Tribuna do Norte - 05/09/2012

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opinião

Quarta-feira | 05 de setembro de 2012

TICIANO DUARTE [ jornalista ]

Jornal de WM WODEN MADRUGA - woden@terra.com.br

O voo de Eduardo Campos

O

governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que esteve sábado em Mossoró participando da campanha eleitoral subindo no palanque da candidata Larissa Rosado, filiada ao seu partido, o PSB, da qual é presidente nacional, está no centro do cenário politico brasileiro. Um nome que terá muita influência na sucessão presidencial de 2014, podendo até ser candidato. Dia sim, dia não é notícia nas páginas políticas dos principais jornais do país. Referência para colunistas e articulistas. Aproveitando sua presença em Mossoró, Tribuna do Norte entrevistou o governador ( edição de ontem: “Eduardo Campos faz discurso de candidato”). Destaco algumas de suas declarações: “Este país precisa limpar a política e a gente só vai conseguir fazer isso se colocar no poder gente decente, gente séria, comprometida, generosa e que sabe fazer. Temos uma nova geração de políticos que sabe que, além de a gente falar, de propor, tem que saber fazer”. A coluna de Dora Kramer, das mais importantes analistas políticas da imprensa brasileira, na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo, é sobre o momento político que vive o governador de Pernambuco. Título: “Na cabeceira da pista”. Transcrevo-a por inteiro: - Gostar, o governador Eduardo Campos tem certeza absoluta de que o ex-presidente Lula não gostou de vê-lo lançar um candidato do PSB para tentar tirar da prefeitura de Recife das mãos do PT. Mas, daí a dizer que a disputa levou os dois à antessala do rompimento político, o governador de Pernambuco já acha que é um exagero proposital fomentado por uma geração de petistas – na sua maioria paulistas – aflitos com os efeitos da fadiga de material materializada na situação nada promissora dos candidatos do PT às prefeituras das capitais. - Das 26 onde haverá eleição (Brasílianão tem prefeito) as pesquisas indicam o PT com alguma folga na dianteira apenas em Goiânia. - No Recife perde o primeiro lugar para um candidato que Eduardo Campos tirou do zero, em São Paulo briga por uma vaga no segundo turno, em Minas fica distante do prefeito apoiado por Aécio Neves e, em dois dos cinco Estados que governa, Bahia e Sergipe, o PT é espectador da liderança do DEM nas respectivas capitais. - Eduardo Campos reconhece a si e ao seu partido (PSB) como um alvo preferencial dos petistas que, na opinião dele, “insuflam” Lula e tentam aprofundar uma cizânia que ao pernambucano não interessa no momento. No oficial, tanto ele quan-

to seus correligionários não perdem uma chance de dizer e repetir apoio “fechado” à reeleição da presidente Dilma Rousseff. - É uma posição de prudência. Coisa de quem não tem consciência da desproporção entre a estrutura do PSB e a, no dizer de um aliado do governador, “briga de cachorro grande” desde muito posta no horizonte entre PT e PSDB. Obviamente Campos não quer comprar confusão com Dilma nem com Lula, mas digamos que por ora manifeste mais simpatia pela presidente que pelo antecessor nas avaliações internas do PSB e nas conversas com petistas mais agastados com o alimento ao atrito originado na direção nacional, leia-se, São Paulo. - Por essas análises, o comando petista estaria levando o ex-presidente Lula a um acirramento que, a depender do desenrolar dos acontecimentos – vale dizer, do resultado das eleições, do curso da economia e da desconstrução ou reconstrução das relações entre PT e PSB – poderia levar o partido de Eduardo Campos a confirmar o que hoje é só uma hipótese. Ainda remota. - A frase síntese e intencionalmente enigmática foi dita recentemente pelo governador de Pernambuco numa roda restrita: “É preciso o PT ter muito juízo em relação ao que pretende fazer com o PSB, porque a depender disso pode haver movimentos pós-eleitorais que venham a ganhar força”. - Entre eles se inclui aproximação maior com forças de fora do campo governista. Para quê? Não se fala abertamente, mas subentendese uma mensagem relacionada à eleição presidencial de 2014. - Não necessariamente automática, mas indicativa do início de um processo de ocupação de um espaço aberto no esgotamento da dicotomia entre PT e PSDB a respeito do qual o eleitorado dá notícia por meio do desempenho de Celso Russomanno em São Paulo.

