Tribuna do Norte - 09/05/2013

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Natal • Rio Grande do Norte Quinta-feira, 09 de maio de 2013

economia

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Inflação fica abaixo do teto da meta « PREÇOS » Dados divulgados pelo IBGE mostram que a inflação acumulada nos 12 meses, até abril, chegou a 6,49%, abaixo do limite de 6,5% fixado pelo Governo. O mercado ainda está, porém, em alerta ALEX REGIS

Economistas esperavam um alívio maior puxado pelos alimentos

« ESTOQUES »

Pecuaristas terão mais milho à disposição O Governo ampliou em 250 mil toneladas o volume que a Conab poderá comprar

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rasília - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi autorizada a adquirir até 550 mil toneladas de milho este ano. A medida, publicada ontem, no Diário Oficial da União (DOU), visa recompor estoques públicos para venda direta do produto a pequenos criadores de aves, suínos, bovinos, caprinos e ovinos de municípios da área de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que inclui também o norte do Espírito Santo e Minas Gerais. Na prática, a medida amplia em 250 mil toneladas o volume já autorizado em janeiro deste ano com a mesma finalidade. O volume de aquisições mensais será definido pelos representantes da câmara técnica do Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (Ciep). O Governo Federal também havia alterado em 2013 os limites de aquisição do cereal por

meio de venda em Balcão na área de atuação da Sudene. O objetivo é atender a um número maior de produtores e definiu dois limites mensais de compra por beneficiário: até três toneladas (ao preço de R$ 18,12 a saca de 60 kg) e, acima desse peso, até seis toneladas (R$ 21 a saca de 60 kg). Nesse último caso, o total era definido em até sete toneladas na normativa anterior, publicada em junho do ano passado. Outra mudança refere-se à exclusão da possibilidade de compras acima de sete toneladas até o limite de 14 toneladas ao valor de R$ 24,60 por saca de 60 kg. Apesar da alteração nas faixas de compra, todos os beneficiários que já estavam cadastrados na Conab continuarão a ser atendidos – mesmo os que estavam na faixa que foi excluída, mas dentro dos novos patamares.

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550 mil toneladas é o total que a Conab poderá comprar este ano para vender a pequenos criadores na área de atuação da Sudene.

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io (AE) - A inflação voltou a se situar abaixo do teto da meta fixada pelo governo - entre 4,5% e 6,5% -, acumulando alta de 6,49% nos 12 meses até abril. Para o mercado, no entanto, o Índice não agradou. “O elefante permanece solidamente na sala de estar, com a inflação flertando com o limite superior da meta”, avaliou o economista e sócio da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman. A alta de preços de abril, de 0,55%, superou a estimativa de 0,48% dos analistas entrevistados pelo serviço em tempo real da Agência Estado, o Broadcast. A maioria dos economistas esperava que os alimentos ajudassem mais a conter a inflação do que ocorreu de fato. Na passagem de março para abril, a inflação do grupo passou de 1,14% para 0,96%. “Esperávamos que o grupo cedesse mais por conta da dissipação do choque agrícola, ocorrido em

meados de 2012, e da desoneração da cesta básica, anunciada no final de março”, informou o economista-chefe do banco Bradesco, Octavio de Barros, em relatório. Em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que convocou coletiva para divulgar novas regras para a concessão de rodovias, esquivou-se de comentar o IPCA. O mercado de juros futuros reagiu com apostas de alta imediatamente após à divulgação do índice. Mas, no decorrer do dia, a curva foi invertida. O contrato de DI com vencimento em julho de 2013 marcou 7,43%, igual ao ajuste anterior.

Alimentos A notícia que mais provocou reação positiva do mercado na divulgação feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi a perspectiva de continuidade do processo de retração dos preços dos alimentos, comportamento já captado pelo Índice Ge-

ral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este indicador trouxe deflação de 5,43% dos preços agrícolas no atacado, em 2013. E a expectativa é que essa queda alcance gradativamente o varejo e seja refletida no IPCA dos meses seguintes. A inflação deverá perder força em decorrência da safra recorde deste ano e do fim do período de entressafra das hortaliças, frutas e legumes. Além disso, os remédios, item que, isoladamente, mais influenciou o IPCA em abril, não deverão surtir o mesmo efeito daqui para frente. Dessa vez, a alta de preços dos remédios, de 2,99%, refletiu o reajuste autorizado dos preços em 31 de março, de 2,70% a 6,31%. “A inflação de 0,55% em abril foi um dado efetivamente ruim. Mas as perspectivas são boas no curto prazo”, destacou o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal.

Muitos analistas apostam que o comportamento dos preços nos primeiros meses de 2013 não deverão influenciar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros. Ao definir a Selic, o governo terá como foco 2014 e não este ano, opinou o economista-chefe da corretora Concórdia, Flávio Combat. “A pré-campanha presidencial já foi iniciada e o que a oposição tem batido é exatamente num suposto descontrole dos preços”, destacou. Alessandro del Drago, economista-sênior da Área de Pesquisa Macro da Kinea Investimentos, diz que somente uma revisão completa da política econômica conseguiria fazer com que a inflação se aproximasse do centro da meta fixada pelo governo, de 4,5%. Segundo ele, seria necessário, em vez de concentrar esforços na Selic, enfrentar problemas estruturais, especialmente no mercado de trabalho.


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