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AndEbol

SCHorta recebe Xico PÁGINA 11

Tribuna das Ilhas

DIRECTOR INTERINO: MANUEL CRISTIANO BEM 4 NÚMERO: 437

o pi n Ião PÁGINA 14

ALzirA SiLvA

Construir com Confiança PÁGINA 10

FErnAndo FAriA RETALhOS

DA NOSSA hISTóRIA

No Centenário da República Portuguesa (17)

22 .Governador Fernando Joaquim PÁGINA 14

FrEdErico cArdigoS

Nadando com golfinhos PÁGINA O9

JorgE coSTA PErEirA

Crise e Moralidade PÁGINA 1O

15.outubRo.2o1o

SAI àS SEXtAS-fEIRAS

1 Euro

ExprEsso organiza ConfErênCia

Potencialidades do Mar dos Açores debatidas em Lisboa As potencialidades do mar dos Açores, com características únicas, vão ser apresentadas no âmbito de uma conferência promovida em Lisboa pelo Jornal Expresso. PÁGINA O3 g

MAchAdo oLivEirA

Mariana D’Arriaga PÁGINA O9

PAuLo oLivEirA

A Geração dos 3 a 5 mil euros, ou mais!... PÁGINA O9

ruBEn SiMAS

O Ensino Profissional nos Açores PÁGINA O9

SAnToS MAdrugA

Porto PimTado

Intervenção Social é cada Amamentação motivo vez mais um trabalho em rede de Encontro Regional g decorreu na quarta-feira, no Teatro Faialense, o Fórum no combate à Pobreza e à Exclusão Social – Que políticas de inclusão?. organizado pela autarquia, este evento permitiu reflectir sobre as estratégias de combate à pobreza e à exclusão social

mais adequadas ao Faial. Telma rosa, da divisão Social da horta, falou ao TriBunA sobre a importância deste evento. Para a técnica, o trabalho desenvolvido no Faial, cada vez mais feito em rede, está a dar frutos. PÁGINA O2

g Em 2008 surgiu na horta o SoS Amamentação. desde aí tem sido desenvolvida uma série de acções no sentido de ajudar as lactentes. Todo esse trabalho culminou com um Encontro regional sobre Amamentação que se reali-

zou esta semana na Biblioteca da horta e que deixou todos os envolvidos neste serviço voluntário muito satisfeitos. TriBunA dAS iLhAS esteve lá e ouviu responsáveis e mães sobre esta temática. PÁGINA O4


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EDiToriaL

MúSICA no tRIângulo g As ilhas doTriângulo – Faial, Pico, São Jorge – reunem as melhores tradições no gosto pela arte musical que as suas populações têm cultivado em diversos planos. Em todas elas existiram e continuam a existir apreciadas filarmónicas, tunas constituídas à base de instrumentos de cordas, grupos corais, “capelas” paroquiais para abrilhantar as cerimónias religiosas, grupos de folclore e de cantares tradicionais, conjuntos de música moderna, enfim, um rol de organizações que são o reflexo de uma sensibilidade artística colectiva e veículo de cultura. Assim sendo, seria de grande interesse que estas ilhas partilhassem com frequência a suas mais-valias em termos musicais, com um programa de concertos e exibições a realizar ao longo do ano, deslocando, por exemplo, filarmónicas, tunas ou grupos corais de umas ilhas a outras para actuarem aos fins de semana, segundo uma planificação conjunta das câmaras Municipais e com o financiamento dessas mesmas autarquias, da direcção regional da cultura e eventuais patrocínios de entidades privadas e empresariais. uma vez que se pretende construir no seio da região, uma subregião bem definida pela sua configuração geográfica e pela proximidade das três ilhas que a formam – uma condição que os opositores dessa realidade, na sua visão de mentalidade medíocre, nunca poderão entender – é necessário que nos convençamos de que o Triângulo precisa de crescer e transformar-se, em seu conjunto, numa área de expressão cultural e artística que acompanhe o seu desenvolvimento como destino turístico por excelência. E isto veio a propósito da realização, num dos últimos fins-de-semana, de um recital de violoncelo e Piano por oxana e Eugénia chvets, numa organização da horta camerata, orquestra de estilo clássico de que é director artístico Kurt Spanier. um recital apresentado na ilha do Pico, na sexta-feira e no sábado, respectivamente, no Auditório Municipal das Lajes e no Salão nobre da câmara de São roque e no domingo no Salão nobre da câmara da horta. E isto quer dizer, ao fim e ao cabo, que instituições como a horta camerata e como a orquestra do conservatório regional poderiam estender os seus concertos às outras duas ilhas. do mesmo modo, poderia o Triângulo, no seu conjunto, beneficiar de audições dos apreciados grupos corais existentes no Faial – horta e castelo Branco – e no Pico, na vila das Lajes. ora este plano custaria, por certo, um bom dinheiro aos seis Municípios desta sub-região triangular. Mas seria um dinheiro mais bem aproveitado do que o do fogo de artifício queimado em minutos nos encerramentos das festas de verão…