Sertões – IV O escritor Paulo Bezerra acaba de entregar ao designer Marcelo Mariz os originais do quarto volume de suas Cartas dos Sertões do Seridó para a feitura de projeto gráfico. O livro deve ser lançado ainda este ano. Tem prefácio de Sanderson Negreiros e orelhas de Car-

los Newton Júnior. O primeiro volume das cartas de Paulo Bezerra - Cartas dos Sertões do Seridó – foi publicado em 1999. O segundo, Outras Cartas dos Sertões do Seridó, saiu em 2004, e o terceiro, Novas Cartas dos Sertões do Seridó, em 2009.

SAÚDE O caos na saúde pública do Rio Grande do Norte foi mostrado ontem para o país inteiro através do Bom Dia Brasil, da Rede Globo. É dramática e trágica a situação do hospital Walfredo Gurgel, o maior pronto socorro do Estado. Gravíssimas as denúncias dos médicos.

Da Copa É o próprio Ministério dos Esportes que informa: “Metade dos estádios da Copa do Mundo de 2014 não alcançou 50% da execução das obras”. A pior situação é do Arena das Dunas, de Natal. Está na notícia da Reu-

ters: - O estádio Arena das Dunas, em Natal, é o que tem a pior situação. As obras começaram há apenas um ano e só neste mês será iniciada a montagem das arquibancadas.

ARTE A artista plástica Judith Pondof abre hoje à noite (19 horas) sua exposição “Vivenciando Parati” na galeria Conviv’art da UFRN. O curador é Vicente Vitoriano.

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Exemplo de cidadão e intelectual

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o ano de 2005 o Rio Grande do Norte perdia figura talentosa do jornalista Dorian Jorge Freire. Recordome que o vi pela primeira vez, no final dos anos 40, vindo de Mossoró, pelas mãos do seu amigo, Leonardo Bezerra. Era um moço com aspecto maduro, franzino, paletó e gravata, sempre segurando o guarda-chuva. Estava atuando, no Diário de Natal, na capital, centro mais avançado, mas, tão intelectualmente preparado quanto Mossoró, dois polos culturais explodindo vocações, inteligências que se projetaram com o tempo. O "Mossoroense" era o espaço dessas revelações, onde Dorian começara, pela mão do pai, Jorge Freire. Discípulo de Alceu Amoroso Lima, Tristão de Ataíde, com o qual trocara correspondência, confidências e opiniões. Alceu, um homem cordial, tolerante, compreensivo. Falava-se de sua humildade não farisaica, mas, de uma honestidade inigualável com a sua ideologia, no julgamento de erros e equívocos que por acaso cometera. Sem abrir mão de princípios e fidelidade às convicções. Um exemplo raro de intelectual e cidadão que influenciou a formação de Dorian Jorge freire.

O puro Dorian, arrebatado às vezes na defesa de seus ideais. Relembro Dorian, A crítica literária como jornalista, aguda e penetrante, intelectual, sob a armadura do homem de cristão que foi da espensamento, cola católica que pensempre fiel as sava na Igreja voltaideias que jamais da para o social, paabjurou. ra os pobres, para as Reencontrando-o, reformas e que anos na maçonaria, depois, heroicamenonde se integrou te iria combater os dina mais bela tadores de plantão. instituição No sul do país, na universal de grande imprensa, fraternidade Dorian revelou-se o humana” jornalista com sentimento de luta, de combate, de proselitismo aguerrido. Sua formação católica não impedia de aliarse a esquerda que desejava reformar o país, as estruturas arcaicas. Dos católicos mais progressistas que lutavam por uma Igreja não mais acomodada. Dos interesses e conveniências que se confundiam com os do poder tem-

