Tribuna do Norte - 23/05/2010

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» CLASSIFICADOS CIRCULAM HOJE COM 32 PÁGINAS E 5.263 ANÚNCIOS FUNDADOR: ALUÍZIO ALVES - 1921 - 2006

Ano 60 • Número 052 • Domingo,23 de maio de 2010

NOVOS DESAFIOS NA EDUCAÇÃO » PESQUISA Em meio ao novo

» PROPOSTA Com o novo Plano

ao ensino superior aumenta as chances de formação profissional e impulsiona a inclusão social de jovens potiguares.

cenário de possibilidades no setor, o Instituto Internacional de Neurociências de Natal é um exemplo bem-sucedido.

Nacional do MEC, educadores defendem uma lei de responsabilidade que cobre ações públicas na Educação.[ ESPECIAL 1 A 24 ]

SIMONE MARINHO

EDITORIAL

A MARCA DA QUALIDADE Ao dar início ao projeto “Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”,a Tribuna do Norte ampliou o compromisso de ser fonte de informações e geradora de conhecimentos para seus leitores.No último dia 17,esse compromisso foi revalidado na realização do sétimo seminário do projeto -“Educação”. O sucesso de público,que lotou o auditório da Casa da Indústria;a atualidade das palestras,focadas na análise do novo Plano Nacional de Educação que o MEC elabora para este ano;os debates com a participação do senador Cristovam Buarque e do reitor José Geraldo de Souza, da UnB;as experiências de interiorização do ensino superior e inclusão social relatadas pela UFRN,IFRN,UnP e Uern, comprovam o nível de excelência do evento e o acerto da proposta formulada pelo jornal e seus parceiros. “Motores do Desenvolvimento”é,desde já, uma marca na história do jornalismo moderno e do debate democrático e qualitativo sobre os desafios para o crescimento do Rio Grande do Norte.Uma marca construída pela parceria TN,RG Salamanca Investimentos, Sistemas Fiern e Fecomércio e o apoio dos nossos leitores e do público potiguar.

[ COPA 2014 ] Modelo econômico para a PPP fixa

AS NOVAS GAROTAS DA TV

contrapartida.Concessão do estádio será de 30 anos

Proposta para a Arena das Dunas inclui R$ 1,65 bi de contrapartida

Nova onda de programas dirigidos ao público feminino teen e estrelado por garotas revela talentos,como a mineira Lu Alone. [ REVISTA DA TV 6 E 7 ]

O modelo econômico para a Parceria Público Privada (PPP) que deverá construir a Arena das Dunas inclui uma contrapartida do governo estadual de R$ 72 milhões, nos primeiros 15 anos da concessão, como garantia de rentabilidade do empreendimento. Nos 15 anos restantes, o valor da garantia anual é de R$ 38,5 milhões, somando R$ 1,65 bilhões ao longo do contrato. Para a formação do fundo garantidor, Estado e Prefeitura de Natal estão ultimando, esta semana, a legalização dos terrenos do Machadão, do Centro Administativo e do Kartódromo. [ ESPORTES 2 ]

MOTORISTAS

ELIANA LIMA Micarla não mantém assessores sob rédeas curtas. [ NATAL 14 ]

PAULO COELHO Reencontro nas ruas de SP com a oração esquecida dos anos 80. [ TN FAMÍLIA 2 ]

JORNAL DE WM Paulo Balá dá conta de moradias e migrações no sertão de outrora. [ PÁGINA 2 ]

ELISA ELSIE

CRIMINALIDADE

Rigor nos cursos Mulheres estão não evita fraudes mais atuantes no na habilitação tráfico de drogas

EMANUEL AMARAL

EXEMPLAR DO ASSINANTE

» MERCADO A ampliação do acesso

Nem a ampliação das aulas e novas exigências às autoescolas - a mais recente é aula de direção à noite acabaram com as fraudes para tirar a carteira de habilitação. [ NATAL 7 E 8 ]

O crescimento de 219% no número de detentas em presídios locais, entre 2005 e 2009, reflete uma presença maior de mulheres no tráfico de drogas. [ NATAL 1 E 2 ]

ELEIÇÕES 2010

PRIMEIRO EMPREGO

PR de João Maia manterá aliança com PV e PMDB

Programa teria aplicação direta no futebol do RN

O deputado federal João Maia (PR) não pretende desistir da aliança com o PV e o PMDB. Para a vaga de suplente de Garibaldi, ele garante “não impôr nomes”. [ PÁGINA 3 ]

O empresário Bira Rocha sugere a aplicação do Primeiro Emprego nos clubes de futebol do RN. Proposta tiraria jovens da fila pelo trabalho. [ ESPORTES 1 ] KAMILO MARINHO

COMANCHES DOS ANDES

Vestidos como índios “comanches”,com quem dizem ter um intercâmbio cultural, músicos do grupo andino Yawar Huauqui, do Equador - 'Irmãos de Sangue' na língua quitua – têm lotado as calçadas do Centro de Natal,onde se apresentam. [ NATAL 5 ]

MARCELO ROSADO

FAMÍLIA

LOJISTAS FAZEM CONVENÇÃO EM MOSSORÓ,E O CLIMA GERAL É DE OTIMISMO

CURSO PARA FORMAÇÃO DE “RAINHAS DO LAR” COMPLETA 20 ANOS DE SUCESSO

[ ECONOMIA 5 ]

[ TN FAMÍLIA 1 E 3 ]

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opinião

Domingo | 23 de maio de 2010

JOSÉ SARNEY [ Escritor e Senador ]

Jornal de WM WODEN MADRUGA - woden@terra.com.br

Das casas e mudanças do Sertão

C

hega nova carta do doutor Paulo Bezerra, agora para contar como as famílias sertanejas migravam de um lugar para outro através da passagem do tempo. Nessa narrativa, o ilustre missivista vai debulhando com excelente memória e muita ciência como eram as moradias que abrigavam os fazendeiros e sitiantes daqueles tempos, e em particular, as casas onde viveu o menino Paulo Balá. É rica a descrição, abundante de detalhes, da arquitetura dessas casas, marca muito pessoal do excelente pesquisador que fala das coisas de sua terra e de sua gente, de um sertão que ainda resiste heroicamente ao tempo. Vejamos:

“Woden: Veja só como o mundo de hoje não tem “parença” como o de ontem. Desde quando meus pais casaram, estiveram de mudança muitas vezes. Primeiro, em 1914, para Serra Negra do Norte, quando meu pai aparece em retrato da banda de música do lugar, com o seu contrabaixo. Lá viveu pouco. De volta ao Acari, fixouse na Malhada do Cordeiro, terra do meu avô, em casa pobre. Daí, plantando algodão e criando gado, foi adquirindo um bem aqui outro bem acolá, para onde se muda em dias de precisão. Precisão de levantar açude, abrir cacimba, fazer cerca, botar roçado, tratar do gado, tirar leite, fazer queijo. Da enfieira de 10 filhos, Maria da Paz, de 1915, morreu novinha, não sei de quê nem onde foi nascida. A segunda Maria – a das Neves nasceu em Acari no ano de 1916, vivendo 92 anos; a terceira Maria, também da Paz, morreu muito pequeno, segundo me contou a minha irmã mais velha, mas não sei aonde veio ao mundo, e a quarta Maria – Maria de Lourdes, essa nasceu no sítio Soledade, em 1920, sob as telhas de Manoel Petronilo, o seu padrinho de batismo. Às quatro mulheres seguiram-se seis homens: Bezerra, de 22, nascido no sítio Pai Mané e, depois dele, lá mesmo, das Chagas em 1924, que morreu aos 16 anos, no internato do Colégio Americano Batista do Recife. O nascimento de Zezé se deu no sítio Cardeiro, em 1925 e o de Gonzaga em 1929, no sítio Olho d’Água de Todos os Santos. Outra vez no sítio Cardeiro, em 1931, veio João Batista, natimorto, e eu, o décimo, vi a luz do meiodia na cidade do Acari, no ano de 1933 – a Era de Cristo. A casa de Pai Mané, levantada pelo meu avô Félix no final do século XIX, empoleirada no cocuruto de um cabeço, no sentido norte-sul, de paredes de taipa, coberta de telha e chão atijolado, decadente, tem uma sala com porta que se abre para o norte e janela que se abre para o poente; daí a sala de dentro, comprida, com mesa de jantar e jirau em dois planos, com portas que dão para dois quartos e para a cozinha e duas janelas viradas para o nascente de onde são vistos os currais, lá embaixo. Essas janelas, baixas por dentro, eram travejadas para que menino encapetado não caísse. Uma faxina atrás protegia os pintos dos voos rasantes dos gaviões. O acesso a ela, a cavalo ou a pé, se faz serpenteando o morro. Ali nasceram uns, viveram outros. A do Cordeiro assentada no plano, igualmente de taipa, comprida, coberta de telha, chão batido, tinha na frente um alpendre onde os marchantes de Pocinhos, na Paraíba, discutiam

com meu pai o preço dos bois gordos presos no curral para depois, negócio fechado, abrir a bruaca, fazer o pagamento em pelegas do tempo e tanger o gado estrada a fora. No Olho d’Água a casa foi construída nos contrafortes da serra da Lagoa Seca, onde se chega por caminho tortuoso e encadeirado. Pequena, paredes de alvenaria, coberta de telha, piso atijolado, rodeada por serras, onde se admira, em noites de escuridão, o céu profundo. Uma nascente de origem ao nome do lugar. Para desviar as águas invernosas do riacho levantou-se um açude e por trás dele foi aberta uma cacimba de água permanente, com três muros de pedra seca, feito a letra U. Plantaram pinhas e outras frutas e enquanto por lá viveu nosso parente Severo Gil, que deu gasto a uma corda lá mesmo, ótimas pinhas chegavam às Pinturas. Celestina, uma mulher negra, morando em nossa casa, todos os dias bem cedo levava Conzaga para dar-lhe banho de cuia com as águas que corriam. Tomada por madrinha, havia entre os dois uma afeição muito forte. Mudando-se para Carapeba meu irmão foi buscá-la para ficar com ele, mas durou pouco. De volta à sua terra morreu. As casas eram por demais modestas, assim como a da Soledade e a da rua da Matriz em Acari. Engraçado, hoje em dia nenhuma delas existe como antes era. A do Olho d’Água, no entanto, foi recuperada por Vânia, em memória do seu pai. Mudanças aconteciam também para a rua – o que quer dizer para a cidade -, motivadas por doença ou por conta da seca ou por conta dos estudos. As arribadas arremedavam as de um bando de ciganos: homens em sela, mulheres em silhão, meninos de garupa, em meio de carga, de maçaneta ou numa carga singular – carga de menino -, em cada caçuá um moleque. Levava-se o necessário desde as redes às roupas e o de comer, tudo socado nus urus e, para outros fins, os utensílios de trabalho como alavanca, enxada e pá; chibanca, machado e foice, e tudo mais que fosse de precisão, amarrado de inquerideira nos cabeçotes das cangalhas. Partiam cedo, antes do raiar do dia ou do final da tarde, aos cafus, em noite de lua para viajar na fresca da noite. Nessa pisada nasceram açudes, casas, currais, roçados, cacimbas, cercas e um magote de meninos. Depois de cada partida havia sempre o regresso até alcançar o sossego, anos depois, na casa grande das Pinturas. Agora, cabra velho, só Deus sabe se eu estaria aqui caso João meu irmão tivesse nascido vivo”.

Vaqueiros e Cantadores A Global Editora acaba de lançar uma edição “para jovens” de Vaqueiros e Cantadores, um dos clássicos de Luis da Câmara Cascudo. Não entendi porque “para jovens”, pois a edição mantém o texto original do mestre que se vê na primeira, publicada em 1939, e na segunda, de 1984. Aliás, esta edição “para jovens” reúne apenas partes de alguns capítulos do livro original. Mas a Global soube usar a gilete. Lá estão textos do Ciclo do Gado (Vaquejadas e apartações e Gesta de animais), do Ciclo Social (O Padre Cícero, Louvor e deslouvor das damas, O cangaceiro), O cantador e a cantoria (O cantador, Louvação, A cantoria, O desafio, Os instrumentos, Os temas, etc.).

Empresa Jornalística Tribuna do Norte Av.Tavares de Lira,101,Ribeira - Natal/RN CEP:59010200 Fone: (PABX) 4006-6100 Fax: (0xx84) 4006-6124 Endereço eletrônico: www.tribunadonorte.com.br

A edição de 1984 (da Itatiaia) tem 327 páginas; esta “para jovens”, 142. A destacar nesta as ilustrações de Jô Oliveira que se vê também na capa e contra-capa de Eduardo Okuno. O Jô Oliveira é pernambucano, bom pra danado, também metido no mundo maravilhoso dos quadrinhos. Em Vaqueiros e Cantadores vamos encontrar o poeta Fabião das Queimadas, no “Romance do Boi da Mão de Pau”, o boi falando: “Adeus Lagoa dos Veio,/ E “lagoa do Jucá”,/ E serra da Joana Gomes,/ E “riacho do Juá”.../ Adeus até outro dia,/ Nunca mais virei por cá...” Tomara que os jovens leiam Vaqueiros e Cantadores. Ótimo seria que lessem outros cascudos. Ler Cascudo é sempre um encantamento Diretor Presidente: Henrique Eduardo Alves Superintendente: José Roberto Cavalcanti Diretor Adm.e Operações: Ricardo Luiz de V.Alves Diretor Financeiro: Agnelo Alves Filho Diretor de Redação:Carlos Peixoto cpeditor@tribunadonorte.com.br Gerente Comercial: Eliane Rocha Gerente de Marketing: Andréia Barandas Gerente de Circulação: Thales Vilar

A roda do mundo

N

OVA YORK - Há 44 anos, visitei esta cidade pela primeira vez.Agora, uma vez mais, estou aqui, lugar que é uma soma de várias cidades superpostas, interpostas e miscigenadas, não se sabendo as linhas abstratas que as separam.Diz-se com razão ser a metrópole mais próxima dos Estados Unidos, embora nos Estados Unidos.Penso na velocidade com que testemunhei as imensas transformações do meu tempo.Mais breve do que previsível, um negro governa os Estados Unidos.Aqui, ninguém toma conhecimento disso e, como no Brasil, as pessoas passam a contar mais que os países, cada um encolhendo para dentro de si e dos seus problemas.Há sempre uma distância muito grande entre os que são o governo e as emoções das pessoas que votaram para constituí-lo, nesse processo que é a mais sofisticada descoberta do homem, no sentido de criar e organizar o autogoverno, batizado pelos gregos de democracia.Faço essa reflexão para dizer da

grande frustração que vejo sobre o presidente Obama, A globalização fez na contramão de tu- com que não haja do o que sonharam solução se não for os seus adeptos, e de todos.Nada lembro-me do que mais sábio do que o ouvi de Helmut ensinamento Schmidt: "Ninguém bíblico de que cada governa o tempo dia tem a sua que governa".Caiu agonia.Viver é a no colo de Obama a soma das agonias. maior crise econô- Em 1961,eram os mica já vivida pelos negros,hoje,os EUA, de certa forma muçulmanos,hoje maior que a de é conter uma 1929, quando não tecnologia que não existia o mundo tem mais segredos” globalizado e o efeito dominó.Ainda não passaram os efeitos da crise de 2008. E esse medo maior comanda a perplexidade da superação dos danos deixados: o que vai acontecer com a Euro-

pa e o euro. A globalização fez com que não haja solução se não for de todos.Nada mais sábio do que o ensinamento bíblico de que cada dia tem a sua agonia. Viver é a soma das agonias.Em 1961, eram os negros, hoje, os muçulmanos, era a Rússia descobrindo a bomba de hidrogênio, hoje é conter uma tecnologia que não tem mais segredos e evitar que ela possa se expandir e venha a explodir o mundo. É o caso da Coreia do Norte e do Irã.O Brasil assumiu o lugar esperado. Não mais o país do futuro, mas um "global player", um país do presente, inserido no jogo mundial.Leio e transcrevo Felipe Gonzalez, quando disse, há alguns dias, num auditório mexicano, que nós olhamos os Estados Unidos ainda pensando no sonho americano, o "american dream", mas a realidade é que "Clinton não era tão esperto como julgávamos, nem Bush é tão burro quanto achávamos, nem as raízes de Obama são tão quenianas quanto os americanos pensavam".

Amâncio

Cartas Fifa

CARLOS EDUARDO [ Advogado e ex-prefeito de Natal ]

Apagão logístico

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recente Pesquisa Focus, feita pelo Banco Central reunindo cerca de 100 instituições financeiras, aponta que a previsão de crescimento do nosso PIB em 2010 passou de 6,26% para 6,30%. De olho nessa tendência, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, já anunciou um corte no orçamento no valor de R$ 10 bilhões, temendo que alcancemos um nível crítico e anunciando que o governo não deixará que o crescimento da economia brasileira supere os 7%, como forma de combater uma alta na inflação. Os índices acima são preocupantes, de vez que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) alerta que o Brasil tem apenas cinco anos para evitar um apagão logístico, caso a economia cresça num patamar entre 4% e 5% ao ano. De todos os sistemas viários, segundo o estudo do IPEA, a maior preocupação é com o setor portuário, cujos investimentos previstos não serão suficientes para comportar a demanda por cargas a serem exportadas. Os principais gargalos nesse setor são as obras de dragagem e derrocagem e aquelas que facilitem o acesso por ferrovias e rodovias. De acordo com técnicos do setor, serão necessários investimentos de R$ 42,8 bilhões, mas as 51 obras previstas no PAC para esta área despenderão apenas R$ 9,8 bilhões, isto é, menos de um quarto do previsto. Para a Coordenação do Desenvolvimento Urbano do IPEA, todos os portos brasileiros apresentam problemas sérios de dragagem, inclusive o nosso aqui de Natal, como já é sabido há muito. E isso se deve porque há 30 anos o país não assiste a investimentos maciços em infraestrutura. No nosso caso, já contabilizamos alguns investimentos. A ampliação do porto ilha em Areia Branca irá dobrar a capacidade de exportação do nosso sal, com aplicação de R$ 174 milhões. Já a dragagem do porto de Natal, que irá aumentar em dois metros a profundidade do rio Potengi, vai incorporar a cidade a novas rotas comerciais, incluindo uma linha de cabotagem por demais reclamada. Este equiClassificados: Redação Fax Venda Avulsa Assinatura Natal Reclamações Natal ASSINATURA Mensal (à vista) Semestral (à vista) Anual (à vista)

4006-6161 4006-6113 4006-6124 4006-6100 4006-6111 4006-6111 R$ 43,00 R$ 258,00 R$ 516,00

PREÇO DO EXEMPLAR Rio Grande do Norte 3ª a Sábado Domingo Outro Estado 3ª a Sábado Domingo

pamento também contará com a construção de um terminal de passageiros, A ampliação do com instalações para a Poporto ilha em lícia Federal, o Ministério Areia Branca irá da Agricultura e lojas de dobrar a serviços, como locadoras de capacidade de veículos, lojas de artesanaexportação do to, cooperativas de táxi, nosso sal, com agências de viagem e de aplicação de R$ câmbio, além de restauran174 milhões. Já a tes. Porém, dos R$ 2,5 bidragagem do lhões destinados às obras porto de Natal, de dragagem entre 2007 e que irá aumentar 2011 apenas R$ 25 milhões em dois metros a foram aplicados nos dois profundidade do primeiros anos. E isso, a disrio Potengi, vai tância entre a previsão dos incorporar a investimentos e a realizacidade a novas ção das obras, é altamente rotas comerciais, preocupante, porque exisincluindo uma tem metas e estimativas, linha de mas os resultados são semcabotagem por pre postergados, o que amdemais plia sobremaneira a nossa reclamada.” defasagem. Por isso mesmo, tal tema não pode deixar de estar mais vivo do que nunca entre nós. Ele deve ser pauta constante tanto do gestor estadual como do municipal. Deve merecer atenção prioritária de nossos legisladores nos âmbitos federal, estadual e municipal. Tem de ser alvo de pressão por parte do empresariado do setor e de seus órgãos representativos. Deve mobilizar também todo o segmento turístico, da mesma forma que merece uma cobrança do cidadão, do eleitor, do norte-rio-grandense. Se impõe uma mobilização geral para que sejam acelerados os investimentos nessa área, sob pena de vivermos amanhã o dilema entre o crescimento e a estagnação. www.carloseduardoalves.com.br

Agora que o feitor da FIFA acordou? Os responsáveis pelos estádios? do seu evento particular, seria previdente que ele perscrutasse o Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte para averiguar a devida publicidade dos atos e documentos necessários aos financiamentos BNDE/CEF. Façamos uma reflexão na teoria da FIFA. Ela derruba o Machadão e tudo existente, a seu critério exclusivo, na sua área de influência. Esse espaço é meio ambiente cultural construído o que equivale ao meio ambiente. Esse espaço urbano tem documentação atestando que ele pertence ao Estado do Rio Grande do Norte e a Prefeitura do Natal. Com o financiamento em 30 anos com fundos da União ele passaria a pertencer à União e o cidadão potiguar pagaria a conta mensal das despesas financeiras. O cidadão natalense ficaria sem o seu patrimônio e a FIFA já teria ido embora com apenas dois jogos insignificantes e não declarados nas suas conversas. O mais agravante é que sem a sua publicidade no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte? A publicação que produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração, e não a divulgação pela imprensa particular, pela televisão ou pelo rádio, ainda que em horário oficial. E sem publicação não fluem os prazos para impugnação administrativa ou anulação judicial, quer o de decadência para impetração de mandado de segurança (20 dias da publicação), quer os de prescrição da ação cabível.” MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros Editores Ltda. 23 ª edição. 1998. Pag. 88 a 91”. Existem interferências externas afetando o nosso instinto animal de orientação entre o correto e o errado. ed340ms@ig.com.br

Genéricos O paciente do SUS mais uma vez sai prejudicado. Isso porque muitas vezes o genérico não tem o mesmo efeito que tem o medicamento de marca. E em alguns casos o medicamento de marca está até mais barato do que o genérico. Ao invés de ficar inventando lei para prejudicar a população mais pobre, por que a prefeita não abastece a farmácia dos postos de saúde, já que a falta de medicamentos não é de agora, é de muito tempo, falta de tudo, principalmente antibióticos. Com essa prefeita o pobre só se ferra mesmo!!! fmcp13@hotmail.com Cartas para esta coluna deverão ter no » máximo 40 linhas para cada leitor e endereçadas para a seção Coluna do Leitor - Fone:4006-6100 FAX:4006-61224 - Redação/Tribuna do Norte. Email - tribuna@digizap.com.br

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política

Domingo | 23 de maio de 2010

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte |

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ENTREVISTA / JOÃO MAIA / DEPUTADO FEDERAL E PRESIDENTE ESTADUAL DO PR

Notas & Comentários colunanotas@tribunadonorte.com.br

‘Quero participar da decisão sobre o suplente de Garibaldi’

Propaganda irregular no RN (1)

FOTOS:KAMILO MARINHO

Ministério Público Eleitoral do Rio Grande do Norte (MPERN) entrou na sexta-feira com uma representação junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a aplicação de multa à pré-candidata do Partido Verde (PV) à presidência da República, Marina Silva, por propaganda antecipada. A irregularidade teria ocorrido, segundo a representação, em evento realizado pela Assembleia Legislativa no último dia 11. No evento, Marina Silva recebeu o título de cidadã honorária do Estado. Entretanto a propaganda antecipada teria sido caracterizada por conta de um banner, afixado na fachada do prédio da assembleia, com a seguinte frase: “Marina é a cara do Brasil.”

O

Recado ao eleitor (2) Para o MPE, “a frase estampada no banner, Marina é a cara do Brasil, é um recado direto ao eleitor, uma clara mensagem no sentido de que a representada é a pessoa ideal para ocupar o car-

go eletivo máximo deste país”. “o banner em questão caracteriza flagrante propaganda eleitoral subliminar”, conclui a viceprocuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau.

CIRCUNSTÂNCIA ELEITORAL Do deputado Fernando Mineiro ao criticar a atuação do colega Getúlio Rego na discussão, na Assembleia Legislativa, sobre o projeto de remanejamento dos recursos orçamentários: “Esse negócio de pedir detalhamento do orçamento é mera ‘empulhação’. As circunstâncias eleitoreiras é que estão definindo a posição do DEM”.

Nova pesquisa A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, empatou com seu maior rival, o tucano José Serra, na pesquisa de intenção de voto Datafolha. Ambos aparecem com 37%. Na sondagem anterior, em meados de abril, a petista tinha 30% das intenções de voto e Serra, 42%. Marina Silva, pré-candidata do PV, se manteve estável em relação à última sondagem, com 12%. Os números foram publicados na edição deste sábado do jornal “Folha de S.Paulo”. A pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 12044/2010, foi realizada na quinta-feira e sexta com 2 660 eleitores. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Votos nulos, em branco ou nenhum somam 5%. Os indecisos são 9%. WILSON DIAS/ABR

WILSON DIAS/ABR

Crescimento na espontânea A ex-ministra Dilma Rousseff também apresentou crescimento na pesquisa espontânea, quando os eleitores não são apresentados a uma lista de candidatos: subiu de 13% para 19%, ultrapassando o tucano, que em abril pontuava 12% e agora foi para 14%. No entanto, ambos aparecem em uma curva ascendente na pesquisa espontânea. Tanto Serra quanto Dilma tinham 8% na sondagem realizada em de-

zembro do ano passado. Marina tem 3%. O Datafolha também aponta recorde de aprovação do governo Luiz Inácio Lula da Silva desde que ele assumiu, em janeiro de 2003: 76% avaliam sua gestão como bom/ótimo. O número é o mesmo registrado, segundo o instituto, em março deste ano, antes de recuar em abril para 73%. O governo é regular para 19% dos entrevistados e ruim/péssimo para 5%.

Escolha do vice As articulações para a escolha do vice-governador Iberê Ferreira de Souza podem surpreender. Enquanto se especulava a possibilidade de um nome que hoje ocupa mandato eletivo, principalmente de um deputado ou deputada estadual, a escolha pode recair sobre alguém que está na suplência.

Tratamento médico e eleição O governador Iberê Ferreira de Souza (PSB) afirmou, em Mossoró, que venceu o câncer diagnosticado no pulmão esquerdo através de quatro sessões de quimioterapia e radioterapia no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. “Ganhei a do câncer e vou ten-

tar ganhar a outra”, disse, referindo-se à disputa eleitoral. O governador participou, em Mossoró, de evento promovido pela Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.

O que o PR e o senhor têm definido para eleições deste ano? Há especulações sobre mudanças. Existe essa possibilidade? Nos temos decidido que vamos apoiar Ibere Ferreira de Souza, que faremos a aliança (na chapa proporcional) entre PMDB-PRPV e que vamos apoiar Garibaldi para o Senado. Isso é o que nós temos. E tenho a tradição, isso é uma coisa muito minha, de que “compromisso é compromisso”. Não tem possibilidade de haver recuo então nesses compromissos que foram firmados? De nossa parte, não. Se alguém nos chamar para conversar, nós vamos conversar. Mas eu tenho uma coisa que aprendi na iniciativa privada: “O combinado é o combinado. Nem é caro, nem é barato. É só o combinado”. O senhor anunciou que vai apoiar Garibaldi Filho e há certa expectativa com relação ao 2º voto para o Senado. Já conversou com o ex-governadoraWilma sobre isso,depois que anunciou o apoio a Garibaldi? Eu até já encontrei a ex-governadora Wilma. Hoje (sexta-feira, 21) vinhemos no mesmo vôo (de Brasília para Natal). Eu anunciei que vou ouvir o meu partido. Nós não temos uma posição sobre o segundo voto. Estamos fazendo os encontros regionais do PR. E alguns desses encontros foram adiados por causa do dia das mães e por outros motivos. Um que haveria no Mato Grande foi adiado em função da comemoração pela recuperação de Ibere. Nós só anunciaremos (o apoio para o segundo voto ao Senado) depois dos encontros. Ainda falta fazer encontros regionais no Mato Grande, Trairi, Potengi, Agreste e Seridó. Antes disso, nós não vamos anunciar. Há (as candidaturas ao Senado de) Sávio Hackradt, Hugo Manso, da ex-governadora Wilma de Faria. E existe até a possibilidade de liberar o partido. A possibilidade de apoiar a reeleição de José Agripino está descartada? Veja, muita gente gosta da candidatura de José Agripino. E eu tenho respeito por ela, porque eu gosto de oposição, Acho que é necessária à democracia. Eu fiz oposição na Universidade e lutei pela democracia. Não gosto da tese de exterminar a oposição. Ela é legitima e necessária. Mas, em relação ao (segundo voto para o) Senado, eu estou ouvindo as pessoas.

Acidente na estrada

Que dizer que nem essa hipótese esta descartada? Não.

O secretário de Mobilidade Urbana de Natal, Renato Fernandes, sofreu um acidente por volta no meio da manhã deste sábado (22) quando saía de Mossoró em direção a Caraúbas. De acordo com a assessoria de imprensa, o secretário estava no carro com a esposa e a filha de 13 anos, mas os três não sofreram ferimentos graves.

Mas a afinidade é maior com os candidatos da base de Lula? Eu tenho uma relação com Agripino de amizade, de respeito e de parentesco. Mas, em 2002 eu preferi ficar com Lula. Em 2004, eu

ALDEMAR FREIRE Editor de Política

P

residente estadual do PR, o deputado federal João Maia reafirma o compromisso de formar uma coligação com o PMDB e o PV para a disputa das eleições proporcionais (Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa) e de uma vaga para o Senado. Ele descarta desistir desta aliança para integrar oficialmente a coligação que dará apoio à candidatura à reeleição de Iberê Ferreira de Souza. O deputado garante o apoio, mesmo que informal, a Iberê. Nesta entrevista, João Maia também nega que reivindique a indicação do suplente do senador Garibaldi Filho, mas destaca que quer participar da decisão sobre a formação da chapa. Ele afirma que o Rio Grande do Norte fez escolhas erradas na luta pelo desenvolvimento e defende que a prioridade deve ser assegurar uma infraestrutura, com portos e aeroportos melhores do que os atuais.

reconsiderar as articulações? A questão é que nós tivemos um fato novo na política do Rio Grande do Norte, que foi uma divergência entre Garibaldi (Filho) e Henrique (Eduardo Alves). Henrique quis ficar com Iberê. Tivemos, então, uma consulta ao Tribunal (Regional Eleitoral). A resposta foi de que quem não se coligar em cima (na chapa majoritária), só pode se coligar na proporcional com quem também não se coliga (na majoritária). A partir daí, tivemos que adotar algumas posições. E foram

estive com Carlos Eduardo. Em 2006, fiquei com Wilma. Então, a questão é política. Nem é pessoal, nem de desrespeito a uma posição clara que ele tem em relação a uma conjuntura nacional. E José Agripino tem a vantagem de ser muito claro em relação ao que ele coloca. O apoio ao Senador Garibaldi está condicionado à indicação do primeiro ou do segundo suplente? Não, Não quero indicar o suplente, nem o apoio está condicionado a isso, algo que nem sequer foi discutido. Eu não quero é que o suplente do senador Garibaldi seja escolhido sem o PR ser ouvido, Quero participar dessa decisão. O partido quer participar dessa decisão. Há quem diga que para essa discussão o senhor teria o nome do advogado Robson Maia, que apesar de estar atuando m São Paulo,mantém uma relação com o Rio Grande do Norte.O senhor coloca esse nome na mesa? Não estou reivindicando suplência. Robson é meu sobrinho e praticamente foi criado por mim. Ele foi morar comigo e estudar no Rio. Hoje está em São Paulo. É muito difícil tirar ele de lá. Está muito bem na advocacia. É uma pessoa queridíssima. Saiu, venceu e nunca abandonou as raízes. Ele se especializou em receber... Garibaldi, Agripino, todo mundo que vai a São Paulo. Mas não conversei isso (a indicação para a suplência do senador). Também tenho sérias dúvidas se ele concordaria com isso. De qualquer forma, não temos a reivindicação de indicar o suplente. Só não quero deixar de ser ouvido, até para dar uma justificativa ao partido. Saiu esta semana a primeira pesquisa registrada e divulgada publicamente sobre a preferência para o governo.O governador Ibere aparece com 15%, empatado tecnicamente com Carlos Eduardo, que ficou com 16%. O senhor vê perspectiva de crescimento do candidato que apoia,Iberê Ferreira? Eu vou dizer uma coisa pensada para você, não algo emocional, não: A pesquisa foi ruim para Rosalba. Iberê, logo depois de assumir o governo, foi tratar de uma

doença, que apesar de não ser tão grave, no imaginário da gente é muito séria. Chegar para uma pessoa e dizer “você está com câncer”, não é algo tão simples, principalmente no momento em que se está assumindo o governo do Estado. Na prática, agora (com o final do tratamento de quimioterapia e radioterapia), é que ele assume o governo. A partir de domingo, Ibe-

conversadas com Iberê. Não teve nenhuma hora que eu não tenha conversado com ele. A minha colocação foi a seguinte: “A gente precisa dar uma saída para Henrique”. Nós não vamos deixar Henrique sozinho, tendo que fazer 220 mil votos para assegurar uma vaga de deputado. No momento nacional que Henrique está vivendo, não poderia ficar nessa situação. Então, depois de grandes e longas conversas, chegamos ao consenso de fazer essa aliança com o PV e o PMDB. Nesse caso, tira o tempo de televisão que o PR iria assegurar para a candidatura de Iberê, mas também a candidatura de Rosalba perde o tempo do PV. Isso foi uma coisa negociada e pensada. Então, depois disso o que eu posso dizer é que tem um compromisso. Eu não rompo compromisso. Minha filosofia é essa: “Se assumiu o compromisso, cumpra”.

A disputa vai para o segundo turno. E no segundo turno é outra eleição”

rê só cresce. Por sua vez, Carlos Eduardo tem um discurso bom. Foi um prefeito com muitas realizações no Estado e está se mexendo. Isso significa que a eleição vai para o segundo turno. E no segundo turno estarão eleitos os deputados e senadores. É outra eleição. Com o apoio dos governos estadual e federal, é muito difícil a oposição ganhar. No caso de Natal, com Micarla, se a gente não ganha a eleição no primeiro turno, dificilmente ganharia no segundo, porque é preciso remobilizar toda a tropa, colocar as pessoas na rua. Então, hoje, minha opinião sincera é de que a pesquisa foi ruim para Rosalba. O senhor colocou que tem decisões tomadas e um compromissos dos quais não abre mão.Mas disse que não deixa de conversar. Nessas conversas estaria colocada a possibilidade de ser vice de Iberê? Isso seria um motivo para

Eu tenho intenção firme de manter o acordo entre PR, PV e PMDB”

EFernandaMaia(esposadodeputado), poderia ser uma opção numa discussão para vice de Iberê? Eu tenho intenção firme de manter o acordo entre PR, PMDB e PV (para formar a aliança proporciona). Portanto, juridicamente, é impossível (a candidatura de Fernanda Maia a vice-governador). [CONTINUA NA PÁGINA 4]


4 | Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte

Se a expectativa que a gente tem em relação a Paulo Wagner se confirmar, vamos fazer os três deputados”

Como vai ser um grande Estado, se o porto é pequeno e o aeroporto acanhado”

política

Domingo | 23 de maio de 2010 KAMILO MARINHO

[ ENTREVISTA / JOÃO MAIA / CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 3 ]

‘No RN fizemos apostas erradas na luta pelo desenvolvimento’ O que o senhor vislumbra dessa aliança proporcional entre PMDB, PR e PV? Quantas vagas na Câmara dos Deputados? Eu e Henrique somos mais ou menos orgânicos. Dá para avaliar quantos votos eu tenho. Eu conheço as lideranças que me apoiam. Henrique também conhece, além de ser um político de uma tradição imensa no Rio Grande do Norte. Com relação ao potencial eleitoral para deputado de Paulo Wagner, nós não temos a menor ideia. Paulo não depende de liderança. Ele vai direto no povo. Se a expectativa que a gente tem em relação a Paulo Wagner se confirmar, nós vamos fazer três. Corre o risco de deixar algum dos atuais deputados federais que são candidatos à reeleição sem vaga.. Hoje, pela primeira vez,o RN tem os oito atuais disputando a reeleição.. É. Pela primeira vez, talvez, os oito vão disputar a reeleição. Mas isso não faz mal. A gente tem que botar a cara. Ir à luta. Eu não tenho nenhum problema com competição. Competição é bom. Não dá para querer tirar um competidor, antes dele entrar. Não se pode impedir que a pessoa entre para competir. Para mim, quanto mais competidor, melhor. Isso é muito bom para a democracia. Não gosto dessa ideia de acordo para não deixar alguém se candidatar. Isso seria uma coisa pequena. Quem tiver voto, que siga em frente. O senhor tem se notabilizado por um discurso em torno do desenvolvimento.Como vê a situação do Rio Grande do Norte e o desempenho do governo Wilma de Faria neste aspecto? Ruim. Mas a questão não é a governadora. O Rio Grande do Norte tem uma posição privilegiada do ponto de vista geográfico. A gente podia ser o grande centro logístico do Nordeste. Mas não temos um porto, nem aeroporto, nem ferrovia (condizentes). Como é que a gente vai ser um grande Estado, se temos um porto pequeno, um aeroporto acanhado e nenhuma ferrovia? Mas isso não é uma culpa da ex-governadora Wilma. É que a gente esqueceu dos projetos estruturantes do Rio Grande do Norte. Agora, a gente está se matando pelo Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Se perdermos, estaremos liquidados. Você há de convir que a gente dificilmente teria uma siderúrgica ou uma refinaria, sem um porto condizente. Saía e entrava governo e continuava a mesma coisa. E essa história de dizer que perdemos a refinaria, a petroquímica e outros investimentos por falta de força politica, é mentira. Nós perdemos, porque não temos a infraestrutura logística necessária para receber investimentos de grande porte. Isso é uma verdade e tem que ser uma coisa para colocarmos na pauta e dizer: “Sai governo, entra governo, lutamos pela mesma coisa”. Seja Dilma ou Serra... Seja Iberê, Rosalba, Carlos Eduardo, Dilma ou Serra... Nós temos que separar o que é projeto de governo e projeto de Estado. Então o senhor acha que o Rio Grande Norte fez as opções erradas: a Alcanorte, a refinaria, a fruticultura... O Estado fez apostas errada? Fizemos, sim as apostas erradas. É fundamental ter infraestrutura. Eu, como presidente do PR e

aliado do ministro dos Transportes, lutei o tempo todo para o Rio Grande do Norte ter melhores estradas. As estradas federais estão feitas. E bem feitas. Mas não apostamos no que devíamos.Devíamos ter olhado para o que os americanos fizeram nos idos de 1940. Quando quiseram uma base na América do Sul, decidiram que seria em Natal. Se eles escolheram Natal, sabiam que era uma localização estratégica. É por isso que eu digo: não é questão de governo passado. Nós, sinceramente, não apostamos naquilo que era nossa grande vocação. E o que o senhor tem a dizer do atual governo? Iberê assumiu o governo em momento muito delicado. Eu penso que ele vai mostrar o governo a partir de domingo. Ele fez, nesta segunda-feira, a última sessão de quimioterapia e radioterapia... Como o senhor vê a “herança” deixada por Wilma de Faria? Eu não gosto de olhar para trás. Gosto de olhar para a frente. Olhar para trás, só para fazer história... O que acho grave, para o Rio Grande do Norte, é não termos decidido ser o centro logístico da América do Sul. Tudo passaria por aqui... E, se nós tivéssemos tido essa vi-

Eu quero muito ser governador, mas sei respeitar fila e avaliar qual é a hora”

são lá atrás, teríamos tudo hoje no Rio Grande do Norte. Eu espero que Iberê seja eleito e faça um projeto de desenvolvimento para o RN. Essa deve ser a prioridade do próximo governo? Do próximo não, dos próximos. Para quando o senhor vislumbra disputar uma campanha majoritária e colocar inclusive esse posicionamento de forma mais contundente? Começa pela Prefeitura de Natal ou direto para o governo daqui a 4 anos? Eu sempre quis ser governador do Rio Grande do Norte, porque eu acho que sei o que fazer. Ser governador, e eu trabalho muito e sou um grande trabalhador, é destino. Então, você tem que ficar trabalhando todo dia e ver qual é sua hora, sua oportunidade. E se isso está no seu destino. Eu quero muito, mas sei respeitar fila e avaliar qual é a hora. Respeito também meu grupo político e não iria para nenhuma aventura. O senhor espera que a parceria com o PMDB, ajudando a resolver o impasse entre o deputado Henrique e o senador Garibaldi, e o apoio a Iberê, sejam lembrados quando houver as discussões sobre candidaturas majoritárias no futuro? Não sei nem responder, sinceramente. Eu fiz o que achava que tinha que fazer. Não fiz uma poupança... Apesar de ser novo na política, aprendi que se planta todo dia. Às vezes chove, outras não. Às vezes faz sol, às vezes não. Você vai tocando e com objetivos. Eu sou muito firme nos meus objetivos. E o governo do Estado é um desses objetivos? Por completo.


Domingo | 23 de maio de 2010

política

[ ELEIÇÕES ] Ricardo Guedes afirma que é

comum “aparentes paradoxos” nas escolhas

Eleição está indefinida, afirma diretor do Sensus ão Paulo (AE) - Segundo a última pesquisa CNT/Sensus, dos entrevistados que dizem participar de programas federais como o Bolsa-Família e o Primeiro Emprego, 46% pretendem votar em Dilma Rousseff (PT) e 33%, em José Serra (PSDB). O grupo dos beneficiários de programas sociais do governo é comumente apontado como eleitorado cativo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua candidata Dilma. Ricardo Guedes, diretor do instituto Sensus, afirma que é comum encontrar aparentes paradoxos nas escolhas dos eleitores. “Há sempre um grau de confusão e de incongruência. Mas também é verdade que uma parcela da população não descobriu que Dilma é candidata.” Uma mostra de que o eleitorado tem dificuldade de diferenciar os dois candidatos aparece em outro dado da pesquisa: 42% dos simpatizantes de Dilma admitem que poderiam votar em Serra, e 44% dos potenciais eleitores do tucano dizem que poderiam optar pela petista. “O certo é que esta não é uma eleição definida”, afirma Ricardo Guedes. “Há uma tendência de

S

continuidade, mas isso não significa que o caminho da candidata governista será fácil.” Ele chama atenção para o fato de que cerca de 30% dos entrevistados afirmam que os debates entre os candidatos serão importantes na definição do voto. O fato de não haver alinhamento automático entre o eleitorado beneficiado por programas sociais do governo - que chega a 17% do total - e a candidata oficial enseja duas leituras: ou Dilma tem potencial para crescer, ou está dando certo a estratégia de Serra de prometer “manter e aprofundar” o Bolsa-Família. “Os atendidos por programas sociais formam um eleitorado cativo do presidente Lula, mas não necessariamente da candidata do PT”, disse o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB). “A questão é o quanto desses votos Lula conseguirá transferir. E isso ninguém sabe.” O Sensus ouviu 2.000 pessoas entre os dias 10 e 14 de maio. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes. O "Grupo Estado" arredondou os resultados, apresentados originalmente com uma casa decimal depois da vírgula.

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte | 5 MARCELO CASAL / ABR

NÚMEROS

46%

dos beneficiários de programas sociais pretendem votar em Dilma Rousseff

33%

dos beneficiários de programas sociais pretendem votar em José Serra

Ricardo Guedes destaca que eleitorado tem dificuldade para diferenciar candidatos do PT e do PSDB


6 | Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte

política

Domingo | 23 de maio de 2010

Agnelo Alves O REPÓRTER ... CARO LEITOR... Batendo um papo outro dia com o nosso amigo Vulgo da Silva,cheguei a gargalhar com coisas que desconfiava que sabia,mas não tanto quanto fiquei sabendo nos detalhes.Suscitei outras, pensando que estava dizendo novidades,quando, na verdade,eram velhas, quase caducando,cabelos brancos,que nem eu. Apenas,amigo velho,a diferença entre mim e o que ouví como novidade é que ganho com a idade e o que suscitei pensando ser algo novo,eram assuntos velhos mesmo. As nuvens,como sempre, passam,assumindo novos formatos.Mas costumam de forma inexorável perder força e beleza se esvoaçando no ar, desaparecendo,dissipandose como fumaça. Eu me lembrei,por exemplo, que,quando trabalhei como repórter no Rio de Janeiro, estava fazendo a cobertura da presença no Brasil do imperador Salasier,quando chegou a notícia de que um filho dele havia assumido a coroa.O herdeiro do trono mostrava-se impaciente com a longevidade do pai e resolvera assumir o trono de vez,aproveitando a ausência do velho imperador. O imperador,em visita ao Brasil,valeu-se da generosidade do presidente JK que mandou o Banco do Brasil lhe emprestar uma importância para pequenas despesas: pagar o hotel e tomar o avião de volta para o país dele.Tenho até a impressão que o nosso JK queria se livrar de problemas diplomáticos.O fato é que o velho Imperador voltou ao país dele,reassumiu o trono e mandou decapitar o filho ambicioso que não controlou a impaciência e resolvera depô-lo. O que o poder não faz,não é mesmo amigo? Um horror. Andei com o nosso Vulgo da Silva pelo bosque.Ele, aficionado do time “Viva o Brasil”,adorou.Mas soube manter suas manifestações sob controle.Mesmo assim, anotei alguns flertes, olhares significativos trocados,sorrisos,mudos e mútuos,algumas cumplicidades,sei lá.Deixei o nosso Vulgo da Silva a vontade para ouvir o seu sábio comentário,digamos assim,repetindo não sei de quem:“a vida é bela”... E,olhaí,a última que me disse:“não há bem que sempre dure,nem mal que nunca acabe”.No mais, entrou perna de pato,saiu perna de pinto,seu Rei mandou dizer que quem quiser que conte cinco”. Um forte abraço,NECO.

As nuvens, como sempre, passam, assumindo novos formatos. Mas costumam de forma inexorável perder força e beleza se esvoaçando no ar, desaparecendo, dissipando-se como fumaça.”

PESQUISA DA VOX POPULI APONTOU ÍNDICE BAIXO DE VOTO DECIDIDO PELO ELEITORADO DO RN MARCELO BARROSO

ELISA ELSIE

JÚNIOR SANTOS

NOTAS... ...SATON ESPANTO A grande revelação da pesquisa da “Vox Populi”foi a de que 72% do eleitorado do Rio Grande do Norte ainda não tem candidato a governador.Um espanto.

EXPLICAÇÃO O nome de Rosalba é conhecido do eleitorado desde a campanha eleitoral de 2006.O eleitorado ainda tem dúvida ou não sabe mesmo quem são os candidatos.

SURPRESA O nome de Miguel Mossoró aparece nas pesquisas da Vox, quando,no entanto, não é candidato.O nome de Lula bate todos os recordes,quando ainda aparece como candidato a presidente da República.

LULA MAIOR ELEITOR O maior eleitor do Rio Grande do Norte é o presidente Lula, conforme revela a pesquisa do Rio Grande do Norte.

ESPANTO DO ESPANTO

Rosalba – Limite com riscos

Carlos Eduardo – Em segundo lugar

Iberê – Em terceiro lugar

pesquisa eleitoral divulgada pela “Vox Populi” fica sendo válida até que surja outra pesquisa que confirme os seus números ou apresente resultados diferentes. Anuncia-se, alhures, duas outras, ambas também de caráter nacional, “Sensus” e Ibope. Os institutos de pesquisa locais não encontraram, ainda, patrocinadores, embora sejam válidas as informações coletadas, contendo até um dado a mais: conhecem o cenário político e eleitoral. Mas nenhuma entidade neutra apareceu para patrocinar. A mídia local alega falta de condições financeiras para encarar um patrocínio. E os candidatos tiram “carta seguro”, mesmo aqueles apontados como melhores na cotação. A pesquisa da “Vox Populi” reina absoluta, até agora, apontando Rosalba Ciarlini na cabeça, Carlos Eduardo em segundo lugar e Iberê Ferreira de Souza em terceiro. Rosalba no limiar perigoso de não poder descer – 49% – sob penas de enfrentar a inevitável onda de “começou a cair”. Carlos Eduardo cresce e Iberê à espera que Vilma alavanque seu nome. O inverso pode também ser válido, Rosalba aparecer ultrapassando os 50% para evitar o segundo turno, Carlos Eduardo continuar crescendo, aumentando a distância do terceiro colocado ou Iberê conseguir ultrapassá-lo.

OMISSÃO IMPERDOÁVEL A pesquisa da “Vox Populi” cometeu uma omissão imperdoável que pode até explicar os números apurados para governador. A pesquisa não tem os números para o Senado da República, sabendo-se que estão aí, disputando, os chamados três ícones políticos do Estado: Garibaldi Filho, Agripino e Vilma Maria de Faria. Essa omissão é tão forte que os defensores da candidatura de Iberê, em terceiro Omissão dos lugar na pesquisa números para o da “Vox”, dizem Senado é que Vilma vai inexplicável – Quem “puxa-lo” para puxará o outro? cima. Ora, o nat- Vilma puxa Iberê ou ural seria o can- Iberê é que vai didato a gover- “puxar”Vilma? nador puxar os seus candidatos ao Senado, devendo-se levar em consideração, ainda, que a candidata ao Senado, Vilma, também está em segundo lugar. E por que a “Vox Populi” não divulgou os números para o Senado? Não apurou? Como não apurou? Se a disputa para o Senado reveste-se, no Rio Grande do Norte, de características tão importantes ou mesmo fundamentais? Fica no ar a omissão imper-

doável, até porque os adeptos da candidatura de Iberê ao Governo esperam que Vilma, candidata ao Senado, o “puxe” para cima.

A

DADA A PARTIDA Fora essa omissão – os números para o Senado – a pesquisa deve ser aceita como ilustrativa do momento em que foi realizada, até que surja outra pesquisa que apresente outros números diferentes, para mais ou para menos, como é tido como natural, tendo em vista o que acontece com o cenário nacional apresentando números diferentes pesquisados pelo Ibope, pela Datafolha, pela própria Vox Populi, pelo Sensus.

O quadro da sucessão governamental e da eleição para o Senado,no Rio Grande do Norte,permanece o mesmo, sem definição e sem indicação de rumo.Os Resultados apresentados pela “Vox Populi” sinalizam riscos para os três candidatos ao Senado,bem como também aos candidatos ao Governo.

Uma medida provisória assinada pelo presidente da República destina 80 milhões de reais para o “Aeroporto de Natal”. E o de São Gonçalo? O Aeroporto que temos está localizado em Parnamirim. Confusão à vista.

IMAGINAÇÃO ALÉM Já tem deputado estadual cuidando da eleição para Presidência da Assembléia Legislativa...Caramba! Vá ser rápido assim na mata...

... O QUE SE DIZ...

CAFÉ FILHO,CARLOS LACERDA E ALUÍZIO ALVES NA CRISE DO SUICÍDIO DE GETÚLIO go comum entre Aluízio e Lacerda, o advogado Fernando Velozo, havia o temor que a crise caminhasse para o golpe de Estado. Fernando Veloso foi quem teve a idéia de uma conversa entre Café Filho e Carlos Lacerda. Dessa conversa poderia o desfecho da crise ter uma solução democrática, com a renúncia de Getúlio e a posse do vice-presidente Café Filho. A posição que Café Filho assumisse seria decisiva. Era preciso o compromisso de posse. Café Filho foi além. Pronunciou um discurso no Senado propondo a renúncia de ambos, a dele e a de Getúlio para facilitar, se necessário, uma solução dentro dos quadros constitucionais. Emenda típica, melhor do que o soneto. Lacerda aceitou de imediato e com entusiasmo. O discurso do deputado Afonso Arino já fragilizara demasiado o Governo Getúlio. Todos os cuidados agora seriam o descambamento para um golpe, com a suspensão do Estado de Direito. Coincidência incrível: morre no Rio de Janeiro um médico com o nome de Aluízio Alves. A notícia foi publicada pela imprensa sem nenhum destaque. Mas, Carlos Lacer-

SEM DEFINIÇÕES

QUAL AEROPORTO? ALARMANTE Todas as pesquisas e a “Vox Populi” confirma que 76% do eleitorado ainda não decidiu em quem vai votar. Um número realmente alarmante que leva a disputa para o Governo do Estado a um território eleitoral do “voto a voto”, escalonando-se no cenário os seguintes fatores, entre outros: 1) Os debates entre os candidatos; 2) A disputa para o Senado; 3) A programação de rádio e televisão; Até o momento, o quê tem prevalecido na mídia é o disse-me disse entre políticos e alguns candidatos em almoços, jantares e já agora também em cafés da manhã. Está aberta a temporada das pesquisas.

estória da história O presidente João Café Filho e o deputado Aluízio Alves se respeitavam. Quando colegas, na Câmara Federal, o tratamento entre eles era mais para formal, sem maiores festividades. Quando Café Filho assumiu a Presidência da República, aconteceu um certo distanciamento. Tanto que, quando Carlos Lacerda precisou de uma intermediação para marcar uma conversa com Café Filho, não usou Aluízio. O intermediário escolhido por Carlos Lacerda e aceito por Café Filho foi o jornalista conterrâneo Murilo Melo Filho. A crise política desde o atentado contra Lacerda, na porta do prédio onde morava, Rua Toneleros do Norte, em Copacabana, estava chegando ao auge. Aluízio estava mais aqui no Rio Grande do Norte, cuidando da reeleição para deputado federal. A crise caminhava para o desfecho que parecia inevitável. Mais um golpe nas instituições democráticas. Aluízio temia pelas conseqüências com a suspensão das eleições. Advertira Lacerda. Nunca ambos pensaram no suicídio de Getúlio. Numa das conversas, em que estava presente apenas o ami-

Nada menos que 77% dos eleitores disseram que não conversaram sobre política na semana em que foi realizada a pesquisa.Anula-se,assim,o noticiário político da mídia.Não conversaram com os amigos, nem com os parentes,nem com os colegas de trabalho.

da recortou e mandou para Aluízio, aqui em Natal, com um bilhete simples, de próprio punho: “Aluízio, será verdade?” Aluízio, em face de viagem ao interior do Estado, fazia alguns dias, não se comunicava com Lacerda, provocando aquele bilhete. Quem recebeu o bilhete de Lacerda foi eu. O encontro de Lacerda com Café Filho aconteceu no Hotel Serrador, onde estava hospedado o conterrâneo Olavo João Galvão, em cujo apartamento ocorreu. Com o suicídio de Vargas, Café Filho assumiu imediatamente a Presidência da República. Os seus ministros militares escolhidos, assumindo imediatamente, entre os quais, o brigadeiro Eduardo Gomes, na Aeronáutica, apaziguando a arma exaltada, em face da morte do major Vaz no atentado da Rua Toneleros. Café Filho escolheu também o general Henrique Teixeira Lopes que, mais tarde, viria a depô-lo, impondo um golpe em nome dos “quadros constitucionais vigentes”.

...QUE,a campanha política está transcorrendo na temperatura que Vulgo da Silva chama de morna,nem quente e nem fria... ...QUE não há nenhum sinal de que venha a mudar a temperatura morna,pois quando alguém bota banca de querer radicalizar,logo percebe que o protagonista escolhido faz que não leu,não ouviu e nem,tão pouco, viu... ...QUE Agripino tentou contra Vilma,que tentou contra Garibaldi,que um tentou contra o outro,mas tudo resultou em vão... ...QUE,no tocante aos candidatos ao Governo do Estado,nenhum tentou radicalizar contra nenhum... ...QUE,em um clima assim,a campanha tende a não modificar o quadro apurado por pesquisas que não são divulgadas...


Domingo | 23 de maio de 2010

geral

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte |

[ CIÊNCIA ] A pesquisa genética desenvolvida no Brasil foi apresentada

pelo autor, o educador físico Rodrigo Gonçalves Dias, na capital do RN MAURÍCIO CUCA

[ PARNAMIRIM ]

Preso é ferido com tiro na mão na 1ª DP preso provisório Iran Xavier foi ferido na madrugada de ontem com um tiro na mão dentro da carceragem da 1ª Delegacia de Polícia de Parnamirim. O incidente ocorreu por volta de 01h. Iran foi levado para o Walfredo Gurgel, onde foi atendido e retornou para a delegacia ontem pela manhã. O advogado do preso e os agentes responsáveis pela delegacia divergem quanto ao motivo do incidente. Antônio Carlos de Souza, advogado da vítima, disse que irá pedir a abertura de investigação e processo administrativo. A versão do advogado Antônio Carlos de Souza é de que Iran estava tentando trocar um miojo com outro preso, quando um dos policiais – ele não sabe se civil ou militar – efetuou o disparo. “É comum que os presos troquem comida. O que é um absurdo é que um preso provisório seja atingido em plena delegacia, quando não representa risco para ninguém”, afirma Antônio Carlos. E complementa: “Com certeza irei entrar com o pedido de investigação criminal e de abertura de processo administrativo”. Iran Xavier é acusado de tráfico de drogas. “Ele pegou uma carona e o carro do dono continha a droga. Estamos tentando provar a sua inocência”, diz. Já a versão do agente Robson Silva, diretor do CDP de Parnamirim, é diferente. Ele estava no momento do incidente e disse que o preso estava forçando a tela de proteção da cela. Essa tela impede que os presos levem materiais externos para dentro da cela. “O policial advertiu duas vezes que não era para forçar a tela de proteção e, contudo, o preso não obedeceu. Por isso, houve o disparo, que pegou de raspão na mão dele, mas já está tudo bem”, relembra Robson Silva. O tamanho do estrago é outra divergência. Para o advogado, o tiro não pegou “somente de raspão”, mas estraçalhou a mão do preso. O agente da Polícia Civil refutou a hipótese de “troca de comida”. “Era uma hora da madrugada, é impossível que ele estivesse trocando comida. Nós temos feito um monitoramento sistemático disso”, encerra.

O Descoberta que pode revolucionar o tratamento de doenças cardiovasculares é apresentada na FARN

Pesquisador apresenta em Natal nova descoberta a síntese de uma das menores e mais versáteis moléculas do organismo, o óxido nítrico, a ciência pode encontrar soluções para o tratamento de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, que atinge um terço dos brasileiros. Uma pesquisa feita no Instituto do Coração (InCor) de São Paulo, identificou uma mutação genética que afeta, em média, 8% da população brasileira. Esta pesquisa, que teve como objetivo identificar se aqueles indivíduos portadores do gene mutante são mais susceptíveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, ganhou também espaço no mundo ilícito do esporte de alto rendimento. Além do seu potencial em ser utilizado para identificar superatletas, este gene é um forte candidato para o desenvolvimento do tão temido doping genético. O estudo científico foi apresentado em Natal pelo autor, o educador físico e pesquisador do InCor, o PhD Rodrigo Gonçalves Dias, durante a IV Jornada de Saúde da FARN. O foco da pesquisa foi o gene conhecido como óxido ní-

N

trico sintetase endotelial (eNOS), responsável pela síntese de uma enzima que produz, no interior dos vasos sanguíneos, a molécula óxido nítrico. Essa substância tem propriedades capazes de dilatar os vasos sanguíneos, o que é bom para o sistema cardiovascular. O mérito do estudo foi descobrir que, naquelas pessoas portadoras do gene mutante, ou seja, com a sequência de letras do gene eNOS alterado, a produção do óxido nítrico não aumentava durante o exercício físico. Como consequência, a esperada dilação dos vasos sanguíneos não acontecia. Em janeiro do ano passado, o estudo foi publicado na revista científica norte-americana Physiological Genomics, uma das publicações mais conceituadas do mundo. Essa descoberta, fruto da tese de doutorado de Rodrigo Dias, causou um reboliço entre as comunidades científicas de todo o mundo pelas perspectivas que traria para o campo da cardiologia. “Provamos que esse grupo de indivíduos portadores do gene mutante, apesar de terem a pro-

dução do óxido nítrico normal durante o repouso, pode apresentar maior propensão ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial e a formação daquela placa de gordura no interior dos vasos sanguíneos, evoluindo para um infarto do miocárdio”, disse Rodrigo Dias. Além das implicações no campo da cardiologia, o estudo também abre a possibilidade de se identificar talentos esportivos, já que será possível saber, através da leitura do código genético, aqueles que poderão apresentar maior desempenho durante as provas que exigem resistência física, como é o caso da maratona. Rodrigo Dias apresentou as principais implicações da pesquisa aos participantes da Jornada de Saúde da FARN, que reúne cerca de 500 estudantes e profissionais das áreas de educação física, enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia. É considerado o maior evento científico da Instituição na área da saúde e está sendo realizado no Praiamar Hotel.

[ AÇÃO GLOBAL ] Entre os serviços oferecidos pela prefeitura estavam

atendimento pediátrico e de clínica médica, além de exames preventivos DIVULGAÇÃO

Era uma hora da madrugada, é impossível que ele estivesse trocando comida” ROBSON SILVA diretor do CDP

Durante todo o dia de sábado equipes de saúde atenderam à população no Ação Global

População é beneficiada com serviços gratuitos ete secretarias de Parnamirim participaram neste sábado do Ação Global, mutirão de cidadania criado pela Rede Globo e que teve como palco, o Parque Aristófanes Fernandes, das 8h00 às 17 horas. Foram montadas tendas da Educação, Saúde, Meio Ambiente, Esporte e Lazer, Habitação, Assistência Social e Fundação Parnamirim de Cultura. De acordo com a presidente da Fundação Parnamirim de Cultura, Vandilma Oliveira, o município disponibilizou para a população

S

todos os serviços da parte social. “Fomos parceiros do Sesi nesta ação de cidadania e participamos de forma integrada com toda nossa estrutura ao lado direto da entrada do Parque”, explica. Entre os serviços oferecidos pela prefeitura estavam atendimento pediátrico e de clínica médica, exames preventivos, cadastro no programa Banheiro Legal, informações e encaminhamentos para vagas de empregos, exposições de artesanato e artes plásticas etc. Vandilma ressalta que, de todos

os serviços oferecidos à comunidade, o destaque foi para os serviços de saúde e assistência social. “Há uma grande demanda de atendimento médico e odontológico, em especial para ginecologia e pediatria. Assim como também para a emissão de documentos. A procura é grande porque em ações desta natureza é possível encontrar diversos serviços em um mesmo local. A praticidade e a gratuidade são dois grandes atrativos”, ressaltou a presidente da Fundação Parnamirim de Cultura.

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[ TRANSPORTE ] Moradores de Montanhas e

Arês estão preocupados com a medida

Empresa deixa de operar e causa transtornos estudante Catiane Bezerril e a diarista Maria dos Prazeres lamentavam que a partir de agora será mais difícil visitar os municípios de origem, Montanhas e Arês respectivamente, como sempre faziam, todos os finais de semana. É que a empresa de transportes e passageiros Expresso Oceano deixará de operar, a partir de amanhã,24, sete linhas de sua frota, em um total de 10 veículos que trafegam com destino aos municípios da região agreste e Jenipabu. O gerente da empresa, Antônio Pessoa, explicou que a decisão de diminuir a frota de veículos se deu em face de uma concorrência a qual chamou de “desleal” com os transportes clandestinos. “Nós temos horários, itinerários e tarifas definidas a serem cumpridas. São centenas de carros clandestinos somente nessa região onde deixaremos de operar e isso nos trouxe muito prejuízo”, declarou Antônio. A partir de agora, os passageiros da empresa Oceano, como Catiane e Maria dos Prazeres, terão que procurar os ditos transportes clandestinos ou até mesmo os alternativos. Catiane Bezerril, por exemplo, é do município de Montanhas

A

e veio para a capital com o único intuito de estudar. Ela ressaltou que a partir de agora terá uma preocupação redobrada. Como estudante, o preço da passagem para Montanhas, onde vivem seus pais, é de R$ 15 no preço normal. Nos ônibus, ela paga R$ 5,50. “É lamentável. Vou ter que optar pelos opcionais ou então ir menos para minha casa”. No caso de Maria dos Prazeres a preocupação é outra. “Me sinto mais segura andando de ônibus e além disso é mais cômodo para mim. Ela cuida de um casal de idosos em Natal. Nos finais de semana aproveita para ficar com a família, em Arês. “Vou ter que ver outros carros. Essas lotações eu não tenho coragem porque muitas vezes não conheço o motorista. Achei ruim porque eu gostava do serviço”, disse a diarista. O gerente da Oceano, Antônio Pessoa, observou ainda que a empresa procedeu de acordo com o decreto que regulamenta os transportes intermunicipais. “Comunicamos ao DER e após isso demos andamento à operacionalização por 60 dias. Não foi tomada nenhuma providência e estamos parando na segunda-feira”. JÚNIOR SANTOS

Maria dos Prazeres diz que se sente mais segura andando de ônibus


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Natal | Rio Grande do Norte| Domingo | 23 de maio de 2010

[ ÍNDIA ] O voo IX-812 saiu de Dubai, nos Emirados Árabes e caiu a 1

km do aeroporto, em uma região de floresta, matando 158 pessoas

Oito pessoas sobrevivem a desastre de avião N o desastre aéreo com o Boeing 737 da Air Índia neste sábado, 22, no sul da Índia, oito pessoas – entre elas uma criança – foram resgatadas com vida dos destroços. De acordo com o porta-voz da companhia aérea, K. Swaminathan, o avião transportava 160 passageiros e seis tripulantes. A aeronave caiu a 1 km do aeroporto, em uma região de floresta. As informações são de que 158 pessoas estão mortas. A Air India não se manifestou sobre o número de vítimas fatais. O voo IX-812 saiu de Dubai, nos Emirados Árabes. Canais locais de TV mostraram imagens de alguns sobreviventes. A rede NDTV mostrou uma pessoa com graves queimaduras em uma cama de hospital e uma mulher em uma maca. Outras imagens focaram médicos cuidando de uma criança. Sobreviventes do acidente relataram ao jornal Times of Índia como conseguiram escapar da aeronave. O vôo transportava 166 passageiros, incluindo quatro crianças, e seis membros da tripulação, quan-

AP/AE

O Boeing 737 da Air Índia transportava 166 passageiros

do saiu da pista do aeroporto perto da vila de Kenjo e pegou fogo. “O avião tremeu com vibrações antes de se partir em dois. Logo que tocou no chão, eu consegui sair e pulei em um poço. Tinha fumaça por todo lugar enquanto a aeronave pegava fogo. Após dez minutos, houve uma explosão”, disse Pradeep, um dos sobreviventes. “Não acredito que sobrevivi ao acidente”, falou ao relembrar os mi-

nutos antes do avião pegar fogo. Segundo Pradeep, o toque do avião no solo parecia normal, no início, mas os problemas começaram após 15-20 segundos. “Primeiro, houve um pequeno incêndio que depois se alastrou rapidamente”, disse. Abdul Puthur, outro sobrevivente, explicou que ele juntamente com outros dois passageiros, conseguiu sair da aeronave por uma abertura no lado esquerdo.

[ INVESTIGAÇÃO ]

Estado de saúde de policial Civil é estável e acordo com o delegado da 1ª DP de Parnamirim, Graciliano Lordão, o estado de saúde de Vanilson Alves de Freitas, agente da polícia civil baleado sexta-feira às 19h15 em Candelária, é “estável”. Vanilson foi atingido com dois tiros de pistola “ponto 40” na face. Um dos disparos chegou até a nuca. O agente da polícia civil passou pelo Hospital Walfredo Gurgel, na noite de ontem, e, após uma tomografia, foi transferido para um hospital particular, cujo nome não foi divulgado pela Polícia. Até o fechamento desta edição, não havia suspeitos para a autoria do crime. Ninguém foi preso. Graciliano Lordão, que trabalhava com Vanilson em Parnamirim, afirmou que a Polícia trabalha com a hipótese de vingança, mas ainda não sabe os motivos. “O mais provável é que tenha sido por vingança, mas não temos nenhum suspeito por enquanto”, disse Lordão. No fim da noite de sexta-feira, policiais e peritos voltaram à cena do crime – um ponto de venda de cachorroquente ao lado da Faculdade de Natal (FAL), na avenida Alameda das Mansões – à procura das cápsulas dos disparos que atingiram o policial. Foi detectado que a pistola usada era “ponto 40”, de uso restrito das Forças Armadas. O crime aconteceu por volta das 19h15, quando o policial estava lanchando na barraca de cachorro-quente. Segundo informações, dois homens chegaram em uma moto preta e um deles efetuou os disparos enquanto o outro ficou dando apoio para a fuga. Por conta do horário, a FAL recebia os seus estudantes para o turno da noite e o tiroteio causou tumulto. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) rapidamente chegou ao local para prestar socorro e levar Vanilson para o Walfredo Gurgel, onde a tomografia foi realizada. O delegado Graciliano Lordão afirmou que o caso estava com o titular da Delegacia de Homicídios, Marcus Vinícius, mas que a 1ª DP de Parnamirim, onde o agente era chefe de investigação, iria dar suporte à investigação.

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JOSÉ MEDEIROS/DIÁRIO DE CUIABÁ/AE

[ MATO GROSSO ] Polícia prende auxiliares do

governo e mulher do presidente da Assembleia

Políticos têm envolvimento com ‘quadrilha da madeira’ B rasília (AE) - Uma quadrilha acusada de fraudes que deixaram prejuízo de R$ 1 bilhão com o “esquentamento” de madeira ilegalmente extraída de Mato Grosso foi desbaratada na sexta-feira, durante operação da Polícia Federal. A ação, após dois anos de investigação, resultou em 91 mandados de prisão preventiva e 91 de busca e apreensão em MT, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Distrito Federal. Até a noite, 60 pessoas haviam sido presas. O grupo era formado por proprietários de terra de Mato Grosso, engenheiros florestais e servidores públicos do Estado. Entre os presos estão o chefe de gabinete do governo, Sílvio Cezar Correia, o ex-secretário de Meio Ambiente Luís Henrique Daldegan, o secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Afrânio Migliari, a mulher e o genro do presidente da Assembleia Legislativa de MT, Janete Riva e Carlos Antonio Azoya Para conseguir “legalizar” madeira retirada ilegalmente, integrantes falsificavam licenciamentos e planos de manejo florestal para áreas devastadas. Usavam para isso imagens de satélite de outras propriedades ou fotos antigas, simulando a existência de floresta em pé. Com base nas informações falsas, o grupo conseguia créditos ambientais - o passe livre para legalizar madeira retirada irregularmente de cerca de 100 áreas indígenas e 20 unidades de conservação ambiental. Entre as áreas afetadas pela extração ilegal estão o Parque Indígena do Xingu, o Complexo dos Cintas Largas e a área Indígena Caiabi. Segundo a Polícia Federal, não há indícios de envolvimento de índios na quadrilha. Investigações demonstram que o grupo atuava havia pelo menos dois anos. Nesse período, o grupo extraiu R$ 900 milhões de madeira ilegal - o equivalente a 1,7 milhão de metros cúbicos de madeira. Engenheiros florestais estariam encarregados de fazer os laudos falsos. Servidores presos são acu-

NÚMERO

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bilhão de reais é o valor da fraude como esquentamento de madeira extraída ilegalmente no MT

Eu vejo a questão ambiental não como uma política, mas como uma questão moral de toda a sociedade” HENRIQUE DALDEGAN ex-secretário do Meio Ambiente

sados de fazer “vista grossa” aos documentos falsificados e liberar os créditos numa velocidade impressionante. Geralmente, o processo de concessão demora cerca de um ano. Nos casos analisados, era preciso esperar entre 30 e 60 dias para obtenção da licença. FRAUDE Daldegan passou boa parte de sua gestão contestando os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que colocavam o Estado na liderança do desmatamento. Um dos argumentos de Daldegan, em 2007, era de que áreas desmatadas em anos anteriores e já computadas pelo Estado eram apresentadas como desmatamento atual. Depois, ele chegou a reconhecer a metodologia do Inpe e afirmou que acompanharia os desmatamentos em campo. Após pacto entre o governo de Mato Grosso e ONGs, o Estado deixou de fazer parte da lista dos maiores desmatadores. O ex-secretário também se vangloriava de ter desmantelado, em 2005, uma rede de corrupção que favorecia a retirada ilegal de madeira. “Eu vejo a questão ambiental não como uma política, mas como uma questão moral de toda a sociedade”, disse na época.

[ PESQUISAS ] Debate promovido pelo CTNbio

revela racha entre técnicos da Embrapa

Arroz transgênico não consegue consenso rasília (AE) - Debate promovido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) na semana passada revelou um racha na Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) sobre liberação de um arroz transgênico resistente à herbicida no País. Quatorze meses depois de o pesquisador Flávio Breseghello posicionar-se, em audiência pública, contrariamente à liberação, seu colega Ariano Magalhães Júnior afirmou o oposto: “O uso da variedade poderia aumentar a vida útil das tecnologias existentes. Ela seria uma ferramenta a mais”, disse o pesquisador. Na audiência pública do ano passado, Breseghello observou que o arroz vermelho, uma espécie combatida pelos agricultores, poderia tornar-se resistente ao mesmo herbicida usado na espécie de arroz transgênico. Além disso, o uso do transgênico poderia tornar inviável a aceitação do produto brasileiro no mercado externo. Magalhães Júnior reconhe-

B

ce que a resistência ao herbicida no arroz vermelho poderá ocorrer. “Mas há formas de tornar esse processo mais lento”, afirmou. Desde que assumiu a presidência da CTNBio, o pesquisador Edilson Paiva vem se empenhando em retomar o debate sobre a liberação do arroz transgênico, interrompido logo depois da audiência pública e dos relatos contrários ao produto. A mesa-redonda foi o primeiro passo para esse novo processo. Ambientalistas, no entanto, criticaram o formato da mesa-redonda, em que quatro dos cinco participantes mostraram-se favoráveis à liberação. “Não houve debate. Foi apenas uma oportunidade para a defesa da nova variedade”, Iran Magno, do Greenpeace. Para Gabriel Fernandes, da ASPTA, vários pontos ficaram sem resposta: a possibilidade de resíduos do agrotóxico no arroz e a falta de pesquisa da segurança do produto no País. “Há um grande risco de o produto ser aprovado. Seremos, então, cobaias do mundo.”

Janete Riva, mulher do presidente da Assembleia , José Riva (PP), é conduzida por policiais à carceragem da Polinter, em Cuiabá


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Domingo | 23 de maio de 2010

[ POLÍTICA ] Expectativa dos organizadores é fazer uma festa multipartidária com líderes de

diversas partidos políticos saudando o deputado Henrique Alves e o senador Garibaldi Filho

Cláudio Humberto E-mail: ch@claudiohumberto.com.br - www.claudiohumberto.com.br

‘Milagre da multiplicação’

É

oficial: cada senador está autorizado a promover o “milagre da multiplicação”. Pode contratar 12 assessores comissionados, incluído o motorista, sendo que alguns desses cargos podem ser subdivididos em salários menores, segundo confirma a Secretaria de Comunicação Social do Senado. Assim, um assessor remunerado a R$ 10 mil, por exemplo, pode se transformar em dez assessores de R$ 1 mil.

