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Tribuna das Ilhas dIReCtOR INteRINO: MANUel CRIstIANO BeM 4 NÚMeRO: 447

O pi n iãO PÁGINA 1O

CláudiO alMEida

Polémica desnecessária PÁGINA 1O

FErnandO Faria RetAlhOs dA NOssA hIstóRIA

No Centenário da República Portuguesa (22) PÁGINA O7

JOrgE COsTa PErEira

Bom Natal PÁGINA O9

MiguEl rOsa COsTa

A crise, o vulcão e a música PÁGINA O9

PaulO MEndEs

Onde está a coragem socialista? PÁGINA O9

PaulO OlivEira

Conto de Natal, inverso!...

24/31.DezeMbrO.2O1O SAi àS SextAS-feirAS

Música e Alegria na Pediatria do Hospital da Horta

1 euro

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g Com o ano a chegar ao fim e com o aproximar da

quadra natalícia, o Tribuna das ilhas preparou-lhe uma Edição Especial. Para além dos tradicionais contos e estórias de natal, fizémos uma viagem no tempo, retrospectivando os principais acontecimentos de 2010. destaque ainda para a reportagem alusiva à iniciativa da Casa de infância de santo antónio que, respondendo a um repto nacional, montou uma árvore de natal amarela e ecológica, com embalagens da Tetrapak, num claro apelo à consciencialização ambiental. Outra das peças que compõem este suplemento aborda os presépios. uma tradição que a população teima em não perder. uns típicos, outros inovadores. saiba tudo no nosso suplemento Especial e... bom natal.


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EDITORIAL

nAtAl 2010 g Está mesmo a chegar o natal de 2010 com todo o cortejo de costumes e tradições que caracterizam esta quadra do ano por todo o mundo cristão, mas de um modo particular nos países da Europa ocidental e das américas, em que a celebração do nascimento de Cristo assume uma expressão mais vincada na alma popular. Entretanto, este natal de 2010 surge sobre os povos deste hemisfério e de outras partes do globo com um travo de amargura, de desilusão, de sofrimento social, de incertezas, de falta de esperança e de confiança no futuro. E em boa verdade é que foram os homens que ao longo das últimas décadas do século findo e das primeiras do século em curso levaram o mundo actual a esta situação, motivados por ambições desmedidas, pela ganância, pela teimosia de um espírito que se julga possuidor da verdade única e do saber exclusivo para gerir a sociedade humana. E isto acontece quase sempre em todos os quadrantes do poder instituído, mas também do contrapoder que aspira à acção executiva nos gabinetes de Estado em todos os continentes. Mas muito pior do que isso é o caso de serem também homens de alma enegrecida pela maldade e pelo desejo de enriquecimento a todo o custo, que entram no caminho da corrupção, com apropriação de bens públicos e privados, estes tantas vezes conseguidos com suor e lágrimas. Mas o natal aí está, com a mensagem de um Menino deus que tem perdurado ao longo de 20 séculos. uma mensagem de amor e paz, de fraternidade e igualdade entre os homens, de respeito pela dignidade de cada ser humano e pela felicidade a que cada um tem direito. E seria bom que essa mensagem, como uma aragem do bem, voltasse a percorrer este nosso mundo agitado por injustiças de toda a ordem, por guerras com o sacrifício de milhões de inocentes, por fomes e por doenças sem o mínimo de assistência, por faltas de liberdade de opinião e expressão. bem precisávamos de um mundo novo em que os homens do século XXi pudessem usufruir, em toda a parte e sem excepções, das comodidades e maravilhas da tecnologia que a mente humana inventou, investindo na vida dos povos os recursos financeiros que são hoje em dia consumidos no fabrico das máquinas de guerra. E no meio da grave crise em que estamos envolvidos, a par de muitos outros países, era também necessário retomar a esperança de melhores dias. Crises e dificuldades sempre as houve na história dos povos, que souberam com inteligência e trabalho ultrapassá-las. Que seja essa esperança restaurada, pelos “homens de boa-vontade”do nosso tempo, à luz da mensagem do Presépio de belém, são os nossos votos para este natal de 2010.

Em DEsTAquE

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Pediatria do Hospital da Horta enche-se de música e alegria para celebrar o natal Na tarde da passada segunda-feira, ao subir de elevador os andares que levam ao piso da Pediatria do hospital da horta, dir-se-ia que estávamos a ser transportados para outro edifício, bem diferente de um hospital. Aos hospitais, associamos silêncio e corredores frios, no entanto, quando as portas do elevador se abriram para o piso 4 do hospital da horta, envolveu-nos o calor dos risos das crianças, as cores das decorações de Natal e muita música alusiva à quadra. A Pediatria do hospital da horta juntou todos os meninos internados e ainda aqueles que, por razões de saúde, são visitantes assíduos das consultas daquele serviço e preparou uma festa de arromba para celebrar o Natal. texto e fotos:

Marla Pinheiro g Na festa de Natal do serviço de Pediatria do Hospital da Horta não faltou animação, com muita música, dança, histórias e, inclusive, um espectáculo de magia que deliciou os pequenos utentes daquele serviço. Um lanche cheio de coisas boas, com muitas guloseimas e bolos decorados com as figuras do Natal, quase bonitos demais para se comer também marcaram presença nesta festa, apresentada por um simpático Pai Natal e pela sua igualmente simpática rena. De acordo com a directora do serviço de Pediatria do Hospital da Horta, Dina Cirino, esta festa reuniu não apenas as crianças que por esta altura estão internadas, mas também os meninos com patologias crónicas, que frequentam com regularidade as consultas de pediatria. No total, foram convidadas 50 crianças, com a maioria a comparecer com alegria nesta festa especial. “Não os queremos connosco só por doença, também os queremos a festejar”, frisou a médica, garantindo que a felicidade dos meninos é compensação de sobra para os médicos e enfermeiros do servi-

[sObE]

ço de Pediatria: “os pequeninos compensam-nos com a alegria deles. Isto para eles é óptimo mas para nós também, porque ficamos contentes com a felicidade deles”, confessa. Para colocar de pé esta festa, Dina explica que a Pediatria do Hospital con-

De acordo com a responsável pelo serviço de Pediatria, o objectivo é fazer desta festa um evento anual, para que as crianças

que por razões menos felizes são obrigadas a passar mais tempo que o desejável no Hospital possam no Natal usufruir de um dia exclusivamente dedicado à diversão naquele espaço.

tou com muitos colaboradores: “o Comércio ajudou-nos, assim como todos os serviços e todos os colegas. Com a colaboração de todos a festa está a ser um sucesso, e estamos muito agradecidos a toda a gente”, referiu na ocasião a directora do serviço, destacando o esforço da doutora Dora e da enfermeira Mariana, principais responsáveis pela organização do espectáculo que durante a tarde deliciou miúdos e graúdos.

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[dEsCE]

sOlIdARIedAde

MAUs hÁBItOs

g O natal corresponde ao período do ano em que é mais evidente a solidariedade das pessoas e instituições para com as famílias ou membros das comunidades que têm dificuldades económicas ou estão no limiar da pobreza. Mas nunca nas últimas décadas se assistiu, como agora, por este país além, a tantas provas concretas de natureza solidária em relação aos elementos e grupos sociais mais necessitados. E isto no sector da alimentação, do vestuário e de apoios diversos. Efeitos da crise? Talvez. Mas é muita gente a merecer aplauso e nota bem alta!

a crise de ordem financeira e económica que Portugal está a atravessar, como aliás outros países europeus e de outras partes do mundo, veio pôr a descoberto alguns velhos hábitos, condenáveis em termos sociais. um deles, agora revelado no Continente, consistia em atirar para o lixo, ao fim do dia, as comidas que haviam sobrado para além do consumo pelos clientes, enquanto, talvez à esquina da mesma rua, poderia viver um casal de idosos ou família numerosa sem alimentação suficiente. velhos hábitos que num país como o nosso deixam triste memória…P g


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Tolerância de ponto em época de Natal e Ano Novo g O Presidente do Governo, Carlos César, concedeu tolerância de ponto aos funcionários e agentes da Administração

Pública Regional dos Açores, nos dias 24 e 31 Dezembro de 2010. A decisão de dispensa dos funcionários açorianos consta de um despacho do Presidente do Governo e fundamentase no profundo sentir religioso da maioria dos açorianos, bem como a tradição de conceder tolerância de ponto nestas festividades que habitualmente fazem reunir as famílias.

Universidade testa equipamento para investigar áreas inacessíveis dos mares do arquipélago

d.R.

g A Universidade dos Açores (UAç) anunciou a entrada em testes de um novo equipamento de recolha de imagens desenhado por investigadores da academia que permitirá explorar áreas da zona económica exclusiva do arquipélago ainda desconhecidas. A nova ferramenta, desenhada e construída por investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da UAç em pareceria com uma empresa local, foi concebida para poder recolher imagens em fotografia e vídeo até 1500 metros de profundidade, garantindo condições para a “exploração de grande parte da ZEE açoriana até agora praticamente inacessível”, adiantou a universidade.

Construído no quadro do projecto de Condor, que contempla a instalação no monte submarino com o mesmo nome localizado a 10 milhas

erupção Vulcânica a 120km do faial

Fg Uma erupção vulcânica submarina pode estar a acontecer entre

as ilhas do Grupo Central e Ocidental dos Açores, segundo aler-

da costa da ilha do Faial, o “lander de imagem” projectado pelos investigadores açorianos deverá começar a operar em 2011. tou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (Civisa), que se baseia no registo de mais de 300 sismos com epicentro no mar, numa zona da Crista Média-Atlântica, desde 6 de Dezembro. Segundo a presidente do Civisa, Teresa Ferreira, a possível erupção localiza-se, aproximadamente, a meia distância entre as ilhas do Faial e Graciosa, no Grupo Central; e das Flores e Corvo, no Grupo Ocidental, a uma profundidade estimada que vai dos 800 metros a dois mil metros e a uma distância média de 120 quilómetros daquelas ilhas. Adianta o Civisa que a actividade sísmica em causa é o resultado do processo natural de expansão dos fundos oceânicos e poderá estar relacionada com uma fase de manifestações vulcânicas submarinas.

tAP com mais de vinte e dois mil lugares para as regiões autónomas g A TAP reforçou fortemente a sua operação entre o continente, a Madeira e os Açores no período de Natal e Ano Novo, programando uma oferta de mais 160 voos extraordinários adicionalmente à operação regular, o que representa uma capacidade acrescida superior a 22 mil lugares. O reforço da operação teve início no dia 16 de Dezembro e decorre até 5 de Janeiro

de 2011, contemplando as ligações Lisboa/Funchal, Porto/Funchal, Lisboa/ Horta, Lisboa/Terceira e Lisboa/Pico. Entre Lisboa e o Funchal, o acréscimo é de 77 voos extra, com um aumento da oferta superior a 10 mil lugares. Já entre o Porto e a Madeira, a TAP vai realizar 43 voos extraordinários, que acrescentam cerca de 6500 lugares adicionais.

Relativamente aos Açores, a TAP aumenta em 14 frequências a sua oferta normal entre Lisboa e a Horta, com mais dois mil lugares disponíveis e acrescenta 22 voos à sua operação regular entre Lisboa e a Terceira, aumentando a oferta em mais de 3200 lugares. Entre Lisboa e o Pico, foram criados dois voos extra, com um reforço de capacidade de 650 lugares.

[aconteceu] PROGRAMA “AtlâNtIdA” eM dIReCtO dOs flAMeNGOs g a rTP-açores transmitiu no passado sábado, dia 18 de dezembro, a partir da freguesia dos Flamengos o programa "atlântida" com apresentação de sidónio bettencourt. a emissão teve como tema principal o natal. O programa "atlântida", produzido pela rTP-açores e com emissão também na rTP-internacional e rTP-Madeira, é um espaço de 90 minutos a divulgar as vivências e cultura dos açorianos, residentes ou não nas nove ilhas, nos seus mais diversos aspectos: etnográficos, folclóricos, musical, religioso, patrimonial, etc. Todos os programas são temáticos e por vezes transmitidos em directo do exterior, de modo a que o telespectador se insira no espaço humano e paisagístico das ilhas. COMBUstíveIs sUBIRAM dOIs CêNtIMOs POR lItRO g Os preços dos combustíveis aumentam dois cêntimos por litro nos açores na passada sexta-feira, conforme anunciou o governo regional que justificou o aumento com as alterações na cotação do petróleo internacional. a gasolina super de 95 octanas passa a ser vendida a 1,30 euros o litro, enquanto a de 98 octanas sobe para 1,36 euros por litro. O novo preço do gasóleo rodoviário foi fixado em 1,11 euros por litro, subindo o gás butano para 1,11 o quilograma, em botijas de 26 litros, e para 1,23 euros por quilograma, em garrafas de 24 litros. dAsh Q200 RetIdO NA hORtA g uma avaria num avião dash Q200 da saTa air açores, estacionado na placa do aeroporto da horta, obrigou a transportadora aérea açoriana a cancelar várias ligações entre ilhas do arquipélago. O porta-voz da saTa, José gamboa, revelou que a avaria obrigou a empresa a cancelar as viagens horta/Flores, Flores/Corvo, Corvo/Flores, Flores/Ponta delgada e Ponta delgada/Terceira. Estes cancelamentos afectaram 110 passageiros, que apenas poderão seguir para os seus destinos na quinta-feira, caso as condições climatéricas o permitam.

[vai acontecer] exPOsICãO de fOtOGRAfIA "APROxIMAções" de JORGe BARROs g a exposição de fotografia "aproximações", da autoria de Jorge barros, continua patente ao público na sala de Exposições da biblioteca Pública e arquivo regional João José da graça até 31 de dezembro de 2010, das 9:00 às 19:00 h. “CONtOs de lÁ”, hIstóRIAs CONtAdAs POR IMIGRANtes g a direcção regional das Comunidades, promove, em parceria, com a direcção regional da Cultura, nos dias 27 e 28 de dezembro, a actividade “Contos de lá” (histórias apresentadas por imigrantes) na biblioteca Pública e arquivo regional da horta João José da graça, pelas 16h00. O objectivo principal da actividade passa por sensibilizar as crianças e respectivas famílias para a temática da interculturalidade, bem como valorizar as diferentes culturas e tradições dos imigrantes. Participam neste evento 5 imigrantes residentes na ilha do Faial, oriundos de angola, brasil, geórgia, Moçambique e são Tomé e Príncipe que terão como missão: partilhar, junto dos mais jovens, das suas tradições orais, através da arte do conto tradicional. CABAz de NAtAl AçORIANO g O governo dos açores, através da direcção regional das Comunidades, vai promover a acção “Cabaz de natal açoriano”. Esta iniciativa visa apoiar emigrantes açorianos residentes nas províncias do Ontário e Quebec, no Canada, bem como na nova inglaterra (Estados unidos da américa), com carências, com a atribuição de um cabaz de produtos açorianos para a época natalícia. Para a concretização deste projecto, a direcção regional das Comunidades conta com o apoio, da Casa dos açores do Ontário, abrigo Centre e Portuguese support services for Quality living, enquanto que na província do Quebec conta com a casa dos açores do Quebec e a Missão santa Cruz. nos Estados unidos da américa os parceiros são a casa dos açores da nova inglaterra, o immigrants assistance Center; o ser-Jobs for Progress; o Catholic social services e o MaPs.


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AgEnDA 21 LOcAL

Questionários já começaram a ser distribuídos texto e fotos

Maria José silva g No âmbito da Agenda 21 Local, a Câmara Municipal da Horta apresentou no dia 17 de Dezembro, no Mercado Municipal, o questionário que começará, de imediato, a ser aplicado à população faialense, no sentido de conhecer as suas práticas ambientais. Neste contexto, foi ainda apresentado e distribuído um saco biodegradável de incentivo à capacidade de reutilização. O questionário distribuído tem como objectivo aferir os hábitos dos faialenses no que respeita à sua relação com o ambiente e com a sociedade, bem como auscultar as suas opiniões sobre a participação dos cidadãos e das instituições e ainda do estado da economia. A identificação é facultativa exactamente para que todos estejam à vontade nas respostas. As restantes perguntas exigem respostas verdadeiras. De acordo com a Vereadora Alzira Silva, responsável por este projecto, “pede-se seriedade e reflexão para que das mesmas possa resultar uma análise válida e, na sequência da análise, a estruturação de um plano de acção correspondente às necessidades do Faial. Dispensar dez ou quinze minutos a um questionário não vai certamente modificar a sua vida e essa atitude de colaboração pode fazer grande diferença a um projecto cujos desti-

Marla Pinheiro g A Comissão Política de Ilha do PSD Faial não está satisfeita com as intervenções da Câmara Municipal na Avenida 25 de Abril. Em comunicado enviado às redacções, os social-democratas defendem que desde há muito tempo que aquele espaço necessita de “uma intervenção global e integrada devidamente estudada e capaz de potenciar o desenvolvimento da cidade na sua dimensão social e económica e do estreitamento da nossa relação com o mar”. Para o PSD/Faial, essa intervenção não é feita devido a “desculpas e contradições” das Câmaras socialistas. Os social-democratas condenam o que consideram ser a “desresponsabilização” da Câmara da Horta, ao adiar intervenções previstas para a Avenida invocando o facto do Governo Regional pretender avançar com o reordenamento da marginal da cidade no contexto da obra do reordenamento do porto. No comunicado, o presidente da Comissão Política do Faial, Luís Garcia, lembra que, em Junho de 2008, o actual presidente da Câmara Municipal da Horta, após uma audição com o Secretário da Economia, em Junho de 2008, anun-

natários são todos os habitantes do Faial.” “Só com forte consciência cívica podemos desenvolver hábitos saudáveis e assumir um compromisso pessoal e colectivo, acreditando que todos, em conjunto, podemos rumar a 2011 com vontade de servir a nossa terra e com confiança nas nossas capacidades e nas nossas competências” – remata Alzira. O presidente da Câmara Municipal acompanhou a equipa da Agenda 21 nesta primeira acção

junto da população. Ao TRIbUNA disse que “este projecto é muito importante e adequado aos tempos que correm. Visa as áreas da sustentabilidade e no fundo apela a um comportamento mais concertado da população”. João Castro deixou ainda uma mensagem natalícia ecológica: “não se esqueçam de reutilizar, separar e de contribuir para um bom ambiente sendo certo que com um melhor ambiente teremos, certamente um melhor Natal”.

DAS ILHAS

PSD faial quer “intervenção global e integrada” na Avenida 25 de Abril ciou que o Governo iria fazer um “estudo prévio para a frente mar da cidade da Horta”, o que até hoje não aconteceu. Para os social-democratas, a estratégia encontrada pela autarquia para a Avenida passa pela realização de “pequenas intervenções desconexas, parcelares e sem um projecto unificador”. “Algumas delas tiveram até mesmo o condão de terem contribuído mais para destruir a imagem urbana da Avenida Marginal do que para requalificá-la. Recorde-se, a propósito, a peregrina transformação de um espaço nobre em parque de estacionamento quando a preocupação estratégica devia ser a de libertar aquele espaço de carros e devolvê-lo aos peões e à criação de espaços dignos para lazer e fomento económico”, considera Garcia. As intervenções levadas a cabo na Avenida pela empresa municipal UrbHorta durante o último ano são anunciadas como terceira e última fase. Ora, os social-democratas acreditam que “poucos faialenses se

lembram dessas fases e muito menos dos seus benefícios”. “Para esta Câmara não há planeamento. Para esta Câmara faz-se hoje para amanhã destruir. É assim que se gastam os poucos recursos existentes!”, condena o PSD.

Ainda de acordo com o comunicado, os vereadores do PSD na Câmara Municipal da Horta terão solicitado há cerca de seis semanas o projecto da intervenção que está a ser feita, sendo que este ainda não lhes foi apresentado. Nesse sentido,

o PSD condena a atitude da Câmara, ao ter cedido à comunicação social a planta geral da intervenção, sem ter tido “a delicadeza e o respeito democrático de primeiro, ter facultado aos vereadores do PSD aquilo que há muito solicitaram”.