poral ao qual servira. Dorian, o cronista de estilo requintado. A palavra tinha sabor, cor, lembrando Octávio Paz - magia, induzindo ao encantamento. Creio que outra figura que influenciou na formação de Dorian, foi o sergipano Jackson de Figueiredo, pensador polêmico, entrelaçado a então postura de Alceu. A minha geração de esquerda não era simpática a sua obra, nem a sua presença. Mas, hoje, reconheço o que esse escritor representou em certo período da vida intelectual brasileira. Ele que fora discípulo exaltado de Tobias Barreto, tornado-se católico fervoroso, depois das leituras de Pascal. Em verdade, a sua religiosidade não o levou a uma postura contemplativa em face da vida e do universo. Relembro Dorian, como jornalista, intelectual, homem de pensamento, sempre fiel as idéias que jamais abjurou. Reencontrando-o, na maçonaria, onde se integrou na mais bela instituição universal de fraternidade humana. Privei de sua irmandade, seu espírito extremamente fino. Amou com profundidade a terra comum, sua cidade, Mossoró, que elegeu como o universo de existência de todas as coisas que sonhou e construiu.

Brum - www.rabiscosdobrum.zip.net

Cartas Greve Lamentável o tempo de greve da importante instituição IFRN. Tenho um filho adolescente extremamente decepcionado e arrependido de ter saído de um colégio particular. Se submeteu a um exame super concorrido para ficar sem aulas durante todo esse tempo. Uma vergonha! Pseudo educadores... Alunos que terão férias diferentes dos demais colegas de outros colegas. Lamentável. Eduardo Viana – por e-mail

Posseiros

Uma palestra inesquecível

Em parte o senhor empresário tem razão. Existem muitos espertalhões se aproveitando da situação. Eles tomam posse dos terrenos só com a intenção de lucrar. Quanto aos trabalhadores que vivem de aluguel, estes precisam sim de casas próprias, mas isso deveria ser feito de outra maneira. O governo deveria se empenhar mais em construir casas populares para essas pessoas de baixa renda.

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Lixo (1)

LAURENCE BITTENCOURT [ jornalista ]

ecentemente tive o prazer de assistir uma palestra memorável aqui em Natal do historiador e professor da USP, Marcos Silva. Marcos, para quem não sabe, nasceu em Natal, no bairro do alecrim e ainda jovem foi aventurar vida em São Paulo. Como disse o também professor e historiador Claudio Galvão fazendo uma retrospectiva sobre a carreira de Marcos Silva, o mesmo foi para São Paulo “sem bilhete de figurão, sem indicação ou padrinho politico”. Foi levando na bagagem muita coragem, disposição de aprender, enfrentar a vida e vencer. Podia ter encerrado parodiando Júlio César: fui, vi e venci. Sim, porque Marcos não só venceu como hoje é sem dúvida um dos grandes nomes da historiografia brasileira. Marcos que estudou aqui em Natal no antigo colégio Sete de Setembro, onde hoje fica a Universidade Potiguar da Floriano Peixoto (ah, a nossa mania de dar nomes de ruas a “autoridades”), foi para São Paulo ainda jovem e lá fez graduação em História na USP, seguindo depois a carreira acadêmica ingressando no mestrado, depois o doutorado e por fim, a livre-docência. Sem padrinho, sem pistolão, sem “empurrãozinho”. A pessoa humana de Marcos é um caso a parte. Dono de uma gentileza no trato social, não padece de certas fraquezas como alguns dos nossos intelectuais que para ficar bem com certos grupos viram as costas, ou não apertam a mão como homens de pessoas que pensam diferente deles, e ainda, muitos desses, se dizem e querem se passar por democratas e “humanos”. Pode isso? Claro que pode, é isso que eles são e fazem. Uma vergonha. Como diria Nietzsche, certamente com o aval de Marcos Silva, “humano, demasiado humano”. Bom, de qualquer forma há nome apropriado para esse tipo de atitude. Mas e a palestra de Marcos? A palestra foi outro caso a parte. Uma aula na acepção exata e precisa do termo. Sem recorrer a um único papel, sem reClassificados: Redação Fax Venda Avulsa Assinatura Natal Reclamações Natal ASSINATURA Mensal (à vista) Semestral (à vista) Anual (à vista)