PRETO NO BRANCOA obscena “multiplicação de cargos” no Senado foi oficializada por ato da chamada “comissão diretora” do Senado.

“Como é que nós senadores não percebemos?”

CRISTOVAM BUARQUE, indagando por que ninguém no Senado, “com centenas de assessores”, percebeu que a mudança no projeto Ficha Limpa geraria controvérsia

81 TRENS DA ALEGRIACada um dos 81 senadores dispõe também de uma verba no valor R$ 80 mil para contratar até 20 “assistentes parlamentares”.

Tempos do cólera O Itamaraty vai passar um bom tempo sem receber pedidos do G-8 para agendar visitas ao Brasil de seus chefes de Estado ou governo. Confraternizando com autocratas e ditadores como o iraniano Mahmoud Ah-

madinejad, Lula colocou o Brasil na antesala dos países do “eixo do mal”. Até a visita de Barack Obama, prevista para setembro, subiu no telhado. Já eram os tempos do “Cara”; agora, são “tempos do Cólera”.

DINHEIRO NÃO FALTAAlém do salário e de outros penduricalhos, o senador ganha também a verba indenizatória mensal de R$ 15 mil para gastar como quiser.

Com Luiz Inácio

Escolhendo

Sobrinho do senador Mão Santa, o deputado Antonio Moraes de Sousa será vice do governador Wilson Martins - palanque de Dilma no Piauí.

José Serra desautoriza a cúpula do PSDB, resistindo aos palanques de Joaquim Roriz, favorito no DF, e de Efraim Morais (DEM) na Paraíba.

NERVOSISMOJarbas Vasconcelos diz estar otimista: soube que sua candidatura ao governo de Pernambuco deixou o rival Eduardo Campos “nervoso”.

De olho

Encontro fatídico

Líder do PMDB, Henrique Alves (RN), que sonha suceder Michel Temer na presidência da Câmara com aval de Dilma, será o cicerone dela na primeira visita como candidata a Natal, no início de junho.

Faltam três dias para a seleção de Dunga visitar Lula e seu pégelado, que vitimaram esportistas como Guga, Popó, Roberto Carlos, Adriano e Ronaldo, e clubes vencedores que experimentaram derrotas incríveis.

AVE EM EXTINÇÃOCinco deputados estaduais tucanos desistiram da reeleição no Ceará: sem candidato ao governo, o partido deve sofrer severa lipoaspiração.

O que falta a Dutra Presidente do PT, José Eduardo Dutra diz que não vai disputar a eleição de outubro para se “concentrar” na campanha de Dilma. Ele conta lorota. Dutra coleciona derrotas, em Sergipe, desde sua eleição para o Senado, em 1994. Não lhe falta vontade. Faltam-lhe votos.

LITURGIA NENHUMA Deputados distritais do DF não estão nem aí para a liturgia do cargo. Vão às sessões de mangas de camisa. Se fosse para o trabalho das comissões, vá lá. Mas usam a tribuna envergando trajes de shopping.

Afinadíssimos

Jogo bruto

Dilma Rousseff mandou a assessoria espalhar que ela ficou irritada com um artigo do ex-ministro José Dirceu, acusando a “grande mídia” de fazer o jogo de José Serra. Mas é tudo combinado entre eles.

Pode sobrar para Júlio Bono, “homem-sombra” de Michel Temer, a irritação do PMDB paulista com sua aliança com a petista Dilma Rousseff. O impasse pode dificultar qualquer projeto político de Bono.

VERGONHA? O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto (PTB-PE), está entre os deputados que evitam usar nas ruas o broche que os identifica como parlamentares. DISPUTA, NEM PENSAR Virgílio Guimarães (PT), que perdeu para Severino Cavalcanti (PP-PE) o reinado do baixo clero na Câmara, pode ser vice de Hélio Costa (PMDB) em Minas. Mas aceitaria de bom grado a suplência no Senado.

Líderes comemoram quatro décadas de vida pública JOSÉ CRUZ/ABR

s dois principais líderes do PMDB no Rio Grande do Norte comemorarão juntos os 40 anos de vida pública. O senador Garibaldi Alves Filho e o deputado federal Henrique Eduardo Alves celebrarão as quatro décadas de atuação política na próxima sexta-feira. O evento, que acontecerá no Centro de Convenções, será uma feijoada de adesão que está sendo organizadas pelos familiares e amigos dos dois políticos. A festa será marcada por uma homenagem da bancada Calçadão Carioca. Outro momento que promete emocionar será a participação do cantor Etelvino, fundador da bancada Impacto 5 e responsável por muitas das músicas de campanha do PMDB. Até 2002, quando os shows em comícios eram permitidos, Etelvino era participação certa nas mobilizações políticas peemedebistas de Garibaldi Filho e Henrique Eduardo. A festa dos 40 anos de vida pública dos dois líderes promete trazer a Natal muitos políticos de expressão nacional. As confirmações ainda estão sendo feitas, mas certa já é a presença do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Michel Temer, que deverá ser candidato a vicepresidente na chapa da candida-

O

Michel Temer, presidente da Câmara, confirmou presença na festa de Henrique e Garibaldi

ta Dilma Roussef (PT). A expectativa dos organizadores é que essa seja uma festa multipartidária, com líderes de diversas legendas saudando Henrique Eduardo e Garibaldi Filho. A festa que marcará os 40 anos de vida pública desses dois líderes potiguares se torna um grande evento pela própria história da

política do Estado que se entrelaça com esses dois políticos. O deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente estadual do PMDB, está no décimo mandato na Câmara dos Deputados, onde exerce a liderança da maior bancada da Casa. Já o senador Garibaldi Alves Filho foi quatro vezes deputado

estadual, foi prefeito de Natal, em seguida senador da República e governador do Rio Grande do Norte por dois mandatos. No Senado Federal está no segundo mandato e tentará no pleito de 2010 a reeleição. SERVIÇO O ingresso para festa custará R$ 30.

[ ORÇAMENTO ] Crise econômica na Europa pode ter obrigado o governo brasileiro a 'pisar

no freio' com mais força. Cortes e reestimativa de despesas chegam a R$ 10 bilhões

Cortes esfriam a economia Brasília - Três dias depois de anunciar a arrecadação de R$ 71,9 bilhões só em abril, um recorde para o mês, o governo encaminhou ao Congresso uma segunda reavaliação dos gastos e da arrecadação da União este ano, propondo cortes de R$ 7,6 bilhões. Ao mesmo tempo, informa que os gastos obrigatórios que havia projetado para este ano estavam exagerados em R$ 2,4 bilhões, inclusive as despesas com pessoal e encargos sociais. A soma dos cortes com a reestimativa de despesas obrigatórias chega a R$ 10 bilhões. Com os cortes, o governo sinaliza ao Congresso que quer esfriar um pouco a economia, para evitar que a inflação saia do contro-

le. Ao mesmo tempo, mostra que está atento aos seus gastos no momento em que países da Europa enfrentam problemas de credibilidade - exatamente por causa de elevados déficits em suas contas. Em abril, o governo havia contingenciado (adiado gastos) R$ 21,8 bilhões do orçamento. Com o corte de agora, eleva-se para R$ 31,8 bilhões o volume de dinheiro que o governo, pelo menos por enquanto, quer deixar de gastar. O corte também reforça a intenção do governo de que cumprirá a meta do setor público de apresentar este ano um superávit primário de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O dinheiro do superávit primário é usado para pagar juros da

dívida pública. A garantia de que esse dinheiro está reservado tranquiliza os investidores, pois eles percebem que o governo tem controle sobre seu endividamento. A dívida líquida do setor público brasileiro chegou ao final de março em R$ 1,36 trilhão (42,4% do PIB). Na mensagem aos parlamentares, que será examinada na Comissão Mista Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), o governo informa que decidiu aumentar sua previsão de crescimento da economia para este ano, elevando-a para 5,5%, contra 5% em dezembro. No mercado, existem projeções que ultrapassam os 6%. O governo acrescenta que a inflação tem subido e que agora tra-

balha com um índice oficial (IPCAIBGE) de 5,5%, em vez dos 5% previstos até dois meses atrás ou de 4,45% em dezembro passado. O documento enviado aos parlamentares, no entanto, pondera que o IGP-DI, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, poderá chegar a 9,14% neste ano (o IGI-DI é influenciado pelos preços no atacado). Consultores de orçamento do Senado acreditam que o presidente da República editará decreto nos próximos dias informando em detalhes que áreas sofrerão os cortes de R$ 7,6 bilhões. Os ministros Guido Mantega e Paulo Bernardo, informaram a que o governo pretende preservar as obras incluídas no PAC e o Bolsa-Família.


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Brincadeiras de mau gosto, que se repetem geralmente no ambiente escolar, podem revelar carência afetiva e outros distúrbios dos agressores. Problema atinge um terço dos estudantes

[ COMPORTAMENTO ]

Bullying: mau exemplo na escola EMANUEL AMARAL

SARA VASCONCELOS repórter

á pensou acordar a cada manhã temendo ser jogado de cabeça no vaso sanitário, ou ainda cantar musiquinhas bobas ou depreciativas para satisfazer algum brutamonte? Ter de enfrentar todo tipo de apelido ou mesmo o riso debochado dos colegas de escola, sem conseguir reagir? As situações que ilustram o filme “Bang! Bang! Você morreu”, de 2002, dirigido por Guy Ferland, não estão fadadas à ficção. Cada vez mais comum, o bullying – termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados com intuito de agredir e humilhar - faz parte da realidade de crianças e adolescentes em idade escolar. Para quem acha que o universo infanto-juvenil é permeado de inocência, notícia como a morte do estudante Mateus Abvragov Dalvit, de 15 anos, em Porto Alegre, no último dia 11, por outro adolescente da mesma idade, vai em sentido contrário. Alto e obeso, Mateus era vítima de constantes agressões por parte dos colegas e passou a reagir nos últimos tempos. Mas este não é um caso isolado. Pesquisa divulgada no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que investigou vários fatores de risco à saúde dos adolescentes, revela que três em cada dez estudantes já foram vítimas de bullying na escola. De acordo com os números da pesquisa, 35,9% dos alunos da rede privada se sentiram humilhados por provocações de colegas contra 29,5% na rede pública. Os homens (32,6%) são alvo mais frequente do que as mulheres (28,3%). Embora aconteça em qualquer fase da vida, é mais crítico entre os 10 e 14 anos. Os ataques vão desde apelidos e “rótulos” a casos de exclusão, seja por não ter a boneca da moda ou levar um lanche mais simples para escola, além de agressões físicas cometidas contra pessoas que não sabem se defender. Em geral, os “escolhidos” são considerados pelos que

J

praticam o bullying como “fora do padrão”. Ou seja, podem ser diferenças físicas que são estereotipadas, como altos, baixos, gordos, magros, que usam óculos ou aparelhos, ou por não terem o mesmo ritmo de aprendizado. Os “escolhidos” também são aqueles que apresentam estilos e gostos de se vestir diferentes, música ou esportes e que tenham outro sotaque. A vítima também costuma ser sensível, tímida e com dificuldades de relacionamento. A violência repetitiva quase sempre é confundida - e até tratada com complacência - com brincadeira de mau gosto ou falta de disciplina, ignorando as graves consequências que podem causar vida afora. O limite, esclarece o psicopedagogo Nery Adamy, que desenvolve um trabalho de combate ao bullying no Colégio Marista de Natal, está em qual reação a “piada” provoca. “Se objetiva denegrir, humilhar, coagir, não deixa o outro bem, é bullying por mais sutil que seja”. Esta sequencia de incômodos pode gerar mudanças facilmente percebidas, como alteração de comportamento para mais agressivo ou de submissão, acompanhado de pedido constante para mudar de colégio e desinteresse pelos estudos. Estão sempre assustadas, com medo, e buscam o isolamento, refletindo o sentimento de exclusão a que são submetidas. Mas as consequências não param por aí. Mesmo nas idades mais tenras, o bullying pode acarretar distúrbios psicológicos, como depressão, síndrome do pânico e até tentativa de suicídio. O agressor quase sempre são crianças sem limite, que já sofreram agressão, não tem atenção dos pais e o fazem para se impor perante um grupo ou porque isso faz parte da realidade em que vivem. “Quase sempre o problema começa em casa e é reproduzido em outros ambientes. Quem pratica não sabe outra forma de reagir”, lembra Nery. Se não “freado” a tempo, o agressor pode chegar à vida adulta com conflitos nos relacionamentos, dificuldades em trabalhar em equipe e sem capacidade para autocrítica.

Humilhação na escola muda o comportamento das crianças e adolescentes vítimas de agressões

Educador é peça fundamental KAMILO MARINHO

Não adianta, todo ambiente escolar pode ter esse problema, o papel dos educadores é fundamental, tanto no sentido de prevenir como de identificar e combater as ofensas. “Informação e diálogo são o caminho”, afirma a pedagoga Fátima Guilmo. Há mais de um ano, o Colégio Marista desenvolve a campanha “Bullying é muito sem noção”, que mostra o que é e como agir nestes casos. Fátima conta que não há como banir, mas reduzir consideravelmente. “Quando é identificado conversamos com a vítima e o agressor e o incentivamos a se colocar no lugar do outro e dizer como se sentem”, afirma. Mas em tempos de banalização da violência, é preciso cuidado para não incentivar o revide e alimentar a prática, ressalta a pedagoga Simone Genro, vice-diretora da Escola Municipal Quarto Centenário, em Petrópolis. A escola pública também conta com um trabalho de prevenção, que melhorou o rendimento e o convívio entre os alunos. O envolvimento da família é parte primordial para o resultado. Essa participação revela fatos e um histórico dos alunos, que colaboram para o acompanhamento. “É um processo de conscientização coletiva, de valorização e respeito ao outro, dentro e fora da sala de aula”. Uma situação corriqueira, nas escolas públicas é a relação ca-

EMANUEL AMARAL

Uyara: bullying eletrônico

Fátima Guilmo, do Marista

ta acredita que na rede privada os casos são mais frequentes devido o acesso à internet. “O bullying eletrônico é outro vilão que se alastra rápido, sendo mais difícil de controlar”. Na rede virtual, a prática se dá por mensagens com ameaças, xingamentos e difamação em sites de relacionamento e e-mail. Embora caracterize um ato de violência, não há ações junto ao Ministério Público Estadual. Também não há dados precisos na 3ª Vara da Infância e da Juventude, onde os casos chegam como ameaça, agressão corporal ou difamação.

É um processo de conscientização coletiva, de valorização e respeito ao outro, dentro e fora da sala de aula” SIMONE GENRO educadora

louros versus veteranos, onde os últimos se consideram superior e constrangem, xingam e agridem os mais novos. Contudo, a diretora e psicopedagoga Uyara Mesqui-

[ leia mais na página 12 ]

Violência pode virar crime contra honra Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei, de número 6.935/2010, que prevê sanções rigorosas para bullying praticado por adultos. Pela proposta, de autoria do deputado federal Fábio Faria (PMN-RN), o ato será definido como crime contra a honra, previsto no Código Penal (Decreto-lei 2.848/40). “Por ser a intimidação uma agressão à dignidade da vítima é adequado enquadrá-lo neste capítulo”, esclarece Faria. O projeto prevê detenção de três meses a um ano e multa para os casos que resultam em agressão física. E se envolver preconceito de cor, etnia, religião, idade ou limitação física, a pena será ainda maior: reclusão de dois a quatro anos e multa. A ideia, segundo o deputado, é inibir os trotes violentos promovidos na recepção aos novos alunos de universidades. “Ver a intimidação, humilhação, exposição a situações que colocam em risco a integridade física e emocional dos alunos me causam indignação e avaliei que seria oportuno termos uma legislação que trate esses casos rigorosamente”, disse. Desde março, o projeto está na Comissão de Segurança Pública, com parecer favorável do relator, deputado Francisco Tenório. A aplicação e regulamentação dependem de instituições de segurança. E será debatido na Comissão de Constituição e Justiça, uma vez que prevê uma alteração no Código Penal. Para o relator, a proposição é uma iniciativa positiva, pois aprimora as ações de repressão aos comportamentos de intimidação presentes, em grande parte, no ambiente escolar. “É preciso tratar do tema sob dois pontos de vista não excludentes: o preventivo e o repressivo. No plano repressivo, a iniciativa do deputado Fábio Faria é de extrema importância, pois tipifica o crime de intimidação com as características do que se conhece por bullying”, completa Tenório.


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Domingo | 23 de maio de 2010

Relatos mostram como o bullying afeta a autoestima das vítimas de agressões nas escolas e como elas reagem diante de uma situação humilhante que pode ficar marcada para o resto da vida [ COMPORTAMENTO / CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 11 ]

Histórias de terror no dia a dia O

da classe. O jovem reagia com o silêncio e o choro. “Eu não sei o por quê, mas todos me odiavam. Diziam que tinham pena de mim porque era quieto”. A situação diminuiu quando passou a deixar claro que não gostava das “brincadeiras”. A dona de casa Maria Aparecida, 49, começou a suspeitar do comportamento do sobrinho, João Pedro, 12, que há dois anos veio da Bahia para morar com ela. No ano passado o garoto foi matriculado em uma escola pública do Conjunto Soledade II, onde mora,

numa turma de estudantes desnivelados do 5º ano do ensino fundamental. Em média quatro anos mais novo que os demais, ele passou a ser perseguido por ser inteligente, esforçado e o menor da turma. “Chamavam ele de CDF, nerd, bobão, menino chorão e era comum estar com hematomas ou voltar com caderno, mochila ou lápis quebrados”, conta a tia. Inconformada com as agressões, Maria Aparecida procurou a direção da escola, que a autorizou, durante uma semana, a assistir aula ao la-

do do sobrinho. Pelo menos durante essa semana os agressores se sentiram intimidados. Apesar de estudar hoje em outra escola, João Pedro se mantém reservado, com rejeição a crianças maiores do que ele e, ao tocar no assunto, o terror é visível. O aluno gagueja, sua e as mãos começam a tremer. Acima do peso e falante, o estudante do 1º ano do ensino médio de uma tradicional escola particular, Fabrício Márcio, 15, também não se livrou da perseguição. Os apelidos vão de gor-

do a “Ronaldo Fenômeno”. “Ficam dizendo que falo besteira, que sou doido e às vezes não deixam eu participar dos jogos”. Para impedir as brincadeiras, passou a brigar no colégio e quase foi suspenso. “Nesta hora vi que até o professor estava contra mim, pois quis punir só a mim, por me defender”. No caso de Anderson Fagundes, 15, o bullying culminou com a agressão física. Aluno de balé e ginástica aeróbica, e integrante de outra “tribo”, Anderson passou a ser conhecido como “emo nojen-

to”, o “gay” e outros termos pejorativos. Apesar disso, o estudante conta que as chateações eram momentâneas e não mudaram o seu comportamento. “Não posso deixar de ser quem sou, porque alguém não está satisfeito”. Anderson tinha receio de contar em casa e os pais concordarem com os xingamentos. Buscou ajuda da escola e da família depois que as agressões passaram do limite. * Os nomes foram alterados para preservar a identidade das vítimas.

BATE-PAPO Silvana Vieira » Psicóloga infantil EMANUEL AMARAL

adolescente Márcio Oliveira, 14, durante três anos foi alvo dos colegas de classe de uma escola da rede privada de Natal. Alto, magro e tímido, o menino que sentava no fundo da sala era conhecido como “esqueleto humano” e enfrentava quase diariamente assédios do tipo “cuecão” (onde a peça íntima é puxada por cima da calça). A maldade chegou ao ponto de os alunos, da mesma faixa etária com quem convivia há alguns anos, fazerem votação para saber quantos o detestavam e o queriam fora

“Conversa franca dos país é o melhor remédio” Como identificar se uma criança está sofrendo bullying? O primeiro sintoma é a mudança de comportamento. São crianças que se trancam no quarto, não querem conversar, perdem o interesse por pessoas da mesma faixa etária. Ou um movimento contrário, de descontar ou fazer o mesmo com irmãos menores. Além de um repentino desinteresse pelos estudos. Por ocorrer na escola, é comum eles pedirem para mudar de colégio, criar resistência a ir a aula, como forma de se livrar do problema. O rendimento escolar diminui e isso se reflete nas notas. Estas mudanças apontam que algo não vai bem. Quando a criança diz o que está sofrendo, o assédio ocorre há muito tempo. Se elas silenciam, como os pais devem agir quando um filho é vítima? É uma situação delicada o bullying, mas uma conversa franca e o olhar mais apurado dos pais são o caminho. Acompanhar a vida dos filhos, observar se aparecem com machucados ou objetos quebrados com frequência e investigar as causas. As vítimas não se abrem por considerar “normal” a agressão ou mesmo acreditar que merecem, por serem “fora do padrão”. Os pais devem buscar a escola para tomar providências. Dependendo do caso, registrar queixa na delegacia. O resgate de valores também é fundamental. Se a conversa não resolver, terapia e acompanhamento profissional são necessárias. A vítima pode desenvolver distúrbios psicológicos? O problema está na intensidade destes eventos, como eles ocorrem e principalmente no desfecho da situação. Portanto, sintomas

como síndrome do pânico, tremedeira, insônia, depressão ou mesmo tentar suicídio, podem ocorrer dependendo da estrutura da “vítima” e da intervenção dos responsáveis, escola e família. E quando o agressor é o filho, o que fazer? Conversar e avaliar junto ao filho o porque do comportamento, se é uma forma de chamar a atenção, se a criança está sendo vítima em outros contextos, se está reproduzindo o que observa em casa ou com outros parentes. Se aquele adulto - considerado referência - contribui para essa atitude, e principalmente se quem pratica tem consciência do sofrimento provocado na outra pessoa. Como é possível identificar o agressor? O “agressor” não tem um perfil determinado. No caso das agressões físicas ou mais “explícitas”, quem provoca pode ter um comportamento mais rebelde, ter um poder de liderança e persuasão maior na turma. Aparentemente uma autoestima elevada, o que pode estar encobrindo uma necessidade de autoafirmação. Se não for tratado na infância e adolescência, quais as consequências para a vida adulta? No caso da vítima, o bullying afeta diretamente a autoestima e quando não é acompanhado, a criança pode acreditar que o que dizem dela é verdade e assumir aquela identidade e percepção negativa de si próprio. O que poderá refletir nos relacionamentos afetivos e até mesmo nas escolhas profissionais. No caso do agressor, ele pode continuar a ter dificuldades de trabalhar em equipe, de dialogar e repetir as situações de agressividade.


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[ CIDADANIA ] Pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura mostra que alunos das escolas

da zona rural têm desempenho abaixo da média em português e matemática e que as escolas estão desaparelhadas

Escola rural cria fosso na Educação B “ rasília (AE) - Alunos de escolas rurais do País apresentam desempenho em Matemática 18% inferior à média nacional, restrita ainda às escolas das áreas urbanas. Só neste ano, o índice oficial passará a incluir - e ainda parcialmente - alunos que não estudam nas cidades. A pesquisa Estudo Nacional das Escolas Rurais, encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também identificou desempenho de português 6% abaixo da média brasileira. Junto com o baixo desempenho, a pesquisa encontrou condições precárias nas escolas do campo: a maioria dispõe apenas de quadro negro e giz como recurso pedagógico. Computadores inexistem em 66% da amostra pesquisada. “Existe um diagnóstico grave: a maior desigualdade na educação não é entre homens e mulheres, entre brancos e pretos ou entre o Nordeste e o Sudeste, mas entre a área urbana e a rural”, afirmou André Lázaro, secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (MEC). Somente a partir deste ano, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) passará a refletir o desempenho de uma parcela das escolas do campo: cerca de 10% dos 4,9 milhões de alunos da área rural. Os estudantes matriculados em escolas do campo somam aproximadamente 10% do total de matrículas do ensino básico no País. A expectativa do MEC é que o índice geral do Ideb fique entre 4,4 e 4,5, pouco acima do obtido em 2007, de 4,2. Esse resultado já repercuti-

Temos um cenário de pobreza e esquecimento. O que estamos oferecendo a essas crianças é a morte cultural” KÁTIA ABREU senadora e presidente da CNA

ria, ainda que parcialmente, os resultados do índice de aprendizagem do ensino rural. “A diferença de desempenho não é proporcional à diferença das condições dessas escolas. Eu temia que a diferença fosse maior”, observou Lázaro. O estudo, patrocinado pela CNA, pesquisou uma amostra de escolas com classes chamadas multisseriadas, que reúnem alunos de idades e séries diferentes. O Ibope aplicou a Prova Brasil em um grupo de alunos de 50 escolas localizadas em 10 Estados. “Temos um cenário de pobreza e esquecimento”, resumiu a presidente da confederação, senadora Kátia Abreu (DEM-TO). “O que estamos oferecendo a essas crianças é a morte cultural.” Às condições precárias das escolas, somam-se a falta de assistência e acompanhamento dos pais nos deveres de casa. De acordo com a pesquisa, feita pelo Ibope e pelo Instituto Paulo Montenegro, quase 70% dos pais não completaram a 8ª série. Entre os estudantes, 49% já foram reprovados ao menos uma vez.


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SANDERSON NEGREIROS [ Jornalista ]

Relógio feito de outroras li está, mudo e aposentado pelo INSS do esquecimento, o velho relógio de parede, um tanto frustrado, é certo, por ter atingido a compulsória sem chegar sequer a ser um carrilhão. Ou embaixador na corte britânica de St. James, por exemplo, de onde poderia ter voltado PHD na marcação do tempo, ao lado do Big Ben de Londres. Enquanto isso, cumpriu um roteiro prosaico na sua história secular: viveu, desde o alto Oeste, sertão potiguar de Pau dos Ferros até o litoral de Ceará Mirim, quando chegou a ser eleito o mais respeitado e bonito, emblema de paredes consuetudinárias, na assembléia constituinte dos relógios, depois fechada por um ato inconseqüente e intempestivo do destino. Esse relógio, de que vos falo, só perdeu o pudor uma vez: apaixonou-se por um belo relógio feminino. Fora disso, só fazia mostrar sua respeitabilidade: olhar para o chão e manter-se sério e impenetrável. Acima do cotidiano medíocre, que faz e refaz a rotina da vida. Usava um marcapasso escondido, um chip diferente, que o fazia vibrar com toques de violino, quando via uma bela mulher. Os ponteiros voltavam a trabalhar na presença da beleza feminina, interrogada de imprevistos. O relógio de que faço o elogio fúnebre, e seu martirológio, daria um romance, daquele de folhetim, capa e espada, com cavalheiros andantes, personagens quixotescas, primos de Sancho Pança. Seu olho de vidro registrou ocorrências e fábulas nunca reveláveis; presenciou cenas de atrito familiar; badalou em horas líricas, saudando instantes de ternura inabaláveis entre namorados de gerações

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diversas e sucessivas. Deu a hora para que muitos nascessem e outros habitantes da casa entregassem a alma a Deus. Mudo, de uma mudez de yoguin, seu silêncio era cortado por batidas estranhas em estranhas madrugadas. E, ainda agora, é capaz de suspender imagens inesquecíveis nesse écran invisível, cinema mudo de lembranças nutridas do esquecimento amoroso. Como as imagens da Mãe, que já se foi de há muito, mas que deixou gravada nas horas do relógio sua murmurosa fala mansa, seu olhar de lince, a sombra de seus pés a cumprir rotas de luz contra o sol, no corredor da casagrande. Dizem que foi ferido, em hora de fúria, por uma bengala de um senhor de engenho, ao saber que sua filha fugira no trem de carga, que demandava Natal, época em que os noivos eram, ou não, aprovados pelas exigências do pater-famílias. Carregava a mancha de goteiras, que lhe tiraram a inteireza da cor escura, ao tempo em que havia goteira e chuva por esses pagos ressequidos. Debaixo dos seus ponteiros albergam-se réstias de luar antigo, o único traço que varria de suave arabesco os tijolos desgastados do chão antigo. Enferrujada chave abria a tampa de vidro do relógio, pois tinha o ofício de gravar vozes de gerações inteiras que por ele, ou diante dele, desfilaram no cortejo de sobrevivência natural. Da moça que suspirava - naquele tempo, as mulheres ainda sabiam suspirar - marcado pelo noivado desfeito sob o imperativo de ingressar logo no convento. E, nos últimos anos, em vez de tocar as badaladas de sua função temporal, o relógio, por esperada velhice inescapável, tocava música de realejo - música a ressoar como se um sino longínquo dentro dele morasse. Seria uma caixinha de

VALÉRIO MESQUITA [ Escritor ]

Onde estão hoje os velhos relógios que desapareceram? Só o mistério, que é a própria vida, pode esclarecer alguma coisa. E o mistério não fala apenas indica um breve horizonte de eternidade. Ninguém ou nada deste mundo viu verdadeiramente o Ontem ir embora. Somente este relógio habitado por Outroras.“

música se não fosse tão temperamental. Tão esquisito pela existência centenária. Irascível na maioria das vezes. Seus minutos, tocados já lentamente, ele queria que Luís Carlos Guimarães - indevolvido amigo para sempre -, os registrasse em um poema, mas Lula se foi; e os números góticos, ah, esses ele fez questão que fossem guardados em urna funerária. As suas cores, feridas e sumidas, que Dorian Gray Caldas as perpetuasse em uma aquarela. Relógio humilde, em vez de dinheiro, fortuna, honrarias, trazia nomes e legendas de pessoas transatas, vivas e desfeitas, que ele amara em seus guardados; ele era o capitão-mor do tempo, nauta de navios náufragos. E sobre sua sepultura desejava que escrevessem: "Aqui jaz um relógio que guardou da vida apenas sonhos". Não é pedir muito. Os relógios antigos valem por todas as ilusões, o que há de melhor na realidade. As ilusões passageiras e as que sempre retornam com a música de sons pesados, constantemente a repetir horas, minutos e segundos, parecidos com os dobrados vindos das velhas torres das igrejas. Só que, agora, tudo isso soa com o silêncio eloqüente e eterno dos objetos que guardam longo curso e percurso da vida. Onde estão hoje os velhos relógios que desapareceram? Só o mistério, que é a própria vida, pode esclarecer alguma coisa. E o mistério não fala - apenas indica um breve horizonte de eternidade. Ninguém ou nada deste mundo viu verdadeiramente o Ontem ir embora. Somente este relógio habitado por Outroras. É como se fosse ele um plantão de estrelas, vigia do mundo, mas de estrelas errantes, que riscam o céu noturno de luzes, em arcos voltaicos e que deixam um rastro inesquecível de beleza, em nossa memória afetiva, que o tempo não faz senão reacender. E encandear. Por isso, fico encandeado com as luzes da noite, viu, poeta Alex Nascimento.

Humor Fino [ Amâncio ]

NELSON PATRIOTA [ Escritor ]

Divertidas lições de vida

Um beato atento à prosa dos rios...

ex-vereador mossoroense Expedito Mariano, o “Bolão”, é gente que todo mundo gosta. Sua irreverência não tem limite. Numa festa de confraternização, um colega percebeu que ele mantinha as unhas bem tratadas e aparadas, menos a do dedo anular da mão esquerda. O mesmo amigo quis saber: “Bolãozinho, por que essa prática?”. Sem titubear Expedito foi curto e grosso: “Isso é sabedoria oriental, coisa de japa meu filho. Chama-se plantão kossaku!”. 02) O governador José Varela, exemplo de honestidade e honradez, deixou o comando do estado, pessoalmente mais pobre, do que quando assumiu. Médico caridoso, Zé Varela, já decepcionado com a política, voltou a sua terra Macau, e ali passou a clinicar. Os amigos, liderados por Duarte Filho, presentearam-no com um automóvel da moda. A intenção era lançálo para o senado, pois, um deles seria o indicado para o governo estadual. Dois meses depois, Zé Varela reuniu os correligionários, e, explicou-se: “Vim deixar esse veículo para vocês. Façam uma rifa, ou o que quiserem. Eu não posso sustentar duas famílias. Guardem essas palavras: viver bem, não é ter muito. É poder usufruir do que tem!”. 03) O prefeito Duquinha, de Grossos, veio numa leva de gestores do Oeste, para uma conferência no Centro de Convenções. O assunto era consultoria, com o professor Luiz Carlos Cabrera da Fundação Getúlio Vargas. A conversa deu sono. Duquinha, não é afeito a essas coisas. Um Numa recente assessor repreendeu-lhe: conversa amistos “Acorda prefeito!”. a no pátio interno Abrindo os olhos, braços da Câmara cruzados, Duquinha rebaMunicipal de teu: “Esse homem vem Natal, o vereador falar em consultoria, Paulo Wagner filosofia, eu pensei que o feliz da vida, assunto era como arransoltou o verbo: jar “mixaria”. E emendou, “Quero dizer já irritado: “Outra dessa, a todos que só me chame se for para estou eleito ensinar como arrancar ddeputado!”. inheiro do governo. O dAlguns riram da inheirão que esse povo “modéstia”do ganha nessas palestras por edil. Um dos aí a fora, Grossos passa pares perguntou: um ano e não vê a cor”. “Baseado em 04) Numa recente conqual pesquisa, versa amistosa no pátio você afirma isso, interno da Câmara Mucom tanta nicipal de Natal, o convicção?”. vereador Paulo Wagner feliz da vida, soltou o verbo: “Quero dizer a todos que estou eleito deputado!”. Alguns riram da “modéstia” do edil. Um dos pares perguntou: “Baseado em qual pesquisa, você afirma isso, com tanta convicção?”. O gordo apresentador respondeu com a proverbial bonomia: “É elementar meu caro colega. O povo gosta de merda”. Dizendo isso, o irreverente repórter saiu sorrindo, na base do vale quanto pesa. É um gozador! 05) Numa festa de colação de grau, ocorrida em determinado município da região Oeste do Estado, um casal dançava animadamente. O dançarino deputado, paraninfo da turma, falou ao ouvido da jovem: “Minha amiga, desgrude um pouquinho. Já estou com a “coca-cola” no bolso”. A eleitora não se fez de rogada: “E é? Pois saiba que eu estou achando tão bom, que pelo jeito, “meu esporãozinho” já furou minha langeri.” Ambos deslizaram disfarçadamente até à mesa, e se sentaram para acomodarem as coisas. O nome do parlamentar, depois eu conto.

poeta mato-grossense Manoel de Barros está comemorando seus 93 anos de vida, dos quais 73 dedicados à poesia, com um duplo triunfo: a publicação de sua obra completa e mais um novo volume de poemas, intitulado Menino do Mato, ambos chancelados pela editora paulista LeYa. O primeiro, um alentado volume de 496 páginas, reúne vinte livros do autor, dos quais quatro infantis; o segundo, que também está enfeixado na obra completa, compreende um total de 96 páginas, e é datado deste ano, revelando que o poeta continua em atividade, não obstante a idade avançada. A crítica não costuma se preocupar com a poesia de Manoel de Barros. As razões mais diversas explicam esse procedimento. Talvez porque falte nessa poesia um diálogo regular com a tradição, o que torna difícil compará-la com outros poetas próximos, mesmo que, quer na abertura de um livro, quer no corpo de um poema, versos ou epígrafes de Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, Borges ou até mesmo Proust sejam citadas. Talvez, ainda, porque essa ausência de diálogo com outras dicções poéticas tenha limitado sua obra a um circuito muito restrito, do qual o poeta faz questão de não sair sob nenhum pretexto. Fosse em tempos passados, um fenômeno literário como o de Manoel de Barros teria grandes dificuldades para se firmar no meio literário. Em dias pós-modernos como os nossos, porém, as coisas seguem um curso diferente. O fenômeno Paulo Coelho está aí, desafiando a crítica brasileira há décadas, enquanto colhe triunfos no exterior... Não é certamente o caso de comparar Manoel de Barros com o bruxo de O Alquimista e outras fantasmagorias. Manoel de Barros é um poeta a justo título visceral, no sentido de que bebe sua poesia na nascente da poesia mais cristalina que se possa conceber, se considerarmos que a ela se mantém [...] a fonte de onde Manoel de fiel há mais setenta anos. Poeta intuitivo? A verdade é que a Barros recolhe fonte de onde Manoel de Barros reco- seus poemas lhe seus poemas continua um motivo continua um de perplexidade e encantamento para motivo de muitos leitores, cansados, certamente, perplexidade e do hermetismo de certos poetas que se- encantamento guem uma trajetória exatamente opos- para muitos ta à dele, ou seja, são marcadamente leitores, cansados, certamente, do cerebrais, álgidos, “difíceis”. Não se pode negligenciar o papel hermetismo de que a temática ambientalista exerce certos poetas que na visibilidade que essa poesia vem seguem uma ganhando desde uns tempos para cá. trajetória A abundância e o vigor de árvores, exatamente plantas, bichos, insetos, aves, seres oposta à dele”. marinhos, anfíbios, formam um burburinho de sons, uma sucessão de cores, uma dinâmica de movimentos que parecem não ter fim, em flagrante contraste com a escassa natureza presente nas cidades. Por usar e abusar dessa fórmula em suas infinitas variantes foi que a crítica e a imprensa passaram a tratar Manoel de Barros de “poeta pantaneiro”, na suposição de que a fonte de sua poesia reside unicamente no Pantanal mato-grossense. Na recente entrevista que concedeu à revista Cult (n. 146), o poeta reagiu a esse aposto, desautorizando dois conceitos criados em torno de sua obra: “Sabemos nós que poesia mexe com palavras e não com paisagens. Por isso não sou poeta pantaneiro, nem ecológico. Meu trabalho é verbal. Eu tenho o desejo, portanto, de mudar a feição da natureza pelo encantamento verbal”. Quem negaria ao poeta a transformação que ele operou na natureza que povoa sua obra, através do encantamento verbal de que é capaz de lançar mão, como um prestidigitador de recursos ilimitados? Perguntado pela mesma revista como gostaria de ser lembrado, o poeta voltou a invocar a ideia de mudança: “Gostaria de ser lembrado como um ser abençoado pela inocência. E que tentou mudar a feição da poesia”. Em Menino do Mato, o nonagenário Manoel de Barros mostra que não perdeu a destreza com a matéria-prima de que são feitos os poemas. A certa altura, o leitor depara com uma análise do fazer poético que não se enquadra nos esquemas didáticos tradicionais: “Escrever o que não acontece é tarefa da poesia”. Uma autodefinição sucinta? Ei-la: “Sou beato de ouvir a prosa dos rios”.

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CLÁUDIO EMERENCIANO [ Professor da UFRN ]

O silêncio e a histeria ser humano, diz William Shakespeare em Cimbelino (tragédia), tudo vê, tudo assimila, tudo sente, tudo quer, conforme seu estado de espírito. As palavras e as circunstâncias se revestem de sentidos variados, contraditórios e até surpreendentes. Em todas as culturas e idiomas. Vinicius de Morais, por exemplo, em sua obra poética, genial, exuberante, costumava associar o silêncio à tristeza, à melancolia e à nostalgia. Enfim, os poetas, essencialmente, cantam e cultuam a vida, suas belezas e encantamentos, o movimento e o dinamismo de todas as manifestações da natureza. Decantam sentimentos, emoções e sonhos. Procuram definir a felicidade. Desvendam caminhos da condição humana na busca dos seus anseios. Mas essa seria uma vereda, um rumo, uma interpretação incompleta ou parcial da verdadeira dimensão do silêncio. O silêncio é, acima de tudo, em seu alcance universal, em sua abrangência infinita, a linguagem do homem com Deus. O silêncio é a circunstância da paz que eleva os homens, aprimorando-os em termos espirituais, morais e culturais. O silêncio é o idioma da lucidez, com a qual a humanidade exorciza insanidades letais, como a violência, a injustiça, a mentira, o ódio, a cobiça, a pusilanimidade e a inveja. O silêncio é, segundo Sócrates, o caminho da descoberta de si mesmo. Por isso, dizem psicólogos de todas as escolas, os inseguros, os cínicos, os incoerentes, os mentirosos, os solertes, os imaturos, os vaidosos e os desprovidos do sentimento do amor, da solidariedade e da caridade, têm medo do silêncio. Não sabem, nem admitem conviver com a solidão, que interioriza o homem consigo mesmo e o harmoniza com o sentido da Criação. Entram em pânico ante a idéia ou a possibilidade de ficar sozinhos. Ainda que por pouco tempo. Todos os grandes personagens e benfeitores da humanidade cultivaram o silêncio. Sobretudo o Cristo: durante 40 dias no deserto, nas montanhas da Judéia e da Galiléia, no mar de Tiberíades, nos jardins de Getsêmani e ante seus algozes. Os maus temem o silêncio. Confúcio, Buda, Davi, São Paulo, Santo Agostinho, São Francisco de Assis, Dante, Rousseau, Mozart, Beethoven, Chopin, Gandhi, Einstein, Péguy, SaintExupéry, Thomas Merton, Teilhard de Chardin, Machado de Assis, Manuel Bandeira, Neruda, estão entre milhões e milhões que exercitaram o silêncio como fonte de suas reflexões, idéias e criações. Acode-me, agora, trecho inebriante e comovente, magistral, de uma novela do grande Prosper Merimée (francês), intitulada “A partida de gamão”. Em noite estelar, no Mediterrâ-

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neo, no convés de um navio, o silêncio somente era rompido pelo uivar do vento, enquanto dois tripulantes disputavam uma interminável partida de gamão. Na percepção de Fernando Pessoa, os mais nobres sentimentos huO ser humano,diz manos, acima das palaWilliam Shakespea- vras, revelam-se por gesre em Cimbelino tos e atos silenciosos. (tragédia),tudo vê, Nada é mais nocivo a tudo assimila,tudo um povo do que a histesente,tudo quer, ria coletiva. Essa histeria conforme seu estaé fruto de manipulação do do de espírito.As pensar e do agir das pespalavras e as cirsoas. Recentemente, há cunstâncias se remenos de dez anos, uma vestem de sentidos tragédia, imprevisível e variados,contradiinacreditável, gerou uma tórios e até surhisteria nos Estados Unipreendentes.Em dos. Refiro-me aos acontodas as culturas e tecimentos no fatídico 11 idiomas.Vinicius de de setembro. Até então, Morais,por exemsegundo pesquisas de opiplo,em sua obra nião, não havia possibipoética,genial, lidade de reeleição para o exuberante,costuSr. George W. Bush, um mava associar o sidos piores presidentes em lêncio à tristeza,à sua História. A histeria foi melancolia e à noscontagiante e crescente. talgia.Enfim,os O medo e o terror alimenpoetas,essencialtaram sua reeleição. Stemente,cantam e fan Zweig, em “O mundo cultuam a vida, que eu vi”, descreve e resuas belezas e enconstitui a histeria que cantamentos,o mo- dominou a Alemanha e a vimento e o dinaÁustria com Hitler. Alcimismo de todas as des de Gasperi, o artífice manifestações da da democracia na Itália, natureza.Decanapós 1945, em suas metam sentimentos, mórias, relata o fanatisemoções e sonhos. mo e a histeria sob a égide de Mussolini (1922/44). No Brasil a histeria também emergiu da repressão, da censura e do cerceamento ao embate das idéias: na ditadura de Vargas (Estado Novo) e no regime militar. Ainda não é possível esquecer a histeria após a Copa do Mundo em 1970, quando o autoritarismo propagou por todos os meios o slogan fascista: “Brasil, ame-o ou deixeo”. Ou seja, o “amor à pátria” nos termos estabelecidos apenas pelo regime. Predominava irrestrita intolerância política. A dicotomia silêncio/histeria demarca a razão e a insensatez coletivas.


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Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte | 15

[ ARGENTINA ] População entra na onda do bicentenário carregada de preocupações sobre o processo inflacionário,

pobreza, insegurança e educação da outrora Suiça sul americana. História do país tem divisor de águas em 2001

Desafios no ano do bicentenário RICARDO STUCKERT / PR FOTOS

MARINA GUIMARÃES Agência Estado

uenos Aires - A Argentina comemora nesta terçafeira, 25 de maio, os 200 anos da revolução que abriu o caminho para sua independência. A festa que começou na semana passada terá seu ponto culminante na solenidade que está sendo preparada há um ano e contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros chefes de Estado da região. Com a nostalgia de um passado pujante, a presidente Cristina Kirchner exibe índices econômicos e sociais pouco convincentes como uma promessa de recuperação de um lugar privilegiado na economia mundial. Os argentinos entram na “onda” do bicentenário carregados de preocupações sobre a inflação, a pobreza, a insegurança e a educação. Embora no primeiro centenário o país tenha chegado a representar 50% do Produto Interno Bruto (PIB) latino-americano, e hoje só equivale a 10%, a história argentina atual poderia ser escrita a partir de 2001, ano que marcou um “antes” e um “depois” na vida dos argentinos, com a pior crise de sua história. Naquele ano, o país deu o maior calote da dívida soberana, mais de US$ 120 bilhões. E também começaram a aparecer os flanelinhas, os semteto e batedores de carteira. As encantadas ruas e a arquitetura da “Paris da América Latina”, como Buenos Aires foi chamada duran-

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te décadas pelos vizinhos e admiradores, foram ofuscadas pelos retumbantes “panelaços” - os protestos e passeatas mobilizados pelos golpes de panelas, tapas e colheres. Em 2003, mais da metade da população (cerca de 18 milhões de pessoas) havia caído na pobreza e uma em cada quatro delas era indigente, como explica à Agência Estado o analista Ernesto Kritz, da SEL Consultores. A classe média deixou de existir no ano da crise que mudou a fisionomia de importante parcela da sociedade. Segundo ele, a desigualdade oculta da Argentina floresceu e alcançou níveis inimagináveis para os argentinos. A diferença de renda ente os 10% mais ricos do país e os 10% mais pobres chegou a 60 vezes, segundo levantamento de Kritz. Nos anos posteriores, na era chamada de “Kirchnerista”, primeiro com Néstor Kirchner (20032007), depois com Cristina Kirchner (2007-2011), o crescimento da economia com taxas “chinesas” e a recuperação dos postos de trabalho minimizaram a situação da pobreza. Em 2006, 8,5 milhões de pessoas já tinham saído da faixa de pobreza e o hiato entre os mais pobres e os mais ricos baixou para 34 vezes. Contudo, a partir do final daquele ano, as políticas que funcionaram para recuperar o país de sua severa crise já exigiam mudanças que não foram realizadas. Os preços dos serviços públicos seguiram congelados, as correções dos preços relativos foram abafadas por “acordos voluntários” entre governo e empresários e o

Festa de Cristina Kirchner contará com a presença de Lula e de outros líderes da América Latina

O resultado mais cruel da falta de controle da inflação é a pobreza, que aumenta a cada dia, ao compasso dos preços.” ALDO ABRAM economista

[ TAILÂNDIA ] Bangcoc continuará sob estado de emergência

gasto público entrou na era do descontrole para manter o poder kirchnerista. A partir de janeiro de 2007, os acordos de preços deixaram de ser cumpridos e o governo começou a mudar os números das estatísticas de inflação. Depois disso, a inflação na Argentina entrou em uma espiral ascendente que os analistas consideram difícil de reverter sem medidas de política monetária e econômica, como opinou o economista Aldo Abram, da consultoria Exante.

“O resultado mais cruel da falta de controle da inflação é a pobreza, que aumenta a cada dia, ao compasso dos preços”, disse ele. Embora menor que os índices de 2001 a 2003, a situação da pobreza argentina é grave. Para o analista Kritz, especializado em questões trabalhistas e sociais, a pobreza na Argentina atinge 30% da população. Esse número equivale a aproximadamente 12 milhões de argentinos. Os indigentes atingiriam 3 milhões de habitantes (8%).

Inflação pode chegar a 30% no final do ano “É muito difícil saber um número exato por causa do impacto dos planos sociais do governo que distribuem dinheiro à população mais carente e devido à falta de índices oficiais críveis, mas temos cifras aproximadas que indicam uma gravidade da pobreza e indigência na Argentina”, disse o analista Ernesto Kritz. Os números oficiais falam de outro tamanho do problema. Para o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, o IBGE argentino, a pobreza em 2009 ficou em 13%. “O principal responsável pelo aumento da pobreza é a inflação dos alimentos que somente no primeiro trimestre de 2010 foi de 20%”, diz Kritz. As expectativas indicam que a Argentina chegaria ao final do ano com inflação acumulada de 30%. O especialista da SEL Consultores explica que além da inflação, a questão trabalhista também se complicou após a recuperação dos anos pós-crise. “De cada 10 desempregados, quatro têm menos de 25 anos e quando conseguem uma colocação é um emprego informal, sem registro em carteira, em condições instáveis, sem acesso a crédito, sem benefícios sociais”, afirma Kritz. Pesquisas de opinião revelam que na lista de preocupações dos argentinos estão o aumento da violência, desemprego, inflação, pobreza e educação. SAKCHAI LALIT / AE

e de toque de recolher noturno até o final desta domingo

Premiê declara vitória e faz apelo em favor da paz angcoc (AE) - Afirmando que a ordem foi restabelecida após um espasmo de violência, o primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, fez um apelo emocionado à nação para que as feridas políticas que dividem o país sejam curadas. Mas um de seus conselheiros mais graduados disse que as manifestações representam uma crescente pressão para que o premiê convoque eleições para provar que tem um mandato que vem do povo. Abhisit disse que o foco foi alterado da segurança para o restabelecimento da rotina normal do país, particularmente em Bangcoc, onde os dois meses de confrontos entre seu governo e os Camisas Vermelhas - manifestantes que querem sua saída do governo - deixaram pelo menos 84 mortos. “Vamos manter as medidas para rapidamente restaurar a

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normalidade e reconhecemos que na medida em que seguimos haverá desafios enormes”, disse Abhisit em discurso televisivo. “Eu asseguro que o governo vai superar esses desafios.” Abhisit declarou vitória em sua campanha para garantir a segurança de Bangcoc. As forças de segurança encerraram os protestos dos chamados Camisas Vermelhas, mas antes houve dezenas de incêndios e confrontos, até os líderes do movimento se renderem, na quarta-feira. “Este é um dos piores episódios que a Tailândia já enfrentou”, afirmou Abhisit, em rede de televisão. Abhisit lamentou as baixas durante a ofensiva, mas defendeu a atuação das autoridades. “A operação estava amparada pela lei e de acordo com a prática internacional”, avaliou. Ele acrescentou que haverá uma investigação independente dos in-

cidentes. Há denúncias sobre supostos abusos, como durante um tiroteio em uma “zona de segurança” em um templo, onde seis corpos foram encontrados. Bangcoc continua sob estado de emergência e de um toque de recolher noturno até o final da semana, o primeiro desde um levante pró-democracia contra um governo militar, em 1992. Mas não há mais o som de tiros e de explosões e um importante banco e uma loja de departamentos anunciaram que abrirão suas filiais em todo o país a partir de sábado. No bairro chinês de Bangcoc, muitas das lojas de venda de ouro e de comida reabriram e as ruas estavam cheias de pessoas e carros Mas outros setores comerciais, serviços ferroviários e escolas permaneceram fechados enquanto as operações de limpeza continuam nas ruas onde os piores confrontos ocorreram.

Militares ocupam locais estratégicos para evitar novos protestos na capital da Tailândia


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Natal | Rio Grande do Norte| Domingo | 23 de maio de 2010 MARKUS SCHREIBER / AE

[ ALEMANHA ] Câmara Alta ratifica lei que destina

147,6 bilhões de euros para países em crise Angela Merkel defende, durante encontro com primeiro ministro inglês, diretrizes conjuntas de orçamento e estabelecimento de rígidas sanções para os países que não cumprirem as metas estabelecidas

Parlamento aprova plano de resgate europeu B erlim (AE) - O Parlamento alemão aprovou, na sextafeira, uma contribuição de até 147,6 bilhões de euros para o pacote de 750 bilhões de euros dos países da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), destinado aos países da zona do euro em risco. A Câmara Alta do Parlamento ratificou a lei, após a Câmara Baixa aprová-la, em um debate acalorado, com críticas da oposição. Alguns parlamentares da coalizão de centrodireita da chanceler Angela Merkel não apoiaram as medidas. A lei passou com 319 dos 587 possíveis na Câmara Baixa, com 195 abstenções e 73 deputados votando contra. A aprovação na Câmara Alta, que representa os 16 Estados alemães, não era necessária. Mas essa Casa poderia ter atrasado a entrada em vigor da lei, ao mandála para um comitê de conciliação, o que acabou não ocorrendo. Agora, o presidente alemão, Horst Koehler, precisa assinar a lei para ela entrar em vigor. Ele deve fazer isso rapidamente.

A aprovação ocorreu apesar da forte impopularidade do pacote de ajuda entre a população alemã. A aprovação na Câmara Baixa era esperada, pois a coalizão da União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, e do Partido Liberal Democrata (FDP) controla a Casa. Mas o pacote é controverso e seu apoio teve um preço para o governo. A administração teve de desistir de sua ideia de pressionar por uma contribuição do setor financeiro para cobrir os custos da atual crise. Os partidos de oposição criticaram essa promessa, qualificando-a como muito vaga. Segundo eles, o pacote foi aprovado às pressas. O ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, apoiou a aprovação do pacote, mas disse que algumas lições devem ser aprendidas. “Nós devemos assegurar que as fontes de especulação sejam abolidas”, afirmou. O ministro defendeu a redução dos déficits em todos os países da zona do euro e o fortalecimento dos instrumentos do Pacto de Estabilidade e Crescimento Europeu.

Chanceler reconhece que não há consenso sobre mudanças Berlim (AE) - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse que algumas das reformas propostas pelo país após o início da crise da dívida soberana da Grécia exigiriam mudanças no tratado da União Europeia que nem todos os membros apoiam atualmente. “Existem ideias da Alemanha que exigiriam mudanças no tratado, mas nós deixamos bem claro que estamos apenas começando a discutir isso”, disse Merkel. “Não há nenhum consenso no grupo do euro, nem mesmo sobre o que exatamente deveria ser feito”. Merkel afirmou que os membros do bloco da moeda comum europeia precisam adotar diretrizes conjuntas de orçamento e estabelecer rígidas sanções para aqueles que não alcançarem essas metas. Antes, ela já havia dito que a zona do euro deveria ter o direito de expulsar um país se suas finanças se deteriorarem muito drasticamente. Estabelecer tal regra exigiria a aprovação de todos os 27 membros da UE, mesmo daqueles que não usam o euro O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que esteve em Berlim para seu primeiro encontro com Merkel desde que assumiu o cargo na semana passada, disse que não vai concordar em transferir nenhum poder de Londres para a UE, mas acenou que o Reino Unido não vai, necessariamente, atrapalhar uma possível mudança no tratado do bloco, contanto que não enfraqueça a soberania de países que não usam o euro. “É claro que nós entendemos o desejo do governo da Alemanha de assegurar que a zona do euro funcione bem e funcione de acordo com os interesses dos contribuintes alemães”, disse Cameron. “Mas isso não significa que seja necessário um tratado transferindo poder de Westminster para Bruxelas”. As relações de Cameron com Merkel têm sido tensas nos últimos anos com a sua decisão de tirar seu Partido Conservador do bloco de

centro-direita do Partido Popular Europeu (European People’s Party) no Parlamento Europeu. Mas ele elogiou Merkel dizendo que “admira há muito tempo” a chanceler alemã e espera ansiosamente poder trabalhar com ela. Cameron se recusou a criticar a ação da Alemanha de limitar as chamadas vendas a descoberto (naked short selling), mas disse que é importante que a Europa aponte as “verdadeiras causas em vez de só os sintomas” dos recentes distúrbios econômicos. Merkel defendeu a medida, dizendo que o governo precisa ser capaz de agir por conta própria contra ameaças financeiras. “Eu acho que está entendido que nós precisamos tomar

É necessário mudança no tratado, mas deixamos bem claro que estamos apenas começando a discutir isso” ANGELA MERKEL chanceler da Alemanha

decisões mais rápidas em algumas questões de regulamentação”. As vendas a descoberto envolvem a venda de um ativo que não é de propriedade do vendedor e para o qual não há um empréstimo para cobrir a posição. Merkel também propôs regulamentação internacional em fundos de hedge, depois que o Parlamento Europeu e os ministros das finanças da UE chegaram a um acordo preliminar para regular essas atividades no começo desta semana. “Eu acho que todos concordamos que os fundos de hedge precisam ser regulados”, disse Merkel. Os governos do Reino Unido e da Alemanha têm “compartilhado agendas comuns” sobre a reforma bancária, disse Cameron.


economia DÓLAR COMERCIAL Compra R$ 1,859 Venda R$ 1,861 DÓLAR PARALELO Compra R$ 1,91 Venda R$ 2,03

POUPANÇA HOJE AMANHÃ CDB BOVESPA

SALÁRIO MÍNIMO 0,5474% 0,5190% 9,66% -0,72%

R$ 510,00 TAXA SELIC

9,50%

TELEFONES ÚTEIS Receita Federal: 3220-2200 Procon Estadual: 3232-6770 Procon Municipal: 3232-9050 DRT RN: 3220-2000

OTIMISMO

Marcelo Rosado fala das expectativas do varejo para este ano. PÁGINA 2 DÓLAR TURISMO Compra Venda EURO Compra Venda

R$ 1,837 R$ 1,953 R$ 2,335 R$ 2,339

Editor: Vinícius Albuquerque e-mail:vinicius@tribunadonorte.com.br

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE Domingo | 23 de maio de 2010

Um total de 11 empresas do segmento no Rio Grande do Norte faturaram mais de R$ 712 milhões no ano passado. A média de crescimento das empresas pesquisadas foi de 9,2%, segundo ranking da Abad

[ VENDAS ]

Atacado distribuidor cresce 16% m total de 11 empresas do Atacado Distribuidor do Rio Grande do Norte faturaram R$ 712.497.741 em 2009, um crescimento de 16,5% em relação a 2008, quando o faturamento dessas empresas somou R$ 611.476.784. A média do crescimento das empresas do ranking, no país, foi de 9,2%. Os dados são do ranking da Associação Brasileira de Atacadista e Distribuidores (Abad). O segmento, na região Nordeste, teve um excelente desempenho. O consumo na região cresceu, na média, 4% em 2009 na comparação com 2008, crescimento que se refletiu na performance das empresas atacadistas. Entre 2008 e 2009, as vendas das empresas participantes do Ranking para a região Nordeste passaram de 29,9% para 30,9% do total vendido no Brasil. Já a participação dos atacadistas nordestinos no faturamento do segmento em todo o Brasil, dentro do universo das empresas respondentes do ranking Abad, saiu de 17% em 2008 para 23% em 2009, um crescimento de 6 pontos percentuais. O Ranking ABAD/Nielsen, foi divulgado na semana passada. A Associação reúne 391 das maiores empresas atacadistas distribuidoras do país e aponta os resultados do segmento em 2009, com destaque para um crescimento real de 4,1% e um faturamento R$ 11 bilhões maior do que o de 2008, atingindo um total de R$ 131,8 bilhões. O montante equivale a cerca de 5% do PIB (produto interno bruto) brasileiro. Para 2010, a expectativa da entidade é um crescimento de pelo menos 6%. A pesquisa registrou também o otimismo dos em-

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presários, que projetam aumento nos investimentos, no faturamento, na rentabilidade e no volume de vendas. O segmento atacadista distribuidor apresentou, no ano passado, um crescimento nominal de 9,2%, mesmo tendo sido 2009 um ano marcado pela crise. A participação do atacado nas vendas tem permanecido estável e significativo, acima dos 50%, nos últimos cinco anos. Em 2009, correspondeu a 52,2% de tudo que foi distribuído no mercado mercearil do país. Os dados da pesquisa, colhidos pela Abad, foram analisados e comentados por João Carlos Lazzarini, diretor de Atendimento ao Varejo da Nielsen, e por Nelson Barrizzelli, professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo) especializado em finanças, marketing e varejo. Os números superaram as expectativas da entidade, que havia projetado para 2009 crescimento em torno de 3%. Um dos fatores que contribuíram para esse bom resultado foi certamente o aumento do poder de compra da classe C, que também representa hoje a maior fatia da renda nacional e é composta por 91 milhões de brasileiros, segundo o IBGE. “Mas é inegável que o crescimento decorre também da atuação proativa das empresas do segmento, que mesmo durante a crise confiaram na solidez do mercado de consumo nacional e não interromperam os investimentos, seja em renovação da frota, tecnologia ou no aperfeiçoamento de suas relações com o varejo independente, seu principal cliente”, avalia Carlos Eduardo Severini, presidente da ABAD. ALEX RÉGIS

Aumento do poder de compra da classe C impulsionou números

Trabalhadores são treinados para atuar como consultores O atacado distribuidor vem atuando, cada vez mais, como parceiro e consultor do varejista, e a força de vendas do segmento está sendo treinada para ajudar o pequeno comerciante a encontrar o mix de produtos ideal, a desenhar o melhor layout de loja e aperfeiçoar a prestação de serviços ao cliente final. “A ABAD entende que o foco da atuação do atacado distribuidor é a prestação de serviço ao varejo independente, composto principalmente por mercados pequenos (de um a quatro checkouts) e médios (cinco a dez checkouts) e lojas de conveniência. Por isso, desenvolve, em parceria com outras entidades, programas como o Varejo Competitivo, que tem como objetivo capacitar o varejista

independente em aspectos operacionais e de gestão, e o TreinABAD, desenhado para formar um novo perfil de profissional de vendas”, explica Severini. O resultado desse trabalho aparece nesta edição do Ranking, que mostra a grande porcentagem de empresas engajadas na capacitação da cadeia de abastecimento. “Capacitar a força de vendas, transformando-os em consultores de negócios” foi um item classificado como “muito importante” por 90% dos participantes; “apoiar o cliente varejista” recebeu a mesma classificação por 83,6% dos respondentes; já “tirar foco do preço e valorizar a prestação de serviços ao varejo” teve a mesma avaliação por parte de 83,1% dos empresários pesquisados.

classificados

O seu mercado de serviços todos os dias na TRIBUNA DO NORTE


2 | Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte

economia

Domingo | 23 de maio de 2010

TOMISLAV R.FEMENICK [ mestre em Economia e Historiador ]

Negócios &Finanças LUIZ ANTÔNIO FELIPE laf@tribunadonorte.com.br

Dobrar a renda, o desafio em dos empresários, através da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a proposta aos presidenciáveis dobrar a renda per capita do Brasil a cada 15 anos. Uma proposta arrojada, o que levaria o Brasil a ocupar o ranking das cinco maiores economia do mundo nos próximos anos. A sugestão será apresentada aos pré-candidatos no Encontro da Indústria que a CNI realiza na terça-feira, 25, a partir das 9h, em Brasília. O documento, de 240 páginas, com o título “A Indústria e o Brasil – Uma Agenda para Crescer Mais e Melhor” destaca que é possível elevar a renda per capita brasileira dos atuais US$ 10.465 para US$ 20 mil em 2025, quando se equipararia a de Portugal, Arábia Saudita e Hungria hoje. Nesse ritmo, a renda per capita do Brasil aumentaria para US$ 40 mil em 2040 e seria semelhante à renda per capita atual de Canadá, Holanda e Islândia.

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SEM LIMITES Na área trabalhista, a CNI quer regulamentar o trabalho terceirizado e reduzir as despesas de contratação na folha de pagamentos, entre outras medidas. “A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) limita o espaço para a livre negociação e remete todos os conflitos à esfera judicial, na qual há interpretações desencontradas, gerando grande incerteza para as empresas.”

Aeroporto (I) Ganha mais adeptos a proposta de concessões dos aeroportos. Depois da Gol, é a vez da TAM apoiar o modelo de concessões, a ser adotado no aeroporto de São Gonçalo do Amarante. O presidente da TAM, Líbano Barroso, defendeu o modelo de concessões como solução aos gargalos na infraestrutura aeroportuária brasileira.

Aeroporto (II) Enquanto os novos aeroportos não saem do papel, resta ampliar os atuais através de módulos ou de pequenos investimentos. Na Paraíba, o Ministério da Defesa e a Infraero realizarão, até 2013, no Aeroporto Castro Pinto. Entre os investimentos constam a instalação de nova torre de controle e construção de mais uma pista.

HOMENAGEM O industrial Francisco Ferreira Souto “Soutinho” vai a Brasília, para ser homenageado com a Ordem do Mérito da Indústria conferido pela Confederação Nacional da Indústria. A solenidade será terça-feira, 25, Dia da Indústria, às 19h30, na sede da CNI.

Debate sobre Educação A TRIBUNA DO NORTE traz na edição de hoje o caderno especial com os debates sobre Educação, dentro do projeto “Os Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, realizado em parceria com as federações da Indústria e do

Comércio e a RG Salamanca. Os debates ocorreram na última segunda-feira, na Casa da Indústria, com uma grande participação de interessados e muitas soluções apontadas e, algumas em andamento, para resolver os gargalos.

ENERGIA O empresário indiano Tulsi Tanti, presidente e fundador da multinacional indiana Suzlon, terceira maior fabricante mundial de aerogeradores de energia eólica, vai construir no Ceará, uma fábrica de aerogeradores e outros equipamentos de geração eólica. A Suzlon já instalou 182 turbinas eólicas no Ceará, todas em plena operação, com capacidade de geração de 380 MW.

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Antes do Feirão da Caixa, em junho, de terça-feira (25) até 13 de junho, no Natal Shopping, acontecerá o Festival de Imóveis, com venda direta ao cliente, com financiamento imediato da CEF. O Fest Imóveis é uma iniciativa do empresário Caio Fernandes, da Imobiliária Caio Fernandes Negócios Imobiliários. Já está confirmada a participação de várias construtoras.

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O projeto Via Livre será implantado amanhã (24), na avenida Antônio Basílio, no trecho entre a avenida Rui Barbosa e a rua São José. A medida, que prejudica os negócios, visa facilitar o fluxo de veículos em grandes corredores de escoamento do trânsito da cidade. Essa será a quinta fase da implantação do Via Livre.

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Mesmo sem ter sido lançado, o Mirador Rosária Carrico, novo empreendimento da Albra, já está com 65% dos apartamentos reservados. Para o empresário Pascal Brandalise é uma prova que o mercado imobiliário continua em alta. O Mirador é um edifício de alto padrão, no Alto da Candelária, com uma torre de 24 andares, sendo 42 unidades. A construção está a cargo da Escol.

SAIDEIRA Os empresários Giannotti Medeiros, Anna Flávia Mariz, Anderson Azevedo e Adriana Azevedo farão quarta-feira (26), a inauguração d’A Saideira Lounge, que abre as portas na av. Prudente de Morais, Tirol. A inauguração está marcada para as 19h. A casa vai abrir todos os dias da semana, com música ao vivo. BOTEQUIM O Real Botequim, em Mossoró, abre suas portas quinta-feira, na Praça da Convivência e vai abrir todos os dias, a partir das 11h30, para almoço e à tardinha vira boteco. Os mossoroenses podem apreciar, em área climatizada, a cozinha do chef Romildo de Sousa. A arquitetura predominante será a dos famosos botecos da década de 60 do Rio de Janeiro.

PROMOÇÃO Palpite Campeão é a nova promoção do McDonald’s, que vai até 30 de junho de 2010, distribuindo R$ 2 milhões em dinheiro aos clientes que acertarem o resultado da final. Para concorrer ao prêmio, basta o consumidor adquirir um dos sete novos sanduíches. As novidades são oferecidas aos clientes em embalagens personalizadas e que trazem um palpite para a final da Copa do Mundo da Fifa.

O outro “ouro branco” do oeste liderança empresarial do oeste potiguar foi, durante muito tempo, baseada em dois produtos que, juntos, eram as principais fontes da formação de renda do Rio Grande do Norte. O curioso é que cada um deles era conhecido como sendo “o” ouro branco. Na verdade tínhamos dois ouros brancos: o sal e o algodão. O sal sempre se destacou como atividade do Oeste e seu parque salineiro se concentrava no litoral e nas desembocaduras dos Rios Mossoró e Assu. Presente em outras regiões, principalmente no Seridó, no Oeste a cultura do algodão se espalhava por todos os municípios. As atividades ligadas à cotonicultura remontam à época do povoamento e formação social, política e econômica das localidades ali situadas. No caso específico de Mossoró, temos registros de grandes ações empresariais ligadas ao comércio, beneficiamento e exportação de algodão, que datam da segunda metade do século XIX. Relatos de 1841 citam que, na região “as atividades agrícolas só desfrutam de alguma expressividade através da cultura de algodão”. Em 1868, foram fundadas a Casa Mossoró & Cia. e a empresa de Johan Ulrich Graff, dedicadas (entre outras atividades) à compra e exportação de algodão; em 1870, a Francisco Tertuliano & Cia; em 1872, a William Dreffren & Cia.; em 1883, a empresa de Romualdo Alves Galvão; em 1890, a Borges & Irmãos – todas elas tendo como um dos seus setores a compra ou beneficiamentos e exportação da rama e do caroço do algodão. Nesse período, “as ruas e praças [eram] apinhadas de fardos de algodão por falta de armazém”. Depois, “iam embarcando diretamente para a Europa, não faltando vapor no porto” de Areia Branca.

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Nos anos 20 do século passado projetava-se no ramo a M. F. Monte & Cia. Nos anos 40, duas empresas mossoroenses se destacavam no setor algodoeiro. A Tertuliano Fernandes & Cia dispunha de descaroçadores, prensa fábrica de óleo em Mossoró, e usinas de beneficiamento em Pau dos Ferros, Alexandria, São Miguel, Almino Afonso, Umarizal e Iracema (CE). Por sua vez, a Alfredo Fernandes & Cia. possuía doze usinas, localizadas em Mossoró, Caraúbas, Patú, Pau dos Ferros, Alexandria, José da Penha, São Miguel, Upanema e Paraú e uma fábrica de óleo em Mossoró. Vinte anos depois essas organizações tinham se expandido e formavam os grupos empresariais S/A Mercantil Tertuliano Fernandes e Alfredo Fernandes, aos quais se juntaram outras grandes organizações, a Indústria e Comércio de Óleos Ltda (antiga Joaquim Duarte & Cia.), a CICOSA e a Antonio Neo & Cia., bem como a Indústria de Óleo São Luís – esta era uma empresa construída quase que artesanalmente. Desde o inicio contando com a participação de capitais estrangeiros, a cotonicultura do Oeste Potiguar nos anos 60 registrava a presença das chamadas “três irmãs” inglesas: SANBRA-Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, Anderson Clayton e Machine Cotton. Elas trabalhavam diretamente em todas as etapas do ciclo algodoeiro. Financiavam o agricultor, compravam e beneficiavam a pluma do algodão, extraiam o óleo do caroço do algodão e vendiam esses produtos nos mercados interno e externo. Na safra de 1969/70, a SANBRA produziu sozinha 35% dos fardos de algodão do Rio Grande do Norte, o que a colocava na liderança do setor. No entanto, a cotonicultura há muito vi-

nha sofrendo de problemas estruturais. Havia falta de crédito, de assistência técnica e de incentivos, problemas que reduziram o campo operacional desse “ouro branco”, tanto no Oeste como no Rio Grande do Norte. A crise já se descortinava, pelos altos custos de produção e conseqüente perda da capacidade de concorrência do algodão nordestino. Agravando o quadro que já era grave, o óleo de caroço de algodão passou a sofrer a competição do óleo de soja nacional e de óleos vegetais provenientes, de países da Europa Oriental, União Soviética e a Romênia, cuja importação foi autorizada pelo governo federal, ainda em 1968. De nada valeram os argumentos do então presidente do Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (entidade sediada em Mossoró), Heriberto Escolástico Bezerra, e do presidente da Associação Comercial de Mossoró, Francisco de Fernandes Senna, junto às autoridades federais, mostrando o perigo de tal medida para a combalida indústria de óleo de algodão. Por sua vez, a pluma de algodão também era alvo de uma concorrência quase que invencível: o surgimento no mercado das fibras sintéticas, tais como o nylon, a viscose e o poliéster, tornou a fibra de algodão – natural, com maior resistência durabilidade e qualidade –, um produto caro, o que reduziu a sua demanda em todos os mercados. Paulatinamente, as empresas algodoeiras do Oeste potiguar foram sendo desativadas. Todas as grandes e médias desapareceram. Suas instalações, quando não deram lugar a outras empresas de outras atividades são, como diz o historiador Geraldo Maia, só “fogos mortos” ou lembranças do tempo áureo da cotonicultura.

ANTOIR MENDES SANTOS [ economista ]

A realidade dos municípios e há três serviços públicos que interferem diretamente na qualidade de vida das pessoas, certamente esses serviços são saúde, educação e segurança. Presentes em todos os planos e programas governamentais, essas ações nem sempre se desenvolvem a contento no âmbito dos municípios, que é o espaço físico onde todos nós moramos. Estudo recentemente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) sob o título “Pesquisa de Informações Básicas Municipais(Munic)”, abrangendo em 2009 os 5.565 municípios brasileiros, dá uma idéia de como se comporta a oferta desses serviços postos à disposição da população. No que se refere à organização e a prestação dos serviços de saúde pública, a pesquisa constatou que em 82,5% dos municípios havia secretarias municipais exclusivas para saúde e que em 95% deles existiam equipes do Programa Saúde da Família(PSF). Trata-se de programa que objetiva levar até ao cidadão as vantagens da saúde preventiva, através de equipes (médico, dentista, enfermeira, agente de saúde) que têm, individualmente, a responsabilidade pelo atendimento de mil famílias. A região do Centro-Oeste com 99,6% e o Nordeste com 96,5% dos municípios atendidos pelo PSF( todos os 167 municípios do RN estão contemplados) lideram a disseminação desse programa no país, muito embora

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275 municípios brasileiros ainda não dispunham desse atendimento. Além do PSF, os consórcios de saúde também são uma alternativa para o atendimento da população. O Sudeste com 1.928 e o Sul com 1.629 consórcios (intermunicipais, estadual, federal e em parceria com a iniciativa privada) são as regiões que comandam esse processo, ficando o Nordeste com 1.139 consórcios de saúde (no RN são 114 consórcios nas modalidades descritas). Do ponto de vista educacional, os dados do IBGE mostram que em todos os municípios do país existe secretaria da educação, sendo que em 44% deles são órgãos específicos para esse fim. Cerca de 3.138 municípios tinham plano municipal de educação, contudo apenas 52% dessas cidades se comprometiam com a introdução, no currículo escolar, de questões sobre direitos humanos. Com relação à inclusão social, tão somente 48% dos municípios tinham escolas municipais aptas para receber alunos com deficiência, destacando-se, neste aspecto, dois estados com situações diametralmente opostas: o Rio de Janeiro por apresentar 83% de suas escolas habilitadas para a inclusão e o Piauí com apenas 24% de suas unidades de ensino adequadas para tal. No Nordeste são 783 municípios com escolas aptas para atender alunos deficientes, dos quais 62 estão no RN, o que equivale a 37% dos municípios potiguares.