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cuLTuRA

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Teatro Faialense recebe Encontro de Ranchos de Natal no início do ano g No próximo dia 2 de Janeiro, domingo, o palco do Teatro Faialense recebe os Ranchos de Natal, num encontro que já faz parte da tradição. Nesta edição do Encontro são seis os ranchos participantes, menos um que em Janeiro de 2010. São eles o grupo Cantares de Natal, da Paróquia de Nossa Senhora da Ajuda (24 elementos), o Rancho do Grupo Coral da Paróquia de Santa Bárbara dos Cedros (24 elementos), o Grupo de Cantares Ilha Azul (14 elementos), o Rancho do Grupo Folclórico e Etnográfico de Pedro Miguel (29 elementos), os “Aprendizes de Arriaga” – Ranchinhos da ESMA (22 elementos) e a Zabumba (19 elementos). O Encontro de Ranchos tem início a partir das 20h30. As entradas são livres. O ano que agora chega ao fim foi também preenchido por vários acontecimentos importantes na área da cultura. A passagem do primeiro centenário da República Portuguesa terá sido o momento cultural mais marcante de 2010, com o faial a recordar um dos seus mais prestigiosos filhos, Manuel de Arriaga, que ficou para a história como o primeiro presidente eleito da República Portuguesa. g Logo no início do ano, o tradicional encontro Ranchos de Natal encheu o Teatro Faialense. Uma tradição que persiste em manter-se viva. A Universidade Sénior dá início a uma série de encontros denominados “Tertúlia Sénior”, que abordam temas e figuras de pertinente actualidade e importância para a nossa realidade. Um espaço de debate e reflexão. Foi em Fevereiro que o projecto de arquitectura e especialidades da Casa Memória Manuel de Arriaga foi entregue à Direcção Regional da Cultura. Uma aspiração pela qual muito se bateu a Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta. Porque o teatro é e sempre foi uma actividade cultural muito atractiva para as gentes do Faial, o Grupo de Teatro Chamarir, de Pedro Miguel, começa a ensaiar uma nova peça, a sua sétima, intitulada “Declaro-vos Marido e Marido”. Este espectáculo percorreu a ilha toda e contou sempre com casa cheia. Os faialenses estiveram em grande plano no concurso LabJovem 2010: Pedro Rosas, Jácome Armas, Flávio

Ano cultural passado em revista Silva e Pedro Lucas. O hipnotizador e ilusionista Ruben de Oliveira comemora 40 anos de carreira com um espectáculo no Teatro Faialense. Em Março surge uma nova banda no panorama musical faialense: os (A) Ventura brass. Um grupo de amigos, músicos, que arregaçaram mangas e criaram um Quinteto de Metais. O Teatro de Giz promove o IV Festival de Teatro. Os palcos enchem-se de vida, a cortina sobe para que, na plateia, o público possa assistir ao que de melhor se tem feito por cá e além-mar. Neste Festival, o grupo faialense estreia a peça “À Espera de Godot”. Durante o Festival, o Teatro Faialense transforma-se num autêntico cabaret para receber a revista “Ó Zé põe-te em pé”, mais um trabalho do Grupo de Teatro Carrocel a que os faialenses acorreram em massa. O sétimo concurso ibérico de piano realizou-se em Abril. O jovem Cristóvão Ribeiro, aluno do Conservatório Regional da Horta, arrecada um brilhante primeiro lugar. A faialense Renata Rodrigues vai até Lisboa e chega à semi-final de um concurso para ser a nova voz dos Fingertips. O pavilhão da Horta enche-se de pessoas para dançar e ver dançar. Foram as mais aplaudidas comemorações do Dia Mundial da Dança de que há memória. Em Maio, a cultura faialense ficou marcada pela peça de teatro “Um idealista chamado Manuel de Arriaga”. Uma iniciativa do grupo de teatro escolar “Sortes à Ventura”, que homenageou desta forma o patrono na Escola

BANdARRA O lançamento do Cd da banda faialense marcou o ano de 2010

Secundária Manuel de Arriaga no ano do centenário da República. Pela primeira vez, a biblioteca Pública recebe teatro falado em alemão. A jovem pianista Aurora Nunes foi distinguida, em Junho, num concurso nacional. A Antena 3 chegou ao Açores. No Faial, César Lima dá voz a este projecto. Por outro lado, o IV Encontro do Fado junta mais de três centenas de pessoas no barão Palace. Silêncio… que se vai cantar o fado. Em 2010 o Grupo Coral da Horta comemorou 27 anos. No balanço de uma

passagem pelo continente português os seus responsáveis confessam o anseio por uma sede própria. Pela primeira vez no Faial, houve um Festival de bandas do Triângulo, pela mão de empresários locais. 2010 fica ainda marcado pelo 10.º aniversário dos Punkada. A festa teve honras de megafestival, com a banda faialense a ser anfitriã de um festival de um evento que reuniu bandas de outras ilhas e mesmo do estrangeiro. O Grupo Folclórico do Salão lançou um novo CD, intitulado “Folgas no Terreiro”. Um trabalho discográfico com

23 temas. Num intercâmbio, juntam-se no Faial os Grupos Corais de Santa Catarina e de Santarém. O OMA lança pelo segundo ano consecutivo o concurso multiartes “Porto Pim Pintado”. A adesão deixa a organização satisfeita. Os bandarra lançaram o seu primeiro CD. Depois do lançamento oficial percorreram o país a divulgar a sua música. A par com Pedro Lucas, estiveram nos prémios Megafone/João Aguardela. Dupla representação de peso do Faial, sendo que o projecto O Experimentar Na M’incomoda, de Lucas, arrecadou uma menção honrosa. O Faial Filmes Fest foi o evento do ano no que toca a cinema. Samba na banda sonora e uma homenagem a Manoel de Oliveira. Os alunos da Escola Profissional da Horta deitaram mãos à obra e lançaram um livro, denominado Conto a Conto, prefaciado pelo escritor Rui Zink. Da autoria de Sara Porto, o livro Finalmente Árvore foi lançado em Novembro. Ilustrado com desenhos dos utentes do projecto Moviment’Arte, da APADIF, o livro é escrito também em braille. No último mês do ano, o Conservatório Regional da Horta comemorou 20 anos de existência. Nas actuais instalações, a instituição que viu diversos alunos serem laureados a nível nacional nos últimos anos não tem um auditório condigno onde possa apresentar um espectáculo de aniversário aos pais dos alunos.

gLObOs DE OuRO

A rede Social, the fighter e the King’s Speech dominam g Já foram anunciadas as nomeações para os Globos de Ouro, os prémios de cinema entregues anualmente pela Associação de Correspondentes Estrangeiros em Hollywood, que se assumem como uma das distinções mais cobiçadas do mundo da sétima arte, suplantados apenas pelos Óscares. De entre os nomeados, destaca-se o drama protagonizado por Colin Firth, The King’s Speech, com 7 nomeações, entre as quais melhor filme dramático, melhor actor, melhor actor secundário, para Geoffrey Rush, melhor actriz secundária, para Helen bonham Carter, melhor realizador, para Tom Hooper, e melhor argumento. A Rede Social, do realizador David Fincher, e The Figher arrecadaram seis

nomeações. Cisne Negro, de Darren Aronofsky, A Origem, de Christopher Nolan, e Os Miúdos Estão Bem, de Lisa Cholodenko, foram nomeados para quatro galardões cada. Para além de Firth, estão nomeados para melhor actor na categoria dramática Jesse Eisenberg (A Rede Social), James Franco (127 Horas), Ryan Gosling (Blue Valentine) e Mark Wahlberg (The Fighter). Do lado das senhoras, estão nomeadas Halle berry (Frankie and Alice), Nicole Kidman (Rabbit Hole), Jennifer Lawrence (Winter's Bone), Natalie Portman (Cisne Negro) e Michelle Williams (Blue Valentine). Quanto a comédias, na categoria de melhor actor estão nomeadas Annette

bening e Julianne Moore, ambas por Os Miúdos Estão Bem, Anne Hathaway (O Amor é o Melhor Remédio), Angelina Jolie (O Turista) e a jovem revelação Emma Stone (Easy A). Para melhor actor, destaque para a dupla nomeação de Johnny Depp, por O Turista e ainda por Alice no País das Maravilhas. Estão também nomeados Paul Giamatti (Barney's Version), Jake Gyllenhaal (O Amor é o Melhor Remédio) e Kevin Spacey (Casino Jack). Em televisão, o destaque vai para a série Glee, com cinco nomeações. Seguem-se 30 Rock, Boardwalk Empire, Dexter, Mad Men, The Good Wife, Modern Family e The Pillars of the Earth. Os vencedores são conhecidos no dia 16 de Janeiro.

the KING’s sPeeCh O drama protagonizado por Colin firth é o favorito na corrida aos Globos


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Maria José silva g Numa iniciativa da equipa de saúde escolar da Escola Secundária Manuel de Arriaga, realizou-se na passada sexta-feira, na Alameda das Palmeiras, a primeira Feira da Saúde da ESMA. Assim, em dia de atribuição de notas, pais e alunos tiveram à sua disposição três barraquinhas com produtos saudáveis. Amélia braia, da equipa de saúde escolar disse à nossa reportagem que, sendo este o ano piloto desta equipa, tudo o que é organizado é novo. Após algumas reuniões, sentiram necessidade de tentar desenvolver uma acção para sensibilizar os pais e os alunos para o facto de os portugueses estão a abandonar progressivamente a sua tradicional e saudável dieta mediterrânica, considerada uma das mais saudáveis do mundo e em contrapartida estão a consumir, de forma excessiva, doces e carnes vermelhas, em prol a uma diminuição da ingestão de hortaliça, vegetais frescos, peixe, feijão e leguminosas secas. A obesidade transformou-se em epidemia, a prevalência de diabetes supera as expectativas estimadas, cada vez há mais pessoas com síndrome metabólico, sofre-se mais, perde-se qualidade de vida, gasta-se mais di-

Maria José silva g A firma Teófilo SA comemorou no dia 23 de Dezembro 75 anos de actividade. A completar 75 anos de vida este ano, a firma Teófilo SA é uma referência do comércio local e, apesar da crise económica que se faz sentir desde 2008, “até agora temos conseguido enfrentar a crise com medidas internas, procurando diminuir os custos fixos, dispensando algum pessoal, entre outras coisas” – afirmou Carlos Goulart, gerente da empresa, a este semanário, que adiantou ainda que “é muito importante tomar medidas antecipadas de combate à crise. O que não pode acontecer é o empresariado baixar os braços, sob pena de ver cair o negócio.” A empresa iniciou a sua actividade no dia 23 de Dezembro de 1935 (pela aquisição da loja do Sr. Romão conhecido como “o Espanhol”). Começou por ser uma mercearia tradicional. Passado pouco tempo o negócio prosperava com a venda por grosso de milho para a ilha do Pico. Alguns anos mais tarde a seca de peixe e a sua exportação para o Continente passou a fazer parte do negócio de Teófilo Garcia. Durante a Guerra de 39/45 as áreas de negócio foram ampliadas com a exploração de madeiras que consistia no corte das árvores, nas matas da ilha do Faial e do Pico, e a respectiva serração e comercialização. Nos finais da década de 40, com o pós-guerra, Teófilo Garcia foi nomeado agente para os Açores dos rádios bush. Dado que nenhuma outra marca havia ainda recuperado os efeitos do pós-guerra a quantidade de unidades vendidas foi muito significativa, contribuindo para que os negócios florescessem.

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Tribuna das Ilhas

feira da Saúde na eSMA nheiro em medicamentos, usa-se mais tempo em consultas de saúde e fala-se muito que é preciso mudar o que se come… tudo na terceira pessoa. Perante este cenário, a ESMA quer contribuir para combater este flagelo. “O objectivo fundamental da primeira Feira da Saúde é despertar toda a comunidade educativa para a problemática” – frisa Amélia braia que continua dizendo que “os maus hábitos alimentares são a nossa maior preocupação e temos que despertar os jovens e os pais para a mudança. A equipa de saúde escolar da ESMA é constituída por sete elementos: seis professoras e uma psicóloga e é coordenada pela Professora Isabel Afonso. Numa iniciativa da Direcção Regional da Saúde com a Direcção Regional da Educação, a escola trabalha em conjunto com a equipa do Centro de Saúde da Horta. No âmbito desta equipa de saúde escolar, existe já na ESMA um projecto relacionado com a Educação Sexual e da Prevenção às Drogas. hAve A GReeN dAy ainda na EsMa, no dia 17 de dezembro, foram apresentados, no

auditório, os trabalhos da actividade have a green day, realizados, no âmbito da Eco-Escola, por turmas do 8.º ano. Os trabalhos consistiam na elaboração de slogans de carácter ambiental, escritos em várias lín-

guas. Essa tarefa contou com o contributo de várias disciplinas: Português, inglês, Francês, Espanhol, Ciências naturais e com a área curricular não disciplinar de Cidadania. Os alunos mostraram grande

interesse e empenho na elaboração dos trabalhos e foram, aos poucos, desenvolvendo a sua consciência ambiental. depois desta actividade, os alunos foram convidados a participar no hastear da bandeira do Eco-Escola.

teófilo SA comemora 75 anos Surgiram depois oportunidades na construção civil e obras públicas e com a atribuição do alvará executaram-se obras como o edifício do Liceu da Horta; o bairro da estação Rádio Naval da Horta; a ermida do Colégio de Santo António; a construção da Estalagem de Santa Cruz; o edifício da Direcção de Obras Públicas da Horta. Ao mesmo tempo foram efectuadas grandes obras de abastecimento de água, tanto no Faial como no Pico. De fazer notar que, no auge da construção, Teófilo Garcia empregava, distribuído por diversas secções, mais de 600 pessoas. Como apoio às obras foi instalada uma carpintaria, uma marcenaria e ainda uma oficina mecânica destinada à manutenção das viaturas. O espírito empreendedor do Sr. Teófilo levou-o a instalar uma fábrica de vassouras, actividade que abrangia desde o cultivo do milho de vassoura, à secagem de palha até à fabricação dos cabos. Este foi durante largos anos produto de grande venda nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. Na década de cinquenta, período áureo do cultivo dos cereais no arquipélago dos Açores, foi adquirida uma debulhadora com enfardadeira que laborou de forma continuada durante toda a época de sementeira. No mesmo período, em parceria com a Sociedade Comercial Rémus Lda e com Mário José Amorim, empresário de São Miguel, foi construída a primeira e única fábrica de estufagem de chicória no Faial à qual foi dado o nome de SIFAL – Sociedade Industrial Faialense Lda. Esta unidade distribuiu riqueza pela agricultura local durante mais de 30 anos. No fim dos anos 50 encontravam-

se a laborar em pleno: uma carpintaria uma marcenaria, uma serração de madeiras, oficina de manutenção de viaturas, a fábrica de blocos de betão. Pouco depois entrou também em funcionamento a torrefacção de café, cevada e chicória, confeitaria e fabrico de amêndoas, marmelada bem como o fabrico de licores. Tinha especial importância para a época o fabrico de móveis e de estofos, complementada com o fabrico de colchões de molas secção de envernizamento e estofagem. Estavam lançadas as bases para um desenvolvimento sempre crescente pelo que passaram a assumir papel importante nas vendas da empresa os materiais de construção com a representação dos cimentos CAbO MONDEGO; ferro, ferragens, acessórios electrodomésticos, com a representação da marca bosch, tiveram também grande importância na época do seu lançamento. Com o evoluir dos tempos e o prestígio que a empresa começou a merecer, quer a nível de banca quer com os fornecedores, foram estabelecidos contratos de agência para o ex-distrito da Horta. De salientar, neste caso, os automóveis RENAULT e FIAT, a marca bORGWARD com as primeiras camionetas de 1500 quilos, bem como os automóveis de passageiros que se evidenciaram pela sua qualidade. Os óleos lubrificantes FINA, os motores bRAMFORD que equipavam as moagens de milho destas ilhas e, por fim, a importação de baterias alemãs SONNENSHINE e de pilhas VIDOR da Inglaterra. Em 1960 foram comemorados as bodas de Prata da fundação da empresa com uma cerimónia em que

estiveram presentes muitos convidados, além dos empregados. Desde essa época até hoje, se houve algumas modificações nos negócios da empresa. Assim, foi entregue para as ilhas do ex-distrito da Horta, a concessão da marca Toyota. Por razões de estratégia passou a ser concessionário à SIFAL (Sociedade Industrial Faialense. Entretanto, pelas necessidades surgidas com a evolução dos negócios na ilha do Pico, foram feitos investimentos importantes adquirindo-se um terreno com cerca de 6500 m2, onde na altura foram instalados um armazém de distribuição alimentar e materiais de construção, uma secção de móveis e de electrodomésticos bem como um stand de viaturas com oficina mecânica de assistência às marcas representadas. Em 1994 a empresa assumia a representação da então SHELL (agora REPSOL), com postos de abastecimento de combustíveis com a distribuição do gás doméstico e lubrificantes. À medida que se desenvolviam as diversas áreas de negócio a empresa

adquiriu património designadamente, o edifício denominado “Relva”, situado numa das principais artérias da cidade - Rua Vasco da Gama e um terreno na Zona Industrial de Santa bárbara com aproximadamente 20.000 m2 destinado à construção de armazéns e oficinas. Em Janeiro de 1995 a empresa adquiriu ao grupo bensaúde, SA, o edifício da exSociedade de Carvão e Forneci-mentos do Faial, Lda, situado junto à capitania. Este edifício destina-se a apoiar a actividade comercial da então Teófilo Garcia, SA. No ano de 1994, foi efectuada uma reestruturação profunda na empresa, passando a mesma a designar-se por Teófilo Garcia & Filhos, SA. Nesta reestruturação salienta-se a aquisição de um novo sistema informático UNIX que permitiu a ligação “on line” de todos os departamentos no Faial e a sucursal do Pico. Não obstante a crise económica que se tem vindo a verificar a nível geral e que também nos afecta, a empresa tem mantido uma situação equilibrada no ranking das empresas regionais.


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O t N e M e l sUP Sexta›feira 24/31 de Dezembro 2010 não pode ser vendido separadamente

E que tal um Natal AmArElo? AmArElo

Crianças da Casa de Infância de santo António constroem árvore de Natal de plástico reciclado e nesta quadra deixam mensagem sobre a importância da reciclagem g

tUdO sOBRe 2010 g Com o final do ano à porta é altura de se fazer uma retrospectiva e reflectir sobre os principais acontecimentos de 2010. O ano ficou marcado, sem dúvida, pela demorada discussão em torno do PrOTa e das plataformas logísticas. Mas nem só de documentos estruturantes se falou. saiba tudo na nossa reportagem .

PReséPIOs QUe tRAzeM MeNsAGeNs g um presépio pode ser muito mais que uma forma de arte popular e muito mais que a recriação da natividade. Foi percebendo esta ideia que o grupo de Catequese de nossa senhora da graça, na Praia do almoxarife, e o serviço de hemato-Oncologia do hospital da horta construíram presépios especiais, que transmitem mensagens importantes neste natal e que o Tribuna das ilhas foi conhecer.


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Um dos maiores símbolos do Natal é, sem dúvida, a recriação do nascimento de Jesus. Os presépios são uma forma de arte popular que já faz parte da tradição açoriana, e têm presença assídua em muitos lares por esta altura. Nesta edição especial de Natal, o tRIBUNA dAs IlhAs foi conhecer dois presépios especiais.

Marla Pinheiro PReséPIO dO seRvIçO de heMAtO-ONCOlOGIA dO hOsPItAl dA hORtA gde há três anos a esta parte que o serviço de hemato-oncologia do hospital da horta incita os seus doentes a elaborarem as decorações de natal que por esta altura engalanam aquele espaço. de acordo com a enfermeira isabel andrade, “o serviço fornece a ideia e o material, depois cabe aos utentes a elaboração das peças”. “Este ano a ideia foi o presépio tradicional com as imagens em plasticina, uma vez que nos anos anteriores já tinha sido elaborada uma árvore de natal e um altarinho ao menino Jesus”, explica.

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Presépios Especiais meira, a equipa que trabalha no serviço de hemato-oncologia acredita que “as actividades lúdicas ajudam o utente a uma maior adaptação à sua nova realidade, facilitam a auto-expressão e exteriorização de sentimentos. Permite a libertação de preocupações, medos, insegurança… desenvolvem a criatividade e o sentido de pertença. Melhora o humor, a qualidade de vida; melhora as competências relacionais, produz realização e satisfação emocional, afectiva, pessoal e relacional…”, enumera a enfermeira, para ilustrar as vantagens deste tipo de actividades com os doentes. no ano de 2010, passaram cerca de 680 utentes pelo serviço de hemato-oncologia do hospital da horta. associado ao tratamento do cancro, doença que provoca grande sofrimento e angústia, este serviço tem implícita uma carga de sentimentos negativos. no entanto, isabel andrade assegura que, “apesar do sofrimento associado ao diagnóstico e tratamento destes

seRvIçO de heMAtO-ONCOlOGIA Os utentes fizeram as figuras do presépio com plasticina

assim, todos os utentes a realizar quimioterapia que mostraram disponibilidade, bem como os elementos da equipa multidisciplinar do serviço, deitaram mãos à obra e agarraram este projecto. segundo isabel, “este tipo de actividades permite momentos de interacção entre os utentes e a equipa multidisciplinar. Permite ao utente passar um momento diferente durante o tratamento e fazer com esta não seja só mais uma vinda ao hospital”. de acordo com esta enfer-

doentes, o serviço tenta proporcionar um clima de descontracção, partilha de sentimentos e esperança a todos os seus utentes. assim, nesta época de natal que é caracterizada por um espírito de amor e partilha a equipa mantém esses valores”.