4006-6161 4006-6113 4006-6124 4006-6100 4006-6111 4006-6111 R$ 43,00 R$ 258,00 R$ 516,00

PREÇO DO EXEMPLAR Rio Grande do Norte 3ª a Sábado Domingo Outro Estado 3ª a Sábado Domingo

jofaz_@sapo.pt

correr a qualquer recurso desses modernos, Marcos brindou a plateia que esteFaz bem, e ve presente (a grande maiocomo faz bem, ria composta de alunos de ouvir alguém graduação) com uma aula preparado, sobre história, sobre metoeducado (nos dologia da história, sobre dois sentidos da história antiga, moderna, palavra),bom contemporânea, brasileira. caráter,sem Foi do Egito antigo, faestrelismos raônico aos dias atuais. Faoferecendo seus lou sobre o verdadeiro obconhecimentos jeto de estudo do historiaas novas dor, negando a ver apenas gerações" no passado este objeto. Explicando em linguagem clara como a História e o historiador devem estar abertos para as várias formas de linguagem humanas, todas passiveis de serem estudadas, pois representam marcas do humano, retratos da criatividade humana e como tal, interessando a todo e qualquer historiador. Marcos também discorreu sobre o seu percurso acadêmico. O ápice da apresentação em minha opinião. Falou do seu mestrado, da escolha do tema e da pesquisa. O seu mestrado foi sobre quadrinhos em Jornal, o que fez alguns professores (ah, esse tipo de atitude!) torcerem o nariz achando que aquele tema não era coisa para historiador e sim para comunicação social. Marcos provou que não, e que era sim, e é, coisa para Historiador também. Falou sobre o seu doutorado cujo tema foi sobre um dos personagens de Henfil, o chargista. Mostrou a relação de semelhança e diferenças entre o primeiro e o segundo. E ai deu um show sobre história brasileira contemporânea. Faz bem, e como faz bem, ouvir alguém preparado, educado (nos dois sentidos da palavra), bom caráter, sem estrelismos oferecendo seus conhecimentos às novas gerações. Parabéns Marcos Silva.

O Sr. diretor presidente da Urbana alega que as pessoas são responsáveis por deixarem o lixo que produzem à mostra. Aí até pode ser uma verdade, as pessoas produzem lixo, colocam-no na calçada e aguardam o seu recolhimento, esta é a ordem natural. No entanto, esta ordem "natural" não está se materializando pois o que se observa é a ausência da coleta. Vejam o caso no bairro de Satélite, terceira etapa. Desde quinta-feira, 30 de agosto, que o carro coletor não passa, as pessoas colocaram sua produção de lixo na calçada na quinta feira, o carro não passou, no sábado - dia 01/09, nova produção de lixo. profeudesgurgel@gmail.com

Lixo (2) A cidade está um lixo! Ontem mesmo passando pela av. Presidente Bandeira fiquei impressionado com as montanhas de lixo ali. Parece até que estamos viajando por um lugar abandonado ou destruído por uma guerra. Em frente as Lojas Saci e próximo ao Nordestão, é uma vergonha. Isso acontece por toda extensão da avenida. ferreirafneto@hotmail.com

FILIADO AO

R$ 1,50 R$ 2,50

FILIADO AO INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO

R$ 2,00 R$ 3,20

REPRESENTANTE NACIONAL – Pereira de Souza & Cia Ltda: Rio de Janeiro :(O21)2544-3070 – São Paulo:(011) 3259-6111

FILIADO À ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS

REDE CABUGI DE COMUNICAÇÃO TRIBUNA DO NORTE 4006-6100 Rádio Globo/Cabugi (AM) Natal 4006-6180 104 (FM) Parnamirim 3272-3737 Rádio Difusora de Mossoró (AM) 3316-3181/2181/3317-6167 Rádio Cabugi do Seridó (AM) J.do Seridó 3472-2759 Rádio Baixa Verde (AM)J.Câmara 3262-2498 Pereira de Souza(SP) 11/3259-6111 Pereira de Souza(RJ) 21/2544-3070


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