Em DEsTaquE

Tribuna das Ilhas

fórum “no Combate à Pobreza e à Exclusão Social – Que políticas de Inclusão?” no teatro faialense Marla Pinheiro g No âmbito das comemorações do ano europeu contra a pobreza e a exclusão social, que se assinala em 2010, a Câmara Municipal da Horta promoveu, na passada quarta-feira, um fórum destinado a reflectir essas problemáticas. Sob o mote “no combate à pobreza e à exclusão social – que políticas de inclusão?”, cerca de 84 participantes estiveram reunidos no Teatro Faialense para debater este flagelo, cada vez mais uma realidade de todas as sociedades. Coube a José Leonardo Silva, vicepresidente da Câmara Municipal da Horta, dar as boas-vindas aos participantes. Responsável pela área da Acção Social na autarquia faialense, José Leonardo frisou que é importante que este evento sirva para “repensar estratégias de actuação com aplicações práticas no nosso concelho”. Falando do trabalho desenvolvido pela autarquia na área, o autarca reconheceu a importância dos cerca de cem parceiros com os quais conta actualmente, que vão desde as Juntas de Freguesia às escolas, passando por diversas instituições com responsabilidade na área da solidariedade social. Também a directora regional da Igualdade de Oportunidades marcou presença na abertura deste fórum. Natércia Gaspar salientou o que considera ser o esforço do Executivo Regional no combate à pobreza e à exclusão social nos Açores, enumerando algumas das medidas levadas a cabo pelo Governo nesse sentido, com destaque para o reforço das pensões sociais no arquipélago. “O estado de desenvolvimento de uma sociedade é aferido pela forma como cuida dos seus cidadãos”, salientou, frisando a importância de continuar a apoiar os grupos que mais riscos correm na sociedade açoriana, como é o caso dos idosos e das mulheres vítimas de violência doméstica. Graça André, professora da Universidade Católica, foi a primeira oradora deste fórum. A docente veio falar de inclusão social, do exercício da cidadania como forma de combate à pobreza e à exclusão social e das situações de violação dos direitos humanos. Também Alfredo Bruto da Costa, presidente da Comissão Nacional Justiça e

Paz, marcou presença entre os oradores, para falar dos factores e tipos de pobreza e de exclusão social, e ainda dos grupos mais vulneráveis a estas situações.

“NA ÁREA DA ACçãO SOCIAL TRABALhAMOS CADA vEz MAIS EM REDE” O fórum contou ainda com a intervenção da responsável pela Divisão Social da Horta, Telma Rosa, que falou das práticas de intervenção social. Ao TRIBUNA DAS ILHAS, Telma Rosa destacou a importância desta iniciativa para os profissionais que trabalham no Faial: “o fórum foi muito útil, porque nos ajudou a concluir que o trabalho feito no Faial em termos de práticas de intervenção social tem sido bastante positivo”, entende. De acordo com esta responsável, a intervenção social na ilha tem melhorado em termos de eficácia porque é um trabalho cada vez mais feito em rede. “Há uma experiência cada vez maior de trabalho em articulação com várias instituições. Cada vez mais se recorrem às parcerias”, explica. Para Telma, o trabalho conjunto de técnicos de diferentes áreas permite uma melhor intervenção junto de quem necessita, já que o acompanha-