PReséPIO dO GRUPO de CAteQUese de NOssA seNhORA dA GRAçA

na igreja de nossa senhora da graça, na freguesia da Praia do

PReséPIO dA CAteQUese Na Igreja de Nossa senhora da Graça a preparação para o Natal fez-se com a construção de um presépio onde todos colaboraram

almoxarife, o grupo de Catequese decidiu dedicar-se a um projecto especial neste advento. assim, desde o primeiro domingo do advento e até à Missa do galo da noite de hoje, 24 de dezembro, todos os catequizandos daquela paróquia põe mãos à obra num projecto que vai ganhando vida semana a semana. Partindo da ideia de que todos fazem parte do projecto, as crianças e jovens fizeram do templo da freguesia uma verdadeira e gigantesca tela, e nele estão a recriar um grande presépio, no qual todos colaboram. de acordo com uma nota enviada pelo grupo de Catequese de nossa senhora da graça à nossa redacção, trata-se de forma diferente de abordar a caminhada habitual que a catequese faz no advento, “de forma a preparar quer as crianças e jovens da paróquia quer a restante comunidade para o nascimento de Jesus”. O presépio foi construído nas naves laterais da igreja. neste momento, tendo chegado ao fim a construção do projecto, o presépio tem, de cada lado, mais de 12 metros de comprimento. Este presépio, onde se aguarda então a chegada do menino Jesus, poderá ser visitado nos dias 25 e 26 de dezembro, e 1 e 2 de Janeiro, entre as 16h00 e as 18h00. nos dias 28 e 30 de dezembro e 4 e 6 de Janeiro, estará aberto à visita da comunidade entre as 16h30 e as

PReséPIO dA CAteQUese Na Praia do Almoxarife os catequizandos construíram um presépio por toda a igreja


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este ano o natal é AMArelO se perguntarmos qual é a cor do Natal, decerto que irão surgir respostas bastante diferentes. O Natal, como é óbvio, não tem cor, nem forma, nem cheiro, nem som. No entanto, todos nós o associamos a essas coisas, de forma muito particular e muito subjectiva, ao ponto de podermos imaginar que mil pessoas apontariam mil diferentes combinações de cores, formas, cheiros e sons para caracterizar o Natal. Quanto a cores, quando pensamos em Natal pensamos nos tons dourados e prateados das decorações, nas bolas vermelhas, na neve branquinha da qual podemos ter um vislumbre quando olhamos para a montanha do Pico, engalanada dessa alvura para esta quadra, como se de um vestido de festa se tratasse. Ora, este ano, para dezenas de crianças da Casa de Infância de santo António (CIsA), o Natal é, acima de tudo, amarelo. Não amarelo como as luzinhas que povoam a árvore de Natal, nem como a estrelinha de Belém. Amarelo como o contentor dos ecopontos destinado aos plásticos. Na CIsA, este ano a mensagem de Natal é amarela, com o intuito de contribuir para um planeta mais verde.

Marla Pinheiro fotos:sG/Andrea Mota g O programa Eco-Escolas e a Tetra Pak desenvolveram uma iniciativa denominada “Sim, este Ano o Natal é Amarelo”. Trata-se de uma campanha nacional de informação ambiental, na qual se inscreveram 400 escolas de todo o país. No total, são cerca de 200 mil crianças envolvidas. Nos Açores, inscreveram-se 18 estabelecimentos de ensino, ficando o Faial representado pela valência do Jardim-de-infância e pela sala dos 2 anos da CISA, num total de mais de 70 crianças. Estas aceitaram de bom grado o desafio de desenvolver uma árvore de Natal, predominantemente amarela, feita a partir de embalagens Tetra Pak, que veicula uma mensagem ambiental. As melhores seis escolas vão receber equipamento para melhorar o seu perfil ambiental. De acordo com a educadora Andrea Mota, as crianças foram reunindo embalagens durante o mês de Novembro. Depois, foi deitar mãos à obra e usar a criatividade: “as crianças ajudaram a abrir os pacotes e procederam também à sua pintura. Foi criada uma estrutura em madeira, com 1m de diâmetro e 2m de altura, que serviu de suporte à construção da árvore”, explica a educadora. Este projecto permitiu a reutilização de cerca de 700 embalagens. Como complemento desta importante matéria-prima essencial foram utilizados três frascos de guache amarelo, cola quente e agrafos. “A construção da árvore teve a duração de cinco dias e esta encontrase exposta na sala de entrada do jardim-de-infância, podendo ser apreciada pela comunidade educativa”, adianta Andrea. O concurso para seleccionar as árvores vencedoras está a decorrer, prolongando-se até 21 de Janeiro. A educadora explica como se procede a votação: “a votação é feita online, no site www.simenoamarelo.pt. Para votar é necessário fazer o registo no site. Cada utilizador pode votar uma

única vez, porém, pode votar em tar um estilo de vida mais amigo do várias árvores apresentadas”. Os ambiente. resultados deverão ser conhecidos no Para a vereadora, esta iniciativa é dia 28 de Janeiro. uma importante mais-valia na caminSalientando a importância desta ini- hada para a sensibilização da comuciativa, Andrea reforça a pertinência nidade para a política dos três R’s. dos seus objectivos no mundo actual: “Muitos pais começaram a reciclar “esta actividade tem como intuito sen- por influência dos filhos”, explica. sibilizar os mais jovens para a temáti- Segundo Alzira, não há dúvidas de ca da reciclabilidade das embalagens que as crianças, por não terem ainda e o correcto depósito das mesmas no hábitos de vida enraizados, ecoponto amarelo, ou embalão”, frisa. “absorvem com mais facilidade tudo Para esta educadora, a abordagem isto, e em casa vão insurgir-se contra de temáticas associadas à consciencialização ambiental é de grande importância junto Neste Natal eu vou Reduzir dos mais novos, e e as caixas da tetra Pak Reutlizar a sua experiência Com um Natal mais amarelo permite-lhe conAprendi que no embalão cluir que essa As passo a depositar. acção com os miúdos possibilita colher frutos também junto dos graúdos: “acredito - e confirmo - que no futuro imediato estas crianças são capazes de ‘obrigar’ a sua família a fazer a separação de resíduos em casa e envolvê-los nesta tarefa ambiental, que poderá ser uma actividade de cariz lúdico-pedagógico no fim-desemana”. Para Andrea, a actual época do ano faz com que seja bastante pertinente ter em atenção a política dos três R’s (reduzir, reutilizar e reciclar): “a comunidade deve estar atenta à política dos três R’s e, perante a época que nos encontramos de consumismo excessivo, deve empenhar-se em REDUZIR o lixo que produz, procurar REUTILIZAR as embalagens e, posteriormente, colocar no ecoponto para a sua RECICLAGEM”, reforça.

MeNsAGeM AMBIeNtAl QUe ACOMPANhA A ÁRvORe:

“QUANdO estAs CRIANçAs fOReM AdUltAs GANhAReMOs A APOstA” Quem o diz é Alzira Silva, vereadora da Câmara Municipal da Horta responsável pelo projecto Agenda 21 Local, que pretende sensibilizar os faialenses para a importância de adop-

os pais quando virem que eles não fazem o que é preciso para termos um ambiente mais saudável”. No Faial, a separação de resíduos e os esforços para preservar o meio ambiente são cada vez mais uma bandeira. Desde a entrada em funcionamento da Central de Triagem que a autarquia tem alargado progressivamente os tipos de resíduos a serem separados no Faial e enviados para valorização. O plástico é separado desde 2007, e Alzira reconhece que a comunidade ainda não está suficientemente sensibilizada para a sua reciclagem.

Ao contrário do que acontece com o papel e o cartão, onde o Faial faz um brilharete no que diz respeito às quantidades enviadas para reciclagem, no plástico a Ilha Azul ainda está abaixo das médias regionais e nacionais. Até ao final deste ano, o município esperava ter enviado 41 toneladas de plástico para reciclagem. Uma quantidade que, apesar de considerável, ainda está aquém das expectativas. Para a vereadora, é necessário “desmistificar” junto da população a ideia de que os lixos acabam por ser todos misturados, independentemente dos cidadãos os colocarem ou não no ecoponto. Alzira frisa que tal nunca acontece, a menos que ocorram situações em que alguém coloca resíduos indevidos num determinado contentor. A título de exemplo, a vereadora explica que recentemente foi necessário despejar um contentor próprio para cartão no lixo indiferenciado porque alguém tinha colocado lá dentro restos de peixe. Salvo este tipo de situações, Alzira garante que os resíduos separados são todos encaminhados para a reciclagem. Criar hábitos de vida sustentáveis que se generalizem a toda a comunidade não é uma tarefa que possa ter resultados a curto prazo, como reconhece a vereadora. Trata-se de mudar hábitos de vida, o que não é tarefa fácil. Nesse sentido, Alzira congratula-se com esta iniciativa da CISA, que, no fim de contas, é um valioso contributo para aquilo que o projecto Agenda 21 Local preconiza. Esta iniciativa a que a CISA se aliou mostra ainda que, com um pouco de imaginação e de boa vontade, é possível transformar aquilo que de outra forma seria lixo em decorações de Natal. Reduzindo, reutilizando e reciclando, é possível contribuir com pouco esforço para um ambiente melhor. Agradece o mundo, e agradecem as gerações futuras que precisam de um planeta sustentável para seu lar. E, afinal de contas, haverá altura melhor do que o Natal para começar a trabalhar por um mundo melhor?


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Crianças do “Castelinho” celebram o natal texto e fotos

Maria José silva g Os alunos do Lar das Criancinhas da Horta celebraram na tarde da passada quinta-feira, dia 16 de Dezembro, na Sociedade Amor da Pátria, o Natal. Como é apanágio da instituição, alunos e professores, dos mais pequenos aos finalistas, todos se prepararam a rigor, afinaram as vozes, decoraram os textos, prepararam coreografias e dramatizações, por forma a proporcionar um espectáculo inesquecível aos familiares que não perderam a actuação. Foi com uma casa a transbordar, que ao palco do Amor da Pátria subiram os alunos da mini-creche para a dramatização “A oficina do Pai Natal”. Os mais pequeninos, vestidos e encarnando autênticos duendes, mostraram a todos como se fazem os brinquedos que o Pai Natal distribui na noite mais apetecida. Seguiu-se a sala dos 2 anos com a dramatização “Natal de amigos” e a sala dos 3 anos com o “Natal do Panda”, uma dança onde não faltou a personagem televisiva que tantos adoram. E porque os alunos do Lar das Criancinhas começam desde cedo a aprender inglês, a sala dos 4 anos apresentou a dança “All I want for Christmas is you”. Mas não se ficaram por aqui, com os seus pais subiram ao palco uma segunda vez para cantar

“Então é Natal”. Um momento de convívio intergeracional. Recordando o facto de terem sido galardoados com a bandeira Verde, sinónimo de escola amiga do ambiente, a sala dos 5 anos apresentou uma

dramatização, com cantigas e danças intitulada “A magia do Pinheiro de Papelão”. As salas do ATL fecharam o espectáculo com a interpretação das canções “No Relógio do Avôzinho”, “Natal é

uma Criança” e “A Todos Um bom Natal”. A festa não ficou por aqui. Com os olhos a brilhar as crianças chamavam pelo Pai Natal e, depois de um “telefonema” feito por José Lemos, apresen-

tador de serviço nesta noite de Natal antecipada, lá apareceu o Homem das barbas branquinhas com as suas renas para distribuir os presentes. Seguiu-se o sorteio do cabaz de Natal e um lanche convívio.


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Abram alas para o Natal frederico Cardigos

L

embro-me de uma antiga crónica de Vasco Pulido Valente, no jornal Público, em que dividia o mundo da educação das crianças entre o que é verdade e o resto. Defendia este brilhante cronista que, por exemplo, as histórias que relatavam amizades impossíveis entre animais deveriam ser banidas. Por exemplo, acrescento eu, amizades entre gatos e ratos ou tigres da Malásia e ursos, os primeiros por impossibilidade ecológica e os segundos também por impossibilidade geográfica, são deseducativos e causam embaraços na própria “consciência de si” das crianças. Ou seja, se os animaizinhos são tão “queridos”, “até falam”, “porque é que eu tenho de os comer?”, principalmente implicando isso a sua morte?! Isto para já não falar na farsa do século: o Pai Natal… Devemos motivar a imaginação das crianças com mentiras e impossibilidades ou fortalecer a sua identidade com a dura verdade. Não tenho resposta, apenas opinião. A minha opinião é… tem dias e tem limites. Estranha resposta?! Talvez não. A minha experiência enquanto pai é de que as crianças sabem bem distinguir entre o que é pragmático e os amigos imaginá-

rios ou do mundo da imaginação dos adultos. O gato lá de casa e o gato das botas são entidades diferentes cuja única semelhança é miarem da mesma forma, excepto quando o das botas faz as suas longas serenatas… O pato, amigo do Pocoyo, e o pato que aparece no arroz também são entidades diferentes, sendo que o do arroz é muito mais saboroso, mas sem tanta piada. Então, e qual é o limite? O limite, na minha mui modesta opinião, é quando os animais imaginários passam a ter características reais. Os filmes em que se colocam animais a ridiculamente mexer os lábios, imitando palavras reais, não são educativos e misturam os limites traçados pelas crianças. Atenção, não é que não goste de algumas excelentes abordagens cinematográficas, apenas penso que elas devem ser apresentadas às crianças depois de terem a capacidade de distinguir e achar piada à coisa. Senão, ficam apenas confusos... Aquilo que está claramente para lá do limite do tolerável é utilizar o mundo do imaginário para estimular o consumismo e o egoísmo das crianças. Isso é devastador. Ou seja, Pai Natal, não obrigado! Para os meus filhos, o Pai Natal será sempre uma farsa desde que nasce-

ram. “O Pai Natal não existe” é um dos conceitos que têm enraizado desde que se lembram de ouvir palavras. Assim, nunca foram alvo daquelas chantagens ridículas, na minha opinião, “se não te portas bem, o Pai Natal não te traz uma prenda”. Tudo o que expus atrás é discutível. Admito. Cada pai e mãe, melhor do que ninguém, saberá qual a abordagem educativa que serve ao seu filho. O que não é discutível, no entanto, é o mau serviço que algumas empresas fazem aos nossos filhos. No outro dia, estava calmamente a almoçar num daqueles cafés que têm a televisão ligada. Desta forma, ao mesmo tempo que se almoça, vão-se ouvindo e vendo as notícias, trocando impressões sobre o dia-adia, ficando mais informados, podendo colaborar mais eficientemente para fortalecer a cidadania que se espera de todos nós. Até aqui, tudo bem. Reforço que o que ali estávamos a ver era o que, potencialmente, todas as crianças deste país poderiam estar a ver. A certo passo, nas notícias da TVI começam a mostrar uma senhora a ser chicoteada. Eu nem queria acreditar… Como é possível…? Dizia a notícia que ela tinha cometido o crime de “usar calças”. Ainda meio perplexo, pedi ao

empregado que mudasse o canal porque me recusava a estar no mesmo espaço em que este tipo de imagens fosse difundido. Penso que o senhor não percebeu à primeira porque estava c o m

outros afazeres e por isso tive que ser mais claro. “Recuso-me a estar perante imagens de um canal televisivo que difunde actos de barbárie como uma mulher a ser chicoteada”. Aproveitar a forma absolutamente imoral como alguns Estados tratam as mulheres para aumentar audiências e, adicionalmente, expor as nossas crianças a estas

disfunções é demais para mim e intolerável para a educação que queremos para os

nossos descendentes. Meio segundo depois, o senhor estava convictamente a mudar de canal. Neste Natal, tenhamos atenção às crianças. Penso que mais do que prendas, elas agradecerão a construção de uma educação baseada


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lUGArES DE BElEZA M. Amélia freitas*

a

o estender a toalha recém engomada e ao recontar novamente os convivas, ressoam na minha memória umas palavras de bento Xvi, em lisboa, no Centro Cultural de belém: “Fazei coisas belas, mas sobretudo fazei das vossas vidas lugares de beleza”. Pôr a mesa, e em particular a mesa de natal, pode constituir uma forma gráfica de criar um lugar de beleza, um acto de cultura, uma forma de arte. Efémeros, é certo; mas não são efémeras a maioria das obras de arte mais surpreendentes e imprescindíveis? uma gota de chuva, um pôr-do-sol, uma flor? Conjugo as cores da toalha, dos guardanapos, dos pratos, do centro de mesa. Coloco cada prato pensando na pessoa da família que se vai sentar nesse lugar. Tem que ter espaço, embora a família seja grande e ficar

onde possa conversar. as crianças, o mais juntas possível, para ser mais fácil servilas e ver o que comem. O centro de mesa é uma coroa do advento cujas 4 velas a criança mais nova foi acendendo, uma a uma, nos almoços dos 4 domingos anteriores ao natal. acto de cultura é a disposição dos talheres. não é indiferente. não é preciso colher de sopa, porque na noite de consoada não se come sopa. (aleluia!!! dirão aqueles que não gostam deste prato da dieta mediterrânica.) Talheres de peixe, porque hoje é bacalhau. antigamente, na véspera das festas fazia-se abstinência – esse sacrifício de não comer carne. Comer peixe continua a ser coisa difícil para muita gente, em especial com os talheres específicos. bacalhau não constitui uma refeição pobre, mas os sinais de contenção, de sobriedade, vão aparecendo no meio da festa: batatas e couves, doces feitos de pão duro disfarçado com mel e frutos secos, os restos aproveitados para a “roupa velha”… apontamentos semi-

ocultos que vão recordando que o Menino também nasceu em circunstâncias de crise. Encontro lugar para os copos e todos os talheres de sobremesa. Primeiro a colher, pois virão mexidos vários, porque cada casa tem a sua variante e a aletria da tia é sempre melhor e mais amarelinha. depois, o garfo e faca virados um para o outro, para as rabanadas ou a fruta. O aroma a mel e canela rescende das travessas antigas, herdadas dos avós. dos avós herdámos também todas as receitas, os sabores, os rituais, a fé num deus que nasceu numa família como a nossa. não significa isso que na nossa mesa não haja CocaCola e gomas ao lado dos pinhões e das nozes. importa sim que cada um note e saboreie que é festa, que lhe entre por todos os sentidos o passado e o futuro, as tradições e o carinho de família, a alegria de ver encarnado, tangível nos olhos dos outros, o deus-amor que dorme no presépio. *Mestre em Ciências da Educação

mariameliafreitas@gmail.com


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SEr VolUNTÁrIo - um desafio possível vOlUNtARIAdO É o conjunto de acções de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade, desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas. O vOlUNtÁRIO é: - “uma pessoa que, motivada pelos valores de participação e solidariedade, doa o seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, a causas de interesse social e comunitário”. - "uma pessoa humana, realizada humanamente, preparada tecnicamente, em reciclagem constante, ao serviço de outras pessoas com dificuldades e problemas, num trabalho organizado em equipa, com tarefas definidas e ao serviço do bem comum." Em alguns países o voluntariado é uma prática corrente, um princípio, como que uma obrigação individual e livremente assumida. É uma espécie de afirmação de cidadania plena e responsável. Com o voluntariado aprende-

mos a ser empreendedores sociais. desde 1985, a Organizações das nações unidas (Onu) instituiu o dia 5 de dezembro como dia internacional do voluntário. O objectivo da Onu é fazer com que, ao redor do mundo, sejam promovidas acções de voluntariado em todas as esferas da sociedade. a Cruz vermelha Portuguesa integra e colabora, activamente, com vários órgãos nacionais e internacionais de promoção do voluntariado. O primeiro laureado com o nobel da Paz, em 1901, henry dunant, fundou o Comité interna-cional para ajuda aos Militares Feridos em Tempo de guerra como um movimento de socorro voluntário. hoje, o voluntariado é um dos 7 Princípios Fundamentais do Movimento internacional da Cruz vermelha e do Crescente vermelho. Os voluntários são o coração da Cruz vermelha Portuguesa. a maior parte do trabalho desta instituição só se torna possível graças aos 10 000 voluntários que oferecem o seu tempo e capacidades para ajudar as pessoas mais vulneráveis. Para os beneficiários, o trabalho dos nossos voluntários tem um valor incalculável. simboliza o “Poder da humanidade”. se já é voluntário, “Muito obrigada.” neste mundo confuso em que

vivemos, o seu donativo de tempo, capacidades e talentos é muito apreciado. no dia 27 de novembro de 2009, o Conselho de Ministros da união Europeia (u.E.), declarou oficialmente 2011, ano Europeu das actividades voluntárias que Promovam uma Cidadania activa. O ano Europeu tem por objectivo geral incentivar e apoiar os esforços desenvolvidos pela Comunidade, pelos EstadosMembros e pelas autoridades locais e regionais tendo em vista criar condições na sociedade civil propícias ao voluntariado na u.E. e aumentar a visibilidade das actividades de voluntariado na uE. Este objectivo geral será operacionalizado através de 4 grandes objectivos específicos: 1. Criar um ambiente propício ao voluntariado na uE; 2. dar meios às organizações que promovem o voluntariado para melhorar a qualidade das suas actividades; 3. reconhecer o trabalho voluntário; 4. sensibilizar as pessoas para o valor e a importância do voluntariado. se está interessado em saber mais sobre o voluntariado na Cruz vermelha Portuguesa, contacte a delegação do Faial ou o gabinete de voluntariado na sede nacional da Cruz vermelha Portuguesa.