No que tange à prestação de serviços de segurança (competência do Estado), verificouse que somente 15% dos municípios dispunham de guarda municipal, cuja função precípua é a defesa do patrimônio público. Esse serviço está diretamente relacionado ao tamanho da população, de tal forma que 87% das cidades com mais de 500 mil habitantes dispõem dessa força policial. No atendimento às mulheres em situação de violência, existiam no país 1.961 municípios que tinham estrutura de apoio, representada por casas-abrigo, centros de referência, delegacias especializadas, núcleos especializados nas defensorias e juizados especiais. Esses serviços estavam, basicamente, concentrados na região Sudeste, sobretudo, em São Paulo em detrimento das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. É importante observar que, se por um lado a pesquisa realizada pode ser vista como um importante instrumento de planejamento, na medida em que se apropria da quantificação dos serviços disponíveis nos municípios, por outro não permite que se faça uma avaliação da qualidade dessas ações postas à disposição da população. O fato de termos a presença de secretarias de saúde e educação em quase todos os municípios não garante que a saúde chegue a todos, e muito menos que tenhamos erradicado o analfabetismo, sobretudo nos menores municípios. Certamente, ainda há muito por fazer !

ALBERTO BRUMATTI [ economista ]

Os gols tributários pesar de várias tentativas, ainda não saiu o acordo entre os governos federal e estaduais para permitir a desoneração de impostos sobre materiais de construção com vistas à realização da Copa do Mundo de 2014. O que tivemos foi o chamado “faça o que mando, mas não faça o que eu faço”, ou melhor, houve um convênio de 2008, segundo o qual os estados isentaram, até 2014, os materiais de reforma e construção dos estádios das cidades que serão sedes do evento. Após esta legislação, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) se reuniu no final de março e, durante essa reunião extraordinária, o estado de São Paulo pediu vista do projeto. Esse benefício é importante para a Copa, pois agilizará o andamento das obras e reduzirá os custos. A isenção de taxas é uma exigência da Fifa, entidade máxima do futebol mundial, aceita pelo Brasil, e o COL (Comitê Organizador Local) negocia com órgãos governamentais uma base única para toda a legislação. Ou seja, a regra já está clara, mas falta a padronização. Agora, uma nova reunião do Confaz será realizada apenas em julho. No início, quando os governadores soube-

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ram que o Brasil ia sediar a Copa em 2014, todos concordaram em abrir mão de seus impostos, para alguns setores, se a União fizesse o mesmo. Sem essa padronização, cada estado está cortando imposto de uma maneira, o que cria desigualdade entre as cidades-sedes e o temor de uma guerra fiscal. São 12 cidades sede: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA). Ou seja, a guerra envolve 11 estados e o Distrito Federal. Os números são grandiosos, pois, de acordo com dados do Ministério do Esporte divulgados em meados de abril sobre os impactos econômicos da realização da Copa de 2014 no Brasil, entre os anos de 2010 e 2019 o Mundial vai agregar R$ 183,2 bilhões à economia brasileira. Serão investidos diretamente R$ 47,5 bilhões em infraestrutura, turismo e consumo. Os investimentos indiretos serão de R$ 135,7 bilhões, provenientes da recirculação de dinheiro com a realização do Mundial. Essas cifras tornam o jogo mais interessante e acirram o temor da guerra fiscal. Essa guerra envolve a maioria dos os Es-

tados, senão todos. Há um jogo de responsabilidades, que deixa, além da Unidade Federativa em maus campos, os parceiros que estão entrando em campo sem saber em qual posição ficar. Têm, em um primeiro momento, o oferecimento do abrigo tributário; depois, o Estado muda a regra do jogo, quase da forma que vemos nas famosas peladas: quem tem a bola determina quando começa e quando termina a partida. Nesta parte do jogo, quem tem grandes problemas são os contribuintes, ou melhor, os que pagam a entrada para assistir a partida. Como para essa questão, assim como para a da reforma e construção de estádios, deve haver um convênio que dite as regras – e não aquela norma que faça gol contra. Tanto para dirimir a guerra fiscal, quanto para ajudar os Estados que estão envolvidos na realização do evento Copa 2014, alguns já deram o chute inicial na legislação. No entanto, o governo Federal ainda não escalou o time e os Estados não definiram a tabela dos jogos. Como é dito no futebol, esperemos que não haja “WO” (walkover).


Domingo | 23 de maio de 2010

economia

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[ EXPOSIÇÃO ] Secretaria de Agricultura investirá na ampliação e construção de áreas para acomodar as mais de 50 exposições e eventos agropecuários previstos para este ano

Abrindo a porteira Fruticultura em debate

RN vai investir cerca de R$ 9 milhões em parques

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laf@tribunadonorte.com.br

real valorizado tem sido a maior praga nas exportações do País. Além da Del Monte também a J.Sallouti desistiu do plantio do melão no Ceará. A área de produção estaria reduzida em 2 mil hectares, sendo 1,5 mil apenas no Ceará, onde haverá uma provável redução nas exportações de frutas, de cerca de US$ 30 milhões, segundo estimativa do empresário Carlos Prado, diretor da Itaueira. No Rio Grande do Norte, a Del Monte continuará investindo na produção de banana nanica e, como outros exportadores, vem sendo ressarcido pelos créditos de ICMS, os recursos da Lei Kandir, nos prazos legais. O secretário Segundo de Paula esteve reunido com diretores da Del Monte e ouviu deles a confirmação da manutenção dos negócios no RN.

INCENTIVO Foi aprovada a Medida Provisória 472, que no seu artigo 45, concede aos fornecedores de cana independentes de todo o Nordeste, uma subvenção de R$ 5 (cinco reais) por tonelada de cana, limitada em 10 mil toneladas por fornecedor.

Sucessão

Corte

O presidente da Anorc, Marcos Teixeira, confirma que é candidato à reeleição. Quer renovar o mandato por mais dois anos à frente da principal entidade de criadores do Rio Grande do Norte. A chapa deverá ter o ex-presidente José Bezerra Júnior, o jornalista Marcos Aurélio de Sá, o superintendente do Ministério da Agricultura, Júnior Teixeira, entre outros membros.

A 16ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), acontecerá de 15 a 19 de junho, em São Paulo. Trata-se de uma das maiores feiras mundiais do setor de carnes que tem o Brasil na liderança das exportações de carne bovina e, o maior frigorífico do mundo, o JBS Friboi, com unidades nos quatro cantos do mundo.

BOLSA DO BOI O primeiro Leilão da Integração será realizado no dia 5 de junho, às 18 horas, marcando a implantação do projeto Bolsa do Boi, no Parque Otaviano Pessoa, em Macaíba. O Leilão de bovinos - promovido pela Arizona Farm - tem a expectativa de negocios entre 100 e 250 animais.

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Na próxima quinta-feira (27), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza o primeiro leilão para apoiar a comercialização do milho safra 2009/2010. A operação será por meio de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP). A partir dessa data, estão programados 12 leilões semanais em que serão ofertados um milhão de toneladas em cada um.

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Técnicos da Comissão Nacional de Cana-de-Acúcar e da Escola Luís de Queiroz, reunidos na sede do Sindicape, apuraram que, em Pernambuco,, o custo de produção de uma tonelada de cana fica em R$ 62,78, sendo este preço o balizador para todas as referências do setor canavieiro estadual. Pernambuco produz hoje 57 milhões de toneladas.

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A estimativa de abril do Valor Bruto da Produção Agrícola Brasileira (VBP), em 2010, é de R$ 160,12 bilhões. Levando em conta o desconto da inflação, a variação real em relação ao ano passado é de 1,14%. Esse aumento está pouco abaixo do que havia sido previsto no mês passado, de 2,32%. Os preços recebidos pelos produtores estão em média mais baixos este ano do que em 2009.

secretário da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), Francisco das Chagas Azevedo, confirmou que o Governo do Estado, desde o início das obras no ano passado, está investidos mais de 9 milhões de reais no Circuito, na ampliação e construção de parques para acomodar os mais de 50 eventos agropecuários deste ano já que houve uma ampliação em relação a 2003 quando existiam apenas 7 eventos, esperando um crescimento na comercialização de algo em torno de 40% já que a expectativa é que sejam negociados, entre compra direta, financiamento e leilões, cerca de 200 milhões de reais. No ano passado, só em obras de infra-estrutura nos parques de exposições de Caicó, Currais Novos, Lajes e Aristófanes Fernandes, o Governo do Estado investiu cerca de 1 milhão 400 mil reais. Ao detalhar os investimentos feitos pelo Governo do Estado no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, Francisco das Chagas disse que na área destinada a caprinos, ovinos serão aplicados 280 mil reais na construção de novas baias e sala de ordenha e para abrigar a Exposição Nacional da Boer, a exemplo do que aconteceu com a nacional da aça Santa Inês, que será realizada durante a Festa do Boi, entre os dias 9 a 16 de outubro, e um centro de apoio de pista para o julgamento. Ainda no Parque Aristófanes Fernandes foram investidos 314 mil reais na construção de alojamentos para técnicos e tratadores, dois novos estábulos, 11.150

DIVULGAÇÃO

Além da ampliação e reforma dos parques, governo aplicará mais R$ 2 milhões em divulgação

metros de rede elétrica secundária e 546 metros de rede trifásica com cabo multiplexado e construção e instalações de central de incêndio. Além disso, ainda foram construídos dois pavilhões tipo A e B, totalizando 96 baias para acomodações de eqüinos para atender a solicitação da Associação Norteriograndense de Criadores de Quarto de Milha (ANQM). O Parque de Exposições de Lajes, onde também se realiza uma das exposições mais importantes para criadores de caprinos e ovinos, a exemplo de Parnamirim e Mossoró, recebeu recursos do Governo do Estado de cerca de 200 mil reais para reforma e ampliação do parque com a construção

de baias e salas de ordenha para torneios leiteiros, ampliação e reforma de 80 currais e coberturas além do pórtico de entrada e áreas de apoio a julgamento de animais. Em Mossoró, será construído um novo Centro de Eventos Agropecuários que vai receber recursos da ordem de 5 milhões e 700 mil reais advindos dos orçamentos do governos Federal, através de uma emenda da deputada federal Sandra Rosado, e Estadual. Esse novo centro, segundo Francisco das Chagas, vai possibilitar uma melhor e maior participação dos criadores de bovinos na Festa do Boi além, é claro, de melhores acomodações para animais e tratadores que vão ganhar alojamentos.

[ AGRICULTURA ] Segundo o ministro Wagner Rossi, os pequenos serão

[ DATA ]

prestigiados. Produtores menores são base do crescimento do setor

Agricultura Familiar será comemorada em Parelhas

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LEITE A Vigilância Sanitária de Mossoró vem apertando a fiscalização na venda de leite in natura nos mercados públicos e bairros da cidade. A determinação é do Ministério Público Estadual (MPE) é para a fiscalização atuar diariamente ou semanal - de acordo com a demanda. Os locais específicos sejam fiscalizados e relatórios sobre o trabalho feito sejam enviados à promotoria. O município de Mossoró ainda não vinha cumprindo este detalhamento.

QUEIJEIRA O secretário-Adjunto da Sape, Tarcísio Dantas, visitou a área rural de Parelhas, em companhia da diretora de Saúde Animal do Idiarn, Tereza Ribeiro, para certificar uma queijeira dentro da legislação atual, na comunidade de Cachoeira. Esse equipamento deverá entrar em funcionamento em breve com todos os requisitos necessários para que os produtores da região que se utilizarem da unidade possam vender seus produtos no mercado potiguar. Essa certificação garante aos produtores a permissão para a venda em supermercados e outros estabelecimentos do Rio Grande do Norte.

PRODUÇÃO A produção de leite na Austrália, o segundo maior exportador mundial de lácteos atrás da Nova Zelândia, poderá crescer no próximo ano fiscal devido às condições climáticas favoráveis, baixos custos com alimentação do gado e melhora nos preços do produto, conforme o Dairy Australia. A produção de leite no ano que se encerrará em 30 de junho de 2011 poderá subir 0,6%, para 9 bilhões de litros, segundo o grupo que reúne indústrias do país. Este ano, a produção caiu 5%, para 8,95 bilhões de litros de leite.

LEILÃO O Rebanho Caroatá já está se preparando para o II Leilão Virtual Três Ases e Um Curinga 2010. O evento ocorrerá no dia 1º junho a partir das 21h e irá disponibilizar 50 lotes de ovinos e caprinos. Na primeira edição deste ano, em março, o leilão atingiu um valor total de vendas de R$ 130 mil. Em agosto, é a vez de Caroatá realizar o tradicional Concurso Marrã do Futuro.

Além desses investimentos em infra-estrutura, Francisco das Chagas disse que o Governo do Estado autorizou a aplicação de recursos da ordem de 2 milhões reais que serão investidos na realização e divulgação dos 52 eventos agropecuários previstos no calendário oficial da Sape. Francisco das Chagas observou, ainda, que desde o ano passado, as exposições do Rio Grande do Norte ganharam maior visibilidade a partir do anúncio de mudança de status quanto a febre aftosa, o que via permitir aos chamados grandes eventos – Festa do Bode e Festa do Boi – o que garante sucesso uma vez que os animais poderão ser comercializados para todo o País.

Diferente dos pequenos e médios, grandes produtores têm meios próprios de viabilizar recursos

Plano Agrícola e Pecuário beneficiará médio produtor

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oiânia - O Plano Agrícola e Pecuário 2010/ 2011 terá como foco o médio produtor. A informação foi reforçada na sexta-feira passada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, durante visita à 65ª Exposição Agropecuária de Goiás (ExpoGoiás), em Goiânia. Ele representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento. “Hoje o pequeno produtor conta com um sistema de apoio próprio criado pelo governo por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Já o grande produtor e a grande cooperativa têm meios próprios para viabilizar os recursos de que necessitam. Agora, vamos prestigiar o

médio produtor, o esteio de aroeira da agricultura brasileira”, afirmou. Rossi frisou, ainda, a importância dos leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para comercialização de milho que serão realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Estão programados 12 leilões, um por semana. Cada um ofertará um milhão de toneladas, sendo o primeiro no dia 27. “Isso dará ao mercado, esperamos, um novo equilíbrio e patamares mais justos para o produtor”. Durante a mostra, o ministro recebeu da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) diploma do Mérito do Agronegócio 2010, pela realização de ações em benefício no agronegócio do

estado de Goiás. Em Goiás, Rossi enfatizou a importância dos leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para comercialização de milho que serão realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a partir da próxima semana. Estão programados 12 leilões. O primeiro ofertará um milhão de toneladas. “Isso dará ao mercado, esperamos, um novo equilíbrio e patamares mais justos para o produtor”, disse. O ministro recebeu da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) diploma do Mérito do Agronegócio 2010, pela realização de ações em benefício no agronegócio do estado de Goiás. As informações são do Ministério da Agricultura.

erá comemorado amanhã, o Dia da Agricultura Familiar no Rio Grande do Norte, que será realizado no município de Parelhas. Durante o encontro, serão discutidos assuntos relacionados à agricultura familiar nordestina, como o debate sobre políticas públicas agrárias voltadas ao crédito, à assistência técnica, capacitação e comercialização de alimentos. Serão oferecidos os mais variados tipos de serviços, desde cursos de capacitação técnica até exames médicos e cortes de cabelo, incluindo renegociação de dívidas, emissão de documentos, entregas de títulos de propriedade e assinatura de convênios. INICIATIVA A iniciativa de comemoração do Dia da Agricultura Familiar é promovida pelo Governo do Estado em parceria com o Banco do Nordeste, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte (Fetarn), sindicatos de trabalhadores rurais e outros órgãos ligados ao setor. Dando continuidade as atividades, dirigentes da Contag e da Fetarn vão capacitar nos dias 25 e 26 de maio, em Acari, lideranças sindicais do Seridó. Os temas discutidos serão os mesmos do dia da agricultura familiar, com o foco nas políticas públicas voltadas ao crédito e à assistência técnica.

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economia

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ENTREVISTA/ MARCELO ROSADO / PRESIDENTE DA FCDL

Estamos crescendo com segurança FOTOS:ELISA ELSIE

Por que o tema Otimismo por Todos os Lados foi escolhido para a convenção deste ano? A gente sempre pesquisa um nome que tenha forte relação com o que está ocorrendo no momento em que a convenção lojista é realizada, como no ano passado em que percebemos a necessidade de abordar a questão da ousadia. Já este ano, percebemos que existe um otimismo de empresários, consumidores, fornecedores e inclusive os economistas estão pregando que 2010 será um ano de crescimento, geração de empregos e muito investimento. Por isso, entendemos que o tema mais adequado seria Otimismo por todos os lados. Esses temas começam a ser desenvolvidos logo após o final das convenções e assim que esta terminar, já começaremos a pensar na de 2011. Nós pensamos nos temas, pesquisando o que está acontecendo em grandes eventos mundiais, como a NRF (National Retail Federation – feira anual, na cidade americana de Nova York), pois é a partir deles que vamos percebendo que tipo de informações estão sendo debatidas nos encontros voltados ao setor. Por que a escolha da cidade de Mossoró, para abrigar a 14ª Convenção de Comércio e Serviços do Rio Grande do Norte? Entre as reuniões que a FCDL promove durante o ano, em uma delas colocamos que estamos recebendo as propostas das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDLs) que querem ser anfitriãs do evento. Geralmente, aquelas que se propõem a sediá-lo são as de Natal, Mossoró e Caicó, mas sempre têm ocorrido entre Mossoró e Natal, principalmente na capital do estado. A convenção é o maior evento voltado ao varejo no nosso estado, exigindo um auditório confortável, com capacidade de abrigar satisfatoriamente um grande número de pessoas, uma boa infraestrutura de hotéis e a prefeitura da cidade precisa ser parceira do evento, para que a gente consiga subsidiar os valores da inscrição. Nessa hora, Caicó leva desvantagem. Este ano, Mossoró foi escolhida por consenso, já que em 2008 a convenção tinha sido realizada na mesma cidade e em seguida foi feito um acordo de que em 2009 o evento seria em Natal, mas a capital se comprometeu em apoiar Mossoró no ano seguinte. O que a FCDL espera com o evento de 2010? A convenção tem o propósito de fazer a integração de todo o movimento lojista do estado, mas hoje a gente já consegue ter uma mobilização além do empresariado, além do lojista. Percebemos cada vez mais a presença do setor educacional, da saúde, que participa e percebe que esta convenção é importante para eles também. Isso ocorre porque os temas abordados pela grade de palestrantes são trabalhados de forma que um vai completando o outro. Este ano, por exemplo, temos palestra de Maílson da Nóbrega, falando sobre globalização da economia e o que está acontecendo tanto fora quanto no Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte, além dos canais utilizados hoje para se fazer a abordagem junto ao consumidor, para que ele demore mais tempo dentro de sua loja e compre mais. Que fatores influenciam positivamente o comércio potiguar? Hoje, são principalmente o crescimento e o aquecimento da nossa economia. Percebemos que as pessoas conseguem ter carteira assinada e acesso ao crédito, consequentemente, elas compram e isso impulsiona toda uma cadeia produtiva. É o supermercado, a farmácia, a loja de material de construção que vende. Enfim, podemos dizer que todo o setor entra em uma dinâmica que

SÍLVIA RIBEIRO DANTAS repórter de Economia

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mossoroense Marcelo Rosado é formado em engenharia civil e atua no setor varejista desde 1992, juntamente à sua família, com a rede de lojas de materiais de construção A Construtora, e atualmente exerce também a função de presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Rio Grande do Norte. Nesta en-

trevista, ele fala sobre a 14ª Convenção de Comércio e Serviços do Rio Grande do Norte, realizada entre sexta-feira passada e hoje, no Teatro Dix-Huit Rosado, em Mossoró. Além disso, Rosado revela as perspectivas do varejo norte-riograndense para o ano de 2010, aponta pontos positivos da economia do Estado, bem como o que pode dificultar seu crescimento, mas sempre deixando claro o bom momento vivido pelo setor. Ao mesmo tempo, ele deixa claro que os empresários precisam se preparar para aproveitar as oportunidades que surgirão nos próximos anos, em particular com a Copa do Mundo de Futebol de 2014, que será realizada no Brasil.

A falta de mão de obra qualificada hoje pode ser vista como uma espécie de hemorragia, que precisa ser estancada”

favorece o crescimento do Estado. O Rio Grande do Norte está conseguindo crescer em uma taxa superior ao que vem acontecendo tanto no Nordeste quanto no Brasil e isso provoca um cenário no qual conseguimos debater esse assunto, além de mostrar a necessidade de nos prepararmos para o amanhã. Tenho certeza de que seremos mais exigidos como empresários, precisando oferecer um atendimento e uma estrutura melhores aos nossos clientes. Os números do Caged,divulgados esta semana,mostraram re-

corde na geração de empregos durante o primeiro quadrimestre do ano no RN. Isso já se refletiu no comércio do Estado? A gente teve um aquecimento e se você me perguntar qual o gargalo ou o desafio que os empresários enfrentam, posso garantir que é a necessidade de contratar mão de obra, aliada à dificuldade em encontrar essa mão de obra qualificada. Nós, da FCDL, promovemos a convenção lojista, mas a iniciativa de desenvolver ações para qualificar o setor não é exclusividade nossa. Outras instituições têm promovido ações, como o Sebrae e o Senac, que vão formando e capacitando a mão de obra necessária para o desenvolvimento do estado. Mas é bom deixar claro que no nosso evento, os gerentes e donos de empresa conseguem também perceber o que vai acontecer futuramente. Não trazemos esses grandes palestrantes ao Estado apenas para comentar ou falar do cenário atual. Eles vêm principalmente para comentar sobre o que está acontecendo no exterior e as perspectivas para a economia do RN. Cabe a quem está preparado, absorver as informações necessárias ao desenvolvimento da sua empresa e implantar as inovações dentro da sua realidade. O que mais pode jogar contra o setor,aqui no Estado? Temos outras dificuldades, mas a falta de mão de obra qualificada hoje pode ser vista como uma espécie de hemorragia, que precisa ser estancada. Um desafio também é a questão do crédito, que se conseguíssemos ter uma política para oferecer crédito com juros mais baixos, certamente aqueceria mais o comércio. Outra questão que o movimento lojista também vem discutindo em nível nacional diz respeito às taxas de administração de cartão de crédito. O lojista que paga 5% ou 6% de taxa de administração tem muita dificuldade, porque a margem de lucro dele muitas vezes não chega a 10%, para que ele seja

competitivo, e pagar tudo isso só dessa taxa não é justo. Ocorre que o lojista tendo melhor condição, o mercado se torna mais competitivo e o consumidor terá preços melhores. Pelo que o senhor já falou,o setor está acreditando que 2010 será um ano de recuperação para o varejo do RN. É possível retomar os mesmos níveis de crescimento que eram vistos em 2008, antes da crise financeira internacional? Acreditamos que será um ano de crescimento para o setor em todo o Brasil e aqui no RN, mais ainda. Eu percebo que estamos caminhando para resultados melhores do que os vistos em 2008. A gente vinha crescendo entre 2006 e 2008, mas não sabíamos o que aconteceria no futuro, então estava todo mundo apostando. E o que está acontecendo hoje é que temos uma segurança, de nos próximos quatro ou cinco anos, haverá muitas oportunidades e cabe aquele que consegue identificar essas oportunidades, como a Copa do Mundo que será realizada no Brasil em 2014, e acelerar a preparação para esse bom momento que irá acontecer. Aquele que investir nos seus funcionários, que conseguir fazer diferente no mercado, certamente irá colher melhores frutos. Como o senhor está enxergando a crise na Grécia? Acredita que irá atingir o Brasil? Não posso dizer que essa nova crise não tem reflexo algum no Brasil. Mas o que estamos sentindo aqui, por causa disso, é infinitamente menor do que o reflexo que a crise iniciada nos Estados Unidos, no final de 2008, provocou. Isso é natural, uma vez que a crise passada era em um país bem maior do que a Grécia e também atingiu fortemente alguns países da Europa, com os quais nós temos forte relação, tanto no que diz respeito ao comércio de produtos, quanto no fluxo de turistas. Mas, mesmo sentindo pouco, tor-

Quem é pequeno precisa ficar médio e quem é grande quer ficar maior ainda. Ninguém começa o ano com a meta de diminuir” cemos para que esta crise seja superada o mais rápido possível. O que o senhor acha da ida de grandes supermercados para cidades como Parnamirim,Macaíba e Mossoró? O que acontece é que quem está no mercado precisa crescer. Quem é pequeno precisa ficar médio e quem é grande quer ficar maior ainda. Ninguém começa o ano com a meta de diminuir. Como todos têm sempre a meta de crescer e o mercado de Natal já está bastante disputado, então a tendência é que as grandes empresas comecem a buscar as cidades menores, indo para o segundo ou terceiro municípios do estado. Dentro dos nossos eventos, a gente vem defendendo que é preciso se preparar, porque ninguém tem como evitar que as grandes empresas venham para o Estado. Se olharmos a cidade de Mossoró, hoje já tem supermercados como Atacadão, que é do grupo Carrefour, Bompreço, do grupo Walmart, e certamente amanhã chegarão outros. O que o empresário vai fazer? Reclamar? De maneira nenhuma. Ele tem é que se preparar e encontrar meios de concorrer de uma maneira que tenha um diferencial. Essa é uma tendência vista hoje em todo o varejo ou fica restrita aos supermercados? Certamente, é uma tendência de todo o setor varejista e é uma dinâmica antiga. Quando eu era secretário de desenvolvimento econômico do estado (entre 2005

e 2008), fui procurado por um dos grandes grupos supermercadistas, que colocaram para a ex-governadora Wilma de Faria a intenção de abrir unidades no RN, mas fora da capital. Eu acredito que, daqui para a frente, esse movimento acontecerá de forma rápida. O que temos que fazer é encontrar formas de conviver bem com essa tendência e as associações comerciais existem para fortalecer os pequenos, para que eles consigam obter as informações necessárias e estarem preparados para aproveitar o momento. Mas, para que isso ocorra, é preciso enxergar a chegada dos grandes de uma forma positiva, pois não existe possibilidade de o mercado ficar mais fácil e a concorrência é inevitável. Como o senhor enxerga a campanha da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que visa incentivar o refinanciamento das dívidas pelos lojistas,até o Natal? Eu sou favorável a essa iniciativa e quando eu era presidente da CDL de Mossoró, já fizemos algumas campanhas nesse sentido. O que precisamos é que o nosso cliente esteja com crédito limpo, com a ficha sem nenhuma restrição, para que ele possa voltar a comprar. Se não oferecermos facilidade, ele terminará encontrando outra maneira de comprar, quer seja no nome de um parente próximo quer seja através de outra pessoa. Acredito que a melhor alternativa seja mesmo negociar, oferecendo o máximo de vantagem possível, para que ele consiga estar apto a comprar novamente em dezembro. Agora é mesmo o momento certo de fazer essa campanha, pois permite que o consumidor se prepare até o Natal. Com relação ao recente quadro de redução no número de cadastrados no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e, ao mesmo tempo,um aumento de consultas. O que isso significa, na prática? É uma relação direta. Quanto mais o lojista consulta, significa que mais gente procurou a loja para comprar, enquanto a diminuição no número de registros significa que mais lojistas estão optando por oferecer crédito próprio e fugindo do cartão de crédito, para poder fazer promoções e não ter que pagar as altas taxas de administração dos cartões de crédito. E, para que eu venda com crédiário próprio, tenho que saber se a ficha desse cliente está limpo. Continuando a tratar de promoções,quais são as expectativas da FCLD para as próximas campanhas no formato “liquida”? Em todo o estado, temos 29 CDLs e a perspectiva é de que praticamente todas elas realizem a liquida da sua cidade, durante o segundo semestre do ano. A tendência é que essas promoções ocorram em datas diferentes, para que elas não disputem clientes entre si, fazendo com que o mercado todo ganhe. Falando agora como empresário do setor da construção civil, o senhor acredita que a redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do material de construção deve ser mantido além de dezembro deste ano, quando o Governo Federal pretende suspendê-lo? Acredito que os incentivos deveriam permanecer. A Associação dos Revendedores de Material de Construção tem procurado defender a manutenção desse incentivo. Um dos motivos é que o programa Minha Casa, Minha Vida está começando e a suspensão desse incentivo pode até ser considerada uma traição com as pessoas que aderiram ao programa, tanto os construtores como aqueles que esperam receber suas moradias.


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economia

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economia DÓLAR COMERCIAL Compra R$ 1,859 Venda R$ 1,861 DÓLAR PARALELO Compra R$ 1,91 Venda R$ 2,03

POUPANÇA HOJE AMANHÃ CDB BOVESPA

SALÁRIO MÍNIMO 0,5474% 0,5190% 9,66% -0,72%

R$ 510,00 TAXA SELIC

9,50%

TELEFONES ÚTEIS Receita Federal: 3220-2200 Procon Estadual: 3232-6770 Procon Municipal: 3232-9050 DRT RN: 3220-2000

GÁS NATURAL

Programa não consegue chegar a segmentos com cerâmicas e padarias. PÁGINA 8 DÓLAR TURISMO Compra Venda EURO Compra Venda

R$ 1,837 R$ 1,953 R$ 2,335 R$ 2,339

Editor:Vinicius Albuquerque e-mail:vinicius@tribunadonorte.com.br

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE Domingo | 23 de maio de 2010

Proposta será uma das prioridades do mandato do presidente da entidade, Hermes Chipp, reconduzido ao cargo neste mês. O Plano Estratégico de Transmissão tentará evitar um grande blecaute como ocorreu antes

[ ENERGIA ]

ONS propõe reforço contra apagões R “ io (AE) - Resolvidos os problemas emergenciais que contribuíram para o grande blecaute de novembro de 2009, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vai propor ao governo um programa de reforço de pontos estratégicos do Sistema Interligado Nacional (SIN). Batizado de Plano Estratégico de Transmissão, a proposta será uma das prioridades do segundo mandato do presidente da entidade, Hermes Chipp, reconduzido ao cargo neste mês. “Uma das metas desse novo período é por ‘não blecaute’. Não significa que não vai ter blecaute, isso é impossível, mas vamos fazer um trabalho para reduzir ao máximo os impactos de ocorrências na rede”, afirma o executivo. O plano, em análise pela área técnica do ONS, foi pensado depois que a queda do sistema de transmissão de Itaipu provocou cortes de energia em 16 Estados brasileiros, na noite do dia 10 de novembro de 2009. Desde então, o sistema vinha operando com medidas emergenciais para reduzir a dependência de Itaipu. A maior usina brasileira vinha operando em menor intensidade, substituída por térmicas, para que o sistema suportasse a queda das três linhas que trazem a energia para o Sudeste. A operação térmica no período vai custar ao consumidor brasileiro R$ 160 milhões, segundo cálculos do ONS. Chipp informou que Furnas já instalou os equipamentos necessários para proteger a linha e o sistema voltou a operar normalmente - suportando a queda de até duas linhas de transmissão. A única diferença com relação ao período anterior ao blecaute está nos cuidados adicionais em dias de chuvas intensas e raios, quando a carga de Itaipu é reduzida e as térmicas, religadas. “Não queremos que as medidas operativas sejam a única alternativa para evitar blecaute. O que quero propor é a identificação de pontos em que um blecaute provocaria grandes transtornos para alterarmos os critérios de operação”, diz o presidente do ONS. Uma das propostas é definir sistemas de transmissão que operarem suportando contingências triplas, ou seja, queda de três linhas ao mesmo tempo.

É claro que essas providências vão custar mais, não será o custo de suportar contingências simples no sistema” HERMES CHIPP presidente da ONS

O trabalho ainda não foi concluído, mas Chipp adianta que, além do sistema de transmissão de Itaipu, considera estratégicos os linhões que fazem a interligação Norte-Sul e Sul-Sudeste, importantes para o intercâmbio de energia entre as regiões brasileiras. Ele propõe ainda um estudo sobre o suprimento de energia às principais regiões metropolitanas do País, a fim de identificar situações de vulnerabilidade. Para Itaipu, uma primeira medida já foi proposta: a construção de uma nova linha de 500 kilovolts (kV) para aliviar o grande sistema de 750 kV cuja queda provocou o blecaute. A proposta foi feita ao governo, que avalia a possibilidade de leiloar a linha. Já existe uma linha de 500kV em construção nesse sistema, interligando os municípios de Foz do Iguaçu e Cascavel. As novas linhas foram propostas antes mesmo do blecaute de novembro, diante das sucessivas quedas de torres de transmissão provocadas pelos fortes ventos da região. O investimento na segunda linha, porém, ganhou importância após a ocorrência do final do ano passado. O trajeto pode ser paralelo à linha Foz do Iguaçu-Cascavel ou interligar a usina a uma outra cidade da região Sudeste. Assim que ficar pronto, o Plano Estratégico de Transmissão será levado ao governo, para debate com a sociedade, diz Chipp, que deve decidir se quer pagar mais para evitar grandes blecautes. O estudo avaliará ainda a entrada em operação de grandes blocos de energia no Rio Madeira e em Belo Monte. “É claro que essas providências vão custar mais, não será o custo de suportar contingências simples no sistema”, diz o executivo. JÚNIOR SANTOS

Plano para evitar problemas na rede está em análise


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economia

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Sem gás ao alcance para mover os fornos, os segmentos cerâmico e de panificação continuam usando a matriz energética tradicional para produzir no Estado. Com a malha de distribuição limitada e o custo elevado, o gás se tornou inviável

[ ENERGIA ]

O Rio Grande do Norte movido à lenha JÚNIOR SANTOS

RENATA MOURA Repórter de economia

ma rede de 285Km de gasodutos corta o Rio Grande do Norte para levar gás natural a indústrias, residências, empresas comerciais e postos de combustíveis. Com elevado rendimento energético e impacto reduzido ao meio ambiente, o produto ajuda a mover a produção e a gerar energia para 742 clientes no estado, em oito municípios. O alcance não é, porém, suficiente. Não, pelo menos, para viabilizar o uso em indústrias cerâmicas e panificadoras, segmentos que, em pleno século 21, continuam, em grande parte, movidos à lenha. A rede de gasodutos do Rio Grande do Norte passa pelos municípios de Goianinha, São Gonçalo do Amarante, Ielmo Marinho, Senador Dix-Sept Rosado, Mossoró, Macaíba, Parnamirim e Natal. Nesse caminho, distribui 400 mil metros cúbicos de gás, por dia. São 190 mil metros cúbicos apenas para o setor industrial, o maior consumidor entre os atendidos. Ao todo, 39 indústrias dos segmentos químico, fármaco, de embalagens, alimentos, bebidas e têxtil recebem o produto. Entre elas, há duas cerâmicas (uma em Ielmo Marinho e outra em Goianinha), de um universo estimado de 200 em operação no estado. A Companhia Potiguar de Gás (Potigás), responsável pela distribuição do combustível, chegou a realizar estudos de viabilidade para expandir o alcance da rede aos pólos de Açu e do Seridó, mas o projeto acabou engavetado. “Os investimentos na estrutura de distribuição eram elevados para a demanda”, diz o gerente comercial da companhia, Eugênio Rodrigues da Silva, sem apresentar os números do estudo. Outro empecilho ao uso em larga escala seria o custo de produção para as indústrias, mais elevado que o da lenha. “Como nosso produto possui baixo valor agregado, a produção se tornaria inviável. É aí que entraria o governo para dar subsídio. Só assim para termos condição de usar essa matriz energética”, pontua o presidente do Sindicer RN,

Produção potiguar declina ano a ano

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Com o gás, a queima nas cerâmicas seria mais uniforme e o produto final teria mais qualidade

Vargas Soliz Pessoa. No Seridó, principalmente, ele diz que o uso do gás poderia ser uma “redenção”. A região concentra 50% das cerâmicas do estado e sofre com a devastação, resultado do consumo da lenha. Sem o gás para minimizar esse impacto, as indústrias estão apostando em alternativas como bucha de coco, podas de árvore e pó de serra, resíduo de serrarias e movelarias que tem apresentado desempenho semelhante ao do gás,

mas que não é encontrado em grande quantidade no estado. Cerca de 70% das empresas ainda usam lenha como matriz energética. ENCARECENDO Na indústria da panificação, o gás despontou como solução para substituir a lenha, nos fornos, no final dos anos 90. Um caminhão, viabilizado pelo Sindicato que representa o setor, junto com o Sesi e o Senai, coletava o pro-

Gargalos impedem expansão do uso O gás natural é considerado melhor combustível que a lenha porque queima melhor, polui menos e gera um produto de melhor qualidade na indústria da panificação. Também não exige um estoque na padaria. Para que seja usado de forma massiva, no entanto, a malha de distribuição precisa ser ampliada e os fornos modernizados, observa o diretor de negócios do Centro de Tecnologias do Gás & Energias Renováveis (CTGAS-ER), Geraldo Pinto. Junto com a UFRN, o CTGAS desenvolveu projetos de pesquisa para queimadores de chama plana que permitem uma maior eficiência energética, melhorando a rentabilidade no uso. “Mas é preciso haver incentivos na área tecnológica na compra dos equipamentos, no treinamento de pessoal, no preço do produto, para que as indústrias possam usar o combustível”, ressalta ainda Geraldo Pinto. A Potigás não quantifica, mas diz que há panificadoras nos bairros de Candelária e em Ponta Negra usando o gás nos fornos. O diretor do Sindipan, José Américo, diz que uso do combustível em larga escala não foi descartado pelo setor, assim como não foi pela indústria cerâmica. “Mas precisaríamos que o preço fosse competitivo para que todos pudessem usar”, diz . Não são só os setores cerâmico e de panificação que poderiam, mas não tiveram o impulso esperado com o gás, lembra o expresidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Bira Rocha. O combustível, diz ele,

O gás natural distribuído e comercializado no Rio Grande do Norte é oriundo dos campos de produção de gás do estado, processado na Unidade de Processamento de Gás Natural da Petrobrás em Guamaré, e transportado através dos Gasodutos do Nordeste - Nordestão e Guamaré - Pecém – Gasfor. No início dos anos 2000, o Rio Grande do Norte chegou a ser o quarto maior produtor do Brasil. Atualmente, é o sexto do ranking, com produção diária de 2 milhões de metros cúbicos. O volume entrou numa contínua curva de declínio, no estado, nos últimos anos. Para se ter ideia da redução, em 2006, a produção atingia 3,2 milhões de metros cúbicos/dia. A Petrobras argumenta que a curva de produção deve ser entendida como uma decorrência do declínio natural, devido ao estágio de maturidade da maioria dos campos produtores de petróleo no estado, cuja produção comercial teve início em 1976. “A Petrobras está atuando para recuperar a produção de petróleo e gás no Rio Grande do Norte e a maior parte do investimento previsto para 2010 destina-se a exploração e desenvolvimento da produção de petróleo nos campos do estado. Com as reservas atuais no Rio Grande do Norte, a Petrobras direciona os esforços na manutenção da produção próxima dos patamares atuais e haverá crescimento nos próximos anos”, continua a estatal, sem estimar quando haverá recuperação nem o crescimento que pretende atingir. O Segmento de Exploração e Produção (E&P) da estatal não separa os investimentos para projetos de óleo e gás, mas, somente para projetos de E&P, que contempla produções de óleo e gás, conjuntamente. Para este ano, o volume de investimentos em exploração e desenvolvimento da produção (incluindo projetos de óleo e gás), é de R$ 1,3 bilhão.

ELISA ELSIE

duto nos postos e distribuía para 23 padarias. “Mas o custo desse transporte onerou o combustível e inviabilizou o uso. Uma padaria que gastava R$ 200 com a lenha passou a gastar R$ 2 mil. Ninguém suportou bancar esse custo e seis, sete meses depois, as que estavam apostando voltaram atrás e passaram a usar a lenha de novo”, diz José Américo Ferreira da Silva Neto, vice-presidente à época e atual diretor do Sindipan.

INVESTIMENTOS De acordo com o gerente comercial da Potigás,Eugênio Rodrigues da Silva,a velocidade de expansão da malha de distribuição de gás no estado depende da demanda,mas também da disponibilidade de investimento da companhia.Este ano,os planos são de investir cerca de R$ 8 milhões,33% a mais que em 2009,na expansão de rede e na modernização do sistema de medição e instalações da distribuidora.“Ano a ano a rede tem se ampliado de modo a atender cada vez mais o estado e sobretudo os segmentos residencial e comercial,mas isso não quer dizer que estamos deixando a indústria em segundo plano”,garante.Até o final do ano,a intenção é aumentar em pelo menos mais 15 Km a rede atual.“Estamos em fase de contratação de 5.500 clientes residenciais e em termos de clientes comerciais,esperamos até o final do ano aumentar o número de 15 para 65”,continua. Atualmente,22 indústrias do estado usam o gás de forma subsidiada por meio d PROGÁS.O Programa,instituído pelo governo do estado,assegura o fornecimento do combustível a preço subsidiado a empresas consideradas prioritárias ao desenvolvimento do estado. O custo desse benefício foi equivalente a R$ 18 milhões,em 2009,e deverá dar um salto este ano,com a expectativa de que o volume subsidiado aumente para 62,5 milhões de metros cúbicos. “Existe a solicitação de várias empresas do Sul do país que querem se instalar aqui.Outras empresas querem aumentar a produção e,em decorrência disso, deverão aumentar o consumo”, explica o coordenador de Desenvolvimento Energético da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Jailton Tinôco. Os subsídios são bancados pelas licenças ambientais emitidas no estado -81% do valor das licenças referentes à perfuração de poços e gás e petróleo são destinados ao programa.Outros 19% ficam com o Idema.

GÁS NO RIO GRANDE DO NORTE Números relacionados e vantagens do uso do combustível no Estado.

2milhões

Mossoró

CE

Guamaré

De metros cúbicos/dia.É a produção do Estado

S.G.do Amarante

RN

Macaíba

Natal Parnamirim

Goianinha Legenda Gasoduto Nordestão

PB

Gasodutos Potigás

Geraldo Pinto,CTGAS: É preciso ampliar a malha de distribuição

Precisaríamos que o preço fosse competitivo para que todos pudessem usar” JOSÉ AMÉRICO Diretor do Sindipan

poderia ter servido de matéria-prima em um pólo petroquímico que foi pleiteado mas não vingou no estado. Também poderia contribuir para a retomada da Alcanorte, fábrica potiguar de barrilha que nunca funcionou e em que o combustível seria usado para gerar a energia necessária à produção. “O gás foi colocado em segundo plano no estado e essa é uma situação irreversível. Só nos resta lu-

tar para que o pouco que temos consiga colocar a Alcanorte em funcionamento. De resto, temos que partir para a energia eólica, por exemplo, que não depende da Petrobras para ser gerada”, frisa. Rocha critica o fato de a Petrobras não ter aproveitado a abundância do combustível, quando havia, para agregar valor às matérias-primas do estado. De acordo com ele, o que falta para o gás ser o indutor do desenvolvimento que esperava-se que fosse para outros setores é vontade política. “É difícil dizer isso, porque parece que estou batendo na mesma tecla. Mas falta fazer com que a Petrobras se volte olhando para o estado. E agora, a Petrobras está concentrando seus esforços, seus investimentos e seus recursos na Bacia de Campos e no Présal”, critica o empresário.

O volume tem sido decrescente.Confira:

Algumas vantagens para as atividades industrial e comercial:

Produção milhões m³/dia

3,2

2,9

Sua queima gera grande quantidade de energia;

2,5

2,1

Proporciona maior eficiência de queima;

2,0

Fornecido continuamente 24h/dia 365 dias/ano; 2006

2007

2008

2009

2010

O gás natural distribuído e comercializado no Rio Grande do Norte é transportado através dos Gasodutos do Nordeste - Nordestão e Guamaré - Pecém - Gasfor.

258 Km

15 Km

400 mil

é a extensão dos gasodutos do Rio Grande do Norte

Devem ser somados,este ano,à rede atualmente existente

Metros cúbicos de gás. É o volume total comercializado por dia no Estado,pela Potigás.

Participação no consumo,por segmento:

47,5% 43,5%

Industrial

Veicular

9%

*Outros

*Inclui os segmentos residencial e comercial. Fontes:Potigás/Petrobras

Proporciona ganhos econômicos e financeiros pois não requer estoque e seu pagamento ocorre após o consumo; Reduz problemas de poluição e controle do meio ambiente evitando gastos com sistemas antipoluentes e com tratamento de afluentes;

Total de clientes:742

39

64

15

624

Indústrias

Veicular

comerciais

residencias


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economia

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Com os cenários econômicos da Europa e Estados Unidos em recuperação lenta, profissionais do Brasil que se transferiram para o exterior em busca de melhores condições estão fazendo o caminho de volta às origens [ CARREIRA ]

Crise traz executivos de volta ao país io (AE) - A lenta recuperação das regiões mais afetados pela crise internacional de 2008, como a Europa e os Estados Unidos, está trazendo de volta ao País altos executivos brasileiros que se transferiram para o exterior em busca de melhores condições de trabalho durante o período de dificuldades Levantamento da consultoria Fesa, especializada no recrutamento desse tipo de profissional, revela que, desde janeiro de 2009,

R

a empresa tem recebido uma média mensal de 50 currículos de brasileiros querendo voltar a trabalhar no País Jairo Okret, sócio-diretor da Korn/Ferry International, multinacional de gestão de recursos humanos, observa que a volta de executivos brasileiros para o País, antes pontual, agora é estrutural. “Esses profissionais querem retornar porque aqui há perspectiva de um desenvolvimento profissional acelerado e de ganhos fi-

[ RECUPERAÇÃO ] Resultados do primeiro

trimestre são fruto das instituições menores EMANUEL AMARAL

Analistas esperavam que Bradesco pisasse no acelerador

Retomada é resultado dos pequenos bancos ão Paulo (AE) - A leve recuperação dos bancos privados na concessão de crédito no primeiro trimestre é explicada, principalmente, pela atuação das instituições de pequeno e médio porte. Se dependesse dos gigantes, a divisão do mercado ao final de março não teria mudado muito em relação à de dezembro. Isso contraria a expectativa de analistas de que bancões como Itaú, Bradesco e Santander pisariam no acelerador para recuperar o terreno perdido para os concorrentes públicos em 2009. Todos expandiram os empréstimos no início do ano, mas em uma velocidade ainda baixa do ponto de vista de retomada de mercado. Os balanços dos grandes bancos mostram que a participação dos privados no total de empréstimos se manteve praticamente inalterada. Em dezembro do ano passado, o Itaú Unibanco tinha 17,4% do crédito do País, o Bradesco, 13,5%, e o Santander, 10%. Em março, esses números eram de, respectivamente, 17,4%, 13,7% e 9,9%. No caso dos públicos, o Banco do Brasil teve perda sutil, de 21,3% para 21,1%, e a Caixa avançou de 8,8% para 9,3%.

S

Os dados parecem contraditórios com o relatório de crédito de março divulgado pelo Banco Central (BC). Segundo o levantamento, a concessão de crédito pelos bancos privados avançou 3,7% no primeiro trimestre. Nos bancos públicos, a expansão foi menor: 2,6%. A chave para destrinchar a aparente contradição está nas instituições de pequeno e médio porte, a despeito de suas carteiras serem bem menores que a dos grandes bancos. De acordo com levantamento feito pela Austin Rating com quatro dessas instituições que já divulgaram o balanço do primeiro trimestre - BicBanco, Mercantil do Brasil, ABC Brasil e Daycoval -, a concessão de crédito cresceu, no conjunto, 34% em relação aos três primeiros meses de 2009. Levando-se em conta BB, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander, a alta foi de 13%. “A diferença dos bancos pequenos e médios para os grandes é a agilidade na operação”, diz o analista de instituições financeiras da Austin, Luís Miguel Santacreu. No auge da crise, essas instituições foram as que mais sofreram no Brasil, o que levou o BC a adotar medidas para ampliar a liquidez no mercado.

[ HOTÉIS ] Renata Simões fica em Natal até

terça-feira para programa de Qualigilidade

InterCity traz consultora para treinar equipe entro do programa de Qualigilidade de seus hotéis, a Rede InterCity está realizando um treinamento em Natal. A consultora interna de RH da rede, Renata Simões, está em Natal até a próxima terça-feira para o treinamento “Eu faço parte”. A ação propicia aos colaboradores o conhecimento da história da Rede, a aprendizagem dos conceitos organizacionais (visão, missão, valores) e o aprofundamento dos diferenciais de mercado e das especificidades de seus produtos e serviços. Renata Simões explica o trabalho de treinamento dentro da InterCity. “Adotamos uma padroni-

D

zação dos processos de atendimento e isso proporciona melhoria nos serviços prestados ao nosso cliente.” O Programa Qualigilidade de Endomarketing, tem como principal objetivo preparar os colaboradores para um atendimento e um serviço padrão e de excelência, garantindo assim a identidade da Rede InterCity. Os colaboradores são treinados e motivados dentro do jeito InterCity, para fazer com que o hóspede se sinta em um hotel InterCity em qualquer cidade. Já que não é somente pela decoração e serviços oferecidos que se constrói uma identidade.

nanceiros mais altos”, diz o consultor. Ele estima que o número de executivos querendo voltar dobre este ano, comparado com o de 2008. Os efeitos da crise na Europa pesaram na decisão do executivo Carlos Albano da Costa e Souza, de 37 anos, que voltou para o Brasil em janeiro deste ano. Após trabalhar por três anos na Schlumberger, multinacional fornecedora de serviços para campos de petróleo, em Angola,

Souza assumiu o cargo de diretor da empresa em Moscou, na Rússia. “No momento da crise, os países do Leste Europeu deixaram de ser atrativos, pois as empresas começaram a cortar benefícios”, conta o executivo. Souza conseguiu, então, uma recolocação no Rio de Janeiro, como gerente para a América Latina na Seismic Micro-Technology, multinacional de softwares para o setor de exploração e prospecção de petróleo. “A partir de 2007,

a economia brasileira começou a dar sinais de aquecimento. Quem estava fora, passou a receber propostas para voltar e ocupar posições muito boas. Retornei ganhando o dobro do que recebia em Moscou”, relata. ALTOS SALÁRIOS De acordo com o consultor Gino Oyamada, da Fesa, os salários de nível executivo no Brasil são compatíveis ou até maiores do que os da Europa e dos

Estados Unidos. “O número de executivos preparados aqui é restrito. Em geral, os salários, se não estão alinhados, estão superiores aos praticados no exterior”, diz o consultor. O consultor explica também que as empresas brasileiras foram uma das primeiras a retomar a concessão dos bônus, benefício que foi cortado ou reduzido em muitas companhias nos Estados Unidos e Europa.


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[ COPA DO MUNDO ] Vendedores irregulares são concorrência forte para venda de produtos do campeonato mundial de futebol. Cerca de 91,7% das pessoas são atraídas pelo preço baixo

[ PESQUISA ] Entrevistados têm 30% do

rendimento comprometido até o Natal ALEXIS REGIS

Lojistas terão de enfrentar a pirataria de produtos ão Paulo (AE) - A Copa do Mundo de futebol é uma oportunidade para crescimento das vendas em alguns setores do varejo, em especial nos de artigos esportivos e brindes. O problema é que, especialmente nesses setores, há uma concorrência que não é desprezível: a dos vendedores ambulantes irregulares que trabalham com produtos piratas. “Realmente (a pirataria) atrapalha bastante as nossas vendas. Mas eu não posso culpar os consumidores, já que as camisas oficiais de times de futebol são muito caras”, lamenta Rene Djkeim, diretor da Associação Brasileira dos Lojistas de Equipamentos e Materiais Esportivos (Abraleme). Cerca de 91,7% das pessoas que compram produtos ilegais são atraídas justamente pelo preço mais baixo, segundo estudo de setembro do ano passado feito pela Felisoni Consultores Associados. A maioria (59,9%) admite não se importar em alguma escala com o fato de os produtos serem falsos ou cópias. “Como na Copa tem uma maior intensidade de ambulantes, há um impacto nas vendas”, atesta o professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), e sócio da Felisoni Consultores. “Uma camisa oficial custa 45% de um salário mínimo aqui, e essa parcela não chega a 5% nos outros países”, atesta o diretor da Abraleme. “E se o sujeito falsificar um dólar, ele pode pegar 20 anos

EMANUEL AMARAL

S

Compras de Natal podem ser prejudicadas por dívidas antigas

Consumidor está com renda comprometida intenção de consumo neste segundo trimestre do ano deve ser menor entre a população de classe econômica mais baixa, revela estudo feito pelo Instituto de Pesquisas Fractal, realizado com 700 pessoas na cidade de São Paulo, nos meses de fevereiro e março. A pesquisa aponta que 30% da renda dos entrevistados estão comprometidas com pagamentos de empréstimos, cujas parcelas mensais se estendem até o Natal de 2010. Além disso, 11% dos endividados declararam que não será possível pagar suas dívidas, sendo que um terço de seus rendimentos já está empenhado para saldar empréstimos. “Essa situação aponta para um consumo movido a crédito e para uma inflação de demanda nitidamente sustentada pelo estímulo ao endividamento excessivo”, afirma Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal. O economista ainda declara que “a elevação das taxas de juros pode agravar ainda mais esta inadimplência. Para tentar conter esta si-

A

tuação, ocorre a ampliação dos spreads bancários, o que, por sua vez, pressiona ainda mais a elevação das taxas de juros”. Para Grisi, a solução para o problema é ensinar às famílias de menor poder aquisitivo como estruturar sua saúde financeira, ou seja, abrir possibilidades para mostrar como poupar dinheiro e evitar o endividamento. Outro aspecto que também influencia este cenário diz respeito ao aumento, nos últimos meses, dos preços dos alimentos. Chuvas, enchentes, baixa remuneração dos produtores agrícolas em períodos anteriores reduziram a oferta e a qualidade dos produtos. Com isso, os preços do arroz, do feijão, das carnes, inclusive a suína, ovos, frutas, e legumes sofreram fortes altas, com impacto direto no bolso dos consumidores. Com o aumento nos gastos com alimentação, os entrevistados afirmaram que costumam gastar cerca de 26% de seus ganhos com esses itens de consumo. Em camadas ainda mais pobres, o percentual chega a até 32%.

Preço pouco atrativo: uma camisa oficial custa 45% de um salário mínimo no Brasil

de cadeia. Falsificar camisa não dá punição nenhuma”, reclama. O setor de lojas populares, que tem no preço baixo de seus produtos um dos maiores atrativos, acaba sofrendo diretamente com a concorrência dos produtos falsificados. “Só atrapalha menos porque os nossos lojistas têm um poder de compra muito grande e podem repassar os preços baixos aos consumidores ou revendedores”, conta Alexandre Navarro, diretor da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco). Ele destaca ainda a Operação Delegada, realizada desde dezembro do ano passado pela Polícia Militar e pela Prefeitura de São Paulo, para combater o comércio irregular, retirando ambulantes ilegais da região da 25 de Março.

Mercado de trabalho é afetado também O aumento do número de ambulantes também provoca um impacto negativo no mercado de trabalho, de acordo com Jismália de Oliveira Alves, diretora de Comunicação da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). “Eles causam um impacto negativo em toda a economia”, afirma. “Fazemos um trabalho de conscientização sobre a importância do trabalho temporário tanto

para a empresa que contrata quanto para o trabalhador, que entra no mercado formal e pode adquirir uma experiência maior”, explica. Para o setor de trabalho formal, a Copa do Mundo também pode gerar um impacto positivo - e não apenas aumento na atuação de ambulantes irregulares. Segundo a Asserttem, o evento esportivo possibilitou que diversas vagas preenchidas na Páscoa e no Dia das Mães - duas datas de forte pico nas vendas do varejo - fossem mantidas. De acordo com a entidade, para o Dia das Mães foram abertas 26 mil vagas temporárias, um avanço de 11% em relação ao ano passado.


economia

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[FORMALIZAÇÃO] Um universo de aproximadamente 167 mil informais potiguares pode usufruir de benefícios ao se tornar

empreendedor individual. Na próxima quarta-feira, o Sebrae monta esquema especial para possibilitar mais formalizações

167 mil no RN podem se enquadrar chance de ter um CNPJ, contratar um funcionário com carteira assinada e obter financiamento para expansão dos negócios, hoje, está ao alcance de um grupo de profissionais, que durante muito tempo esteve à margem desse tipo de privilégio. Pipoqueiros, manicures, vendedores de

A

balas, mecânicos e cabeleireiros são apenas alguns exemplos de quem pode aderir ao Empreendedor Individual, desde que tenham renda anual de até R$ 36 mil. De acordo com o IBGE, o Rio Grande do Norte possui 167 mil profissionais atuando na informalidade que poderiam ser enquadrados nessa categoria.

A meta do Sebrae RN é formalizar pelo menos 13 mil empreendedores individuais até o fim do ano. Uma das estratégias para divulgar as conveniências e retirar as dúvidas de quem não conhece o programa direito será a realização do Dia Estadual do Empreendedor Individual, que ocorre na próxi-

ma quarta-feira. Estão previstas uma série de ações e serviços para facilitar o registro gratuito, como Empreendedor Individual (EI), de informais que trabalham por conta própria. AÇÃO Será um dia inteiro de mobiliJÚNIOR SANTOS

Trabalhos informais como o de ambulantes, vendedores de balas, manicures e outros são o foco do Empreendedor Individual

Sebrae já formalizou 3 mil pessoas Até agora, mais de 3 mil empreendedores potiguares nos setores de comércio, serviços e indústria já se formalizaram no RN por meio do portal do empreendedor, com auxílio e orientação do Sebrae. O Dia Estadual do Empreendedor Individual tem como objetivo divulgar as vantagens e os benefícios de sair da informalidade, entre eles a obtenção do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) na hora do registro, a afirmação da cidadania, acesso facilitado ao crédito, além do direito à aposentadoria, auxílio-doença, licença maternidade, e demais direitos previdenciários. Os que aderirem ao EI ficam aptos, inclusive, a participar de licitações e de compras governamentais. O custo da adesão é uma única taxa no valor de até R$ 62,10. O Empreendedor Individual ficará isento dos tributos federais (PIS, Cofins, IPI e CSLL). O ato da formalização como Empreendedor Individual é feito somente pela internet no Portal do Empreendedor www.portaldoempreendedor.gov.br. Após preencher os dados no Portal, o empreendedor receberá um documento impresso que comprova a legalidade da empresa. O Dia Estadual da EI é aberto aos trabalhadores por conta própria,

DIVULGAÇÃO

Atendimento na Central Fácil do Sebrae é porta de orientação

empreendedores, empresários, profissionais liberais, universitários e demais pessoas interessadas em iniciar um empreendimento ou legalizar um já existente. Entre as atividades atendidas

pelo EI estão as de feirantes, artesãos, borracheiros, doceiras, encanadores, pedreiros, taxistas e costureiras. Ao todo, são 439 ocupações previstas como beneficiárias do Empreendedor Individual.

Conquistas dos “novos formais” As histórias de quem atuava na informalidade comprovam a importância da figura do empreendedor individual para o crescimento da economia do Estado. A maioria dos negócios registrou expansão após a regularização. Empreendedores que se formalizaram comemoram a decisão e colhem os frutos. Quando Micheline Cunha, 38 anos, preparou a primeira receita de pão de queijo, ela sonhava com o negócio prosperando, no entanto, não imaginou que seria tão difícil conseguir financiamento para expandir a produção da guloseima, feita artesanalmente na cozinha de casa, localizada na rua Bento Cândido, no

Vi o negócio começar a crescer e começamos (juntamente com o esposo Erivan Cunha) a formalizar a empresa” MICHELINE CUNHA empresária

conjunto Amarante, em São Gonçalo do Amarante. “Vi o negócio começar a crescer e começamos [juntamente com

o esposo Erivan Cunha] a formalizar a empresa”. Foi através do cadastro no empreendedor individual que surgiu a Erivan Pão de Queijo, depois de um ano atuando na informalidade. A produção subiu de 30 unidades fabricadas por para 2 mil pãezinhos por dia, que rende em média R$ 400 para o casal. O desafio de conseguir empréstimo bancário para a expansão só foi possível com a formalização no programa. “Não tínhamos como comprovar renda. De posse do nosso CNPJ, estamos buscando financiamento a juros menos elevados”, comemorou a empreendedora.

Formalização garante boa barganha O sonho de ter o seu próprio negócio também fazia parte das expectativas de Evanize Souza, 31 anos. Ela reativou o estabelecimento comercial do pai há um ano e permaneceu informalmente vendendo materiais de construção no Alecrim. Há três meses, resolveu mudar a situação e se formalizou como empreendedor individual. Só assim a loja teve como ganhar uma fachada com o nome Comercial Souza, na movimentada rua governador Rafael Fernandes, no Alecrim. “Temia sinalizar devido à fiscalização”, revelou. Segundo ela, a maior vantagem de se tornar empreendedora individual foi a chance de comprar dos fornecedores de forma parcelada. Sem nota fiscal, essa negociação era reduzida. Quem iria confiar em um comércio irregular?”, questiona Evanize Souza. A meta agora é utilizar na loja máquinas de cartão de crédito para facilitar as compras dos clientes e ampliar as vendas. No caso de Arysson Ribeiro, 43 anos, ao enquadramento como empreendedor individual foi uma questão de autoestima. Há nove anos, trabalhando com divulgação em bicicletas e carro de som pelas ruas de Macaíba, só agora pode se orgulhar de ter uma empresa com nome e CNPJ, a JHW Publicidade. “Quando se está informal, você não existe. Não importa o tamanho do negócio. Hoje, posso acessar meu CNPJ em qualquer lugar do Brasil. Eu existo enquanto empresa. Posso emitir nota e trabalhar como pessoa jurídica. Só ter uma conta bancária no nome da empresa e ter um cartão de crédito já é uma grande vantagem para mim. Agora, estou legalizado, eu existo”, emocionouse.Para Arysson Ribeiro, o outro benefício de ter se formalizado como empreendedor individual foi a possibilidade de ter seguridade social. “Não sabemos o que pode acontecer amanhã. A previdência é necessária”.

zação nos escritórios regionais de Assu, Caicó, Currais Novos, Mossoró, Pau dos Ferros e Santa Cruz, onde toda a equipe estará concentrada para prestar esclarecimentos, retirar dúvidas e cadastrar os candidatos. Na Grande Natal, as ações acontecem na zona Norte (Norte Shopping), no Alecrim e em

Macaíba. Nesses locais, serão instalados postos de atendimentos aos empreendedores. A sede, localizada no bairro de Lagoa Nova, também participa da ação. Serão distribuídos panfletos, fornecida orientação gratuita, atendimento individual e coletivo e formalizações pela internet.


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Domingo | 23 de maio de 2010


natal

MÚSICA ANDINA

Marta Cabascano, do grupo andino Yawar Huauqui, do Equador. PÁGINA 5

TEMPO HOJE

TÁBUA DE MARÉS

FEIRAS LIVRES

Nublado com pancadas de chuvas Máx.: 30ºC Mín.: 26ºC

Preamar 00h45 -0.6- 07h08 -2.1 Baixa-mar 13h08 -2.1- 19h38 -2.0

Panorama: hoje 332 bancas/196 feirantes Planalto 186 bancas/97 feirantes

BALNEABILIDADE Impróprias Mãe Luíza Pium Pirangi do Norte Redinha

FASES DA LUA Cheia: hoje Minguante: 15/07 Nascer do sol: 5h21 Pôr do sol: 17h19

Editor: Edilson Braga e-mail: braga@tribunadonorte.com.br

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE Domingo | 23 de maio de 2010

Embora pareça absurdo e pouco inteligente, as mulheres driblam a própria sorte e colocam em risco a liberdade para agradar o companheiro preso, que não retribui o gesto.“Por amor”, passam pela revista [MULHERES PRESAS ]

Mulheres traficam drogas por amor ROBERTA TRINDADE repórter

O

juiz de Nísia Floresta, Marcus Vinícius Pereira Júnior revela que na Penitenciária Estadual de Alcaçuz (em Nísia Floresta) é comum mulheres sendo detidas com droga nos órgãos genitais. A situação é tão grave que de dez mulheres presas, sete entram com a droga na vagina e três no ânus. (A dilatação do órgão propicia a colocação do entorpecente no ânus). Arriscando passar por um grande constrangimento e ficar anos atrás das grades, elas continuam tentando. “Toda semana uma mulher é presa nestas circunstâncias”, explica Marcus Vinícius. Embora pareça absurdo e pouco inteligente, as mulheres driblam a própria sorte e colocam em risco a liberdade para agradar o companheiro preso. “Por amor”, passam pela revista. Sem roupa, ficam em uma posição onde por meio de um espelho as agentes femininas conseguem visualizar o material introduzido. Quando são questionadas, em regra, a maioria afirma que está com o entorpecente dentro dos órgãos genitais. “Quase sempre elas mesmo retiram a droga da vagina ou do ânus. Algumas insistem em negar, nestes casos, o material é retirado no hospital”. Em dia de visita, pelo menos 200 mulheres entram na unidade. É impossível revistar todas. São apenas três agentes penitenciárias para a demanda. Um efetivo maior, segundo o magistrado, poderia contribuir para a diminuição de mulheres com drogas na unidade prisional. O que muita gente não sabe, mas que é uma realidade, é que independente da classe social, as mulheres tentam entrar com o entorpecente em Alcaçuz. A população carcerária, quase na totalidade, são de presos de baixa renda, mas mulheres de classes mais altas também ousam entrar com entorpecente. “Há poucos dias, uma visitante do bairro de Candelária (zona Sul de Natal) foi detida em Alcaçuz”. Marcus Vinícius lembra que, geralmente, as presas são jovens, tem entre 18 e 30 anos. Junto com

a prisão vem a surpresa. O amor acaba, não por parte delas, mas por parte deles. O verdadeiro responsável pela mulher estar atrás das grades é o próprio companheiro. Marcus conta que são inúmeros os casos em que a mulher passa anos visitando o marido ou o namorado, quando ela é detida tentando entrar na penitenciária com droga para entregar para o companheiro, a história é bem diferente. “O homem após cumprir a pena sequer vai visitar a companheira. Desistem delas”. E as juras de amor eterno? Acabam rapidamente. Caso recente foi de uma mulher que durante sete anos consecutivos visitou o marido, presidiário de Alcaçuz, faltando um mês para ele receber a progressão de regime, ela (grávida) foi presa com droga na vagina tentando entrar

Eu considero que a mulher desafia o diretor da unidade, o MP e a justiça, por isso, ficam presas mesmo”. MARCUS VINÍCIUS juiz de direito

na penitenciária. Foi direto para a prisão. “Ele só visitou a mulher uma vez na Delegacia de Nísia Floresta. Nunca mais apareceu”, diz Marcus Vinicius. A realidade nua e crua não é suficiente para que as mulheres deixem de se arriscar para levar droga para os “amores”. Há presos que possuem dívida dentro da penitenciária e a única alternativa para o pagamento é a própria companheira que fazer a ponte entre o mundo exterior e a unidade. São elas que fazem o transporte do entorpecente. Com a prisão, respondem na justiça por tráfico de drogas. Em tese pode até ser aceito um pedido de liberdade provisória, mas Marcus Vinícius não aceita. “Eu considero que a mulher desafia, o diretor da unidade, o Ministério Público e a justiça, por isso, ficam presas mesmo”. JÚNIOR SANTOS

Marcus Vinícius diz que a mulher desafia a justiça só por amor


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natal

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CRIMES HEDIONDOS AUMENTA 219% PRESENÇA DA MULHER NA PRISÃO CIRO MARQUES Repórter

esquisa divulgada na última quarta-feira pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça revela que, de 2005 a 2009, aumentou em 219% o número de mulheres presas no Rio Grande do Norte. Em 2005, de acordo com a pesquisa, 108 cumpriam pena e em 2009 já eram 237, a maioria por envolvimento com o tráfico de drogas. Estupro, homicídio qualificado, extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas. O número de pessoas presas por crimes hediondos, como é conhecido esse tipo de violência no Código Penal Brasileiro, aumentou em todo o País nos últimos cinco anos, segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça. E no Rio Grande do Norte não foi diferente. O Estado apresentou, do início de 2005 até o final de 2009, um crescimento de 52% no número de

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pessoas presas pela prática desse tipo de crime. Depravado, horrendo, medonho, pavoroso, repelente, repulsivo, sórdido. A palavra “hediondo” significa um ato profundamente repugnante e que causa a degradação da dignidade humana. Por isso, serve como classificação para os crimes de maior comoção social. Segundo o Código Penal Brasileiro, os crimes hediondos causam “profunda e consensual repugnância, por ofender, de forma acentuadamente grave, valores morais de indiscutível legitimidade, como o sentimento comum de piedade, de fraternidade, de solidariedade e de respeito”. Por isso, são considerados crimes hediondos o homicídio praticado por grupos de extermínios e/ou qualificado (aqueles com requintes de crueldades ou que tiveram como motivação algo torpe, fútil, como uma discussão simples), o latrocínio, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro e na forma qualificada, estupro, epidemia

com resultado morte, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, crime de genocídio, tráfico de entorpecentes, tortura e terrorismo. Entre todos esses crimes, o que mais provocou prisões no Rio Grande do Norte, em 2009, foi o tráfico de drogas. Foram 813 no final do ano passado, contra “apenas” 339 há cinco anos. Para o promotor criminal Ítalo Moreira, do Ministério Público Estadual, o aumento é o responsável por boa parte da violência e do aumento de outros crimes. “O tráfico de entorpecentes ocasiona uma série de outras ações criminosas, como o homicídio por motivo torpe, o latrocínio, além do furto e do roubo”, afirmou o promotor. O juiz estadual da 12ª Vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar, vê o tráfico de drogas também como a principal justificativa para a grande parte dos crimes praticados nos últimos tempos. “Muitos dos que comentem crimes violentos se dizem dro-

gados ou então que praticaram a violência para manter o vício. Isso piorou ainda mais desde que o crack se difundiu, porque, sob efeito da droga, a pessoa perde qualquer referencial social”. O número de estupros também representa um aumento significativo, visto que nenhum caso foi registrado em 2005, mas 77 foram denunciados nos doze meses do ano passado. “Mesmo assim, ainda existem casos que não são registrados, porque a mulher acredita ser uma exposição ainda maior ir até a delegacia e prestar queixa. Por isso, o número mostrado na estatística pode ser bem inferior ao real”, explicou o promotor Ítalo Moreira. Outro número que está mostrado na estatística do Ministério da Justiça, mas que pode não condizer com a realidade, é o referente a homicídios qualificados. De 368 registrados em 2005, ele diminuiu para 350. “Os dados apresentam apenas as pessoas que foram presas e condenadas pelos crimes. No entanto, se for verifi-

car os dados existentes nas delegacias sobre homicídios, o número será bem maior. Muitos dos inquéritos não são nem iniciados ou não são concluídos”, explicou. Por isso, segundo o promotor criminal, combater os crimes hediondos de forma realmente efetiva, é tão difícil. “A investigação criminal praticamente inexiste no Estado. Não por falta de interesse dos policiais, mas por falta de estrutura mesmo. O inquérito não chega ao juiz ou não fica bem fundamentado e acaba por ser desconsiderado pela Justiça”, afirmou. O juiz Henrique Baltazar acredita que o aumento da prática desses crimes também é consequência da impunidade. “A sociedade está mais violenta, mas também é visível o sentimento de impunidade. As penas poderiam ser ainda maiores como forma de exemplo. Isso, mesmo com todas as mudanças e melhorias que o setor judicial recebeu nos últimos tempos e que foi possível acelerar os julgamentos e as decisões”, afirmou o juiz. EMANUEL AMARAL

47% DOS PRESOS SÃO DA COR PARDA Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça, dos 3.775 detentos do Rio Grande do Norte, 1.027 são presos provisórios (27% do número total de presidiários), 1.364 estão no regime fechado (36%) e 685 estão no semi-aberto (18%). A maior parte deles, 53%, tem entre 18 e 29 anos e 40%, ou 1.536 detentos, não concluiram o ensino fundamental – desses, 660 são analfabetos. Um número que não chega a surpreender o juiz Henrique Baltazar. “O que tem me impressionado é o número de jovens universitários e pessoas com ensino superior completo que estão cometendo crimes como assalto e furtos. Isso dificilmente era visto antes, mas agora é constante”. Aproximadamente 1.800 presos do Estado, 47%, são da cor parda, 1.060 (28%), branca e 430 (11%), negra. Do número total de detentos, 839 são condenados a penas que variam de quatro a oito anos de prisão. Eles representam a maior porcentagem dos detentos. A segunda maior parte

(562) é de presos que vão cumprir penas entre oito e 15 anos. Um outro dado que preocupa é o aumento de número de mulheres presas. Em cinco anos, o aumento foi de 219%, saindo de 108 para 237 a quantidade de detentas, e a maioria, segundo o secretário de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc), Leonardo Arruda, devido a participação no tráfico de drogas. “Temos alguns casos de furtos, mas a maioria é consequência do tráfico de drogas. Muitas eram companheiras de homens condenados por tráfico e, depois da prisão deles, acabam assumindo o posto e passam também a vender drogas. Existem ainda aqueles casos de mulheres que tentam entrar nos presídios estaduais com entorpecentes para o marido e, quando são pegas na revista, acabam presas”, afirmou o secretário Leonardo Arruda. Aproximadamente 1.800 presos do Estado, 47%, são da cor parda, 1.060 (28%), branca e 430 (11%), negra. Do número total de detentos, 839 são condenados a penas que variam de quatro a oito anos de prisão. Eles representam a maior porcentagem dos detentos. A segunda maior parte (562) é de presos que vão cumprir penas entre oito e 15 anos.

SISTEMA PRISIONAL:DUAS FUGAS POR DIA Junto com os dados divulgados pelo Ministério da Justiça em relação aos presos condenados por crimes hediondos, é possível perceber também o aumento do número total de detentos do Estado. Os 2.243 presos que o RN tinha em 2005, já eram 3.775 no final de 2009, um crescimento de 68% em cinco anos - 36% foram condenados pela prática de crimes hediondos. Outro dado preocupante divulgado foi o número de detentos que fugiram dos presídios e penitenciárias no ano passado. Foram 832 fugas, uma média superior a duas por dia. Algo que, para o juiz estadual da 12ª Vara de Execuções Penais, Henrique Baltazar, tem ligação direta com a superlotação e a condição de abandono das unidades prisionais do Estado. “Em sete anos, o Governo não construiu nenhum presídio, fez apenas os chamados ‘puxadinhos’ nos prédios já existentes. Ou seja, falta estrutura e falta também pessoal para tomar conta

dos presos”, afirmou o juiz. Para Henrique Baltazar, inclusive, esse número de presos pode ser bem superior aos 3.775 divulgados pelo Ministério da Justiça, visto que, graças as greves da Polícia Civil, a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) tem passado a assumir, quase que obrigatoriamente, os presos que antes estavam nas delegacias e sob a custódia da Secretária Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed). Opinião essa que é confirmada pelo secretário da Sejuc, Leonardo Arruda. “Hoje, temos aproximadamente 4.500 presos e, por isso, estamos trabalhando para ter, em breve, mais 23 estabelecimentos prisionais e comportar toda essa demanda. Já chamamos novos agentes e estamos investindo no sistema penitenciário”, afirmou Arruda. Além de espaço para todos, é preciso também atividades de ressocialização dos presos e nisso, o Estado também está atrasado. “As ações ainda são insignificantes para o universo de presos que temos e, sem essa socialização, o detento dificilmente não será reincidente”, afirmou o juiz Henrique Baltazar.