[SoBE]

mento a essas pessoas pode fazer-se não apenas na área da acção social, mas também da saúde, da educação, entre outras. No entanto, a técnica não dúvida de que, apesar do bom trabalho desenvolvido, ainda há “muito caminho para percorrer”. Com o país a atravessar uma crise económica grave, as pessoas mais fragilizadas socialmente são aquelas que acabam por sofrer mais com a actual situação. Tendo isso em conta, Telma vê com naturalidade que possa acontecer um aumento do número de pessoas que se vêem na necessidade de recorrer ao Instituto de Acção Social, a que os técnicos terão de dar resposta. Das várias áreas de intervenção do Instituto de Acção Social na Horta, destaca-se a resposta a situações de emergência social, a aplicação do Rendimento Social de Inserção, o apoio a famílias, crianças e jovens, e ainda o apoio a públicos em risco de exclusão, como sejam as vítimas de violência doméstica, os repatriados, entre outros. Como nos explicou a responsável pela Divisão de Acção Social da Horta, a emergência social funciona como um primeiro patamar, onde os técnicos analisam os casos para depois accionar as

&

medidas mais adequadas a cada situação. Actualmente, no Faial existem cerca de 550 beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI). Falando do estigma com que a sociedade encara estas pessoas, Telma reconhece que ele continua a existir, apesar de ser possível notar uma crescente abertura nas mentalidades. Lembrando que o RSI é um complemento social a outros rendimentos, a técnica frisa o facto de grande parte dos seus beneficiários no Faial – cerca de 33% - serem crianças e jovens entre os 6 e os 18 anos. Trata-se de uma faixa etária que ainda não tem idade para trabalhar e com o RSI vem a garantia de que são acompanhados pelos técnicos não apenas do Instituto de Acção Social mas de todas as áreas que com ele trabalham em parceria. Este acompanhamento é de importância vital, uma vez que procura trabalhar com estes jovens no sentido de garantir o seu bem-estar e a sua educação, não apenas académica mas também para a cidadania. Desta forma, tirando partido do facto destas pessoas serem beneficiários do RSI na sua infância, os técnicos pretendem dar-lhes ferramentas e oportunidades para que, quando chegarem à idade adulta, não necessitem desse apoio social.

[dEScE]

FESTIvAL FILMES FEST 2010

MAU ESTACIONAMENTO

Já foi anunciada para o período de 31 de outubro corrente a 07 de novembro a realização, na cidade faialense, do Festival Filmes Fest 2010, uma iniciativa do cineclube da horta que tem averbado sucessivos êxitos e que este ano entra na sua 6ª. edição. Trata-se de uma apresentação e qualificação de curtasmetragens das ilhas e daí a importância do Festival, acrescida pelo facto do FFF já ser conhecido no país e até fora dele, com a presença na horta, nas edições anteriores, de destacadas figuras da cinematografia nacional e estrangeira. Palmas ao cineclube do Faial.

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g

chegaram-nos queixas de abusos frequentes de estacionamento de viaturas em frente à entrada principal do hipermercado Modelo, na horta. verifica-se que, alguns automobilistas, em vez de estacionarem no parque, fazem-no junto à referida entrada, paralelamente à faixa amarela ali existente, dificultando a manobra de outros carros saídos dos espaços onde ficaram bem estacionados. Embora aquela área seja do domínio privado, julgamos que a gerência do hiper teria interesse em resolver o problema, a bem dos clientes daquele estabelecimento comercial.


LoCaL

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Curso "Introdução à Demografia Histórica" g A Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça organiza de 19 a 22 de Outubro, na cidade da Horta, um curso sobre “Introdução à Demografia Histórica”. Dirigida pela Professora Doutora Norberta Amorim, esta acção decorre diariamente das 18:30 às 20:30 horas nas instalações daquela biblioteca pública e tem como destinatários pessoas maiores de 17 anos. Os interessados na sua frequência deverão remeter a respectiva ficha de inscrição através do e-mail bpar.horta.info@azores.gov.pt ou do fax 292 391 344.

[aconteceu]

CCiH rEúnE Em assEmbLEia gEraL ExTraorDinária

Portugal e o Mar, a nossa aposta no século XXI Carlos Pinheiro

g Presidente da República, comissária europeia para os Assuntos Marítimos e de Pesca, presidente do Grupo Impresa, presidente da Caixa Geral de Depósitos, e duas dezenas de especialistas nacionais e internacionais participam na conferência "Portugal e o Mar, a nossa aposta no século XXI", que o Expresso e a CGD organizam no dia 21 de Outubro. Do Faial ruma a Lisboa para participar como orador nesta conferência, Ricardo Serrão Santos, Director do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. A conferência do director do DOP versará sobre “Prospecção e exploração dos fundos marinhos: a nova fronteira”. TRIBUNA DAS ILHAS falou com Serrão Santos, que nos disse que “esta conferência e a minha intervenção acontecem num