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Em TEmpO DE nATAL

Um SoNETo E Um PrÉSEPIo Armando Amaral LibERTAção

Um negro e denso véu de triste escravidão Pairava sobre a terra, imenso, assustador. Mantendo o povo opresso em dura servidão Num cruciante gemer de miséria e extortor. Ouvido esse clamor vibrando na amplidão Gemido de gigante acorrentado à dor, Sorria desdenhoso o fero coração De Roma dissoluta, em seu louco esplendor. Foi então que surgiu fulgindo em Nazareth, Sob a guarda fiel do casto São José, Uma Família Santa, osculada de luz! E foi essa Família, então pobre e ignorada, que libertou a gente aflita e algemada, Com a doutrina Santa e pura de Jesus! Este soneto, de autoria de meu pai, foi publicado, primeiramente em “O Eco Cedrense”, depois no “Correio da Horta” quiçá por mais duma vez, e várias foram as por mim lido, sempre que folheava (ainda folheio) a colecção dessa revista com tipografia própria que era quinzenal e ilustrada, mormente com xilogravuras do Prof. J.Dutra Jr.. Um soneto que me calou fundo, tendo ficado mesmo assaz gravado em meu subconsciente. E tanto ficou que, passados muitos anos e sem do dito me lembrar, esteve na base da ideia pela Maria João solicitada para um dos Presépios por ela armados. Como outros, participou também em con-

cursos que, em meados do século passado, começaram a ser promovidos na Horta, com a FNAT (hoje INATEL) a dar pontapé de saída; iniciativa depois continuada pelo Núcleo Cultural, então da presidência do Pe. Júlio da Rosa, cuja prestigiada Instituição faialense é agora presidida pela Drª. Zoraida Nascimento. Aliás, todos na modalidade “Original” obtiveram classificação maior, e sem favor, pois o gosto artístico foi um dos muitos dons de Deus recebidos, não se fazendo rogada para os pôr a render, recebendo apenas como lucro a boa aceitação por parte da comunidade, no caso a do Faial, ilha que, com a sua (Terceira), disputou a primazia em seu coração. Mais que palavras, a foto, que ilustra este escrito, dará melhor ideia do Presépio em apreço. Mesmo assim, vou arriscar breve descrição: Em primeiro plano, um desenho por amigo feito (o Manuel filho do senhor Rosa, com loja de fazendas no largo da Matriz) a interpretar Humanidade acorrentada, física e sobretudo espiritualmente. Alternativa a que teve de recorrer uma vez que fora impossível conseguir figuras em terracota a contento. Depois, a Sagrada Família, com o Menino Jesus deitado em palhinhas na manjedoura, sob o enlevado olhar de Maria e José, não faltando a vaca e o burrinho, a completar o quadro por Francisco de Assis idealizado a eternizar pelos séculos o histórico acontecimento... Um pouco mais atrás e em terceiro e mais elevado plano: uma Cruz de vermelho iluminada, vendo-se à frente a silhueta de mulher despida, livre de grilhetas e de “braços abertos” para o céu elevados a dar graças ao Criador. Os anos passaram, e só em Outubro de 1994, quando vasculhava elementos com vista às comemorações de centenário paterno, promovidas por ilustres patrícios, deparei com “Libertação”, logo me apercebendo que estava ali a fonte da ideia transmitida a saudosa Esposa. Por sinal, este e mais uma meia dúzia foram os Presépios que jamais esqueci, incluindo naturalmente o que os meus também saudosos Pais me ofereceram, teria uns sete ou oito anos, e que resistiram a nem sei quantos Natais da minha infância e juventude.


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Tribuna das Ilhas Maria José silva g Ora, andava eu pela Wikipédia a tentar aprender mais alguma coisa (algo que ainda não aconteceu), quando me deparei com algo acerca do Natal: Quadra que prima pela união familiar e entrega de presentes à mesma e ao próximo. Infelizmente, a parte dos presentes é bem real e é aquela a que as pessoas dão mais importância… União familiar? Isso não conta, só conta se no jantar de consoada se oferecerem bastantes presentes e, de preferência, bem caros e vistosos. Ora, será esse o verdadeiro sentido do Natal? No outro dia, por ocasião do encontro de Natal dos Idosos do Faial, estive à conversa com a senhora Conceição Silva, de 65 anos de idade, que carinhosamente me disse que “quando eu era mais pequena o Natal era muito triste. Não havia nada. Nos últimos anos, meu pai trazia um chocolate e punha debaixo da almofada para que no Dia de Natal pudéssemos pôr a mão e tirar um doce.” A ceia da Consoada não, era uma mesa farta com bacalhau, peru, e outras tantas iguarias. Conforme me contou a Senhora Conceição, naquele tempo era o bucho do porco recheado. “Comer aquela iguaria era algo que muito nos regalava”. A casa também não era enfeitada com árvore de Natal, nem natural, muito menos artificial. Como conta Conceição, “fazíamos um altar ao Menino Jesus. Isso nunca podia faltar e a minha mãe também costumava pôr numa jarrinha uns galhinhos de árvore e umas

Chegou o Natal, e? flores, sempre alegrava a casa.” A família de Conceição Silva era composta por 10 pessoas e prendas era coisa que não existia. Hoje, a senhora Conceição já é avó mas já desde o tempo em que teve os seus filhos que o cenário mudou. A árvore de Natal, enfeitada com bolas, sinos, fitas e luzes coloridas passou a ser obrigatória e, nos anos mais recentes, obrigatórias também passaram a ser as prendas. Por estes dias, o cenário não é muito diferente. Apesar da tão aclamada crise, é frequente verem-se as pessoas, na sua maioria mulheres, a correr de um lado para o outro, a entrar de loja em loja à procura do presente perfeito. As casas já estão enfeitadas a rigor e em quase todas as mesas já existe um bolo de Natal à espera da noite da Consoada. Mas, será que nos devemos levar pelo consumismo exacerbado da época? Já parámos para pensar na quantidade monstruosa de dinheiro que se gasta em coisas, entenda-se presentes, sem utilidade nenhuma? Em primeiro lugar, e antes de tudo o resto, devemos fazer uma lista com todas as pessoas a quem queremos ofe-recer alguma coisa. Depois, da lista de nomes feita é importante estabelecer um orçamento de quanto se pode/quer gastar por pessoa ou por casal porque, já que vamos gastar o dinheiro, ao menos que seja em alguma coisa verdadeiramente

útil. E porquê não optar, numa altura em que se fala tanto de reciclagem e reutilização, por presentes originais e feitos por nós? Antigamente era frequente receber-se umas peúgas de lã, uns cachecóis feitos à mão, umas bonecas feitas de pano. Porquê não optar por essas soluções? Será que só o último CD

dos U2 é que é bom? O último jogo da Playstation? Os presentes caseiros podem ser uma forma de poder oferecer algo a todos aqueles que são importantes para nós, sem fazer explodir o orçamento. Afinal, o Natal é uma época de amor, de família, de partilha, de amizade. É muito mais do que dinheiro, e compras e

presentes. Há apenas que saber dar, e como dar! E quando falamos do saber dar, não nos esqueçamos daqueles que pouco ou nada têm. Não custa nada dar uma “reviravolta” no nosso baú, ver o que já não usamos e dar. Não será, afinal, este o verdadeiro sentido do Natal?


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2010 rEVISITADo

OBRA, POléMICA, CRIse Reveja nesta repportagem os acontecimentos mais relevantes deste ano na Ilha do faial Maria José silva g O ano de 2010 está a chegar ao fim. Foram 12 meses marcados pela crise económica que o nosso país atravessa. Por cá o ano começou com as novas orientações para os transportes marítimos, tema que andou na “boca do povo” o ano todo. Foi ainda marcado pela inauguração do novo edifício do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. Uma obra há muito aclamada e reclamada pelos faialenses. A obra do Porto da Horta continua a bom ritmo e está dentro do prazo. Entretanto, começou a recuperação da Casa Memória Manuel de Arriaga. JANeIRO Entram em vigor as novas orientações de serviço público para o transporte marítimo entre as ilhas do grupo

central. Um modelo, definido pelo Governo, que permite a realização de mais ligações, oferta de mais lugares e novas tarifas, numa altura em que a Atlanticoline ficou incumbida de assegurar o serviço público de transporte marítimo para 2010 e 2011. Entra igualmente em vigor o novo acordo ortográfico. Uma mudança na forma de escrever que atinge mais de 200 milhões de pessoas. Mudou essencialmente a grafia das palavras. A pronúncia e as regras de sintaxe são as mesmas. O Peter Café Sport foi eleito o melhor bar do mundo para velejadores num concurso internacional. 200 faialenses cumprem a tradição do primeiro banho do ano na Praia do Porto Pim. O mau tempo danifica a obra do porto e põe em perigo, com a queda de várias estruturas de suporte de edifícios em

recuperação na nossa cidade, a vida dos transeuntes. O Faial recebeu as comemorações dos 34 anos da Universidade dos Açores, uma cerimónia que trouxe até à Horta nomes como Mário Soares, Mário Ruivo, Mariano Gago, entre outras figuras e que ficou, indelevelmente marcada pela inauguração do novo edifício do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, uma aspiração antiga dos faialenses. Vasco Garcia anuncia a criação de uma Federação Regional dos bombeiros dos Açores, uma união em defesa dos interesses comuns dos soldados da paz, da qual os bombeiros faialenses fazem parte. O Governo Regional apresenta o projecto Eco-Freguesia, Freguesia Limpa. Um projecto que contou com a adesão de mais de 90% das freguesias dos

NOvAs INstAlAções dO dOP 2010 começou com a inauguração do novo edifício, no antigo hostipal Walter Bensáude

Açores e de todas as freguesias do Faial que acabariam por ser todas galardoadas pelas boas práticas ambientais adoptadas. Na primeira reunião da Assembleia Legislativa de 2010, o PSD acusou o Governo da República de ser “malandro” na produção leiteira nacional e pede que Região e República se unam numa tomada de posição na Europa contra o desmantelamento do sistema das quotas leiteiras. A abstenção eleitoral na região foi outro dos temas quentes deste plenário que versou ainda a questão do navio Atlântida e a divergência entre a Região e os Estaleiros de Viana do Castelo. Mas o que “aqueceu as hostes” nesta sessão plenária foi, sem dúvida, a lei das finanças regionais que opôs a bancada socialista às bancadas da oposição. A primeira reunião da Assembleia Municipal da Horta faz aprovar, em Janeiro, o Plano de Urbanização da cidade. Um plano cujos principais objectivos passam por reforçar o papel da Horta no contexto regional. Os sociais-democratas não ficam satisfeitos com o Plano aprovado e a frase que marcou esta reunião foi “mais vale não ter um péssimo plano do que um plano que constrange a cidade da Horta”. Mas, nem só de planos de revestiu esta reunião, também o imposto municipal da Derrama teve “panos para mangas”, devido à data da sua suposta aprovação. O imposto acabou mesmo por não entrar em vigor. Foi ainda em Janeiro que a Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta entregou, na ALRAA a petição relativa à reabilitação do Solar dos Arriagas. A nível regional, a bombardier entregou o primeiro Dash Q400 à SATA. Ao todo foram quatro as aeronaves que a transportadora aérea açoriana comprou

para renovar a frota. A COFACO no Faial anuncia o seu enceramento. Em situação precária ficam inúmeros trabalhadores. Uns são demitidos, outros são transferidos para o Pico. feveReIRO O mês de Fevereiro começou com uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal da Horta para discutir e aprovar o Plano e Orçamento da CMH para 2010, aprovação que não aconteceu uma vez que a Derrama foi chumbada. Este impasse revelar-se-ia prevaricador para as Juntas de Freguesia que não recebem as verbas das delegações de competências a tempo e horas, verba que, inclusive, sofre um decréscimo. A nível social, a CMH adere ao Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, com um projecto que envolve várias entidades da nossa ilha, num esforço transversal a toda a sociedade. 99.3% foi a percentagem pela qual Carlos César foi reeleito presidente do Partido Socialista nos Açores. Sem opositores, César lidera os rosas açorianos desde 1994. O tradicional voto de Santo Cristo da Praia do Almoxarife reúne centenas de fiéis na Paróquia de Nossa Senhora da Graça. Uma celebração que remonta a 1718 e que se mantém viva. Os conselhos de administração das empresas municipais Hortaludus e Urbhorta são empossados. Equipas renovadas, lideranças mantidas e na manga o parque empresarial e a consolidação do trabalho feito até aqui, como seja a criação de poldros pela Coudelaria do Faial. Os profissionais de saúde reúnem-se na Horta para debater o consumo precoce de álcool, uma problemática que aflige toda a população e contra a qual


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AlRAA Polémica e mais polémica marcaram os trabalhos no hemiciclo regional

urge encontrar medidas. No Dia Mundial das Zonas Húmidas, João Melo, director do Parque Natural do Faial, revela que as plantas invasoras estão a pôr em causa a Caldeira da Ilha Azul. É lançado um plano de combate e erradicação de infestantes, no sentido de salvaguardar os sítios RAMSAR. A APADIF quer, através do projecto Plano b, promover a democracia participativa e a igualdade de oportunidades. Os deputados regionais, durante a sessão plenária de Fevereiro, tentam encontrar soluções para combater a situação económica e social frágil em que a Região se encontra. Em tempo de Carnaval, a Horta parou para ver os mais pequenos a desfilarem alegremente pela cidade. Depois de, em 2009, a ilha do Faial ter sido fustigada por alguns crimes bastante delicados e com forte exposição pública, o comandante Carlos Ferreira, em entrevista ao TRIbUNA DAS ILHAS, afirma que o Faial tem índices de segurança elevados. Os dados estatísticos mostram isso mesmo. A SRAM – Secretaria Regional do Ambiente e do Mar – lança a plataforma DO.IT, com o objectivo de aproximar a população da entidade governamental que tutela o ambiente dos Açores. Por esta altura passou pelo Faial a embarcação do 5Gyres, um projecto que estuda os efeitos do plástico nos cinco oceanos do mundo. As notícias não são animadoras: por todo o mundo o mar está contaminado de plástico e os efeitos nocivos já começam a ter impacto, quer nos animais do meio aquático, quer mesmo nas pessoas. Realiza-se na Horta a Reunião do Conselho Consultivo das Águas Ocidentais da Europa. Pescadores e governantes sentam-se à mesma mesa para debater a crise que afecta o sector. Ângelo Duarte preside à primeira

reunião do ano do Conselho de Ilha. Em cima da mesa, PROTA e todas as suas implicações para o Faial. Um debate que iria desenrolar-se durante meses e que muita tinta fez correr na comunicação social, quer local, quer regional.

obstetrícia esclarecem as futuras mamãs sobre amamentação, parto e cuidados ao recém-nascido. Ainda com as mulheres em alta, os bombeiros Faialenses abrem uma nova recruta, desta feita abrangendo o sexo feminino. Dos 14 formandos, seis são mulheres, uma aspiração antiga e que veio na altura certa. Posteriormente, a AHbVF procedeu a obras de adaptação do quartel existente para as senhoras. As temperaturas baixas fazem com que o Faial amanhecesse completamente gelado e a neve cobriu de branco a Caldeira, o que há muitos anos não se via. Entretanto, a UMAR inaugura uma nova casa abrigo no Faial. Um passo grande no combate à violência doméstica. O Faial adere à campanha nacional Limpar Portugal com um propósito comum: tornar a Ilha Azul mais limpa. No dia D, faltaram mãos para ajudar, face à enorme quantidade de lixo encon-

AlBeRtO dO MóNACO O Mónaco e a horta reforçam relações com a visita do princípe ao faial

Nesta mesma altura, a Horta recebe o Plenário Jovem. Uma iniciativa que visa

ACções AMBIeNtAIs limpar Portugal, eco-freguesia e dias verdes, tudo em prol de um melhor ambiente

MARçO Entra em vigor o novo regulamento de taxas e licenças não urbanísticas do município. TRIbUNA DAS ILHAS esteve à conversa com o presidente da CMH para saber tudo sobre o plano de actividades e orçamento da autarquia. João Castro defende que, dentro desta matéria, há que definir políticas e prioridades para gerir os 16.960.387 € de orçamento. Tudo isto depois da Assembleia Municipal ter aprovado o documento. TRIbUNA DAS ILHAS foi investigar e descobriu que, no Hospital da Horta, as consultas de enfermagem do serviço de

estimular o gosto pela participação cívica e política dos mais novos. A Câmara Municipal lança um concurso de ideias para tentar impulsionar a reabilitação urbana, enquanto o PSD local vem a lume defender a construção de um novo quartel para bombeiros. ABRIl Mês de festas pascais, não podia ter começado de melhor forma para oito famílias faialenses a quem o Governo Regional entregou moradias para realojamentos. A 11 de Abril de 2010 assinalaram-se os cem anos da inauguração da luz eléctrica na Horta. Em Abri,l a Câmara Municipal da Horta manifesta a sua discordância em relação à criação das plataformas logísticas. Um modelo de transporte marítimo de mercadorias assente na existência de plataformas logísticas nos portos de Ponta Delgada e Praia da Vitória não agrada ao Faial.

trada. Manuel de Arriaga é homenageado pela Junta de Freguesia da Matriz e pela Câmara Municipal. Ainda este mês a autarquia lança o Cartão Azul em três versões, com vantagens para os seus aderentes. O plenário de Março fica marcado pela interpolação que o deputado do PPM, Paulo Estevão, faz ao governo sobre a educação. É também neste último mês do trimestre de 2010 que os funcionários das IPSS trazem a lume a sua reivindicação versando a equiparação salarial à Função Pública.

CMh A autarquia discordou da criação das Plataformas logísticas, mas o PROtA foi mesmo assim aprovado


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Tribuna das Ilhas A Escola Secundária Manuel de Arriaga esteve representada na IV Mostra Nacional de Ciência que decorreu no Museu da Electricidade em Lisboa.

BOMBeIROs fAIAleNses Pela primeira vez na sua história, os soldados da paz no faial têm uma recruta feminina

ligação secular existente entre estas duas cidades. Entra em vigor o novo regime de visitas no Hospital da Horta. Mudanças que visam um melhor serviço e uma estadia menos penosa aos utentes. Aparece entre nós o AMbI, o novo amigo do ambiente do Faial e a mascote de uma campanha de educação ambiental que a CMH lança em parceria com a SRAM. Objectivos: aumentar a reciclagem, promover a reutilização, proteger o ambiente. Na sessão plenária de Abril, um dos temas que mais polémica levantou relacionou-se com o serviço público de rádio e televisão. Aproveitando a presença dos governantes e decisores políticos pelo Faial, a CCIH promoveu uma série de debates alusivos ao PROTA e ao modelo de transporte de mercadorias. Os faialenses batem o pé contra as Plataformas. Entretanto, na Terceira, decorre o XIV Congresso do PS Açores. A reunião magna dos socialistas açorianos decorreu com as eleições de 2012 na mira de César. Também os comunistas se reúnem em congresso num claro momento de aprofundamento da análise da situação política e social da região. O mês fecha com temas ambientais: realiza-se na ESMA o Encontro de Educação Ambiental e, no porto da Horta, os investigadores do DOP encontram uma lesma do mar com efeitos terapêuticos. MAIO Vão a análise na Assembleia Municipal de Maio as contas do Município relativas a 2009. O cenário não é o mais animador: 11.5 milhões de dívida. Também a partir de Maio torna-se possível transformar produtos de soja

no Faial. Uma ideia de Herberto Soares, um faialense de 90 anos de idade. Os Encontros Filosóficos começam. Nesta que foi a sua XVII edição, em debate esteve a importância de inovar na educação. Realizaram-se as XV Olimpíadas do Ambiente no Teatro Faialense. Envolvidos estiveram 78 jovens. No dia 10 de Maio a Associação de Ex-combatentes da ilha do Faial inaugura a sua sede social, um sonho antigo, uma aspiração conseguida. A nível regional e mesmo nacional, a nuvem de cinzas vulcânicas afectou todo o espaço aéreo e deixou milhares de passageiros em terra. A Escola Profissional da Horta anuncia a abertura de três novos cursos de nível III, entre eles o Curso Técnico de Reparação Naval. 98 foram as velas que os bombeiros do Faial sopraram a 16 de Maio. Perto do centenário, o novo quartel continua a ser a maior das preocupações. Pelo quinto ano consecutivo, realizase o V Colóquio “O Faial e a Periferia Açoriana nos séculos XV a XX”. O hemiciclo açoriano foi “aquecido” pela análise ao currículo regional de educação básica. É durante o mês de Maio que começam a vir à Horta os veleiros que atravessam o Atlântico. Para além dos inúmeros iates veio ao Faial também o navio de cruzeiro Prinsendam, curiosamente na mesma altura em que João Carlos Pinheiro, emigrado nos Estados Unidos da América, vem ao Faial limar as arestas para a realização da V Regata Internacional de botes baleeiros. O projecto de animação desportiva e cultural comemorou 15 anos de existência. TRIbUNA DAS ILHAS saiu à rua para saber tudo sobre este projecto que junta várias gerações nas suas actividades.