RODRIGO SENA

As ações ainda são insignificantes para o universo de presos que temos e, sem essa socialização, o detento dificilmente não será reincidente” HENRIQUE BALTAZAR juiz de direito


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[ TECNOLOGIA ] Criado em 2009, através de resolução do Consuni, o IFF dará continuidade ao programa de pós-doutorado iniciado no Centro Internacional de Física da UNB

UFRN inaugura Instituto Internacional de Física RODRIGO SENA

CARLA FRANÇA Repórter

Universidade Federal do Rio Grande do Norte inaugura nesta-segunda-feira (24), às 9h, o Instituto Internacional de Física (IIF), um centro de pesquisa de caráter nacional que tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico do Brasil, mais especialmente das regiões Norte e Nordeste. Criado em outubro de 2009, através de Resolução do Conselho Universitário (CONSUNI), o IFF dará continuidade ao programa de pós-doutorado iniciado no Centro Internacional de Física da Matéria Condensada da Universidade de Brasília (CIFMC-UnB),que se tornou referência internacional em sua área de trabalho. “Com o Instituto vamos criar condições para a atração de professores visitantes capazes de expandir a pesquisa acadêmica e fortalecer a formação de novos quadros científicos no Brasil”, explica o professor Álvaro Ferraz, que faz parte da coordenação do IIF. Segundo Álvaro Ferraz, o Instituto atua numa área de grande destaque, Física Teoria, e que é ferramenta básica para outras ciências. Inicialmente serão cinco grupos de pesquisas coordenados por professores do CIFMC-UnB e também de renome internacional. “Inicialmente as linhas de pesquisas que vamos trabalhar são: Sistemas Fortemente Correlacionados, Nanoestruturas Fora do Equilíbrio, Teoria de

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O Instituto Internacional de Física (IIF), um centro de pesquisa de caráter nacional, será amanhã

Campos Fenômenos Críticos, Materiais e Aplicações e Cálculos Ab Initio para Nanoestruturas e Sistemas Correlacionados. São temas difíceis de serem explicados para quem não é da área, mas são de extrema importância”, disse o professor. Está prevista, a partir de 2011, está prevista uma aplicação das atividades do IIF para as demais áreas da Física Teórica: Partículas Elementares, Astrofísica e Cosmologia, Mecânica Estatística, Teoria de Campos e Teoria de Cordas. O IIF também vai atuar na organização de eventos científicos e de workshops de pesquisa de longa duração irá proporcionar contato permanente entre instituições de pesquisa em Física no Brasil e no resto do mundo,

estimulando tanto o amadurecimento acadêmico de recém-doutores quanto o desenvolvimento de pesquisas interdisciplinares em áreas de fronteira da Física Teórica. A inauguração da sede do IIF – que fica na avenida Odilon Gomes de Lima, em capim Macio, vai contar com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende e do cientista americano e Prêmio Nobel de Física em 2004, David Gross. O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor Carlos Alberto Aragão Carvalho Filho. COMITÊ Logo após a inauguração terá

início a Reunião do Comitê Científico do IIF, que será realizada durante dois. Nesse encontro serão discutidas as diretrizes de funcionamento do Instituto, as linhas de pesquisas, entre outros assuntos ligados ao IIF. Reunião do Comitê Científico do Instituto será realizada durante dois dias, 24 e 25 de maio, no auditório da Reitoria. A abertura dos trabalhos será feita após a inauguração da sede do IIF, pelo reitor José Ivonildo do Rêgo. Falarão, na oportunidade, o ministro Sérgio Rezende e o professor Carlos Aragão, presidente do CNPq. Em seguida, haverá apresentação da agenda de trabalhos e discussão dos pontos levantados pelos convidados.

[ ENTREVISTA / BERNADETE SOUSA / PRO - REITORA DE PESQUISA DA UFRN ]

Os Indicadores das pesquisas são ascendentes Tribuna do Norte:Qual o papel da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRN? A UFRN tem atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, ou seja, graduação e pós-graduação. Hoje, a instituição tem de 30% a 35% das matrículas de nível superior do RN. E 92% das pesquisas realizadas no Estado são desenvolvidas na UFRN, ou seja, novas metodologias, novos processos, novos produtos estão sendo desenvolvidos e têm como referência a universidade. Para o aluno de graduação, a pesquisa é uma atividade complementar na formação. O programa de iniciação científica, que só existe no Brasil, foi criado para diminuir o tempo de formação do aluno na pós-graduação, além de deixá-lo mais qualificado para o mercado de trabalho. E é a Pró-Reitoria que faz o intermédio entre o desenvolvimento da pesquisa e a graduação. Além disso, a gente coordena todas as atividades de pesquisa da instituição, que são a base da pós-graduação. Como está a UFRN no que diz respeito às pesquisas acadêmicas? Os indicadores da UFRN no campo das pesquisas são ascendentes há um longo tempo, mas nos últimos anos com uma maior intensidade. É interessante destacar que o perfil desse crescimento se dá de maneira muito paralela em todas as áreas do conhecimento, mostrando que a UFRN segue uma política de apoio às grandes áreas do conhecimento: Exatas e Tecnológicas, Biológicas e Saúde e Humanas e Sociais. Hoje a UFRN tem em torno de 1.400 projetos de pesquisas sendo executados. Desses, nós podemos dizer que cerca de 70% são voltados para temáticas que dizem respeito a problemáticas do Rio Grande do Norte. O que demonstra um grande compromisso da instituição na sua inserção social, e na resolução dos problemas locais. [LEIA MAIS NA PÁGINA 4]

os últimos anos Universidade Federal do Rio Grande do Norte vem priorizando e incentivando o desenvolvimento de pesquisas. Hoje, 92% das pesquisas realizadas no Estado são desenvolvidas na UFRN. Graças a esse desempenho, a instituição também tem conseguido atrair pesquisadores de renome internacional. Um exemplo é o Instituto Internacional de Física – que vai contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico do País, principalmente das suas regiões Norte e Nordeste. O IIF será inaugurado na segunda-feira (24). Tem ainda o Instituto de Neurociências, comandado por Miguel Nicolelis, que fez o RN referência nessa área. Em entrevista à

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TRIBUNA DO NORTE, a Pró-Reitora de Pesquisa da UFRN, Bernadete Sousa, falou sobre a atuação e os investimentos da instituição na área das pesquisas científicas.

O programa de iniciação científica, que só existe no Brasil, foi criado para diminuir o tempo de formação do aluno na pós-graduação”

Os indicadores da UFRN as pesquisas são ascendentes há um longo tempo, mas nos últimos anos com uma maior intensidade”


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[ CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 3 / ENTREVISTA / BERNADETE SOUSA / PRO-REITORA DE PESQUISA DA UFRN ]

Saúde é a área mais observada “ KAMILO MARINHO

Então essas pesquisas possuem aplicabilidades práticas para a sociedade? Exatamente. No começo da década de 80 a universidade estava instalando o seu primeiro curso de pós-graduação e trazia muitos professores do Sul do país para aplicar aqui algumas de suas pesquisas e a maioria delas não tinha ligação direta com o Estado. Mas hoje isso mudou. Temos nossos próprios cursos de pós-graduação, as nossas linhas de pesquisas se regionalizaram. Agora claro, que muitos temas locais rebatem problemáticas universais. As questões climáticas, a sustentabilidade ambiental, as pesquisas realizadas nas áreas da saúde, de administração, de gestão. Então, a gente tem hoje uma matriz de pesquisa muito voltada para a realidade local.

A senhora pode nos apontar algumas das principais pesquisas desenvolvidas na UFRN? O campo que é mais observado pela população, no que diz respeito a aplicabilidade, é a área da saúde. Muitas dessas pesquisas são realizadas dentro dos hospitais (Hospital Universitário Onofre Lopes, Maternidade Januário Cicco) e para responder, muita delas, problemas locais. Por exemplo, nós temos uma pesquisa de impacto muito grande, que é a saúde materno-infantil para diminuir o índice de mortalidade. Tem a área da nutrição, temos diferentes programas no interior do Estado. Na área das engenharias há uma grande interação universidade-empresa. São vários pesquisadores que trabalham para a Petrobras desenvolvendo novos materiais para a companhia, na indústria de cerâmica do RN, setor moveleiro, turismos. Temos também o Departamento de Educação

Nós temos cerca de 30 construções na UFRN vinculada à estrutura para a pesquisa que está sendo ampliada”

da UFRN com grandes programas vinculados ao ensino, os setores da Psicologia, Departamento de Artes, Comunicação. Além da formação dos recursos humanos, porque a gente forma alunos. A UFRN tem conseguido captar recursos financeiros para esses projetos? Do ponto de vista da arrecadação de recursos financeiros, geralmente ocorre mais nas áreas exatas e tecnológicas. Nos últimos 11anos conseguimos captar R$126 milhões só da Petrobras para a área tecnológica. Existem ainda programas de recursos humanos da empresa, onde os professores dos cursos de Engenharia, Química, por exemplo, recebem bolsas para alunos da graduação, mestrado e doutorado com o objetivo de formar mais pessoal para atuar na área do petróleo, que demanda muita mão de obra. A gente tem o grande apelo do Pré-Sal, o que certamente vai trazer uma ampliação do setor aqui

do Estado. Estamos inclusive com uma reunião para discutir o impacto do Pré-Sal para o RN. Existe previsão para expansão das pesquisas, quantidade de bolsas de estudo? Hoje nós temos um total de duas mil bolsas de iniciação científica para um total de 25 mil alunos. Um número considerado baixo, mas essa quantidade de bolsa só foi alcançado porque houve uma expansão. Recentemente tínhamos um número de apenas 700 cotas, aí entrou o Reuni, o próprio sistema de bolsas da UFRN expandiu, o CNPq e a Petrobras também aumentaram a oferta. E todas as agências estão trabalhando no sentido de alavancar o desenvolvimento do País. Até porque a gente vive hoje em uma sociedade do conhecimento, então se você detém o conhecimento, está criando mecanismos para mudar, quem sabe, o perfil de exportação do País que é de commodities, é de grãos. E a gente quer mudar para

um perfil tecnológico onde se agregue mais valor ao produto exportado para dessa forma ter uma economia mais forte, maior riqueza, maior distribuição de renda. Há alguns anos o Brasil apenas exportava cientistas e pesquisadores para outros países.Hoje esses profissionais estão escolhendo o Brasil para desenvolver seus estudos. A UFRN tem conseguido atrair esses pesquisadores? Temos sim. Um exemplo é o professor Miguel Nicolelis do Instituto de Neurociências. Ele não se repatriou no Brasil, mas criou uma unidade de pesquisa, que tem curso de pós-graduação em Neurociências, a partir da proposta de trazer professores brasileiros que estavam nos Estados Unidos. E hoje nós já trouxemos sete docentes. E no próximo mês de julho está vindo um professor da Carolina do Norte para atuar na área de neurociência. Hoje podemos nos considerar um dos polos de excelência nessa área gra-

E no próximo mês de julho está vindo um professor da Carolina do Norte para atuar na área de neurociência”

Recentemente tínhamos apenas 700 cotas, aí entrou o Reuni, o próprio sistema de bolsas da UFRN expandiu”

ças a implantação do INN. Nós estamos voltados com o foco para o RN, mas não estão fechadas para isso, estamos buscando uma internacionalização, já que o mundo está cada vez mais globalizado. A UFRN vem investindo na parte de infraestrutura (laboratórios, prédios, equipamentos) e recursos humanos? Nós temos cerca de 30 construções na UFRN vinculada à estrutura para a pesquisa que está sendo ampliada. Um exemplo é o Instituto Internacional de Física que será inaugurado na segundafeira (24) que tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e científico do País, principalmente, das suas regiões Norte e Nordeste . O IIF vem criar condições para a atração de professores visitantes capazes de expandir a pesquisa acadêmica e fortalecer a formação de novos quadros científicos no Brasil. No que diz respeito a recursos humanos, contratamos quase 600 professores (hoje a UFRN conta com mais de 1.600 docentes) nos últimos dois anos. E é importante lembrar que desses 1.600, 70% deles estão envolvidos com atividades de pesquisa da instituição. O nosso diferencial, com relação às universidades particulares é que não priorizamos apenas o profissional, os professores se desdobram para oferecer uma formação acadêmica mais qualificada no nível de pós graduação. Porque para ter pós, é preciso ter pesquisa. E a UFRN vem exigindo essa qualidade desde os processos seletivos para contratação de professores, tendo em vista que a instituição exige professores com mestrado e doutorado. São 76 cursos de pós-graduação28 doutorados e 48 mestrados.


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O grupo musical Yawar Huauqui, do Equador - ‘Irmãos de Sangue’ em quitua, língua pátria – que tem a música como vida, e a estrada como destino, atraiu a atenção dos natalenses durante apresentações no centro da capital [ MÚSICA ANDINA ]

Mambembes apenas na adjetivação FOTOS:EMANUEL AMARAL

pesar da invasão tecnológica que facilitou a universalização das informações, há quem prefira modos mais primitivos para divulgar sua arte, como o tradicional boca-a-boca. Mesmo que, para isso, tenha que percorrer longas distâncias. É o caso do grupo de música andina Yawar Huauqui, do Equador - ‘Irmãos de Sangue’ em quitua, língua pátria – que tem a música como vida, e a estrada como destino. Na bagagem, além dos costumes e talento, levam sonhos de uma vida melhor. Artistas de rostos pintados e penachos na cabeça, que além de buscar uma vida melhor longe da terra natal, Otaulo Imbabura, ao norte da capital Quito, contribuem para preservação da história e cultura komanche. À exemplo do que era visto nas décadas de 1970 e 1980, quando grupos - como o Raízes de America, Viva Chile e Tarancon - percorriam o Brasil para mostrar sua cultura, também de forma “mambembe”, os irmãos Morales atravessam o mundo. Vestidos como índios norteamericanos, típicos de um filme de faroeste, o grupo, formado por seis irmãos, mulheres e filhos encantam com o som doce de suas flautas, toios e sampoias - instrumentos de sopro da cultura asteca – curiosos e apreciadores da arte das ruas. Além da calçada em frente a estação de transferência da avenida Rio Branco com a João Pessoa, onde o grupo se apresentou na manhã da última sexta-feira, o espetáculo - uma mistura de música e encenação de rituais indígenas - já foi visto em outros tantos passeios públicos de países sulamericanos, além da Holanda, Bélgica, Espanha e França.

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Mas se engana quem acha que a vida destes artistas segue as notas suaves, que imitam pássaros e sons da natureza. Do dia a dia longe de casa, alternando entre a estrada ou apresentações em praças e calçadas públicas, a labuta guarda muito da melancolia das letras tocadas. “A saudade é grande e as dificuldades são de todas as ordens”, afirma o cantor e irmão mais velho da família de músicos, Antonio Morales, 42 anos. Pai de oito filhos, apenas três – o menino Charand, 11 anos, e as filhas Janet e Sofia, responsáveis pela venda de colares e brincos – o acompanham. Moradores de uma vila de agricultores e tecelãs, a família sobrevive da venda de CDs e DVDs caseiros, ao custo de R$ 15 e R$ 20, respectivamente, copiados nos locais em que se apresentam. Embora com vários shows em Quito e cidades vizinhas, a turnê nômade de seis meses, realizada uma vez por ano para um país estrangeiro, se justifica pela baixa remuneração no país de origem. Os artistas vêem na preservação da cultura , como reserva para faculdade dos filhos e a manutenção da cultura. “Resta apenas a estrada para espalhar sementes e não perder as raízes”, frisa o líder da banda. Marta Cabascano, 26, casada com o tocador de toio e irmão do meio, Eliah Morales, conta que para as mulheres a vida é ainda mais dura. A mãe do pequeno Charyr, de 1 ano, precisa conciliar os cuidados com a criança, transportada de um lado para outro em um carrinho de bebê, a venda de artesanatos e a arrumação de instrumentos. Na bagagem, além do aprendizado de outras línguas, como o português e inglês, ela leva o sonho de ver o filho “doutor”.

Músico denuncia que polícia colombiana perseguiu grupo Em meio ao trânsito conturbado e debaixo de sol forte, a apresentação exótica chamou a atenção de transeuntes e comerciantes do centro da Cidade, que pararam para apreciar a boa música. O intercâmbio cultural descendente de índios potiguaras, a dona de casa Maria José Filgueira Brasil, de 64 anos, aprovou a iniciativa como uma forma de se conhecer um pouco mais da história de outros povos. “Se todos os índios fizessem isso, a tradição não se perdia, eu mesma lembro de poucas histórias contadas por minha avó”, disse. A aposentada era apenas uma na multidão que lotou o calçadão da João Pessoa, na ma-

nhã da última sexta-feira. Para a gaúcha Ana Maria Rabelo e a filha Carolina, contam que encontraram o grupo em Porto Alegre em meados de fevereiro. O grupo já percorreu o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e agora o Rio Grande do Norte. A próxima parada será em Recife e Olinda, em Pernambuco. Antônio Morales conta que, ao contrário de países como a Colômbia, onde foram perseguidos por policiais em praça pública e tiveram a mercadoria quebrada, o Brasil se destaca pela acolhida. “O sangue latino, a alegria e o espírito indígena são mais vibrantes aqui”, conclui.

O grupo de música andina Yawar Huauqui, do Equador - ‘Irmãos de Sangue’em quitua, língua pátria, atraiu a atenção dos natalenses

Os irmãos Morales percorrem a América Latina na atual turnê

Se todos os índios fizessem isso, a tradição não se perdia, eu mesma lembro de poucas histórias” MARIA JOSÉ FILGUEIRA BRASIL aposentada

O sangue latino, a alegria e o espírito indígena são mais vibrantes aqui” ANTÔNIO MORALES músico

Marta Cabascano se encarrega de vender CDs e DVDs do grupo


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MARCELO ALVES DIAS DE SOUZA [Procurador da República ]

Poder Judiciário ANELLY MEDEIROS

Impasse elas discussões travadas na semana passada, na Assembleia Legislativa, o Governo do Estado deverá recorrer a Justiça para conseguir aumentar o percentual de remanejamento do orçamento 2010. A oposição reclama da falta de detalhamento para aprovar a mensagem. Na sexta-feira, o projeto foi rejeitado na comissão de Constituição e Justiça, onde o governo tem maioria. O assunto será discutido agora na Comissão de Finanças. Como o Governo tem minoria, a expectativa é que o projeto receba parecer contrário. E aí, ficará a cargo da Justiça decidir esse entrave.

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Livre

Gastos

A decisão do Tribunal Regional Eleitoral que livrou a deputada Jesane Marinho(PDT) da perda do mandato não será questionada pelo partido. A direção nacional do PDT anunciou que não irá recorrer da decisão da Corte do RN. É menos um processo pela frente.

O Tribunal Regional Eleitoral(TRE) vai gastar nas eleições deste ano, no Rio Grande do Norte, a quantia de 4 milhões e 200 mil reais.A informação foi dada pelo presidente do TRE, desembargador Expedito Ferreira.Segundo o presidente, os gastos envolverão toda a logística das eleições.

Propaganda A respeito da fiscalização em cima da propaganda eleitoral antecipada, o desembargador Expedito Ferreira disse que vem sendo feito um trabalho conjunto com a Polícia Federal. O presidente reconheceu, no entanto,

as dificuldades para se coibir a propaganda antecipada na internet, inclusive em alguns blogs. “É difícil, mas já estamos conscientes desse problema e temos tentado coibir essa prática”, afirmou Expedito Ferreira.

Galeria O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado conta agora com uma galeria de procuradores. A idéia foi da procuradora geral junto ao TCE, Luciana Campos, que homenageia todos os procuradores

que já passaram pelo MP desde a sua criação em 1961. Aliás, mostrando dinâmica no trabalho, Luciana Campos também lançou o folder de orientação de autoria da Procuradoria Geral.

NA TELA O programa “Boa Tarde RN”, da Band Natal, agora conta com a consultoria do advogado George Olímpio que participa do “Momento Jurídico”. O quadro que vai ao ar todas às terças e quintas-feiras, às 13h15, dá dicas e orientações jurídicas.

Direito francês O curso sobre o reflexo do Direito Francês no Direito Brasileiro está com inscrições abertas na Justiça Federal do RN. O evento que contará com a presença de grandes nomes do Di-

Quem é o médico (ou o juiz) e quem é o monstro? obert Louis Stevenson (1850-1894), escocês com formação em direito, foi romancista, poeta, ensaísta, boêmio e, ainda, um grande viajante. Autor de romances como “Treasure Island” (1883), “Kidnapped” (1886) e “The Master of Ballantrae” (1889), é hoje mundialmente conhecido, sobretudo, por sua novela “The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde” (de 1886 e entre nós conhecidada como “O médico e Monstro”). Seja para o teatro, para o cinema ou para a televisão, “The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde” tem dado ensejo a inúmeras adaptações, cada vez mais caindo no gosto do público. Seu enredo gira em torno de Dr. Jekyll, um médico que descobre uma “fórmula” que dá a ele a possibilidade de tranformar-se em um “outro”: Mr. Hyde, personalidade que absorve todos os instintos malignos do seu criador. Essa repulsiva personalidade vai paulatinamente ganhando ascendência sobre o ser criador, ao ponto de cometer homicídio. Cada vez com mais frequência, Dr. Jekyll se vê transformado, involutariamente, em Mr. Hyde, sem que as drogas que toma façam mais efeito no sentido de reverter o processo. Ao ponto de ser descoberto e preso, Dr. Jekyll/Mr. Hyde comete suicídio. Retratando em cores aberrantes a dupla personalidade da(s) personagem(ens), do ponto de vista moral, Stevenson busca mostrar como o bem e o mal podem coexistir em uma mesma pessoa. Poucos, entretanto, já ouviram falar de “Weir of Hermiston”, segundo os críticos e o próprio Stevenson, a obra-prima que ele, morto prematuramente de hemorragia cerebral, deixou inacabada. Stevenson, já vivendo nas Ilhas Samoa e com a saúde debilitada, trabalhava em “Weir

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of Hermiston” no dia de sua morte, vindo o romance a ser publicado postumamente, mesmo que inacabado, em 1896. “Weir of Hermiston” paga tributo a pelo menos três importantes aspectos da vida de Stevenson. Sua fixação por “dualidades”, sua nacionalidade escocesa e, não menos importante, sua formação em direito. Sabe-se que Stevenson, em 1871, abandonou a engenharia, profissão do assim desgostoso pai, para dedicar-se ao estudo do direito, tendo sido aceito na Ordem dos Advogados escocesa em 1875 (Scottish Bar), mas sem nunca haver de fato exercido qualquer carreira jurídica. Foi ser escritor. Ainda bem. Em “Weir of Hermiston”, Stevenson explora uma forma de dualidade “edipiana”, contando a vida de Archie Wier, orfão de mãe e filho único de Adam Wier, Lord Hermiston, juiz famoso por seu pendor - e prazer - em mandar “seus” réus para a forca. Conhecido pelo apelido de “The Hanging Judge” (algo como “o juiz enforcador”, numa tradução livre), a personagem está baseada numa figura da história escocesa, Robert Macqueen, Lord Braxfield. O romance basicamente ganha corpo com o conflito entre as duas personagens principais, quando o filho assiste a um julgamento presidido pelo pai, em que este, com prazer incontido, manda um réu, o miserável Duncan Jopp, à forca. O filho publicamente confronta o pai, perorando contra a pena de morte, e é banido para a interiorana vila de Herminston. Com esse novo pano de fundo, a obra segue seu curso centrado em uma estória de amor entre Archie Wier e a personagem Christina. Pelas anotações do autor, sabe-se que Archie Wier, mais tarde, seria acusado de homicídio (de Frank In-

Finalmente, cá entre nós e Stenvenson: dá para você me apontar, em “Weir of Hermiston”, quem é médico (ou juiz) e quem é o monstro?” nes, este acusado de haver violado sua amada Christina) e o romance terminaria com uma final confrontação, na Justiça, entre pai e filho. Mas a dualidade “interna” da personagem Wier Pai também nos chama a atenção. Ele (assim como sua inspiração histórica, Lord Braxfield) era homem de grande reputação (merecida, sob muitos aspectos), mas, como visto, deleitava-se ao punir alguém. Usando de seu dialeto escocês para que o patético réu não pudesse sequer entender o que se passava, como hoje em dia muito se faz com o “juridiquês” – assim o fez, com “selvagem prazer”, com Duncan Jopp. Não se sabe, porque Stevenson não nos diz, que crime teria cometido o infeliz, apenas registrando que sua vi-

da teria sido uma história de desgraça e covardice. Àquela época, ele poderia ter ido à forca, a depender do pendor do juiz, até pelo furto de um pedaço de pão (ou, pior, indaguemos: teria mesmo Duncan Jopp cometido algum crime?). E mais: a duplicidade do caráter do Weir Pai é exposta ao tratar de forma aterradora o réu, humilhando ainda mais o já humilde. Como diz o Wier Filho, uma coisa é atacar um tigre, outra é pisotear um pobre coitado. O Wier Pai pune o “vilão” com uma vilania igual ou pior. Mas será que o Wier Pai, “The Hanging Judge”, teria condenado o Wier Filho à forca (levando em consideração, claro, que ele não estaria impedido de julgar, como o seria certamente hoje)? Ou, “moralmente” alquebrado e hipócrita (como todos nós pecadores somos), absolveria o filho? Infelizmente, o “Contador de Estórias” ou “Tusitala” (como Stevenson era chamado pelos samoanos) não viveu para nos contar. Quanto a nós, seria preciso lembrar ao leitor as vezes em que ele se deparou com alguém – juiz, promotor ou mesmo pessoa do seu convívio – que, sob a máscara de vestal, tem, na verdade, prazer na desgraça alheia? Ou de alguém que é um leão com os mais humildes e um doce com aqueles que não o são? Às vezes porque se acha acima dos pobres mortais, às vezes por um complexo de inferioridade mal resolvido. Acusar ou condenar alguém, estou certo, não deve ser um prazer. Fazse por dever e com a cortesia devida aos mais e aos menos afortunados. Isso sem falar na absurdez intrínseca à pena de morte. Finalmente, cá entre nós e Stenvenson: dá para você me apontar, em “Weir of Hermiston”, quem é médico (ou juiz) e quem é o monstro?

reito Francês e brasileiro é uma oportunidade para a qualificação dos magistrados, servidores e comunidade acadêmica do Estado. Inscrições: www.jfrn.jus.br.

Cada um no seu quadrado O Conselho Nacional de Justiça arquivou Pedido Providências que questionava decisão de uma juíza de primeiro grau. Para o ministro Celso de Mello, do STF, o papel do CNJ se detém a “analisar

questões administrativa, financeira e funcional do Poder Judiciário”. Com esse entendimento, o ministro confirma decisão do Conselho de que “não tem competência de julgar decisão judicial”.

Servidor da JFRN fará palestra O servidor da Justiça Federal do Rio Grande do Norte Paulo André Benz, da Seção de Planejamento e Integração Regional, será um dos palestrantes do primeiro módulo do Curso de Ini-

ciação à Magistratura, que está sendo desenvolvido pela Escola de Magistratura Federal da 5ª Região. Paulo Benz falará sobre “Planejamento na Justiça Federal”.

TJ SE RENDE AO TWITTER O Tribunal de Justiça do RN está também na onda do Twitter. Agora todos podem acompanhar as principais decisões e informações administrativas do Judiciário Potiguar. No Brasil mais de três milhões de pessoas acessam esse canal de comunicação. Anote: www.twitter.com/tjrnnoticias.

tn família TODOS OS DOMINGOS NA TRIBUNA DO NORTE


Domingo | 23 de maio de 2010 ➾ www.tribunadonorte.com.br ➾ tnonline@tribunadonorte.com.br ➾ twitter.com/tribunadonorte

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Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte

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tn online Fred Carvalho - fredcarvalho@tribunadonorte.com.br

AGILIDADE O portal TN Online terá mais uma novidade a partir de amanhã. A Tribuna do Norte e a rádio Globo Natal adquiriram quatro smartphones Nokia E71, que serão usados para os repórteres usarem entrevistas de vídeo e de áudio e enviarem à redação quase que em tempo real. Com a tecnologia 3G da Vivo, esse material será postado no portal minutos após o envio. Agilidade e jornalismo em tempo real no TN Online. MESTRE-CUCA Por falar em vídeos, estamos incrementando essa área do portal. A partir de agora (e desde a semana passada) vamos apresentar uma receita semanal para o nosso internauta. A prioridade é os chefs procurados pelo portal TN Online elaborem receitas fáceis, que podem ser feitas pelos nossos próprios internautas em casa. A dica deste fim de semana é um salmão ao molho de vinho com legumes. Provei e asseguro que é uma delícia.

TV NO GOOGLE O Google apresentou na quinta-feira, durante o evento I/O , em San Francisco (EUA), seu sistema que une internet e televisão, o Google TV. Com o navegador Google Chrome, o usuário do Google TV poderá acessar seus sites preferidos por meio do televisor e alternar entre a televisão e a internet. “Com toda a internet na sua sala, a TV torna-se mais do que uma TV – pode ser um visualizador de fotos, um console de games, um leitor de músicas e muito mais”, escreveu Salahuddin Choudhary, gerente de produto do Google TV, no blog oficial da companhia.

LCD Uma reunião amanhã entre os dirigentes da Samsung e da Sony provavelmente terá como foco a cooperação adicional em telas de LCD, já que a fabricante japonesa de eletrônicos vem enfrentando uma escassez desse componente. Uma oferta estável de painéis é importante para a Sony, que já opera uma joint venture para a fabricação deles com a Samsung, em um esforço para tirar do vermelho suas operações de televisores pela primeira vez em sete anos, neste exercício, e mantê-las lucrativas mais tarde.

FREEKSCAPE Com uma boa ideia,vontade de trabalhar e muita persistência,uma produtora brasileira conseguiu desenvolver o primeiro jogo 100% nacional lançado para o PSP,o portátil da Sony.“Freekscape: escape from hell”,criado pelo estúdio paulista Kidguru Estúdios,prova que o mercado de desenvolvimento de games do Brasil é bastante promissor e depende da criatividade dos profissionais.

Funcional Os celulares inteligentes BlackBerry são parte do equipamento constante dos viajantes de negócios, mas existem sinais de que o iPhone, da Apple, está conquistando espaço nas empresas e junto aos seus dirigentes. A companhia farmacêutica AstraZeneca começou a testar o iPhone para alguns de seus principais executivos, e o banco britânico Standard Chartered deu aos seus funcionários que usam o BlackBerry a opção de adotar o iPhone, o que pode levar milhares de trabalhadores da empresa a começar a usar o aparelho da Apple para suas necessidades de trabalho móveis.

300 MILHÕES A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) prevê que, em 2013, o Brasil alcance a marca de 300 milhões de celulares. A estimativa é do gerente de regulação do órgão, Bruno Ramos. Segundo ele, o país já o quinto colocado no ranking mundial de acessos à telefonia celular, atrás apenas de China, Estados Unidos, Índia e Rússia. Em 2009, o número foi de 175 milhões e a expectativa é que 2010 termine com 190 milhões de linhas.

E OUTRAS NOVIDADES DE VÍDEO VÊM POR AÍ. ESTAMOS TRABALHANDO PARA DISPONIBILIZAR MAIS CONTEÚDO DE VÍDEO,COM MAIOR ABRANGÊNCIA DE ASSUNTOS.É SÓ AGUARDAR.

Pacman Os logos do Google sempre supreende em datas comemorativas. Na sexta-feira passada, no entanto, o site de busca se superou. Em comemoração aos 30 anos do jogo Pac man (o famoso come-come em Português), o nome do engenho de busca ficou com a cara do joguinho. E mais: era possível jogar clicando no botão Insert coin (inserir moeda) que aparece ao lado do comando para a realização da busca.

As medidas adotadas pelo Departamento Estadual de Trânsito para garantir a formação de um bom motorista não foram suficientes para evitar o tráfico de influência durante o processo da habilitação [ AUTOESCOLA ]

A máfia da habilitação no RN brigatoriedade do curso de formação, comprovar presença nas aulas pela impressão digital e prova teórica online são algumas medidas que o Detran adotou na última década para garantir a formação de um bom condutor. Mas nem todo o aparato tecnológico - para suprir também a deficiência de recursos humanos – parece conseguir acabar com a “máfia da habilitação”. O esquema de burlar as aulas teóricas e práticas é comum no país e no Rio Grande do Norte não é diferente. Ana (nome fictício para preservar a identidade da entrevistada) é uma prova disso. Após uma semana de aulas teóricas na autoescola, optou por gastar o tempo restante de sala em casa. “A turma era desnivelada, achei mais produtivo estudar em casa, que não teria tempo porque trabalho. Só tirava as dúvidas com o instrutor”. Isso foi possível porque ela mora perto da escola. Aprovada na primeira tentativa do exame teórico, ela se prepara para a segunda etapa – a direção - mas diz que os R$400 investidos no curso deveriam ser gastos em mais aula práticas. “Elas é que vão formar o bom condutor”, opina. Um instrutor de autoescola no Estado falou à reportagem da TRIBUNA DO NORTE sobre como funcionam as fraudes para a obter a Carteira Nacional de Habilitação. Ronaldo* (nome fictício) explica que as irregularidades ocorrem pela falta de fiscalização efetiva por parte do Departamento Nacional de Trânsito. Há 30 anos o órgão não realiza concurso público para repor e ampliar o quadro de servidores. Assim, os alunos ficam livres para subornar as autoescolas, e quem não aceita essa prática pode acabar de portas fechadas. “Ficamos em situação difícil, se tentamos explicar a importância das au-

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las, o aluno pede o dinheiro de volta e faz em outra escola. Estamos sem autonomia de informar à empresa que gerencia o sistema digital para cancelar aula do aluno que não permanecer em sala”, diz. Mas existe o outro lado: Ronaldo diz ser alvejado por alunos que pedem sua ajuda para facilitar desde a prova teórica. Não bastasse abrir mão da teoria, a situação fica ainda mais séria nas aulas e exames práticos para obter a primeira CNH. O esquema de propina parte muitas vezes da própria autoescola, explica Ronaldo, que é instrutor há mais de 10 anos. Além de não frequentar as aulas práticas na rua, os alunos “molham a mão” de examinadores para passar no exame de direção.O esquema acaba por beneficiar as autoescolas, que podem matricular mais alunos do que o espaço físico e horários de aula que comportam. Às vezes, antes do candidato mencionar a “ajuda extra”, os instrutores sugerem subornar o examinador no Detran, com valores que variam de R$100 a R$150, em média. Ana calcula que 40% dos alunos de sua turma teórica não viu as aulas, mas para Ronaldo o índice é maior, chegando a 50%. “Tenho um bom público na sala, mas um bom fora dela também”. Ele explica que a prática é mais comum em pessoas que chegam à autoescola com conhecimento de direção, e geralmente são universitários. Trabalho e aulas na faculdade são desculpas frequentes para evitar as 45 horas de aulas teóricas exigidas pelo Detran. Os índices de acidentes em trânsito mostram, na opinião do instrutor, que as aulas fazem a diferença. “A estatística de acidentes aumentou e devia ter baixado, porque o Código de Trânsito Brasileiro tem 12 anos e desde então as aulas teóricas são obrigatórias aos candidatos à habilitação”, diz.

CARTEIRA DE HABILITAÇÃO NO RN Saiba quanto custa tirar uma carteira de motorista

Investimento: Processo no Detran Inclui exames e testes) R$186,00 uma categoria R$210,00 duas categorias

Autoescola: R$400,00 a R$600,00,em média Inclui aulas 45h de aulas teóricas e (Legislação,direção defensiva, primeiros socorros,mecânica básica,meio ambiente e convívio social);e 20h de aulas práticas.

ESTATÍSTICAS

cola especial que imitava a digital do aluno.

O Detran/RN emitiu 133 mil Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) desde janeiro 2007,quando foi implantado o novo sistema de biometria para as habilitações A e B.O número inclui primeira habilitação e renovação de CNH.

O Detran/RN conta cinco servidores.O órgão não realiza um concurso público há 30 anos, mas direção promete uma seleção ainda em 2010.

De janeiro a 20 de maio de 2010,a média de reprovação de candidatos ao teste teórico foi de 14%,e de 6% nos exames práticos. O RN tem 99 autoescolas.Destas, 43 estão na capital,10 em Mossoró e 46 nas demais regiões potiguares. Desde 2007 o Detran/RN fechou 14 autoescolas por irregularidades diversas e duas estão sendo investigadas.Ainda em 2007, uma escola foi fechada pela Justiça por envolvimento em fraude nacional com uso de

Detran abre processo contra duas autoescolas De 2007 até hoje, o Detran/RN fechou 14 autoescolas por irregularidades diversas. Em outro caso isolado uma escola foi fechada pela Justiça por estar envolvida em uma fraude nacional com uso de cola especial que imitava a digital do aluno, dispensando sua ida à autoescola para o registro biométrico. Hoje, duas escolas são investigadas, e o processo está em andamento, permitindo a defesa delas na Justiça. A procura pela autorização para abrir novas autoescolas é tão grande, segundo Luis Antonio, que em 2009 o Detran/RN suspendeu a emissão de licenças de ju-

nho a dezembro de 2009. O Estado tem 99 autoescolas habilitadas para ministrar o curso preparatório para os exames do Detran. Destas, oito foram abertas já em 2010. “Analisamos aplicar novamente a medida de suspender novas licençar temporariamente”, diz Luís. Ele admite que o Detran/RN está no limite de sua capacidade de fiscalizar, mas lembra que o órgão busca novas medidas para evitar as fraudes e não é o único responsável pelos motoristas que estão nas ruas. “A sociedade como um todo tem participação nisso. Do pai que ensina o filho a dirigir às autoescolas e alunos coniven-

tes com as irregularidades”. O subcoordenador do setor de Controladoria do Detran/RN, Antônio de Pádua, diz que a penalidade depende da infração. Se o problema for restrito a um instrutor, por exemplo, a licença para dar aulas pode ser suspensa. Se o problema for na estrutura da auto escola, ela pode ser obrigada a fechar até que se adeque. “A escola tem o direito à defesa, não fazemos nada arbitrário”, lembra. A comissão de fiscalização é bastante reduzida. O quadro passou recentemente de três para cinco servidores,para atender a demanda de todo o Estado. Vale lem-

brar que os fiscais não verificam apenas a presença do aluno na sala, mas também se ela oferece o ambiente adequado para as aulas. É verificado o padrão exigido da metragem por número alunos, banheiro na sala e etc. “Para fiscalizar a aula prática fica ainda mais difícil porque os veículos estão nas ruas”, diz. Por isso, as infrações mais comuns chegam via denúncia pelo serviço de Ouvidoria. “Quando ligam, vamos em cima, montamos algo mais específico. Mas no dia a dia, as visitas são de surpresa, revezando os locais”, explica.


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Natal | Rio Grande do Norte | Domingo | 23 de maio de 2010 FOTOS:KAMILO MARINHO

As aulas dos motocicletas são em terrenos baldios e alugados

As autoescolas vão se programar para oferecer aulas à noite

Luis Antônio: tentativa de fraude na prova já exonera servidor

[ AUTOESCOLAS ] Coordenador de Habilitação

do Detran diz que índice de provação é razoável

Pelo menos 14% dos alunos foram reprovados N a cadeia de circunstâncias que contribuem para formar o mau aluno, Ronaldo aponta ainda o nível de dificuldade das provas teóricas. “A minha foi muito fácil, me chateei de ter me empenhado tanto. Mal caiu uma questão de mecânica, que tinha mais dificuldade”, diz Ana. Para o instrutor, isso torna inviável a exigência das autoescolas junto ao aluno. “Chegou ao ponto de ex-alunos que não fizeram aula virem me dizer que passaram”, critica. Para ele, se o Detran avaliasse corretamente, o índice de reprovação aumentaria e o aluno teria mais interesse em assistir ao conteúdo. De janeiro a maio deste ano, 14% dos testes teóricos resultaram em reprovação, e 6% na prova prática, no mesmo período. Frente a esses números, Luís Antônio Lopes, coordenador de Habilitação rebate que o índice seja baixo. “São estatísticas razoáveis. Tentativas de fraude na prova já acarretaram em exoneração de servidor antigo e expulsão de estagiário”. A própria marcação da data dos exames é complicada. Segundo Ronaldo, os alunos reclamam que ninguém atende o telefone ou a linha está sempre ocupada. “Isso força o candidato a ir ao Detran, até mais de uma vez se não conseguir vaga no dia”, diz. Para ele, o Detran é um órgão político. “30% do quadro é efetivo e o restante é só estagiário. Assim, o usuário perde, não é bem atendido pelo o estagiário despreparado, que erra em vários aspectos, como no registro emissão de carteira”, diz Ronaldo.

NÚMERO

14%

é o percentual dos testes teóricos que resultaram em reprovação

A minha foi muito fácil, me chateei de ter me empenhado tanto. Mal caiu uma questão de mecânica ANA aluna de autoescola

A universitária Jenifer Barreto, 21, realiza as primeiras aulas práticas e diariamente enfrenta um problema para aceitação da sua digital no leitor biométrico. A primeira leitura que arquiva sua digital foi mal feita no Detran, e ela é obrigada a ser fotografada para comprovar que assistiu às aulas. O proprietário da auto escola em que Jenifer estuda, Pedro Batista, comenta que o fato é comum. Segundo ele,o cadastro é feito geralmente por estagiários, que não fazem a leitura de mais de um dedo, e quando chega à auto escola, o leitor não reconhece a digital do aluno. “No caso de Jenifer, ele registrou apenas um dedo polegar, e poderia ter colocado também o outro polegar e os dois indicadores, para garantir”.

Aulas práticas à noite dividem opiniões de escolas e alunos A nova resolução nº 347, que determina um mínimo de quatro horas práticas no período noturno, é polêmica. A medida foi tomada após se verificar estatisticamente que houve muito acidente à noite com pessoas de primeira habilitação. Mas se para assistir aulas não faltam desculpas, pior se o horário delas é restrito. Um questionamento que se tem feito é: como o Detran vai cobrar esse conhecimento, se os exames práticos são diurnos? Para o instrutor da autoescola Drive, Pedro Batista da Silva, a lei tem dois lados. “É ruim para alunos que só podem ter aula durante o dia, em que a visibilidade é melhor. Mas depois de aprender a dirigir, naturalmente se sabe fazer isso a qualquer hora”. Com exce-

ção dos alunos em idade mais avançada que possam ter problemas de visão, ele diz que não há dificuldades de se dirigir. Outra questão complicada é o caso das motocicletas, que fazem aulas em terrenos baldios sem nenhuma iluminação. Os terreno são alugados pelas autoescolas. Um deles fica próximo ao Instituto Juvino Barreto. Os cones são feitos de garrafa pet cheias com areia. “A pista de moto é iluminada praticamente só com o farol da moto, Tem também a questão de assalto, é perigos”, diz Pedro Batista. Por outro lado, ele comenta a importância das aulas à noite. “O aluno precisa ter noção do que é o farol do carro, testar se a sua visão se é boa, porque às vezes faz o exame de vista e fica a desejar”.


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COPA 2014

Sérgio Leocádio diz que o projeto de segurança da Copa está pronto. PÁGINAS 12 E 13

TEMPO HOJE

TÁBUA DE MARÉS

FEIRAS LIVRES

Nublado com pancadas de chuvas Máx.: 30ºC Mín.: 26ºC

Preamar 00h45 -0.6- 07h08 -2.1 Baixa-mar 13h08 -2.1- 19h38 -2.0

Panorama: hoje 332 bancas/196 feirantes Planalto 186 bancas/97 feirantes

BALNEABILIDADE Impróprias Mãe Luíza Pium Pirangi do Norte Redinha

FASES DA LUA Cheia: hoje Minguante: 15/07 Nascer do sol: 5h21 Pôr do sol: 17h19

Editor: Edilson Braga e-mail: braga@tribunadonorte.com.br

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE Domingo • 23 de maio de 2010

O delegado Caetano Baumman de Azevedo, segundo denúncias de famílias vítimas de criminosos, não tem tratado as pessoas com urbanidade. É o caso de Sonali Ferreira de Lima, que se diz vítima das grosserias

[ MOSSORÓ ]

Polícia trata cidadãos com desdém N “ ão bastasse a dor provocada pelos criminosos e o descaso das autoridades responsáveis por punir essas pessoas, as famílias das vítimas ainda lidam com a ironia dos policiais e um mau atendimento por parte deles. “Olha, você pode estrebuchar, pode fazer o que quiser, mas se tiver que ser feito alguma coisa, será feito aqui, então, você pode ir pra onde você quiser que não vai mudar nada. Tem que ter paciência e esperar”. As palavras são do delegado Caetano Baumman de Azevedo, segundo Sonali Ferreira de Lima, em uma das poucas audiências que ela diz ter conseguido com o delegado sobre o inquérito que apura a morte do seu pai. “Outra vez, procurei um policial de lá (1ª DP) e ele disse que não tinha o que fazer e nem o que dizer pra mim. Na verdade, lá, eles falam muito pra tentar enrolar a gente e fazem muito pouco”, desabafa Sonali. O limite do descaso e do desdém é quando a própria polícia orienta as famílias a se conformarem com a impunidade. “Da última vez que falei com o delegado (Caetano Baumman), ele disse que eu tinha que me conformar, que a morte do meu pai era só mais um caso que ia virar estatística e que eu tinha de me conformar”, afirma Sonali de Lima. A mesma queixa é feita por Alcedejane Ribeiro da Silva, sobrinha de Augusto. “Eles ficam enganando a gente. A gente procura o delegado, ele diz que a culpa é do chefe de investigação. A gente procura o chefe de investigação, ele diz que a culpa é do escrivão, que, por sua vez, culpa ou o delegado o ou investigador e assim vai...”, reclama. “Tem hora que, sinceramente,

O delegado (Caetano Baumman) disse que a gente fosse atrás desses endereços e trouxesse tudo direitinho pra ele. Como é que pode uma coisa dessas? ALCEDEJANE RIBEIRO sobrinha de Augusto

da vontade de perder a cabeça e fazer uma besteira. A gente chega a esse extremo porque é difícil demais lidar com essa falta de compromisso de todos eles”, completa Alcedejane. Ela revela que os policiais chegaram ao extremo de pedir que ela e sua avó – mãe de Augusto – investigassem por conta própria o endereço de testemunhas chaves do caso. “O delegado (Caetano Baumman) disse que a gente fosse atrás desses endereços e trouxesse tudo direitinho pra ele. Como é que pode uma coisa dessas? Chega a ser o cúmulo do absurdo! Imagina eu e minha avó, que é uma idosa, se arriscando dessa maneira?”, diz. A vereadora Maria das Malhas é mais contida nas críticas e diz que não chegou a sofrer como Sonali e Alcedejane, mas reconhece que faltou empenho dos policiais em elucidar a morte do seu filho, ocorrida há mais de dois anos. “Eles dizem que não podem fazer nada, mas eu acredito que faltou mais empenho deles. Os processos ficam engavetados. Tem hora que penso que vou enlouquecer de tanta dor”, diz.

ESQUECIDOS PELA LEI Mais de 100 assassinatos sem investigação na 1ª DP

A vítima:

O crime:

Augusto Vicente Lopes tinha 41 anos, era proprietário de uma academia de musculação e tinha uma filha.

Em 19 de janeiro de 2009,Jair foi abordado por dois bandidos em uma motocicleta no bairro Teimosos.A vítima saía de casa,acompanhada de sua esposa, quando foi morta com vários tiros.

O crime: Em 19 de setembro de 2009, Augusto bebia com amigos em um bar, no bairro Alto de São Manoel, quando foi surpreendido por um homem encapuzado e armado. O criminoso portava uma pistola e efetuou mais de dez tiros contra o empresário.

A vítima: Jair de Lima Ferreira tinha 54 anos,era casado e havia se aposentado pela antiga Telern,hoje Telemar.

A vítima: Francisco Fernandes Neto,o “Netinho”, tinha apenas 26 anos.Era solteiro e trabalhava como operário.

O crime: Em 3 de janeiro de 2008,Netinho estava caminhando próximo à sua residência, no bairro Planalto 13 de Maio,quando foi abordado por dois homens em uma motocicleta.Os bandidos já chegaram atirando e ele morreu no local.


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Domingo | 23 de maio de 2010

A falta de condições de trabalho, aliado ao descaso de alguns policiais que já passaram por lá ou que trabalham atualmente, fez com que a 1ª DP ficasse conhecida na região Oeste como a pior de todas

[ MOSSORÓ ]

DP é rejeitada por falta de estrutura FRED VERAS

situação da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Mossoró vem se agravando durante os últimos anos. A falta das mínimas condições de trabalho, aliado ao descaso de alguns policiais que já passaram por lá ou que trabalham atualmente, fez com que a 1ª DP ficasse conhecida na região Oeste do Rio Grande do Norte como a pior de todas, fazendo com que os delegados não aceitem trabalha naquela unidade. De acordo com um delegado que pediu para não ser identificado, no meio policial existe um certo medo em assumir a 1ª DP e todos os problemas que vêm se acumulando naquela unidade durante os últimos anos. A missão de levar nas costas uma DP sucateada, abarrotada de inquéritos, foi aceita pelo delegado Caetano Baumman de Azevedo, que além da 1ªDP, responde pela 2ªDelegacia Regional de Mossoró e outras cidades dessa região. Na semana passada, a Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol) promoveu um rodízio de delegados na região devido à aposentadoria do delegado José Milton Rodrigues, que respondia pela Delegacia do Adolescente (DEA). De acordo com o delegado consultado pela reportagem, o medo maior dos delegados que iriam participar do rodízio era que a Degepol os designasse para a 1ª DP. “Hoje, todos os delegados sabem que ela é a pior e, por isso, ninguém quer ir pra lá com medo de se ‘queimar’, porque sua imagem vai ser atrelada à ela”, diz. Nos últimos anos, passaram pela 1ª DP o delegado Roberto Moura, que hoje está à frente da Delegacia de Areia Branca, José Milton Rodrigues, que se aposentou, Antônio Pinto, responsável pela Delegacia de Macau, e, por último, Luiz Antônio, que agora assumiu a Delegacia Especializada em Defraudações e Falsificações (DEDF) de Mossoró. Todos, sem exceção, reclamavam da falta de estrutura e das péssimas condições de trabalho que eram submetidos, juntamente com suas equipes.

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FAMÍLIAS LUTAM CORREGEDORIA: ÚLTIMO DEGRAU

A situação da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Mossoró vem se agravando nos últimos anos.Falta estrutura para os policiais trabalharem

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é o número de delegados de polícia que já passaram pelo comando da 1ª DP de Mossoró nos últimos anos

Hoje, todos os delegados sabem que ela é a pior e, por isso, ninguém quer ir pra lá com medo de se ‘queimar’ DELEGADO nome preservado

Família investiga no lugar da polícia Qualquer pessoa, com o mínimo de conhecimento no campo da segurança pública, sabe que um inquérito policial deve ser esgotado em todas as suas possibilidades. Ferramentas eficientes de trabalho são extremamente importantes, mas, nesse caso, basta ter força de vontade para fazê-lo. São providências simples que, muitas vezes, estão sendo feitas pelas famílias das vítimas, ao invés dos policiais, a quem cabe desenvolver uma investigação. Em muitos casos, é bem verdade que a polícia esbarra em sua falta de estrutura, como equipamentos modernos de investigação, dentre outros. Mas, no caso específico do assassinato de Jair de Lima Ferreira, morto em 19 de janeiro de 2009

e Augusto Vicente Lopes Neto, 19 de setembro de 2009, falta mesmo é vontade. Os dois casos foram praticamente elucidados pelas famílias das vítimas, mas continuam sendo tratados como “estatística”, como definiu o delegado Caetano Baumman. No caso de Jair de Lima, por exemplo, o principal suspeito foi preso em março do ano passado juntamente com quatro pessoas, todos acusados de uma série de crimes como homicídios, assaltos e outros. A arma que foi apreendida em poder de Almiro Gomes Maia Filho, 42, o “Novinho”, que é soldado reformado da Polícia Militar, foi submetida ao exame de balística – após muita insistência da família da vítima

– e o resultado veio para coroar todo o esforço da família: deu positivo. Foi a mesma arma usada para matar Jair de Lima. O laudo foi divulgado pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) de Mossoró há cerca de seis meses, mas o policial não foi indiciado. Com o resultado desse exame, o caso fica praticamente concluído, restando apenas algumas diligências. Já a morte do tio de Alcedejane, também segue nessa mesma linha. A família e os amigos investigaram por conta própria e entregaram todos os elementos para que o caso fosse elucidado mas o resultado foi o mesmo do outro. O principal suspeito de ter matado Augusto foi assassinado.

Em Mossoró,as famílias de Francisco Fernandes Neto,o “Netinho”, Jair de Lima Ferreira,e Augusto Vicente Lopes Neto,todos eles tratados pela polícia como “estatística”, já procuraram todos os meios em busca da justiça.Mas,até agora esses mecanismos não vêm surtindo efeito.Audiências com delegados,promotores de justiça e até mesmo a tentativa de falar com juízes criminais,não deram certo e,o último passo,é buscar a Corregedoria. A Corregedoria da Polícia Civil é o órgão responsável pela fiscalização da instituição em todo o Rio Grande do Norte.E esse foi o caminho tomado por Sonali Ferreira de Lima, filha de Jair de Lima.Ela foi até Natal e prestou queixa na Corregedoria contra a 1ª Delegacia de Polícia Civil.Em contato com a reportagem, ela disse que a equipe da Corregedoria mostrou-se espantada com as denúncias que ela fez e que foi solicitado um prazo de 30 dias,que está prestes a se vencer.“Essas pessoas não podem ficar impunes.Eles matam e a polícia não faz nada.O que nós queremos é justiça,só isso!”, desabafa Sonali.“Esse era o meu último degrau para encontrar uma solução para o massacre que está sendo feito com minha família e com todas as outras que perderam alguém e que dependem daquela delegacia”. Ao ser questionada sobre suas esperanças de um dia ver os responsáveis pela morte do seu pai serem punidos,ela é taxativa:“a esperança é a última que morre.Eu vou lutar por isso até o fim da vida”.


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Domingo | 23 de maio de 2010

3porquatro

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POR ANNA RUTH DANTAS

MARINA ELALI

“EU TIVE A SORTE DE CONSEGUIR QUE JAYME MONJARDIM,(DIRETOR DA REDE GLOBO) OUVISSE UMA MÚSICA MINHA,QUE FOI “VOCÊ”. É ASSIM QUE MARINA ELALI RESPONDE A QUEM INSINUA QUE SUA CARREIRA É FRUTO DE LOBBY DA GRAVADORA SOM LIVRE. MARINA LANÇA NOVO DVD EM NATAL NO PRÓXIMO SÁBADO.

“Tive sorte e estava preparada” DIVULGAÇÃO

cho que Jayme é uma das pessoas importantes porque Viver a Vida novamente foi Jayme. Páginas da Vida também foi Jayme. Ele já virou meu padrinho. Na verdade, não teve nada com a gravadora, foi mesmo um trabalho de sair mostrando a música. No momento em que você abre a porta fica mais fácil. Assim, como aconteceu a primeira música ficou mais fácil, eu conheci as pessoas lá dentro e aí deu certo. A Globo quando gosta, você sabe! A Globo Graças a Deus me ajuda. A gente sabe a importância de uma música ser trilha sonora de uma novela.

Doze anos de carreira como você avalia a menina que começou aos 15 anos e hoje a cantora Marina Elali? É com muita alegria que eu cheguei até a aqui. A gente sabe que carreira de artista não é fácil. Uma menina sair de Natal, com a cara e coragem, fui estudar para poder melhorar, para aprender música porque é isso que eu gosto, que eu amo. Acho que tem essa coisa do meu avô (José Dantas), o fato de ser neta de um grande compositor, está na veia, acho que nasci já para isso. Fui estudar, voltei. É uma batalha muito grande e já me considero muito grata depois desse dueto com John Secada, fazer uma turnê com ele. Esse DVD (de John Secada) está sendo lançado nos Estados Unidos. Muita coisa boa aconteceu, estou muito feliz mesmo com tudo que aconteceu e espero que continue acontecendo. VocêteveumapassagempelosEstados Unidos,onde estudou.Até que ponto foi fundamental essa suaestadanosEstadosUnidospara o trabalho que você realiza hoje? Foi extremamente importante porque eu não tinha técnica nenhuma, nunca tinha estudado. Eu só cantava mesmo por gostar de música. Assim acho que cresci muito como musicista, aprendi a ler música, aprendi a fazer arranjo, coisas que eu não tinha nem noção. Aprendi a tocar piano, comecei a compor minhas próprias músicas. Cresci como musicista. Acho que a palavra mais correta no caso seria essa: cresci como musicista. E tem também a experiência de morar só, de estar ali independente, em outro país. Eu não sabia falar Inglês, aprendi quando cheguei lá. Foi mais uma batalha foi chegar e não saber falar a língua. Por exemplo, o fato de hoje eu falar Inglês, cantar em Inglês, graças a isso hoje estou cantando com John Secada. As portas foram se abrindo. Foi muito importante o fato de eu ter convivido com gente do mundo inteiro. Abre muito sua cabeça, melhora sua visão, você escuta o mundo inteiro. Tem influências todas. Foi extremamente importante, foi uma experiência muito boa na minha vida. Graças a Deus. Na sua carreira você teve uma passagem pelo programa Fama, da Rede Globo.Na verdade,poucas pessoas que passaram pelo programa tiveram continuidade na carreira,você foi uma delas.A que você credita isso? Veja, são tantas pessoas. Eu tenho que agradecer a Deus porque tem coisas que a gente não sabe onde encontrar explicações. Agradecer as pessoas da Rede Globo que abriram as portas para mim. Foram várias novelas, vários autores, eu fui conhecendo e foram me dando oportunidade. Essa música com John Secada já foi a quinta música de novela. Eu estou com duas músicas em filme que está em cartaz no cinema. É uma lista tão grande. Os amigos, os fãs, o pessoal de Natal, a imprensa de Natal, tudo isso vai somando. Acredito e não acredito nessa história de sorte. Não adianta você ter sorte e não estar preparada. Pelo fato de eu já estar há muito tempo na batalha, as oportunidades foram surgindo. Eu estava ali na hora certa e eu tinha condição de fazer. Talvez se tivesse surgido a oportunidade antes da faculdade ou antes do Fama, ou antes de alguma coisa eu não tivesse

cantora potiguar Marina Elali vive um dos grandes momentos da sua carreira. Da menina potiguar que escutava músicas do cantor conhecido mundialmente John Secada, hoje ela é a cantora Marina Elali que de fã se transformou em parceria musical do astro da música internacional, com o qual já fez até uma turnê no Brasil. Mas esse é apenas mais um capítulo na história profissional e de vida de Marina Elali. Sorte? Ela admite: não faltou. Mas também pondera, que no momento da oportunidade estava preparada. Uma preparação artística que passou por uma temporada de estudo em Boston, nos Estados Unidos, e por uma participação no programa Fama, da Rede Globo. Aliás, dezenas foram os cantores que passaram por esse programa, pouquíssimos foram os que conseguiram dar continuidade na carreira artística, como foi o caso de Marina Elali. A artista potiguar já teve cinco músicas transformadas em trilha de novela da Rede Globo. Seria esse um fator determinante para carreira? “Uma porta abriu e todas as outras. É importante uma música em novela, mas também há pessoas que conseguem espaço sem ter música em novela. Por algum acaso, por uma razão do destino, essa foi minha história, aconteceu de Jayme Monjardim abrir essa porta para mim e depois outras pessoas terem me ajudado. Essa foi minha história”, afirma Marina Elali, que no próximo sábado fará show em Natal, onde apresentará o novo DVD. Aos que levantam a tese de lobby da gravadora Som Livre junto a mídia, a artista descarta e com simplicidade conta como foi que cruzou no caminho e no trabalho de diretores de novela, que terminariam conduzindo a sua música. “Eu tive a sorte de conseguir que Jayme (Jayme Monjardim, diretor da Rede Globo) ouvisse uma música minha que foi “Você”, foi minha primeira música. E aí Jayme se encantou. Na verdade eu mandei o CD por uma pessoa que conhecia o Jayme e não acreditou que ele iria ouvir. Ele ouviu, ele não me conhecia, e gostou”, lembra. A convidada de hoje do 3 por 4 é a neta que se orgulha dos laços com o avô José Dantas, a potiguar que demonstra carinho ao falar da sua terra, uma cantora encantada com o momento da carreira, uma pessoa atenciosa e que fala com tranquilidade. Com vocês, Marina Elali:

A

Acho que é uma soma de Deus mesmo, tenho muita fé, acho que Deus guia muito os meus passos. Tem claro o lado da família”

tão preparada. Acho que é uma soma de Deus mesmo, tenho muita fé, acho que Deus guia muito os meus passos. Tem claro o lado da família apoiar. Tem os meus fãs que começaram aí de Natal. Então tudo abriu as portas. Foi uma soma muito grande de muitas coisas. Você já teve várias músicas grava-

das que se transformaram em trilha sonora de novela e algumas foram para o cinema. Isso foi lobby da sua gravadora (a Som Livre)? Na verdade a minha distribuidora é a Som Livre, mas a história toda com a Globo começou com Jayme Monjardim. Eu tive a sorte de conseguir que Jayme ouvisse uma música minha que foi “Você”, foi minha primeira música. E aí Jayme se encantou. Na verdade eu mandei o CD por uma pessoa que conhecia o Jayme e não acreditou que ele iria ouvir. Ele ouviu, ele não me conhecia, a Débora Secco que foi a atriz que minha música foi tema dela também não me conhecia. Eles ouviram a minha música no Texas, gravando as cenas da novela. E Jayme adorou a música, entrou em contato comigo. Eu conheci Jayme, ele me colocou na novela e eu cantei

Os fãs que conhecem minha carreira dizem que queriam ver onde eu morei. E foi aí que fiz esse vídeo em Boston.

na festa de abertura e aí conheci depois Marizinho (Marizinho Rocha, diretor música da Rede Globo). Depois teve uma música que cantei do próprio Marizinho Rocha que é diretor musical da Rede Globo há muitos anos. Ele (Marizinho Rocha) ligou para mim e disse que gostaria que eu gravasse a música. Cada novela foi uma história. A-

Detalhes Em que acredita: em Deus Sonho concretizado: são tantos, muitos Lição de vida de Marina Elali: todo dia a gente aprende um pouco.Foram muitas lições,a vida ensina a gente a cada momento.O importante é estar atento no aqui e agora para aproveitar e aprender as lições.A toda hora você aprende com as pessoas e os acontecimentos

Até que ponto você ter feito esse trabalho para Globo,com várias novelas,foi fundamental para estruturarsuacarreira,paralhefazer uma cantora conhecida? Mais uma vez eu falo sobre a soma. Porque começou no Fama eu fiquei três meses com a cara na Rede Globo e foi muito importante. Depois do Fama veio a primeira novela, que abriu as portas para mim não só da Globo. Eu fui em todos os programas de TV Record, Band, várias. Uma porta abriu e todas as outras. É importante uma música em novela, mas também há pessoas que conseguem espaço sem ter música em novela. Por algum acaso, por uma razão do destino, essa foi minha história, aconteceu de Jayme Monjardim abrir essa porta para mim e depois outras pessoas terem me ajudado, como Glória Perez, Jorginho Fernando, Wolf Maya, foram tantos que não vou nem citar. Essa foi minha história.

Perfil

Você lança o primeiro DVD agora. Depois de se lançar como cantora há mais de dez anos,o que representaestarcomoprimeiroDVDno mercado? É o primeiro DVD e foi gravado em Natal, no Machadão, no Rio de Janeiro e tem vários videoclipes que foram gravados em partes do Brasil e até fora do Brasil. Tem um vídeo em Florianópolis, em São Paulo, no Rio de Janeiro e tem um em Boston, onde morei. Eu queria mostrar um pouquinho de onde eu morei para os meus fãs. Os fãs que conhecem minha carreira dizem que queriam ver onde eu morei. E foi aí que fiz esse vídeo em Boston. O DVD é um resumo do que fiz até agora. São as principais músicas dos dois CDs que lancei. Tem algumas músicas inéditas e eu destacaria a música com o John Secada. Ele vem com um CD bônus, fiquei feliz que a Som Livre fez um projeto super bonito. Estou muito feliz.

A potiguar Marina Elali,28 anos,começou a carreira aos 15 anos.Neta do compositor José Dantas,desde cedo já demonstrava gosto para a música.Mas,comedida,só enveredou pelo mundo musical com estudo,inclusive com passagem por Boston,nos Estados Unidos.Marina Elali participou do programa Fama, da Rede Globo,mas foi com a música em trilha sonora de novela que a carreira deu novos saltos.O capítulo mais recente na história dessa cantora foi a parceria com John Secada,onde ela não apenas gravou um dueto com ele,mas chegou a escrever música e fez uma turnê por São Paulo,Rio de Janeiro e Fortaleza.

DesdeoiníciodessaentrevistavocêfalouváriasvezesdeJohnSecada.Como foi que você conseguiu essaparceriacomograndecantor da música internacional? Você está falando e eu fico arrepiada, emocionada. Eu ouvia John Secada quando morava em Natal na minha adolescência. Nunca passou pela minha cabeça que eu iria conhecê-lo, ficar amiga dele, virar parceira, escrever música com ele. Isso são as coisas que a vida traz para gente, as surpresas. Se eu não soubesse cantar Inglês talvez não tivesse dado certo. A história com John Secada foi o seguinte: eu recebi um telefonema da Som Livre dizendo que existia a possibilidade de John Secada gravar o primeiro DVD dele ao vivo no Brasil.

EMANUEL AMARAL


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[ COPA 2014 ] De acordo com Sérgio Leocádio, s

que vai garantir todo o aparato de segurança c

Secretário di segurança da stá pronto o plano, “Projeto Segurança e Cidadania de Natal 2014” da prefeitura do Natal. Com investimento estimado em R$ 1,7 bilhão e com perspectiva de capacitar nove mil pessoas, entre voluntários, guardas municipais e servidores, o secretário municipal de Segurança Pública e Defesa Social, Sérgio Leocádio, define metas e espera que após a Copa o plano tenha continuidade. Entre os principais objetivos: o desenvolvimento de políticas públicas de caráter preventivo no enfrentamento da violência e criminalidade; geração do aumento da qualidade de vida da população natalense; valorização da potencialidade turística da cidade aliada às necessidades de Segurança Pública para a Copa 2014 e

E

vídeo monitoramento de Natal. O plano foi criado com base no projeto do Pan Americano realizado no Rio de Janeiro (apenas a parte que deu certo). Há dez linhas programáticas no projeto. As principais são: capacitação de lideranças comunitárias para serem mediadoras de pequenos conflitos nos próprios bairros; jovens de 14 a 24 anos em situação de risco que cumprem medidas sócio-educativas ou penas alternativas para promover a convivência cidadã; monitoramento com software específico que processa imagem e informação – rede full time – em toda a Arena da Copa; corredores turísticos; hotelaria e traslado do aeroporto (ainda não se sabe se será o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante ou o Aeroporto Internacio-

Sérgio Leocádio, secretário da Sesed municipal, diz que o grande desafio

BATE-PAPO SÉRGIO LEOCÁDIO

» secretário municipal de Segurança Púb

De onde vêm os recursos para implementar o plano de segurança para a Copa do Mundo? A capacitação dos recursos vem do Fundo Nacional de Segurança Pública, do Programa Nacional de Segurança Pública e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC da Copa). Hoje qual tem sido a atuação principal? A preparação para a execução de capacitação de recursos. De acordo com a realidade das exigências da Fifa. O senhor pensa em parcerias? Claro que sim. Com o governo federal, com o governo do Estado, operadoras do sistema de segurança pública, com instituições públicas e privadas, além de organizações não governamentais. Haverá aumento no efetivo de

guardas municipais? Sim, hoje temos 540 profissionais. Até junho, mais 60 concursados serão nomeados. Nossa expectativa até a Copa é que o número de guardas triplique. Será criado um Núcleo de Atendimento e Mediação de Conflitos em hotéis e pousadas de grande porte? Isso mesmo. Os hotéis ou pousadas entram com a infraestrutura e o município com o efetivo treinado e capacitado para resolver ou encaminhar demandas da área de segurança. E a qualificação dos profissionais da Copa? O que o município pretende fazer? Qualificar é nosso lema. Serão ministrados, principalmente, cursos na área de atendimento ao público e de idiomas, inglês e espanhol.


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secretário municipal de Segurança Pública e Defesa Social, o projeto custará R$ 1,7 bilhão, com perspectiva de capacitar 9 mil pessoas

iz que o plano de a Copa está pronto nal Augusto Severo em Parnamirim); brigada de socorro onde serão capacitados mil jovens e adultos para atuarem nos primeiros socorros, incêndios e em ações de defesa civil. O secretário diz que trabalha com um plano de prevenção o qual já está sendo implantado na cidade, por meio do combate à rede de abuso sexual que, de acordo, com o secretário, possui bons parceiros. Leocádio revela que a secretaria já está com a minuta do caderno de atribuições do Grupo Técnico da Copa, o GT 2014 que consta de um programa que será implementado até junho onde as cidades sedes da Copa alimentam o sistema que é acompanhado pela Secretaria Nacional de Futebol (criada em 4 de novembro de 2009 para a organização da Copa do Mundo), pela Secretaria

Vamos transformar adolescentes em situação de risco em voluntários da Copa. É transformar o problema em aliado ANA CLÁUDIA diretora do plano da Copa

Nacional de Segurança Pública e pela comissão da Fifa. Ana Cláudia Bezerra Barros é diretora do plano “Projeto Segurança e Cidadania de Natal 2014”. O trabalho tem sido redobrado para que nos quatro próximos anos o projeto já esteja totalmente em prática. Animada, Ana parece estar satisfeita com o andamento do plano. “Vamos transformar adolescentes em situação de risco em voluntários da Copa. É transformar o problema em aliado”. Sobre as parcerias para implementação de cursos, Ana explica que a ideia é colocar em prática o Sistema S – Senai, Senac e secretarias. “Queremos abrir parcerias”. Sérgio Leocádio fala das espectativas e da luta para colocar em prática o plano de segurança para 2014: FOTOS:DIVULGAÇÃO

o será dar continuidade ao plano pós Copa do Mundo.“Temos que ter a grandeza de pensar assim “

blica e Defesa Social E para os voluntariados? Quais cursos serão ministrados? Qualidade no atendimento ao turista e o de idiomas. Estudos ficam para a vida toda. E as armas? Serão utilizadas as não letais? Com certeza. É o uso progressivo da força com a utilização de armas não letais. Qual o grande desafio? Sem dúvida, dar continuidade ao plano, pós Copa do Mundo. Temos que ter a grandeza de pensar assim. Infelizmente é notável o tráfico de drogas no nosso Estado. Para Natal o que o senhor pretende fazer até 2014? Vamos criar o Núcleo de Proteção às Drogas e Acompanhamento a viciados. Serão quatro núcleos distribuídos nas quatro regiões da cidade. Zonas, Norte, Sul, Leste e Oeste.

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Eliana Lima elianalima@tribunadonorte.com.br

Verdade é que, nas três primeiras décadas do seculo XX, o Tirol possuía um aglomerado de chácaras de pessoas ricas e importantes. Por isso, os pobres que tinham se apossado de terrenos nesta área foram removidos para a periferia da capital”

De Itamar de Souza, sobre o bairro, no livro ‘Salesiano 70 anos’ JOAONETOFOTOS.COM

» PANELA...

JOAONETOFOTOS.COM

Canja e rédea curta não fazem mal a ninguém. Ao que parece, a rédea da prefeita Micarla está muito comprida. Bom. Mais uma bronca, daquelas mínimas que não deveriam chegar até a prefeita, para ela resolver.

» ...PRESSÃO

Seguinte: a tchurma que trabalhou para o evento Escritores da Língua Portuguesa ainda não recebeu. Até mesmo – acreditem! – o escritor convidado João Ubaldo Ribeiro. Que vergonha!!! Causador da demora: o secretário Francisco Luna (Planejamento), que substituiu Augusto Carlos Viveiros. Algo em torno de R$ 70 mil reais do processo empancado...

» ...DE...

Chameguinho de Eliane e Hebert Pereira

» DOMINGO...

JOAONETOFOTOS.COM

Cheios de carinho: Daniela Dantas e Taciano Galvão

» PISCA...

A campanha é estadual, mas a política de passarela recebe produção municipal. De olho no repasto eleitoral, o vereador Enildo Alves, ainda líder da gestão-borboleta na Câmara de Natal, sugeriu à mesa diretora da Casa que o horário das sessões fosse alterado para o turno da manhã.

» ...ALERTA

Que este ano deve começar mais cedo, antes do início da Copa. Indo, claro, até o fim da campanha eleitoral. Enildo justifica que é para evitar o esvaziamento das sessões plenárias na casa legislativa. Ah, mesmo sendo municipal, a sugestão é que as sessões sejam realizadas às terças e quintas-feiras pela manhã. Ou seja: nada mais de sessão nas quartas.

» ISTO É NATAL

Éééé...e o nosso pobre-rico dinheirinho pagando os salários e as mordomias para os nossos nobres edis não trabalhar...

» CANDIDATA...

A ex-governadora Wilma de Faria é agora multimídia. Para a sua campanha ao Senado, contratou o jornalista Geraldo Gurgel, conhecido da tela da TV Cabugi, que já botou no blog do PSB uma webtv, onde ela fala todos os dias em entrevistas curtas com o repórter que passou 21 anos no ar na afiliada da Globo no Estado.

O Projeto de Rádio desenvolvido por alunos e professores da Escola Municipal Celestino Pimentel foi notícia no Jornal da Band, esta semana, apresentado por Ricardo Boechat, Joelmir Betting e Ticiana Villas Boas. Produzida pela equipe de Natal, mostrou a rádio no ar, com apresentação de notícias pelos alunos, locução e reportagem. O projeto será demonstrado no IV Congresso de Educação da UnP, de 24 a 28 próximos. A rádio conta com a participação voluntária do radialista Francis Jr. e movimenta os horários de intervalo da escola, nos três turnos.

