tudo teve início ai”. Ele não acredita que voltará a ver a mulher. “Isso que eu vou dizer, talvez você nem queira colocar aí. Mas acredito que não haja nada depois daqui (vida após a morte). Mas criamos a ilusão de um canto melhor depois da vida, senão o que estamos fazendo aqui?”, afirma ele, que é católico. O professor falou durante todo o tempo sem elevar a voz ou deixá-la falhar. Não se levantou do pequeno sofá no qual estava sentado e por vezes desviou o olhar para o vazio quando falava dos momentos felizes vividos com Fernanda Jalles. “Vivemos muita coisa boa e temos que deixar presente na nossa memória. Essa é uma nova etapa”. A conversa na sala, conduzida em um tom baixo, é cortada pelos gritos vindo dos cômodos da casa. Em meio ao choro contínuo de familiares, pouco se conseguia entender das frases ditas. Diógenes riu ao ver a foto da mulher em Paris. “Fui eu que tirei. Ficou boa?”, perguntou ao fotógrafo, do qual recebeu resposta positiva. Diógenes Carvalho confessou ter ciúmes de Fernanda quando as viagens se tornaram mais frequentes. Mas disse depois ter entendido o propósito, como professor que também é.

rasília (AE/ABr) - O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, aceitou a oferta da presidenta Dilma Rousseff para se tratar de um câncer “na região pélvica” em um hospital de São Paulo. O comunicado da aceitação foi feito ontem, em um encontro no Planalto que reuniu a presidenta Dilma; o chanceler venezuelano, Nicolas Maduro; o embaixador do país em Brasília, Maximilien Sánchez Arveláiz, e o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, ministro Marco Aurélio Garcia. A tendência é que o tratamento seja no hospital Sírio-Libanês. Maduro veio ao Brasil em viagem sigilosa, sem agenda oficial e sem anúncio do encontro no Planalto com Dilma. A presidenta havia feito a oferta logo que soube que Hugo Chávez, 56 anos, havia feito em Havana (Cuba), no mês passado, cirurgia de retirada de um tumor cancerígeno. O Grupo Estado apurou que o convencimento definitivo aconteceu em 5 de julho, quando, em Caracas, foi comemorado o bicentenário da independência da Venezuela. Na ocasião, estavam presentes os presidentes da Bolívia, Paraguai e Uruguai - respectivamente, Evo Morales, Fernando Lugo e José Mujica - e de, praticamente, todos os chanceleres latino-americanos. Após o fim do desfile, os três presidentes foram levados ao Palácio de Miraflores para um rápido encontro com Chávez. Ele agradeceu a presença dos três e fez uma saudação especial a Lugo, que se recuperou de câncer linfático após semanas de tratamento no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Lugo, relatou ao Grupo Estado um diplomata venezuelano, disse a Chávez que ele deveria aceitar a oferta da presidenta Dilma porque ele foi salvo pelos médicos do hospital brasileiro. No dia 10 de junho, Chávez se submeteu a uma cirurgia para a retirada de um tumor na região pélvica. Dias depois, ele confirmou o diagnóstico de câncer. Não há detalhes sobre que tipo de tumor o atinge. O tratamento seguido por Chávez inclui repouso, remédios e redução de atividades. Ele não mencionou quimioterapia. Enquanto estava em Havana, o venezuelano foi acompanhado por Fidel Castro.

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Diógenes mostra fotos de Fernanda Jalles: momentos de dor e angústia enquanto aguarda a liberação do corpo para sepultamento

Fernanda coordenava o programa pró-infantil do Ministério da Educação no Nordeste e era responsável por capacitar outros docentes para ensinar crianças do interior da região. As viagens ocorriam em média duas vezes por mês e já havia visitado de Fortaleza a Maceió, passando pelo interior da Paraíba e Pernambuco. No próximo dia 25, Fernanda completaria 46 anos de idade. A data, que cai numa segunda-feira, serviria para o lançamento de um livro da sua autoria, que já estava pronto. “As amigas agora estão se organizando para lançar o livro. Ela era muito querida na universidade e com certeza esse projeto será concretizado”, esclarece o marido. O que não se concretizará será o pós-doutorado marcado para outubro na Espanha. O curso forçaria a mudança da família e iria aliar os interesses de Diógenes, que está finalizando o doutorado no mesmo país. Os dois filhos do casal iriam juntos. Laura e Rodrigo, de 12 e 14 anos respectivamente, terão muito a superar para voltar a conviver normalmente. “Vou repartir a dor com eles. Os meninos têm que aprender que existem alegrias e tristezas. Vivemos muitas alegrias e também há momentos de dor”.

Empresa deve retomar voos nesta sexta-feira Recife (JC) - A Noar Linhas Aéreas informou ontem, através de nota oficial, que as atividades da companhia serão reiniciadas, de forma gradativa, a partir desta sexta-feira, com voos para o trecho Recife-Maceió. Com os voos desta quinta cancelados, a aeronave da companhia, um LET 410 - mesmo modelo do avião envolvido no acidente da quarta -, ficará em solo a fim de “atender eventuais solicitações de análises complementares por parte dos órgãos responsáveis pelas investigações”, informou a nota. No comunicado, a empresa também afirma que, durante o dia, representantes da seguradora se reúnem, individualmente, com os familiares de cada vítima, para que o processo de indenizações seja iniciado. Também ontem, a NoAr reforçou que pretende dar todo o suporte aos afetados pela tragédia. Aos parentes, a empresa continuará disponibilizando uma equipe multidisciplinar de psicólogos, médicos e assistentes so-

ciais por tempo indeterminado. Além disso, está disponibilizando para as famílias apoio relacionado aos serviços funerários, traslados terrestres e aéreos, bem como mobilizando os recursos necessários para que os procedimentos médico-legais sejam cumpridos de forma rápida.