momento em que se começam a tentar encontrar alternativas que envolvam o mar e as suas potencialidades, de uma forma economicamente viável.” O responsável pela DOP diz ainda que “a investigação por si só não chega, não basta só descobrir, há que extravasar fronteiras do conhecimento para que se entrosem com a sociedade. Exemplo concreto disso, é o fenómeno da migração das espécies. De que nos serve estudar esse fenómeno, se depois não utilizamos essa informação para adoptar medidas que o possam, não combater, mas contornar e quiça valorizar?”. A primeira sessão de trabalhos desta conferência é subordinada ao tema "Pode o mar ser a nossa Nokia?", no qual participam Tiago Pitta e Cunha, especialista em assuntos marítimos, actual consultor do Presidente da República e ex-assessor do presidente da Comissão Europeia, João Confraria, professor da Universidade Católica, e Niko Wijnolst, presidente do Dutch Maritime Network e do European Network of Maritime Clusters. A parte da manhã termina com um debate entre Bruno Bobone, presidente do Grupo Pinto Basto e da Associação Comercial de Lisboa, José Monteiro de Morais, ex-presidente dos portos de Leixões e Sines, e Paulo Serra e Silva, consultor em gestão estratégica, que será moderado por Ricardo Costa e Nicolau Santos, directores do Expresso.

Da parte da tarde, serão analisadas as novas oportunidades que o sector do mar oferece, começando pela área da energia/offshore. Participam no painel Jorge Cruz Morais, administrador da EDP, Alia Weinstein, presidente e CEO da Principie Power e presidente da Associação Europeia de Energia Offshore, António Sá da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), e Alexander Ellis, embaixador britânico em Portugal. Segue-se uma intervenção sobre aquacultura de Ian Payne, managing director da MRAG, e outra sobre "Prospeção e Exploração dos fundos marinhos: a nova fronteira", da autoria de Manuel Pinto de Abreu, presidente da EMEPC — Estrutura da Missão para a Extensão da Plataforma Continental, e Ricardo Serrão Santos, director do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, conforme já referimos. “O turismo marítimo e costeiro” será debatido por Natércia Cabral, presidente da Administração do Porto de Lisboa, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, John P. Fox, vice-presidente da Royal Caribbean, e Miguel Sequeira, presidente do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos. “O mar como Imagem de Marca” será abordado por Manuel Maltês, presidente da WPP. MJS

Esqueleto do cachalote arrojado no faial vai ser exposto à população Maria José Silva

g O esqueleto da baleia que deu à costa na baía de Entre Montes, junto ao Monte da Guia, vai ser rearticulado para estar em exposição pública dentro de cerca de quatro anos, opção de investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. Inicialmente estava prevista a recolha de parte da coluna vertebral para um estudo de colonização de carcaças de cetáceos por organismos de fontes hidrotermais, mas posteriormente foi decido aproveitar esta oportunidade rara para conservar o esqueleto inteiro. Com esse intuito a carcaça foi enterrada para degradação dos tecidos moles e espera-se que a ossada esteja pronta para ser exumada daqui a 3 ou 4 anos. A equipa de investigação de cetáceos do DOP, no âmbito da actuação da RACA, efectuou uma necrópsia parcial, consistindo num exame externo ao animal e recolha de alguns tecidos para análises posteriores, incluindo conteúdos estomacais, gordura, músculo e pele. A mandíbula foi também removida para posterior conservação e exibição pública. O animal, uma fêmea de 10,5 metros de comprimento com peso

estimado entre 15 a 18 toneladas, encontrava-se em adiantado estado de decomposição e não foram encontrados indícios claros relativos à causa de morte. Foram também recolhidas fotografias à barbatana caudal que possibilitarão verificar se este animal se encontrava no catálogo de animais já identificados nos Açores. A carcaça foi conforme referimos, inicialmente detectada por embarcações de pesca desportiva e profissional e operadores de observação turística de cetáceos no final de semana passado a norte da ilha do Faial.