» BZZZZ...

JOAONETOFOTOS.COM

As lupas de Bareta voltaram-se para os amores no Plano Palumbo. De arrepiar!!!

» S.O.S...

Mais essa: grita de moradores de Lagoa Nova com o “descaso da Covisa”. O bairro está infestado de mosquitos transmissores da dengue, mas quando os agentes de saúde vão inspecionar não encontram foco. Maaasss...os mosquitos estão, inclusive, expulsando moradores de suas casas – diante da ‘convivência’ impossível. Quando moradores pedem carro fumacê, ouvem que a ordem da prefeita Micarla é usar apenas se surgir uma epidemia no bairro.

» GLÓRIA...

» SESSÃO

Amanhã tem reunião extraordinária da Comissão dos Direitos Humanos, Trabalho e Minorias, na Câmara Municipal de Natal. Para tratar da instalação do Fórum Municipal de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, proposto pela vereadora Júlia Arruda.

» TINTIM » ...CARINHO

Também de Jairo Galvão e Ana Karla

» ...PLUGADA...

Com estilo hot site, o blog psb40rn.blogspot.com, além da agenda diária de Wilma, traz notícias, álbum de fotos e disponibiliza documentos que mostram os feitos do seu governo. Ela tem usado ferramentas como o formspring.me/wilmadefaria, facebook...e twitter para interagir com o público em geral.

» TRINTRIM

Toda bela, a promotora Juliana Limeira observa as muitas ligações que chegam ao celular JOAONETOFOTOS.COM

» ...NA NET

A ex-governadora vem apostando todas as suas fichas na telinha da internet, a contar que não tem uma de suas constantes reclamações: veículo de comunicação como rádio, TV e jornal. No formspring, responde perguntas, até as mais, digamos, picantes. Pelo twitter, lançou no Estado o hábito de ligar para seguidores sorteados que lhe informam o telefone, para conversar e trocar ideias.

» PREGO BATIDO

Dos escaninhos do PR, chega a informação: o deputado-platinado João Maia levará os prefeitos Peixoto (Ceará-Mirim) e Jaime Calado (São Gonçalo do Amarante) para pedir votos para Kelps Lima se eleger deputado estadual.

» EMPREENDEDOR

Com a assinatura do bambambã do mercado imobiliário Caio Fernandes, em parceria com o top 10 Suzano Mota, entra em cena na próxima terça-feira, no Natal Shopping, o Fest Imóveis, com financiamento imediato da CEF. As construtoras Delphi, Coenge, Constel, Econgel, Escol, G5, Líder, Moura Dubeaux e Mendonça de Souza já confirmaram presença.

COLMEIA

» TODO...

» É amanhã o lançamento do

A capital dos magos-ludibriadores sempre tem uma historinha cabeluda do ‘society’ para contar. Das tantas, uma bela casou com um forasteiro da Corte, que conheceu no exterior. Pois, não é que o tal rapazinho aproveitava o sono profundo da mulher e corria pras baladas de Natal?!? Por duas vezes ela acordou no meio da madrugada e, ao notar a ausência do ‘maridón’, ligou para o celular dele, que dizia estar na praia fazendo cooper.

livro ‘Felizardo contra a bruxa da feira’, do jornalista Juliano Freire, às 18h,na Siciliano-Midway.

» O Natal Shopping oferece oportunidade de trabalho e estágio.Interessados enviar currículo profissional para o setor de Recursos Humanos do Shopping.

» ...SONO

Até que uma amiga dela o encontrou na balada, perguntou pela mulher e ele de pronto disse que estava no banheiro. Ela então pediu que os dois depois fossem à sua mesa... Ele, claro, não apareceu. Três semanas depois, a tal amiga encontrou com a mulher e perguntou por que não foi àquela noite à sua mesa... Tudo foi descoberto e foi aquele barraco. Resultado: estão separados e ele louco para voltar, mas a família não quer nem saber e agora o chama de ‘Boa Noite Cinderela’.

Terça-feira tem lançamento da 3ª edição da revista Sr Gourmet, idealizada pelo chef e consultor Leonardo Campos, com gastronomia, turismo e lazer. Será às 19h, com coquetel na Mariposa Creperia. Com projeto gráfico da Terceirize, traz na capa o empresário e chef italiano Brunaldo Bigi, responsável pelas massas tentadoras do Pasta e Pasta e Bigi Ristorante.

» Presidente do Conselho

» FLASH

Na Vila Folia, Mariana Câmara solta beijos exibindo suas unhas azuis fashion-fashion

Curador do Natal Convention & Visitors Bureau,Fernando Bezerril proferirá palestra para os alunos da disciplina Seminário I,do curso de Turismo da UFRN,dia 26,às 14h30,Setor 5. COLABORAÇÃO DE ANNA CLÁUDIA COSTA


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George Azevedo georgeazevedo@digizap.com.br

SÉRGIO CHAVES 4.5. UM SUCESSO!!! O colunista Sérgio Chaves foi bem feliz na sua festa verão “4.5” reunindo muitos queridos na noite do último sábado, 15, nos novíssimos salões do Kiko’s Buffet, de Maria José Frota. E animação não faltou ao som de Renata Falcão, Radiola Club e da pernambucana Rebeka Martins. Olha só quem circulou por lá em fotos de Fausto Maia, Rodrigo Loureiro e Luis Henrique para o Trafegando.com

Elder Heronildes e Zélia Macedo.Sempre animadíssimos!

Edgar Benevides e Guia prestigiando Sergito

Conceição Fernandes brindou idade nova ao lado da filha linda Rafaelle

Liege Barbalho e Rodrigo Loureiro registraram tudo!!!

Isolina Melo, quase Solange Almeida

Milton Marques e Zilene. Casal 10

Lahyrinho Rosado e Polyana Simas. O primeiro herdeiro vem chegando!!!

Jean Fernandes e Sânzia. Dá-lhe Carmen Steffens!!!

O aniversariante Sérgio Chaves recebendo os colunistas Rafaela Costa e Walterlin Lopes

Danísia Morais, toda no vestidinho Victor Dzenk

Fernanda Benjamim com as cunhadinhas Karenine e Carol Fernandes

Luzia Diógenes e Vaninha Vale

George Wilton e Élida Simone Fernandes deram o ar da graça

Gumercília Paiva abalando no look Squadro by Maison Tráfego

Jandira Escóssia tomou conta da pista de dança

Gustavo Rocha e Ana Paula Dias. Só Love!!!

Leonardo Nogueira e Fafá Rosado num papo com o lutador Gleyson Tibau

Ana Luíza Borges sempre elegante. Aqui, com look Neon

Jozeilma Nobre, Neuza Lins e Fátima Gondim. Todas de Maison Tráfego

Michelie Fontes barbarizando com saia paetezada Victor Dzenk


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[ DIÁRIO DE BORDO ]

Um mar muito agitado DIVULGAÇÃO

NELSON MATTOS FILHO velejador-avoante1@yahoo.com

atal é uma cidade praieira, com um litoral fantástico, varrida por ventos alísios e localizada na esquina do continente sul americano. Aqui o vento faz, literalmente, a curva. Sua localização, de tão privilegiada, já foi palco de grandes arsenais de guerra. E segundo grandes estrategistas militares e historiadores, por aqui passou a bomba que mudou a humanidade. Se passou eu não sei, mas essa história de bombas, guerras e bases estrangeiras, parece que até hoje mexe com o imaginário e atiça a desconfiança dos nossos governantes. Estamos a quatro anos de um grande evento esportivo e até agora ninguém tem a certeza se ele vai chegar por aqui. Tem gente que anda tão desnorteada com o ano de 2014 que parece que ele já vai ser na próxima segunda-feira. Falase na Copa do Mundo de 2014 num modo tão íntimo que estamos à beira da Copa de 2010 e parece que nossos futebolistas e torcedores nem se deram conta. A onda é demolir, demolir e demolir. Já tem até autoridade clamando o povo para uma tal marcha da demoli-

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ção. No mínimo vai todo mundo armado de martelos e picaretas, sem trocadilho, acompanhado por uma banda de forró e com um cantor incitando a multidão: Cadê o gritinho da Galera? Mas, como não sou tão fanático por futebol assim, a ponto de fechar os olhos para a beleza poética de um Estádio que já foi considerado um dos mais belos do Brasil. E que agora, para suprir algumas necessidades financeiras de grandes espertalhões, vai ser demo-

lido sem apelação, apenas para que Natal receba dois jogos de uma Copa do Mundo. Vou ficando do lado dos querem construir uma boa infra-estrutura social ao invés de demolir o que está pronto. Em outras oportunidades já falei sobre Natal ser um grande destino turístico náutico. Já não somos considerados um porto de chegada, estamos relegados a porto de passagem, aonde veleiros de outras partes do mundo e do Brasil, vem aqui apenas em último caso. Sim-

plesmente não temos a menor infraestrutura náutica. Perdemos espaço para a vizinha Paraíba e sua pequena praia do Jacaré, com várias marinas construídas e outras em vias de ficarem prontas. Pelo que eu entendo de Copa do Mundo, olhando pela visão náutica, o mar é uma grande via de acesso de torcedores e visitantes interessados no evento. Ter um bom local para fundeio e acolhida desse povo que usa o mar como estrada é o básico. E olhe que não são pou-

cos barcos. Estamos falando em centenas de veleiros e iates, sem falar nos navios de passageiros que terão o Brasil pela proa. A Paraíba de mulher macho sim senhor, já vislumbra o poder de uma Copa do Mundo no Estado vizinho é investe pesado no turismo náutico. Aqui, ficamos no oba-oba e numa briga feroz para derrubar tudo. Um simples píer flutuante para acolher umas poucas embarcações vira motivo de ira santa de descontentes e pitaqueiros de plantão.

No Rio Grande do Norte, rico em praias e com um litoral de mais de 400 quilômetros de extensão, aprovar um píer ou uma marina é uma das coisas mais complicadas do mundo. Uns não sabem por que estão proibindo e outros não sabem por que foram proibidos. O projeto da Marina de Natal, que se olhado por quem tem olhos no futuro traria mais benefício e melhorias para Natal do que um novo estádio de futebol, encalhou em meio à burocracia deslavada e sem nenhuma perspectiva de sair de lá. A marina abriria as portas de Natal para os grandes eventos náuticos que hoje movimentam bilhões de dólares ao redor do mundo. Sem falar que toda a estrutura seria montada com dinheiro de investidores privados, o que não é o caso do Estádio da Copa que vai torrar o Real que poderia ser destinados a saúde, segurança, educação e transparências das Leis. Na esteira da Marina de Natal viriam outras marinas, mais empregos e uma nova cara para o turismo do Rio Grande do Norte, como acontece com os nossos vizinhos paraibanos. Que venha a Copa de 2014, mas em primeiro lugar o desenvolvimento de nosso Estado.


NATAL • RIO GRANDE DO NORTE • DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

METRÓPOLE DIGITAL « PÁGINA 11

NEUROCIÊNCIAS « PÁGINA 9

UFRN MONTA POLO DE INOVAÇÃO EM TECNOLOGIA

PESQUISA

COMO A CRIAÇÃO DO INSTITUTO PODE FOMENTAR O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TRAZER BENEFÍCIOS PARA O RIO GRANDE DO NORTE E TODA A REGIÃO NORDESTE

educação

MOTORES DO DESENVOLVIMENTO DO RN

ENSINO SUPERIOR E DESENVOLVIMENTO CAMINHAM JUNTOS Como a ampliação do acesso à universidade e ao ensino profissionalizante podem contribuir para a melhoria das condições de vida da população

A PRIORIDADE DEVERIA SER REVOLUCIONAR A EDUCAÇÃO. PARA ISSO, PRECISARÍAMOS INVESTIR MENOS DE 1% DO PIB Senador Cristóvam Buarque (PDT/DF) foi um dos palestrantes do seminário e falou sobre Educação como forma de inclusão social e instrumento de desenvolvimento econômico. PÁGINA 4


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Motores do RN EDUCAÇÃO

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO

REITORES DEBATEM INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO SUPERIOR

A tônica das palestras realizadas na primeira edição do ano do projeto Motores do Desenvolvimento do RN foi perceber a educação como uma das principais ferramentas para o crescimento do Estado - tanto na esfera econômica quanto social

Uma pergunta da educadora Eleika Bezerra sobre a opção do Governo do Estado em investir no Ensino Superior, enquanto o Ensino Fundamental e Médio enfrentam dificuldades, abriu o debate do 2° Bloco Temático do Seminário “Os Motores do Desenvolvimento do RN – Educação”. Em resposta, o reitor Milton Marques, da Universidade Estadual (Uern), lembrou que a criação das universidades estaduais, há algumas décadas, se tornou uma “quase necessidade”, diante da demanda por cursos superiores e devido à falta de um número suficiente de vagas nas instituições federais. “Faço um comparativo com a adoção de crianças. Ninguém é obrigado a adotar, mas no momento em que se adota é obrigado a manter aquela criança e mantê-la com qualidade. Foi quase uma necessidade criar universidades estaduais e, uma vez criadas, tínhamos de exigir qualidade para funcionar”, apontou Milton Marques. Ele chegou a afirmar que “tudo bem” se os recursos forem remanejados para outro nível de ensino, porém deixou claro que enquanto a Uern existir serão cobradas do governo estadual as condições para que a instituição mantenha um alto padrão em ensino, pesquisa e extensão. Mediador do debate, o secretário Estadual de Educação, Otávio Augusto Tavares, afirmou que a análise da “justeza ou não” dos investimentos estaduais em Educação Superior está condicionada à avaliação de diversos critérios, como a demanda do próprio estado, e também do ponto de vista de quem analisa. Para o reitor da UFRN, Ivonildo Rego, é equivocado se fazer um contraponto entre os dois níveis de ensino: o básico e o superior. “Prefiro que o estado aplique os recursos em educação, seja onde for. É lógico que a gente fica incomodado com a questão da Educação Básica, mas o debate não é de confronto”.

ormação profissional para o mercado e inclusão social. São essas as duas premissas básicas comuns a todos os discursos ouvidos durante o seminário “Educação”, o sétimo do projeto “Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, promovido no último dia 17 pela TRIBUNA DO NORTE, em parceria com a RG Salamanca Investimentos e os sistemas Fiern e Fecomércio. Para um auditório lotado, na Casa da Indústria, pensadores como o senador e ex-ministro da Educação, Cristovam Buarque, e o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Souza Junior, analisaram de forma demolidora os problemas no sistema de ensino público no Brasil: falta de políticas educacionais unificadas no âmbito da União, Estados e municípios; descompromisso dos gestores públicos e desigualdades no tratamento com alunos de estratos

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socioeconômicos diferenciados. Possibilidades de fazer acertos foram apresentadas e discutidas, como a implantação do Plano Nacional de Educação – em fase de elaboração pelo Ministério da Educação e Cultura – e a criação de uma “Lei de Responsabilidade Educacional”, a exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal para as contas públicas. Experiências locais, como as realizadas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Potiguar (UnP) e a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern, integrando formação acadêmica e demanda do mercado de trabalho, também foram apresentadas e analisadas em seus resultados, mostrando que as soluções para os desafios são possíveis e viáveis. As páginas a seguir esboçam tudo isso e fixam uma certeza: o verdadeiro motor do desenvolvimento é a educação.

No seminário do último dia 17, a par do consenso sobre o poder e as oportunidades de tornar possível a inclusão social através da educação, esbarrou no debate sobre uma da mais polêmicas propostas do sistema de ensino público no Brasil: a política de cotas raciais e para minorias no ingresso ao ensino superior. Já no primeiro bloco de debates, sobre uma visão macro da educação brasileria, e o senador Cristovam Buarque, o presidente da Fiern, Flávio Azevedo, mediador da mesa, provocou: “Para mim, não existe negro ou branco, mas rico e pobre. O que precisamos no Brasil é uma gestão dos recursos da educação”. Ao lado, na mesa, o reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de SouZa, instituição que adotou o sistema de cotas na admissão de novos alunos pelo vestibular. Do outro lado, o senador

Cristovam Buarque, ex-reitor da UnB, que surpreendeu ao concordar. “O Flávio tem toda a razão, precisamos de uma escola de gestão na educação”, emendou. Para o reitor na UnB, o uso de cotas raciais deve ser visto como um analgésico usado para melhorar a dor de cabeça. “O dia que a dor desaparecer para sempre podemos mudar o remédio”, avalia. Reportando-se às raízes coloniais brasileiras, Sousa foi mais além: “No Brasil a elite nunca considerou a necessidade dos pobres”. E acrescentou “Investimento em educação deveria ser visto como investimento social”. Mas, foi o senador Cristovam Buarque quem deu o tom conciliador no debate: “Cota não deve existir para excluir um branco em favor de um negro. Nesse caso, é preferível que se aumente o número de vagas, dando oportunidade a todos”.

VAMOS FAZER UM CONCURSO PARA CONTRATAR PROFESSORES PREPARADOS PARA LECIONAR MATÉRIAS VOLTADAS À QUALIFICAÇÃO DE PESSOAL” IBERÊ FERREIRA DE SOUZA Governador

O auditório Albano Franco ficou lotado para a realização do Motores do Desenvolvimento do RN que teve como tema a Educação

ENTREVISTA/IBERÊ FERREIRA DE SOUZA/GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE

“PRECISAMOS INVESTIR NA CAPACITAÇÃO” Qual o tamanho do desafio do ensino profissionalizante no RN? O ensino profissionalizante é realmente um desafio no Brasil e aqui no RN estamos avançando com a participação do Governo Federal por meio dos Institutos Federais de Educação, que são 11 em nosso estado. O Governo do Estado já firmou convênio com o Governo e já neste dia 25 de maio estamos licitando mais oito centros de ensino profissionalizante. Até o fim do ano devemos concluir

mais dois e abrir concurso para ter professores nesse trabalho de profissionalização da mão-de-obra potiguar. É fundamental investirmos na capacitação para não termos no futuro um apagão nesse sentido. E as nossas chances do curto prazo de atendermos a demanda são boas? Instituições ligadas à indústria e o comércio já vem desenvolvendo um excelente trabalho de ca-

pacitação, sem mencionar o Sebrae. Todos estão voltados para reduzir nosso déficit em matéria de educação profissionalizante. Não é o ideal, mas é um trabalho consistente que tem rendido bons frutos. Mas é no trabalho dos institutos federais que apostamos para formar gerações de mão de obra qualificada que atenda as demandas importantes do desenvolvimento. Incluem-se ai esses centros que estamos fazendo. A tarefa é adequar o ensino a especificidade de cada função da potencialidade da região. Este, sim, é o grande desafio. Quais os números finais dessa

parceria com o Governo Federal? Nessa parceria com o Governo Federal queremos agilizar a ampliação de 82 escolas de ensino médio no RN com investimentos de R$ 115 milhões, a serem partilhados entre Estado e União. São projetos do programa Brasil Profissionalizado, do Governo Federal, em parceria com os estados. O RN e o Paraná, foram os dois estados da Federação que mais andaram dentro das ações do programa Brasil Profissionalizado. Onde estarão esses centros? Os 10 centros profissionalizantes serão implantados em Mos-

soró, Alto do Rodrigues, em Natal (no conjunto Parque dos Coqueiros e no bairro Pitimbu), São Gonçalo do Amarante (nos bairros Golandim e Santo Antônio), Tibau, Extremoz e Ceará-Mirim. As escolas serão dotadas de toda infra-estrutura necessária para o aprendizado teórico e prático de segmentos profissionais como computação, mecânica e informática. A previsão é de que até o final do ano todas elas estejam concluídas. E com relação à déficit crônico de professores da rede de ensino, como o senhor pretende resolver esse problema?

Em relação ao ensino profissionalizante teremos que fazer um concurso público de professores especificamente preparados para lecionar matérias voltadas à qualificação de pessoal. E em relação ao déficit na rede estadual de ensino? Sobre essa questão, convoquei o secretário da Educação e determinei que providenciasse, o mais rápido possível, a incorporação de todos os professores para que não haja nenhuma escola faltando professor no Rio Grande do Norte. É uma determinação do Governo do Estado acabar com esse problema no curtíssimo prazo.

EXPEDIENTE Diretor de Redação: Carlos Peixoto

Gerente Comercial: Eliane Rocha

Gerente de Marketing Andréia Barandas

Edição Luciana Campos

Textos Wagner Lopes,Sara Vasconcelos e Marcelo Hollanda

Fotos Júnior Santos

Projeto gráfico e paginação: Carlos Bezerra

Infografia Bob Calazans

Revisão: Cássia Maria


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CRISTOVAM BUARQUE SENADOR (PDT/DF)

A PRIORIDADE DEVERIA SER REVOLUCIONAR A EDUCAÇÃO Senador, como o senhor avalia a educação hoje no Brasil? A educação melhora, mas lentamente e em um ritmo aquém do que o mundo moderno necessita. Mesmo melhorando, ficamos cada ano mais para trás em relação aos outros países e em relação às exigências atuais. Para a revolução educacional que proponho, seria necessário o governo federal investir R$ 7 bilhões adicionais a cada ano, o que corresponde a menos de 1% do PIB. Ao final de todo o processo, o Brasil gastaria cerca de R$ 3,5 mil por aluno, por ano, e um total inferior aos 10% do PIB como foi determinado por lei, mas vetado no governo Fernando Henrique, sobrando ainda até R$ 40 bilhões para o Ensino Superior.

tibular. Os que são a favor de cotas lutam pela reserva de vagas, mas não para que todos terminem o Ensino Médio em escolas de qualidade. Reservam lugares na universidade, mas mantêm a falta de concorrência provocada pelas multidões excluídas pelo analfabetismo e pela evasão escolar. Lutamos para manter privilégios ou incorporar os privilegiados, não para eliminar os privilégios. A crítica ética às cotas está na defesa da igualdade educacional: em vez de impedi-las, torná-las desnecessárias. Em um país com ânsia de justiça, cotas são necessárias como paliativos, pingando negros na universidade. Não devemos recusar esse instrumento de discriminação afirmativa, nem comemorar a necessidade deles.

E como está o Ensino Superior? Embora seja verdade que tenhamos poucos alunos no Ensino Superior, nosso maior problema é que poucos alunos concorrem a uma vaga na universidade, porque apenas um terço dos jovens terminam o Ensino Médio e, desses, menos da metade recebeu ensino de qualidade com ambição suficiente para desejar entrar na universidade. De cada 6 milhões de alunos que entram no Ensino Fundamental, somente 2,6 milhões chegam ao Ensino Médio e apenas 1,8 milhão concluem o segundo grau, sendo 900 mil com qualidade para um bom curso universitário. Porém, destes 1,8 milhão de estudantes somente 1,2 milhão entram na universidade, sendo que 40% desistem antes da conclusão, por falta de recursos para pagar a faculdade e, sobretudo, por falta de formação para acompanhar seus cursos.

O Enem é uma boa alternativa aos processos seletivos? Ou cada Estado deve respeitar suas características e realizar vestibulares diferenciados? Defendo que o Ministério da Educação faça uma prova ao longo do Ensino Médio, assim como existe no Distrito Federal para se entrar na Universidade de Brasília. Aqui, o estudante faz uma prova ao final de cada ano do Ensino Médio (1º ano tem peso 1; 2º ano peso 2; e 3º ano peso 3). Isso faz com que o aluno estude os três anos e se preocupe com a universidade mais cedo.

Qual a grande carência ainda existente nesse nível de ensino? A universidade brasileira deve fazer sua reforma com os olhos na possibilidade e no desafio de ser um centro privilegiado para entender e mudar o mundo em todas as áreas do conhecimento, especialmente naquelas em que teremos vantagens comparativas favoráveis em relação ao resto do planeta. Precisamos de um compromisso com a qualidade, sem o qual não há contribuição à humanidade. Temos de definir vantagens atuais e aquelas nas quais queremos investir e procurar uma forma universitária que promova a capacidade para criar o ineditismo na produção intelectual como forma de elevar o patrimônio cultural da humanidade. Ensino profissionalizante vem recebendo a atenção necessária? A atenção deveria se voltar para a ampliação e a universalização do Ensino Técnico, de forma que nenhum jovem disposto a estudar fique impedido de obter formação técnica. Além disso, precisamos firmar um compromisso para ampliar os cursos técnicos de curto prazo, para que exista pelo menos uma escola técnica em cada cidade com mais de 70 mil habitantes. É preciso atender e formar todos os interessados em cursos técnicos de curta duração. E quem sai do Ensino Superior recebe a formação necessária às exigências do mercado? Precisamos avançar nesse sentido. Hoje, o mundo do aprendi-

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senador Cristovam Buarque é reconhecido em todo o Brasil como um dos maiores defensores da importância da educação para a melhoria do país. Nascido no Recife, foi o primeiro reitor eleito da Universidade de Brasília, em 1985, e 10 anos depois tomou posse como governador do Distrito Federal. Em 2003 foi nomeado ministro da Educação, cargo que ocupou durante um ano. Hoje, ele critica a política para o setor e também a falta de um debate mais amplo dos “presidenciáveis” a respeito do tema. Nesta entrevista à TRIBUNA DO NORTE, Cristovam Buarque fala ainda sobre cotas, desafios, vestibulares e expectativas:

zado não consiste mais no professor transmitir conhecimento, consiste no professor ensinar o aluno a “surfar” nas ondas do conhecimento que está nos bancos de dados, que acessamos por meio do computador e da Internet. O papel do professor é ensinar o aluno a utilizar a biblioteca, a Internet e a aula também, preparandose para circular nos avanços da formação e da informação. O conhecimento hoje está no ar. Não é mais apenas um prédio, como víamos antigamente. O prédio é um ponto, assim como o computador e o escritório. A universidade hoje é o Universo, é o ar. Está nas antenas, nas estações que transmitem informações. Está nas plataformas dos bancos de dados. Falta de pessoal,ou de estrutura. Qual o maior problema de nossas instituições superiores? Falta estrutura e pessoal para a universidade, mas mesmo que se invista mais, não será suficiente para melhorá-la, enquanto jogarmos fora o potencial de dois terços de nossos jovens que não terminam o Ensino Médio. O Brasil tem grandes jogadores de futebol porque todos meninos têm acesso à bola, jogam em campos perto de casa e o talento vai sendo revelado entre os melhores e mais persistentes. O mesmo não acontece com a educação, porque poucos têm acesso a livros, computadores, boas escolas. O Brasil nunca teve um Prêmio Nobel de literatura, muito provavelmente porque ele fazia parte das dezenas de milhões de adultos que morreram nos últimos 105 anos desde a Proclamação da República, sem a oportunidade de aprender a ler e a gostar

de ler. O mesmo vale para cientistas potenciais que não aprenderam matemática na idade apropriada. E os mecanismos de acesso dos jovens carentes funcionam? No Brasil, apenas 1,8 milhão de jovens terminam o Ensino Médio. Isto quer dizer que apenas uma pequena minoria de jovens adquire o direito de pleitear uma vaga na universidade. Com isso, ela abre mão de possíveis grandes profissionais, quem sabe até de gênios, deixados para trás. A qualidade da universidade está, portanto, sacrificada pela impossibilidade de escolher seus alunos entre aqueles com potencial. Por essa razão, a primeira reforma em um sistema de ingresso para melhorar a qualidade da universidade é garantir que todos os jovens brasileiros, sem exceção, tenham condições de concluir o Ensino Médio em escolas com a máxima qualidade. Poucas coisas revelam mais o conservadorismo da universidade, sua dificuldade em avançar, do que a manutenção do vestibular, inventado há mais de cinquenta anos, como forma de ingresso de alunos na universidade. Uma forma atrasada e imperfeita, certamente melhor do que o critério imperial de indicação ou apadrinhamento fisiológico, mas muito pouco melhor do que o puro e simples sorteio de vagas. A reforma universitária deve mudar a forma de selecionar alunos. A melhor experiência foi iniciada pela UnB em 1996, com o Programa de Avaliação Seriada, que escolhe alunos com base em provas feitas ao longo do Ensino Médio. Muitas políticas não terminam

sendo paliativos,uma vez que o ideal seria que alunos carentes tivessem acesso a escolas públicas de qualidade,desde o ensino básico, para terem chances de disputar vagas nas instituições federais em iguais condições com os alunos das escolas privadas? Exatamente. A nossa luta agora, neste país, deve ser para que a escola seja igual para todos, e de excelente qualidade. Esse é o objetivo do educacionismo. É preciso que haja igualdade no acesso ao conhecimento. Um país decente não pode ter escolas diferentes para uns e para outros, pode ter, sim, pessoas diferentes, umas com mais talento, mais vocação, persistência do que outras, mas jamais desigualdade no acesso à escola. E quanto às cotas raciais e econômicas,qual sua opinião? As cotas para a entrada de negros nas universidades não pretendem reduzir as desigualdades sociais, mas sim corrigir um absurdo: depois de 120 anos da abolição da escravatura, a cara da elite brasileira é branca, embora o país seja de brancos e negros. Hoje, o debate se divide: parte é contra usá-las como instrumento para formar uma elite universitária negra; outra parte comemora a existência das cotas como se fosse a solução para todos os problemas que pesam sobre os negros brasileiros. Há uma razão que unifica tanto os que defendem quanto os que criticam as cotas. Os que são contra nunca se sensibilizaram com a exclusão de negros em nossa elite, e temem que vagas da universidade sejam ocupadas por jovens negros com alguns décimos a menos nas notas do ves-

POUCOS ALUNOS CONCORREM A UMA VAGA NA UNIVERSIDADE PORQUE APENAS UM TERÇO DOS JOVENS TERMINAM O ENSINO MÉDIO”

NÃO DEVEMOS RECUSAR AS COTAS COMO INSTRUMENTO DE DISCRIMINAÇÃO AFIRMATIVA NEM COMEMORAR A NECESSIDADE DE APLICAÇÃO DELE”

Que critérios o aumento de vagas nas universidades federais deveria respeitar? O ideal seria fazer a expansão com uma programação de vagas disponíveis, professores necessários, instalações que terão de ser construídas. Mas se não dá para fazer da forma ideal, não podemos criticar. Toda expansão é boa. Mas reafirmo que os problemas fundamentais não estão sendo atacados: educação de base e reforma universitária. Sem boa educação de base nunca vamos ter boas universidades. E qual deveria ser a prioridade do próximo presidente, seja quem for,em relação à educação? A prioridade deveria ser revolucionar a educação. Como eu disse, para que ela aconteça, precisamos investir menos de 1% do nosso PIB. Mas me parece que essa eleição plebiscitária, que Lula quer em 2010, será uma eleição sem espaço para a concretização de sonhos. Precisamos fazer com que haja candidaturas que tragam sonhos, não apenas exposição de “power point” indicando as obras que os candidatos vão fazer. Temo que o debate que vamos ter, ao que tudo indica, entre a ministra Dilma e o governador Serra, seja um debate absolutamente sem sonhos, absolutamente técnico. Nenhum dos dois significa uma mudança de rumo ou um projeto diferente para o Brasil. Nessa disputa plebiscitária entre duas forças muito paralelas, caracterizada por um conjunto de ideias que se formaram a partir dos anos 90, corremos o risco de não ouvirmos as palavras “reforma política”; ou as palavras “manutenção da política econômica como inflexão da política de produção”. E, finalmente, corremos mais uma vez o risco de não ouvirmos os candidatos falarem sobre a revolução na educação.


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Motores do RN EDUCAÇÃO


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PROUNI E FIES FACILITAM ACESSO A CURSOS Com a ampliação do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento do Estudante de Ensino Superior (Fies) é cada vez maior o número de estudantes carentes que pode ingressar em uma universidade nquanto a oferta de vagas em instituições públicas está longe de atender à demanda dos estudantes saídos do Ensino Médio, os instrumentos de acesso a universidades e faculdades privadas ganham importância no Brasil. O Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento do Estudante de Ensino Superior (Fies) vêm sendo ampliados e ganham cada vez mais adeptos. O Prouni bateu um recorde e, somente no primeiro semestre deste ano, ofereceu 164 mil bolsas de estudo, sendo 2.649 para o Rio Grande do Norte, enquanto o Fies reduziu juros e facilitou o acesso aos empréstimos. Os efeitos dos investimentos nos dois programas já são sentidos. “Surpreendentemente, este primeiro semestre de 2010 foi o que mais incluímos alunos na universidade através do Prouni, tanto em relação ao número de vagas, quanto de selecionados. Tivemos em torno de novecentos a mil alunos entrando pelo Prouni, quando a média nos últimos anos era de, aproximadamente, uns 700 por semestre”, compara o coordenador do Prouni na Universidade Potiguar (UNP), Nelson Euclides. Atualmente, dos 26 mil alunos da UNP, em torno de 3.400 ingressaram pelo Programa Universidade para Todos. E geralmente, quando os alunos selecionados pelo Prouni não conseguem a bolsa integral, buscam o Fies para

DÚVIDAS SOBRE O PROUNI

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Com a expansão das vagas e as políticas de financiamento estudantil é cada vez maior o número de jovens cursando o ensino superior

complementar os pagamentos das mensalidades. E nesse aspecto a realidade tem sido positiva. “O Fies também vem crescendo e tem atendido cerca de 80% dos estudantes que nos procuram”, revela Nelson Euclides. Normalmente o Prouni oferece mais bolsas no primeiro semestre, do que no segundo. Para ambos os casos, a seleção é feita levando em conta as notas do estudante no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano an-

terior. Entre os critérios exigidos do candidato, estão o de ter estudado o Ensino Médio em escola pública e de possuir uma renda familiar, per capita, de no máximo três salários mínimos. Há bolsas integrais e as parciais (50%), conforme a faixa de rendimentos. “A demanda continua sendo bastante alta. Embora tenham sido abertas novas vagas em Ensino Superior, nas universidades públicas, mesmo assim a demanda

continua crescente”, destaca o coordenador. A procura por cursos é bem dividida, mas geralmente o de Medicina é o mais concorrido na instituição. O número de vagas do Prouni, para cada graduação, é determinada de acordo com cálculos que levam em conta o número total de alunos. “Para o candidato à bolsa, a burocracia praticamente se resume a comprovar as informações que ele colocou na ficha de inscrição”, resssalta Nelson Euclides.

BOLSISTAS MOSTRAM ÓTIMO DESEMPENHO Os alunos que ingressam em cursos superiores através do Prouni são obrigados a manter um “rendimento acadêmico satisfatório” e, pelo menos, 75% de frequência às aulas, caso contrário podem perder as bolsas. Essas exigências são mais dois estímulos que explicam o bom desempenho dos bolsistas, muitas vezes superior ao dos demais colegas de turma. “O nível dos alunos é muito bom e a evasão é bastante pequena, não chega a

10%. Acho que é uma prova de que eles possuíam a capacidade e só não tinham as oportunidades. Sempre nos surpreendem com um resultado acadêmico muito satisfatório”, destaca Nelson Euclides. No entender do coordenador do Prouni na UNP, o que poderia melhorar no programa é a eficiência na comprovação das informações. “O pessoal ainda esconde os salários reais, às vezes querem entrar nas cotas, sem ter direito. Agora

existe fiscalização e o Ministério da Educação está em cima, confrontando até mesmo o CPF do aluno e dos pais para checar as informações”, adverte. Caso sejam descobertas fraudes nos dados apresentados pelos beneficiários, os responsáveis podem responder tanto civilmente, quanto criminalmente. Apesar da possibilidade de se concorrer a instituições de todo o Brasil, Nelson Euclides revela que os estudantes de fora que vêm

concorrer com os potiguares são, geralmente, oriundos de estados próximos e a grande maioria dos beneficiados são mesmo potiguares. Ele defende o Prouni e entende que é preciso investir ainda mais nessa porta de entrada do Ensino Superior. “Tem de fortalecer essa política, porque a quantidade de alunos que vêm sendo beneficiada prova que este é um programa social de grande relevância para a população”, conclui.

FUNDO AGILIZA CRÉDITO PARA ESTUDANTES Maior facilidade no acesso aos empréstimos e a ampliação do crédito foram algumas das mudanças nas quais o Ministério da Educação apostou, este ano, para incrementar o programa do Fundo de Financiamento do Estudante de Ensino Superior, o Fies. A taxa de juros agora é de apenas 3,4% ao ano e serão ofertados, somente em 2010, nada menos de 200 mil contratos para todo o Brasil. Ao mesmo tempo, a exigência de passar por um processo seletivo foi excluída, aumentando as chances de obtenção do financiamento. As principais medidas foram anunciadas em janeiro e o juros voltou a cair em março. A pretensão é dar força ao programa, ga-

rantindo o auxílio para que um número cada vez maior de estudantes se beneficiem do Fies e possam custear seus estudos em faculdades e universidades privadas. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são as instituições financeiras responsáveis por concederem o crédito, mas a partir do próximo ano outros bancos poderão intermediar os empréstimos. A redução nos juros, que eram de 6,5% ao ano, é considerada outra mudança importante. O percentual caiu para 3,5% em janeiro e para 3,4% em março, sendo aplicado inclusive sobre o saldo devedor dos alunos já beneficiados pelo programa. Além disso, o prazo para a quitação da dívida,

que era de duas vezes o período financiado do curso, passa a ser de três vezes, ou seja, um estudante que financiou um curso com duração de quatro anos, terá 12 para pagar o empréstimo. Outra novidade é a possibilidade de estudantes das licenciaturas e de Medicina quitarem seus débitos junto ao Fies com trabalho. No caso das licenciaturas, quem for atuar na educação básica pública pode abater 1% da dívida a cada mês trabalhado. E os médicos podem pagar o financiamento trabalhando em áreas de assistência onde haja carência, conforme definição do Ministério da Saúde. A responsabilidade pelo geren-

ciamento do Fies é do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia do Ministério da Educação. No primeiro semestre de 2009, segundo dados da Secretaria de Educação Superior, 35 mil pessoas tomaram recursos do Fies. Em 2010, esse número pode subir para 200 mil na soma dos dois semestres. Para candidatar-se, os estudantes devem estar regularmente matriculados em instituições de ensino não gratuitas e cadastradas no programa. Os cursos precisam ter avaliação positiva no Sinaes. Todas as operações de adesão das instituições de ensino, bem como de inscrição dos estudantes, são realizadas através da Internet.

A EXPERIÊNCIA MOSTRA QUE O PROUNI PRECISA SER FORTALECIDO.A QUANTIDADE DE BENEFICIADOS SÓ PROVA QUE É UM PROGRAMA SOCIAL DE GRANDE RELEVÂNCIA PARA A POPULAÇÃO NELSON EUCLIDES

Coordenador do Prouni na UnP

Como funciona o Prouni? O programa tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação em instituições privadas de educação superior.Podem se inscrever no processo seletivo os candidatos não portadores de diploma de curso superior que tenham realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano anterior e alcançado no mínimo 400 pontos na média das cinco notas (ciências da natureza e suas tecnologias;ciências humanas e suas tecnologias; linguagens,códigos e suas tecnologias;matemática e suas tecnologias e redação). Para concorrer às bolsas,o candidato deve,também,ter renda familiar de até três salários mínimos por pessoa e satisfazer a pelo menos uma das seguintes condições: - ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública; - ter cursado o ensino médio completo em instituição privada,na condição de bolsista integral da respectiva instituição; - ser portador de deficiência; - ser professor da rede pública de ensino,no efetivo exercício do magistério da educação básica e integrando o quadro de pessoal permanente de instituição pública e que estejam concorrendo a bolsas nos cursos de licenciatura, normal superior ou pedagogia.Nesses casos não é considerado o critério de renda. Como é feita a inscrição? As inscrições são feitas exclusivamente pela Internet, acessando o Sistema do ProUni (SisProuni).No sistema,o candidato pode pesquisar as instituições e cursos participantes do Programa.Ao efetuar a inscrição,o estudante escolhe a modalidade de bolsa e até cinco opções de instituições de ensino superior,cursos, habilitações ou turnos dentre as disponíveis,conforme sua renda familiar per capita e sua adequação aos critérios do programa. Como é feita a seleção? Encerrado o prazo de inscrição,o Sistema do Prouni classifica os estudantes,de acordo com as suas opções e as notas obtidas no Enem.Os estudantes pré-selecionados devem comparecer às instituições de ensino e comprovarem as informações prestadas em sua ficha de inscrição.É facultado às instituições a realização de processo seletivo próprio.

DÚVIDAS SOBRE O FIES O que é o Fies? O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) é um programa do Ministério da Educação destinado a financiar prioritariamente estudantes de cursos de graduação.

Como funciona? Durante a faculdade,o estudante financiado se compromete a pagar, trimestralmente,os juros do financiamento,limitados a uma parcela máxima de R$ 50.Após formado,há um período de carência de 18 meses antes do início do pagamento.Após a carência,o financiamento começa a ser amortizado.Nos doze primeiros meses a prestação será igual à parte da mensalidade que era paga pelo estudante à instituição,com base no último semestre financiado.Terminado esse período,o saldo devedor é dividido em prestações iguais,.

Quem pode se candidatar? Podem se candidatar os estudantes regularmente matriculados em cursos de graduação não gratuitos, com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes),em instituições cadastradas ao programa.

E quem não pode? Inadimplentes com o Fies;inadimplentes com Creduc;beneficiários de bolsa integral do ProUni;beneficiários de bolsa parcial do ProUni,em curso/turno diferente daquele vinculado ao financiamento;;e aqueles cuja mensalidade do curso comprometa menos de 20% da renda familiar bruta per capita.

Como faço para me inscrever? As inscrições para o FIES são feitas exclusivamente pela internet,no endereço eletrônico www.sisfies.mec.gov.br Fonte: MEC


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O Centro de Educação Profissional Jessé Pinto Freire é o único em funcionamento na rede estadual que oferece cursos profissionalizantes. Os novos centros vão suprir a demanda crescente na área

ESTADO GANHARÁ 10 NOVOS CENTROS As escolas serão construídas com recursos do projeto Brasil Profissionalizado que é uma parceria do Ministério da Educação com o Governo do Estado.Os centros de ensino devem beneficiar mais de sete mil alunos já a partir do próximo ano Ensino Médio é o caminho até a universidade, ou um trajeto para se chegar ao mercado de trabalho? Para o secretário estadual de Educação, Otávio Augusto de Araújo Tavares, uma possibilidade não exclui a outra. Pensando assim, o Governo do Estado mantém a preocupação em melhorar o desempenho dos alunos da rede pública nos vestibulares, mas ao mesmo tempo decidiu investir pesado na formação profissional desses estudantes. Um marco dessa política serão os 10 novos centros profissionalizantes espalhados por todo

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QUALIFICAÇÃO DE PROFESSORES É FOCO DO ESTADO Sem bons educadores não há ensino de qualidade. Por isso, a Secretaria Estadual de Educação vem investindo na formação continuada dos docentes. “Temos um núcleo de formação de professores cujo objetivo é trabalhar a licenciatura para quem não tem; a segunda licenciatura para o professor que precisa atuar em outra disciplina; e a pósgraduação. No caso da Educação Profissional, eles podem vir a fazer, por exemplo, a pós em metodologia de Educação Superior”, cogita. Hoje, a Seec mantém convênios com instituições como a UFRN, IFRN, Uern, Ufersa e o Ifesp (Instituto Kennedy), para oferecer cursos superiores e de pós-graduação aos docentes da rede estadual. Só a Uern conta com 16 polos espalhados pelo Rio Grande do Norte e o IFRN outros 12. A distribuição ajuda a secretaria a oferecer opções de cursos próximos aos locais de trabalho de cada educador. “E estamos investindo ainda na capacitação dos gestores das escolas. Os diretores eleitos no final do ano passado já passaram por duas etapas, uma em dezembro e outra em março”, destaca o secretário. Os gestores aprendem, por exemplo, sobre a gestão dos recursos vindos de programas como o Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e o de Autogerenciamento da Unidade Escolar (Pague). “São verbas para pagamento de despesas de pequeno porte que eles devem aprender como gerenciar. É uma porta que quebra, uma fossa que estoura. Na capacitação, os diretores são orientados a como prestar contas, abrir uma carta-convite quando necessário, fazer uma planilha de custos, incentivar a participação dos conselhos escolares. Coisas bem práticas que o gestor precisa saber”, descreve o secretário.

território potiguar. Os centros vão ser erguidos nos municípios de Extremoz, Mossoró, Ceará-Mirim, Alto do Rodrigues, Natal (2), Tibau, São Gonçalo do Amarante (2) e Parnamirim e os investimentos fazem parte do programa “Brasil Profissionalizado”, do Governo Federal, que prevê ainda a montagem de laboratórios de Educação Profissional em 74 escolas da rede estadual. “Vamos oferecer cursos de nível técnico junto com a educação básica de Ensino Médio, os chamados cursos integrados, mas poderemos futuramente oferecer os sequenciais, para

quem já concluiu o Ensino Médio”, explica o secretário. A grade de cursos irá seguir a vocação econômica de cada região onde os centros e escolas se encontram e haverá opções como informática, mineração, turismo e mecânica. A expectativa é que a ordem de serviço dos 10 centros seja assinada em breve, já que a maioria das licitações estão concluídas. “Os recursos já foram garantidos. Vêm do Ministério da Educação, com contrapartida do Estado, que irá entrar com os recursos humanos para as unidades funcionarem, desde os técnicos administrativos até

os docentes, e também com a manutenção da estrutura.” A construção dos 10 centros deve se iniciar em junho e não haverá reforma de prédios antigos, somente edifícios novos. “Além do Brasil Profissionalizado, que é hoje, para rede estadual, o principal projeto em desenvolvimento, temos ainda as iniciativas do Senai, Senac e outros programas em âmbito estadual que visam a elevação da escolaridade e a profissionalização, como o Projovem coordenado pela Sethas (Secretaria Estadual de Trabalho, Habitação e Assistência Social)”, lembra Otávio Augusto.

OS RECURSOS JÁ FORAM GARANTIDOS PELO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. O GOVERNO DO ESTADO ENTRARÁ COM PESSOAL TANTO DOCENTES QUANTO TÉCNICOS” OTÁVIO AUGUSTO TAVARES Secretário Estadual de Educação

ESCOLAS FAZEM PARTE DE PROGRAMA

EDUCAÇÃO Rede estadual de ensino em números

735

Educação profissional

Total de escolas

Centros de Ensino profissionalizantes no RN

Investimentos em melhorias físicas (2003 a 2009)

R$ 9,8 milhões

R$ 22,5 milhões

Construção de prédios - 15 unidades

Recuperação de Prédios 118 unidades

R$ 10,9 milhões Ampliação e Melhorias da Rede Física - 60 unidades

R$ 23,4 milhões

10

Natal – Parque dos Coqueiros Natal – Pitimbu

Total investido em construção, ampliação e melhorias físicas de escolas (2003/2009)

São G.do Amarante – Golandim

Pequenas reformas - 1.516 unidades Metas

R$ 160,3 milhões

São G.do Amarante – Santo Antônio Extremoz Ceará-Mirim

R$ 54 milhões/mês

Mossoró Alto do Rodrigues

R$ 55 milhões

74 escolas

é o valor total do investimento

da rede estadual também serão reformadas e ampliadas e receberão de três a quatro laboratórios específicos para educação profissional

Cada centro terá: Seis salas de aula para 40 alunos cada, funcionando em três turnos

R$ 19 milhões/mês

7,2 mil

R$ 115 milhões o investimento

estudantes serão beneficiados

Investimentos de

R$ 115 milhões

R$ 16 milhões

Fonte: Governo do Estado e SEEC

Parnamirim

Tibau Evolução da folha salarial da educação

Entre 2009 e 2010 Incluindo 11 novas escolas Ipanguaçu Parnamirim Santa Maria Sen.Georgino Avelino Alexandria Galinhos Macaíba Rodolfo Fernandes São João do Sabugi São Gonçalo do Amarante Tabuleiro Grande

Centros de Ensino Profissionalizantes

R$ 68,5 milhões

2003

2009

o investimento

Previsão de atendimento a 50 mil jovens e adultos nas escolas e centros

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E SUPERIOR NÃO SE EXCLUEM O secretário Otávio Augusto lembra que nos países desenvolvidos os cidadãos não necessariamente precisam chegar ao Ensino Superior para obter um bom lugar na sociedade, no mercado e conquistar qualidade de vida. “O grande problema nosso é cultural, a Educação Profissional no nosso país surgiu para os desvalidos, ou seja, aquelas pessoas que não tinham condição financeira,

desde o tempo das escolas de aprendizes artífices, que eram voltadas para os órfãos e filhos de operários.” Ele entende que não há exclusão entre Educação Superior e Profissional e acha curioso o brasileiro não considerar a universidade também como uma casa de formação profissionalizante. “É porque culturalmente a gente aprendeu a dizer que o supe-

rior era a garantia das coisas, mas muitos concluem o curso superior e não garantem emprego, porque o mundo do trabalho não tem a mesma lógica que a estrutura da formação profissional”, observa. A lógica do mercado, destaca, é de abrir vagas para quem demonstre competências e habilidades, que podem perfeitamente ser adquiridas em cursos profis-

Para preencher as vagas de professores que serão abertas com os novos centros, e também as lacunas existentes nas disciplinas regulares de toda a rede estadual, o secretário afirma que já foi solicitada a abertura de um concurso para quatro mil professores, a serem nomeados a partir de 2011, já que 2010 se trata de ano eleitoral. Os selecionados passarão por capacitações específicas, para trabalharem com a metodologia da Educação Profissional. Atualmente o Governo do Estado possui um único centro profissionalizante, que funciona em frente à Praça Cívica, em Natal, com o nome de Jessé Pinto Freire. São oferecidos cursos de informática, biodiagnóstico e na área de gestão de microempresas. Os novos centros a serem erguidos terão seis salas de aula, cada, para 40 alunos por turno, com capacidade de receber até 7.200 estudantes ao todo. “Em educação profissional também vamos oferecer cursos de formação inicial e continuada (FIC) para o Ensino Fundamental. São cursos de qualificação, por exemplo, e a gente também pode dar cursos de aperfeiçoamento”, acrescenta.

sionalizantes e não apenas no Ensino Superior. “Se não der chances de o indivíduo desenvolver essas qualidades, ele pode até ter pós-graduação, como conheço muitos doutores não tão bem no mercado, enquanto outros que não são doutores tem um desempenho fantástico em suas áreas profissionais. Por isso é preciso desmistificar a Educação Profissional”, defende.

O programa Brasil Profissionalizado foi criado em 2007, pelo Ministério da Educação, e tem como objetivo fortalecer as redes estaduais de educação profissional e tecnológica. No site oficial do programa, a previsão é de repasses de quase R$ 1 bilhão para todo o Pais, sendo R$ 64,4 milhões para o Rio Grande do Norte, dos quais R$ 63,4 milhões destinados às obras de infraestrutura e outros R$ 886 mil a serem utilizados na aquisição de equipamentos. “São 43 ampliações e 56 reformas (no RN). Ao todo, 115 escolas de 92 municípios serão beneficiadas”, destaca a assessoria do MEC. Ao todo, mais de R$ 500 milhões já foram repassados pelo governo federal aos estados brasileiros, dos R$ 900 milhões previstos até 2011, incluindo transferências também para municípios que ofereçam educação profissional. Além das obras e equipamentos, a meta é avançar na política de gestão, nas práticas pedagógicas e na formação de professores. Um dos reflexos esperados é o aumento da empregabilidade e a melhoria dos indicadores sociais da região onde o programa é desenvolvido. Para participar, os estados interessados tiveram de assinar o “Compromisso Todos pela Educação” (Decreto n° 6094/97). As secretarias estaduais formalizaram à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), do MEC, a intenção em se integrar ao Brasil Profissionalizado, foi a elaboração de um plano, cujas ações previstas foram encaminhadas para celebração de convênio junto ao FNDE.


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FRANCISCO DAS CHAGAS FERNANDES SECRETÁRIO EXECUTIVO ADJUNTO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

PRECISAMOS ARTICULAR O SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO Qual a grande preocupação do Ministério da Educação? A preocupação maior do governo na atualidade é articular todo sistema nacional de educação, aí incluídos os três entes federados (União, estados e municípios), as redes públicas e privadas e os dois níveis de educação: superior e básica. Então, a grande discussão que fazemos hoje é como efetivamente ter um sistema nacional que seja articulado, por isso que o tema da Conferência Nacional da Educação, que aconteceu agora em abril, foi exatamente o sistema nacional de educação articulada, ou seja, uma provocação em relação a essa articulação. E qual a importância,no Ensino Superior, de se consolidar os avanços proporcionados pelo Reuni? Na realidade, o Reuni traz a reestruturação das universidades públicas tanto em relação à estrutura física, quanto em relação à organização de seus quadros. Concurso público para professores, incentivo ao ensino, mas também à pesquisa e à extensão. Com isso a universidade se organiza,

efetivamente, para dar conta da demanda que temos hoje por matrícula na educação pública. E é claro que não é só a matrícula, é também a pesquisa e a extensão, por isso na reestruturação estão previstas também a interiorização da universidade pública, com os campi avançados, e também a pesquisa e a extensão. E a educação profissional deixou de ser discriminada no país para se tornar uma modalidade fundamental de ensino? O que temos trabalhado é a condição sistêmica da educação, de forma a não criarmos oposição entre um nível e outro, entre uma etapa e outra, entre uma modalidade e outra. Isso é uma concepção que temos trabalhado. Agora, em relação ao ensino profissional, primeiro nós estávamos estagnados. Não havia ação no Brasil em relação ao ensino profissional e começávamos a ter problemas, inclusive de mão-de-obra qualificada em algumas regiões do País. Agora, o que o governo está trabalhando é criar uma estrutura de ensino profissional que garanta demanda por educação

profissional no Brasil. Por isso, a expansão do ensino profissionalizante é uma realidade no país todo, não apenas na rede federal, mas também incentivando os estados. O Rio Grande do Norte, por exemplo, está no programa Brasil Profissionalizante, com várias escolas sendo reformadas ou construídas para que o próprio estado tenha sua rede de educação profissionalizante. E esse ensino tem de estar sintonizado com as demandas do mercado? Na realidade, o que a gente está resgatando é a possibilidade de você ter o Ensino Médio aliado à educação profissional, podendo se tornar um profissional e ter condições também de ingressar em cursos superiores. As empresas têm se somado a esses esforços? O Ministério fez mais, chamou o “Sistema S” e reorganizou a discussão, por exemplo, em relação à profissionalização dentro do “Sistema S”. Foi feito um acordo para que esse sistema possa cumprir realmente seu papel.

JOSÉ GERALDO DE SOUZA JÚNIOR REITOR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CONSOLIDAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO É META Qual o grande desafio da educação brasileira na atualidade? Consolidar, sobretudo no âmbito do Ensino Superior público, aquilo que hoje representou o grande movimento de expansão e reestruturação, o Reuni (Programa de Reestruturação das Universidades Federais). É obvio que o centro de desenvolvimento do sistema público de educação passa pela dimensão estratégica que ele tem para o próprio desenvolvimento do País. No fundo, o ensino público é o que conduz esse desenvolvimento. Junta-se a isso as expectativas conjunturais, pois vamos mudar o ciclo de direção política do País depois de oito anos. Consolidar esse processo é um grande desafio, para que a ação de fomento da educação seja, de fato, base de uma política de estado e não de governo. E a maior carência do Ensino Superior público é financeira,ou de rumo da política educacional? Culturalmente, tivemos um forte impulso em edificações, renovação de equipamento, contratação de professores e técnicos, mas há questões que precisam ir além. Por exemplo, uma melhor definição do caráter estratégico das car-

reiras. Temos de pensar as carreiras, dos docentes por exemplo, como carreiras típicas de estado, não como uma vala comum, na qual a questão de formação fique sujeita às condições da conjuntura. É fundamental ter essa visão estratégica e esse é um grande desafio. E o sistema de cotas raciais utilizado pela UNB, qual sua visão a respeito? Estamos cumprindo aqui as expectativas de um dos fundamentos da atenção ao processo educacional, que é o do acesso. Durante anos, na história do nosso país, a educação foi um fundamento de qualificação de elites sociais e políticas. Esteve na base da produção da própria desigualdade. Isso gerou exclusões e agravou essas exclusões. Se a educação é uma política de inclusão, então é importante que ela alargue e amplie o acesso. Ainda hoje a educação exclui segmentos importantes. Em um passado recente havia uma espécie de cultura muito deligada da responsabilidade de inclusão. Os efeitos disso estão aí, o analfabetismo, a subjulgação à ideia fatalista da pobreza, do destino. Ações afirmativas são um dos ins-

trumentos, ainda que temporários, de superação desses obstáculos ao acesso. E a prática, no nosso caso por exemplo, quando se trata de uma política debatida e questionada hoje até no Supremo (Tribunal Federal), é importante para mostrar que esse aspecto da inclusão é fundamental e necessário, enquanto as cotas sejam necessárias. E por que não cotas sociais? Trabalhamos com a perspectiva racial, mas não vejo nenhum problema que seja ampliada, desde que não se perca de vista que o racismo também produz exclusão. E tem havido, atualmente, de parte das academias,uma aproximação em relação aos interesses do mercado, dos empresários,da economia? São dimensões necessariamente integráveis a um processo solidário de desenvolvimento. São segmentos que têm responsabilidade nesse processo. Cada vez mais a atividade empresarial se veste desse pressuposto de responsabilidade social e tem compromisso com o processo complexo de desenvolvimento do País. Agora há um limite próprio e um ho-

rizonte de atuação de cada segmento. Mas em uma sociedade de conhecimento, que cada vez mais caracteriza nosso tempo, com o aumento do valor do desenvolvimento dos saberes e do desenvolvimento intelectual, esse bem que é o conhecimento se investe de um importante trabalho de interlocução e interação entre os vários segmentos. Não podíamos mais apenas querer que o conhecimento se transforme em direito autoral, mas é também propriedade intelectual. Muito do que é produzido nos laboratórios das universidades vai para uma aplicação direta no espaço da indústria, sob forma de patentes e de novas formas de produção. E os empresários estão atentos que investir em educação é fundamental? Estão, mas com as limitações comuns de qualquer mudança de mentalidade. Essas limitações existem em todos os espaços sociais. Pensar que a educação é um investimento social e não um gasto é um pensamento que ainda precisa estar mais presente em vários segmentos, até mesmo em muitos governos.


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METRÓPOLE DIGITAL « PÁGINA 11

IFRN « PÁGINAS 13

UFRN CRIA POLO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

EXPANSÃO E QUALIDADE INSTITUIÇÃO AMPLIA OFERTA DE VAGAS, CRIA NOVOS CURSOS E IMPLANTA MODELO DE VERTICALIZAÇÃO NO ENSINO

educação

MOTORES DO DESENVOLVIMENTO DO RN

A equipe do Instituto Internacional de Neurociências de Natal em frente a um dos prédios do complexo, localizado em Macaíba

Alunos são estimulados a desenvolver o conhecimento científico

INTERESSE CIENTÍFICO É ESTIMULADO

INSTITUTO É EXEMPLO DE PROJETO VITORIOSO A atuação do IINN já inclui escolas em Natal e Macaíba, laboratórios e um centro de saúde em Macaíba.Além disso, a relação cada vez mais forte com a UFRN garante novas perspectivas para os estudantes de graduação e pós-graduação da universidade á quase 10 anos, quando o cientista Miguel Nicolelis começou a divulgar o interesse em criar um instituto de neurociências em Natal, muitos duvidaram da capacidade de a capital potiguar sediar um centro de estudos e pesquisas de nível mundial. Hoje, o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) é a prova de que as carências educacionais da cidade e do Rio Grande do Norte não são motivos para impedir o desenvolvimento de projetos de alto nível. O IINN oferece não só campo de trabalho para os pesquisadores locais, como vem atraindo especialistas de todo o planeta, integrando-se a redes mundiais de pesquisa. E o instituto não se limita aos laboratórios, pois abrange uma política de inclusão social e educacional que vai além dos estudos em neurociências. A intenção de Miguel Nicolelis e dos demais diretores é fortalecer a colaboração com a comunidade local, desde a gestação, até a formação universitária dos cidadãos. Já hoje, os projetos pilotos do IINN incluem um centro de saúde em Macaíba, que atende a mulheres com gestação de alto risco e recém-nascidos; escolas em Natal, Macaíba e na Bahia, onde alunos do Ensino Fundamental 2 (5º a 9º ano) recebem aulas de educação científica; fora os la-

H

boratórios instalados no bairro de Candelária, em Macaíba e até mesmo em São Paulo. A relação cada vez mais forte com a UFRN garante ainda novas perspectivas para os estudantes de graduação e pós-graduação da universidade. “Esperamos fechar esse ciclo, para que o processo seja todo preenchido, desde o atendimento das gestantes, os cuidados com o recém-nascido, o berçário, a escola fundamental, Ensino Médio, graduação, até a pósgraduação”, ressalta o chefe de Laboratório de Pesquisa Científica do IINN, Sidarta Ribeiro. Ele lembra que o instituto atualmente está “umbilicalmente” ligado à UFRN, em uma parceria estratégica. Todos os professores dos centros de pesquisa em Natal, residentes no estado, são ao mesmo tempo docentes da universidade e pesquisadores. O trabalho desenvolvido no Instituto de Neurociências tem atraído estudiosos de todo o mundo. “O MEC (Ministério da Educação) acabou de dobrar o investimento em nosso projeto, de várias maneiras diferentes. No que diz respeito à parte da universidade e da pós-graduação, comprometeu-se com 13 novas vagas de professores, além dos 12 que já integram o instituto, sendo seis que estão em Natal e seis de fora que estão vindo para cá. Teremos então 25, que é o

Sidarta Ribeiro destaca as ações desenvolvidas pelo IINN

corpo docente para ocupar o imenso prédio que teremos no Campus do Cérebro”, relata. O chamado Campus do Cérebro faz parte da próxima etapa de expansão do instituto. A estrutura a ser erguida em Macaíba, próximo à Escola Agrícola de Jundiaí, prevê inicialmente dois imensos prédios, cujo investimento em obras e equipamentos supera os R$ 40 milhões. “Além dos dois prédios, da primeira fase, teremos depois um centro poliesportivo, observatório astronômico, alojamento dos pesqui-

sadores e muito mais”, acrescenta Sidarta Ribeiro. As pistas de acesso já estão prontas e os prédios devem começar a ser erguidos em breve. O sucesso da empreitada mostra que a distância geográfica dos “grandes centros” e as dificuldades naturais de um estado socialmente carente não são obstáculos para o desenvolvimento de projetos de ponta. “Aqui em Natal, o instituto está se desenvolvendo talvez até melhor do que se fosse em outras grandes capitais”, resume Sidarta Ribeiro.

se inscreveram no sorteio das 400 vagas. Em Natal estudam mais 600 e em Macaíba outros 400. “Sempre existem perspectivas de chegarmos a novas cidades”, admite a diretora. Em princípio, no entanto, a meta atual é mesmo consolidar o espaço que será aberto no prédio do Campus do Cérebro, a futura escola Lygia Maria Laporta. “A ideia é, no próximo ano, começar pelo menos já com o

berçário. Como a gente só depende da obra, na hora que ficar pronta iniciamos”, diz. A nova unidade não ameaça a continuação das três já existente. Pelo contrário, irá acrescentar espaço para cerca de mil novos jovens, incluindo o Ensino Médio. Um dos objetivos é que muitos dos estudantes que participam das oficinas enveredem pelo caminho da formação científica, até mesmo integrando no futuro as pesquisas realizadas dentro do IINN. Uma das ferramentas para isso será o projeto

ADESÃO É SURPREENDENTE Nas escolas ligadas ao IINN o aluno recebe todo material necessário, tem direito a um lanche e as prefeituras oferecem o transporte escolar. Apesar dos benefícios, o fato de representar um turno a mais de estudos e de não haver bolsas em dinheiro para os estudantes poderia afastar o interesse de muitas crianças e adolescentes. Não é isso que tem ocorrido. “Todas as vagas que tenho de um ano pa-

ra outro são preenchidas. Há lista de espera nas escolas e, conforme as desistências, chamamos um novo aluno. A adesão nos surpreende”, reconhece Dora Montenegro. O número de vagas abertas para cada escola pública é proporcional à quantidade de alunos inscritos. No primeiro processo seletivo para a recém-inaugurada unidade de Serrinha, na Bahia, nada menos de 1.670

AQUI EM NATAL, O INSTITUTO ESTÁ SE DESENVOLVENDO TALVEZ ATÉ MELHOR DO QUE SE FOSSE EM UMA GRANDE CAPITAL” SIDARTA RIBEIRO Chefe do Laboratório de Pesquisa do IINN

Cientistas do Futuro, que a partir de julho deve contemplar os 12 primeiros alunos do Ensino Médio, dentre os que já frequentaram os centros de educação científica. A meta maior, porém, é formar cidadãos e não apenas cientistas. “Na verdade, trabalhamos com as áreas da pesquisa, educação e saúde e o grande mote do Miguel Nicolelis e de todos nós é, sim, inserir a comunidade em nosso projeto, para que todas as pessoas da localidade sejam beneficiadas”, destaca.

O estímulo ao aprendizado científico é um dos pontos altos dos projetos que integram o Instituto Internacional de Neurociências de Natal. Um total de 1.400 alunos do Ensino Fundamental 2 (5º ao 9º ano) frequentam as duas unidades da Escola Alfredo J. Monteverde (Natal e Macaíba) e o Centro de Educação Científica do município de Serrinha, na Bahia. “Atendemos meninos de escolas públicas no horário contrário ao da aula. Em 2011 queremos iniciar com os do Ensino Médio”, aponta a diretora de Projetos e Ações Sociais, Dora Montenegro. Quando os primeiros prédios do Campus do Cérebro estiverem prontos, a intenção é oferecer também ensino regular do berçário ao Ensino Médio, em período integral, na Escola Lygia Maria Laporta. Hoje, porém, o trabalho se concentra em educação científica. “Não damos reforço escolar, nossa proposta consiste em trabalhar nos meninos, por meio dos conhecimentos científicos, a formação do cidadão crítico e atuante, capaz de desvelar a realidade, para poder nela interferir”, descreve. Dora Montenegro explica que os alunos são escolhidos por sorteio, dentre os interessados, para que possa ser dada oportunidade igual a todos. “É um projeto de inclusão social, então qualquer menino no Fundamental 2 tem a oportunidade de participar. A gente tem provado que todos, quando bem estimulados, são capazes de aprender. Eles vêm para cá e tem sucesso”, ressalta. Cada turma reúne 25 alunos e inclui crianças e adolescentes de diferentes idades, anos de estudos, gêneros e escolas, para que haja uma constante troca de experiência e conhecimentos. “Acreditamos que o aluno sempre tem uma forma de aprender. Se alguém abandona o projeto, não podemos ficar com uma vaga sem ser preenchida. Chamamos o substituto.” Os estudantes frequentam dois dias de aulas por semana, com três horas e meia de duração por dia. A cada ano o aluno participa de duas oficinas, dentre as oferecidas. Em Natal, há opções de oficinas em Ciência e Tecnologia; Ciência e Robótica; Ciência e História; Ciência e Química; Ciência e Física; e Ciência e Biologia. “A inclusão social aqui acontece por meio do conhecimento científico, com ênfase no conteúdo, porque sem conteúdo ninguém muda realidade nenhuma. Trabalhamos com a ideia de que os nossos meninos ampliem o campo de conhecimento deles, aprendam a pesquisar e façam a diferença também em suas escolas regulares”.


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NATAL • RIO GRANDE DO NORTE DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

MIGUEL NICOLELIS IDEALIZADOR DO INSTITUTO DE NEUROCIÊNCIAS DE NATAL

PRECISAMOS DE MAIS AÇÃO E MENOS PALAVRAS mentos gigantescos e transformadores. Ou seja, o Rio Grande do Norte tem uma chance histórica de se transformar em um centro produtor de alta tecnologia do Nordeste brasileiro, mas para isso precisamos de mais ação e menos palavras.

Quando foi anunciado o interesse de montar o instituto em Natal,muitos duvidaram.O sucesso do empreendimento é uma prova de que a distância geográfica e a carência econômica do Estado não são barreiras intransponíveis? Não há dúvida. Acho que sete anos depois, após ter percorrido o Brasil inteiro e o mundo falando sobre Natal, a demonstração é categórica. O grande exemplo dado é exatamente o que você citou: não existe limitação geográfica para se criar um centro de excelência no Brasil, porque o potencial humano existe em qualquer lugar. O que falta são apenas oportunidades. O instituto ofereceu essas oportunidades e agora temos muitas histórias de sucesso para contar. Centros de pesquisa como o instituto podem fomentar a economia de um Estado como o Rio Grande do Norte? Ah, sim. E já está fazendo isso. Com a expansão do instituto e a criação do Campus do Cérebro, em Macaíba, estamos trazendo investimentos do Governo Federal, dos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, criando empregos. E a expectativa é continuar pondo em prática o plano original. Estamos na fase 2 e queremos chegar à fase 3, quando vamos demonstrar que a economia do Rio Grande do Norte pode ser transformada através da ciência. A ideia é reunir, no futuro, unidades que atendam os estudantes desde a gestação,berçário, educação infantil, básica, superior, até a pós-graduação. É importante projetos que trabalhem pensando no passado e no futuro desse estudante? A ideia é exatamente essa. Estamos implementando um projeto que a gente chama de educação para toda vida. Começa com o pré-natal das mães grávidas dos nossos futuros alunos, depois atenderemos eles no berçário, maternal, na escola regular que vai permitir ensino de tempo integral a 1.200 crianças da região, e daí vamos continuar na educação científica, para essas crianças poderem entrar na

Internacionalmente,há interesse sobre o instituto? Para você ter uma ideia, há duas semanas fui convidado a falar na Kennedy School of Government, de Harvard, (Escola Kennedy de Políticas Públicas de Harvard - EUA), uma das melhores escolas de políticas públicas do mundo, e o convite foi para falar sobre Natal. Os próprios americanos estão chocados com a rapidez e o sucesso dessa iniciativa. A maior universidade do mundo decidiu que era importante, fundamental, ouvir uma palestra sobre o projeto de Natal. Isso muito poucas pessoas no Brasil sabem. Um mês atrás estava no Egito falando sobre minha pesquisa, mas também sobre o projeto de Natal. Então já é um projeto conhecido no mundo inteiro.

I

dealizador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, junto com Sidarta Ribeiro e Cláudio Mello, o cientista Miguel Nicolelis, de 49 anos, é considerado um dos maiores pesquisadores do planeta, sendo inclusive cotado para ganhar o prêmio Nobel, devido aos seus estudos na área do tratamento do Mal de Parkinson e com as chamadas próteses inteligentes. Paulista de nascimento, ele sempre deixou claro que a escolha de Natal para sediar o IINN foi uma forma de descentralizar a produção científica no Brasil. Nicolelis atualmente coordena pesquisas em neurociências na Universidade de Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos, e trabalha em parceria com os pesquisadores do instituto em Natal.

universidade, a federal de preferência, ou em qualquer uma do País e do mundo, pois estarão preparadas para irem a qualquer lugar e também a contribuírem com sua comunidade. Os empresários,no Brasil,têm se aproximado das universidades, dos centros de pesquisa, e percebido o potencial de talentos e de inovação dessas instituições? O poder privado brasileiro ainda está engatinhando em relação, por exemplo, ao dos Estados Unidos, ou mesmo o da Europa. É preciso que entenda que, a longo prazo, investir em formação de recursos humanos, pesquisa e tecnologia, é investir na própria empresa. Estamos começando a conversar com as industrias do Rio Grande do Norte, que estão nos ajudando em algumas ideias, mas é fundamental empresários de visão, que pensem em contribuir para o País, porque o projeto de Natal é estratégico para eles também. Vamos formar futuros executivos e funcionários, para as empresas brasileiras. E a academia tem se mostrado aberta às parceria com a iniciativa privada, ou ainda há certo preconceito? É possível trabalhar pesquisa científica aliada a interesses mercadológicos? Essa é uma questão colocada no mundo inteiro. Todas as universidades do mundo estão entendendo que têm de se abrir, mas por outro lado também é válida a discussão de que os empresários têm de entender que a pesquisa básica é fundamental. A Apple não criou o iPod, o iPad, sem ter centenas de pessoas trabalhando sem a pressão de ter de produzir algu-

ma coisa. Houve muita pesquisa básica para que esses produtos pudessem chegar ao mercado e serem sucesso. Precisa ter gente, em um país como o Brasil, que seja paga especificamente para pensar. E nós vamos ter. Posso dizer com categoria que alguns dos estudantes de nossas escolas, em Natal e Macaíba, vão ser cientistas do futuro. Estamos ampliando nossas escolas e queremos chegar até 2 mil crianças, mas meu sonho é ter um milhão de crianças, espalhadas pelo Brasil, dentro desse programa. O centro de saúde em Macaíba faz parte do SUS e funciona. O instituto quer mostrar que serviços públicos, inclusive em educação, podem ter qualidade? Claro, sem dúvida nenhuma. O único problema é que precisamos de gente com visão no poder público. O Ministério da Educação está nos ajudando exaustivamente porque o ministro da Educação tem visão, uma visão única na história do Brasil. Haddad pensa no futuro, mesmo para quando ele não for mais ministro. A mesma coisa o reitor da UFRN (Ivonildo Rego). Ele aposta em nosso projeto, já sabendo que alguns resultados vão surgir só depois que ele deixar de ser reitor. O que precisamos era ter o mesmo tipo de filosofia em mais pessoas, como nos políticos do estado e de toda região, que eles prestassem atenção no futuro, na criação de um futuro para as crianças que ainda nem nasceram. Ouvimos muitas coisas, conseguimos muitas coisas com o Governo do Estado, como a estrada que foi construída para o campus, mas ainda falta o apoio político definitivo do estado do Rio

Grande do Norte e dos representantes do estado no Governo Federal. Se tivéssemos lançado o instituto em São Paulo, imagina o apoio que estaríamos recebendo. Toda delegação paulista no Governo Federal estaria lá nos ajudando a conseguir mais recursos, mais projetos, mas não temos o mesmo respaldo na classe política do Rio Grande do Norte.