JUNhO A Marina da Horta comemorou a 3 de Junho o seu aniversário. Em dia de festa, a marina estava, pura e simplesmente, superlotada. bom presságio? No âmbito das comemorações do Dia Mundial do Mar, miúdos e graúdos deram o seu contributo na limpeza da Orla Costeira do Faial.

ambiental. JUlhO No mês de Julho, a TAP Portugal comemora 25 anos de voos entre Lisboa e a Horta. Ao todo, mais de 1 milhão e 172 mil passageiros foram transportados. É lançada a segunda edição do Curso de Operador Marítimo Turístico, pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. A Assembleia Municipal ficou marcada pela polémica em torno do São João. Os vereadores municipais falaram

MARINA dA hORtA O hotel flutuante do faial teve lotação esgotada

Os vereadores municipais do PSD querem aproveitar o Verão para promover o Mercado Municipal e alertam para isso. Na semana seguinte, uma Feira do Século XIX animou aquele espaço. De 13 a 20 de Julho, a identificação de esculturas “Entre Montes” marcou o arranque da edição de 2010 dos Encontros de Porto Pim. É conhecida a voz da Marcha da Semana do Mar 2010. Sarah Pacheco, luso descendente, dona de uma voz ímpar. Letra de Victor Rui Dores, música de Fernando Goulart. Junho foi mês de Festa do Mundo Rural. A Quinta de São Lourenço recebeu este certame dedicado ao sector primário local. No debate legislativo, o PROTA é aprovado pela maioria socialista, apesar da referência às Plataformas Logísticas. Continuam as investigações arqueológicas na baía da Horta. Os investigadores afirmam que os vestígios encontrados na nossa baía são de únicos a nível nacional. O Lar das Criancinhas da Horta recebe o galardão Eco-Escolas, fruto de todo um trabalho de sensibilização

em descentralizar a festa, mas os deputados municipais não querem nem ouvir falar disso. A Horta comemora 177 anos enquanto cidade. Em dia de aniversário, João

Castro reclama mais justiça na distribuição de fundos comunitários pelas autarquias. Mário Silva, que encabeçava uma petição contra as plataformas logísticas, afirma a este semanário afirma que não se conforma com o atropelo à democracia por parte da maioria socialista, que aprovou o PROTA sem reflectir sobre o teor da petição assinada por muitos faialenses. Desde Julho que 17 associações encontraram no Centro Associativo Manuel de Arriaga a sua casa. Os idosos do Faial estão mais seguros com a montagem de 17 sistemas de teleassistência da Cruz Vermelha. Os deputados regionais vieram até ao Faial para na sua sessão plenária tentarem apurar a verdade no processo dos navios. O campo de Golfe volta à baila, sem soluções. O director regional do Ambiente e do Mar apresenta os resultados do SRIR – Sistema Regional de Informação sobre Resíduos e conclui que os bons resultados são fruto deste que é um instrumento facilitador. Os cientistas descobrem uma nova fonte hidrotermal junto à ponta da Espalamaca. AGOstO Com os festejos maiores do Faial a decorrer – a Semana do Mar – a maior polémica do mês de Agosto foi o parecer sobre o PROTA incorrecto que o Conselho de Ilha enviou à Assembleia Regional. Fruto disso, a Mesa do

MONseNhOR JÚlIO dA ROsA depois de seis décadas à frente da Paróquia das Angústias o sacerdote renuncia essas funções


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AsseMBleIA MUNICIPAl O hemiciclo local protagonizou muitas capas deste semanário

Comércio, da CCIH, presidida por Mário Silva, bate com a porta. Os cabos submarinos voltam a estar em debate, desta feita com um colóquio, organizado pela Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta. Quality Cost, assim se chama o galardão que a Horta recebeu fruto da limpeza e ordenamento da costa faialense. O DOP enceta missão a montes submarinos açorianos para estudar a biodiversidade e funcionamento dos ecossistemas. Cerca de três centenas de mulheres, entre os 45 e 74 anos, participam durante este mês, num rastreio do cancro da mama. Entra em vigor, no dia 20 de Agosto, o PROTA, Plano de Ordenamento do Território dos Açores. O primeiro semestre do ano não foi favorável à produção de leite no Faial. Foi entregue na CALF menos leite do que no período homologo do ano anterior. seteMBRO A ERSARA – Entidade Reguladora das Águas e Resíduos dos Açores – reúne-se pela primeira vez no Faial. Presidida pelo faialense Hugo Pacheco, esta entidade vai fiscalizar a água que cada um de nós bebe. O Padre Júlio da Rosa, figura emblemática da freguesia das Angústias e da cidade da Horta, após 60 anos de sacerdócio, por questões de saúde, renuncia, mas diz que “continuará a viver para a freguesia das Angústias”. O TRIbUNA DAS ILHAS esteve em Ponta Delgada para acompanhar o congresso regional da JSD Açores. Uma luta bem acesa entre Alexandre Gaudêncio e Cláudio Almeida, que este último venceu. Em São Miguel acompanhámos igualmente a eleição das 7 Maravilhas de Portugal. A Paisagem Vulcânica da Ilha do Pico e as Sete Cidades foram consagradas numa noite inesquecível. Por cá, a Universidade Sénior continua a apostar na inovação. No lançamento do novo ano lectivo apresenta mais oferta formativa enquanto que no sistema de ensino regular, foram 2242 os alunos que voltaram à escola. O Conselho de Ilha tornou a reunir, sem

esquecer o erro de Ângelo Duarte no envio do parecer sobre o PROTA, sendo que alguns conselheiros pediram mesmo a demissão do presidente. A EDA – Electricidade dos Açores – anuncia um investimento de seis mi-lhões de euros para o Faial e o desmantelamento do Parque Eólico da Lomba dos Frades. O plenário de Setembro ficou marcado pelo facto do PS Açores reivindicar que a ALRAA proponha a extinção do cargo de Representante da República na revisão

ca organizada pela ESMA, que chamou inúmeras pessoas ao Mercado Municipal. Os montes submarinos açorianos classificados pela OSPAR passam a incluir o Parque Marinho dos Açores. Depois de ter sido equacionada a possibilidade de ficar a trabalhar a tempo inteiro na Câmara do Comércio e Indústria da Horta, Ângelo Duarte admite que isso não vai acontecer. A propósito de tudo o que tem vindo a acontecer, os empresários, na sequência de uma Assembleia-geral extraordinária, pedem a demissão do presidente. O PSD Faial avança para a terceira edição do projecto “Mais perto dos Faialenses”. A importância do aleitamento materno esteve em debate num encontro regional na biblioteca Pública João José da Graça. As potencialidades do mar foram discutidas em Lisboa, num ciclo de confe-

dOCUMeNtOs estRUtURANtes desde o PROtA ao PO Regional e do Municipio, vários foram os documentos

constitucional. Na ordem do dia esteve também a bolsa de estudo concedida pela Região ao filho da Secretária Regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques. A oposição veio a terreno insurgir-se contra o custo do site do Turismo Açores, apelando à contratação da “prata da Casa”. Foi em Setembro que João betten-court, faialense, foi nomeado director regional do Ambiente e Graça Castanho substitui Rita Dias na Direcção Regional das Comunidades, Frederico Cardigos deixa o Ambiente para tutelar a recém criada Direcção Regional dos Assuntos do Mar.

OUtUBRO O Conselho Mundial das Casas dos Açores reuniu na Graciosa. Um exortar de açorianidade. Os cem anos da República foram comemorados com “pompa e circunstância”. Para além de palestras e exposições, houve uma recriação históri-

rências promovidas pelo Jornal Ex-presso e em que participou o director do DOP, Ricardo Serrão Santos. O Faial vai ter uma nova câmara hiperbárica. O anúncio foi feito por Luís Quintino, otorrinolaringologista do Hospital da Horta. O Conselho de Ilha do Faial emitiu um parecer sobre a anteproposta do Plano de Governo Regional para 2011. Por outro lado, na sessão plenária regional, a proposta de Orçamento de Estado é motivo de discussões, com a oposição a pedir a César uma tomada de atitude em relação às medidas de austeridade impostas por Lisboa. NOveMBRO Os vereadores municipais do PSD vêm a lume reivindicar para que as suas propostas sejam incluídas no Plano e Orçamento da Câmara Municipal da Horta para 2011. Sérgio Ávila e André bradford

AGeNdA 21 lOCAl Novo projecto da autarquia acenta nos vértices ambiente, sociedade e economia

entregam na ALRAA a proposta de Plano e Orçamento para 2011. O documento destaca a remuneração compensatória para os trabalhadores da administração pública regional. O director regional da Saúde, Miguel Correia, anuncia, depois dos polémicos cortes na saúde e reticências em relação às prevenções dos médicos, que estes vão ser cronometrados, com o controlo do tempo que demoram a chegar ao Hospital em caso de chamada urgente. O Faial recebe os barcos da Route Du Rhum. Uma vez mais, a marina mais movimentada do mundo dá abrigo aos veleiros da regata internacional. Em dia de aniversário, a APADIF – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial, alerta para as barreiras arquitectónicas que continuam a minar a cidade da Horta. Os investigadores do DOP apresentaram o trabalho que tem sido desenvolvido no banco Condor. Os resultados agradam a todos. Num ano em que muito se falou da problemática da violência contra as mulheres, a Zimodas dedica um desfile a esta temática. Chega ao fim a campanha SOS Cagarro de 2010. O balanço a nível regional e local é positivo. Foram salvos mais cagarros do que nunca. O Conselho de Ilha do Faial reuniu extraordinariamente para tentar explicar os consecutivos lapsos. Desta feita,o envio do parecer sobre a ante-proposta do Plano e Orçamento para 2011 sem o anterior consentimento dos conselheiros motivou a polémica. A CMH anuncia o lançamento do projecto Agenda 21 local. Um processo participativo e multi-sectorial que visa atingir os objectivos da Agenda 21 ao nível local. O Saneamento básico continua a dar

que falar. O consórcio vencedor do concurso pede mais uma prorrogação do prazo. No final do mês, o Faial recebe a III Mostra Gastronómica Luso Galaica, fruto do intercâmbio entre CCIH e a Galiza. A sessão plenária de Novembro animou-se com o debate do Plano e Orçamento para 2011. Durante esta reunião, Luís Garcia evidencia-se com a reivindicação do aumento da pista do Aeroporto e da Variante. A Atlanticoline vem ao Faial apresentar o estudo sobre transportes marítimos dos Açores que pretendeu analisar a viabilidade económica e financeira do transporte de passageiros. dezeMBRO Partem rumo a Istambul, na Turquia, 45 espécies de peixes, capturados e mantidos vivos em cativeiro na Horta. Um projecto autónomo e pioneiro na região. Com a quadra natalícia à porta, o comércio tradicional começa a prepararse para a festa. O conselho de governo anuncia a criação de uma Unidade de Saúde de Ilha para o Faial. Os fotógrafos amadores do Faial juntam-se num workshop de iniciação à fotografia digital. O dia das montras ficou marcado pela chuva. A CMH anuncia que não há fogo de artifício na passagem de ano. A cidade reveste-se de cor e luz para receber o Natal. A pequenada não foi esquecida. A Assembleia Municipal reuniu a última vez este ano e aprovou, com a abstenção do PSD, o Plano e Orçamento para 2011. O consórcio na calha para o Saneamento básico aceita finalmente a execução da obra.


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o mENINo NASCEU. ADorÊmo-lo “

O Senhor disse e o profeta anunciou”: “- Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho; e chamarse-á Emmanuel, que quer dizer: “Deus connosco”. - S. Mateus. S. José desconfiava de Maria, sua esposa, que estava grávida sem que o tivesse conhecido como homem. Não a querendo difamar, e seguindo os costumes da época, resolveu deixá-la secretamente. Mas…eis que um anjo do Senhor lhe aparece em sonhos, e lhe diz: “José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois O que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e pôr-Lhe-ás o nome de Jesus; porque Ele salvará o povo dos seus pecados”. Poderia desmontar algumas das afirmações aqui contidas. Não o vou fazer. Penso que nem tudo deve ser perguntado ou analisado. O silêncio é muitas vezes o melhor manto a estender sobre as dúvidas suscitadas por afirmações que, humanamente, não compreendemos. S. José, tal como tinha acontecido com Maria, sua mulher, acreditou. E, quando chegou o tempo, ela deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus. Para o Menino e seus pais, era mais uma família igual a tantas outras que recebia nos braços uma criança. Uma dádiva de Deus, uma esperança a iluminar as suas vidas. Nos seus corações uma grande paz. O Segredo que lhes fora revelado não era motivo de incómodo, nem de os deter nas normais tarefas de cuidar do seu filho primogénito. Mas, uma estrela sobre aquela gruta em belém da Judeia atraiu pastores que

apascentavam os seus rebanhos. E alterou a rota dos Reis Magos que, vindos do Oriente, a entenderam como sinal de uma nova presença entre os homens. E, curiosos das coisas, perguntavam: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo”. Àquele tempo, Herodes era o rei… Eis o momento da ânsia de perder o poder a cobrir a Terra. “- Se eu sou o rei, de Quem falam eles?” Será do Messias, prometido em tempos e há muito esquecido? E Herodes, irado, recordou: “E tu, belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Príncipe que apascentará o Meu Povo de Israel”. Apressando-se, chamou os reis magos e disse-lhes: “ - Ide a belém e informai-vos cuidadosamente acerca do Menino e, depois de O encontrardes, vinde comunicar-mo, para que também eu vá adorá-Lo”. A maldade humana, sempre a maldade humana… A hipocrisia humana, sempre a hipocrisia humana… E os magos, indiferentes a tudo o que não seja seguir aquela estrela que os parece guiar, param subitamente junto a uma humilde gruta

onde a estrela se detém e brilha um brilho nunca visto… Entram e, esquecidos de tudo, “…prostram-se por terra adorando o Menino”. Durante um tempo sem tempo meditam junto ao presépio. E agradecem aquele encontro com o que de melhor têm para oferecer - ouro, incenso e mirra. Têm que partir. Seguem o caminho da verdade e ocultam nos seus corações o que viram. “- Este é o Messias, Aquele que foi anunciado. Já nasceu e nós vimo-Lo. Louvado seja Deus que nos confiou este segredo”. Mas, Aquele era um Menino que não veio para ter descanso. Por isso, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, e disse-lhe: “Levanta-te, toma o Menino e Sua Mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o Menino para O matar”. Assim foi feito e se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta “Do Egipto chamei o Meu Filho”. Relato humilde de quem acredita no nascimento de Jesus. Homenagem simples a um Menino que responde sempre a quem a Ele recorre. Maria da Conceição brasil mcbrasil2005@hotmail 20/12/2010


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esPAçO de PROxIMIdAde A POlíCIA AO seRvIçO dOs CIdAdãOs P P O O l l í í C C I I A A d d e e s s e e G G U U R R A A N N ç ç A A P P Ú Ú B B l l I I C C A A

vIOlêNCIA: estado daquilo que é violento; acto violento; acto de violentar; irascibilidade; abuso da força; tirania; opressão; constrangimento exercido sobre alguma pessoa após a aprovação da lei 112/2009, respeitante à prevenção da violência doméstica, foi também criada a portaria 229a/2010, que estabelece o regime jurídico aplicável à assistência das vítimas de violência doméstica, entre outras as seguintes:  a vítima tem sempre de ser informada pela autoridade competente da existência deste estatuto;  ser informada dos serviços e organizações a que se pode dirigir;  a receber protecção policial, processual e psicossocial adequada ao seu caso;  sobre a libertação do detido ou condenado pela prática do crime de violência doméstica;  direito a ser informada do estado em que se encontra o seu processo;  a retirar da residência todos os seus bens de uso pessoal e exclusivo e ainda dos bens móveis próprios, bem como os dos filhos

menores de idade;  Justificação das faltas ao trabalho motivadas por impossibilidade de o prestar em sequência do crime de violência doméstica;  ser apoiada no arrendamento de habitação ou beneficiar de atribuição de casa nos termos da lei, quando haja necessidade de afastamento da vítima do autor do crime;  aceder de forma preferencial, aos programas de formação profissional disponíveis;  ser informada que pode vir a obter indemnização por parte do agente do crime, lembre-se que: “O silÊnCiO, indiFErÊnÇa ou PassividadE, poderão alimentar/potenciar o seu sOFriMEnTO ou o dos seus semelhantes dEnunCiE” Esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.s.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt

PROGRAMA INteGRAdO de POlICIAMeNtO de PROxIMIdAde


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A mInHA mEnsAgEm DE nATAL

mAIS Um NATAl! hélio Pamplona

h

á aquela máxima, que diz que o Natal é quando o homem quiser! Mas verdade, verdadinha, é que não é bem assim! Senão vejamos: Outubro, Novembro e Dezembro, começamos a pensar o que vamos comprar, para oferecer aos nossos ente queridos e aos nossos amigos mais próximos, porque é tradição desde que os Reis Magos se puseram a caminho munidos de incenso mirra e ouro! E porquê? Porque não tinham computadores, televisores, aparelhos audiovisuais e playstation’s! Então, nós porque não podemos, ou não queremos, dar a Jesus aquilo com que nos sentiríamos gratificados, por ele ser o Messias, lá derivamos para os bens materiais, comprando aquilo que precisamos, e pior, aquilo que não precisamos para dar ao nosso semelhante! Aquilo que ele de facto precisa é: paz e amor! Depois do “Dia da Consoada”, em que assazmente estamos inquietos que chegue à meia noite (quando chega, porque a inquietude da pequenada é mais que muita) para ver o que o chamado Pai Natal (que infelizmente não passa por todas as

casas) nos deixou ! Quantas vezes, essa inquietude das crianças, e não só delas, se desvanece porque o “velhinho” acabou por não ter a generosidade com que tanto se ambicionava, e não passou pela nossa casa! Levaram-se 365 dias, ou 366, (consoante o ano bissexto), com toda aquela ansiedade que só acontece ao mais comum dos mortais, para tudo a partir daquele dia, se desvanecer! E depois! E depois, claro, as crianças, e os grandes ( a maioria deles), entram novamente noutro ciclo! Tirando claro está, aqueles que por tradição pensam no Reveillon! Vai de comprar, ou alugar, uma fatiota mais “in”, e lá se vai dar uns pezinhos de dança, mais ou menos regados, esperando que Novo Ano, e novo ciclo de inquietudes, se vislumbrem no horizonte! No entanto, o flagelo da guerra, da fome, dos sem lar, dos sem terra, dos que padecem de doenças graves, que estão condenados, pela lei da vida, a sofrer pacientemente, continue! Entretanto, esquecemo-nos que isso acontece com o nosso semelhante, e passados mais umas semanas , começamos a pensar em mais um ciclo festivaleiro, como se nada

nos acontecesse. Dir-me-ão que vida é isto! É verdade! Mas se tivermos alguma racionalidade, alguma contenção nos desvarios que cometemos, de certeza absoluta que conseguiríamos minimizar algumas destas situações, ajudando quem mais precisa! Chocou-me , quando um dia destes vi no ecrã da RTP-Açores, o Presidente da APADIF – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial, dizer que no ano 2009, não tinha sido disponibilizado “um único” posto de trabalho para os Deficientes da Ilha do Faial!. É de lastimar, e sentir revolta, por não ter havido a nível governamental incentivos junto do mercado de emprego, como através de outros particulares, para aqueles que padecem (mas não são inúteis) de alguma deficiência! E lendo o Jornal “Vozes” que foi lançado na passagem do 17º. Aniversário da APADIF, chamou-me a atenção “Testemunhos, do Projecto Moviment’arte”, que é carinhosamente coordenado pela Dra. Marta Faria. Não querendo esquecer a Patrícia Machado, o Paulo Ávila, a Cidália Pinheiro, a Palmira Gomes, o Eduíno Pinheiro, o bruno Amaral, o

Cláudio Ventura, a Fernanda Carvalho e a Mariana Pinto, faço questão porque m e sensibilizou, quando a Fernanda, diz:”Gosto muito do Projecto Moviment’arte, porque a minha casa é aqui!” (sic); e quando a Mariana, tenta numa súmula, abranger todos os seus colegas, terminando: “ No Moviment’arte tratam-me bem, dão-me mimos e carinhos”, “eu sou muito mimosa”, gostam muito da Mariana, e disseram que a Mariana é linda, igual às outras mulheres grandes!!!. Claro que és, Mariana! Tu, e todos os teus colegas e amigos, são lindos, têm uma lindeza interior, que muitos de nós não temos, por isso fica sabendo que gostamos de vocês, tal como sois! Vocês são parte integrante e complementar da sociedade onde estão inseridos, e têm que dar graças a Deus, por terem pessoas com um “coração enorme”, como são, o José

Fialho, a Marta Faria, e todos aqueles que zelam pelo vosso bem estar, e para que se sintam plenamente integrados na nossa comunidade; só assim, poder-se-ão mudar algumas mentalidades, que ainda não conseguiram acordar do enorme pesadelo, que é “estigmatizarem” o seu semelhante, só pelo facto de” pensarem (mal) que somos nós, e os outros”! Mas isso faz parte, felizmente, de algumas (muito poucas) mentalidades tacanhas, em que o seu complexo de inferioridade, os leva a julgar “os outros” por um minúsculo prisma, que até nem eles conseguem saber, qual! Para a APADIF, e a todos que a complementam, e sobretudo para vocês, UM SANTO E FELIZ NATAL, E UM ANO 2011, com