ACTIvIDADES EDUCATIvAS PARA OS MAIS NOvOS NO MUSEU DA hORTA g o Museu da horta promoveu ontem e hoje as actividades educativas “uma viagem ao corpo humano” e “Brincar com a Matemática” destinadas a crianças do 1.º ciclo do ensino básico. orientadas pelo actor carlos Martins da Fonseca, essas iniciativas estiveram enquadradas no projecto “Era uma vez a ciência…” e decorreram no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo regional João José da graça, ao longo de três sessões, com a duração aproximada de 60 minutos cada. numa abordagem educativa e divertida, a primeira daquelas actividades procurou “ensinar tudo” sobre a complexa máquina que é o corpo humano, enquanto a segunda teve como protagonista o “chico Mateus”, um menino que não gosta de fazer contas, nem de números, mas uma noite sonha com o espírito da matemática e, a partir daí, torna-se num bom, aplicado e atento aluno. no Faial aderiram a este projecto 10 turmas da Escola Básica 1,2 António José de Ávila e uma da casa de infância de Santo António. AUMENTO NOS COMPLEMENTOS DE ABONO DE FAMíLIA E DE PENSãO DOS AçORES g vão ser reformulados o complemento açoriano do abono de família e o complemento regional de pensão. Quem o anunciou foi o Presidente do governo dos Açores, que acrescentou ser intenção do governo, nos dois casos, ajudar as famílias a enfrentar as dificuldades provocadas pela actual conjuntura económica. Segundo carlos césar, o complemento regional de pensão, o chamado “cheque pequenino”, será este ano aumentado em, pelo menos, o dobro da inflação, constituindo uma das medidas que o governo vai incluir no orçamento para 2011. “nós, nos Açores, somos portugueses como os outros e sabemos que, por isso mesmo, vamos ter as mesmas medidas aplicadas aos outros. Mas o governo regional quer garantir dois aspectos essenciais: um deles é que o governo da república respeite a Lei de Finanças das regiões Autónomas – nós exigimos que seja cumprida e não seja suspensa, nesta, como em qualquer outra, circunstância difícil – e nós entendemos também que é nossa obrigação colectiva contribuir em outras áreas que possam ajudar o país a recuperar e a retomara o equilíbrio das suas finanças”, acentuou.

[vai acontecer] ADIASPORA.COM COMEMORA NONO ANIvERSÁRIO NOS AçORES g o portal Adiaspora.com, no âmbito das celebrações do seu iX aniversário, promove nos próximos dias 23 e 24 de outubro, no Salão da Filarmónica Lajense, um painel intitulado “confluências da Alma Lusa”. o portal Adiaspora.com tem como missão promover e divulgar a Lusitanidade em toda a sua pluridimensionalidade com recurso às novas tecnologias, de forma a fomentar uma maior interactividade entre os diversos agentes actuantes na diáspora Lusa. Este ano, o painel convidados inclui Jorge Eduardo St. Aubyn de Figueiredo, Presidente da câmara Municipal do Sal, que neste evento representará não só os seus munícipes, mas também todo o componente caboverdiano da vasta tapeçaria Lusa presente no Mundo. O ROChEDO REABRE COM NOvA GERêNCIA g o pub o rochedo, na freguesia da Praia do Almoxarife, vai reabrir as suas portas ao público, agora com nova gerência. A festa de reabertura será amanhã, dia 16 de outubro, a partir das 22h00, num evento com música ao vivo, abrilhantado pelo Maninho Bahia. o novo responsável pelo espaço é rivaldo, conhecido dos faialenses pelas suas famosas caipirinhas, que irão ter um lugar de destaque no menu. DIA MUNDIAL DA ALIMENTAçãO g A 16 de outubro celebra-se o dia Mundial da Alimentação. Este ano, a FAo (Food and Agriculture organization) escolheu para o dia Mundial da Alimentação o tema “o direito à Alimentação”. A escolha do tema demonstra o crescente reconhecimento pela comunidade internacional da importância de erradicar a fome e a pobreza. Será também de reflectir que o excesso de alimentos, nomeadamente nas sociedades ocidentais, apresenta repercussões graves para a saúde. Para promover a discussão e alertar para este tema, o hospital da horta vai promover um rastreio, no Mercado Municipal, entre as 09h30 e as 12h30. gratuitamente os interessados podem verificar a sua tensão arterial, medir o perímetro da cintura e os níveis da glicemia ou mesmo do colesterol.