É PRECISO QUE SE ENTENDA QUE INVESTIR NA FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS, PESQUISA E TECNOLOGIA É INVESTIR NA PRÓPRIA EMPRESA”

E a grande necessidade atual são recursos para o Campus do Cérebro? Isso. E temos ainda de terminar a nossa fase 3 que é criar a Cidade do Cérebro, um parque científico e tecnológico, que gere riquezas e sustentação econômica para todo o projeto. Para isso, dependemos do apoio da classe política, sem divisões partidária, pois esse projeto é para o estado e para o Nordeste. A bancada nordestina precisa se mobilizar, porque é algo que pode se espalhar pela região e modificar a realidade do Nordeste, que hoje considero minha casa, minha moradia no Brasil. E como seria essa Cidade do Cérebro? Seria localizada entre o Campus do Cérebro (Macaíba) e o aeDEPENDEMOS DO roporto de São Gonçalo. Incluindo um parque tecnológico de al- APOIO DA CLASSE to nível, como os do Vale do Silí- POLÍTICA.ESSE cio, na Califórnia. Incluiria toda PROJETO É PARA O uma área de cultura e de celebração da história do Brasil, sobre o ESTADO E PARA O cérebro, a inovação brasileira. In- NORDESTE.A cluiria todos os aspectos que deBANCADA PRECISA SE finem hoje, no mundo, uma cidade da ciência, que o brasil ain- MOBILIZAR ” da não possui, mas tem todas as condições de possuir. Para isso necessitamos de apoio de verdade, MIGUEL NICOLELIS pois estamos falando em investi- Cientista e pesquisador

Há parceiros estrangeiros interessados em apoiar? Já temos diversos parceiros internacionais, como universidades e fundações. E qual o próximo grande passo: ampliar as escolas, erguer o Campus do Cérebro,trazer o supercomputador para o Rio Grande do Norte? O grade passo é viabilizar o Campus do Cérebro, não só para o Instituto de Neurociência, mas também para outras iniciativas. O supercomputador vai nos ajudar a alavancar algumas delas. Temos planos muito avançados. Estamos trazendo o supercomputador, mas a burocracia é enorme para a importação dessa máquina, mesmo porque é uma doação do governo suíço, algo realmente inédito na história do Brasil. O que queremos é criar novas iniciativas dentro do Campus do Cérebro que capitalizem a integração com a comunidade de Macaíba, ofereçam mais oportunidades para as crianças, demonstrem que a ciência pode transformar a realidade social daquela região e também começar a transformar o perfil econômico. Em seu entender,a maior carência da educação brasileira hoje é estrutural e financeira, ou a falta de foco? Acho que a educação brasileira teve um salto de relevância histórica, nos últimos anos. O atual ministro tem visão a longo prazo e a educação passou a se preocupar com a agenda da sociedade brasileira. Agora, a nossa questão não é nem financeira. A nossa questão é de formação de pessoal, professores, criar uma filosofia de ensino na qual as pessoas se sintam envolvidas por um amor incondicional nas escolas. As crianças pensem na escola como um parque de diversões, um lugar que ela quer ir todo dia, onde é protegida, pode desenvolver seu potencial, pode aprender e ensinar. Pode participar de uma comunidade e se transformar em um cidadão. É um outro conceito de escola. A escola como formadora dos cidadãos do país.


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NATAL • RIO GRANDE DO NORTE DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

PROJETO DEVE SE TORNAR REFERÊNCIA EM TI A intenção da UFRN é criar no Estado um grande polo de inovação na área de tecnologia de informação e para isso estão sendo construídos laboratórios, salas de aula e prédios onde serão ministradas as aulas para estudantes a partir do ensino médio liar pesquisa de ponta com ensino de qualidade, abrindo a UFRN à inclusão de alunos da Educação Básica e também à iniciativa privada, sem esquecer de estimular um segmento de mercado em expansão na economia mundial. Os objetivos do “Metrópole Digital” são ousados, mas são também proporcionais aos investimentos que o projeto prevê e à estrutura a ser montada dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A

Dois prédios, um deles o maior do campus, devem ser concluídos em 2011 para sediar laboratórios, salas de aula e empresas da área de tecnologia da informação (TI), tornando-se um marco na aproximação entre a universidade, o Ensino Médio e o mercado. Antes mesmo da estrutura pronta, o Metrópole vem se desenvolvendo. Os primeiros 1.200 alunos, com Ensino Fundamental completo, já participam das turmas iniciais do projeto.

Eles irão, durante todo o ano, receber capacitação para atuarem na área de tecnologia. O curso, no entanto é apenas o primeiro passo da proposta geral, que prevê diversas outras ações de formação e qualificação de mão-deobra, além da atração de empresas de tecnologia e informática para o Rio Grande do Norte, com vistas ao desenvolvimento do segmento no estado, abrindo espaço também para uma melhor capacitação dos alunos da própria UFRN que atuam em cursos rela-

cionados ao assunto. Os 1.200 alunos do Metrópole Digital têm entre 14 e 18 anos e passaram por uma seleção que contou com 7 mil inscritos. Os selecionados têm direito uma bolsa mensal no valor de R$ 160, durante a duração do curso (10 meses), e aprenderão sobre disciplinas como Matemática, Lógica de Programação, Sistemas Operacionais e até mesmo Inglês, totalizando 952 horas/aula. A maior parte é a distância, pela Internet, ou em modulos. Ocorre somente

uma reunião semanal de quatro horas. O grupo foi dividido em 26 turmas e cada uma define o melhor local e horário do encontro presencial. A aula inaugural ocorreu em março. Após um período introdutório que serviu para apresentar o projeto aos participantes. Em abril teve início o Módulo Avançado, no qual todos terão lições sobre assuntos como Desenvolvimento, Banco de Dados e Redes. A partir de outubro, ou novembro, será dado início ao ter-

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ceiro e último módulo, quando os alunos serão divididos em duas turmas: uma de 240 com ênfase em Eletrônica e outras de 960 voltados para Desenvolvimento Web. “Os que irão para a área de eletrônica vão ter aulas presenciais, devido à necessidade de trabalhar nos laboratórios, enquanto os demais continuam no ensino a distância. Na hora de escolher, terão prioridade aqueles que demonstrarem os melhores resultado no módulo anterior”, aponta o professor Marcel Oliveira, que atua junto à área de Engenharia de Softwares. O novo curso da UFRN em Engenharia de Softwares, aliás, é o que está mais diretamente ligado ao Metrópole Digital e irá utilizar a estrutura do projeto. Porém, a intenção é reunir nos laboratórios, salas de aula e empresas, os estudantes de graduação, pós-graduação, professores e pesquisadores dos mais diversos cursos da universidade, sobretudo os voltados para a área de tecnologia da informação.

OBRAS SERÃO INICIADAS ESTE ANO

O projeto Metrópole Digital deve criar um polo de tecnologia de informação envolvendo desde alunos do ensino fundamental até pesquisadores e grandes empresas da área

TURMAS JÁ PARTICIPAM DAS AULAS As 26 turmas formadas pelos 1.200 alunos do curso inicial do Metrópole Digital vêm se reunindo semanalmente, em espaços como o IFRN, ou no Centro de Tecnologias em Informática Aluízio Alves, do Senai. “E estamos fechando parcerias com outras instituições”, enfatiza o gerente administrativo do projeto, Joaz Santana. Nos encontros eles cumprem as quatro horas presenciais do curso. No restante do tempo (o trabalho é feito prevendo 20 horas de dedicação semanal) os estudantes acompanham as aulas via Internet e executando as tarefas e estudos repassados pelos professores. Além dos docentes, o acompanhamento das turmas é feito por tutores, alunos de pós-graduação,

e monitores ligados à área de informática, ciências da computação, engenharia da computação, engenharia elétrica, entre outras áreas da UFRN. Nas quatro horas presenciais, os estudantes recebem tarefas, discutem o conteúdo e esclarecem possíveis dúvidas. Na inscrição os candidatos já apontavam quais os melhores horários para se reunirem e nas primeiras semanas do curso também tiveram direito de mudar de turma, caso os horários fossem incompatíveis. De acordo com o professor Pablo Javier Alsina, que atua na área de Robótica, os dois campos de atuação a serem escolhidos pelos alunos na etapa final do curso (Eletrônica e Desenvolvimento Web) podem vir a ser ampliados

no futuro. “Primeiro vamos fazer uma avaliação, afinal este é um piloto, para definir se há necessidade de criar mais opções. Isso vai depender muito da demanda local do mercado”, explica. Das vagas abertas pelo Metrópole, 70% foram reservadas para alunos da escola pública. “Fizemos um levantamento na matrícula deles, a respeito do acesso à Internet, e nos surpreendemos com o fato de que sete em cada 10 têm alguma forma de acesso à Internet”, aponta Marcel Oliveira. Os que não possuem conexão em casa, geralmente utilizam a das escolas, ou dos telecentros comunitários. “A medida que o projeto for avançando vamos estabelecendo os convênios, visando sobretudo

um melhor acesso”, reforça o coordenador-geral do Metrópole Digital, Adrião Duarte. Para Joaz Santana, tem sido uma prova da viabilidade do projeto o fato de o curso vir funcionando, com sucesso, mesmo sem os prédios. “Eles vão abrigar toda estrutura, mas já estamos formando pessoal independente deles”, destaca. Pablo Javier, por sua vez, lembra que outros aspectos do projeto também vêm sendo desenvolvidos. “Estamos buscando as empresas para fazer parcerias e atraí-las para se somar ao Metrópole Digital”, revela. Com tudo isso, a expectativa do professor é de que a demanda dos alunos pelas vagas do próximo ano aumente. “Ano passado fomos nas escolas explicar o que era o projeto, mas agora com o boca-a-boca certamente a divulgação vai ser ainda maior”, prevê.

A MEDIDA QUE O PROJETO FOR AVANÇANDO,VAMOS ESTABELECENDO CONVÊNIOS E AMPLIANDO O ACESSO” ADRIÃO DUARTE Coordenador-geral do projeto

A equipe de professores e técnicos responsáveis pelo projeto se reúne para fazer avaliações e traçar metas para os próximos anos

Centro Integrado de Vocação Tecnológica (CIVT) e Núcleo de Pesquisa de Inovação e Tecnologia da Informação (Npiti) são os nomes dos dois prédios que serão erguidos no campus da UFRN para o funcionamento do Metrópole Digital. O investimento é de cerca de R$ 42 milhões e a expectativa é de início das obras ainda em 2010 e conclusão até o final de 2011. “Mas nosso objetivo é que eles já estejam prontos no meio do próximo ano”, aponta o coordenador-geral do projeto, Adrião Duarte. O CIVT será erguido próximo ao Restaurante Universitário e servirá como centro de identificação de talentos, recebendo principalmente as atividades de estudos, pesquisas e desenvolvimento de projetos, além do curso de Engenharia de Softwares. Com mais de 8 mil m2 vai ser o maior prédio do campus. Já o Npiti, localizado próximo ao Centro de Tecnologias (CT), vai ser destinado à incubação de empresas e às áreas voltadas à pesquisa e produção de hardwares, envolvendo robótica, sistemas inteligentes e sistemas embarcados. “Uma de nossas preocupações para uma segunda fase é aumentar a abrangência do projeto investindo na parte de conectividade e também integrando as atividades do Metrópole às ações de pesquisa, inovação tecnológica e às graduações da UFRN”, diz Adrião Duarte. Além da participação dos alunos de graduação, pós e de professores da universidade, os estudantes dos cursos voltados ao Ensino Médio também poderão participar das pesquisas, estágios e até das empresas que nascerem na “incubadora” que integra o projeto. Adrião Duarte lembra que além de fornecer mão-de-obra para o setor de Tecnologia da Informação, no qual há milhares de vagas em todo o País, a atração e incubação de empresas pelo Metrópole irão fortalecer o mercado local no setor de informática e de outros segmentos relacionados. “Queremos identificar talentos e estimular o empreendedorismo”, acrescenta. Ele lembra que profissionais da área de TI podem obter empregos nas mais variadas áreas, como a de Medicina, Engenharia, Comunicações e muito mais. Outra opção é os participantes do curso darem continuidade à formação, ingressando no Ensino Superior, ou ampliando seus currículos com novos cursos de capacitação. “Nosso foco é inovação tecnológica, mas é também um trabalho de inclusão social. Já temos um bom número de empresas de TI em nossa região e não necessariamente elas terão de se mudar para os novos prédios, para poderem se integrar ao projeto”, esclarece.


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NATAL • RIO GRANDE DO NORTE DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

Motores do RN EDUCAÇÃO


Motores do RN EDUCAÇÃO

FORTALECENDO OS PILARES

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

AÇÕES DE INCLUSÃO GANHAM ESPAÇO

EDUCAÇÃO SUPERIOR Realidade das faculdades e universidade brasileiras hoje Matrículas em Educação Superior Alunos que ingressaram em 2008 Brasil 1.873.806 Públicas 352.615 Privadas 1.521.191

Matrículas por turno Geral Diurno

49%

Noturno

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte se fortalece, expande oferta de vagas,reformula programas e se torna referência regional em ensino, pesquisa e extensão nsino, pesquisa e extensão são as funções básicas de uma universidade. Desde seu surgimento, em 1958, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte ganhou fama pelo ensino de qualidade e desenvolveu com competência ações de extensão, ou seja, as mais variadas iniciativas de apoio à comunidade. Nos últimos anos, foi a vez de fortalecer o terceiro pilar. “A UFRN sempre foi uma universidade de ensino e extensão, desde sua origem, mas foi nesse período de 1995 para cá que se tornou uma universidade de pesquisa”, aponta o reitor Ivonildo Rego. Em seu entender, hoje a pesquisa é uma prática institucionalizada e os números demonstram a expansão dessa modalidade de atuação dentro da universidade. “O tamanho da pós-graduação stricto senso revela claramente: há 15 anos tínhamos 15 cursos de mestrado e doutorado e 370 alunos nesses cursos. Hoje são 74 (28 doutorados e 46 mestrados), com 3.600 alunos”, compara. O resultado é fruto de processos de expansão que se intensificaram nos últimos anos, através de parcerias estratégicas e do Programa de Reestruturação da Universidades Federais (Reuni). O reitor considera o crescimento atual da universidade o mais significativo dos 52 anos de história da instituição. E o fortalecimento da área de pesquisa não significou relegar os dois pilares restantes. Os projetos e programas de

E

DADOS DA PÓSGRADUAÇÃO REVELAM QUE HÁ 15 ANOS TÍNHAMOS 15 CURSOS DE MESTRADO E DOUTORADO E 370 ALUNOS.HOJE SÃO 74 CURSOS - 28 DOUTORADOS E 46 MESTRADOS - E CERCA DE 3,6 MIL ALUNOS MATRICULADOS” IVONILDO RÊGO

Reitor da UFRN

extensão têm se multiplicado, assim como as opções de ensino, já que hoje a UFRN oferece 73 cursos de graduação (75 a partir do próximo vestibular) e abre nada menos de 6.300 vagas anuais, contra as 1.900 que eram oferecidas 15 anos atrás. Outro dado relevante é a ampliação na quantidade de professores, sobretudo com doutorado. Em 1995 havia 240 professores-

doutores na UFRN e hoje este número ultrapassa os 1.200. “Temos investido na qualificação dos docentes e ampliamos enormemente as possibilidades de acesso ao Ensino Superior, mais que multiplicando por três as vagas do vestibular. Somente nos últimos dois anos foram 2.600 vagas a mais”, enfatiza Ivonildo Rego. São 23 novos cursos e, com isso, dos 30 mil alunos que a universidade contabilizava em 2007, a expectativa é chegar a 45 mil, ao fim do atual ciclo, quando os cursos recém-criados começarem a forma suas primeiras turmas, por volta de 2013, ou 2014. “E não é um projeto só de expansão, é também de reestruturação, de fortalecimento da universidade.” Nesse sentido, o Reuni abriu a possibilidade da construção de novos prédios, compra de equipamentos e outros investimentos que, somados, atingiam inicialmente o valor de R$ 82 milhões, mas a cifra já alcançou os R$ 110 milhões. O programa inclui ainda a contratação de 400 docentes e 450 servidores técnicos, reforçando o quadro de pessoal da instituição. “A grande conquista neste período foi exatamente mostrar que era possível fazer expansão quantitativa, aliando a uma expansão qualitativa”, resume Ivonildo Rego. Ele aponta um dado que ratifica sua opinião: na última avaliação do Ministério da Educação (MEC) a UFRN foi considerada a segunda melhor universidade do Norte/Nordeste.

ENEM DEVE SE SOMAR AO VESTIBULAR A opinião do reitor da UFRN, Ivonildo Rego, é clara. Ele apoia “fortemente” a adoção de um processo de seleção único, através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Contudo, isso não representa abrir mão de um processo seletivo próprio. “A UFRN tem um processo de seleção muito respeitado e nosso exame tem uma parte importante que é o conjunto de provas dissertativas. Uma tendência, então, é termos o Enem como uma primeira fase de nosso

vestibular”, admite. Este ano, porém, a tendência ainda não se concretizou. A instituição decidiu promover a convergência do vestibular com o Enem, primeiro unificando a matriz de conteúdos. “O aluno que se preparar para o vestibular vai fazer bem o Enem e vice-versa”, aponta. No entanto, o conteúdo regional não será abandonado pela UFRN. A outra forma de convergência foi oferecer as vagas de seis cursos através do Enem, a partir do Sistema

Na área biomédica, instituição é referência em diversos cursos

REFERÊNCIA INTERNACIONAL A economia do Rio Grande do Norte é apenas a 18ª do País e a população representa menos de 2% do total de brasileiros. Essas limitações, porém, não impediram a UFRN de alçar voos além dos limites do estado e se tornar, hoje, uma referência nacional e até mesmo internacional. A universidade é a grande parceira de institutos internacionais como o de Neurociência de Natal (IINN) e o de Física (IIF), além de ter se tornado centro de

excelência em áreas como a de petróleo e gás. “Em petróleo e gás, somos a única fora do eixo Rio-São Paulo que conta com mestrado e doutorado”, exemplifica Ivonildo Rego. A expectativa da Reitoria é que somente os projetos estratégicos desenvolvidos com os institutos e através de parcerias com empresas como a Petrobras representem investimentos superiores aos do próprio Reuni. A estatal do petróleo fi-

de Seleção Unificada (Sisu). Na lista estão Zootecnia, Engenharia Florestal, Agronomia, Geofísica, Engenharia de Softwares e o Tecnólogo em Gestão Hospitalar. “A entrada das universidades federais vai dar uma nova dimensão ao Enem e o exame se tornará um instrumento de avaliação das escolas de Ensino Médio. E ter um bom processo de avaliação é o primeiro caminho para estabelecer políticas públicas de qualidade”, enfatiza.

Rio Grande do Norte Públicas Privadas

24.370 9.107 15.263

Candidatos X Vagas Brasil Vagas oferecidas 2.985.137 Candidatos inscritos 5.534.689 Relação candidato/vaga 1,9 Públicas 7,1 Privadas 1,2 Rio Grande do Norte Vagas oferecidas Candidatos inscritos Relação candidato/vaga Públicas Privadas

29.224 87.634 3,0 7,6 1,3

Total

Brasil 1.273.965 (25%)

RN 33.067 (49%)

3.806.091 (75%)

34.421 (51%)

5.080.056

67.488

Alunos por tipo de instituição Rio Grande do Norte Universidades 50.786 Faculdades 15.047 Cefet/Ifets 1.655 Alunos por localização Rio Grande do Norte Natal

48.549 (72%)

Interior

18.939 (28%)

Cursos com maior número de alunos Brasil 1º Administração 2º Direito 3º Pedagogia 4º Enfermagem 5º Ciênc.Contábeis 6º Comunicação Social 7º Letras 8º Psicologia 9º Fisioterapia 10º Educação Física

714.489 638.741 278.677 216.245 204.553 176.172 121.813 113.269 105.421 100.632

Públicas Diurno

61%

Noturno

39% Privadas Diurno

38% Noturno

62% Matrículas por sexo Brasil

%

Masculino

2.307.228

45%

Feminino

2.772.828

55% %

Masculino

31.605

47%

Feminino

35.883

53%

Cursos em Educação Superior Presenciais Brasil Total Universidades Centros Universitários Faculdades Cefet/Ifets

24.719 12.351 3.238 8.725 405

Rio Grande do Norte Total Universidades Faculdades Cefet/Ifets

294 201 77 16

Cursos no Brasil Por área Educação

6.242 (25%)

Humanidades e artes

1.138

Ciências Sociais, Negócios e Direito

7.426 (30%)

(5%)

Ciências,Matemática e Computação 2.786 (11%) Engenharia,produção e construção 2.247

(9%)

Agricultura e veterinária

(3%)

690

Saúde e bem estar social

3.085 (12%)

Serviços

1.105

(5%)

Matrículas por turno

Cursos mais comuns no país

Geral Diurno

1º Administração

1.809

2º Pedagogia

1.636

3º Direito

1.080

Noturno

37% 63%

Públicas Diurno

62%

Noturno

38% Privadas Diurno Noturno

4º Letras

912

5º Ciências contábeis

984

Cursos à distância Cursos

Matrículas

647

727.961

6

2.490

29% 71%

Fonte: Inep (2008)

A biblioteca Zila Mamede tem um dos maiores acervos do Estado

nancia mais de 30 laboratórios na UFRN, que envolvem cerca de 200 professores e mais de 500 alunos. “E abrangem as mais diferentes áreas. Temos desde Direito do Petróleo, passando pela área de Biologia, até cursos tradicionais do setor, como as engenharias, Física, Informática”, lista o reitor. Um dos sete núcleos de excelência da Petrobras será erguido no Rio Grande do Norte, voltado para o processamento e reuso de água e resíduos. O prédio será inaugurado ainda este ano e vai ser o maior da universidade. “Com a Petrobras, abrimos espaço para parcerias com outras empresas da indústria de petróleo e de

51%

Rio Grande do Norte

Alunos (matrículas)

outros segmentos, como informática”, aponta. E é na área de informática onde muitos investimentos também vêm ocorrendo. O projeto Metrópole Digital pretende estimular a criação, no Rio Grande do Norte, de um grande polo de inovação na área de tecnologia da informação, com direito a edifícios que, quando concluídos, passarão a ser os maiores do campus central. “O Metrópole Digital é fruto de uma emenda do deputado Rogério Marinho e a universidade abraçou e adotou a iniciativa, que hoje virou um grande projeto institucional, de interesse estratégico, com investimentos previstos de R$

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Uma das vertentes do Reuni é o incentivo à inclusão de estudantes carentes nas universidades federais. Para isso, uma das medidas adotadas é priorizar os cursos noturnos, que permitem aos alunos conciliar estudos e trabalho. Há ainda fortes investimentos em assistência aos universitários de baixa renda. “Estamos ampliando o restaurante universitário, as residências, o número de bolsas. Queremos que o aluno entre na universidade e tenha condições de permanecer”, diz Ivonildo Rego. O trabalho é amplo e inclui desde iniciativas pedagógicas para que os alunos com deficiências trazidas da Educação Básica possam recuperar os estudos e se nivelar aos demais, passando pela concessão de bolsas e chegando à adoção do Argumento de Inclusão no vestibular. “Temos nas residências universitárias cerca de 600 alunos, com bolsa alimentação são mais uns 800 e ultrapassa mil os que recebem bolsa por serem carentes. Estamos trabalhando para que todos alunos carentes tenham bolsas e nenhum abandone o curso por conta de sua condição socioeconômica.” Ivonildo Rego entende que o processo de elitização das universidades federais só se reverterá, em definitivo, quando da melhoria da escola pública. “No meu tempo, dos 30 jovens da Casa do Estudante, basicamente vindos de escola pública, que fizeram vestibular para engenharia, passaram 28. Hoje não é assim”, lamenta, reconhecendo que a melhoria do ensino público Fundamental e Médio é um processo de longo prazo. Até essa mudança ocorrer, a universidade tem optado por uma política de incentivo, através do Argumento de Inclusão. “Aliamos a condição socioeconômica ao mérito, oferecendo ao estudante da escola pública um bônus de 10% no argumento final, depois de ele ter passado na primeira fase (e obter uma pontuação mínima na segunda)”, ressalta o reitor. Graças ao instrumento, 25 alunos, do total de 100 da turma de Medicina que ingressa este ao, vieram da rede pública. O sucesso do Argumento de Inclusão tem afastado a UFRN da necessidade de políticas afirmativas mais radicais, como a adoção das cotas. Questionado se a curto prazo a universidade poderia reservar percentuais de suas vagas para a escola pública, ou mesmo aplicar as cotas raciais, o reitor é claro: “Não, a nossa experiência já é de cinco anos (com o Argumento de Inclusão) e o que a gente quer é aperfeiçoar esse processo.”

Reitor Ivonildo Rêgo comenta importância do Reuni para a UFRN

42 milhões”, revela. Já foram selecionados 1.200 alunos de 14 a 18 anos, da educação básica, para formar a primeira turma, cujas aulas se iniciaram em março. Além do ensino, o projeto prevê a atração de empresas para dentro da estrutura da Metrópole e também o incentivo à incubação de novas empresas, por parte dos alunos de educação básica e das graduações e pós-graduações, que irão interagir na nova estrutura. “De forma resumida, é um projeto que forma recursos humanos para toda a cadeia da indústria de informática e vai, de fato, gerar empregos e um polo industrial nes-

ta área”, comemora. Em relação ao Instituto de Neurociências, estão sendo investidos mais de R$ 50 milhões para viabilizar a primeira etapa do que tem sido chamado de Campus do Cérebro, que vai funcionar próximo à Escola Agrícola de Jundiaí, em Macaíba. Já o Instituto Internacional de Física ganhará também uma ampla estrutura própria. “Para responder aos grandes desafios que o estado enfrenta, precisamos estar na vanguarda do conhecimento. Temos de internacionalizar a universidade e os institutos de Neurociências e de Física são esforços importantes”, conclui.


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O MOMENTO DA CONSOLIDAÇÃO A democratização do ensino superior passa necessariamente pela ampliação de vagas nas instituições privadas, e com quase 30 anos de experiência, a UnP se consolida como importante peça no crescimento da escolaridade dos potiguares urante décadas a Universidade Potiguar teve de enfrentar o pré-conceito do mercado em relação às instituições privadas de Educação Superior. Porém, após 29 anos de atuação, a barreira já parece superada e agora o objetivo da UNP é fortalecer seu papel no ensino e no próprio desenvolvimento do Rio Grande do Norte. “Quando o trabalho é bem feito, o pré-conceito é eliminado e dá lugar ao

D

conceito que se cria em cima de fatos reais. Não é a natureza da instituição que diz da sua qualidade, mas o trabalho que desempenha e os esforços para atingir sua atividade fim”, diz a reitora Sâmela Gomes. O alto nível de empregabilidade dos egressos, o bom desempenho desses alunos em seleções de mestrados e doutorados por todo o Brasil, além da forte sintonia com o mercado, são fatores posi-

tivos que refletem esses esforços. “Há 20 anos, no Rio Grande do Norte, toda base da educação superior se concentrava na UFRN. Hoje, o estado cresce muito e em alguns itens até mais que a média nacional. E hoje temos uma oferta maior de instituições e de cursos, ligados aos segmentos de mercado, então começamos a ver que uma coisa está entrelaçada à outra”, analisa. A reitora não considera este o

único pilar, mas certamente um dos pilares que resultaram no desenvolvimento do estado. Ela cita como exemplo a experiência dos países que vêm despontando na economia mundial e têm, em comum, a preocupação em oferecer ensino de qualidade, inclusive em Educação Superior, a um número cada vez maior de pessoas. “Se a gente vir países da Ásia, os Estados Unidos e alguns países da Europa, o desenvolvimento desses

países tem muito a ver com reformas de ensino eficazes.” Sâmela Gomes ressalta que a boa administração tanto no poder público, quanto na iniciativa privada, têm uma necessidade em comum: contar com pessoas de elevada capacidade técnica, preparadas por instituições com potencial para desenvolver ciência, tecnologia e, ao mesmo tempo, formar cidadãos. “Sem isso, não se consegue administrar uma política de estado

e muito menos alavancar o desenvolvimento econômico”, alerta. É nesse sentido que a reitora pretende ver a Universidade Potiguar atuando, ou seja, atendendo às demandas do poder público e do mercado por profissionais de qualidade e estimulando o desenvolvimento através das ações de extensão e pesquisa. Hoje, os critérios de abertura de novos cursos supera a simples relação custo-benefício e assume uma visão mais ampla sobre os potenciais regionais. Um exemplo é a abertura do curso de Cinema. “Muita gente pode questionar se existe mercado atualmente, mas a abertura do curso já é exatamente uma forma de incentivar o desenvolvimento de um mercado em potencial. Queremos chamar atenção para a necessidade da ampliação desse mercado, que já se desenvolve em estados como Pernambuco, onde há uma política muito forte no campo da cultura e da arte”, exemplifica.

DEMOCRATIZAR O ENSINO SUPERIOR

O investimento da UnP é focado em dois aspectos principais: dotar os campi de boa estrutura para os alunos e programa de estímulo à qualificação de professores

CRESCIMENTO INCLUI ESTRUTURA E QUALIFICAÇÃO

NÃO ADIANTA TER O DOMÍNIO DO CONTEÚDO SE ELE NÃO CONSEGUE ADMINISTRAR BEM A SALA DE AULA” SÂMELA GOMES

Reitora da UnP

O aumento no número de cursos e de alunos da Universidade Potiguar se baseia em um trabalho de expansão que inclui desde a parte física da instituição, até a melhoria da qualificação dos professores. “Temos um grande investimento em estrutura física, como na expansão do campus Zona Sul (na avenida Roberto Freire), para acomodar novos cursos e também turmas de cursos antigos. E ainda estamos investindo em novos laboratórios e salas de aulas nos demais campi”, explica Sâmela Gomes. Já com relação aos docentes tem sido adotada uma seleção cada vez mais rigorosa, que leva em conta

a avaliação não apenas do conhecimento sobre os assuntos a serem ministrados. “Não adianta apenas ter domínio do conteúdo, ou um pós-doutorado, ser um excelente pesquisador, se ele não consegue administrar bem uma sala de aula. Habilidades como a capacidade de solucionar bem situações de conflito, uma boa comunicação, a oratória, tudo isso é avaliado.” Para os professores graduados, a universidade abriu uma pósgraduação em Docência no Ensino Superior. “Investirmos no corpo docente, com este curso gratuito, para que eles nos deem um retorno e possamos formar melhor nossos alunos. A partir de

FALHAS NO ENSINO BÁSICO PRECISAM SER CORRIGIDAS Uma das principais dificuldades na Educação Superior é preencher as lacunas deixadas por uma má qualidade de ensino, ao longo da vida escolar dos estudantes, e permitir que eles possam avançar em igualdade de condições com os colegas. “Temos uma preocupação com as carências trazidas da Educação Básica, e não só do ensino público. Muitas vezes o aluno não desenvolve habilidades psicossociais, raciocínio lógico, algumas coisas absolutamente importantes na Educação Superior. Na maioria das escolas, o conteúdo é apresentado sem aplicabilidade, o que provoca essa deficiência”, diz

Sâmela Gomes. Para combater o problema, a UNP incluiu a disciplina de Introdução à Educação Superior, ministrada em todos os cursos. As aulas, logo no semestre inicial, servem para o estudante se situar na nova fase de formação acadêmica. A retomada de conteúdos do Ensino Médio também é uma constante em outras disciplinas, nas quais a carência de conhecimentos básicos possa prejudicar o aprendizado. Ao contrário do que se possa esperar, os estudantes de escola pública que ingressam na instituição através do Programa Universidade para Todos estão entre

agora, todos professores vão ser, no mínimo, especialistas”, afirma, acrescentando os incentivos oferecidos em forma de prêmios de inovação, extensão e pesquisa. A UNP já conta, também, com um núcleo de apoio psicopedagógico, para atender demandas dos alunos e professores, no que diz respeito a todos os problemas relacionados ao processo de ensinoaprendizagem, ou até mesmo contribuir na elaboração das disciplinas, sugerindo, por exemplo, atividades didáticas que possam facilitar a transmissão do conteúdo. Todo esse trabalho vem assegurando a manutenção da qualidade, em meio ao crescimento contínuo na quantidade de alunos da instituição. Atualmente são cerca de 31 mil, sendo cinco mil na pós-graduação e 26 mil em 51 cursos de graduação.

os de melhor desempenho. “Os alunos vindo do Prouni se esforçam demais, enfrentam os desafios e isso faz com que tenham um desempenho altíssimo”, aponta a reitora. A formação destes e dos demais universitários também inclui, cada vez mais, a atenção à comunidade na qual a universidade está inserida. “O meu maior orgulho é a relação que temos com a comunidade. Sala de aula, livro, biblioteca e laboratório não dão a noção do que é o mundo profissional na realidade. Os projetos de responsabilidade social da UNP permitem ao estudante uma vivência importante, para que faça sentido o que estão aprendendo em sala de aula. Além disso, são serviços importantes para a comunidade, em áreas como a Fisioterapia, Psicologia, Direito”, ressalta.

FISCALIZAÇÃO É FUNDAMENTAL PARA GARANTIR QUALIDADE A reitora da UNP, Sâmela Gomes, aponta que entre as medidas que podem ser tomadas pelo poder público, para garantir a qualidade na Educação Superior, está o aumento da fiscalização sobre as instituições.“É preciso que seja rígida, para que se sustentem somente aquelas que fazem um trabalho eficiente, dentro da norma e com a atividade fim de formar bem seus alunos, aquelas de fato comprometidas com a educação. Aí esse país será algo realmente diferente e melhor”, acredita. Outra adaptação necessária, entende a reitora, diz respeito às exigências quanto à titulação dos docentes.“O poder público poderia calibrar as normativas dentro do contexto brasileiro. Hoje, a UNP atende todos os percentuais exigidos de uma universidade. Porém, em cursos como Direito e Medicina a exigência de percentual de doutores é mais alto que as outras formações e as duas são profissões nas quais as pessoas, quando se formam, saem para o mercado e a titulação é meio que deixada de lado. Há uma dificuldade imensa em achar doutores em Direito e em Medicina nesse país, mesmo as públicas têm muita dificuldade.”

Ao contrário dos ensinos Fundamental e Médio, nos quais as escolas particulares contribuíram em um processo de “elitização”, tornando-se espaços para crianças e adolescentes de famílias de renda mais alta, na Educação Superior as instituições privadas foram responsáveis por uma democratização das graduações. Isso ocorreu porque, embora pagas, essas instituições permitiram o ingresso de uma parcela de menor renda que até há alguns anos não conseguia espaço nas universidades federais. “As universidades privadas atenderam a um segmento que não era incorporado dentro das universidades públicas. A tradição brasileira em Educação Superior era uma tradição elitista. E as universidades públicas, com seus cursos diurnos e suas limitações de vagas, obviamente só absorviam as camadas sociais mais privilegiadas”, aponta a reitora da UNP, Sâmela Gomes. Além de jovens das classes econômicas altas, as instituições privadas terminaram por receber muitos trabalhadores, que utilizavam o salário ganho durante o dia para pagar o curso noturno. “De fato, houve um pioneirismo das universidades privadas, nesse sentido. E desde 2004, com as políticas de incentivo ao crédito educativo e o Prouni (Programa Universidade para Todos), essa relevância se tornou ainda maior. Hoje recebemos não somente a classe trabalhadora, mas também os filhos das classes trabalhadoras”, observa. Ao mesmo tempo, o aumento de vagas nas universidades públicas e as políticas de inclusão vêm democratizando o acesso às instituições federais. Ainda assim, Sâmela Gomes entende que o papel das instituições privadas continua sendo fundamental na ampliação do acesso à Educação Superior. “As universidades públicas continuam tendo um problema muito sério de limitação de vagas em seus cursos. Nas universidades particulares é maior a agilidade em abrir novas graduações e oferecer novas vagas, pois nossa forma de planejamento se dá de maneira distinta”, compara. Somado a isso, a demanda não para de crescer. O número de alunos saídos do Ensino Médio vem se expandindo. “Ainda temos muito trabalho para fazer, muitos cursos e vagas a abrir, para que a gente possa atender a população como um todo”, acredita a reitora. Dentre as áreas que vêm se ampliando e devem receber novos cursos, ela cita a de tecnológica e a de comunicação e cultura. Na pós-graduação, uma proposta já enviada ao MEC é o do mestrado na área de petróleo, com turma prevista para 2011.


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COTA FACILITA ACESSO DE ALUNOS

TRADIÇÃO E OUSADIA A meta do IFRN de ampliar número de vagas e campi no interior do Estado mantendo a qualidade do ensino parece estar sendo alcançada. A instituição é referência e se tornou uma ilha de excelência dentro do ensino público no Estado antiga Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (Etfrn) tornou-se um marco da qualidade do ensino, durante todo o século passado, formando profissionais que ocupavam lugares de destaque em empresas do estado e de todo Brasil. A tradição conquistada em décadas de atuação, desde a criação da antiga Escola de Aprendizes Artífices, em 1909, foi posta à prova nos últimos 16 anos, quando a instituição mudou duas vezes de nome e partiu da capital para ocupar também outras nove cidades do interior potiguar. O atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) vem provando que a expansão não tirou da instituição de ensino seu principal diferencial: a qualidade. “Tínhamos a grande preocu-

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pação de manter a qualidade, mesmo com o crescimento. Implantamos as unidades da fase 1 da expansão, na zona Norte de Natal, em Ipanguaçu e Currais Novos; e já temos alunos formados. A qualidade deles não deixa nada a desejar em relação aos profissionais formados no campus central”, destaca o reitor Belchior de Oliveira Rocha. Um dos critérios que ajudou na manutenção do alto nível de ensino foi a preocupação na seleção dos professores. “Exigimos que todos tivessem pós-graduação e, além disso, ainda há a formação inicial que a instituição oferece no ingresso desses docentes. Abrimos uma especialização em educação profissional para jovens e adultos, e esses professores participam dessa especialização, conhecendo o que é educação profissional e o ensino em uma instituto como a nos-

Reitor Belchior Oliveira Rocha fala sobre expansão do IFRN

LEQUE DE CURSOS SE DIVERSIFICA Se na época da Etfrn a instituição se notabilizou pelo ensino técnico, integrado ao Ensino Médio, hoje o IFRN abrange uma gama bem mais diversificada de opções. Vão desde os cursos básicos, oferecidos à comunidade em geral, até os de pós-graduação, passando pelo técnicos (integrados e subsequentes) e os superiores, de tecnologia e de licenciatura. E o leque não para de se expandir, tanto em Natal, quanto nas unidades espalhadas pelo interior. “A lei que criou os Ifets (Institutos Federais de Educação, Ciên-

cia e Tecnologia) determina que 50% sejam cursos de nível técnico e 20% para formação em licenciatura e os outros 30% a gente pode mesclar com engenharias, tecnólogos e até mesmo os técnicos”, explica Belchior de Oliveira. Os cursos técnicos se dividem em dois: os integrados, cursados juntamente com o Ensino Médio, e os subsequentes, voltados para quem já concluiu o Ensino Médio. O IFRN também oferece cursos superiores de tecnologia, conhecidos como CSTs, formam tecnólogos, com diploma equivalen-

sa.” Hoje, já são 12 campi espalhados por todo o território norte-riograndense. Em Natal ficam o campus central e o da zona Norte, além do campus avançado da Cidade Alta. No Seridó há unidades em Currais Novos e Caicó. No Oeste Mossoró, Apodi e Pau dos Ferros. No vale do Assu, Ipanguaçu. No Mato Grande, João Câmara. Na Costa Branca, Macau. E no Trairi o IFRN está em Santa Cruz. Outros três estão em construção: Nova Cruz, Parnamirim e São Gonçalo, com previsão de funcionamento para 2011. A interiorização é hoje um dos orgulhos do reitor. “Percebemos que a chegada do instituto não muda só o ensino do município, muda as cidades como um todo e até mesmo a região ao redor. Isso porque a comunidade local incorpora a instituição como um de seus maiores bens”, comemora Belchior

de Oliveira. Diante do sucesso da interiorização de unidades, ele não descarta uma nova fase de expansão do IFRN. “O ideal é que houvesse um em cada município do estado, mas isso é impossível. Agora, houve o plano de expansão 1 e o 2, e já se fala, dentro do próprio MEC, no plano de expansão 3, que deve estar dentro do Plano de Desenvolvimento da Educação que está sendo montado para o período de 2011 a 2020”, revela. A expectativa dos institutos federais é triplicar a oferta de vagas na próxima década. No RN, o reitor entende que o ideal seria chegar pelo menos a um total de 20 unidades, incluindo as já existentes. “Aí daria uma melhor distribuição e qualquer aluno que quisesse fazer um curso superior não teria de se deslocar mais de 20 quilômetros de sua residência”, ressalta.

O IDEAL SERIA QUE HOUVESSE UM IFRN EM CADA MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO NORTE” BELCHIOR OLIVEIRA ROCHA Reitor do IFRN

Nas salas de aula, estudantes recebem ampla formação técnica

te aos dos bacharelados, mas com uma formação em um período mais curto, de dois a três anos de duração, com o foco voltado para determinadas áreas do mercado. Enquanto os de licenciatura têm o objetivo de formar professores e suprir a atual demanda, principalmente da rede pública. “Temos ofertado cursos de licenciatura já perto da meta dos 20%. Há atualmente uma carência muito grande de professores em Ciências, Matemática, Química, Física, Biologia. Algumas escolas do interior não têm professores dessas disciplinas, ou os que ensinam não são formados nessas áreas. Com isso, muitos alunos terminam o Ensino Médio sem sequer terem visto os conteúdos de

Química e Física”, lamenta o reitor do IFRN. Uma das estratégias do instituto é expandir as licenciaturas nas unidades do interior, para facilitar a permanência do professor atuando em escolas da região, após a conclusão do curso, já que a demanda é maior longe da capital e poucos docentes da capital se dispõem a ensinar em outros municípios. “Temos apostado também na qualificação e requalificação de professores, trabalhando com atualização na rede pública estadual e municipal”, acrescenta. A empregabilidade dos egressos do IFRN atualmente gira em torno dos 75%. E a tradição de enviar profissionais para fora do estado foi mantida.

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A LEI DETERMINA QUE 50% DOS CURSOS OFERTADOS SEJAM CURSOS TÉCNICOS, 20% LICENCIATURAS E 30% ENGENHARIA, TECNÓLOGOS E OUTROS TÉCNICOS”

Ao contrário da UFRN, que utiliza um bônus como forma de facilitar o acesso de alunos da rede pública, o IFRN adota um cota, de 50%, para os egressos de escolas municipais, estaduais e federais. O percentual é válido em todos os cursos e não impede que esse públicoalvo conquiste vagas também nos 50% de vagas restantes. “Essa cota democratizou o acesso, permitiu que alunos carentes pudessem competir em igualdade, ao final de seu curso, em vestibulares e outros processos seletivos, com aqueles oriundos das escolas privadas”, entende Belchior de Oliveira. Ele lembra que além do primeiro lugar em Medicina, o IFRN conquistou no último vestibular da UFRN outros 16 primeiros lugares, com alunos que chegaram ao instituto vindos de escolas públicas. “Temos pesquisas mostrando que no primeiro ano (dos cursos técnicos integrados) há certa diferença. As médias dos cotistas são mais baixas que os alunos que vêm da escola privada. A partir do segundo ano isso começa a desaparecer e quando chega no terceiro ano essa diferença tem desaparecido e muitos alunos até superam o desempenho dos vindos de escolas particulares”, aponta. No entender do reitor, essa evolução é a prova de que muitos jovens só carecem de uma oportunidade para mostrar seu potencial. Além do acesso, o IFRN também investe na permanência, através da oferta de bolsas de R$ 200 para alunos de famílias de menor renda. “A bolsa faz uma grande diferença na vida do aluno carente, porque é o dinheiro do transporte, de um livro, da alimentação”, lista. A discussão de cotas raciais, que vem se desenvolvendo em todo o Brasil, não parece ter simpatia da Reitoria do IFRN. “Nossa linha de atuação é de não irmos para as cotas raciais. Acreditamos que a cota mais justa é a social. O mosaico social estátodorepresentadodentrodessetipo de cota”, afirma o reitor. Como forma de ingresso, a instituição passou a usar o Enem, desde o ano passado. “Para ingresso em 2010, apenas dois cursos foram pelo Sisu (Sistema Unificado) e o restante usando a nota do Enem. Pegamos as médias para usar como vestibular. Os alunos se inscreveram para o curso e, ao invés de fazerem o vestibular, utilizamos as notas do Enem na seleção”, explica.OsdoiscursosincluídosnoSisu foram Tecnologia em Redes de Computadores e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.


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EMPREGABILIDADE « PÁGINA 18

UERN « PÁGINAS 19

ESTUDANTES INGRESSAM NO MERCADO

INTERIORIZAÇÃO

UMA DAS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DO INTERIOR DO ESTADO DÁ PROSSEGUIMENTO AO PLANO DE EXPANSÃO, SOLIDIFICA CURSOS, PÓSGRADUAÇÃO E PARCERIAS COM A INICIATIVA PRIVADA

educação

MOTORES DO DESENVOLVIMENTO DO RN

PARA QUEM QUER ALIAR PRÁTICA E RAPIDEZ Com menor duração e enfocando o conteúdo na prática de uma atividade específica, os CSTs já representam 17% do total de cursos superiores abertos no Brasil, reunindo mais de 400 mil alunos empo. Um tesouro cada vez mais escasso nos dias atuais. Por isso mesmo, a falta dele é apontada hoje como uma das principais barreiras dos profissionais que necessitam voltar à sala de aula para enriquecer seus currículos, ou dos jovens que precisam de uma formação superior para ingressar no mercado. Em ambos os casos, no entanto, uma alternativa vem ganhando espaço: os cursos de graduação tecnológica, também conhecidos como cursos superiores de tecnologia (CST’s). Em metade do tempo de um bacharelado, ou mesmo uma licenciatura, esses cursos garantem aos estudantes um diploma de Educação Superior e um encaminha-

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mento direto para o mercado. Com essas vantagens, as opções de graduação tecnológica se multiplicaram por sete, em apenas seis anos, de 2002 a 2008, e hoje já representam 17% dos cursos superiores no Brasil, reunindo mais de 400 mil alunos. E a conclusão em um período mais curto, em torno dos dois anos, não é o único atrativo. O conteúdo dos cursos de graduação tecnológica, embora menos abrangente que os demais, permite focar melhor a formação dos estudantes em decorrência das demandas de determinada área do mercado. A metodologia, diferenciada, prioriza a relação entre o aprendizado de sala de aula e a prática. E os próprios temas dos cursos podem se moldar a necessida-

des específicas e localizadas, multiplicando as opções de escolha. Essas características vêm derrubando o pré-conceito a respeito dos CSTs, principalmente devido ao crescente interesse dos empresários em contratar egressos dessas graduações. Somente de 2007 a 2008 foi de 18,7% o aumento no número de matrículas e a tendência é de o crescimento não perder fôlego, diante da demanda de jovens que querem entrar logo no mercado de trabalho, ou mesmo de quem já está empregado e deseja agregar valor à carreira, obtendo um diploma em bem menos que os quatro a cinco anos da maioria dos cursos superiores. E o “boom” das graduações tecnológicas não é um fenômeno me-

Nas salas de aula, boa parte dos alunos já tem experiência na área escolhida, mas busca o diploma

ramente brasileiro. Em muitos países desenvolvidos há mais cursos superiores de tecnologia do que de bacharelados. “O mercado já não absorve os bacharéis e sente falta de um perfil mais técnico em seus profissionais”, aponta o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Eliezer Moreira Pacheco. À frente desse processo estão as instituições de Ensino Superior do setor privado. Atualmente, as universidades e faculdades particulares respondem por 87% da oferta de cursos desse tipo. No setor público, são os institutos federais de educação, ciência e tecnologia, os Ifets, que mais abrem opções em graduação tecnológica, oferecendo 30% de seu total de vagas para turmas de CSTs.

GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EXISTE DESDE 1960 Embora só nos últimos anos tenha ganho força dentro da Educação Superior, a graduação tecnológica está longe de ser uma novidade. Djosete Costa afirma que desde a década de 1960 essa alternativa já ganhava estímulo com o auxílio de uma instituição tradicional, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São paulo. “Mas quem ofereceu o primeiro curso de graduação tecnológica, se não me engano, foi o Instituto Federal da Guanabara, que naquele tempo abriu uma turma de Tecnólogo em Engenharia de Operações”, observa. Embora os cursos de tecnologia tenham características diferenciadas, passam pela mesma regulação de qualquer outro curso superior, tendo de atender às

diretrizes do Ministério da Educação (MEC). Somente na Escola de Gestão da UNP, em Natal, dos nove cursos de graduação, seis são CSTs. “Atualmente, no Brasil, os cursos de graduação tecnológica já representam 6,6% de todos os alunos matriculados em Ensino Superior”, compara Djosete Costa. Ele afirma que na Universidade Potiguar a média é de, pelo menos, um novo curso do tipo a cada semestre. O de Gestão Comercial é o mais recente, em 2010. “Essa é uma das áreas que mais se beneficiaram com os tecnólogos, principalmente no setor de comércio e serviços, que precisam de profissionais qualificados em um período de formação mais curta. Dentro do setor de comércio, in-

pois o mercado já exige profissionais com características desses cursos e vêm sendo criados nichos específicos para os profissionais”, afirma. Ele lembra que áreas inexistentes para os cursos regulares, de bacharelado e licenciatura, estão sendo abertas e exploradas pelos CSTs. “Dou o exemplo da área de Logística, na qual abriremos uma graduação tecnológica”, cita Djosete Costa. Administrador de empresas, ele apon-

Um curso tecnológico é uma graduação? Os cursos superiores de tecnologia ou graduações tecnológicas são cursos de graduação plena como quaisquer outros cursos de licenciatura ou bacharelado. Seus diplomas têm validade nacional. Quais as diferenças entre um curso de graduação tradicional e um tecnológico? Os cursos superiores de tecnologia são focados numa área especifica.Privilegiam aplicações tecnológicas de um campo do conhecimento.São mais voltados para o mercado de trabalho. Qual a diferença entre cursos técnicos e tecnológicos? O curso técnico é voltado para o aluno que vai cursar ou já cursou o ensino médio e quer aprender uma profissão.Hoje ele é amplamente oferecido integrado ao ensino médio.Ou seja,o aluno faz os dois ao mesmo tempo.Já o curso tecnológico é um curso superior,uma modalidade de graduação,assim como o bacharelado e a licenciatura.

Djosete Costa comenta crescimento dos cursos tecnológicos

clusive, começou a surgirem áreas específicas que não estavam sendo atendidas pelas graduações tradicionais.” O MEC mantém um catálogo nacional de cursos que podem ser

A GRANDE VIRADA DOS CST’S Diretor da Escola de Gestão e Negócios da Universidade Potiguar (UNP), Djosete Santos da Costa reconhece que até há alguns anos o mercado e os próprios estudantes tinham preconceitos contra as graduações tecnológicas, mas garante que a realidade hoje é absolutamente diferente. “Discriminavam porque se confundia muito com o curso técnico. Só que hoje está havendo a grande virada dos tecnológicos no Ensino Superior,

MAIORES DÚVIDAS

ta que cada vez mais os empresários estão de olho nos formandos desses tipos de cursos, para atender às demandas urgentes das organizações por profissionais que já saem capacitados a atuar de forma direta, em áreas específicas. Com uma média de 1.600 horas de aula, os CSTs da área de gestão duram normalmente quatro semestres, o que permite ao aluno concluir até duas graduações no mesmo tempo que levaria pa-

criados pelas universidades privadas e públicas, porém as instituições também podem propor novas graduações, atendendo a demandas específicas, e submeter à análise do ministério.

ra terminar um único bacharelado. “E o formando na graduação tecnológica saí da universidade como um profissional de nível superior, igual a qualquer outro”, aponta Djosete Costa. Segundo o diretor, no aspecto voltado a conteúdo é que os cursos de graduação tecnológica têm seu maior diferencial. “São focados em determinado campo de uma área de conhecimento. Na área de gestão temos, por exemplo, cursos voltados para Recursos Humanos, onde o aluno vê todos os processos relativos a esse assunto de forma mais aprofun-

O diploma de curso superior de tecnologia é aceito em concursos públicos e equivale a nível superior? Sim.Eles têm validade em todo o território nacional e se o edital do concurso público colocar como requisito para a vaga o diploma em curso superior de graduação,o diploma será aceito.

dada. No final, é um profissional que vai para o mercado e não demanda mais daquele treinamento específico para a área onde vai atuar. Ele já sai pronto a atender às demandas”, destaca. Os professores também precisam trabalhar de forma diferenciada. Os cursos demandam docentes não apenas com titulação, mas principalmente com grande conhecimento prático em sua área de ensino, de preferência com experiência e bagagem de mercado, uma vez que a parte teórica é menos densa e a parte prática mais intensa.

PERFIL DOS ALUNOS É DIFERENCIADO O perfil dos alunos dos cursos de graduação tecnológica difere dos estudantes de licenciaturas e bacharelados. Embora haja um grande número de recém-saídos do Ensino Médio, que optam por um caminho mais curto até o mercado de trabalho, as turmas geralmente incluem um bom percentual de profissionais que voltam à sala de aula em busca de uma formação acadêmica e até mesmo pessoas já com uma primeira formação, que querem agregar valor aos currículos, fortalecendo suas carreiras. “Em Marketing de Vendas, por exemplo, temos muitos gestores, comerciantes mesmo, que já estavam no mercado, mas careciam dessa formação acadêmica. E o perfil também inclui profissionais que, por algum motivo, não tiveram tempo para frequentar uma universidade e agora é que retomam os estudos”, revela Djosete Costa. A faixa etária geralmente é um pouco maior e muitos cursos, sempre presenciais, oferecem aulas à noite, para que os estudantes possam conciliar os estudos com o emprego. Muitas empresas estão identificando a necessidade de incentivar esse tipo de qualificação para seus colaboradores. “Elas estimulam e até mesmo financiam a participação de funcionários nesses cursos”, aponta o diretor da Escola de Gestão e Negócios da UNP. A empregabilidade é elevada. Muitos empregadores frequentam os cursos e terminam formando redes de relacionamento dentro das graduações e identificando potenciais colaboradores, entre os colegas de classe. Os setores de captação de profissionais da iniciativa privada também estão cada vez mais atentos aos CSTs. O mercado de trabalho, porém, não é o único destino dos egressos. Há ainda a opção de os formandos buscarem diretamente uma pós-graduação, ou mesmo se candidatarem em concursos públicos que exijam diploma de nível superior. “E o próprio formato dos cursos facilita o acesso dos estudantes às vagas nas empresas. Fazemos uma pesquisa de mercado constante e até nosso próprio relacionamento com entidades de classe e o empresariado local nos permite identificar as necessidades e criar cursos voltados para preencher essas demandas”, descreve o diretor.


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O LONGO (OU CURTO) CAMINHO ATÉ O MERCADO A preocupação em aproximar estudantes e empresários tem se tornado uma constante dentro das instituições de ensino superior. A intenção é fazer com que os alunos se mantenham atualizados para não serem prejudicados na hora de ingressar no mercado de trabalho studos, cursos, atualização, nada disso faz diferença se o profissional não souber como transformar esses diferenciais em um bom produto a ser apresentado ao mercado. Por isso, a preocupação em aproximar estudantes e empresários tem se tornado uma constantedentrodasinstituiçõesde ensino. Na Universidade Potiguar, o principal exemplo desse trabalho responde pelo nome de Núcleo de Estágios e Empregabilidade (NE2), ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Ação Comunitária. Com dois anos de funcionamento, o núcleo já vem dando resultados. São mais de 500 empresas conveniadas, nas quais 7 mil alunos da universidade realizaram estágios, em 2009. “A preocupação da universidade com a inserção do aluno no mercado é fundamental e sempre foi um dos nossos objetivos maiores. A universidade tem de estar antenada, em convivência diária com o mercado”, entende a pró-reitora de Extensão, Jurema Márcia Dantas da Silva. Ela lembra que não adianta isolar o mundo acadêmico, querendo produzir o melhor curso do mundo, com os melhores professores do planeta, se não há a aproximação com o mercado. “Aqui na UNP essa relação se inicia através do próprio relacionamento dos cursos com as representações de classe. Nossos professores são atuantes no mercado. Estão sempre nos conselhos, associações e a universidade colabora efetivamente com isso”, garante. Paralelo à participação dos docentes, é feito um trabalho de captação de locais para estágios dos alunos. “Hoje temos convênio com um número considerável de empresas e com os agentes de integração, que são aqueles intermediadores entre as empresas e as universidades. Esse agentes localizam as oportunidades de estágio e fazem o recrutamento”, explica. O trabalho inclui desde os estágio obrigatórios, necessários para os alunos concluírem seus cursos, até os complementares, que enriquecem o currículo do futuro profissional, ou facilitam a inserção no mercado. “A universidade estimula o estágio porque o aluno que ingressa como estagiário tem uma grande possibilidade de ser contratado. Além disso, o empresário tem a oportunidade de avaliar como aquele aluno está se desempenhando em suas tarefas, como é sua convivência em equipe. Essa é uma avaliação que leva algum tempo e nos seis, 12 meses de estágio, o empresário tem oportunidade de analisar tudo isso”, enfatiza Jurema Dantas. As oportunidades de estágio são divulgadas dentro da instituição de ensino, através das direções de cursos e de informativos internos. “Os empresários nos procuram bastante. A Ambev, por exemplo, anualmente faz um processo seletivo de trainee e vem até a nossa instituição. Colocamos um estande de divulgação e em palestras os alunos ficam sabendo quais são as condições. Nossos alunos se cadastram e participam da seleção”, descreve.

“Q.I.”PERDE ESPAÇO PARA SELEÇÕES

E

Na pisicina, estudantes e professores fazem atendimento à comunidade para garantir formação de qualidade e conhecimento prático

PORTAL VAI ESTIMULAR CONTATO ESTIMULAMOS O ESTÁGIO PORQUE O ALUNO QUE INGRESSA COMO ESTAGIÁRIO TEM UMA GRANDE CHANCE DE SER CONTRATADO ” JUREMA DANTAS Pro-reitora de Extensão da UnP

O Núcleo de Estágio e Empregabilidade da UNP tem dois anos de atuação e um objetivo maior, que deve ser conquistado até o final de 2010. “Queremos, na verdade, montar um grande portal. Hoje já fazemos o controle de todos nossos registros de estágio. Nosso próximo passo, com o portal, é termos uma ligação direta entre as empresas e os estudantes”, revela a pró-reitora de Extensão, Jurema Dantas. Uma vez montado o novo espaço, na Internet, será feita uma grande mobilização para que os alunos se cadastrem e disponibilizem seus currículos. As empresas conveniadas poderão acessar o endereço eletrônico e, através do perfil que desejam para a vaga, escolher um determinado número de estudantes que atendam os requisitos, partindo para um processo seletivo melhor direcionado. “Estamos caminhando para esse modelo e pretendemos implantá-lo ainda

este ano”, confirma. Atualmente, quando as empresas se interessam por buscar estagiários, enviam correspondência à instituição e o comunicado é repassado aos diretores de curso. Os alunos também são informados diretamente da oportunidade que surgiu, através de e-mails enviados a todos os interessados. Se o aluno se enquadra nas exigências, faz o cadastro e aguarda o início do processo seletivo. A preparação para que os jovens aproveitem as oportunidades se inicia ainda nos primeiros semestres de aula. A Universidade Potiguar oferece uma disciplina geral chamada de Introdução ao Ensino Superior, na qual são tratados diversos assuntos ligados à formação profissional, dentre os quais a importância dos estágios. “É claro que um aluno de enfermagem, por exemplo, não vai estagiar no primeiro ano e já realizar procedimentos es-

pecíficos de um enfermeiro formado, mas já pode começar a se apropriar do ambiente de trabalho em que deve atuar no futuro”, aponta. Os estágios servem, inclusive, para orientar o aluno em suas escolhas dentro da universidade. “Por mais que a gente faça um trabalho junto ao Ensino Médio, de esclarecimento sobre as profissões, quando o aluno convive em um ambiente de trabalho é que realmente muitos descobrem se aquilo é o que queria para seu futuro”, admite a pró-reitora. Ao mesmo tempo, outros estudantes terminam definindo especificamente qual área de atuação vão escolher. “Por exemplo, dentro de Turismo, o aluno quer hotelaria, mas depois de um estágio decide que vai atuar como agente de viagem. Ou, em Direito, aquela oportunidade serve para ele escolher entre Direito Penal, ou Trabalhista”, exemplifica.

EX-ALUNOS,FUTUROS PROFISSIONAIS

QUEREMOS CRIAR UM GRANDE PORTAL COM O OBJETIVO DE FACILITAR A LIGAÇÃO ENTRE AS EMPRESAS E OS ESTUDANTES”

Dentro do portal que a UNP pretende desenvolver na Internet para aproximar empresas e estudantes, a previsão é que haja um espaço para os alunos egressos disponibilizarem seus currículos. “Vamos convocá-los para que preencham suas informações em nosso banco de dados e as empresas, dentro desse mesmo processo, poderão fazer contato com o profissional que estão procurando para contrantar”, explica a pró-reitora de Extensão e Ação Comunitária. De acordo com Jurema Dantas, os empresários têm se mostrado abertos a receber os recémformados em suas empresas e a falta de experiência no mercado já

Na área da saúde, além de fazer atendimentos os estudantes conhecem as técnicas mais modernas

não é uma barreira tão intransponível, como há algumas décadas. “Tenho ouvido muitos empresários dizerem que preferem mesmo é o recém-formado, ao invés do mais experiente, porque o recémformado ainda não tem alguns ‘vícios’ que muitas vezes dificultam a adaptação à empresa, ou até atrapalham sua atuação”, destaca. Entre as qualidades necessárias a um estudante que quer encontrar boas oportunidades após a formatura, a pró-reitora destaca duas: a habilidade para trabalhar em grupo e a capacidade de iniciativa. “Hoje é preciso saber como chegar em uma empresa, dar ideias novas, mostrar interes-

se. E atualmente um profissional também não sobrevive sem saber trabalhar em equipe. É importante que tenha o controle emocional, saiba como se portar diante das pessoas”, orienta. Quem já trabalha desde o início do curso é orientado a cumprir os possíveis estágios obrigatórios aproveitando momentos como as férias escolares. “Não podemos desconsiderar que temos o aluno que trabalha manhã e tarde para pagar o curso que frequenta à noite. A gente sempre estuda alternativas, negocia com os empregadores e eles são flexíveis. Qual empresa não quer um funcionário que está se capacitando?”

Ter um “QI”, ou seja, “Quem Indica”, sempre foi um fator importante para se entrar em uma empresa. No entanto, se as indicações continuam sendo uma fonte importante para as organizações que pretendem contratar novos funcionários, atualmente essa modalidade está sendo substituída cada vez mais pelos processos seletivos, que incluem desde as “velhas” entrevistas e testes, até modernas técnicas de dinâmicas de grupo e avaliação comportamental dos candidatos. “Antes funcionava muito mais essa questão da indicação. Hoje ainda é importante, mas as empresas estão se voltando para um processo seletivo formal, na tentativa de identificar habilidades, para que o profissional escolhido tenha o perfil adequado ao cargo oferecido”, ressalta o diretor da Escola de Gestão e Negócios da UNP, Djosete Costa. Para ele, essa é mais uma prova da profissionalização do mercado, que vem abandonando a cultura da informalidade, do “achismo”. O administrador de empresas defende que a iniciativa privada se aproxime cada vez mais das instituições formadoras, para identificar o potencial de crescimento dos profissionais que estão sendo preparados nos bancos universitários. “E nesse ponto é importante que o aluno já traga uma grande bagagem de conhecimento, mas principalmente que tenha capacidade para se adaptar às mudanças, flexibilidade para estar evoluindo a cada momento.” Segundo Djosete Costa, não adianta o estudante ser muito bom tecnicamente e ter deficiências comportamentais que o impeçam de crescer em sua carreira. Com a experiência de quem atua com consultorias, ele revela que os processos seletivos atuais incluem quase sempre análises psicológicas, realizadas por profissionais habilitados a perceber potenciais e identificar falhas no comportamento dos candidatos. O diretor entende que uma das formas de o estudante se preparar e compreender melhor os desafios que serão enfrentados no mercado, após a formatura, é o estágio. “É fundamental. Minha dica para os alunos é que não percam a oportunidade de fazerem estágios. É uma forma de conhecer o funcionamento das empresas, na condição de estudante, até para que ele possa se identificar naquela área e ver se é isso mesmo o que quer. O estagiário deve aprender o máximo possível para agregar ao seu currículo. Diria que o estágio, hoje, é determinante para uma carreira profissional de sucesso”, conclui.

No curso de engenharia os alunos podem vivenciar a prática da profissão, solucionando problemas


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A Universidade Estadual do Rio Grande do Norte está presente em todas as regiões do Estado oferecendo mais de 70 cursos de graduação. Metade das vagas ofertadas são destinadas a alunos da rede pública

DEMOCRATIZAR ACESSO É OBJETIVO

UNIVERSIDADE EM EXPANSÃO Primeira instituição de ensino superior intalada no interior do Estado, a UERN está hoje presente em 17 municípios e dá continuidade a um processo de interiorização que inclui também a democratização do acesso a estudantes carentes Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern) não quer ser estadual apenas no nome. A instituição já conta com instalações em 17 municípios e incluiu, entre suas metas, a consolidação do processo de interiorização, como meio também para atingir outro objetivo estipulado no Plano de Desenvolvimento Institucional: a democratização no acesso, diante da crescente demanda dos estudantes potiguares por uma graduação: “O crescimento da oferta do Ensino Médio, em todos os municípios, tem resultado no crescimento do contingente de estudantes capacitados, porém, impedidos de cursar o Ensino Superior”, ressalta o reitor Milton Marques. Ele afirma que diante da demanda, a resposta da instituição veio em forma de ampliação na oferta de cursos, instalação de novos campi e núcleos avançados de Educação Superior. “Atualmente, a Uern está presente em todas as regiões do estado”, destaca. Hoje, são 72 cursos de graduação, além de 26 de pósgraduação, nos seis campi em Mossoró, Assu, Caicó, Natal, Patu e Pau dos Ferros; e 12 núcleos: Alexandria, Apodi, Areia Branca, Caraúbas, João Câmara, Macau, Nova Cruz, Santa Cruz, São Miguel, Touros, Umarizal e no Instituto de Teologia Pastoral, em Natal. “Evidente que essa iniciativa originou demandas de infraestrutura, de contratação de professores e de equipamentos diversos. A universidade também fez a op-

A

PESQUISAS O acréscimo no número de cursos de mestrado,a expectativa da criação do primeiro doutorado,a ampliação na quantidade de docentes e o fortalecimento da parceria com a iniciativa privada são processos que trazem,por consequência,a esperada melhoria da atuação da universidade no campo da pesquisa.A Uern realiza estudos em quatro grandes áreas:Ciências Exatas e da Terra;Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas e Sociais;e Letras e Artes.“Todos os cursos,alunos,professores e técnicos podem fazer pesquisa.Alguns programas merecem destaque,tais como o de iniciação científica,com bolsa para o discente;o de demanda social,com bolsa para o discente de pósgraduação stricto sensu; o de produtividade,com bolsa para o docente; e o de capacitação docente e técnico,em nível de mestrado, doutorado, inclusive no exterior”, aponta Milton Marques.

ção por garantir, no mínimo, 50% das vagas para alunos que cursaram o Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas. Essa decisão fez crescer a demanda por ações de apoio ao estudante, co-

mo as residências universitárias, auxílio financeiro em forma de bolsas, criação de espaços que proporcionem as condições de permanência do aluno”, cita o reitor. Para responder ao novo cenário, a Uern vem investindo na contratação de pessoal e também em obras. Nos últimos oito anos, a área construída total (salas de aula, laboratórios, gabinetes para professores, bibliotecas etc) passou de 33.051m² para 74.214m², um crescimento de 125%. Hoje, são 10.719 alunos matriculados em graduação e 770 nos três mestrados e 23 especializações oferecidas. A ampliação das atividades de pesquisa e pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados) integram outras das metas do Plano de Desenvolvimento Institucional. A expectativa é, dentro dos próximos cinco anos, criar mais três programas de mestrado (em Educação, Ciências Naturais e Desenvolvimento Regional), e consolidar os três já existentes (Física, Letras e Ciência da Computação). Nesse período, o objetivo também é dar início ao primeiro doutorado da Universidade Estadual, aumentando o campo para pesquisas e as alternativas de formação. Com relação ao quadro de docentes, a ampliação tem sido ainda mais significativa. “A Uern conta com 927 professores, sendo 111 doutores e 314 mestres. Comparando essa situação com a de 2002, houve um crescimento de 104% no número de professores, 247% no de doutores e 238% no de mestres”, enfatiza Milton Marques.

HISTÓRIA DA UERN O marco inicial da Uern é considerado a criação da Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró (Facem), instituída através da Resolução nº 01/43, de 18 de agosto de 1943, por iniciativa da Sociedade União Caixeiral, mantenedora da Escola Técnica de Comércio União Caixeiral. O pro-

cesso que levou à criação da universidade posteriormente ganhou o apoio da União Universitária Mossoroense, fundada em 9 de julho de 1955, e composta por universitários de Mossoró que estudavam em outros municípios. Em 5 de dezembro de 1963, a

Lei Municipal nº 41, sancionada pelo prefeito Antônio Rodrigues de Carvalho, transformou a instituição em Fundação para o Desenvolvimento da Ciência e da Técnica (Funcitec). Cinco anos depois, em 28 de setembro de 1968, foi criada a Fundação Universidade Regional do Rio Grande do

Milton Marques foi palestrante do Motores do Desenvolvimento

Norte (FURRN), com o objetivo de implantar progressivamente e manter a Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN). A data é considerada a fundação oficial da instituição. O funcionamento da nova universidade foi autorizado pelo governador Monsenhor Walfredo Gurgel, através do Decreto Estadual nº 5.025, de 14 de novembro de 1968. Integravam a

URRN a Faculdade de Ciências Econômicas de Mossoró; a Faculdade de Serviço Social de Mossoró; a Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Mossoró; e a Escola superior de Enfermagem de Mossoró. Em 8 de janeiro de 1987, o então governador Radir Pereira estadualizou a FURRN, que já contava com o Campus Universitário Central, em Mossoró, e os

Dentre as preocupações da Uern para o futuro está a democratização do acesso e permanência de alunos nos cursos de graduação. Hoje, a seleção de estudantes para a universidade inclui uma cota de 50% das vagas, destinadas aos egressos das escolas públicas. Há duas modalidades de “vestibular”, o Processo Seletivo Vocacionado (PSV) e o PSV combinado com o resultado do Enem. Nesta segunda opção, a nota do PSV equivale a 80% do argumento final, que é somado à nota do Enem (20% do total). Entre os estudantes da universidade, de acordo com levantamentos da instituição, pouco mais da metade (55,17%) veio da rede pública de ensino, enquanto 44,82% estudavam na rede privada. Para que esses alunos consigam lugar no mercado, a Uern dispõe de um Programa de Estágio Voluntário. “O programa visa a oferecer estágio a alunos regularmente matriculados e que estejam frequentando um dos cursos de graduação. Para tanto, a Uern mantém convênios com a iniciativa privada”, explica Milton Marques. A consolidação das parcerias com empresas é outra preocupação dentro da universidade. “A Uern reconhece, na iniciativa privada, uma potencial parceira para o desenvolvimento da Educação Superior e o desenvolvimento do RN. Além de convênios específicos com empresas dos principais setores econômicos, a Uern desenvolve projetos de suporte aos pequenos investidores (Incubadoras de Empresas e Incubadora de Empreendimentos Agrícolas)”, revela o reitor. Fora os convênios específicos, as empresas também patrocinam publicações e eventos da Uern. Um dos destaques das parcerias é o projeto “Gestão de Informações do Trânsito com Acessibilidade para Deficientes Visuais” (Transitus-V), com a Empresa Quali Engenharia Ltda, submetido e aprovado pelo Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas – Pappe, da Fapern.

campi avançados de Assu, Patu e Pau dos Ferros. Em 1993 a universidade foi reconhecida pelo Conselho Federal de Educação. E em 29 de setembro de 1997, o governador Garibaldi Alves Filho, através da Lei Estadual nº 7.063, transformou-a em Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. Apesar disso, a sigla Uern só veio a ser adotada dois anos depois.