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bOAS feStAS T

Alzira silva

empo de Amor e Paz é o que sugere a época natalícia. Lamentavelmente nem todos no mundo os têm, alguns porque não os sabem cultivar, outros porque não vivem no meio de circunstâncias que as permitam (refiro-me a regiões de conflitos armados e de fome, entre outras mazelas que afectam a humanidade). No Faial, todos temos circunstâncias para usufruir de Paz; quanto ao Amor universal, quer por razões culturais, quer por sensibilidade ou necessidade pessoal, acredito que o ser humano procura ser feliz e, mais cedo ou mais tarde, todos percebem que a felicidade está sempre onde está o Amor. Claro que o mundo não é perfeito, claro que existem divergências que nos colocam em campos opostos a outros seres humanos, claro que há quem tenha dificuldade em se encontrar e em se dar, claro que nem sempre a nossa sabedoria de vida é suficiente para compreender quem fustiga com palavras e gestos os seus concidadãos e até muitas vezes quem habita o seu espaço afectivo. Uma coisa parece certa e são várias as ciências que convergem neste sentido: responder à agressividade e à maledicência com as mesmas armas apenas vai fomentar a agressividade, a maledicência, o desrespeito e a insolência. Será mais adequado e benéfico, para o bem colectivo, que aprendamos a expor as nossas discordâncias de uma forma salutar e sem insultos nem mentiras. Vêm estas considerações a propósito da época que se

No faial, todos temos circunstâncias para usufruir de Paz; quanto ao Amor universal, quer por razões culturais, quer por sensibilidade ou necessidade pessoal, acredito que o ser humano procura ser feliz e, mais cedo ou mais tarde, todos percebem que a felicidade está sempre onde está o Amor. vive: de Natal, de crise, de (des)entendimentos diferentes e do hábito de criticar sem estar informado – uma das premissas que invalida de imediato a acção legítima de criticar. A outra é não ter alternativas passíveis de concretização. O resultado da crítica, que deveria ser sempre estimulante para a saúde e o bem-estar sociais, acaba por se perder no vazio – o que se traduz numa perda para a credibilidade e para a democracia. A propósito de hábitos, permito-me lembrar aqui que a Câmara Municipal está a distribuir inquéritos para aferir os hábitos dos faialenses no que respeita a sua relação com o ambiente e com a sociedade, bem como auscultar as suas opiniões sobre a participação dos cidadãos e das instituições e ainda do estado da economia (este é um resumo grosseiro dos objectivos do questionário mas interessa apenas dar uma ideia aos faialenses do que se pretende e da importância da sua participação neste trabalho). A identificação (colocação do nome) é facultativa exactamente para que todos estejam à vontade nas respostas. As restantes perguntas exi-

gem respostas verdadeiras. Pede-se seriedade e reflexão para que das mesmas possa resultar uma análise válida e, na sequência da análise, a estruturação de um plano de acção correspondente às necessidades do Faial. Dispensar dez ou quinze minutos a um questionário não vai certamente modificar a sua vida e essa atitude de colaboração pode fazer grande diferença a um projecto cujos destinatários são todos os habitantes do Faial. E vai dar-lhe um saco de compras reutilizável e biodegradável, numa sensibilização para a saúde do ambiente e um alerta para o uso exagerado de sacos plásticos. Só com forte consciência cívica podemos desenvolver hábitos saudáveis e assumir um compromisso pessoal e colectivo, acreditando que todos, em conjunto, podemos rumar a 2011 com vontade de servir a nossa terra e com confiança nas nossas capacidades e nas nossas competências. Que 2011 seja um ano de bem-Estar, Saúde, Paz e Amor para cada um de nós, para as nossas Instituições e para todo o mundo. bOAS FESTAS E FELIZ 2011.


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O

s jantares de natal, lembro-me como se fosse hoje! vinham os tios, os primos, e por vezes os padrinhos e o avô Faustino mais a avó Ermelinda, que nunca faltavam, claro! O avô Faustino mais a avó Ermelinda, vinham sempre uma semana antes, -“para ajudar”-, diziam eles! Mas a verdade é que eles se sentiam sozinhos, e por esta época sempre gostavam de estar com a família! O avô era um homem de feições, por demais simpáticas e muito divertido, mas era surdo que nem uma porta! Tínhamos de gritar para que o pobre homem pudesse estar a par de todas as novidades, mas está claro que os mexericos não eram com ele. a avó Ermelinda era um doce de mulher, sempre cheia de paciência e de dedicação para com os netos. Contava-nos contos e encantos, que não passavam de experiências de vida, sempre cheios de significado. Como era um dia de grande cerimónia, em que se festejava o nascimento do Menino Jesus, o nosso “salvador”, caprichava-se em tudo e a casa tinha de estar limpa e arrumada. Colocava-se os “enfeites” a decorar as paredes, que eram feitos por nós, as roupas “finas”, que a mamã costurava, fazia-se as comidas “boas”, os “docinhos”, e bebiam-se as bebidas que só se consumiam naquela altura e claro no centro das atenções, a mais ”bela” árvore alguma vez enfeitada. a mamã dizia, -“este vai ser o melhor natal de sempre! a tia Clara veio novamente este ano, lá do Canadá, passar o natal com a gente!”- e no intuito de nos alegrar, a mim e ao Pedrinho, perguntava-nos em tom de suspense –“o que será que a tia Clara, vos vai trazer este ano de oferta?! lá no Canadá há coisas muito bonitas…”- claro que nós, como crianças, cheias de imaginação, tal como vida, passávamos a tarde a fantasiar os presentes da tia Clara. Embora lá no fundo soubéssemos que a tia Clara era uma forreta e que só nos dava bombons, cuecas, sabonetes, meias, com sorte umas dólares canadianas e um beijo cheio de baton e uma valente apertadela nas

os Jantares de Natal! bochechas. ai que rosadinhas elas ficavam. E era uma azáfama que começava logo do início de dezembro, até à manhã do dia de natal! aquilo é que era! via-se a mamã, a correr de um lado para o outro, atarefadíssima com os últimos preparativos, e o papá sempre como quem não quer da coisa, sentado no cadeirão a fumar um cigarro com uma mão, enquanto outra acariciava o Melão. O Melão era o gato de estimação do papá e uma dor de cabeça para a mamã. Era dado a gatunices mal ela virava as costas. E chamavase assim porque desde pequenino sempre foi anafadinho. a mamã ficava nervosa, com tantos trabalhos, e dizia sempre “…que aqueles jantares tinham de acabar, que era uma trabalheira e que era um desperdício de dinheiro, e que a família ficava” bem” agradecida, por tal esbanjamento...!”- mas o papá que era um homem dado á “calmisse” e ao bom senso, retorquia-lhe sempre em tom carinhoso, “vá lá mulher, é a única forma de vermos a família toda reunida!...e não sejas assim, que tu gostas disto!”. a verdade é que a mamã gostava mesmo! assim que nos levantávamos de manhãzinha, corríamos pela casa, até à cozinha, cheios de vontade de surripiar um ou outro doce que estivesse preparado, ou então lamber a tigela onde a mamã batera o bolo de laranja! sim porque o papá não comia o bolo de frutas, mas comia o de laranja! Claro que nós não conseguíamos levar nada da cozinha, a não ser umas belas palmadas da avó Ermelinda, que apesar de ter a sua idade, ainda era uma mulher de mão pesada! E lá saíamos da cozinha, cabisbaixos com o calor das palmadas da avó, no rabiosque! as manhãs de natal eram sempre ricas em cheiros tão próprios, que permaneceram na minha memória, até hoje! Era como se o “espírito de natal”, estivesse

entrado em nossa casa, e nos envolvesse e nos enchesse de uma alegria, que também jamais esquecerei. durante todo o dia, a mamã ia abrandando o passo, de tão cansada, que estava! E já lá mais para a tardinha, enquanto a mamã dava os últimos retoques no molho da carne assada e no bacalhau á braz, sim, porque o papá não comia bacalhau de outra forma. vinha a ordem, que eu e o Pedrinho menos queríamos ouvir, -“ João - gritava a mamã para o papá, - por amor de deus, ajudame! Estas crianças precisam de se lavar! Tu vai-lhes dar banho geral!”. banhO gEral! Caía como uma bomba no meio de nós os dois, e aquilo é que era fugir para que o papá não nos apanhasse! Mas o que era certo, é que ele sempre teve a passada maior que a nossa, e o banho geral era fatal como o destino. depois de lavados e vestidinhos, ficávamos proibidos de “asneirar”, para não estragar ou amarrotar a roupa! Enquanto a mamã e o papá se vestiam! Como a mamã ficava bonita, com o seu melhor vestido, sempre com a maquilhagem a combinar! E o papá, como ficava elegante com a camisa de “domingo” e lenço ao pescoço, sim porque ele não era muita dado a gravatas! O avô nesse dia, tirava o boné e a avó os rolos! Como era bonito, o brilho dos seus olhos e como alegres eram os seus sorrisos! nunca me esquecerei dos seus cabelos brancos como a neve! Os convidados lá vinham chegando! Primeiro chegavam os tios e os primos, só depois vinha o tio alípio. O tio alípio era um pouco estouvado, mas um homem de grande carácter e inteligência. Todos diziam que deveria ter ido para doutor! nunca havia casado, e gastava tudo o que ganhava na estiva em bebida. Pode-se dizer que era o único defeito que tinha. O papá dizia sempre “aquele homem se não tinha ido para o

ultramar, tinha sido grande…!”. O tio alípio era um ex-combatente! nunca falava dos horrores da guerra, mas dizia-se que ele tinha sido um herói e que no passado guardava grandes feitos. havia beijinhos cheios de baton, presentes para todos, chocolates para nós, que o papá guardava, porque nós éramos sobejos, e comíamos os chocolates todos. havia também as notas de dólar canadiano que a tia Clara fazia questão de dar! O papá e a mamã ficavam muito contentes com a tia Clara e ela, por demais vaidosa, ostentava o resto da noite aquele ar de importante. E aqui começavam as cerimónias! “… oh home, tu senta-te, aí!...”, “…não era preciso teres trazido prenda…”, “…não te faças rogado, come pra baixo…”, “…não me vais dizer, que já estás “farto”…” durante o jantar, o papá, que era um homem de pouca bebida, ia ficando muito contente, dava palmadinhas nas costas do primo alberto, ria-se à brava e sempre ia dizendo enquanto enchia o copo –“…home vocês, façam-se de casa e bebam mais uma coisinha.” E a mamã, toda rosadinha ia servindo as sobremesas, enquanto ensaiava uns paços de dança com a prima Elvira. Como eram bonitos e familiares, os jantares de natal! naquela noite, que sempre foi fria, enchia-se de calor, amor, ami-

zade, carinho e sobretudo paz! Era tanta a harmonia que não parecia real! Quando nos sentávamos todos aquela mesa, para a ceia de natal, acontecia algo, que aos meus olhos e aos do Pedrinho, era extraordinário e quase mágico. aquela comunhão em família, parecia impregnada de eternidade. seria o “espírito de natal”, que nos presenteava com tanta felicidade? a verdade é que tudo nos parecia diferente, a rua, as casas, os carros e o silêncio! Como era bom escutar, à noitinha, o silêncio da noite de natal e como custava adormecer. Eu e o Pedrinho, nunca nos queríamos ir deitar, porque nós sabíamos que mal fechássemos os olhos, tudo acabava, simplesmente deixava de ser noite de natal. Pena que durante o último, a Carlinha tenha tido aquela infeliz ideia de deitar fogo à casa. Certo que, da rua ainda nos fartámos de rir, com os esforços da tia Clara, a tentar salvar a pele, enquanto gritava -“ Oh my god, Oh my god, que o “fire” ainda me apanha!”. Mas agora, embora continue a haver jantares, a tia Clara, nunca mais veio passar cá o natal e deixou-se ficar com os filhos, no Canadá, e a restante família foi deixando de aparecer! Mas que ideia, a da Carlinha! horta, 17 de novembro de 2010 Pseudónimo: Júlia horta


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Deseja a todos umas Boas Festas


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M. fernanda Barroca

iam seus pais todos ao anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. E, quando chegou aos doze anos, subiram eles até lá, segundo o costume da festa. Quando chegaram ao fim desses dias, ao regressarem, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem os pais darem por isso. Pensando que Ele se encontrava na caravana fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos” (lc 2, 41-44). Que angustiantes deveriam ter sido estes dias para Maria e para José. Era o seu Filho e estava perdido. Com as devidas distâncias o pai da parábola do filho pródigo, também viveu ansioso até que encontrou o seu filho; a viúva de naim perdeu o filho, pela morte deste e o pensamento de que um dia na Eternidade se encontrariam não minorou a sua mágoa, aponto de comover Jesus, que o ressuscitou e entregou à mãe. agora o reverso. uma mãe aflita porque o filho saiu à noite para uma festa e estava a ser uma hora muito avançada e ele sem chegar. a mãe sabia para onde tinha ido, e quando achou que era mesmo muito tarde, telefonou para casa duma das raparigas que também tinham

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mENINo, oNDE TE mETESTE? ido à festa. Tocou o telefone e com ar ensonado atende a mãe da moça. Minha senhora, diz a mãe aflita do outro lado do fio: a sua filha já chegou da festa? a resposta desconcertou-a: sei lá, já me deitei como de costume e ela quando chegar fecha a porta! Quanto eu lamento as jovens, como esta, que não têm quem as procure! Mas voltemos ao Filho de Maria e de José. Estes procuraram o Menino. a quem por eles passava perguntavam com ansiedade, temendo um “não”: virão um Menino, moreninho de cabelos escuros e olhos negros, que aparenta mais ou menos 12 anos? não, ninguém tinha visto e não julguem que os Pais de Jesus, deram dados errados. dizer que um menino nascido em israel, é branquinho, cabelos loiros e olhos azuis, não convence ninguém, a menos que apareça algum expert a dizer que o Menino Jesus nasceu na noruega… Que fazer? Pois recorrer à oração e para tal entraram no Templo e surpresa das surpresas – o Menino estava lá, visivelmente descontraído. nossa senhora, não se conteve (e isso

assemelha-nos mais a Ela) e disse para Jesus: isso é coisa que se faça? Fugir da caravana, sem dizer boa-vai-ela? não sabia que seu Pai e eu estávamos aflitos? (Maria nem tratou o Filho por Tu – as mães zangadas, costumam fazer o mesmo). Então o Menino, sem mostrar arrependimento (coisa impensável em deus que era) respondeu candidamente: não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas

de Meu Pai? são José num primeiro momento teve um baque – então não era ele o pai? E Maria, essa, guardava tudo no seu coração, e dando a mão a Jesus dum lado e do outro s. José, não vá o Menino tornar a fugir, desceram para Jerusalém e o Menino não voltou a meterse noutra. E agora, será que o Menino fugiu ou foi expulso? Está próximo o natal e que vemos nós nas iluminações de rua? renas,

o Pai-natal, estrelinhas, sininhos, e arabescos impessoais. E é caso para perguntar: “Menino onde Te meteste ou onde Te meteram?”. Pois bem, muito boa gente quer voltar a dar lugar de honra ao Menino e para isso, pedem aos cristãos para adquirirem o Estandarte do Menino Jesus para colocar nas varandas. vamos a isso; não pensemos na crise, se gastarmos um euritos, pois que Ele é rico e pode salvar-nos assim nós deixemos!


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“mErrY CHrISTmAS”

CAloTES E oUTrAS CoISAS mAIS

fernando Melo

santos Madruga

N

aquelas noites nem sempre havia estrelas. Às vezes, o céu era de nuvens que o vento desfazia em grossos aguaceiros. Noutros anos, porém, uma lua de prata, suspensa por cima dos cabeços do “mistério”, definia os contornos da montanha que velava, em silêncio, atrás da freguesia. Que saudade, meu Deus, das noites de natal da minha infância! “Só no ano em que nasceste é que não foste à Missa do Galo”- dizia meu pai com certa presunção. E tanto assim foi que guardo dessas noites mil recordações e algumas imagens que quase me comovem. Os serões de Natal! Como eram diferentes desde a hora da ceia ao repicar dos sinos! Ao redor da cozinha, as caras conhecidas: os vizinhos da porta, amigos da família, minha mãe e meu pai – ela costurando junto à luz de petróleo, ele com as histórias dos natais na Califórnia, animados de cores e velhos Santa Claus. E do lado do forno, rasando a chaminé, chegava aquele aroma, saboroso e penetrante, da caçoila guisada no seu tacho de ferro. Quase à meia-noite, a caminho da missa, lá íamos nós entre vultos e lanternas. A não ser que o luar, alumiando a estrada, nos viesse salvar do domínio das sombras. Dentro da igreja era o deslumbramento: os altares a brilhar com o lume das velas, o cheiro a incenso pairando no ar, o órgão e as

N

vozes ecoando nas naves e um belo Menino – nu e rechonchudo – que todos beijavam na maior devoção. De regresso a casa, no coração da noite, era dar boas-festas a amigos e parentes. Pela mão de meu pai, de casaco de coiro e boné de casimira, eu ouvia-o falar de “um Natal feliz, cheio de saúde e da graça de Deus”. Mas havia palavras que eu não entendia e meu pai trocava com velhos amigos, vindos como ele de terras da América: - “Merry Christmas, Mr. bernardo”! - “Merry Christmas, Mr. John”! E eles respondiam, desenhando o abraço: - “Merry Christmas”! “Merry Christmas”!

O último hábito dessas longas noites era pôr a bota junto ao fogão de lenha – uma velha bota, forrada de lã, p’ra deitar a prenda do São Nicolau. Já na minha cama, o sono a chegar, eu imaginava-o de sacos às costas a entrar na cozinha pela chaminé. E depois em sonho eu ainda o via, as barbas de neve e um doce sorriso, a dizer de longe, cercado de estrelas: - “Merry Christmas”! “Merry Christmas”! Que saudade, meu Deus, das noites de Natal da minha infância! (Do livro do autor”Fragmentos da Memória”, edição 1993)

o tempo que corre, as condições normais de vida, são uma preocupação para as boas consciências que, felizmente, ainda, por aí existem. No entanto, há uns tantos, “bem intencionados”, que apesar da sua “honesta” vontade, não conseguem solver os seus “excessos” que consideram normais e imprescindíveis, alegando direitos iguais. Deste modo, lá vão usufruindo de uma vida superior às suas possibilidades. Esquecem-se, porém, que, com as suas atitudes, estão a prejudicar aqueles que, honestamente, confiaram nas suas aparentes intenções. Então, como a lei os protege, afirmam que já se passaram seis meses sobre a data da dívida, e por isso, nada os “obriga” a pagar. E assim, lá vão continuando a manter o mesmo modo de vida, esperando que os outros continuem a cair no “conto do vigário”. Curiosamente, alguns comerciantes vão colocando nas vitrinas, a lista dos “esquecidos”, como nos disse um, e logo eles aparecem justificando esquecimento. O mau exemplo vem do Estado que continua a ser um mau pagador, usando, muitas vezes, um “álibi” esfarrapado para justificar a falta de cumprimento dos deveres assumidos. Até quando o “plástico” conseguirá manter esta aparente situação? Também, não seria de todo descabido mencionar, em lista especial, os honestos, que, embora a muito custo, cumprem com os compromissos assumidos. Estes, sim, são os tais “de palavra” em quem se pode confiar. Para os outros que ainda passam por nós e se riem, só nos apetece “gritar-lhes”: CALOTEIROS. Que nesta Quadra Natalícia o Deus Menino faça despertar as consciências adormecidas a bem do equilíbrio social e que a Mensagem de Paz entre os Homens, que nos deixou, se concretize. Haja Saúde


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henrique Monteiro expresso

se há sector do estado que merece nota negativa junto dos portugueses, um deles é a justiça: processos que se arrastam anos e anos nos tribunais, o acesso que se torna cada vez mais difícil para quem tem poucas posses, a descredibilização diária quando as notícias fazem eco de que quem pode recorre e se livra das teias da lei. Como se não bastasse, os juízes deram este fim-desemana mais uma achega para a má imagem da justiça.

N

Paulo Oliveira

os tempos de Sócrates (469 399 aC) e César (63 aC – 14 dC), o espírito de Natal ainda não acontecia. As desigualdades cresciam de Atenas ao centro da Europa, de Roma ao Atlântico, e os ricos enriqueciam e os pobres empobreciam. As diferenças “salariais” eram brutais e premiavam-se os amigos e conhecidos, em detrimento dos mais capazes e dos mais produtivos. As elites das classes do poder alimentavam-se dos impostos que recaiam, cada vez mais duramente, sobre os que trabalhavam e produziam para garantir a sobrevivência dos seus familiares, enquanto os seus senhores engordavam cada vez mais. O produto do seu trabalho era quase todo consumido pelos impostos dos senhores, que cada vez mais aumentavam os seus haréns, férteis em concubinas, palhaços e bobos, que deliciavam os estéreis prazeres da corte, das suas sociedades vazias de conteúdo e de objectivos. Os centros urbanos desenvolviam-se com estradas, que ligavam as principais cidades com transportes rápidos, única forma dos senhores se divertirem e conviverem, em profusas festas, concursos e arraiais, em alegres semanas festivas, promovendo a vaidade competitiva entre os centros urbanos mais desenvolvidos. As terras mais pequenas e isoladas, perdiam-se no tempo, afastadas do desenvolvimento, abandonadas que estavam dos reais objectivos dos impérios senhoriais... onde apenas sobrevivia uma elite local, representativa das elites centrais, que servia para manter a ordem

editorial diário de Notícias

Compreende-se a necessidade de realizar investimentos, assegurar a qualidade dos serviços públicos, garantir o apoio aos mais desfavorecidos, entre outros, na medida em que os Açores, há poucos anos atrás, eram deficitários em muitos desses aspectos. O que dificilmente se compreende é a insistência em realizar investimentos não produtivos, incapazes de criar riqueza e que representarão mais despesa corrente no futuro, tornando os Açores cada vez mais dependentes da solidariedade nacional e comunitária. Célio teves (a propósito do relatório do tribunal de Contas) Açoriano Oriental

Tribuna das Ilhas

Conto de natal, inverso!...

cITAçõEs

basta recuar 30 ou 40 anos para conhecermos segredos muito mais graves do que aqueles que revela o Wikileaks. desta vez não há golpes de Estado, chapéus de chuva búlgaros ou troca de espiões. sejamos práticos. a censura é uma estupidez e um dos maiores sinais de desorientação e fraqueza. O que alguns países e empresas estão a fazer ao Wikileaks e ao próprio assange é totalmente ineficaz, lembra o pior do mundo e dá a entender que algo de tenebroso ainda pode ser revelado.