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Encontro Regional sobre Iniciativas de Aleitamento Materno

A amamentação é um momento único, sentido pela mãe e pelo filho. É sabido que ajuda a criar laços afectivos fortes entre ambos e que o bebé se sente mais seguro e protegido. A amamentação é uma prática milenar com reconhecidas vantagens nutricionais, imunológicas, cognitivas, económicas e sociais. Estas vantagens são potenciadas quando a amamentação é praticada exclusivamente até aos seis meses de vida, e complementada até aos dois anos. Maria José Silva Fotos: Susana Garcia g No âmbito da Semana Mundial do Aleitamento Materno 2010, o Núcleo SOS Amamentação do Faial, organizouo Encontro Regional sobre Iniciativas de Aleitamento, que decorreu nos dias 11 e 12 de Outubro, no auditório da Biblioteca Pública João José da Graça. Trata-se de uma iniciativa pioneira nos Açores que teve como objectivos promover o conhecimento e a partilha de experiências entre voluntários e profissionais e promover o aleitamento materno junto das famílias, escolas e sociedade. Os objectivos do Encontro Regional sobre Iniciativas de Aleitamento Materno passam por aumentar conhecimentos e competências dos profissionais e voluntários na área do aconselhamento em aleitamento materno; aumentar a informação junto de entidades empregadoras, famílias, entidades que desenvolvem actividade na área social, escolas, etc, e população em geral sobre os benefícios do aleitamento materno, bem como criar uma dinâmica regional de partilha de experiências, conhecimento e informação na área do aleitamento materno. A sessão de abertura decorreu segunda-feira sendo que a manhã foi preenchida com uma conferência relacionada com as competências relacionais e práticas sobre amamentação, bem como com uma mesa redonda sobre as questões técnicas e jurídicas da área. Também durante a manhã foram debatidas estratégias de promoção do aleita-

mento materno e as práticas de amamentação nos Açores. A tarde começou com um workshop destinado a profissionais e voluntários versando os problemas da mama. Fez parte deste encontro uma sessão dedicada às mães sobre o aleitamento e o regresso ao trabalho. A terça-feira foi dedicada às experiências regionais na promoção do aleitamento materno quer nos Açores quer na Madeira. Helena Cepeda, uma das grandes impulsionadoras do SOS Amamentação na nossa cidade, contou ao TRIBUNA DAS ILHAS como tudo começou por estas bandas: “quando estava grávida do meu filho li um livro do Dr. Carlos Gonzalez muito motivador e com informação muito importante sobre amamentação. Depois de ter sido mãe tive uma crise e contactei o SOS Amamentação que me deu imenso apoio. Foi nessa altura que percebi que, apesar de estar muito informada, o apoio mãe-a-mãe era muito importante e fundamental para que pudesse ter sucesso. Mantive sempre o contacto, sobretudo através dos fóruns do SOS até que surgiu, da parte deles, a vontade de cá virem para dar formação a profissionais de saúde e voluntários para dinamizar um núcleo.” O acto de amamentar é algo característico das mulheres e a decisão de o fazer depende de cada uma delas por si só. Também poder-se-á dizer que é como que uma moda e tem altos e baixos. Sobre isso, Helena Cepeda diz ao TRIBUNA que “a decisão é da mãe e é preciso que se tenha presente que nenhuma mãe é melhor do que outra, o que nós fazemos é dar informação sobre quais as vantagens que existem no amamentar. Nunca tive ninguém que me dissesse abertamente que não queria amamentar, mas algumas mães questionaram se valia ou não a pena ter esse trabalho. Mas, normalmente, as mães, depois de informadas, optam por dar de mamar, nem que seja apenas durante algum tempo.” Sobre a realização deste Encontro, a grande impulsionadora do SOS Amamentação do Faial diz que o que se pretende é “que se crie uma dinâmica regional para que haja alguma coerência entre profissionais de saúde e os voluntários que dão apoio à amamentação.”

O NÚCLEO NO FAIAL Em Novembro de 2008, após formação específica de acordo com as recomendações OMS/UNICEF, foi constituído o Núcleo do SOS Amamentação do Faial. Neste momento cerca de 18 voluntários de diversas formações colaboram com o núcleo. As actividades do Núcleo são diversas e englobam o “Cantinho da Amamentação” no Hospital da Horta, atendimento telefónico, reuniões de grupo de apoio, participação em eventos, organização de encontros e formações, sessões de esclarecimento e a comemoração da semana mundial da amamentação.