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CONTEÚDO ALIADO ÀS NECESSIDADES DO MERCADO

EMPREENDEDORISMO ALÉM DOS EMPRESÁRIOS, ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS TAMBÉM SÃO BENEFICIADOS COM CURSO PARA IDENTIFICAÇÃO DE HABILIDADES EMPRESARIAIS

educação

MOTORES DO DESENVOLVIMENTO DO RN CAPACITAÇÃO SE TORNOU NECESSIDADE

INVESTIMENTO PARA SUPRIR DEMANDAS Diante da evolução da tecnologia, a preocupação com a qualificação dos quadros de pessoal é uma constante.Os laboratórios de formação profissional do Senai são referência em capacitação no Estado há mais de 50 anos Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) tem 68 anos de tradição no Brasil e já chegou à “terceira idade”, mas cada vez mais precisa mostrar fôlego de adolescente quando o objetivo é acompanhar o crescimento do setor e capacitar a mão-de-obra necessária ao avanço desse segmento da economia. No Rio Grande do Norte desde 1953, o Senai vem investindo para fortalecer suas unidades e ampliar o leque de competências oferecidas nos cursos. “Temos investido bastante porque os laboratórios de formação profissional da indústria, e esse é um diferencial do Senai, são extremamente caros. É por isso que as empresas preferem um aluno formado no Senai. Primeiro porque nossa metodologia é ensinar fazendo. O aluno que sai do Senai sabe trabalhar com o que é preciso. Para isso, é necessário laboratórios de qualidade e por isso investimos tanto”, aponta o diretor regional, Rodrigo Diniz Mello. Segundo ele, a política atual do Senai/RN não é de criação de novos centros, mas sim de incremento e modernização dos já existentes. São sete espalhados pelo Rio Grande do Norte. Dentre esses, estão os centros das áreas de Tecnologia em Informática (CTI), Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGás), de confecções, têxtil e alimentos (Clóvis Motta) e de construção civil e cerâmica (Rosária Carriço), todos em Natal. Em Mossoró funciona o Ítalo Bologna, que atua com petróleo e gás, mecânica industrial e automotiva, eletroeletrônica, qualidade, segurança, meio ambiente, informática e alimentos. Na cidade de Santa Cruz está o Aluísio Bezerra, com cursos de confecção do vestuário, construção civil, alimentos, artesanato, informática e mecânica de manutenção. Em Caicó fica sediado o Manoel Torres, com unidades móveis de alimentos e bebidas, construção civil, cerâmica, eletroeletrônica, mecânica industrial, veicular e tec-

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HISTÓRIA O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial é administrado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e foi criado pelo Decreto-Lei nº 4.048,de 22 de Janeiro de 1942.Sua estrutura é considerada o maior complexo de educação profissional da América Latina.No Rio Grande do Norte,o Senai foi criado em 1953,como resultado das necessidades de formação de pessoas qualificadas para atender a indústria,cujos cursos eram realizados nas instalações da antiga Escola Industrial de Natal. Já no ano seguinte teve início o funcionamento da Escola de Mossoró, considerada o marco inicial da política de expansão. Em 1968, por determinação do Conselho Nacional, órgão normativo superior da instituição, a Escola de Natal passou a ser denominada de Centro de Formação Profissional “Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia”, atualmente sede do Centro de Tecnologias do Gás – CTGás. Hoje,são sete unidades espalhadas pelo Rio Grande do Norte,sendo quatro delas na capital,a de Mossoró,uma em Caicó e outra em Santa Cruz.

nologia da informação. “Hoje não há perspectiva de um novo centro a curto prazo. O que acontece, por exemplo, é a ampliação de uma competência ou outra em um centro já existente. Um caso típico é o do CTGás que, agora, começou a trabalhar com energias renováveis”, cita o diretor regional. Ele lembra que mesmo um centro como o CTI não se limita à formação em tecnologia em informática. “Lá, por exemplo, também temos automação e tele-

O centro de educação Clóvis Motta oferece cursos de qualificação na tecnologia da indústria têxtil

O CTGás é um dos principais polos de pesquisa em petróleo, gás natural e energia do Estado

comunicações.” O fato de não haver previsão de novos centros não significa, porém, que o Senai irá se limitar às regiões onde já atua. A interiorização dos cursos, aponta Rodrigo Mello, deve se intensificar atra-

vés das unidades móveis de Caicó. As opções são duas: as unidades montadas em caminhões e os chamados kits, que funcionam como verdadeiros laboratórios encaixotados. “A gente vê qual curso é de-

QUALIFICAÇÃO SE TRADUZ EM EMPREGABILIDADE O Senai oferece cursos que vão de 20 até 1.800 horas/aula de duração. Nos mais longos, os cursos técnicos, a empregabilidade alcança um índice de 82% e, em áreas como a do petróleo e das confecções, se aproxima dos 100%. “Pesquisa com as empresas que empregam ex-alunos do Senai mostram que há 99% de satisfação. Nossos cursos técni-

cos têm estágio na grade curricular e, via de regra, as empresas já procuram os alunos antes do término das aulas”, destaca Rodrigo Mello. Parte dos estudantes do Senai já estão empregados e frequentam os cursos com o objetivo de melhorar sua formação e atualizar seus conhecimentos. “Mantemos uma discussão per-

manente com as empresas que nos procuram. O empresário vem e nos diz ‘recebi um equipamento novo e quero que você forme uma turma para operar esse equipamento’. Muitas vezes o curso é dado no próprio local de trabalho”, aponta o diretor regional. O Senai também monta cursos baseados na demanda por

segmentos. Hoje, são 27 os setores sindicalizados da indústria potiguar e é comum tais instituições buscarem o serviço para discutir cursos voltados ao atendimento de determinada carência. “Quando vamos montar um curso técnico, por exemplo, temos um comitê que reúne empresas, universidades, sindicatos, para discutir qual o perfil de

mandado, leva o kit para a cidade, monta em um espaço adequado e sai mais barato, mais ágil e mais adequado, por isso a intenção é fortalecer essa modalidade, que é melhor que construir novos centros”, compara.

saída para aquele curso e também para adaptá-lo melhor ao mercado”, explica. O diretor regional lamenta que nem todas instituições de educação profissional tenham os mesmos cuidados. “É preciso primar pela qualidade. Há instituições que trabalham com seriedade e colocam no mercado profissionais de excelente formação, mas tem muitas que a sociedade precisa olhar com paciência. Você, por exemplo, não constrói um laboratório do dia para

A capacitação em cursos como o do Senai não representam, na atualidade, um diferencial apenas para o profissional-aluno. No entender do diretor regional, Rodrigo Mello, essa capacitação é hoje uma necessidade das próprias empresas. “Antigamente o aluno buscava se qualificar nos diversos níveis como um diferencial para si. Hoje, os cursos não são apenas mais um diferencial para o profissional, fazem parte do diferencial competitivo das empresas.” Dentro da nova realidade, a busca do Senai tem sido por se aproximar ainda mais das indústrias e discutir diretamente com a iniciativa privada e os sindicatos a formação de cursos customizados. “Seja na formação inicial de mão-de-obra, nos cursos de aperfeiçoamento, ou ainda na busca dos profissionais que a gente forma em nível técnico, o contato direto com as indústrias têm sido fundamental”, avalia. Rodrigo Mello lembra que não faz sentido uma empresa querer melhorar seu lugar no mercado, sem profissionais capacitados. “Por isso não é mais o trabalhador que diz ‘eu vou me formar porque passo a ter um diferencial no mercado’. É o próprio empresário que busca que o seu funcionário se forme, melhore, evolua, porque isso aumenta a competitividade da organização”, aponta. E a demanda pela educação profissional é crescente, pois a velocidade com que a tecnologia evolui é bastante rápida. “Há dez anos não existia em todas as casas um computador e nem todo mundo tinha um telefone celular, mas tudo isso evolui de forma acelerada. A tecnologia industrial também segue na mesma rapidez”, compara. Ele lembra que até uns 30 anos atrás o objetivo desse tipo de educação era capacitar, por exemplo, um operário a montar um tipo específico de veículo. “Hoje em dia não existe mais isso. Agora, até o mesmo produto incrementa novas tecnologias. Um carro, por exemplo, de um ano para o outro muda seu câmbio, suas características e o operário não pode se limitar a saber trabalhar no modelo antigo. Dessa forma, o processo de reciclagem, ou aperfeiçoamento, que é o nome técnico usado na educação profissional, tem uma velocidade forte e se transformou em algo constante na vida de um profissional.” Rodrigo Mello complementa: “Você não se capacita mais só para ir para o mercado. Você hoje se mantém em um processo contínuo de aperfeiçoamento para poder se manter no mercado.”

a noite. Quando vir no mercado um curso muito barato encare isso como um remédio e lembre que, no mesmo frasquinho, não cabe preço e qualidade.” Ele entende que estudantes e empresários devem desconfiar de cursos com preços muito abaixo do mercado. “Para preparar bem um aluno, há gastos com equipamentos, a capacitação de docentes, a reciclagem, a oferta de tecnologias, o acesso às empresas, e tudo isso não é barato”, lembra.


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MUITO ALÉM DO CONHECIMENTO TÉCNICO O Senac vem adaptando o ensino profissionalizante às demandas cada vez mais complexas do mercado.Formação básica e orientação comportamental são alguns aspectos que passaram a ser abordados a fim de melhor qualificar os alunos á algumas décadas fazer um curso do Senac era sinônimo de aprender a técnica suficiente para ingressar em diversos empregos na área de comércio e serviços. Hoje, porém, o mercado de trabalho exige muito mais que o simples conhecimento técnico. O Senac sabe disso e vem adaptando o ensino profissionalizante às demandas cada vez mais complexas das empresas. Formação básica e orientação comportamental são duas vertentes nas quais o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial tem apostado, com sucesso. No Rio Grande do Norte, o diretor regional, Laumir Barrêto, explica: “Indiscutivelmente, a profissionalização e a capacitação estão muito em voga, são discutidas, comentadas. Agora existem questões que são as de postura, comportamentais, que vão além da técnica. A técnica é fundamental, imprescindível, mas empresários estão buscando nos profissionais uma identidade com a empresa e seus princípios, seus valores. Buscam comprometimento, dedicação, postura em relação à organização.” Laumir Barrêto admite que disseminar nas pessoas noções de ética não é algo simples, porém considera que é possível trabalhar a conscientização sobre a necessidade da presença de valores positivos, na carreira profissional de cada um. “Alertamos para esses aspectos. A gente aqui trabalha também a formação do cidadão, mas você não forma um cidadão em 20, 40, 100 horas de aula. Ele é formado durante toda a vida”, destaca. E essa formação ainda está lon-

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Alunos dos cursos do Senac,como o de estética,além de aulas práticas recebem também orientações complementares para desenvolvimento de seus negócios

ge do ideal exigido pelo mercado. Questões familiares muitas vezes atrapalham o futuro profissional na busca pelos valores positivos exigidos pelas empresas. “Às vezes nos deparamos com um aluno cujo pai é alcoólatra, cuja família é desregrada. Às vezes o próprio aluno está em situação de risco, ou envolvido com drogas. A gente tenta trabalhar a educação profissional como uma nova perspectiva de vida, mostrando a ele que o futuro profissional pode levar a outro caminho, promissor. Ao contrário das drogas e da marginalidade, que só levarão à morte”, afirma o diretor regional. Disciplinas específicas e até mesmo as disciplinas técnicas

passaram a agregar conteúdos que trabalham o “lado humano” dos alunos e como eles devem se comportar diante do mercado de trabalho. “Alguns que trabalham com ‘suposta educação profissional’ colocam que isso é embromação, enrolação. Para a gente é uma necessidade. Precisamos trabalhar um profissional não só no aspecto técnico, mas também no comportamental”, justifica. Laumir Barrêto lembra que se o candidato a um emprego não possui boa capacidade de trabalhar em grupo, já saí muito atrás na disputa por uma vaga. “As empresas, em seu processo de recrutamento e seleção de pessoal, analisam primeiro a questão curri-

cular, para ver se a pessoa preenche os requisitos mínimos, mas também aplicam dinâmicas de grupo e testes com psicólogos, para avaliar o comportamento do candidato ao emprego.” Nos cursos do Senac são dadas dicas de como se portar em entrevistas de emprego e até de elaboração de currículos. Saber exercer liderança e ter capacidade de reagir positivamente às pressões são outros diferenciais. “Quem é o vendedor que não se depara com o cliente que se altera, se exacerba? Quantos não são os que, tendo suas metas de venda, são pressionados por supervisores e isso acaba influindo negativamente nos desempenhos?”, questiona.

FALTA DE FORMAÇÃO BÁSICA É OBSTÁCULO Como se pode preparar alguém para ser vendedor, com técnicas de negociação e de comunicação, sem que ele saiba utilizar minimamente a língua portuguesa? Ou mesmo, como treinar um aluno em matemática financeira, para calcular juros, taxas e percentuais, se não consegue fazer operações básicas como somar e diminuir? Diante dessas questões o Senac tinha duas opções: aguardar a melhoria do ensino básico no Brasil, ou tentar minimizar o problema em seus próprios cursos. Optou pela segunda. “A educação profissional, na verdade, vem a se somar à educação básica. E aí a gente encontra o primeiro grande problema, que é o baixo nível da educação básica, fundamental, que é propiciada às pessoas no país. Não é incomum nos depararmos, em sala de aula, com pessoas que buscam

se qualificar para o mercado de trabalho, mas não têm noções básicas de interpretação de texto, ou apresentam dificuldade de fazer as quatro operações matemáticas”, lamenta Laumir Barrêto. O diretor regional aponta que o Senac termina por oferecer um pouco dessa formação, no início de alguns de seus cursos, para tentar minimizar os efeitos da carência educacional dos estudantes. “Incorporamos algumas disciplinas complementares, até para preencher as lacunas e permitir que os estudantes avancem”, explica. Ele ressalta que nem todos os alunos apresentam esse tipo de carência, mas seria imprudente desconsiderar o grande número dos que não possuem a formação básica necessária. “Por isso damos um reforço, uma espécie de reciclada, através de disciplinas complementares”, esclarece.

SENAC PESQUISA DEMANDAS DO MERCADO Durante todo o ano de 2010, equipes do Senac irão a campo, para buscar informações sobre as reais demandas do mercado de trabalho. “Precisamos saber qual profissional vem sendo exigido, pois um grande desafio da educação profissionalizante é formar o profissional que o mercado está almejando”, destaca Laumir Barrêto. A última série de pesquisas ocorreu em 2008 e a deste ano deve resultar em mudanças nos conteúdos dos cursos, para se adaptarem às novas demandas. Atualmente, a empregabilidade dos alunos do Senac gira em torno dos 70%. A intenção é alcançar os 80% até o ano de 2011. “Estamos modernizando

os ambientes pedagógicos e reforçando a sintonia com o mercado, para ver quais são as reais necessidades. Estamos montando um banco de oportunidades, para fazer a ponte do aluno com o mercado, através do cadastramento prévio de empresas e encaminhamento dos alunos, sem custo absolutamente nenhum para eles”, indica. O Senac do Rio Grande do Norte atua em seis grandes áreas: comércio e gestão; informática; idiomas; turismo e hospitalidade; imagem pessoal; e saúde. Um dos diferenciais dos cursos é o fato de aliarem teoria e prática. “Não trabalhamos só com sala de aula, incentivamos a aplicação

Cursos na área de turismo são ministrados no Hotel Barreira Roxa

daquele aprendizado. Os vendedores têm simulações de venda, de negociações. No turismo e hospitalidade, o Senac tem o Hotel-Escola Barreira Roxa, onde se trabalha fortemente a prática”, exemplifica.

No Barreira Roxa, os alunos recebem as aulas, passam pelos laboratórios, que são as cozinhas pedagógicas. e no último momento vivenciam suas atividades, em ambiente real de trabalho, atuando no próprio hotel.

HISTÓRICO O Senac foi criado em 10 de janeiro de 1946 pela Confederação Nacional do Comércio (CNC),por meio do decreto-lei 8.621.A partir do ano seguinte, passou a desenvolver um trabalho até então inovador no país: oferecer, em larga escala,educação profissional destinada à formação e preparação de trabalhadores para o comércio.O Senac promoveu,ainda na década de 1940,o ensino a distância,mais notadamente com os cursos da Universidade do Ar.Entre as inovações promovidas pelo Senac na educação profissional também se destacam as empresas pedagógicas (ou empresas-escola,como o Hotel-Escola Barreira Roxa),a partir da década de 1960. Na década de 1990, a informação e a produção de novos conhecimentos ganharam destaque na agenda das ações do Senac. A Instituição passou a produzir livros, vídeos e softwares, voltados para suas áreas de atuação. Nesse período, também foi criada a TV Senac (posteriormente Rede Sesc-Senac de Televisão e, hoje, Sesc TV), com uma programação voltada para assuntos de cultura e lazer. Outro uso da mídia foi a criação do programa radiofônico Espaço Senac, que, desde 2002, foi ampliado para o programa Sintonia SescSenac, transmitido, hoje, por mais de 850 emissoras no Brasil. O ensino a distância (EAD) também recebeu impulso na década de 1990,com a criação de um centro nacional específico,com o objetivo de ampliar a diversificar a programação do Senac nesse tipo de ensino.Como resultado desse empenho em EAD,o Ministério da Educação,em 2004,concedeu um credenciamento especial para o Senac oferecer cursos de pós-graduação lato sensu (especializações) a distância.Para atender essa demanda,foi criada a Rede Pós-EAD Senac. Em pouco mais de seis décadas de atividades,o Senac atingiu mais de 49 milhões de atendimentos em todo o país.

MUITO ALÉM DO “GOOD NIGHT” As exigências do mercado de trabalho se ampliaram, para demandas como um bom comportamento e a capacidade de liderança, mas também se aprofundaram em quesitos que antes eram considerados diferenciais, nos currículos dos candidatos a um emprego. Conhecimento básico de informática, por exemplo, há tempos não é destaque para ninguém. Hoje se tornou necessidade imprescindível, diante da adoção de sistemas informatizados que têm de ser operados nas mais diferentes ocupações. “Quantos estabelecimentos já não trabalham com sistemas informatizados de vendas. E a questão do idioma, que antes era exigência apenas para cargos altos de gestão, hoje é básico para algumas atividades, como o recepcionista de hotel, o garçom”, cita Laumir Barrêto. Por tudo isso, o conhecimento técnico, mesmo não sendo mais a única exigência, continua sendo de suma importância para o sucesso profissional. As empresas, lembra o diretor, esperam receber um candidado tecnicamente habilitado a ocupar o posto de trabalho imediatamente, ou ao menos preparado para se qualificar dentro das exigências da organização. “Muitas até preferem contratar o aluno que vem com uma base e só depois o treinam para atuar dentro dos valores e do modelo de gestão da empresa”, acrescenta. No Senac, há três opções de cursos: os de aperfeiçoamento, alguns com apenas 20 horas e duração de uma semana; os de capacitação, que duram meses e podem chegar a 800 horas de aula; e os técnicos, com até 1.800 horas, em dois anos. Ao todo, são mais de 300 opções, distribuídas em 10 unidades de seis municípios, reunindo em média 6 mil alunos ao mesmo tempo. Fora os cursos oferecidos ao mercado, há outros moldados à necessidade das empresas. O Senac vem estruturado uma área de atendimento corporativo, responsável por trabalhar a oferta, diretamente em decorrência da demanda. Uma equipe vai até a empresa interessada em qualificar seus funcionários, avalia as carências e prepara um conteúdo adaptado às necessidades específicas. “Hoje as empresas já têm em sua política de gestão a educação corporativa como uma forma de investir na valorização do trabalhador. Salário tem importância, mas a valorização, os benefícios dados, são as verdadeiras razões de retenção”, avalia Laumir.


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Com mais de 30 anos de experiência,o Sebrae oferece cursos de capacitação a empreendedores de diversas áreas.A novidade são os cursos voltados para alunos da rede pública através do Projeto Despertar

…DAS EMPRESAS PARA A SALA DE AULA

DA SALA DE AULA PARA AS EMPRESAS... Com o Projeto Despertar, o Sebrae vem ampliando sua atuação e oferecendo cursos de introdução ao empreendedorismo para estudantes da rede pública de 145 escolas do Estado ONU aponta autoconfiança, comprometimento, planejamento e independência como algumas das características do empreendedor. Agora, de nada adianta nascer com essas qualidades, se não houver quem identifique e as estimule. Esses são alguns dos objetivos do projeto Despertar, desenvolvido pelo Sebrae-RN, que se desenvolve em 145 escolas públicas do Rio Grande do Norte e capacitou 18 mil alunos de Ensino Médio, desde 2003. A metodologia é simples. Diretores são apresentados ao projeto e indicam até dois professores, que passam por uma semana de qualificação e divulgam o Despertar entre os alunos. Há uma se-

A

leção de inscritos e são formadas turmas de até 34 jovens, uma para cada professor. Eles frequentam as aulas do Despertar em horário diferenciado do turno no qual estudam. São 96 horas. As 30 primeiras ocorrem em 10 encontros de sala de aula. Os estudantes são apresentados a aspectos do cenário econômico e social, a importância da escolaridade no mercado de trabalho, o perfil do empreendedor, os elementos da empregabilidade. Nessa fase, o participante recebe ainda lições sobre planos de negócios, os fatores que interferem na escolha da profissão e a atividade empreendedora como opção de carreira. Na segunda fase do projeto (36 horas), os alunos conhe-

cem a realidade do mercado. Eles realizam pesquisas no comércio, visitam empresas e fazem contato com empreendedores. “Com isso vão se aproximando do mercado e aprendendo a superar as dificuldades ”, ressalta o gestor do projeto, Antônio Carlos Liberato. Nessa segunda etapa, os estudantes formam ainda equipes de trabalho e elaboram um plano de negócios, a ser exposto na Feira do Jovem Empreendedor. A feira, com toda sua preparação e realização, integra a terceira fase do Despertar, que totaliza mais 30 horas. “É uma simulação de negócios, no qual eles formatam produtos, formam equipes e vão vender para a comunidade. A estrutura é montada dentro ou fora da

escola e muitas vezes a cidade toda prestigia”, descreve. Geralmente, a capacitação dos professores ocorre em março e as aulas nas escolas de junho a agosto, porém o calendário de 2010 foi adiado, devido ao falecimento do secretário Estadual de Educação, Ruy Pereira, e a capacitação deve ocorrer em junho. O projeto é uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação e reúne até 120 professores na semana de inserção. “Eles ficam no Centro de Treinamento da Emater, em São José de Mipibu, de segunda a sábado, manhã, tarde e noite, recebendo capacitação.” De acordo com o gestor do projeto, não há exigência quanto à disciplina a qual pertença o pro-

PARTICIPANTES MELHORAM AUTOESTIMA E APRENDIZADO Aulas em turno extra, com um assunto que não cai no vestibular, nem acrescenta pontos à nota das demais disciplinas. A primeira impressão sobre o Despertar faz parecer que poucos estudantes se interessariam pelo projeto. Enganase quem pensa assim. Para as turmas de 34 alunos, o número de candidatos em algumas escolas chega a mais de 500. E os reflexos do aprendizado em empreendedorismo são sentidos nas aulas das demais disciplinas e vão muito além do conteúdo. “Os professores identificam mudanças nos alunos que participam do projeto. Eles passam a demonstrar mais responsabilidade, iniciativa, postura, se vestem melhor, a autoestima aumenta, a forma de se comunicar evolui, passam a trabalhar melhor em equipe. Os alunos também começam a acreditar mais em si próprios e isso é fundamental porque as escolas ainda não trabalham esse aspecto do autoconhe-

cimento. O ideal é que empreendedorismo fosse trabalhado dentro de todas as disciplinas”, considera Antônio Carlos Liberato. A meta do Sebrae-RN é levar o projeto a todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte (em 2009 atingiu 104), mas a dificuldade é mesmo a carência de docentes na rede pública. “Em muitos municípios não há professores suficientes para virem ao treinamento. Em alguns, faltam até docentes das disciplinas básicas”, lamenta o gestor. Ainda assim, a ideia nascida em solo potiguar já ultrapassou os limites do estado e foi adotada pelos Sebraes de Roraima e do Acre. No interior do Rio Grande do norte, o desenvolvimento do projeto é acompanhado pelos escritórios do Sebrae e também pela equipe central, que visita turmas e feiras realizadas pelos alunos. Antônio Carlos revela que muitos jovens saídos do projeto já se tornaram empreendedores. “Estamos preparando um livro com 15

fessor. “Não importa a disciplina dele, desde que tenha o perfil, tenha iniciativa, seja dinâmico, acredite no futuro. Não pode ser qualquer professor. Tendo essas qualidades, a gente dá a base empreendedora, a motivação e deixamos claro o porquê de trabalhar esse assunto com alunos”, descreve. Os docentes não recebem pagamento extra pela participação no Despertar, porém o projeto fica valendo como quatro horas de sua carga horária semanal. “A gente não aplica o projeto dentro da grade curricular. Já tentamos, mas não deu certo, porque você obriga todos os alunos a participarem e nem todos têm vocação para empreender”, explica.

HISTÓRIA

Antônio Carlos Liberato comenta resultados do projeto do Sebrae

exemplos de empreendedores que surgiram do Despertar e hoje são donos dos próprios negócios”, revela. O Sebrae também aproxima os futuros empreendedores de empresários do mercado. Vários alunos já saem das feiras com convites de emprego. “Para os que querem abrir um negócio próprio, o grande problema ainda é a falta de dinheiro pa-

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi criado em 1972,para estimular o empreendedorismo no Brasil.No País,de acordo com o IBGE,existem 14,8 milhões de micro e pequenas empresas - das quais apenas 4,5 milhões formalizadas que respondem por 28,7 milhões de empregos e por 99,23% dos negócios. Atualmente,o Sistema Sebrae conta com cerca de 5 mil colaboradores e 800 pontos de atendimento em todo o País.

ra dar início. Mas, no projeto, a metodologia é orientada para que ele vá atrás do financiamento de seu sonho, inclusive ensinando como procurar crédito, parcerias e no fim muitos conseguem os recursos necessários”, comemora o gestor. Ele explica que um dos pontos fortes das aulas é exatamente trabalhar a busca das oportunidades dentro da economia de cada cidade.

EMPREENDEDORES TAMBÉM APRENDEM O incentivo ao empreendedorismo é um dos pilares de atuação do Sebrae. Na área de Capacitação Empresarial, um instrumento nesse sentido é o Empretec, programa que segue uma metodologia da Organização das Nações Unidas (ONU), desenvolvida em mais de 50 países, e que trabalha as 10 características do bom empreendedor. “É um aprendizado importante para quem já está no mercado e para quem quer ingressar”, aponta João Bosco Freire. Segundo ele, é comum donos de negócios não terem conhecimento sobre as caraterísticas necessárias para fazer de suas em-

presas um sucesso, já que muitos empreendem por necessidade, ou vocação, mas não dispõem da preparação técnica. O gerente aconselha os interessados a procurar o Sebrae, antes de se inscreverem nos cursos. “Aqui, nossos técnicos podem orientar o melhor encaminhamento para que, dentro de um, dois anos, ele participe de uma grade curricular que vai incluir todo embasamento teórico e prático e atender suas necessidades.” As didáticas dos cursos geralmente incluem muitas dinâmicas e análises práticas da realidade empresarial. Na sala de aula, empresários vindos dos mais varia-

dos segmentos da economia encontram o cenário para troca de informações e experiências e acabam aprendendo a enxergar suas empresas a partir de outros pontos-de-vista, além de conhecer novos setores. O perfil dos alunos é variado, dos mais jovens aos mais experientes, e a participação feminina é cada vez maior. “Nosso maior desafio é chegar a mais e mais pessoas. Convencer os empresários que aquele custo que está tendo no curso vai ser transformado em benefício e ele passará a ver isso como um investimento. Quando começam as aulas, os resultados no desempenho

da empresa são sempre rápidos e bem palpáveis”, garante. O gerente da Unidade de Educação ressalta que não há um “ponto final”, pois o aprendizado deve ser contínuo, pois o mercado muda cada vez mais rapidamente. A estrutura do Sebrae-RN para os cursos inclui seis salas e um auditório, em Natal, e também a estrutura dos escritórios em Mossoró, Caicó, Pau dos Ferros, Assu, Currais Novos e Santa Cruz. “Cada escritório cobre uma região e as ações não ocorrem só nas cidades-polo. Os treinamentos e aulas podem ser levados aos demais municípios”, enfatiza.

NOSSO MAIOR DESAFIO É CONVENCER OS EMPRESÁRIOS QUE O CUSTO VAI SER TRANSFORMADO EM BENEFÍCIO” JOÃO BOSCO FREIRE Gerentede Educação e Tecnologia do Sebrae

Intuição, experiência, sensibilidade. Tudo isso pode ajudar empreendedores a garantirem o sucesso de seus negócios. Porém, no mercado moderno, sem o conhecimento e a capacitação necessárias é cada vez mais difícil tomar decisões e sobreviver diante da concorrência. Por isso, é crescente o número de empresários que buscam cursos de qualificação e o destino de muitos deles é a unidade de Capacitação Empresarial do Sebrae. “Não há mais espaço para amadorismo. Mesmo em negócios familiares isso já passou. Hoje o concorrente não é só a loja vizinha, nem a do outro lado da cidade. A concorrência está também em outras regiões, em outros estados e até em outros países, em função dessa globalização, que torna o mercado cada vez mais competitivo”, ressalta o gerente da unidade de Educação e Tecnologia do SebraeRN, João Bosco Cabral Freire. A unidade trabalha com cursos, muitos dos quais acoplados a consultorias, que visam capacitar a classe empresarial nos segmentos de empreendedorismo; gestão financeira; gestão empresarial; marketing e vendas; e planejamento geral. “Através de vários programas, trazemos estes empresários para dentro do Sebrae, pois hoje é comprovado que capacitação é diferencial para qualquer que seja a empresa e independente do setor”, aponta. João Bosco reconhece que a demanda do empresariado pelos cursos vem aumentando, mas adverte que, se for levada em conta a imensidão de negócios existentes na economia potiguar, ainda há uma grande parcela de empreendedores que não despertaram quanto à necessidade de se qualificarem melhor. Ele alerta que, dentro do aspecto da competitividade, há três pilares básicos (produtividade, qualidade e inovação). “Estando bem neles, você vai estar bem no mercado. Para isso temos cursos de capacitação e consultorias centradas nos três aspectos.” Os cursos da chamada “linha básica” são os mais simples e totalizam até 15 horas de aula, geralmente em uma semana, com participação de empresários, mas também de funcionários das empresas. Os “intermediários” são mais completos e têm duração de alguns meses. Dos avançados, o melhor exemplo é o Programa Sebrae de Empresas Avançadas, destinadas àquelas com mais de dois anos de funcionamento e acima de 10 funcionários. “São para empresas já consolidadas no mercado, que já supriram todas deficiências. Empresários que aprenderam sobre formação de preços, de equipes, sobre marketing e vendas, a forma de gestão, ou mesmo como selecionar um bom vendedor, mas que querem evoluir em seus negócios”, aponta. A metodologia inclui orientações sobre assuntos como planejamento estratégico, gestão da inovação, gestão financeira, internacionalização, decisão sistêmica. E o projeto não se resume à transmissão de conteúdos.Todos os participantes têm direito a uma consultoria individualizada a respeito de seus negócios.


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NATAL • RIO GRANDE DO NORTE DOMINGO • 23 DE MAIO DE 2010

Motores do RN EDUCAÇÃO


esportes

HOJE NA TV

RÁDIO GLOBO NATAL

11h – Stock Car - Etapa do Rio de janeiro.Sportv 16h - Corinthians X Fluminese, Globo e Band

06h - Esporte em debate 16h10 - Corinthians x Fluminense - Série A 21h - Resumo Final

CURIOSIDADES O clássico mais antigo no futebol paulista foi realizado entre Corinthians e Santos no dia 22/06/1913.

DICAS Antes do jogo contra o AGOVV,hoje,no Frasqueirão, a direção do clube vai lançar o projeto ABCSamba.

AMISTOSO

Zulu faz sua estreia no ABC, no amistoso internacional de hoje no Frasqueirão. PÁGINA 5

NÚMERO 4 amistosos pretende realizar o ABC,antes do início da Copa do Nordeste.

Editor: Itamar Ciríaco e-mail: esporte@tribunadonorte.com.br

NATAL • RIO GRANDE DO NORTE Domingo • 23 de maio de 2010

Jovens atletas que sofrem com a falta de oportunidade no mercado de trabalho, ganham esperança através da possibilidade de iniciar sua vida profissional trabalhando no esporte mais popular do país [ PRIMEIRO EMPREGO ]

O futebol como uma alternativa ELISA ELSIE

FELIPE GURGEL repórter de Esportes

uantos jovens abrem mão dos seus sonhos de criança, para que, desde cedo, precisem trabalhar e ajudar no sustento da casa? Quantos desses jovens sonham em ser jogador de futebol e veem seus sonhos se desfazerem por percalços da vida? Drogas, marginalidade, morte. Várias crianças, jovens e adolescentes entram para o mundo do crime por não terem uma oportunidade de mostrar seu valor. O empresário potiguar, Abelírio Rocha, levantou um ideia que pode dar a chance dos jovens, não só do Rio Grande do Norte, como de todo o Brasil, de realizar seus sonhos, mais precisamente, se tornarem jogadores de futebol profissional. A ideia é simples: adaptar o Programa Nacional “Primeiro Emprego”, (PNPE) do Governo Federal, ao mundo do futebol. “A procura pelo esporte é muito grande e acho que o futebol é o único setor que não passa por crise de emprego. O sonho de toda criança é se tornar um jogador de futebol. Mão de obra existe. O que anda faltando é oportunidades para esses jovens. Muitos desistem de continuar a carreira de jogador pela obrigação de colocar dinheiro dentro de casa, ajudar no sustento da família. E aqui no Rio Grande do Norte, fica muito difícil disso acontecer se eles dependerem apenas do futebol”, revela Bira. A proposta é simples: com a ajuda do Governo do Estado, os jovens, até no máximo 21 anos, seriam financiados pelo programa “Primeiro Emprego”, e ficariam empregados nos times de futebol do Rio Grande do Norte. Para tanto, algumas mudanças no calendário esportivo seriam necessárias, segundo Bira Rocha. A mais importante seria a reformulação no campeonato estadual de futebol. “Se o Estadual fosse mais longo, e não só quatro meses, os jovens poderiam ficar empregados durante oito meses. Seria uma forma de estimular os adolescentes e também de evitar que eles entrem para a marginalidade”, afirma. Se a ideia for aprovada pelos dirigentes e Poder Público, seria nos seguintes moldes: cada clube do estado receberia entre 20 e 25 jovens de até 21 anos de idade, que nunca tenham trabalhado, para fazerem parte do plantel do clube na disputa do Campeonato Estadual. Com a competição sendo estendida até o final do ano, todos ficariam empregados, gerando renda para suas famílias e também para o clube, já que, eles se sobressaindo e chamando atenção de outras agremiações, o clube ganharia dinheiro com a venda dos seus jovens valores. “Atualmente o Governo Estadual emprega cerca de sete mil jovens no programa Primeiro Emprego. Se você levar em consideração que são 10 clubes disputando o estadual, seriam cerca de 250 jovens beneficiados pelo Programa. Um número irrisório, comparando com a soma final. Dinheiro tem. O que existe é falta de iniciativa e ousadia dos clubes”, alfineta o empresário. Mas, algumas cláusulas no lei do Programa Primeiro Emprego vão de encontro com as ideias do empresário. De acordo com a lei regulamentadora, a empresa, no caso o clube de futebol, só pode contratar até 20% do seu total de funcionários através do PNPE. Ou seja, para o time de futebol, que conta, em média com 30 jogado-

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A procura pelo esporte é muito grande e acho que o futebol é o único setor que não passa por crise de emprego.” BIRA ROCHA empresário

res no seu elenco profissional, o máximo que poderia ter de jovens do “Primeiro Emprego”, seriam seis. O empregador, no caso o clube de futebol interessado na proposta, e que preencherem todos o requisitos do PNPE, terão direito de seis parcelas bimestrais, no valor de R$ 250,00. O diretor administrativo do ABC, Rui Barbosa, também acha válida a ideia do empresário Bira Rocha. Porém, faz algumas ressalvas. “sem dúvida é uma ótima ideia, mas temos que ter muito cuidado com os critérios que serão adotados para a escolha desses jovens. O que não podemos é fazer dos clubes é a única salvação para uma vida melhor. Esse projeto pode ser uma opção, mas não a única solução”, afirmou. Para o presidente do ABC, o também empresário Rubens Guilherme Dantas, a possibilidade de aproveitar o programa “Primeiro Emprego”, dentro do mundo do futebol, nunca foi levada em consideração. Mas, a proposta, segundo Dantas, é para ser considerada. “Realmente nunca olhamos esse programa do Governo Federal sendo utilizado no futebol. Não analisamos essa possibilidade, mas é uma ideia muito boa e podemos analisar, no futuro, como desenvolver esse projeto dentro do ABC”, argumenta. O ex-presidente do América e atual presidente do Conselho Deliberativo do clube, José Rocha, acha de extrema validade essa proposta apresentada por Bira Rocha. Inclusive, lembra que o América já tem um projeto para financiar os jovens valores do futebol norte-riograndense, chamado de “Fábrica de Craques”. “Essa é uma excelente ideia. Se existe a possibilidade dos clubes se beneficiarem desse programa do Governo Federal, então, temos que ser inteligentes e usar. O América já possui algo semelhante, com o Fábrica de Craques, que vai ao encontro do Primeiro Emprego. Nosso projeto, quando começar a funcionar, visa ajudar cerca de 50 jovens, entre 8 e 16 anos, custeando médico, estudos, tudo para que o atleta possa desenvolver seu futebol da melhor maneira possível”, disse Rocha. Bira Rocha ainda afirma que essa ideia sendo abraçada pelos dirigentes dos clubes potiguares, o campeonato estadual iria se fortalecer, já que os jovens iriam ter o sossego necessário para poder desenvolver todo o seu potencial no futebol, sem se preocupar tanto com o os problemas extra-campo, que, em muitas oportunidades, acabam levando-os ao mundo do crime.


2 | Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte

esportes

Domingo | 23 de maio de 2010

O Estado fixará em R$ 72 milhões/ano o teto máximo para a contrapartida que será oferecida nos primeiros 15 anos à empresa vencedora da PPP que construirá a Arena das Dunas e administrará o local por 30 anos

[ COPA 2014 ]

Contrapartida será de R$ 1,6 bilhão “ GUIA DANTAS repórter

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Governo do Estado deve fixar em R$ 72 milhões/ano o teto máximo da contrapartida à empresa que assinar a Parceria Público-Privada (PPP) da Arena das Dunas nos primeiros 15 anos do contrato. Para os 15 anos restantes a estimativa é de no máximo R$ 38,5 milhões/ano. O gasto para o erário estadual pela de-

molição do estádio Machadão e pela construção, manutenção e operação da arena que sediará a Copa do Mundo de 2014, em Natal, pode ser de até R$ 1,65 bilhão, em um período de 30 anos. Trata-se de uma estimativa que advém do estudo de viabilidade econômica feito pela empresa Valora Avaliações a pedido do Governo do Estado. Os cálculos foram feitos com base nos R$ 400 milhões estimados para a realização da nova arena. O procuradorgeral de Natal, Bruno Macedo Dantas, explicou que a dívida adquirida pelo estado e município na aquisição do novo estádio certamente deve ser inferior ao valor

estimado de R$ 1,6 bilhão, uma vez que o critério utilizado para a empresa ganhadora da PPP será a proposta que enseje a menor contrapartida. Diante do peso da contrapartida para os cofres do poder público, há a expectativa de que a lucratividade advinda da exploração do empreendimento pela empresa ganhadora da PPP – a ser subtraída do pagamento acordado – enseje um alento. Governo e município contam com essa ajuda financeira, embora saibam que não há, para tanto, qualquer espécie de garantia concreta de rentabilidade pós-Copa. Se os governadores e prefeitos

da capital pelos próximos 30 anos declinarem das obrigações financeiras anuais para com a empresa vencedora da PPP, passará o poder público a ter subtraído alguns de seus bens patrimoniais. Para isso, será criado um Fundo Garantidor, que tem o fim de assegurar ao ente privado o pagamento de cada valor gasto com o setor público (leia mais na retranca). O processo de construção da Arena das Dunas encontra-se atualmente na fase de consulta pública da minuta do edital e do contrato da PPP, ambos expostos no site do Governo do Estado até o dia 30 deste mês. “Após esse período o Governo

O governo analisa todas as sugestões e submete à área jurídica” CARLOS ALBERTO chefe de gabinete Secopa

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milhões/ano nos primeiros 15 anos será a contrapartida inicial do governo na PPP.

do Estado analisa todas as sugestões, submete à área jurídica e lança o edital da licitação da PPP”, afirmou o chefe de Gabinete da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de 2014 (Secopa), Carlos Alberto, após ser procurado pela TRIBUNA DO NORTE. A previsão da Secopa é a de que até o dia 25 de junho o edital da PPP seja publicado no Diário Oficial do Estado (DOE). Após inscrição das empresas e análise das propostas de preços será divulgado o resultado da licitação até o dia 24 de setembro. A assinatura do contrato com a empresa vencedora está prevista na primeira quinzena de outubro e o início das obras para o mesmo mês. JÚNIOR SANTOS

As áreas do kartódromo Geraldo Melo, do estádio João Machado, do ginásio Humberto Nesi e do Centro Administrativo foram delimitadas e o processo encaminhado para emissão das novas certidões EMANUEL AMARAL

Legalização da área da Arena está próxima Somente agora Governo do Estado e Prefeitura de Natal chegaram a definir a quem pertence as áreas do Centro Administrativo, Kartódromo e dos estádios Machadão e Machadinho. Havia impasse, segundo o procurador-geral do município, Bruno Macêdo, entre o que atestavam as certidões em cartório que delimitavam as áreas e as que efetivamente foram constatadas após análise do local. O Governo, através da Procuradoria-geral do Estado (PGE) fez um estudo do local, cuja conclusão se deu há cerca de 15 dias, e

encaminhou-o ao município de Natal. Consta da análise a existência de 46 hectares na área, sendo 32 deles pertencentes ao estado e 14 ao município. A nova certidão de limites foi avalizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e será encaminhada para registro em cartório. “A área do Kartódromo, por exemplo, onde havia indefinição, foi constatada como de propriedade do município”, assinalou Bruno Macedo. Com a definição do que cabe ao estado e ao município será pos-

PPP tem 10 empresas interessadas

Minas quer a abertura da Copa

A assessoria de imprensa da Secopa informou que são 10 as empresas interessadas em participar da Parceria-Público Privada da Arena das Dunas. São elas: OAS Engenharia; Coegem; Consórcio Encalso-Kallas; Consórcio Construcap-CCPS; Odebrecht; Consórcio Galvão-Serveng; Consórcio Queiroz Galvão – Carioca Christiani-Nielsen Eng. S/A; Somague Engenharia S/A ;Construtora A. Gaspar S/A; Espacial Empreendimentos e Mendes Júnior Engenharia. Na última quinta-feira (20), o Comitê Organizador Local (COL) afirmou ter aprovado o projeto dos 12 estádios para a Copa do Mundo de 2014, a segunda na história a ser realizada no Brasil, e aguardará as garantias financeiras dos responsáveis pelas obras. Entre os aprovados está o estádio das Dunas, em Natal. Os Estados têm agora um mês para enviar as garantias financeiras provando que a construção do estádio está assegurada. O COL ainda evita falar em substituição ou diminuição no número de sedes do Mundial. (G.D.)

O Governo de Minas Gerais anunciou que vai entregar, amanhã, um relatório à CBF e ao Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014 oficializando a intenção de sediar a partida de abertura. A medida foi confirmada pelo governador Antônio Anastasia em um evento realizado na capital mineira nesta sexta-feira. “Vamos mostrar que Belo Horizonte está à frente, não só para termos o mais belo e funcional dos estádios de futebol, mas também toda a infraestrutura necessária para termos a abertura da Copa do Mundo aqui, e deixarmos um belo legado para pós-Copa”, disse o sucessor de Aécio Neves, que deixou o cargo para se candidatar ao Senado. O documento conterá um resumo dos 54 projetos de infraestrutura, mobilidade, turismo e marketing e publicidade já previstos, além das metas detalhadas para atender as exigências feitas pela Fifa para sediar a partida inaugural. O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, e o presidente do núcleo gestor do comitê estadual, Tadeu Barreto, levarão o relatório a Ricardo Teixeira,

sível avaliar todo o imóvel e formatar o Fundo Garantidor (FG) da PPP. A Fifa estipulou, após a vistoria dos projetos, como prazo os próximos 30 dias para definição das garantias, mas de acordo com Bruno Macedo, já se tem uma projeção do que poderá ser incluído no FG no Rio Grande do Norte. FUNDO GARANTIDOR Já se sabe, por exemplo, que a área onde será construída a Arena das Dunas fará parte do Fundo

Garantidor. Caso o preço remetido ao local não seja suficiente para cobrir os valores da parceria se dará preferência ao espaço onde hoje funciona o Centro Administrativo. “Caso o terreno todo seja insuficiente se analisará outros locais de propriedade do Estado”, informou. Os terrenos pertencentes ao Rio Grande do Norte estão sob a chancela da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Norte (Datanorte), o que ensejará em uma outra análise do ponto de vista jurídico. (G.D.)

DIVULGAÇÃO

Bruno Macedo afirma que já há projeção do Fundo Garantidor

Caso o terreno todo seja insuficiente, se analisará outros locais de propriedade do Estado” BRUNO MACEDO procurador do Município

Estamos rigorosamente dentro do cronograma. O Mineirão é o estádio que mais está avançado no Brasil”

Projeto do estádio Mineirão foi um dos aprovados pela Fifa

presidente da CBF. “Estamos rigorosamente dentro do cronograma. O Mineirão é o estádio que mais está avançado no Brasil”, ressaltou o governador Antônio Anastasia. O estádio onde Atlético-MG e Cruzeiro mandam suas partidas já foi vistoriado por uma comissão da Fifa no último dia 10. A recepção quanto ao projeto de modernização foi considerada positiva

pelas autoridades locais. O principal rival do Mineirão para receber o jogo de abertura da Copa do Mundo é o Morumbi. Recentemente, o estádio do São Paulo esteve envolvido em polêmicas: foi criticado abertamente pela Fifa e por Ricardo Teixeira e teve de remodelar seu projeto seguidas vezes. Brasília é outra cidade cotada para receber o primeiro duelo do Mundial de 2014.

ANTÔNIO ANASTASIA governador de Minas Gerais

A recirculação na economia vai produzir um impacto poderoso, que pode ir além dos R$ 47 bilhões” ORLANDO SILVA ministro dos Esportes

Ministro prevê impacto de R$ 47 bi Durante audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, o ministro do Esporte, Orlando Silva, previu que a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil tenha impacto econômico de R$ 47 milhões. O político, no entanto, lamentou o atraso no cronogramas de obras para o evento. “A recirculação na economia vai produzir um impacto poderoso, que pode ir além dos R$ 47 bilhões, porque cada investimento ativa cadeias produtivas, que geram recirculação de recursos, que, só de impostos, como exemplo, vão gerar para o Brasil algo em torno de R$ 16 bilhões”, justificou Silva. Apesar da confiança nos possíveis lucros resultantes da Copa do Mundo, o ministro do Esporte lamentou o atraso nas obras de infraestrutura e na construção dos estádios para o Mundial. “O ritmo talvez não seja o desejável, mas há uma evolução significativa no andamento das obras”, avaliou Orlando Silva. Apesar disso, as 12 cidadessede tiveram seus projetos aprovados pela Fifa.


Domingo | 23 de maio de 2010

esportes

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte | 3

Contando com as análises críticas de dois dos mais conceituados colunistas do jornalismo esportivo, a TN visa oferecer aos seus leitores várias visões sobre a disputa do Mundial da África do Sul e a cobertura do selecionado brasileiro

[ COPA 2010 ]

Tribuna reforça time de colunistas FOTOS:DIVULGAÇÃO

TRIBUNA DO NORTE mais uma vez proporcionará ao seu leitor a melhor cobertura da Copa do Mundo. O time local, responsável por mostrar o clima do Mundial em Natal terá o reforço de dois craques de nível nacional. Os colunistas Juca Kfouri e Renato Maurício Prado desfilarão seus comentários e notícias de primeira mão sobre a Copa da África do Sul, a partir de junho nas páginas da Tribuna. Kfouri, formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999. Atualmente está também na ESPN-Brasil. Colunista de futebol de “O Globo” entre 1989 e 1991 e apresentador, desde 2000, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de São Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha. Na próxima terça-feira, Juca Kfouri e outros colunistas que estarão na África do Sul participarão de um evento inédito em São Paulo. Ele será sabatinado pelo público, no Teatro Folha, em São Paulo. Mas Juca Kfouri não estará sozinho na cruzada para levar o melhor da Copa da África do Sul pa-

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Polêmico Juca Kfouri não deixa nada escapar do seu crivo crítico

Renato Maurício Prado é um dos colunistas mais prestigiados no Rio

ra o leitor da Tribuna do Norte. Renato Maurício Prado, um dos jornalistas mais respeitados no meio esportivo brasileiro também estará conosco. Conhecido pelo seu humor apimentado e por revelar sempre notícias em primeira mão, o colunista estará na primeira linha da cobertura do Mundial africano. Atualmente Prado escreve uma coluna de esportes, três vezes por semana, no jornal O Globo e participa dos programas Bem, Amigos, Redação Sportv e Troca de Passes, no canal por assinatura Sportv. Faz ainda um comentário diário no programa CBN Esporte Clube, de Juca Kfouri, na rádio CBN. O jornalista foi o criador e fundador do jornal Extra, das Organizações Globo, dirigindo-o nos primeiros cinco anos de vida. Re-

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é o número de livros publicados por Renato Maurício Prado,dois deles contando casos hilariantes.

1979

ano em que Kfouri iniciou o seu comando como editor da revista Placar, um sucesso nacional.

nato Maurício Prado é autor de três livros de crônicas: Deixa que eu chuto; Saibro, Suor e Glória e Deixa que eu chuto 2, a missão.

Seleção segue treinos em Curitiba A escolha de Curitiba para servir de base para os testes iniciais da Seleção Brasileira antes da Copa do Mundo da África do Sul não foi mera questão de comodidade. O médico José Luis Runco, em entrevista coletiva no CT do Caju, contou que a decisão levou em consideração as condições climáticas, além da estrutura moderna montada pelo Furacão na capital paranaense. “Nós temos duas coisas que favorecem. Temos um centro de treinamento muito bem montado pelo Atlético Paranaense, onde encontramos as condições adequadas para realizarmos os testes previstos”, disse, explicando também

o motivo mais peculiar e fundamental. “O segundo é que temos uma temperatura muito parecida com a que vamos ter pela frente”, acrescentou. Runco ainda explicou que, na Copa das Confederações, em 2009, a temperatura encontrada surpreendeu os atletas, aumentando o número de resfriados e problemas respiratórios, e isso deve ser evitado desta vez. “Pela primeira vez, usei mais medicamentos para o sistema respiratório do que para o músculo-esquelético. Essa aclimatação me parece interessante para termos um contato com o que vamos enfrentar na Copa do Mundo”, concluiu.

A assessoria de imprensa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), através de Rodrigo Paiva, não deu mais detalhes sobre os treinamentos previstos para os próximos dias, mas adiantou que hoje existe uma possibilidade de o time finalmente entrar em campo. Porém, imagens desse trabalho, bem como o acesso dos jornalistas, ainda não foram confirmados. Em relação ao grupo, os três jogadores da Inter de Milão, Julio César, Maicon e Lúcio, que participaram da final da Liga dos Campeões da Europa, ontem na Itália, devem chegar na madrugada desta segunda-feira e já treinar normalmente com o grupo de jogadores.

classificados Anuncie pelo telefone: 4006-6161.


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esportes

Domingo | 23 de maio de 2010

Para cumprir o objetivo traçado no início da administração do presidente Rubens Guilherme, equipe do Alvinegro terá de superar os oitos desafios da primeira fase, mais os dois jogos do mata-mata para realizar a grande meta

[ ABC NA SÉRIE C ]

Os dez passos no rumo da série “B” RODRIGO SENA

berta a contagem regressiva para estréia no Brasileiro da série C, com a publicação da tabela da competição, o ABC se prepara para dar o primeiro dos dez passos necessários que vão atestar ou não a competência de todo trabalho realizado pela nova diretoria. Ao assumir o cargo de presidente, Rubens Guilherme já deixava claro que a missão neste primeiro ano de administração seria “relocar” o Alvinegro para a série B, de onde o clube saiu no ano passado. O caminho até completar os dez passos necessários não será fácil, está cheio de espinhos a começar pelo grupo na primeira fase (B), onde além do clássico local contra o Alecrim, o Alvinegro terá pela frente dois outros adversários com experiência em disputa da série B: CRB e Campinense, que assim como os potiguares almejam regressar ao convívio dos clubes emergentes do futebol nacional. O outro integrante do grupo B é o Salgueiro, que acabou de se sagrar campeão do interior no Campeonato Pernambucano. Dessa primeira fase apenas dois passam para disputar a segunda fase, onde o cruzamento dos abecedista se dará com o grupo onde se encontram Fortaleza e Paysandu, considerados favoritos a chegar à segunda fase também. Com a nova formatação da série C, esse passou a ser o passo decisivo para os clubes que almejam um lugar ao sol. Quem passar pelo primeiro mata-mata além de garantir a vaga na semifinal receberá de presente à classificação para serie B. Porém outros adversários menos famosos, mais igualmente difíceis de serem superados em jogos de matamata, podem cruzar o caminho dos natalenses: Águia de Marabá e São Raimundo e Rio Branco, do Acre. “O nosso foco do ano não era nem conquistar o Estadual, nossa principal meta sempre foi conseguir o acesso no Brasileirão. A conquista do Estadual veio mostrar que estávamos no caminho certo e precisamos montar um grupo ainda mais forte para disputar a competição nacional, que tem o nível bem maior que nossa competição local”, disse o presidente Rubens Guilherme tão logo acabou a campanha vitoriosa no campeonato potiguar. A estréia está marcada para o dia 18 de junho, no Frasqueirão,

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Técnico Leandro Campos aposta na qualidade do elenco montado para entrar forte no Brasileirão

Marcos Lopes lopesrn@hotmail.com

Campeonato do Nordeste A competição foi a salvação dos times nordestinos durante um bom tempo e permitiu um crescimento técnico e financeiro importante para s equipes participantes. Depois todo mundo sabe, houve aquele crime hediondo cometido pela CBF que assassinou de forma torpe, um campeonato que era viável sob todos os aspectos. A história é de domínio público e não tempo e nem espaço para recordá-la. O fato que julgo importante e merecedor de todos os registros é a forma como a Liga do Nordeste está trabalhando para que o evento volte já a partir de junho com força total. E tudo indica que está conseguindo, já que na reunião de Salvador na ultima quinta-feira obteve o apoio e a parceria da Rede Globo de Televisão para transmissão dos jogos em canal aberto, o que convenhamos foi um gol de placa. Como merece registro também a insistência de alguns setores em pensar micro, quando deveria ter uma visão macro do que representa a competição para os clubes participantes. Peguemos o exemplo daqueles que estão aguardando o inicio das Séries C e D. Não fosse o Campeonato do Nordeste estariam se programando para uma série de amistosos caçaníqueis, ainda que com times de outros países, como é o caso de ABC e Fortaleza. A pré-temporada seria basicamente jogos-treinos e amistosos, diferente de agora onde eles, tem uma competição oficial e que, do ponto de vista técnico vai ser importante para os times e financeiramente determinante para os clubes. Os times nordestinos das Séries C e D vão chegar na primeira rodada da competição nacional, muito mais robustos técnica e taticamente e alguns com a situação financeira estabilizada, justamente em função do Campeonato do Nordeste. Nas Séries A e B, a situação não é diferente, já que com a Copa do Mundo os clubes também teriam que partir para inter-temporadas, e o pior, sem rendas. Com o Nordestão, vão manter os elencos em atividade, a competição vai permitir ajustes de ordem técnica e quando o Brasileiro for retomado, os nordestinos podem voltar mais fortes. Qual é o prejuízo que a Liga do Nordeste ou a competição está causando? Como não reconhecer os méritos da entidade que brigou com a CBF durante seis ou sete anos para garantir o direito dos clubes filiados? A Liga do Nordeste está Dando uma demonstração de como é possível travar e vencer um combate contra um adversário poderoso. Só não enxerga quem não quer, ou quem está com a visão enfraquecida pelo radicalismo.

DISCURSO ANTIGO E VAZIO Falta visão profissional nos clubes do interior, que não conseguem fazer com que o torcedor vislumbre uma possibilidade de crescimento. O Corintians conquistou a vaga para a Série D no campo de jogo e não quis. O Santa Cruz por critério de classificação era o próximo, desistiu. Sobrou para o Potiguar de Mossoró que mesmo sem estrutura deve participar da competição. Já perdeu a validade o discurso de simplesmente apontar o dedo para a federação e dizer que o Estadual é deficitário. O grande problema é que a realidade da maioria dos clubes é de amadorismo mesmo.

SÉRIE C Qualquer avaliação agora é prematura, mas de toda a forma vejo os grupos A, com o Fortaleza e os times do Norte, e D, com Juventude, Caxias e os times do Sul como os mais equilibrados da competição e penso que a chave B, com ABC, Alecrim, Campinense, Salgueiro e CRB, é a mais fraca. O cenário do futebol é mutante, mas em uma análise preliminar, é assim que eu vejo os grupos da Terceirona, e penso que o ABC leva uma boa vantagem na primeira fase da competição, que começa a apertar a partir daí, com o sistema eliminatório. Mas ainda assim, o caminho não é tão tortuoso.

Fim de jogo, fim de papo EMANUEL AMARAL

Ô tambor forte prá cima de Eraldo. Estreou e bem no América, mas fraturou um dedo do pé direito e está fora no mínimo por 15 dias. Prejuízo técnico enorme para o time rubro.

JOGOS DA 1ª FASE Confira todos os jogos do Mais Querido na Série C 2010 • 18/07 - 17h - ABC x CRB/AL (Frasqueirão); • 01/08 - 17h - ABC x Alecrim/RN (Frasqueirão); • 08/08 - 16h - Salgueiro/PE x ABC (Cornélio de Barros); • 15/08 - 16h - Campinense/PB x ABC (Amigão); • 22/08 - 17h - ABC x Salgueiro/PE (Frasqueirão); • 29/08 - 17h - Alecrim/RN x ABC (Machadão); • 05/09 - 17h - ABC x Campinense/PB (Frasqueirão); • 19/09 - 15h - CRB/AL x ABC (a definir).

contra o CRB. O clube alagoano assim como o Potiguar também vai disputar o Campeonato do Nordeste e terá o mesmo nível de preparação que o ABC, neste período de entressafra no futebol nacional devido à disputa da Copa do Mundo. Ou seja, a batalha se dará muito mais em torno das questões técnicas dos dois elencos, que em outros fatores, já que ambos devem chegar para essa estréia no mesmo padrão de ritmo de jogo. CRB O clube alagoano também tem como meta conquistar o acesso e se prepara para tanto. O treinador é um velho conhecido do torcedor potiguar: Celso Teixeira. Assim como os potiguares, o tradicional rival nordestino está reforçando seu elenco pensando nas duas competições que terá pela frente. Recentemente o clube iniciou uma reformulação do elenco e numa tacada só anunciou oito novas contratações. Entre eles estão os atacantes Edson Di e Ivan e Dil, jogadores que atuaram pelo Coruripe no Campeonato Alagoano 2010. A lista foi acrescida pelo o goleiro Carlos Carioca, destaque da A2 do paulista pelo Atlético de Sorocaba e o experiente volante Macaé, que também atuou no Atlético Sorocaba, teve sua base formada no São Paulo e entre outras equipes defendeu o Gama, Guarani, Anapólis e Rio Claro. Também foram contratados o zagueiro Toninho (exCorinthians-AL, CSA, Itabaiana),

o lateral-direito Amaral (ex-Ceilandense-DF) e o volante Fabinho (ex-Penedense-AL, Cabense-PE, Santa Cruz-PE e Sergipe). CAMPINENSE O Campinense que chegou à divisão de clubes emergentes na temporada passada, mas não conseguiu se manter mais que um ano neste rol. Planeja redescobrir o caminho de volta, mas enfrenta dificuldades financeiras e não vai disputar o Campeonato do Nordeste. A equipe que perdeu o campeonato paraibano para o Treze, ainda está em fase de planejamento do elenco e liberou os atletas para as férias. Em contatos iniciais mantidos com o elenco, o objetivo é renovar os contratos com Gileno, Lima, Almir, Rafinha, Israel, Márcio Blot, Rayan e Ricardo Miranda, que demonstraram interesse em permanecer no rubro negro para a disputa do Brasileiro. Só essa semana é que o planejamento para disputar a competição nacional será discutido, segundo o diretor de futebol, Steferson Mariz. A data prevista para reapresentação do elenco é o dia 1º de junho. SALGUEIRO O representante pernambucano aparece como uma espécie de azarão do grupo, profissionalizado no ano de 2005, o clube ainda não possui títulos expressivos em seu cartel, mas faz parte de um estado onde o futebol é mais lucrativo que no Rio Grande do Norte, na Paraíba e Alagoas, especialmente. Em apenas 5 anos atuando como profissional, o clube já ganhou três títulos e pela terceira vez disputou o campeonato da elite do futebol pernambucano. O Salgueiro realiza seus jogos no estádio municipal Cornélio de Barros Muniz, conhecido por Salgueirão e com capacidade de receber um público de até 6 mil torcedores. A cidade fica situada a 518 Km de Recife. A primeira participação do clube na série C ocorreu em 2008, quando terminou em 14º lugar e garantiu a sua vaga na competição de 2009 por índice técnico. Neste ano o clube acabou a competição nacional na décima colocação geral. O clube ainda está em fase de planejamento para disputa do Brasileirão, mas pensa em manter boa parte do elenco com o qual conquistou o título do interior pernambucano.


esportes

Domingo | 23 de maio de 2010

Tribuna do Norte | Natal | Rio Grande do Norte

5

[ AMISTOSO ] Com quatro alterações em relação ao time campeão estadual, o ABC começa uma nova fase, que pode definir a volta do time à série B do Campeonato Brasileiro

Apito Final EVERALDO LOPES - elopes@tribunadonorte.com.br

Já dá para ouvir o barulho a chamada ponta do lápis, pode-se afirmar que a Copa da África já está batendo à porta. Matematicamente, faltam 19 dias para a abertura, dia 11 de junho com o jogo África do Sul x México, às 11h e Uruguai x França às 15h30, horários de Brasília. A estreia do Brasil será dia 15 contra Coréia do Norte, às 15h30. Antes da primeira partida dos brasileiros haverá os jogos Argentina x Nigéria, Coréia do Sul x Grécia, Inglaterra x Estados Unidos, Argélia x Eslovênia, Alemanha x Austrália, Sérvia x Gana, Holanda x Dinamarca e Japão x Camarões. A partir daí, são jogos diários nas datas de 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28 e 29. O dia 30/06, sem que haja explicação, passa sem jogo algum, mas logo em seguida recomeça com as oitavas-de-final, quartas-de-final, com semifinais dias 06 e 07 de julho.

N

Já dá (2) O jogo mais desinteressante tem sido até hoje e decide quem é o 3º lugar, até chegar à grande final, dia 11 de julho, um domingo, que todo brasileiro espera, tenha o time de Dunga num dos lados do gra-

mado. Ao todo, serão 64 partidas, sendo a mais desinteressante a que aponta o 3ª colocado. Sempre foi e continuará sendo sem graça. O 3º lugar é uma espécie de consolo para um derrotado.

ENFIM,O AGOVV O nome do clube é estranho: as iniciais de palavras holandesas sem tradução. Apesar de ser da 2ª divisão, falam bem do valor do time. O fato é que pela primeira vez um clube holandês joga em Natal, enfrentando o ABC, às 17h no “Frasqueirão”. O Alvinegro espera um grande público, até pelo ineditismo. Na quinta, é a vez do Boca Juniors, 20h30.

ABC inicia testes encarando holandeses no Frasqueirão epois de 22 dias parado, várias dispensas, algumas contratações e pouco treino com bola, o ABC apresenta hoje, às 17h, no Frasqueirão, o time que deve iniciar as disputas da Copa do Nordeste e série C do Brasileiro. E o adversário é internacional. Trata-se do AGOVV, da Segunda Divisão do Campeonato Holandês. O jogo marca a estreia de quatro novos jogadores com a camisa alvinegra. O lateral-direito Ronaldo, os volantes Basílio e Ricardo Oliveira, ex-América, e do atacante Zulu, homem de referên-

D

DIVULGAÇÃO

EVERALDO LOPES Repórter e Pesquisador

Façanha inédita

Inédita (2)

NUMERAÇÃO Alteração importantíssima –

Em duas ocasiões aconteceu o clássico ABC x América tendo o detalhe da bola chegar sendo jogada de um avião. Em 1959, o programa previa a bola ser lançada pelo piloto de um avião de treinamento da FAB, os famosos NA (North American). O piloto fez duas tentativas e, na segunda, voou baixo passando por cima do morro do “JL”.

Se na primeira tentativa o piloto teve receio de errar na sua intenção, na segunda recebeu aplausos do grande público. Ele jogou a bola. Esta quicou no centro do gramado e, devido a velocidade imprimida pelo voo, ao quicar o gramado pela segunda vez já foi na marca do pênalti, indo direta balançar a rede do gol de entrada do JL.

nos de três partidas, e aí ninguém segura mais tantas emoções com jogos dos grupos ABC, B, C, D, E, F, G e H. Acreditam os experts que, já na 3ª rodada dá para se ter uma ideia de quem tem melhor time.

Os laureados

A guerra

Serão 32 seleções na África do Sul, mas apenas sete nações ostentam título de campeão, com o Brasil sendo o único penta. Os demais campeões são Argentina, Itália, Uruguai, França, Inglaterra e Alemanha. Entre alguns campeões, há restrições: Argentina, com o célebre gol de mão de Maradona, a Inglaterra através um gol, cuja bola não ultrapassou a linha fatal, e de novo a Argentina com a suspeitíssima goleada sobre o Peru, desclassificando o Brasil, em 78.

A primeira Copa Jules Rimet foi em 1930, no Uruguai. Depois, sucederam-se as de 34 e 38, e aí passaram-se duas datas, em branco devido à 2ª Guerra Mundial, que começou em 39 e teve desfecho em 1945. Em 1950, foi a vez do Brasil tomar para si o Mundial, sem maiores exigências da Fifa porque vários países estavam em ruínas com a II Guerra. O Brasil tinha tudo para ganhar sua primeira Copa, mas fracassou na decisão entregando o “ouro” aos uruguaios.

Capricho Quase todas as seleções que chegaram a uma final, sentiram o amargo da derrota: Brasil, Itália, França, Argentina, Alemanha. O Uruguai. A Inglaterra é uma exceção, já que uma única

vez decidiu o título mundial, e ganhou, mesmo com o gol cuja bola não ultrapassou a linha fatal. Decidiu um, e ganhou. Mas, pra ser a pátria do futebol, é muito pouco.

Nos pênaltis Somente dois Mundiais foram decididos nos pênaltis: 1994, Brasil x Itália e 2006, Itália x França. Os franceses haviam ganhado do Brasil, graças a uma pixotada do ala Roberto Carlos, deixando o

adversário à vontade para cabecear e marcar. Nos tiros livres da marca do pênalti, vitória italiana. Os brasileiros acabaram torcendo contra a França, por ter sido o carrasco do Brasil.

MORRE EX-ÁRBITRO O histórico de árbitros que atuaram no futebol potiguar registra o falecimento de Wellington Ramos, da “safra” dos anos 60. Wellington participou do jogo que inaugurou o Machadão, em 72. Estava com 80 anos e foi vítima de um câncer de estômago.

Sempre que entro em campo é pensando em vencer, e dessa vez não vai ser diferente. Temos que entrar pensando que essa partida vale três pontos”, pediu Basílio, que foi seguido por Zulu, “Amistoso fica por conta da torcida. Nós, jogadores temos que entrar focado em conseguir uma vitória”, finalizou. O ABC deve entrar em campo com a seguinte escalação: Welligton; Ronaldo, Tiago Garça, Leonardo e Renatinho; Basílio, Ricardo Oliveira, Claudemir e Cascata; João Paulo e Zulu.

Eram apenas 11 e nada mais

ESPORTES EM DEBATE Neste domingo, a partir das 7h da matina, a Globo apresenta o tradicional “Esportes em Debate”, com as presenças do presidente do Alecrim FC, Orlando Caldas e o presidente do Conselho, Marcus Vinícius.

As duas seleções que primeiro mostram as caras são a da África do Sul, na condição de anfitriã – uma tradição das Copas, e seu adversário, o México. A partir do dia 12 a “guerra” começa pra valer com nada me-

para o restante da temporada, chegou o momento do time colocar em prática o que feito nos treinamentos. “Agora é o momento de mostrarmos dentro de campo tudo que foi treinado. Nosso time tem muita qualidade e tenho certeza de que vamos conquistar os nossos objetivos”, afirmou Oliveira. Seu companheiro de meiocampo, o também volante Basílio, trata de avisar que de amistoso o jogo não terá nada. Para ele, quando o ABC entra em campo, tem a obrigação de vencer. “Não existe esse negócio de amistoso.

[ AS VELHAS COPAS ] A dura missão dos treinadores quando não havia substituições e o time era obrigado a terminar a partida com um número inferior de jogadores em relação ao adversário

uem acompanha o futebol há algum tempo com mais profundidade sabe que 17 são as regras que disciplinam essa modalidade de esporte. O órgão que preparou a regulamentação de uma partida foi a International board, cujos integrantes são chamados pelos jornalistas mais irônicos, como os “velhinhos da Fifa” Mas, antes do problema arbitragem ser resolvido, houve muitos atropelos. É que, cada entidade que formava seu grupo de jogadores tratava de redigir suas próprias regras. A evolução, como não podia ser diferente, surgiu na Inglaterra, tida como país berço do “football”. Somente em 1848, após uma conferência em Cambridge estabeleceu-se um código único de regras, que acabou servindo de base para as regras atuais. A data de 26 de outubro de 1863 é considerada como marco inicial do futebol. Foi nesse dia que, ao término de seis reuniões na Freemason’s Tavern, em Londres, nasceu a The Foot Ball Association. Com ligeiras modificações, passaram a valer as 17 regras de Cambridge. A partir daí, aconteceu uma sequência de alterações nas regras, todas elas visando o aprimoramento desse esporte. A primeira alteração, acontecida em 1870 fixou definitivamente em 11 o número de jogadores. Até hoje, jamais foi alterada, embora seja permitido a uma equipe continuar jogando até ter no gramado o número mínimo de sete jogadores. Outras alterações surgidas foram a proibição do atleta tocar com a mão na bola, exceto o goleiro, ou os demais jogadores na hora da cobrança de uma lateral. O córner (escanteio) surgiu em 1872, o bandeirinha - na época chamados de linesman, surgiu no ano seguinte, bem como o travessão passou a ser obrigatório em 1875, as redes em 1890, depois de muita briga para decidir se a bola havia entrado ou não, isto é, transposto a linha fatal.

Primeiro e último

cia na área que tanto o treinador Leandro Campos pedia a direção abecedista. “Ainda não temos o tempo necessário de treinamento para exigir muito dos atletas. Só fizemos três treinos com bola e isso é pouco, para quem estava parado há tanto tempo. Mas, já quero nesse primeiro amistoso começar a definir a equipe para as duas competições que vamos enfrentar”, disse Leandro Campos, referindose a Copa do Nordeste e série C. Para o volante Ricardo Oliveira, a grande contratação do clube

Q

ENGLISH Primeiro time inglês a jogar no Brasil aconteceu em 1914, sendo a presença cercada de grande curiosidade do torcedor carioca. Era o futebol ganhando adeptos

a numeração nas camisas, somente surgiu em 1939, e no Brasil – acreditem, 10 anos depois, isso mesmo porque alguns árbitros ingleses vieram ao Rio e São Paulo contratados pela antiga CBD, para atualizar nossos árbitros, na época ainda chamados de “referees”, já que os brasileiros não haviam se desligado da terminologia britânica. Os narradores do rádio tinham dificuldade na sua missão, principalmente se o jogador estava de costas. Numeração na camisa ajudou muito. O goleiro era sempre o número um, conhecido também como goal-keeper, o meiocampista era half, atacante era foward, o camisa nove dizia-se center-foward, enquanto quem escalava a equipe – como hoje ainda, era o treinador, no idioma inglês o “coach” (pronunciase cotc). Na verdade, a grande novidade na regra foi a substituição de até três jogadores em partidas oficiais. Antes, o treinador contava com os 11 no gramado, e se algum jogador se contundisse gravemente, a equipe prosseguiria com um homem a menos. Da mesma época são os cartões amarelo e vermelho, novidade no Mundial de 70, facilitando a missão do árbitro de outros países de idiomas diferente, que tentava explicar ao jogador o porquê de sua expulsão, mas não era entendido, a não ser

NÚMEROS

11

Até o Mundial de 1954 as seleções não podiam utilizar em uma partida nada além dos 11 jogadores, inexistindo a figura da substituição

1950

Até o começo dos anos 50 os árbitros que apitavam em Natal usavam calça comprida,branca e camiseta cedida pela federação.

1939 1970 Foi o ano em que os jogadores ingleses começaram a ter numeração na camisa.

Foi o ano da Copa que abriu o uso dos cartões amarelo e vermelho, para advertência e expulsão.

dentro do seu próprio país. O UNIFORME Os árbitros europeus costumavam trabalhar com uniforme preto, calção tipo bermudão, paletó com gola e punhos brancos. O clima geralmente frio na Europa justificava a opção. Na América do Sul, principalmente, os árbitros utilizavam camisetas de malha, geralmente preta, calções também pretos. Antes, até os anos 50, no futebol do RN os árbitros apitavam com calça branca, tênis e camisa fornecida pela federação. Como não havia ainda cronômetros de pulso, o cronometrista da federação ficava fora do gramado. Com um apito de som diferente, longo, encerrava a partida. Vê-se, pois que, entre as primeiras Copa do Mundo e as mais recentes – a partir de 1970, as alterações foram inúmeras, sendo estas as mais importantes: 1) substituições de jogadores no decorrer da partida, 2) numeração nas camisas, 3) cartões amarelo e vermelho como advertência e expulsão do jogador infrator, respectivamente, 4) a permissão para o goleiro caminhar dentro da sua área, sem a necessidade de ficar batendo com a bola no chão, 5) a introdução do quarto árbitro, atuando fora das quatro linhas, sendo o substituto de algum árbitro que venha a se contundir, 6) conceder maior libe-

ralidade no que se refere ao uniforme do árbitro, com variação de cores e modelo, 7) reposição imediata da bola, ao contrário de antes, quando qualquer problema tornava-se necessária a paralisação da partida até aparecer outra bola, 8) permissão para os treinadores se movimentarem numa área delimitada próxima à entrada dos jogadores, 9) a admissão de mulher na arbitragem, quer apitando ou apenas como auxiliares do árbitro, 10) várias pequenas alterações na lei do impedimento, que visaram a facilitar para o árbitro. CURIOSIDADES Antes da profissionalização da arbitragem, o descanso regulamentar em uma partida era de cinco minutos ** Os árbitros não eram remunerados, apenas recebiam das federações o material de uso ** No futebol do RN, até os anos 40 os árbitros eram cedidos pelos clubes, que indicavam jogadores veteranos que haviam parado de jogar, para servirem como árbitro e auxiliares. Antes dos árbitros natalenses utilizarem cronômetros de pulso a FND adotou a figura do cronometrista. Era ele quem dava início e apitava o término de uma partida. Os árbitros dificilmente faziam física, e como eram já veteranos (ex-jogadores) corriam muito pouco no gramado.


esportes 6 | Natal Rio Grande do Norte | Domingo| 23 de maio de 2010 VASCO

VITÓRIA

CRUZEIRO

ATLÉTICO/MG

[ BRASILEIRO SÉRIE A] Com Ronaldo confirmado

CELSO ROTH ESTREIA PELO VASCO DA GAMA

TIME BAIANO PEGA UM RIVAL NORDESTINO

DE RESSACA, MINEIROS ENFRETAM O GUARANI

GALO RECEBE ATLÉTICO/PR

no time titular, Timão tentar manter os 100%

A estreia do técnico Celso Roth no Vasco é a principal atração do confronto entre o Cruzmaltino e o Avaí marcado para hoje, às 18h30, na Ressacada (SC). O treinador assume na vaga de Gaúcho, afastado após o time carioca ir mal nas duas primeiras rodadas, somando apenas um ponto, no empate sem gols com o Palmeiras, no fim de semana passado, e figurando na zona de rebaixamento.

Depois de chegar à final da Copa do Brasil pela primeira vez, o Vitória tenta usar o êxtase pela boa campanha para melhorar sua situação no Brasileiro. Às 16h de hoje, o rubro-negro pega o Ceará no Castelão, em Fortaleza, tentando vencer pela 1ª vez. “Temos que aprender a administrar essa ansiedade para marcar pontos no Brasileiro. Mas será difícil tirar essa final da cabeça”, admitiu Reniê.

Como o Cruzeiro irá lidar com a eliminação da Copa Libertadores? É com essa dúvida que o torcedor cruzeirense irá assistir o confronto entre a Raposa e o Guarani, hoje, às 18h30, no estádio Brinco de Ouro, em Campinas, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Na última quarta-feira a equipe celeste foi eliminada da competição sul-americana ao ser derrotada pelo São Paulo.