Vivemos muita coisa boa e temos que deixar presente na nossa memória. Essa é uma nova etapa” DIÓGENES VERAS Marido de Fernanda

Aos passageiros que tiveram seus voos cancelados, a NoAr está disponibilizando carros e vans para o transporte via terrestre ou remanejando os interessados para outras companhias aéreas.

PROTESTO “Empresas aéreas deveriam estar preparadas para casos de acidentes.Deveriam saber o óbvio:se o avião sobe,pode cair”. O protesto é do professor Diógenes Carvalho.Para ele,a falta de comunicação e a angústia gerada por isso duplicam a dor sentida no momento da tragédia.“Não mostrei desespero,não gritei. Fui atrás dos meus direitos”. O professor casado com Fernanda Jalles, diz que os procedimentos precisam mudar.“Cobrei para que isso que ocorreu comigo não aconteça com outras famílias”. Ele reclamou das faltas de informações quando chegou ao guichê da empresa NoAr no aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim.A situação foi amenizada quando foi conduzido para Recife,onde ficou hospedado em um hotel.“Os diretores nos mostraram o processo de instauração de inquérito e o nome do delegado responsável por investigar o acidente.

[ BRASILEIRO SÉRIE A ] O Corinthians derrotou o Internacional por 1 a 0, jogando no Pacaembu em São Paulo e consolidou sua posição como primeiro colocado na competição nacional

[ LÍBIA ] Secretário-geral da aliança militar

Firme e forte na liderança

Otan nega acusações sobre mortes de civis

Corinthians encontrou no Internacional um adversário complicado, ontem, no Pacaembu, mas insistiu tanto que o derrotou por 1 a 0. O nome do jogo foi mais uma vez o atacante Willian, autor do único gol e agora artilheiro da equipe no Campeonato Brasileiro. Com o resultado, os comandados do técnico Tite, invictos na competição nacional, abrem seis pontos de diferença para o vice-líder Flamengo - ambos com nove jogos disputados. Já o Internacional permanece com 15 pontos conquistados em dez partidas, na sexta posição. O time alvinegro volta a campo na quarta-feira que vem, diante do Botafogo, em São Januário, e o colorado tem novo compromisso neste domingo, contra o São Paulo, no Beira-Rio. Os goleiros nem precisaram trabalhar tanto na primeira etapa, em virtude da ineficiência dos ataques. Quando foram acionados, o corintiano Julio Cesar e o colorado Muriel deram conta do recado. Nas outras poucas chances, eles foram beneficiados pelas desafinadas pontarias.

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Depois do intervalo, o Corinthians veio com tudo. O esforço em buscar mais uma vitória dentro de casa foi recompensado aos 32 minutos. Emerson foi acionado na pequena área e tirou a zaga com corta-luz. A bola sobrou para Paulinho rolar até Willian, que chutou cruzado, sem chance para Muriel, e fez seu quinto gol no Brasileiro. O Inter ainda tentou responder, mas o Corinthians mostrou o porquê de ser a defesa menos vazada e segurou o resultado.

RICARDO TRIDA/DIÁRIO DO DGE ABC/AE

INTERNACIONAL Julio Cesar;Welder (Wallace),Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos;Ralf, Paulinho e Alex; Willian (Edenílson), Jorge Henrique e Liedson (Emerson) Técnico:Tite

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Muriel;Nei (Gilberto), Bolívar,Juan e Kleber;Guiñazu, Bolatti,Oscar e D’Alessandro;Zé Roberto (Alex) e Leandro Damião Técnico:Paulo Roberto Falcão

Estádio: Pacaembu Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (Fifa-MG) Público: 35.158 pessoas Reenda: R$ 1.197.674,50

aia (AE) - O secretáriogeral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussem, rejeitou ontem as acusações feitas pelo governo de Muamar Kadafi de que mais de 1.100 civis foram mortos durante a campanha de bombardeios da aliança militar na Líbia. Ele afirmou que todo cuidado é tomado para evitar que civis sejam atingidos. “Eu recuso estas acusações”, declarou Rasmussen aos jornalistas em Haia, onde ele se reuniu com o primeiroministro holandês Mark Rutte, em sua primeira visita oficial à Holanda como secretário-geral da aliança militar. “Somos extremamente cuidadosos em identificar alvos militares e evitar que civis sejam atingidos”, disse Rasmussen, que declarou também que a campanha militar na Líbia vai continuar “pelo tempo necessário” para que o mandato da ONU seja cumprido. Mais cedo, o promotor-geral líbio Mohamed Zekri Mahjubi disse a jornalistas em Trípoli que co-

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FICHA TÉCNICA CORINTHIANS

rejeita acusações feitas pelo governo Kadafi

William acertou um belo chute, cruzado, e fez o gol da vitória

mo secretário-geral, Rasmussen “é responsável pelas ações de sua organização que atacou pessoas desarmadas, matando 1.108 civis e ferindo outros 4.537 em bombardeios a Trípoli e outras cidades e vilas”. Ontem, o governo líbio revogou a parceria estratégica com a petrolífera italiana ENI, a maior empresa estrangeira do setor que investe no país. De acordo com o primeiro-ministro Baghdadi Ali alMahmoudi, a medida é uma represália à participação italiana nos ataques da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao país. “O governo italiano precisa se esquecer completamente do petróleo líbio e de todos os acordos que assinamos no passado”, disse o chefe de governo. “A ENI terá de procurar outro lugar para fazer negócios.” De acordo com AlMahmoudi, o governo líbio procurará novas parcerias com empresas russas e chinesas. A ENI recusou-se a comentar o caso. As operações da companhia no país estão suspensas desde o começo do conflito, em fevereiro.


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