De acordo com Helena Cepeda, o núcleo tem sido muito procurado, quer telefonicamente, quer mesmo presencialmente. “As mulheres que nos procuram, fazem-nos quando surge algum problema; como infecções da mama, fases de crescimento dos bebés ou mesmo nas fases de regresso ao trabalho das mães” – explica. SOS AMAMENTAçãO Várias são as causas que podem levar a mãe a desistir de amamentar, como por exemplo, dores nas costas, mamas doridas com os mamilos gretados, as mamas ingurgitarem (bastantes cheias), mastite, redução de leite que implica redução no crescimento do bebé e insatisfação deste

SABIA qUE: o leite materno é a forma natural da mãe alimentar o seu filho, como tal, não existe melhor alimento para o bebé. Além de em termos nutricionais estar perfeitamente adaptado às necessidades do bebé, também do ponto de vista imunológico é inigualável, protegendo a sua saúde como nenhum outro. o Aleitamento Materno também favorece a saúde da mãe e é, obviamente, vantajoso em termos económicos e ecológicos. o vínculo que se forma entre o par de amamentação Mãe/Filho é muito forte, reforçando a afectividade entre ambos. Tanto a mãe como o filho saem desta experiência mais enriquecidos e com uma maior segurança e auto-estima. contudo, a falta de informação e apoio prático, levam a que muitas mães, apesar de todas estas vantagens, não consigam superar as dificuldades com que se deparam no decorrer da amamentação e esta se torne, em vez de um prazer, uma situação desesperante, o que leva ao abandono precoce da amamentação. É notório que as taxas de amamentação são muito mais baixas do que seria desejável.

A MãE FICA MAIS CONFIANTE DE qUE CONSEGUIRÁ RESOLvER A SITUAçãO SE: • Tiver informação correcta; • Seguir as orientações dadas; • Mantiver a calma; • For paciente; • For persistente. INGURGITAMENTO (ENCAROçAMENTO) • Antes de amamentar ou fazer a extracção de leite, estimular o reflexo de saída do leite da seguinte forma: - Sempre que possível, é importante o bebé estar junto da mãe (contacto com a pele). - Pensar no bebé - colocar água morna nas mamas (o uso de saco de água quente tem-se revelado bastante eficaz), ou tomar um duche morno nas mamas ou mergulhar a mama afectada numa taça com água quente e em simultâneo, fazer a massagem com movimentos circulares; - Massajar a mama levemente, com movimentos circulares não no mamilo (pode ser usado um creme gordo, óleo de amêndoas doces ou manteiga de cacau, para facilitar a massagem) e após a aplicação, pentear a mama com os dedos (ou pente de permanente) da base em direcção ao mamilo; - Massajar o pescoço e as costas (de cima para baixo, com os dois polegares ao longo da coluna em movimentos circulares) - pedir ajuda a alguém de confiança. Esta massagem ajuda a mãe a descontraír e estimula o reflexo de saída (ocitocina) do leite. • Se o bebé for capaz de mamar, deve ser alimentado frequentemente. verificar a pega; • Se o bebé não for capaz de mamar porque a mama está muito cheia/dura, o leite deve ser retirado manualmente ou com a bomba; Por vezes é apenas necessário retirar um pouco de leite até que a mama fique suficientemente macia para o bebé conseguir pegar. Por

que se manifesta com choro e vontade de comer de hora a hora. Para ajudar as mães a ultrapassar alguns obstáculos, foi criada a SOS Amamentação, uma associação sem fins lucrativos com o objectivo de promover o aleitamento materno através do apoio às mães lactantes e acções de formação, informação, divulgação e educação dirigidas a grávidas, mães e profissionais de saúde. Os voluntários têm formação em Aconselhamento em Aleitamento Materno, segundo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da UNICEF. A informação e o apoio são facultados essencialmente de dois formas: apoio telefónico e através do site www.sosamamentacao.org.pt .

sistema não deve retirar o leite após a mamada, só se ficar muito incomodada. • depois da mamada, pode-se colocar água fria ou gelo na mama, para ajudar a reduzir o edema (inchaço), durante 10/15 minutos. • Se o ingurgitamento resultar da descida do leite, pode ajudarse a reduzir ligeiramente a ingestão de líquidos (só durante aproximadamente 2 dias).

MAMILOS DORIDOS / COM FISSURAS • corrija a pega. os mamilos doridos são, na generalidade, consequência directa de uma má pega; • Antes de começar a dar de mamar deve ser estimulado o reflexo de saída do leite; • no final da mamada espremer um pouco de leite e aplicar nos mamilos e areolas; • deixar os mamilos ao ar/sol o máximo de tempo possível; • Apesar de normalmente não recomendarmos o uso de pomadas, por vezes, é necessário o uso de lanolina pura ou eventualmente outra pomada cicatrizante. Estes devem ser recomendados por pessoal especializado (aconselhe-se com uma das nossas voluntárias); • Se sair sangue dos mamilos, a mãe pode querer retirar o seu leite e dá-lo à colher ou com o copo até se sentir melhor.