OPINIãO

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e a mordaça, cobrando os impostos que faziam chegar ao centro dos reinos, sem que antes subtraíssem a sua quota parte do bolo, necessária à manutenção dos seus sinais exteriores de riqueza, que exibiam e faziam questão de desfilar perante os olhares cada vez mais esbugalhados daqueles que mal sobreviviam à crise económica e de valores morais. A economia das cidades, vilas e aldeias ultra-periféricas servia apenas para as férias e fins de semana dos senhores, que se passeavam e divertiam nas suas coutadas de caça, enquanto usavam e abusavam das donzelas moçoilas mais afoitas, que, diga-se a verdade, ansiavam por uma gravidez precoce, cujo bastardo lhes garantisse um futuro melhor. Aos fins de semana, as carruagens charters abundavam nos largos e praças, onde outrora havia parques infantis, enquanto os cocheiros tentavam a sua sorte junto das rameiras locais, que se mostravam com os seus trajes domingueiros, na esperança de obterem um passe clandestino para a capital, na mala de algum baú vazio. Mas o doloroso, não era este pão e circo. O duro era a semana de trabalho, em que todos vergavam as costas nos campos, para sustentar toda esta sociedade faustosa de boys e girls, que acompanhavam as comitivas reais, que nunca haviam trabalhado, mas que vestiam que nem doutores, comiam que nem javardos, e ganhavam dinheiro que nem ladrões... A sua ambição era desmedida, e depressa os impostos deixaram de ser suficientes para garantirem os seus luxos e privilégios... Havia que inventar um novo processo que desse seguimento a esta politica imperial: aumentar a diferença entre os pobres e ricos, como

forma de assegurar que os ricos fossem mais fortes e os pobres mais débeis, o que contribuía, aparentemente, para a maior força de alguns sobre muitos... E assim, implementaram uma nova forma de receita inversa ao Robim dos bosques: Roubar aos pobres para entregar aos ricos. Como? Diminuíram os seus salários. Mas como os pobres eram cada vez em maior número, podendo vir a tornarse uma ameaça ao Império, que, lá fora, assumia-se como rico e sabedor das medidas a tomar, havia que adoptar mais politicas que desincentivassem a praga dos pobres... sempre a crescer. Como? Para já, reproduziam-se demasiado depressa, pelo que era imprescindível acabar com as políticas de saúde, de apoios à natalidade e dos abonos de família. O efeito foi benéfico, e até mais eficaz e barato do que uma esterilização global. Por outro lado, desmontando a justiça que se ocupava das pequenas desavenças domésticas, com o proveito de cortar nos custos, e, mais uma vez, o povo latino resolvia a peito a maior parte das questões, que terminavam em escaramuças mortais..., logo, menos povo. Por último, e não menos importante, educar um povo era caro e representava uma ameaça grave às instituições, que se viam ameaçadas pela crescente informação e revolta de alguns mais instruídos.... Então, suspendeu-se o ensino generalizado, e promoveram-se as passagens administrativas... Mais fácil, mais barato, mas rápido, e muito menos perigoso, já que governar “ignorantes” era muito mais fácil, principalmente, para quem à inteligência pouco deve!... Mas restava ainda um problemazito internacional: a dívida externa, que crescia, devido à má gestão, e estava na

mão de muitos especuladores, que lucravam com a desgraça alheia. Como resolver esta guerra entre inimigos? Fácil! Arranjar só um inimigo, pois antes ficar na mão de um “amigo” do que na mão de muitos inimigos! Assim, o Emissário dos Negócios Estrangeiros navegou para Oriente, incumbido que estava de procurar alguém que quisesse trocar as cautelas da dívida por ouro fresco... Numa rota inversa aos Descobrimentos futuros, o exército chinês foi aquele que melhor acolhimento teve, até porque precisava de receber a troco, pastagem fresca, onde os seus soldados conseguissem “pastar”... E assim aconteceu, com a invasão do exército dos samurais chineses a sorverem a decadente economia do Império das eras de Sócrates e de César..., a troco da sobrevivência da dívida externa, e da manutenção no poder dos senhores da corte. Esta, não era o Espírito de Natal, da amizade, da fraternidade da igualdade de oportunidades. Por isso é que, mais tarde, Deus desceu à terra... prometida! Por isso é que o 25 de Abril aconteceu! Por isso é que um Homem (ainda) sonha!... Qualquer semelhança com a realidade actual, é pura coincidência, fruto do desejo de muitos leitores, ou da consciência pesada de alguns..., que inadvertidamente caíram na tentação de ler este artigo. bom Natal para todos, e que 2011 nos traga melhores soluções para Portugal, para os Açores e para a Ilha do Faial. Até para o ano! Contributos, para po.acp@mail.telepac.pt

bOM nAtAl Jorge Costa Pereira

E

stamos em mais um Natal. Apesar da anunciada e vivida crise, os sinais exteriores do Natal rodeiam-nos. É a publicidade televisiva. São as montras de muitos dos nossos estabelecimentos comerciais. São as ruas iluminadas. É o afã de muitos nas compras feitas ou a fazer. São os encontros de funcionários ou membros de agremiações. São as consoadas em família que se preparam. São os cartões postais ou digitais que se trocam com amigos ou familiares (que às vezes só agora são lembrados!). São os gestos de solidariedade mais fáceis nesta altura. São as árvores que se decoram com luzes apropriadas fora e dentro das nossas casas. São os presépios e altarinhos ao Menino Jesus que alguns resistentes ainda montam, cumprindo tradição antiga. Enfim, são os mil e um sinais e gestos que a todos nós, uns mais e a outros menos, nos enchem nos dias próximos de cada Natal. Infelizmente, para muitos, o Natal

A dimensão espiritual e religiosa do Natal foi conquistada pela império da economia e do comércio e, ultrapassada pela busca incessante do lucro, acabou submersa na actual sociedade, onde o prazer de comprar e gastar se impôs como uma necessidade e transformou o Natal reduzindo-o, para muitos, a uma festa do consumo. não passará do tempo dos cumprimentos que se trocam, das ofertas que se repartem, da família que se reúne, da solidariedade que se pratica, da árvore que se enfeita. A dimensão espiritual e religiosa do Natal foi conquistada pela império da economia e do comércio e, ultrapassada pela busca incessante do lucro, acabou submersa na actual sociedade, onde o prazer de comprar e gastar se impôs como uma necessidade e transformou o Natal reduzindo-o, para muitos, a uma festa do consumo. E nesta vertigem colectiva esquecemo-nos do mais importante.

Esquecemo-nos desse Jesus de Nazaré que nasce em cada Natal e, exactamente só porque nasce é que há Natal! Esquecemo-nos que esse Jesus de Nazaré, sem se impor a ninguém, está aí, pelas nossas ruas, lado a lado com cada um de nós, desafiando o nosso egoísmo, confrontandonos com os idosos esquecidos das famílias, com as crianças abandonadas à sua sorte, com os dependentes sem horizontes nem esperança, com os que estão e se sentem sós e com todos os irmãos com que nos cruzamos na aventura da Vida. Em cada um deles, todos os dias do ano, em todos os natais, Jesus de Nazaré

questiona-nos, interroga-nos, interpela-nos e sugere-nos caminhos. Olhemos à nossa volta e para dentro de nós próprios e disponhamonos a assumir as interrogações deste Cristo inconformado e até mesmo incomodativo. Comecemos por nos dispor a mudar-nos a nós próprios, abraçando a Sua causa e por ela e nela servir os nossos irmãos. É que na vida, as estradas são muitas. Mas só uma vai dar a belém. A todos, um Santo Natal e um Novo Ano cheio de felicidade. 18.12.2010


Tribuna das Ilhas

DEspORTO

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1.º torneio regional de esgrima estágio de natal da escola de Vela g Realizou-se no passado dia 11 de Dezembro, na Sala de Esgrima do Pavilhão Desportivo da Horta, o 1º Torneio Regional de Esgrima desta época. As provas realizaram-se na Arma Espada em Masculinos e Femininos. De acordo com uma nota de imprensa enviada à nossa redacção, inscreveram-se 11 atletas, todavia os seniores ficaram impedidos de a realizar por exigências do número mínimo e indispensável à realização da respectiva poulle. Realizaram-se por isso apenas duas poulles reunindo dois escalões etários cada. Assim, na poulle de Infantis ficaram reunidos os benjamins e os Infantis. Catarina, que na final venceu Luís Nas meias-finais, Carolina Salema Fontes por 15-8. surpreendeu a irmã Margarida Salema, vencendo-a por 10-9. ClAssIfICAções: 1º helder Catarina ClAssIfICAções: 2º luís Fontes 1º Paulo Petsch 3ª daniela Pinheiro 2ª Carolina salema 3º Margarida salema Os atiradores agora apurados vão participar nas Provas Oficiais proEm benjamins, Rita branco e movidas pela Federação Portuguesa Cristóvão Ribeiro, classificaram-se de Esgrima, nomeadamente as proem 5º e 4º Lugar respectivamente. vas “Juv 2 para Iniciados e Cadetes, Na poulle de Cadetes ficaram reu- e o Infantil 2 para benjamins e nidos os Iniciados e os Cadetes. Infantis que se realizam em Janeiro, A prova foi marcada pelo bom no Continente. momento de forma de Hélder Recorde-se que dos atiradores

agora apurados, dois, ocupam os lugares cimeiros do Ranking Nacional, com destaque para o atirador Hélder Catarina nº 4 do Ranking Nacional em Iniciados Masculinos e a atiradora Daniela Pinheiro, que se sagrou Vice-campeã Nacional em Maio de 2010 ano e que finalizou a época transacta em Nº 1 do Ranking Nacional de Iniciados Espada Feminina. Na presente época, estes atletas classificaram-se em 3º lugar na primeira prova realizada, designadamente no Troféu Gente Nova – realizado em Grijó, como aliás, já tínhamos noticiado.

g A Escola de Vela do Clube Naval da 5.º - bernardo Melo Horta está a promover em estágio de natal. 6.º - Miguel Pinto De acordo com o técnico Pedro Cipriano, 7.º - Manuel rolo esta é uma forma saudável de aproveitar as férias escolares e de dinamizar a escola de A prova de match racing intergeracional vela. foi disputada por oito equipas nos raquero. No fim-de-semana houve competição para todos os escalões: sábado competiram ClAssIfICAçãO: as escolas de vela e no domingo competi1º- Fibra Óptica (Jorge silva, ram pais e filhos num encontro intergerahenrique silva, romano) cional nos raquero. 2º - Espírito dos açores (Teresa Morais, lisuarte Morais, ClassiFiCaÇãO nOs OPTiMisT armando Castro, Maria Castro) 3º rajadinha (antónio luis, Escolinhas foi a seguinte: 1.º - Mariana luís Mariana luis, Conceição Matos) 2.º - ricardo Oliveira 4º- azeitonas (Eduvis Oliveira, Tomás Oliveira, Pedro Oliveira, 3.º- Tomás Oliveira Tiago Oliveira) 4.º - Teresa Morais

AnDEbOL

Sporting da Horta cai na Madeira g No passado sábado, o Sporting Clube da Horta jogou na Madeira frente ao Madeira SAD. Os pupilos de Filipe Duque bateram-se bem, no entanto acabaram por ser derrotados por 28-27. O resultado deixa os faialenses no sétimo

lugar da tabela classificativa, com 33 pontos, a 3 do sexto classificado, o Águas Santas. O Porto mantém-se na liderança, com 44 pontos. O campeonato nacional de Andebol volta em Fevereiro.

Secção de Mini Veleiros revitalizada g A secção de Mini-Veleiros do Clube Naval da Horta foi revitalizada e tem já o seu calendário para a próxima época definido. Foram organizados onze troféus. O primeiro começa já no mês de Janeiro que agora se aproxima. É o Torneio de Início de Época (dias 9 e 23 de Janeiro). Em Fevereiro disputa-se o Troféu Carnaval (13 e 27). O Troféu da Páscoa está agendado para o dia 20 de Março e 10 de Abril. Em Maio, nos dias 8 e 22, haverá Troféu

da Primavera. Para os meses de Junho e Julho não haverá provas, mas em Agosto, no dia 8, realiza-se a prova da Semana do Mar e no dia 20 há uma prova inserida nos festejos de Nossa Senhora de Lurdes. Para Setembro, dias 4 e 18, disputa-se o Troféu de Aniversário do Clube Naval da Horta. O Troféu SailingHorta está agendado para 16 e 30 de Outubro. Os mini-veleiros entram em Troféu Fim de Época, com as provas no dia 13 de Novembro e 4 de Dezembro.

iAiC - informação, Animação e intercâmbio Cultural, Crl rua Conselheiro Miguel da Silveira, n.º12 CV-c/d 9900-114 Horta

COnVOCAtóriA Nos termos do Art. 24.º dos Estatutos, convoca-se uma Assembleia Geral Ordinária, a realizar pelas 19H30 do dia 28 de Dezembro de 2010, na sede desta Cooperativa, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 - Discussão e Aprovação do Plano e Orçamento para o exercício do próximo ano. 2 - Outros assuntos. Nos termos estatutários, se à hora marcada não se verificar o quorúm previsto, a Assembleia funcionará, com qualquer número de presenças, uma hora depois. Horta, 13 de Dezembro de 2010 O Vice-Presidente da Assembleia Geral Paulo Salvador


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OPINIãO

Tribuna das Ilhas

A crise, o vulcão e a música Miguel Rosa Costa

D

a Islândia não nos vem apenas a crise e o vulcão (assim como uma vitória da selecção), mas acima de tudo música! Trata-se de um país com uma população de 320 mil habitantes, quase a mesma que nos Açores, embora com uma área maior do que Portugal Continental (cerca de 100 mil quilómetros quadrados). Aliás, e sem juízos de qualquer tipo, as poucas semelhanças que existem connosco resumem-se ao facto de ser uma ilha, aos seus muitos fiordes (tipo fajãs) e a vários sítios de cariz geotérmico (tipo furnas). Enquanto sociedade, são extremamente liberais, com uma das mais altas taxas de literacia do mundo (99%), auto-suficientes e independentes –

toda a electricidade é fornecida através de energias renováveis, como a geotermal ou a hidráulica! A nível musical, possuem uma tradição baseada em canções folclóricas sobre amor, duendes e marinheiros, que manteve certas características desaparecidas em outros países nórdicos. O destaque vai para um tipo de canção, chamada “hákveöa”, que se refere a um especial ênfase dado a certas sílabas das palavras que compõem as letras, assim como existem muitas canções “à capela”, originárias ainda dos tempos dos Vikings. Para a actualidade parece ter subsistido esse aspecto contemplativo e abstracto, com paisagens muito extensas, gelo a perder de vista, muito monótono… Com um destaque óbvio para a artista björk, considerada mesmo a islandesa mais famosa do mundo, existem

outras referências musicais internacionais deste pequeno país, como os míticos The Sugarcubes, os Sigur Rós e a recente sensação Emiliana Torrini. Se nos Sigur Rós conseguimos claramente personificar a imagem apresentada da cultura islandesa, produzindo um som hipnótico, de cariz sensorial e angélico, já com os The Sugarcubes temos o oposto, com um rock irreverente e energético, que contava com a voz de björk para congregar tudo. Mesmo tendo a banda terminado em 1992, deixaram um grande legado e influência a bandas de todo o mundo. Por outro lado Emiliana Torrini, sensual e elegante, consegue ter uma linguagem actual, com uma base electrónica, nitidamente influenciada por outras bandas islandesas menos conhecidas, mas de grande importância para o cenário actual

como os GusGus ou os Múm. A cena “indie” é muito forte na Islândia, talvez por ser apenas uma moda, talvez pelos vários exemplos de sucesso, talvez por uma característica identitária com base no seu isolamento e solidão, quem sabe… Mas nestes últimos anos deu-se um grande desenvolvimento da música na Islândia, quer a nível comercial, quer a nível alternativo, devido sem dúvida a bandas que atingiram um certo estrelado como os já referidos GusGus, ou então o caso dos The Funerals ou Ólafur Arnalds, para o que tem fortemente contribuído o “Icelandic Airwaves”, um festival internacional anual, realizado nos vários clubes da capital Reiquiavique. Mas o que de facto é impressionante, e que me levou a escrever este artigo é a quantidade de bandas musicais

existentes no país, das mais variadas áreas, e acima de tudo, com grande qualidade. Num país com a mesma população de que os Açores, embora num contexto geográfico e histórico completamente diferente, conseguem apresentar garantidamente mais de 50 bandas já com alguma dimensão, para não falar nas centenas de bandas que existem nos liceus, universidades e clubes desta gelada ilha. Aqui ficam alguns exemplos de qualidade e de relativo sucesso: Apparat Organ Quartet, FM Belfast, Amiina, For a Minor Reflection, Strafraenn Hákon, Daníel Ágúst, Einar Orn, Jóhann Jóhannsson, Jónsi & Alex, Sin Fang Bous, Óllöf Arnalds e Steindor Andersen. Que a seguir à crise, ao vulcão e à vitória portuguesa, usufrua de uma boa audição de música islandesa!

Onde está a coragem socialista? N

Paulo Mendes

a discussão e votação das propostas de plano e orçamento da Região para 2011, o Governo Regional fez todos os possíveis para parecer diferente de um Governo da República que tem optado por sacrificar, quem menos pode, para salvar o nosso país das garras das vicissitudes dos mercados. Como era previsível, quando se quer ser diferente, o melhor é ser mesmo diferente, em vez de arranjar subterfúgios para disfarçar o indisfarçável. Vai daí, lá se arranjaram uns 3 milhões de euros para disfarçar a inconstitucionalidade da redução, definitiva, dos salários da Administração Pública Regional, podendo abrir, dessa forma, o precedente, para que se faça o mesmo no

sector privado. O Governo Regional optou por propor uma remuneração compensatória, para que os trabalhadores da Administração Pública Regional, que auferissem de salários entre os 1500 e 2000 euros não fossem prejudicados pelas tais medidas de austeridade do Governo da República. Contudo, na realidade não resolveu o problema essencial, criado por uma governação dita socialista. bem, se calhar, não seria sequer essa a sua intenção, mas antes dar um ‘ar da sua bondade’ paternalista, à semelhança do que é prática relativamente à compensação salarial atribuída aos pescadores, quando impedidos de ir ao mar, a qual é atribuída consoante a vontade governativa. São estas práticas que facilitam a perda de direitos, transformando-os em supostos privilégios. O Grupo Parlamentar do bE/Açores propôs que essa mesma remuneração compensatória viesse a abranger todos os trabalhadores da Administração Pública Regional,

Institutos Públicos, das empresas maioritariamente comparticipadas pela Região e dos Corpos Especiais da função pública sob a tutela da Região. Essa sim, seria a medida a tomar, se a Região desejasse, de facto, diferenciar-se das políticas perpetradas pelo Governo da República. Contudo, faltou coragem à maioria socialista! Outros há na Região que, querendo parecer alternativa, preferem alinhar na receita que sacrifica quem menos pode. Os estudantes universitários dependentes de agregados familiares com pessoas em situação de desemprego e carência económica, e estudantes universitários com estatuto de trabalhador-estudante, em situação de desemprego poderão, a partir de 2011, usufruir de uma bolsa extraordinária. A única medida, entre as várias propostas do Grupo Parlamentar do bE/Açores, que foi aprovada em sede de votação da proposta de orçamento da Região para 2011. Só foi pena que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista

não tenha tido coragem para votar favoravelmente: - O impedimento, por parte da Região, de financiar investimentos privados de carácter lucrativo em áreas estratégicas (educação, saúde e água), com excepção daqueles comparticipados por outros fundos; - A limitação do recurso à consultadoria externa em áreas técnicas, para as quais existam quadros técnicos dos serviços e organismos da administração pública regional, incluindo institutos públicos; - A fixação do montante da compensação salarial (retribuição mínima mensal) aos pescadores, quando impedidos de exercer a sua actividade, devido a condições meteorológicas; - A obrigatoriedade de renegociar todos os contratos de parcerias público-privadas, de forma a assegurar que os juros resultantes não ultrapassem os juros da dívida pública; - A tomada de medidas necessárias para promover a integração na carreira, dos docentes com qualificação

profissional que correspondam a necessidades permanentes do Sistema Educativo Regional. Depois de um ano, em que se assistimos a um investimento avultado e, por vezes, polémico, em campanhas publicitárias para promoção turística, ficámos a saber que o Governo Regional irá mais do que duplicar esse já avultado investimento, num montantei (€11.508.042) que quase daria para financiar a remuneração compensatória proposta pelo bE/Açores. Enfim, opções… que não são, decerto, racionais, e, muito menos, socialistas. i

Comparar o Programa 10 – desenvolvimento do Turismo, na linha de acção 10.1.6 Campanhas publicitárias no Plano anual para 2011 (p.7 do investimento público desagregado por objectivo) (http://base.alra.pt:82/iniciativas/iniciativas/EPpdlr020-10.pdf) e o mesmo programa e linha de acção no Plano anual para 2010 (p.8 do investimento público desagregado por objectivo) (http://base.alra.pt:82/iniciativas/plenario/lPpdlr027-09.pdf).