O Atlético-MG quer esquecer o duro revés da última rodada do Brasileiro hoje, às 16h, no Mineirão, alcançando um bom resultado diante do Atlético-PR. Na rodada passada, o Galo foi goleado pelo Grêmio Prudente, por 4 a 0, fora de casa, e o Furacão empatou com Guarani no Paraná. Com uma vitória e uma derrota, a equipe mineira ocupa a 11ª posição, enquanto o time paranaense, com um pontos amarga a 14ª colocação.

Corinthians põe liderança em jogo contra o Fluminense Ú nico time a ter cem por cento de aproveitamento nas duas primeiras partidas do Campeonato Brasileiro o Corinthians volta a campo hoje, às 16h, para medir forças com o Fluminense, no Pacaembu, em São Paulo (SP), pela terceira rodada da competição disposto a conquistar mais um triunfo e se manter na liderança isolada. O Timão superou Atlético-PR, em casa, e Grêmio, como visitante, por 2 a 1 e terá a chance de seguir embalado, dando provas de que se recuperou da eliminação na Copa Libertadores. Já o Tricolor, que fez 1 a 0 no Atlético-GO na semana passada, soma três pontos e busca o primeiro triunfo longe de seus domínios. Mano Menezes, técnico do Corinthians, vem conversando com seus jogadores sobre a importância de a equipe somar o máximo de pontos possível nesta primeira parte do Brasileirão, que será interrompido para a disputa da Copa do Mundo da África do Sul. Por isso mesmo o treinador não quer deixar escapar a oportunidade de conquistar mais um triunfo no Pacaembu. “O povo está se conscientizando sobre o funcionamento dos pontos corridos. Quando você começa devagarzinho e deixa as oportunidades escaparem, não é possível recuperar. Todo mundo entra mais forte na reta final”, afirmou Mano Menezes. Para os atletas corintianos o começo bom no Brasileirão pode servir para lembrar outra trajetória vitoriosa do Timão. “Começamos a Série B em dois mil e oito dessa forma e depois lideramos

por um bom tempo. Temos que pegar aquele campeonato como espelho. É uma referência muito boa. É importante vencer para o time continuar com confiança”, disse o zagueiro Chicão. Confiança é algo que o Fluminense também busca nesta partida. O técnico Muricy Ramalho tem consciência que depois de uma vitória em casa contra o AtléticoGO, ganhar como visitante seria importante. “A partir que as vitórias forem aparecendo a equipe vai conquistando mais confiança e se mostrando firme na luta pelos objetivos que traçamos. O Fluminense quer brigar sempre na parte de cima e por isso queremos vencer também fora de casa. Sabemos as dificuldades de se enfrentar o Corinthians no Pacaembu, mas vamos em busca deste triunfo”, disse Muricy. Para os jogadores do Fluminense é importante o time se manter concentrado. FICHA TÉCNICA CORINTHIANS FLUMINENSE

Felipe,Alessandro, Chicão,William e Roberto Carlos; Ralf,Elias e Danilo; Jorge Henrique, Ronaldo e Dentinho Técnico:Mano Menezes

Rafael,Mariano, Leandro Euzébio, Digão e Carlinhos; Diogo,Diguinho, Marquinho e Darío Conca; Rodriguinho e Fred Técnico:Muricy Ramalho

Estádio: Pacaembu,em São Paulo (SP) Horário:16h Árbitro: Leonardo Gaciba (RS) Assistentes:Marcelo Barison (RS) e João de Souza Júnior (RS)

Flamengo tenta Inter e São Paulo superar eliminação fazem prévia da diante o Barueri Libertadores Poucos dias depois de ter sido eliminado da Copa Libertadores de forma traumática, mesmo vencendo a Universidad de Chile, em Santiago, por 2 a 1, o Flamengo junta os cacos e mira o Campeonato Brasileiro, competição que restou ao Rubro-Negro em 2010. Hoje os flamenguistas recebem o Grêmio Prudente, no Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), às 18h30, pela terceira rodada da competição. Priorizando a Copa Libertadores, o Flamengo empatou por 1 a 1 os dois primeiros compromissos no Brasileirão, contra Vitória e São Paulo. Por isso se torna fundamental uma vitória contra o Prudente. Até porque a cobrança será grande se a equipe não for bem na luta pelo bicampeonato. A perda do torneio continental e a derrota para o Botafogo na decisão do Campeonato Carioca, que impediu um histórico tetracampeonato estadual, tornam a pressão pelo Brasileirão muito maior na Gávea. Para piorar o quadro o rival deste domingo é uma verdadeira incógnita. Isso porque os flamenguistas não sabem se o Grêmio Prudente que jogará no Rio de Janeiro será o que foi goleado por 6 a 1 pelo Avaí, na estreia, ou o que atropelou o Atlético-MG com um maiúsculo 4 a 0 na rodada passada.

O ritmo é de Libertadores. O clima é de Libertadores. Os times são semifinalistas do torneio continental, mas Internacional e São Paulo se enfrentam, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro, hoje. As equipes duelam a partir das 16h, em uma prévia do que pode acontecer na fase decisiva da outra competição. O Tricolor Paulista subiu de produção nas últimas rodadas. O Colorado mantém o seu nível, precisando conquistar seus avanços na base da superação. É o contraste do momento dos dois clubes brasileiros ainda vivos no principal torneio das Américas. Um dos motivos para o crescimento do São Paulo fará a torcida presente no Beira-Rio pensar no passado. A tarde dominical será de reencontro. Mais um Inter x São Paulo. Na memória dos colorados, há os dois confrontos que deram o título da Libertadores de 2006. Uma das tantas imagens daqueles dois jogos remete a Fernandão, ídolo colorado na conquista. Será o segundo encontro desde que o jogador saiu do clube. O primeiro, no ano passado, durou somente dez minutos, tempo que o atacante demorou para ser expulso vestindo a camisa do Goiás. Desta vez, ele garante estar pronto para o jogo e encara o compromisso como um aperitivo do que os clubes farão na semifinal da Libertadores.


revista da tv A REVISTA DA TV É UM SUPLEMENTO DA TRIBUNA DO NORTE. NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE.

Natal • Rio Grande do Norte • Domingo • 23 de maio de 2010

Guilherme Trajano e Raoni Carneiro falam de seus personagens, amantes de mulheres poderosas no seriado “A vida alheia”. [ PÁGINA 12 ]

Lu Alone: revelação mineira que ganhou programa no Multishow

A apresentadora Ana Maria Braga lança seu primeiro romance, que conta a jornada mística de uma mulher predestinada. [ PÁGINA 11 ]

Nanda Costa tem uma coleção de mais de 500 vinis. A maioria está na casa dela, em Copacabana, mas alguns ficaram em Paraty, onde moram seus pais. [ PÁGINA 5 ]

COISA DE MENINA ADOLESCENTES SÃO AS PROTAGONISTAS E O PÚBLICO-ALVO [ PÁGINAS 6 E 7 ] DE UMA NOVA SAFRA DE SÉRIES E REALITIES


Tribuna do Norte • Natal • Rio Grande do Norte

revista da tv

Domingo | 23 de maio de 2010

TERÇA

QUARTA

QUINTA

SEXTA

Cristiana e Flávio entram no casebre e levam Bernardo e Nanda embora. Nelson convence Clarinha a mandar a foto. Bernardo agradece a ajuda de Flávio. Jonas e Limão avisam Clarinha que o seu amigo pode não ser quem ela pensa. Paulo Roberto diz a Bernardo que precisa demitir Antônio para que ele possa ter uma chance com Cissa.

Tati vai fazer um teste para modelo e estranha a atitude da agente. Paulo Roberto demite Antônio. Livramento fecha o Escondidinho. Nelson convence Clarinha a se encontrar com ele. Linda escolhe agenciar Tati. Jonas e Limão mostram para Paulo Roberto e Cissa a foto de Huguinho e o pai de Clarinha corre para encontrar a menina.

Clarinha entra no carro de Nelson, esperando encontrar Huguinho. Paulo Roberto alcança o carro de Nelson e tira Clarinha de perto dele. Nelson é preso. Tati fica nervosa com as exigências de Linda. Bia e Tati fazem colagens com fotos de Bernardo e Nanda e arranjam um jeito de aquilo parar nas mãos de Cristiana.

Cristiana fica arrasada e se preocupa com sua irmã. Antônio decide ligar para o médico da filha. Clarinha se esconde atrás de Jonas e Limão, quando um homem se aproxima dela. Linda troca o nome de Tati e exige que ela mude o visual. Bia entra na casa da família Araújo e forja provas contra Nanda.

O médico pede que Gilmar cuide bem da moça. Daniel fala que Viviane vai voltar antes do que imagina para a casa de Ricardo. Vicente fala com Ricardo que o médico tem medo de se apaixonar. Gilmar diz a Viviane que ela vai voltar para a casa de Ricardo para ser a mãe do filho de Daniel. Ricardo aperta o cordão de Daniel contra o peito.

Gilmar diz a Ricardo que levou Vitória/Viviane para a casa de sua mãe. Luciana critica Suely por continuar apaixonada por Gilmar. Jair aparece com uma caixa de DVD embrulhada e Zeca se surpreende ao ver que ela está cheia de pedras. Ricardo questiona Gilmar sobre a vida de Vitória/ Viviane. Sofia vê Vitória/Viviane falando com Pepe.

Vitória/Viviane não se intimida com o escândalo de Sofia. Berenice vai levar um doce para Mariana e convida Filhinho para ir ao samba. Ricardo se desculpa com Vitória/Viviane. Antônia e José comentam que Vitória/Viviane deveria ser a mãe do filho de Daniel. Vicente chega com a mensagem de Daniel e vai falar com Ricardo.

Antônia fica nervosa ao receber uma ligação anônima falando que Mariana está namorando um homem casado. Judite se diverte com a ligação que fez para Antônia. Gilmar chega à casa de Petrópolis e fica estarrecido ao ver Ricardo dormindo na cama de Francisca. Disfarçada, Viviane vai com Leninha à casa de Madame Gilda.

E EMISSORA NÃO DIVULGOU O CAPÍTULO.

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E EMISSORA NÃO DIVULGOU O CAPÍTULO.

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Agnello não se conforma. Jéssica briga com Berilo. Fred se oferece para procurar o marido de Agostina no Brasil. Clara vai ao quarto de Totó e se insinua para ele, decidida a obter a procuração para Fred. Mauro beija Diana. Ela avisa que vai se casar com Gerson. Agnello arma um plano para deixar Clara e Totó sozinhos. Clara e Totó se beijam.

Clara finge estar apaixonada por Totó. O italiano surge de mãos dadas com Clara e surpreende a família. Bete conta para a filha, Melina, que foi enganada pelo marido. Melina vai à casa de Saulo e ameaça impedir que o testamento do pai seja aberto caso o irmão insista em interditar a mãe. Gemma diz a Totó que vai embora para não ver a sua desgraça.

Melina e Saulo discutem. Agnello acredita que Clara gosta realmente de Totó. O italiano implora para que Clara fique na Itália e diz à família que aceitará a herança. Bete conta o segredo aos Gouveia e todos reagem chocados. Totó passa para Fred o direito de ele movimentar a herança. Diana diz a Gerson que não pode se casar.

Gerson resolve conhecer os pais de Diana. Stela sai à noite e aborda um garoto. Sinval desconfia da mãe. Gemma abre a porta do quarto e vê Clara e Totó juntos. Fred e Clara comemoram o sucesso do plano. Jéssica contrata Jackie para fazer relatórios sobre Berilo. Totó chega ao aeroporto e vê Clara partindo para o Brasil.

Totó lamenta a partida de Clara com Fred. Bete descobre na internet que Olavo é o Rei do Lixo. Jéssica vê uma foto de Agostina e Dino no paletó de Berilo e fica com raiva. Melina se apresenta a Diana. Agnello ameaça Fred, dizendo que, se ele não entregar as passagens, falará com Totó para anular a procuração.

Mrs. Smith afirma que Serafina tem caráter e é isso que importa. Nara diz a Raquel que Claude só casou com Serafina para conseguir o visto de permanência no país e que, em três meses, vai se divorciar para, depois, casar com ela. Roberta promete dar um jeito no cabelo de Serafina e sugere que ela adote outro nome, Rose Geraldy.

Serafina e Claude discutem na frente de Roberta. Nara avisa às amigas que os papéis do seu casamento com Claude no exterior estão prontos. Mrs. Smith manda o marido comprar livros sobre boas maneiras para Serafina. Nara diz a Raquel que vai se vingar de Claude. Nara aparece na casa de Roberta para ver o francês.

Serafina se esconde de Nara, que pede para ver o quarto de Roberta. Serafina ouve e decide fugir. Dádi leva Serafina para casa. Pepa arrebenta o cadeado do baú do barão. Pimpinoni e Joãozinho acham um livro velho. Pepa flagra Serafina de vestido novo e peruca. Pimpinoni teme que Roberta e Claude estraguem Serafina.

Dádi avisa Claude que o casal Smith está no prédio. Mrs. Smith pergunta sobre Serafina e ele diz que ela saiu. Frazão lembra Dádi de buscar Serafina. Catarina pergunta a Giovani se Serafina casou só no papel. Ela aparece, com toda a categoria que aprendeu com Roberta. Catarina, Amália e Terezinha olham furiosas.

O professor diz a Joca que dias antes do crime recebeu uma mensagem do “Comando Invisível” pela internet dizendo que ia ser atacado. Joca diz a Flores que desconfia de Eleonora, pois ela chegou à cidade no dia do crime. Joca diz a Léia que vai grampear o telefone de Madame Durrel. Beatriz tenta convencer Nicolau a viajar por uns dias.

Beatriz recebe Arminda, que fica encantada com a fazenda do senador Érico. Arminda convida o senador para a recepção que Madame Durrel vai oferecer à sociedade. Teixeira mostra para Madame Durrel a lista dos homens que podem ser seu filho. Joca, do telhado do solar, vê o banho de Arminda pela claraboia.

A claraboia se desloca e Joca cai diante de Arminda no chuveiro. Ela leva um tremendo susto e ele diz que pode explicar tudo. Teixeira pergunta a Arminda se ela precisa de ajuda e a executiva diz que a claraboia se desprendeu, mas que já está tudo bem. Joca agradece Arminda por não têlo entregado e vai embora.

Joca vê Arminda saindo da casa de Flores. Joca conta ao professor que tentou grampear o telefone de Madame Durrel, mas por conta de um acidente não conseguiu. Ao voltar para casa, Romeu é raptado por dois mascarados, trancado num carro, encapuzado, e levado pra um galpão. Uma voz o instrui a tirar as calças.

Márcia acredita que conseguirá prender Verônica, Dinho e Ataulfo. Cíntia não consegue acreditar que Adriano esteja morto. Jacinto se insinua para Magdalena. Nati conta sobre a lua-de-mel para Camila e Regina. As três comemoram o casamento de Luzia. Bela está feliz por causa do casamento de Nelson e Clemente. Olga fica atônita ao perceber que Bela está viva.

Luzia e Hortência ficam deslumbrantes de noivas. Ao ouvir a descrição de Olga, Rodrigo fica tenso. Hortência e Luzia chegam para o casamento e caminham em direção aos noivos. O juiz de paz inicia o casório. Rodrigo pede para Olga descrever Eulália para Valentina. Ataulfo e Dinho invadem a casa de Vera. Eles rendem Vera e Inês e perguntam onde está Bela.

E EMISSORA NÃO DIVULGOU O CAPÍTULO.

E EMISSORA NÃO DIVULGOU O CAPÍTULO.

SEGUNDA

SÁBADO

Inter TV/Cabugi – Canal 11

MALHAÇÃO ID Jotapeg conta a Rita que não é o seu admirador e avisa que o verdadeiro desistiu dela. Thales diz que não vai mais dar aulas para a turma. Reco, Jotapeg e Rodrigo reagem culpados. Clarinha hesita em mandar uma foto sua para Huguinho, que, na verdade é Nelson. Cristiana e Flávio encontram o casebre onde Bernardo está preso.

NÃO HÁ EXIBIÇÃO

Inter TV/Cabugi – Canal 11

ESCRITO NAS ESTRELAS Ricardo mostra o cordão de Daniel para Antônia, que confirma que o rapaz estava com ele quando foi a Petrópolis. Daniel fica feliz e acredita que Ricardo vai escolher Viviane para ser a mãe de seu filho. Viviane descobre que Pepe mostrou o cordão para Ricardo. Breno pede para Gilmar se afastar de sua namorada. Viviane conta para Ricardo que o cordão estava com ela.

Vitória/Viviane conta para Ricardo como Daniel lhe deu o cordão, mas ele não acredita e ela vai embora indignada. Daniel decide ajudar Viviane e vai até a casa de Madame Gilda. Vanessa diz à mãe que quer sair do balé, mas a médica a proíbe. Gilmar leva Viviane para falar com Ricardo e a moça se demite, deixando o médico pasmo.

Inter TV/Cabugi – Canal 11

Inter TV/Cabugi – Canal 11

TEMPOS MODERNOS Deodora afirma que não fará nada contra JP, mas muda de ideia ao ouvir a proposta do pai. Iolanda descobre que seu vestido foi comprado por Niemann e decide trocar de roupa. Goretti e Bodanski tentam invadir a festa e são barrados. Portinho se depara com Deodora na festa. Renato pede a mão de Nelinha na frente de todos os convidados. Josefa chega e pede para ver Leal.

PASSIONE Totó se encanta por Clara. Ela e Fred falam com o camponês sobre a herança que recebeu. Totó fica estarrecido. Clara finge solidariedade a ele. Bete exige que Saulo retire o pedido de interdição. Diana invade a sala de Mauro para saber por que ele não atende suas ligações e dá de cara com Gerson. Totó afirma para Fred e Clara que não quer a herança.

TV Tropical – Canal 8

Bento vê a foto do neto e morre. Zequias exige que Egídio mostre a foto de Bentinho. Nara tenta seduzir Antoninho. Bento flagra a mãe em clima íntimo com o advogado. Egídio mente para o padre e para Zequias, dizendo que Bentinho morreu quando era garoto. Serafina procura Mr. Smith, pronta para revelar a verdade.

TV Tropical – Canal 8

UMA ROSA COM AMOR

Amigos e conhecidos cumprimentam Flores no velório de Dona Dirce. Querêncio, já bêbado, acaba caindo dentro da tumba. Flores mostra para Joca a tela do seu computador, onde está escrito “Comando Invisível”. Ele explica para o detetive que, na noite em que Dirce foi morta, isso apareceu na tela e afirma.

Hugo, irmão gêmeo de Antoninho, visita Roberta. Serafina diz que começou a gostar de Claude no escritório e que não casou para ajudar o francês a permanecer no país. O casal Smith acredita e promete ajudá-la. Catarina afirma que Terezinha só casa com Milton se Claude entrar para a família. Alabá repara na semelhança de Hugo e Antoninho.

RIBEIRÃO DO TEMPO

NÃO HÁ EXIBIÇÃO

BELA, A FEIA Potengi – Canal 3

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Ataulfo verifica se Adriano está realmente morto e encontra o pen drive. Clemente pede Hortência em casamento. Dinho fica surpreso ao saber que o pai matou Adriano. Rodrigo e Bela entregam o pen drive para Márcia e Douglas. Bela descobre a senha, mas eles descobrem que a conta está vazia. Douglas diz que o pen drive é a prova de que Verônica desviou o dinheiro.

E EMISSORA NÃO DIVULGOU O CAPÍTULO.


Domingo | 23 de maio de 2010

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Tribuna do Norte • Natal • Rio Grande do Norte 3

FOTO DE ANA BRANCO/ AGRADECIMENTO:CENTRO CULTURAL SOLAR DE BOTAFOGO

dos, ela será vista no segundo semestre em “Não se pode viver sem amor”, de Jorge Durán, e no fatídico “Bruna Surfistinha — O doce veneno do escorpião”, de Marcus Baldini. No primeiro, forma par com Cauã Reymond. No outro, interpreta uma “quase amiga” da protagonista feita por Deborah Secco. — “Estômago” marcou o meu antes e depois. Fui vista em todos os lugares — destaca a curitibana, que trabalhou como cabeleireira ao lado da mãe antes de viver apenas como atriz. — Cresci numa família que teve bar, restaurante e sapataria... Com 17 anos montei um salão com minha mãe. Tenho até diploma de cabeleireira! Nero, de 40 anos, nasceu em Curitiba, mas foi criado em São Paulo. Depois de perder os pais ainda adolescente, se formou num curso técnico em agropecuária, em Minas Gerais. Mas voltou para a capital paulistana onde estudou Administração. Lá, vendia pacotes de TV a cabo para viver. — Odiava tudo aquilo e voltei para Curitiba, em 1990 — recorda o ator: — Fui tocar em bares para ganhar dinheiro e foi maravilhoso. A música entrou em cena na época em que Nero ainda estudava em Minas. — Sempre fui muito tímido e comecei a tocar vioFabiula e Nero decidiram vender o apartamento deles em Curitiba depois da vinda para Rio: trabalhos na cidade lão para conquistar as garotas. Assim elas ouviam minha voz — recorda, aos risos. ZEAN BRAVO Para Nero, um cantor de barzinho faz muisar abaixado para ficar na mesma altura da veio meses depois. Hoje, os dois circulam mulher nas fotos da Revista da TV, Nero mospelo Rio juntos. E dizem lidar com o ciú- to mais sucesso com as mulheres do que um lexandre Nero e Fabiula Nascimento tra ser o oposto do malvado que faz às 18h. me de forma saudável. — Já fui muito ciu- ator da Globo. — A música tem esse encantêm um humor parecido. ZombeteiGilmar, o terceiro papel dele em novelas, é menta e dei altos bafos (escândalo). Mas to. É o melhor afrodisíaco — afirma o ator. ro, o casal curitibano conta, tentanFabiula comprova a tese do marido. — O a pedra no sapato da mocinha Viviane. Um nunca fui louca de quebrar nada — diz. do parecer sério, que o trunfo da relação de sujeitinho mau-caráter. — As pessoas me O ator revela ter lá as suas crises tam- palco é uma loucura. É noite, tem bebida... As nove anos foi a distância. De fato, eles não amavam de graça e agora me odeiam de grabém. Para ele, foi difícil de encarar as se- mulheres eram todas loucas por ele! Eu era uma conseguiram dividir o mesmo teto sempre. ça — diz, lembrando da torcida pelo verduquências de sexo e nudez de Fabiula no das que queria abraçar e levá-lo para casa — Fabiula já passou meses longe do marido reiro Vanderlei, de “A favorita”, e pelo peão filme “Estômago”, estreia dela no cinema. diz Fabiula, agora em cartaz com a peça “Enquando veio para o Rio de Janeiro, em 2007, Terêncio, de “Paraíso”: — Mas todo mundo Nero assume ainda ter ficado mexido com fim, nós”, ao lado de Marcius Melhem. atrás de oportunidades profissionais. E NeNero, que já teve banda, planeja lançar tem os dois lados. outro papel da mulher, uma prostituta no ro enfrentou um período sem a mulher em No ar até junho como a Jaqueline do sefilme sobre Bruna Surfistinha, inédito nos seu CD solo, já gravado. Hoje, ele é tão ator solo carioca, um ano depois, ao fazer sua quanto músico. Foi no teatro, depois de ser estreia em novelas. Os trabalhos recentes visto na peça “Os leões”, que o curitibano juntaram os dois na mesma cidade. Ele agorecebeu o convite para uma participação no ra interpreta o vilão Gilmar, de “Escrito nas especial “Casos e acasos”, da Globo. Apesar estrelas”. E ela, a namorada de Murilo Beníde pequeno, o papel chamou a atencio na série “Força-tarefa”. — A gente pode de um produtor de elenco, que o Juntos há nove anos, os curitibanos Alexandre Nero ção anunciar que nosso apartamento de Curitiescalou para “A favorita”. Mas o ator e Fabiula Nascimento, no ar em ‘Escrito nas estrelas’ ainda não está 100% à vontade com o ba está à venda? — brinca Fabiula. O casal viu a carreira na TV acontecer quaprocesso de trabalho da TV. — A Fae ‘Força-tarefa’, descobrem a TV ao mesmo tempo se ao mesmo tempo. E convive agora com a biula sabe. Começo a tremer, sou pésexposição que o veículo traz. Eles não ligam riado policial, Fabiula já tem outro trabacinemas. — Ela me contou como seria to- simo para decorar texto. Demoro muito mais se são fotografados na orla e ilustram notas lho engatilhado. Ela foi escalada para “Tudo o processo. Tive que engolir em seco, tempo que as outras pessoas para ensaiar em sites de celebridades. Mas ainda não se do junto e misturado”, série de humor asmesmo sofrendo. E ela precisa fazer o me- uma cena e acho que não tenho tempo suacostumaram. — Esse universo é todo muisinada por Bruno Mazzeo, prevista para o lhor possível em cada trabalho. Posso fi- ficiente na TV para isso. to louco para a gente — reconhece Nero. O namoro do casal começou em 2001 segundo semestre. — Agora temos um concar sem dormir, mas não interfiro nisso. O Bem-humorado, o ator dá risada ao cotrato com a TV e decidimos nos fixar no resto é puro ego e insegurança — assume. quando os dois trabalharam juntos no teamentar um suposto ataque de estrelismo Rio — conta a atriz, que reconhece ter peSincero,oatoraindacomenta:Nãosoucon- tro — Nero como músico e Fabiula como anuma gravação. — Depois que você se tornado na tal época em que deixou Nero em tra a cena de sexo ou nudez. Tem que fazer! triz. Ela conta que seu interesse por ele surna conhecido não pode mais reclamar de Curitiba. — Esse ano morando longe foi Seria superficial um filme sobre Bruna Surfis- giu anos antes. — Vi o Alexandre pela prinada. Qualquer coisa que faça vem aquepunk. Tínhamos acabado de montar o apartinha sem aparecer gente pelada e transando. meira vez em 1997. Pensei: “Que cara linla chantagem barata de que ficou metido. tamento lá e eu estava zerada de grana. Cria do teatro, Fabiula, 32 anos, viu a car- do!”. Quando fui perguntar quem era desSe você reclama da comida fria no restauNero experimentou um período de soreira tomar novo rumo depois de engordar 7 cobri que era namorado da coreógrafa da rante é sinal de que virou estrela. lidão quando fez “A favorita”, em 2008. A kg para o papel da prostituta Íria, em “Estô- peça que eu fazia — recorda a atriz. — Viu? E isso ele não parece ser. Depois de pomulher estava filmando em São Paulo e só mago”. Com mais meia dúzia de filmes roda- Eu já fui lindo! Bons tempos... — ri Nero.

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DOSE DUPLA


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Tribuna do Norte • Natal • Rio Grande do Norte

»BRUXA SOLTA

Foram cancelados “Cold case”, “FlashForward”,“The new adventures of old Christine”,“Heroes”,“Law & order”,“Melrose Place”,“Accidentally on purpose”,“Numb3rs” e “Miami Medical”.

SERIAIS

Domingo | 23 de maio de 2010

»EM COMPENSAÇÃO...

Que os produtores não nos leiam,mas a coluna encheu-se de júbilo com o fim de “Heroes”(Universal).Quem via?

Foram anunciadas as renovações das ameaçadas “Medium”,“Rules of engagement” e “Two and a half men”, esta última sempre às voltas com os problemas pessoais de seu astro Charlie Sheen (foto).

Porém,teremos que aturar mais aventuras do além protagonizadas por Allison Dubois,de “Medium”(Sony).

TÉLIO NAVEGA - TOM LEÃO - VALQUÍRIA DAHER

»NOVIDADES DO HAVAÍ

FOTOS DE DIVULGAÇÃO

Foram divulgadas as primeiras fotos do remake de “Havaí 5-0”, o drama criminal que durou de 1968 a 1980.Acima,os atores Alex O’Loughlin e Scott Caan (os detetives Steve McGarrett e Danny Williams).

»ÚLTIMOS SUSPIROS A atual temporada de “Smallville”, a décima,deverá ser a última.A notícia foi dada pelo intérprete do Superhomem,Tom Welling,em entrevista ao site “Hollywood Live”, e confirmada pelo canal CW.

HÁ VIDA APÓS ‘LOST’? BILL CARTER E BRIAN STELTER Do New York Times Depois de um período de declínio de anunciantes e perda de espectadores (e prestígio) para as redes a cabo,além do fim de séries populares como “Lost”e “24 horas”, os canais abertos americanos estão voltando a gastar.Eles estão turbinando o desenvolvimento de novidades:pelo terceiro ano seguido,o número de pilotos cresceu em 2010.Essa é uma boa notícia,já que agora as redes estão reduzindo reprises para dar espaço para estreias. Analistas preveem que a temporada 2010-11 será mais robusta que a do ano passado e que as vendas de anúncios serão 15 a 20% maiores que as de 2009.A política de arriscar está especialmente evidente na NBC,que no último domingo anunciou um pacote de novas séries,depois de confirmar o cancelamento de“Heroes”,até pouco tempo atrás cercada de badalação.Dois novos formatos de dramas criminais acabam de estrear no canal:“The event”e “Chase”.Além da NBC,a Fox é outro canal que enfrenta pressões,já que“24 horas”está em seu último mês de vida,e“American idol” perde audiência com a anunciada saída de seu jurado-símbolo, Simon Cowell.Por isso seus executivos encomendaram três produções,com os títulos provisórios de“Traffic light”,“Keep hope alive”e“Running Wilde”.A CBS e a ABC,que contam com produtos envelhecidos como“CSI”e“Grey’s anatomy”,investem nas sitcoms. Na primeira,“The Big Bang theory”virou fenômeno entre os jovens.Na ABC,“Modern family”é tida como uma importante peça para a recuperação do gênero.A CBS aposta num novo sucesso com“Mike and Molly”,de Chuck Lorre,criador de“Two and a half men”e“The Big Bang theory”.

“Modern Family”

Hurley,Jack,Kate e Sawyer: qual deles vai assumir a inglória tarefa de tomar conta da ilha de “Lost”?

Todo carnaval tem seu fim manhã, o assunto em bares, na faculdade, no trabalho ou em rodas de troca de figurinhas do álbum da Copa, não deve ser outro: o final, depois de cinco anos, de “Lost”, a série que revolucionou a narrativa da TV com muitos mistérios e viagens no tempo que deram um tremendo nó na cabeça do telespectador. O último episódio — na verdade, dois, pois é duplo — da fatídica temporada vai ao ar, nos EUA, hoje, e, por aqui, na terça, às 22h, no AXN. Neste domingo, o canal brasileiro exibe, a partir das 18h, uma pequena maratona, com os episódios 13, 14, 15 e, às 21h, o penúltimo, o inédito “What they died for”.

A

Para o bem e para o mal, o programa criado por J.J. Abrams, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof vai deixar saudades, principalmente na emissora ABC, responsável pela transmissão original da série e de seu alardeado sucessor, “FlashForward”, cancelado há poucos dias. Mesmo alvo de críticas de quem esperava respostas para as inúmeras perguntas disparadas ao longo de suas seis temporadas, todo o carnaval gerado por “Lost” é justificável. Nunca houve série como ela. E, após assistirmos ao penúltimo episódio, acreditamos, sem spoilers, que muitas perguntas permanecerão sem respostas. A única certeza é a de que

um dos Oceanic Six precisará ficar na ilha, tomando conta daquele pedaço de terra que parece ter vida própria. Afinal, Jacob já era e precisa de um sucessor. E que, mesmo com o assustador homem — sem nome — da fumaça negra barbarizando nos mais recentes capítulos, Ben ainda é um dos maiores vilões da história da TV. Isto se o universo em que vivem os habitantes da ilha não desaparecer no último episódio, e a tal realidade paralela, em que todos os tripulantes do vôo 815 chegaram sãos e salvos aos seu destino, não se tornar a definitiva. Não adianta, o nó nunca mais vai ser desatado.


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Para Mariana Ximenes,pela Clara Medeiros de “Passione”, novela de Silvio de Abreu dirigida por Denise Saraceni que estreou na Globo semana passada.A personagem é uma vilã que se faz de boazinha e a atriz acertou nas duas facetas dela.

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Para a abertura de “Passione”, uma promessa de originalidade que não se concretizou.A vinheta se parece com tantas outras que a televisão já apresentou,com a câmera passeando por objetos jogados,como colares etc.

SIMONE MARINHO

CONTROLE REMOTO

Tribuna do Norte • Natal • Rio Grande do Norte NEO PRODUÇÕES

Domingo | 23 de maio de 2010

»JOGA O BUQUÊ!

Noiva de Patrick (Rodrigo Fagundes) em “Zorra total”, Dig Dutra posou para um catálogo de vestidos de...noivas.Na vida real,a atriz namora o personal trainer Jean Demetrius,a quem chama de “namorido”.Veja outras fotos no oglobo.com.br/kogut10

PATRÍCIA KOGUT

CRÍTICA ‘RIBEIRÃO DO TEMPO’

issurada por música, Nanda Costa tem uma coleção de mais de 500 vinis. A maioria está na casa dela, em Copacabana, mas alguns ficaram em Paraty, onde moram seus pais. “Tenho de tudo: de Ella Fitzgerald a Adoniran Barbosa”, orgulha-se a morena, que ainda hoje garimpa em lojas especializadas, feiras e sebos. A relação com a música é antiga e vai mais longe: Nanda compõe. A primeira criação foi ainda em Paraty, quando tinha 15 anos. “A canção vem meio pronta para mim, melodia e letra”, diz ela, que, quando fez 13 anos, pediu um violão de presente de aniversário: “Ele anda comigo para todos os lados”. Autodidata, também toca berimbau e arranha algumas notas na flauta transversal. Como se não bastasse, imita o som do agogô com a boca. “Adoro. Vivo fazendo saraus lá em casa”.

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MARCOS SERRA LIMA

»LISTA SEM RESPOSTA

Uma das melhores séries de todas,“Lost”termina hoje nos EUA.Segundo o site IO9 (www.io9.com),há 50 perguntas no ar que precisam ser respondidas. Vale conferir quais são elas.

Thiago Fragoso será o vilão da próxima novela das 18h da Globo.

»EFEITOS

Estrelada por Jennifer Love Hewitt, “Ghost whisperer”emplacou mais uma temporada.A produção,cara por causa dos efeitos,é também uma das maiores apostas da CBS para a tecnologia 3D.

»LANÇAR TALENTOS

O elenco de crianças e adolescentes da nova fase de “Malhação”será quase que totalmente composto de desconhecidos.

»NOVELA

Edwin Luisi fará “Vivendo de amor”, na Record.A novela,de Margareth Boury,será adaptada de um texto da mexicana Televisa.

»MALVADÃO

»NA SERRA »VOAR,SUBIR,SUBIR...

Jayme Maratazzo,o Daniel de “Escrito nas estrelas”, posou para o site Ego (www.ego.com.br) e contou na entrevista que está adorando “brincar de voar”. Na novela das 18h,seu personagem é um espírito que vive nas nuvens.E sem asas.

Autor de novelas da Globo,Carlos Lombardi recebeu o título de Cidadão de Nova Friburgo por serviços prestados ao município. Novelas dele, “Vira lata”,“Uga uga”e“Kubanacan” tiveram gravações realizadas na cidade.

Estreia da última terça-feira na Record, “Ribeirão do Tempo”,de Marcílio Moraes e com direção-geral de Edgard Miranda,é uma espécie de compilação de várias fórmulas conhecidas.Não é à toa que o resultado final remete a novelas dos anos 80.Tudo lembra algo que já se viu na TV,não necessariamente na Record.Tem o ambiente interiorano de folhetins das 18h; uma cidade pacata que terá de se defender da ambição desmedida de um poderoso grupo econômico que quer construir um resort“destruindo a natureza”;e um jornal que sobrevive a duras penas se equilibrando entre a falta de recursos e a dignidade de não “se vender aos poderosos”.Apareceu até um personagem misterioso,à la Velho do Rio. A produção tem qualidades.A cenografia é uma delas.Se não chega a oferecer nada de muito inovador,está longe do improviso. Marcílio não é um autor inexperiente,mas,pelo menos na Record,nunca mais repetiu o texto delicioso de “Essas mulheres”.Ainda assim,correto,fica bem acima do nível colegial dos diálogos de tramas apresentadas na emissora,como a dos mutantes e seres afins.Do elenco,pelo menos nessa primeira semana,saíram-se bem Antônio Grassi,Eduardo Lago,Jacqueline Laurence e Caio Junqueira.Por outro lado,Bianca Rinaldi parece pronta para estrelar uma novela mexicana. E Cássio Scapin e José Dumont protagonizaram um concurso de caretas aguerrido.Difícil dizer quem venceu. Um detalhe,que é quase uma regra nas novelas da emissora,em “Ribeirão do Tempo”não faltou: sequências aéreas abrindo o capítulo de estreia.Desta vez,um sobrevoo na locação (linda,aliás). Mas o problema é esse:virtudes avulsas não servem para um resultado final satisfatório.

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Domingo | 23 de maio de 2010 FOTO DE SIMONE MARINHO/AGRADECIMENTO:MEZA BAR

SUNNYENTRE ESTRELAS

Programas estrelados por meninas e dirigidos ao público feminino ‘teen’ ganham espaço e apresentam suas novas divas

TATIANA CONTREIRAS

arotas só querem se divertir, cantava Cyndi Lauper em um clássico dos anos 80. Os anos passaram, mas o refrão continua atual. Cada vez mais influentes na indústria do entretenimento, são essas meninas que dominam atualmente boa parte da programação da TV — seja na frente das câmeras, seja com o controle remoto na mão. Estrelas de atrações com um pé na realidade ou na ficção, adolescentes superpoderosas vêm ganhando espaço crescente em programas. E acabam virando exemplos (de bom ou mau comportamento, tanto faz) para uma geração de jovens espectadoras. Pode-se dizer que a nova safra de it girls da TV veio na cola do sucesso do trio formado por Miley Cyrus, da série “Hannah Montana” (a mais saidinha na vida real, e ainda assim bem comportada perto de atrizes como Lindsay Lohan), por Selena Gómez, de “Feiticeiros de Waverly Place”, que também é cantora, e por Demi Lovato, de “Sunny, entre estrelas”. Crias do Disney Channel, as meninas cresceram diante das câmeras e inspiraram não só seguidoras como também os canais, que notaram aí um filão. Agora, essa tendência cresce e ganha novas fronteiras. Como prova a brasileira Lu Alone, que vem sendo apontada como uma promissora prata da casa. No ar desde a semana passada no Multishow, a atração que leva seu nome mostra a correria da menina entre uma vida normal e a gravação e o lançamento de seu primeiro CD. Aos 17 anos, Luciana (que já morou nos Estados Unidos e dividiu babá com os Jonas Brothers) começou a cantar aos 4 anos. Bombou na internet depois de gravar uma música como convite para o seu aniversário de 15 anos e postar o vídeo no YouTube. Sua inspiração? Adivinhe. — Demi Lovato é minha referência, e cresci vendo Miley Cyrus na TV... Sempre me perguntava se um dia seria como elas. Estou realizando um sonho — diz a mineira, contando que estudou teatro e que, um dia, depois do reality, gostaria de estrelar uma co-

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PRETTY WILD

LU ALONE

média romântica: — Não tenho nada para esconder, todo mundo vai ver quem eu sou no programa. Difícil foi acompanharem minha rotina: converso com minhas amigas, faço aulas de dança, tenho ensaios com banda, malho... Tem dia em que só peço para dormir! Vista como especialista em comportamento teen, Marimoon é uma espécie de embaixadora do mundo adolescente na MTV e na

fase da vida em que desencana de ser tudo que a mãe manda ser para decidir o que quer, do que gosta, como quer ser. Comparando com as outras gerações, essa é a que tem mais liberdade de ser o que quiser. E o mercado está de olho nisso, sabe que não adianta convencer os pais: hoje, quem decide o que quer comprar numa loja ou ver na TV é a criança, o adolescente — defende a apresentadora.

ADORÁVEIS GA internet. Adorada (e odiada) na internet por conta do seu famoso fotolog, a apresentadora do “Acesso MTV” (ao lado de Titi Muller) e do “Scrap MTV” conta que é constantemente procurada por meninas, para dar conselhos ou só trocar uma ideia. Mari também tem sua visão sobre essa nova onda na TV. — As meninas gostam de falar dos gatinhos, de seus ídolos, de moda, beleza e estilo. É um público muito novinho, que está em uma

Vale lembrar que não são só as séries com uma aura de fantasia ou com ar musical que têm cativado as meninas. Mostrar os dramas das adolescentes parece estar também na mente dos produtores e roteiristas de séries americanas — dois bons exemplos são “Life unexpected” e “A vida secreta de uma adolescente americana”. Na primeira, exibida por aqui pelo canal Liv, a protagonista Lux (Britt Robertson) descobre que seus pais biológicos es-


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Domingo | 23 de maio de 2010

SPLIT

Mocinha e vampira tão vivos depois de passar a vida em casas de adoção e decidir se emancipar. Na segunda, no ar pelo Boomerang, Amy Juergens (Shailene Woodley) engravida aos 16 anos. Na linha reality, a novata “Pretty wild”, do canal E!, mostra a rotina de três irmãs de Los Angeles, a baladeira Tess (19 anos), a encrenqueira Alexis (18), que já foi presa, e a sensata Gabrielle (15). Apontada como uma versão nacional de “The hills”, reality com patricinhas americanas, “Nós 3”, do Multishow, mostra a vida real das amigas Cix, Yasmin e da novata Dika, que substitui Dinha. A nova temporada estreia em setembro. Sem pimenta demais, como as três irmãs de Los Angeles — mas bem longe de ser sem sal — Demetria Devonne Lovato, vulgo Demi, 17 anos, faz show no Brasil nesta semana. Namora o bonitinho Joe Jonas, dos Jonas Brothers, e encabeça uma campanha contra o bullying nas escolas. — Não me incomoda ser um exemplo para meus fãs — diz a moça, por telefone, à Revista da TV: — Pelo contrário, me sinto honrada por isso. Para mim é uma grande honra, um privilégio. Não tinha como não cair no gosto das meninas, até porque o que se vê na TV ainda agrega outro mercado: DVDs, CDs e outros produtos com a cara das mocinhas. Depois de Demi, Miley e Selena também veio a venezuelana “Isa TKM”, cuja segunda tempora-

ROTAS da, “Isa TK+”, é exibida pelo Nickelodeon. O elenco ainda faz shows pela América Latina. — É uma rotina cansativa. Mas é divertido também: conhecemos muitos países, cantamos para milhares de pessoas que, assim como no Brasil, não falam nosso idioma. Para as crianças sei que temos que dar o exemplo. Trato os fãs com paciência — diz María Gabriela de Faría, 17 anos, protagonista da novelinha.Mocinha e vampira

Pode parecer pouco comum para quem está acostumado a ver seriados americanos notar a procedência de “Split”, que estreia no dia 3 no Boomerang.A série, exibida em vários países da Europa,é uma produção israelense e também tem uma heroína à frente da trama,que segue a tendência vampiresca atual.Misturando toques de “Crepúsculo”,“The vampire diaries”e até da finada “Buffy,a caçavampiros”,“Split”é protagonizada pela metade humana,metade vampira Ella, personagem de Amit Farkash,que conversou por e-mail com a Revista da TV. Você leu coisas sobre vampiros ou viu filmes e séries para interpretar Ella? AMIT FARKASH: Passei minha infância assistindo a séries assim,cresci vendo isso na TV.Então meio que voltei para minha infância e revi (as séries) “Buffy,a caçavampiros”e “Blade”e vários outros filmes sobre vampiros que eu já tinha visto antes. Pesquisei bastante antes de “Split” começar.

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Patricinhas e atletas O universo das patricinhas,o mundo da fama e dos palcos,o cotidiano nas escolas americanas e a rotina de jovens atletas:junte tudo no mesmo pacote e você terá a nova programação do Animax.O canal, que até o início do mês era focado em animações — como o nome já entrega — não necessariamente com perfil infantil mudou seus rumos.Agora,são os adolescentes que mandam na programação, recheada de séries,musicais e atrações sobre games,cinema e cultura pop em geral.E onde tem série teen,pode apostar:tem meninas na área. A mudança não foi em vão.Segundo o canal,havia uma lacuna para a faixa entre 14 e 24 anos,cujos interesses também saem da TV e passam pela internet e pelas novas mídias sociais. — De maneira geral,notamos que o público adolescente não era bem atendido.Então o canal foi pesquisar que séries poderiam cobrir este vazio na programação. Basicamente tentamos entender o que é atrativo para eles e,a partir daí,buscamos novas séries e fizemos aquisições.O Animax mudou focando no adolescente em geral.E nessa programação existem,sim,séries que falam com o público feminino — explica Stefania Granito,executiva de marketing do Grupo Sony para a América Latina. Assim,foram parar na renovada grade de programação do Animax séries como“Make it or break it”,que mostra os bastidores das competições de ginástica e como as meninas se relacionam,com direito a muita rivalidade e questões familiares.A segunda temporada está prevista para estrear nos Estados Unidos em junho,no ABC Family.Já“10 things I hate about you”,inspirada no filme de

mesmo nome (e protagonizado pelo falecido Heath Ledger) não teve a mesma sorte:sua primeira temporada chega ao fim nesta semana lá fora, apesar de os fãs ainda estarem tentando salvá-la com abaixo-assinados.A trama é similar ao filme, claro:duas irmãs têm um pai superprotetor e a caçula só pode namorar se a mais velha (e mais rabugenta) se arranjar antes. — Há uma pesquisa interessante que mostra que as meninas são ligadas em assuntos mais subjetivos,como romance,namoro,intriga,escola e amizades,em séries com protagonistas femininas.Já os meninos se interessam muito mais por coisas tangíveis,como carros,música e games — explica Stefania. Outra série baseada em um filme e que entrou na grade do Animax,apesar de cancelada nos Estados Unidos,é“Clueless”— sim,“As patricinhas de Beverly Hills”,que fez o mundo notar Alicia Silverstone e a finada Brittany Murphy.Na série,Cher (agora interpretada por Rachel Blanchard) continua no mundo das riquinhas.A série foi cancelada em 1999. A outra novidade,“Kaya”,originalmente exibida na MTV americana,mostra como funciona o mundo da fama.Mas o canal promete outras novidades. — Já temos planejadas as estreias de webisodes (episódios de séries feitos exclusivamente para a internet) exclusivos:um é “Private”e o outro é “Woke up dead”, que já fazem sucesso na rede. Nossa ideia é ir além e sempre trabalhar em outras mídias,sempre de olho no Facebook e no Twitter,por exemplo,onde já estamos bastante presentes — diz a executiva. FOTOS:DIVULGAÇÃO

No Brasil,seriados americanos fazem muito sucesso.Em Israel também? Seriados americanos também são bem populares em Israel.Um que eu gosto bastante é “Glee”. Vê semelhanças entre o vampiro Leo (Yon Tomarkin),seu par na trama,e Edward Cullen (Robert Pattinson),o vampiro de “Crepúsculo”? Existem algumas semelhanças,sim,mas Leo salva o mundo! ➔ PROGRAMAÇÃO: “Lu Alone”(Multishow,seg.a sex.,18h45m), “A vida secreta de uma adolescente americana”(Boomerang, sab.,17h), “Life unexpected”(Liv,seg.,22h), “Sunny, entre estrelas”(Disney Channel,sex.,17h30m), “Pretty wild”(E! Entertainment Television,qua., 22h30m), “Isa TK+”(Nickelodeon,seg.a sex.,19h).

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➔ PROGRAMAÇÃO: “Clueless”(Animax,seg.,17h e 21h), “Kaya”(Animax,ter.,15h e 19h), “10 things I hate about you”(Animax,ter.,15h30m e 19h30m), “Make it or break it”(Animax,ter.,16h e 20h).


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Tribuna do Norte • Natal • Rio Grande do Norte

»OLHA A ONDA

Domingo | 23 de maio de 2010

»FAMÍLIA UNIDA E OURIÇADA

Reality com os dois pés na aventura,“Kaiak”estreia na terça,às 22h,no Multishow,mostrando o atleta e recordista em caiaque extremo Pedro Oliva em busca das maiores cachoeiras do país.

»NA NATUREZA SELVAGEM

Dona Nenê (Marieta Severo) finalmente está de volta em “A grande família”(Globo,quinta-feira,às 22h15m). No mesmo episódio,Agostinho (Pedro Cardoso) resolve, acredite,mudar o visual.Medo!

O QUE VEM POR AÍ

No “Globo News especial”de hoje, às 23h, Sandra Moreira e Luiz Paulo Mesquita vão à Floresta Amazônica refazer os passos de cientistas alemães que chegaram ao Brasil em 1817.

TATIANA CORREIA

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO/JULIANA TORRES

A arte da guerra A relação entre o esporte e a guerra salta aos olhos quando se lê a sinopse de“Os generais do futebol”,documentário que estreia hoje no Discovery Channel,às 21h.No filme,Luiz Felipe Scolari,do Brasil;Carlos Salvador Bilardo,da Argentina; Javier Aguirre,do México;e Francisco Maturana,da Colômbia;falam sobre seus “exércitos”.Aqui,o produtor Adriano Schmid conta detalhes.

»GENTE DIFERENTE Primeira produção original feita na América Latina para o National Geographic International,“Tabu LatinoAmérica”(foto) estreia hoje,às 22h, mostrando os costumes exóticos de cada país.

Como surgiu a comparação entre futebol e guerra? ADRIANO SCHMID:Existe uma apropriação da linguagem militar no futebol que nunca tinha sido investigada. Pensamos em mostrar a figura do treinador como um general e fazer uma comparação. Estruturamos o documentário pensando em como seria a narrativa de uma campanha militar e a de um campeonato de futebol.

»NA PASSARELA Os fashionistas já estão alvoroçados com mais uma edição do Fashion Rio.No GNT,a partir de quinta-feira, Chris Nicklas e Patrícia Koslinski comandam a cobertura.No sábado,Lilian Pacce e Mariana Weickert fazem uma edição ao vivo do “GNT fashion”.

E os generais? Os quatro adotam estratégias clássicas,mas diferentes.

C E NA V I R T UA L þ

»‘SOY LOCO POR TI’ Intelectuais da América Latina se reúnem em “Sangue latino”, que estreia na terça-feira,às 21h,no Canal Brasil. Apresentado pelo jornalista Eric Nepomuceno e dirigido por seu filho,Felipe (os dois na foto),o programa surpreendeu Eric.Confira: 1. “Não sabia que o chileno Antonio Skármeta,autor de ‘O carteiro e o poeta’, se lamentaria por não ter estudado português” 2.“Não podia prever que,de repente,Chico Buarque iria tocar piano para o programa” 3.“E,claro,houve a surpresa de entrevistados que eu não conhecia,como a escritora argentina Laura Meradi e o compositor Kevin Johansen”.

DEU NA TV E FEZ SUCESSO NA INTERNET

‘Dude...’ Fãs de “Lost” imaginam quantas vezes Hurley (Jorge Garcia) disse “dude”(cara).Aqui estão alguns momentos das seis temporadas.

þ

Mico Quem morreu foi Ronnie James Dio, ex-vocalista do Black Sabbath. Mas o noticiário da RedeTV! exibiu imagens do vivinho Ozzy Osbourne...

þ

Fofoca fofa Depois do sucesso da versão de “The Hills”, as crianças mais fofas fazem a sua versão do “TMZ”, programa de fofocas e paparazzi.


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Domingo | 23 de maio de 2010

Programação de tv InterTV Cabugi/Globo -11

TV Mult tv/Rede TV! - 17

05:45-Santa Missa 06:45-Sagrado 06:55-Globo Comunidade 07:25-Pequenas Empresas 08:00-Globo Rural 09:00-Auto Esporte 09:30-Esporte Espetacular 12:25-Renato Aragão Especial — Poeira em Alto Mar 13:20-Os Caras de Pau 14:05-Temperatura Máxima:“Tá dando onda” 15:44-Globo Notícia 15:47-Futebol 2010:Corinthians X Fluminense 18:00-Domingão do Faustão 20:45-Fantástico 23:10-S.O.S.Emergência 23:45-Passaporte África 00:20-Domingo Maior:“Eu,Robô” 02:15-Sessão de Gala:“Tudo pela vida”

06:00-Ultrafarma 09:30-Pé na Estrada 10:00-Avanti Mídia 11:30-Programa Carlos Cunha Show 12:00-Ultrafarma Médicos de Corpos de Alma 13:00-Copa Montana 14:00-Auto Mais 15:15-Transição 15:45-Olhar Digital 16:15-Internete-se 16:45-Super Papo 17:15-Planeta Turismo 18:15-Ritmo Brasil 18:45-Bola na Rede 21:00-Pânico na TV 23:15-Dr.Hollywood 00:15-É Notícia 01:15-A Hora e Vez da Pequena Empresa 01:30-Super Papo 03:00-Igreja da Graça no Seu Lar

TV Potengi/Bandeirantes - 3 07:00-Mundo Real 07:30-Vida e Missão 08:00-Posso Crer no Amanhã 08:30-Magia e Encanto dos Orixás 08:45-TV Jam 09:00-No seu bairro 09:30-Multirio 10:00-A programar 10:30-Brasil Caminhoneiro 11:00-Rota Sertaneja 12:00-Um Escolinha Muito Louca 13:00-Liga dos Campeões 13:30-Band Esporte Clube 15:30-Campeonato Brasileiro:Cortinthians X Fluminense 18:00-Terceiro Tempo 20:30-Domingo no Cinema: A informar 22:30-The Unit — Tropa de Elite 23:25-De Olho na Copa 23:30-Canal Livre 00:30-Deles & Delas 01:30-Liliana Rodriguez 02:00-Show Mix 02:30-Espaço Vida Vitoriosa

TV Universitária/Cultura - 5 06:00-Via Legal 06:30-Brasil Eleitor 07:00-Palavras de Vida 08:00-A Santa Missa 09:00-Viola Minha Viola 10:00-A Turma do Pererê 10:30-Esquadrão sobre rodas 11:00-Castelo Rá Tim Bum 11:30-Janela Janelinha 12:00-ABZ do Ziraldo 12:45-Curta Criança 13:00-Um Menino muito Maluquinho 13:30-Catalendas 14:00-Dango Balango 14:30-TV Piá 15:00-Stadium 16:00-A‘ UWÊ 17:00-Ver TV 18:00-De Lá Pra Cá 18:30-Cara e Coroa 19:00-Papo de mãe 20:00-Conexão Roberto D’Ávila 21:00-Esportvisão 22:30-Nova África 23:00-Cine Ibermedia— Filme:“Asi es la vida” 00:45-A Grande Música 01:15-Doc TV IV 02:45-Curta Brasil

Filmes de hoje

TV Tropical/Record - 8 08:00-Record Kids 09:30-Domingo de Prêmios 10:00-Record Kids 10:30-Campeonato Brasileiro de Motonáutica 12:00-Record Kids 12:30-Tudo é Possível 17:00-Domingo Espetacular 20:45-Programa do Gugu 00:00-Heroes 01:00-Programação Iurd

Gustavo Leitão

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Cineastas panfletários deviam ter um curso com o francês Laurent Cantet sobre como conciliar relevância social e bom cinema. Diretor de “Entre les murs” (no original), Cantet conseguiu alcançar com o filme um raro equilíbrio: diagnosticou a violência latente nos subúrbios franceses e povoou essa dura realidade com personagens que, mesmo quando desagradáveis, não deixam de ser fascinantes. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2008, o longa tem como protagonista o professor François (François Bégaudeau), um incansável lutador de salas de aula povoadas de imigrantes de várias origens, que vivem em pé de guerra. Entre embates, discussões acaloradas e ameaças de agressão, ele tenta fazer seu ofício relevante. Baseado no livro de Bégaudeau sobre suas experiências numa escola semelhante à do longa, a produção impressiona pelo realismo quase documental e as interpretações poderosas. “ENTRE OS MUROS DA ESCOLA” (TELECINE CULT, 22h)

• TÁ DANDO ONDA — Animação. Como fazer o público se interessar pela ave bicolor mais cúti-cúti do planeta depois de ter visto “A marcha dos pinguins” e “Happy feet: O pinguim”? Só mesmo surpreendendo. É o que tenta fazer este longa de animação, que usa a fórmula do mockumentary (falso documentário) para mostrar as peripécias do jovem Cadu Maverick, um pinguim que deixa a Antártida para participar de um torneio de surfe. INTER TV/CABUGI, 14h. • SWEENEY TODD — O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET — Com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Sacha Baron Cohen. Musical. A peça com música de Stephen Sondheim caiu como uma luva (negra) nas

McDermott. Drama. Nessa pequena pérola de realismo que injustamente passou batida pelos cinemas, a balconista Ray Eddy (Melissa Leo) luta contra a miséria para criar os filhos na gelada fron-

teira dos Estados Unidos e o Canadá. Para faturar um trocado, ela aceita transportar imigrantes ilegalmente até território canadense. É quando conhece a índia Lila Littlewolf (Misty Upham), tão desgraçada quanto ela. Só Melissa e Misty já valem o espetáculo. HBO PLUS, 0h. • EU, ROBÔ — Com Will Smith, Bridget Moynahan, Bruce Greenwood, James Cromwell, Chi Mcbride, Alan Tudyk. Ficção científica. Pouco sobrou do universo futurista criado por Isaac Asimov neste filme de ação cheio de sobressaltos com o herói debochado Will Smith no papel principal. Só o ponto de partida é o mesmo: num mundo dependente dos robôs, um dia um tilt faz com que a máquina se volte contra o homem. INTER TV/CABUGI,, 0h20m.

TV SBT/Ponta Negra - 13 06:00-Aventura Selvagem 07:00-Pesca Alternativa 08:00-Vrum 08:30-Ganhe Mais Dinheiro Com Jequiti 09:00-Clube do Chaves 11:00-Domingo Legal 15:00-Eliana 19:00-Roda Roda Jequiti 19:45-Programa Silvio Santos 00:00-Pegadinhas Picantes 01:00-Arquivo Morto 02:00-Desaparecidos 03:00-Nip/Tuck (Estética) 04:00-Jornal do SBT

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mãos de Tim Burton. Na trama, o ex-presidiário Sweeney Todd volta à sua vizinhança ávido por vingança. A sua sede de sangue será saciada com o fio da sua navalha de barbeiro. HBO2, 14h30m. • ASI ES LA VIDA Com Arcelia Ramírez, Patricia Reyes, Ernesto Yáñez, Luis Felipe Tovar. Drama. Cultuado e visto como herdeiro do talento e das obsessões de Luis Buñuel (de quem foi assistente de direção em “O anjo exterminador”), o mexicano Arturo Ripstein assina este longa, filmado em vídeo digital e inspirado na tragédia grega “Medeia”. Julia, uma mulher com dois filhos abandonada pelo marido, torna-se uma homeopata. Ela vai ter que enfrentar o ex, Nicolas, que quer a guarda dos filhos. TV BRASIL, 23h. • RIO CONGELADO — Com Melissa Leo, Michael O’Keefe, Misty Upham, Charlie

• TUDO PELA VIDA — Com Mary McDonnell, Alfre Woodard, Lenore Banks, Vondie Curtis-Hall, Will Mahoney, David Strathairn. Drama. Pequenos drama como direção de John Sayles. Aqui, a atriz de novelas May-Alice Culhane (Mary McDonnell) fica paralisada depois de um acidente de carro. Raivosa e inconformada depois da nova condição, ela volta para a casa dos pais, onde encontra Chantelle (Alfre Woodard), uma enfermeira com seus próprios problemas. INTER TV/CABUGI, 2h15m. • DIÁRIO DE UM ADOLESCENTE — Com Leonardo DiCaprio, Lorraine Bracco, Mark Wahlberg. Drama. Um dos primeiros exemplos dos talentos dramáticos de Leonardo DiCaprio. Nesta espécie de “Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída” dos anos 90, o galã vive um jogador de basquete envolvido com drogas, assaltos, sexo e loucuras. TELECINE CULT, 4h30m.

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Domingo | 23 de maio de 2010

A TV DE.... ue ninguém venha disputar o controle remoto com Patrícia Amorim na hora do jogo da rodada. Quer dizer, a presidente do Flamengo só abre mão de conferir os lances de uma partida importante quando os seus quatro filhos — juntos — pedem para a mãe mudar para o canal Discovery Kids. Mas não é só do noticiário esportivo que é formada a lista de preferências televisivas da exnadadora. Patrícia também adora rever os episódios de “Barrados no baile” e se emociona com os quadros “Lata velha” e “Lar doce lar”, do “Caldeirão do Huck”.

Q

Qual é o seu programa esportivo favorito?

São dois: “Globo esporte”, da TV Globo, e “Bola da vez”, da ESPN Brasil. O “Globo esporte” é o jornal que costumo ver para saber de todas as notícias relativas ao esporte de um modo geral, isso sem contar que é apresentado pela Glenda (Kozlowski), que dá um toque todo especial. E o “Bola da vez” porque costuma levar convidados interessantes com entrevistas bastante consistentes. E qual é o melhor narrador para um jogo de futebol?

Luis Roberto, que narra praticamente todos os jogos do FlaCARLOS IVAN/16-01-2003

mengo. Embora não saiba o seu time, ele narra os jogos do Fla com muita garra. Gosto de assistir.

LHERES”, quando o personagem do Thiago Lacerda chega carregando o barco no braço.

E o comentarista esportivo?

O que te faz mudar de canal?

Júnior, que além de ser rubro-negro tem feito excelentes comentários.

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Quando você briga pelo controle remoto?

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Quando eu quero ver esporte e os meus filhos (são quatro!) querem assistir ao Discovery Kids. Na maioria das vezes, como mãe, acabo cedendo para não brigar... (risos).

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PATRÍCIA AMORIM IVO GONZALEZ

COLUNA DO

revista da tv

TV GLOBO/RENATO ROCHA MIRANDA

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Qual é a melhor novela de todos os tempos?

Notícias tristes. Qual programa não perde?

Adoro ver, no “Caldeirão do Huck”, os quadros “LATA VELHA” e “Lar doce lar”. É muito bacana ver a emoção das pessoas. Aquelas séries que destroem casas e constroem novamente da TV a cabo são legais também. Melhor série?

“Barrados no baile”. Mesmo depois da série ter acabado costumo assistir às reprises. Adoro!

“Roque Santeiro”. Vê TV antes de dormir? Uma cena inesquecível?

Em “A CASA DAS SETE MU-

Só durmo vendo TV. Não tem como dormir de outra maneira.


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Domingo | 23 de maio de 2010

PRIMEIRO PLANO

S

abia-se no antigo – e insuperável – cinema americano que um filme tinha de prender a atenção do público nos primeiros dez minutos. O primeiro capítulo de uma novela equivale a esses dez minutos.Autor (como Gilberto Braga) de formação cinematográfica,Silvio de Abreu sabe disso – e Passione estreou salvaguardada pela lição hollywoodiana.

AUSÊNCIA PRECOCE É pena que um dos grandes nomes do elenco cativo das novelas da Globo,Mauro Mendonça,que faz o papel de Eugênio,tenha tido uma participação (especial) limitada ao primeiro capítulo.Ele merecia – e deveria – ter permanecido em cena.Apareceu pouco,mas deixou impressa a marca do seu talento em três momentos: andando de bicicleta,durante o enfarto e no leito de morte – sussurrando a esposa,Bete (Fernanda Montenegro) um segredo guardado há 55 anos.

O ELENCO DE APOIO Silvio de Abreu também conhece a importância dos

GUSTAVO LEITÃO

na Maria Braga, a apresentadora, diz que está acostumada com as críticas. Mas nem por isso Ana Maria Braga, a escritora de ficção, dormiu tranquila enquanto escrevia seu livro de estreia no gênero, “À espera dos filhos da luz”, recém-lançado pela Ediouro (R$ 29,90, em média). — Eu sofria, sonhava com o livro e acordava transpirando. Passava semanas sem nem chegar perto do que estava escrevendo, depois apagava tudo... — lembra a comandante do “Mais você”, com uma bagagem de 153 títulos de não-ficção publicados, principalmente de culinária. Seu primeiro romance nasceu depois que Ana Maria recebeu diversos convites de editoras para compilar em livro os pensamentos alheios lidos diariamente em seu programa matutino. Mas ela não gostava da ideia de levar o crédito pelas elucubrações dos outros. Até o dia em que surgiu “uma sementinha”, como descreve: Foi uma noite em que estava sozinha e me veio essa história de emoção com o fio condutor de uma personagem predestinada, que mexe com eventos que não existem nem nos dias de hoje. Foi uma busca mesmo, a sementinha ia e voltava. Na trama, que se passa num vilarejo italiano durante a Idade Mé-

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VALÉRIO ANDRADE

JÚNIOR SANTOS

Passione – primeira impressão coadjuvantes.Atores como Mauro Mendonça ou Nildo Parente (que não está na novela), independente do tamanho do papel,valorizam o personagem.É o caso de Elias Gleizer,que como o motorista da família Gouveia,felizmente não teve o mesmo destino de Eugênio Gouveia – e espera-se que não saia de cena nos próximos capítulos.

O CASAL NA VELHICE Entre os acertos do elenco de coadjuvantes,outros dois destaques,além dos citados Mauro Mendonça e Elias Gleizer:Leonardo Villar (Antero,pai de Eugênio) e Clyde Yaconis (Brigida),sogra de Bete (Fernanda Montenegro).Leonardo Villar é um ator sólido,mas discreto,que jamais aparece mais do que o papel exige. Fez bem Silvio de Abreu em tirá-lo do (injusto) ostracismo que vinha deixando-o fora das novelas.Não é fácil corporificar a senilidade sem cair no ridículo ou

ficar caricato.Ser sutil e delicado como Leonardo Villar, exige talento e sensibilidade.Com a irritabilidade em relação aos“esquecimentos”do marido,Clyde Yaconis reproduziu o drama dos velhos casais da vida real.

O PAPEL CERTO

Elias Gleizer: A valorização do papel secundário

Ela sempre é maior no teatro (a exemplo de Paulo Autran) do que no cinema e principalmente nas novelas.Às vezes,como ocorreu no filme “Central do Brasil”, a grande atriz teatral passa à tela a magia que lhe é peculiar no palco.Nunca se pode ter certeza sobre o que poderá acontecer no capitulo seguinte. Entretanto,Fernanda Montenegro como Bete Gouveia,a viúva do milionário Eugenio,vem tendo um desempenho a altura do seu prestigio e talento. Silvio de Abreu,que é admirador da atriz,criou uma personagem ajustada à persona dramática de Fernanda Montenegro.

Mauro Mendonça: Presença no 1º capítulo

A DONA DA HISTÓRIA DIVULGAÇÃO

Ana Maria segura seu primeiro romance: noites maldormidas

Apresentadora do ‘Mais você’, Ana Maria Braga lança seu primeiro romance e diz que sempre foi vítima das críticas

dia (“gosto muito da Itália, tenho vontade de morar na Toscana”, revela), Ana Clara é uma filha da luz, ser encantado que atrai energias harmoniosas do universo. Ao descobrir seus poderes, ela passa a encontrar misteriosos pergaminhos, que lhe fornecem instruções para promover a felicidade no planeta. A história criada pela apresentadora — e escrita com preciosas dicas da amiga Cinthia Dalpino, responsável pelo seu site — acabou servindo para ressuscitar aquele antigo projeto da compilação. Salpicadas

no meio das andanças de Ana Clara, o leitor encontra frases de personalidades como Pablo Picasso, Gandhi, Benjamim Franklin e Paulo Coelho. Selecionadas por Ana Maria, é claro. — Desde o colégio tenho o hábito de anotar frases em cadernos, meus livros são todos rabiscados, adoro papel — empolga-se. Os pensamentos servem como complemento da narrativa, que pretende explorar as emoções humanas presentes desde o início dos tempos. — Desde o homem das cavernas puxando a mulher pelos cabelos, sempre existiu o sentimento. Quero mostrar que o amor, a inveja e a dor não têm tempo nem habitat — explica a autora, que na infância se apaixonou pelos livros de Monteiro Lobato e Machado de Assis e hoje devora best-sellers como o policial “Millenium”, de Stieg Larsson, e a autoajuda “O segredo”, de Rhonda Byrne, que no Brasil foi lançado com sua chancela. — Também tenho o hábito de escutar audiolivros no carro. Adoro um congestionamento — brinca. Enquanto espera a repercussão do romance — o livro já está disponível nas livrarias mas sua noite de autógrafos será só no dia 25,

às 18h, na Praça de eventos do Fashion Mall — Ana Maria se declara “apavorada”. Mesmo depois de 18 anos ininterruptos de exposição na TV, primeiro no “Note e anote”, da Record, e depois no “Mais você”, da Globo. Tempo suficiente para ver cada deslize seu no ar ganhar repercussão gigantesca. — Já me magoei muito com isso. Já me perguntei muito por que meus erros são sempre exacerbados. Se eu estou de vermelho é porque estou de vermelho... É assim desde que nasci no interior de São Paulo (a apresentadora é de São Joaquim da Barra). Sempre fui namoradeira e vivia fugindo para namorar — desabafa Ana Maria, cujo vídeo caindo da cadeira em seu programa recentemente virou sensação do YouTube: — Não sou perfeita nem quero ser. Nunca criei um personagem, poderia ter criado se quisesse, sou boa de marketing. Tem que deixar falar. Ela garante que morreu de rir com o episódio, que não provocou nenhuma lesão grave. Tanto que ela anda treinando pesado para o quadro “Dança dos famosos”, do “Domingão do Faustão”. — Comigo não tem esse negócio do ridículo, da vergonha. Só levanta quem cai — filosofa.


Revista da tv 12

Natal • Rio Grande do Norte • Domingo • 23 de maio de 2010 SIMONE MARINHO

TV GLOBO/JOÃO MIGUEL JR.

SIMONE MARINHO

Raoni tem caso com Marília Pêra na série escrita por Miguel Falabella

O pernonagemde Guilherme se envolve com o de Cláudia Jimenez e com a filha dela

Guilherme e Raoni já se deslumbraram no começo da carreira de ator ZEAN BRAVO

aoni Carneiro já sabia do caso que seu personagem teria com a poderosa personagem de Marília Pêra, a dona de revista de celebridades que move a ação da série “A vida alheia”, ao ser escalado. Mas sentiu uma ponta de preocupação ao descobrir que a primeira cena gravada com a grande dama nem teria fala — só beijos e amassos. — Foi assim: “Oi, tudo bom? Sou Raoni, vamos lá beijar?” — descreve o ator, de 28 anos: — Querendo ou não, é a Marília Pêra! Uma referência. Mas não fiquei travado. Já Guilherme Trajano viu-se intimidado ao gravar as sequências mais íntimas com Cláudia Jimenez (a editora da revista “A vida alheia”, Alberta), apesar de ser amigo da atriz. Tom, o aspirante a ator vivido por ele, se envolve com a jornalista e acaba ganhando um emprego na revista, de crítico teatral. — Fiquei totalmente nervoso mesmo já conhecendo a Cláudia — admite Trajano, cujo personagem também se engraça para Paula (Kim Kamberlly), filha de Alberta. A série de Miguel Falabella traz Carneiro como João, repórter promovido a chefe de reportagem justamente por ter um caso com a dona da publicação. Em um episódio recente, o ator dividiu a cama com a colega veterana. Na cena, o celular de Catarina (Marília) toca e João levanta para pegar o aparelho enquanto a chefona observa seu bumbum. — Marília me deixou à

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vontade e quebrou todos os paradigmas que poderiam haver — completa o ator. Ao contrário de Tom, João não se enrosca no mesmo lençol que a chefe apenas para se dar bem profissionalmente. — Para Catarina, ele deve ser só um brinquedo. Mas João gosta dela e é um jornalista competente — observa Carneiro. Tom está com Alberta mais pelo que ela pode lhe proporcionar. — Ele une o útil ao

(o assédio da imprensa). Hoje estou casado com uma atriz. Saímos na rua e somos fotografados. Mas, por mais que as pessoas critiquem, tem um lado bom nisso. O fato de ser visto reflete no nosso trabalho. As mesmas pessoas que tiram foto na rua vão cobrir sua estreia no teatro. Trajano concorda com o colega. Ele encontrou Carneiro para uma conversa com a reportagem da Revista da TV numa livraria.

!

Pega,

RAPAZ agradável, quer se dar bem, mas tem a libido dele ali — defende Trajano, de 29 anos. O universo dos personagens é rico, dizem os atores. Para Carneiro, que atuou nas novelas “A lua me disse” e “Negócio da China”, ambas de Falabella, os personagens criados pelo autor/ator têm profundidade. — Ninguém está ali à toa. Cada um tem a sua finalidade e um lado podre para mostrar — aponta Carneiro. Pai de Luísa, de 5 meses, do relacionamento com a atriz Fernanda Rodrigues, Carneiro não joga no time dos que classificam a imprensa especializada em celebridades como vilã. — Demorei para aceitar

Trajano também passou por outros canais. Antes de “A vida alheia”, fez “Os mutantes — Caminhos do coração”. Ex-papaquito do “Planeta Xuxa”, estreou na TV como ator no “Sítio do Pica-pau Amarelo”, da Globo. Perto dos 30 anos, os dois hoje veem a profissão de forma menos glamourizada. Mas admitem ter vivido o deslumbramento. — Tomei na cabeça logo na primeira novela. A pessoa acredita que é alguma coisa... Hoje

Raoni Carneiro e Guilherme Trajano vivem os amantes de mulheres mais velhas e poderosas em ‘A vida alheia’

— Já vi gente ser escalada para um trabalho só porque apareceu numa revista — diz ele. Vindo do interior de São Paulo, Carneiro deixou a casa dos pais aos 15 anos para iniciar na carreira. Durante sua busca, chegou a começar a faculdade de Letras e cursou Direito até o penúltimo ano. — Mas ser ator é destino. A vocação é uma consequência — acredita Carneiro. Vocalista da Banda Trupe, ele tem como meta atuar em um musical no teatro. Com cinco novelas na bagagem, Carneiro já atuou em produções da Globo (sua estreia em novelas foi em “Agora é que são elas”) e SBT (“Seus olhos” e “Amigas e rivais”).

em dia vejo vários moleques chegando na TV. Quantos ficam? — questiona Carneiro. Trajano passou por uma experiência semelhante quando atuou em “Os ricos também choram”, do SBT, em 2005. — Fui para São Paulo fazer a novela e tinha bom salário, hotel e carro na porta. Não tem como não dar uma pirada. Você é chamado para festas e não gasta nem R$ 1 — lembra: — Mas gastei tudo. Seis meses após a novela não tinha dinheiro nem para a conta do celular. Para a dupla, mais cedo ou mais tarde os pés acabam encontrando o chão. — Depois de um tempo passa essa fase e fica só o encantamento com a profissão — diz Carneiro.


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