Dar Voz à Pobreza e à exclusão Social

A

Região Autónoma dos Açores pelas suas características geográficas, sociais e culturais depara-se com desafios e problemáticas específicas. A particularidade dos problemas sociais, exige estratégias inovadoras e abrangentes. Estas estratégias devem ser baseadas num trabalho planeado, articulado, em parceria, visando uma melhor racionalização dos meios e uma maior eficácia das acções. Actualmente é consensual que os fenómenos da pobreza e exclusão social são consequência de vários factores transversais aos diferentes sectores da sociedade (económico, social, cultural

e ambiental), tornando-se necessário para os combater, harmonizar e articular todas as políticas sectoriais. Considerando a política social da segurança social, desenvolvida na promoção da coesão sócio familiar, desenvolvimento pessoal, social e local e na protecção de grupos mais vulneráveis, contribuindo para a prevenção e luta contra a pobreza e exclusão social, considerando ainda, a necessidade de dinamizar novas metodologias, novas respostas sociais, temos assistido ao longo dos anos, ao surgimento e consolidação (no âmbito da segurança social) de respostas/equipamen-

tos sociais que permitem apoiar as famílias, colmatando as suas necessidades, reforçando o núcleo e os laços familiares. No seguimento da implementação das políticas sociais, surgiram respostas, tais como, redes de amas, creches, jardim infância, centros de actividades de tempos livres, centros de acolhimento temporário e lares para crianças e jovens, lares para idosos, serviços de apoio domiciliário, centros de actividades ocupacionais, centros comunitários, centros de atendimentos, casas abrigo para mulheres vitimas de violência, entre outros. A implementação desta rede de

equipamentos de apoio social aos públicos mais vulneráveis, permite dotar a nossa comunidade de respostas eficazes no combate à exclusão. O trabalho realizado na Divisão de Acção Social da Horta, desenvolve-se mediante orientações do Instituto de Acção Social que tem como Missão, a promoção da coesão sócio-familiar, do desenvolvimento pessoal, social e local e da protecção dos grupos mais vulneráveis contribuindo para prevenção e luta contra pobreza e exclusão social nos Açores, e como visão, garantir a todos as pessoas condições e oportunidades de inclusão, med-

iante a implementação de metodologias que favoreçam a prevenção das situações de risco e a inovação das respostas sociais. A Divisão de Acção Social da Horta, procura conjuntamente com os seus parceiros de trabalho e numa intervenção em rede, colmatar as dificuldades que surgem, intervindo a nível local, procurando respostas integradas e ajustadas às nossas necessidades. Esta intervenção em rede permite fortalecer as nossas comunidades, preparando-as para o futuro. instituto de Acção Social – Divisão de Acção Social da Horta


OpInIãO

Tribuna das Ilhas

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RETALHOs DA nOssA HIsTóRIA – XcII

no Centenário da república Portuguesa (22) fernando faria

27. GOveRNAdOR lUís CAldeIRA MeNdes sARAIvA

N

omeado pelo Ministério presidido pelo coronel António Maria baptista, o Dr. Luís Caldeira Mendes Saraiva assumiu o cargo de governador civil do distrito da Horta em 21 de Março de 1920, cargo que estava a ser interinamente exercido desde 14 de Janeiro pelo secretário-geral Dr. Urbano Prudêncio da Silva, porque nesse dia havia cessado aquelas funções o anterior titular Dr. António Xavier de Mesquita. O novo chefe do distrito, contrariamente aos seus antecedentes, não era natural dos Açores mas residia e trabalhava na Horta já há algum tempo como advogado e Conservador do Registo Civil. Por mais governos que houvesse, nenhum deles conseguia estancar a instabilidade política e garantir um mínimo de progresso económico e de solidariedade social que minimizasse a vida difícil que apoquentava a grande maioria dos portugueses. Efectivamente, não havia forma de o País sair do caos em que se encontrava. O próprio presidente do Ministério fora de uma total clareza ao proclamar que o seu “governo assumia o poder numa hora angustiosa para a Nação e para a República […] porque a vida colectiva se encontrava abalada até aos fundamentos”1. Sucediamse as greves e os tumultos, os bombistas aumentavam as suas acções em Lisboa e crescia a penúria de grande parte da população. Apesar de se encontrar na periferia e ser uma Região tradicionalmente pacífica, os Açores não fugiam à regra, pelo que não era fácil a acção dos governadores civis. Também assim sucedeu com o Dr. Luís

Saraiva. Apesar de breve, o seu mandato ficou marcado pelas crises de abastecimentos e subsistências, por fomes e epidemias, e por alguns episódios de violência, especialmente na cidade da Horta, protagonizados por marinheiros e populares. Antes de fixar residência no Faial, o Dr. Luís Saraiva fora administrador do concelho de Estremoz nomeado por decreto do Presidente da República Manuel de Arriaga de 24 de Agosto de 19122 Viera depois para a Horta a fim de ocupar o lugar de Conservador do Registo Civil que se encontrava vago desde a morte, em 22 de Agosto de 1916, do seu primeiro titular Dr. Eduviges Goulart Prieto. Cedo se terá destacado na sociedade faialense, assumindo cargos públicos ou sendo membro activo de agremiações de destaque, como seja o “Amor da Pátria”, de que era, em 1930, um dos 36 sócios efectivos que constituíam a sua assembleia-geral, tendo participado activamente nas reuniões realizadas após o incêndio do edifício em 13 de Agosto desse ano na busca de soluções para a nova sede. Curiosamente, fizera-se sócio do Amor da Pátria e aderira à maçonaria em 1919, ano em que também contraiu casamento na paroquial da Praia do Almoxarife com Júlia bettencourt Ribeiro, natural e residente na Matriz da Horta. Entretanto exercera, por nomeação de 27 de Fevereiro de 1919 do governador civil Dr. Manuel Francisco Neves Jr., o cargo de presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal da Horta, da qual faziam parte Manuel Agostinho Fernandes da Fonseca, Carlos Alberto da Silva Pinheiro, José Rodrigues, Jaime Urbano de Lima, Guilherme Goulart da Costa, Manuel Maria de Castro, José de Serpa da Rosa e José Augusto Noia. Demitir-se-ia desse cargo em Maio, sendo substituído por Jaime Maria Soares de Melo3, para, apenas decorridos 10 meses ser nomeado governador civil do distrito da Horta. Continuando o que era há muito praticado, logo tratou de nomear administradores de concelho e regedores de freguesia da sua confiança. Escolheu para administradores do concelho os seguintes cidadãos: Horta - Pedro Maria Lecoq; Santa Cruz

- Álvaro Carlos Flores; Lajes das Flores António Luís de Freitas; Madalena – António Nunes da Silva; Lajes do Pico – João de Deus Macedo; São Roque – Manuel Machado Linhares Soares, os quais, seriam exonerados com a posse de novo governador4. Era, do topo à base, uma administração pública em constante mutação! No exercício das funções de chefe do distrito, o Dr. Luís Saraiva teve de enfrentar dificuldades sérias, como as crónicas faltas de bens essenciais ou as mortíferas epidemias que, na falta de medidas profilácticas, eram devastadoras. A gripe pneumónica que em 1919 assolou quase todo o arquipélago, terá chegado às duas ilhas mais ocidentais em 1920. As autoridades locais, impotentes e sem meios para combaterem a doença, pediram providências ao governador civil que tudo fez para que o pedido fosse imediatamente concretizado. Não houve, contudo, nenhum médico que se voluntariasse para seguir para Flores e Corvo e, quando o Dr. Luís Saraiva se viu obrigado a “convidá-los”, todos se esquivaram. Enviou ofícios a três médicos: Dr. João Pereira de Lacerda Forjaz, Dr. José Estêvão da Silva Azevedo e Dr. Alberto Goulart de Medeiros, este já oficialmente aposentado, mas os dois primeiros exercendo cargos públicos. Daí haver interesse, até para que não se continuem a imputar responsabilidades ao governador civil, em transcrever a participação que fez ao Delegado do Procurador da República na Comarca da Horta em 20 de Maio de 1920: “Tendo reunido em 10 do corrente neste Governo Civil a Junta Distrital de Higiene para indicar as medidas a adoptar perante a epidemia que com intensidade estava grassando nas ilhas das Flores e Corvo foi emitido o parecer de que era necessário enviar urgentes socorros médicos que estavam sendo instantemente reclamados. Conformando-me com este parecer inteiramente justo e procurando executá-lo, mas não obtendo o assentimento voluntário de qualquer dos médicos que compareceram na referida Junta para a execução do parecer emitido, impôs-se-me a necessidade de convocar o Exmo. Delegado de

Saúde Dr. João Pereira de Lacerda Forjaz e o médico mais novo Dr. José Estêvão da Silva Azevedo para irem prestar os valiosos serviços da sua profissão no tratamento das epidemias das Flores e Corvo, tendo justificado o Exmo. Delegado de Saúde por atestado que se acha arquivado neste Governo Civil […] que não podia ir na ocasião para Flores ou Corvo fazer clínica intensiva que o estado sanitário destas ilhas exigia, em virtude de sofrer de diabetes em grau já bastante avançado e ainda de uma adenite supurada que há poucos dias tinha sido aberta, e tendo respondido o Exmo. Dr. José Estêvão da Silva Azevedo que lhe era impossível seguir por o não permitir o seu estado de saúde. Como, porém, não tivesse apresentado o competente atestado de doença que o inibisse de seguir e nem como tal podendo ser considerado o seu ofício pois que a si próprio não podia passar atestados, convidei o Exmo. Delegado de Saúde a proceder ao exame, feito o qual, declarou o Exmo. Dr. José Estêvão da Silva Azevedo em condições de seguir viagem, sendo certo, porém, que o mesmo não seguiu nem se prontificou a seguir. E porque a apreciação da legitimidade ou ilegitimidade do não cumprimento da minha convocação compete aos Tribunais, venho rogar a V. Ex.ª se digne promover o que entender conveniente a bem da Justiça”5. O governador Luís Saraiva fez acompanhar esta participação dos ofícios nela referidos. Se houve ou não decisão judicial, é assunto que não conseguimos apurar. Mas, o que não deixa de ser uma trágica ironia – que pode ter condicionado os demissionários procedimentos daqueles clínicos - é que uns meses antes, tenha sido precisamente o médico florentino Dr. José de Freitas Pimentel a sucumbir no cumprimento do dever quando ajudava a população da Madalena do Pico a livrar-se da peste pneumónica! Entretanto, em 6 de Junho desse ano faleceu repentinamente, em plena reunião do Conselho de Ministros, o Chefe do Governo e, quatro dias depois, o governador civil do distrito da Horta demitia-se, deixando o exercício do cargo entregue ao

secretário-geral, Dr. Urbano Prudêncio da Silva, a quem dirigiu, em 9 de Junho de 1920, um extenso ofício que mais do que uma formal transmissão de poderes, revela um carácter íntegro e testemunha sincera gratidão de quem se “retirou com a mais grata recordação de todos os zelosos, honestos e dignos funcionários, cuja lealdade deveras”6 o penhorou. Continuando no exercício da advocacia e de Conservador do Registo Civil, o Dr. Saraiva seria ainda chamado a ocupar o cargo de Comissário da Polícia (24.9.1924) e de gerente da Empresa de Iluminação Eléctrica da Horta (3.3. 1926). Do seu casamento com Júlia bettencourt Ribeiro (29.11.1919) nasceram na Horta os seguintes filhos: Luís Ribeiro Caldeira Saraiva (19.2.1922), Carlos Ribeiro Caldeira Saraiva (14.5.1923), Fernando Ribeiro Caldeira Saraiva (13.10.1925) e Margarida Ribeiro Caldeira Saraiva (8.5.1927). Problemas conjugais levaram a que o casal requeresse o divórcio que foi decretado a 7 de Janeiro de 1931 pelo Juízo de Direito da Comarca da Horta7. Regressou definitivamente a Lisboa a 9 de Junho de 1932, havendo sido homenageado, dois dias antes, “por um grupo de amigos” com um jantar de despedida no Hotel Faial, “festa esta que decorreu com muita animação”8. Foi ainda Conservador do Registo Civil nas cidades de Castelo branco e do Porto. O Dr. Luís Caldeira Mendes de Saraiva nasceu em Passos da Serra, concelho de Gouveia, distrito da Guarda, em 16 de Julho de 1890 e lá faleceu a 8 de Agosto de 1976. 1 “ilustração Portuguesa”, lisboa 29.3.1920,

pp. 232-233 2 anTT, Ministério do interior, decretos, Maço 208, Cx. 16 3 agCh, livro n.º 327 (provisório) folha avul-

sa 4 agCh, livro n.º 391 (provisório) fls. 71-114 5 agCh, livro n.º 380 (provisório) fls. 106-

109 6 agCh, livro n.º 391 (provisório), fls. 135-

137 7 livro Casamentos do registo Civil da horta,

fls.118 e 118-v, nota à margem 8 “O Telégrafo” de 9 Junho de 1932, p. 4

Polémica desnecessária Cláudio Almeida Não restam dúvidas de que a decisão de se atribuir uma compensação salarial aos funcionários públicos da administração regional - os que auferem vencimentos entre os 1.500 e 2.000 € - foi o motivo para a desnecessária polémica que tem levado a generalidade da opinião pública continental a manifestar-se contra, chegando ao ponto de questionar o nosso regime autonómico. Isso se percebe não só pelos reparos que os principais políticos nacionais têm feito sobre o assunto, mas também pelas críticas dos milhares de portugueses que o vêm demonstrando através das redes sociais. Lamentavelmente, foi “oferecida” a oportunidade das atenções se virarem contra os Açores.

Todos sentimos que os custos da insularidade encarecem o nível de vida daqueles que aqui vivem, embora isso devesse ser minimizado pela aplicação das taxas reduzidas do IVA, o que não tem acontecido. Também sabemos que a administração pública central atribui determinados benefícios e suplementos salariais a alguns dos seus funcionários, como incentivos para que permaneçam na Região. Que é razoável e desejável que essas regalias sejam extensíveis à função pública regional e autárquica das Regiões Autónomas. O que não foi prudente foi a forma e o momento de se fazer aquela compensação alva da polémica, sobretudo quando se exigem grandes sacrifícios a todos os cidadãos para a recuperação económica do país. A decisão acertada seria aquela que foi proposta pelo PSD, que visava a redução

em 30% das taxas do IRS até ao quarto escalão, para todos os trabalhadores dos sectores público e privado, e o aumento de 20 por cento do complemento de abono de família. Infelizmente foi rejeitada pela maioria socialista, numa inequívoca demonstração da sua habitual arrogância, tão característica de quem está no poder há demasiado tempo. A demagogia com que este assunto foi tratado pelo presidente do Governo dos Açores não favorece a Autonomia. Porém, a decisão deve ser respeitada porque foi aprovada no âmbito das competências da nossa Assembleia Legislativa. É o Estatuto Político Administrativo da R.A. dos Açores que consagra a competência da Assembleia Legislativa legislar, para todo o território regional, nas matérias que não estejam constitucionalmente reservadas aos órgãos de soberania nacio-

nal (artº 37º, nº1), e uma delas é a instituição de remuneração complementar aos funcionários, agentes e demais trabalhadores da administração regional autónoma (artº 67, alínea f). A questão que se levanta e que certamente pode ter consequências no futuro, é o desrespeito pelo princípio da reciprocidade na solidariedade nacional. Isto porque, se o Artº 12º do nosso Estatuto refere que “nos termos da Lei das Finanças das Regiões Autónomas a Região tem direito a ser compensada financeiramente pelos custos das desigualdades derivadas da insularidade, designadamente no respeitante a comunicações, transportes, educação, cultura, segurança social e saúde”, que se concretiza através das transferências do Orçamento Geral do Estado, aquela mesma Lei estipula, no seu Artº 7º,que:

“1- O princípio da solidariedade nacional é recíproco e abrange o todo nacional e cada uma das suas parcelas, devendo assegurar um nível adequado de serviços públicos e de actividades privadas, sem sacrifícios desigualitários. 2 -O princípio da solidariedade nacional é compatível com a autonomia financeira e com a obrigação de as Regiões Autónomas contribuírem para o equilibrado desenvolvimento do País e para o cumprimento dos objectivos de política económica a que o Estado Português esteja vinculado por força de tratados ou acordos internacionais, nomeadamente os que decorrem de políticas comuns ou coordenadas de crescimento, emprego e estabilidade e de política monetária comum da União Europeia.”

Apenas o respeito pelo princípio da solidariedade.


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InfORmAçãO

24/31 de dezeMBRO de 2O1O

NOssA GeNte PARtIRAM l Faleceu no passado dia 12 de dezembro no lar de são Francisco da santa Casa da Misericórdia da horta, com 95 anos, laurentina goulart, natural de Terra do Pão, são Caetano. a extinta deixa dois filhos, Manuel Fernando goulart rosa, já falecido, casado com Maria silvina nunes da rosa, e José adelino goulart rosa, casado com Maria Eduardina bulcão da rosa. laurentina goulart deixa ainda quatro netos: nélia da Conceição bulcão da rosa, casada com Fernando Manuel vargas goulart, luciana Maria bulcão da rosa, casada com Manuel nunes, Carlos Manuel nunes da rosa, solteiro, e nélia Maria nunes da rosa casada com helder. deixa ainda dois bisnetos, o Frederico duarte e o vasco duarte.

AGeNdA eveNtOs

REsTAuRAnTE E snAck-bAR AREEIRO • cApELO • TELf. 292 945 204 • TLm. 969 075 947

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lUlAs GUIsAdAs fIletes de veJA CARNe de vACA AssAdA eMeNtA PARA O 1.º dO ANO

POlvO à ReGIONAl PeRÚ AssAdO CARNe de vACA AssAdA AceitAm-se ReseRvAs

SAntA CASA DA MiSeriCórDiA DA HOrtA

Até 31 JANeIRO de 2011 CONCURsO de fOtOGRAfIA - “20 ANOs, 20 ACtIvIdAdes” - Comemorações do 20.º aniversário da associação de andebol da ilha do Faial - Organização: associação de andebol da ilha do Faial Até 30 de ABRIl de 2011 exPOsIçãO – evOlUçãO - ResPOstA A UM PlANetA eM MUdANçA - Centro de interpretação do vulcão dos Capelinhos Organização: governo dos açores e Junta e Freguesia do Capelo Até 31 de dezeMBRO 2011 exPOsIçãO de fOtOGRAfIA - APROxIMAções de Jorge barros na biblioteca Pública e a.r.J.J.g. - Organização: iaC instituto açoriano de Cultura com o apoio do governo dos açores, biblioteca Pública e a.r.J.J.g.

Tribuna das Ilhas

seRvIMOs RefeIções PARA fORA PRAtO dO dIA (O PRAtO, Encerrado à TERçA-fEIRA A BeBIdA e UM CAfé - 6 eUROs)

- só de seMANA

TEmoS SEmPrE Bom PEIxE DIA DE nATAL EsTAmOs EncERRADOs

SOrteiO DAS liStAS De nAtAl 1.º PréMiO: Cabaz de natal 410 - D. Fátima Venâncio 2.º PréMiO - Máquina de Café 12 - Atrans, Agência de Tansportes Marítimos e Transitários, Lda. 3.º PréMiO - balança de Casa de banho 45 - Atrans, Agência de Tansportes Marítimos e Transitários, Lda. 4.º PréMiO - Varinha Mágica 28 - Atrans, Agência de Tansportes Marítimos e Transitários, Lda.

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UtIlIdAdes fARMÁCIAs hOJe e AMANhã Farmácia ayres Pinheiro 292 292 749 de 26 A 31 dezeMBRO Farmácia lecoq 292 200 054 eMeRGêNCIAs -fAIAl número nacional de socorro 112 bombeiros voluntários Faialenses 292 200 850 PsP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 Telemóvel: 96 323 18 12 ~ Protecção Civil - 295401400/01 m linha de saúde Pública 808211311 i Centro de saúde da horta 292 207 200 i hospital da horta 292 201 000 i h p o

tRANsPORtes - fAIAl jsaTa - 292 202 310 - 292 292 290 loja jTaP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de Taxistas da ilha do Faial 292 391 300/ 500 oTransmaçor - 292 200 380

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