BLOqUEIO DOS DUCTOS E MASTITE • Mamadas frequentes; • verificar a pega; • durante a mamada aplique um saco com água quente. Se possível, pedir a alguém para segurar o saco de água quente; • começar a mamada pela mama não afectada, mas logo que o reflexo de ocitocina se active (imagine o leite a fluir), mude de imediato para a mama afectada; • Massajar com a ponta de dois dedos no local do nódulo no sentido da saída do leite; • Ao amamentar, a mãe deve mudar as posições de maneira a que o leite possa ser igualmente bem drenado em todos os quadrantes da mama. Ajuda inclinar o corpo para o lado oposto do nódulo. • Se a amamentação for difícil, retirar o leite manualmente com frequência.

RECUSAR A MAMAR • corrigir a pega; • Manter o bebé próximo; Manter bastante contacto pele-a-pele, não apenas durante as mamadas; • dormir próximo do bebé; • oferecer a mama sempre que sinta o reflexo de ocitocina activo ou quando o bebé esteja a querer mamar. Alterar as posições. não forçar o bebé de encontro à mama. não se deve balançar a mama; • Tirar leite para a boca do bebé; • Alimentar o bebé com um copinho, colher, seringa ou contagotas. Sempre que possível alimentar o bebé com o leite da própria mãe.; • Evitar tetinas ou chuchas.


Autarquia promove Fórum para reflectir o Combate à Pobreza e a Exclusão

g A água é um recurso natural finito que importa usar de forma racional, preservando a sua qualidade e rentabilizando o seu uso numa perspectiva de desenvolvimento sustentável. A água não cai simplesmente do céu, ela constitui um ciclo, o ciclo hidrológico, no qual ela passa pelos vários estados, sólido, líquido e gasoso e por diferentescompartimentos, como o aéreo e o terrestre. Sabia por exemplo que, da água existente no planeta Terra, apenas 2,5% são água doce e que apenas uma pequena percentagem dessa água esta disponível para utilização pelo homem? Sabia que em Portugal cada habitante gasta em média 200 litros de água por dia? E que ao optarmos por um duche em vez de um banho de imersão podemos poupar cerca de 90 litros de água?

no que diz respeito à qualidade da água, sabe de onde provém a água que bebe no Faial e como é feita a sua monitorização? neste dia verde e para comemorar o dia Mundial da Monitorização da Água, a câmara Municipal da horta pretende dar a conhecer de onde provém a água distribuída para consumo humano no Faial, como podemos preservá-la e poupá-la no nosso dia-a-dia e como é feita a monitorização da mesma. A Acção composta por uma sessão explicativa realizar-se-á no dia 18 de outubro, com início às 10h00 no castelo de São Sebastião, seguindo-se uma visita a um reservatório de água e exemplificação de uma acção de monitorização. inscreva-se junto dos Serviços de Ambiente da câmara Municipal da horta através do telefone 292 202 040 ou pelo correio electrónico ambiente@cmhorta.pt

o centro comunitário divino Espírito Santo teve a sua primeira expressão no dia 3 de outubro de 2003, data em que o casal Manuel da costa garcia e Maria cecília Alvernaz, gentilmente doou à freguesia dos Flamengos um prédio de família, sito no Largo do cantinho, composto de casa de moradia e cerca de 7533m2 de terreno. inicialmente foi formada uma comissão instaladora para elaboração dos estatutos, reconhecimento jurídico e direito canónico e civil. Actualmente os Órgãos Sociais são compostos por uma Assembleia-geral, direcção e conselho Fiscal do qual fazem parte representantes de todas as instituições da freguesia. conta ainda com um conselho consultivo e uma comissão Executiva que desempenha funções administrativas. o centro comunitário do divino Espírito Santo é uma iPSS e no ano de 2006 iniciou o desenvolvimento das seguintes valências: Serviço de Apoio domiciliário e Actividade de Tempos Livres. de momento encontra-se em face de concretização a construção de um centro de noite e núcleo etnográfico. o Serviço de Apoio domiciliário presta diferentes serviços aos utentes, realizados por Ajudantes Familiares domiciliárias, e destina-se prioritariamente à população idosa que não está inserida em ambiente familiar, bem como àquela que, tendo família, precisa de apoio. destina-se ainda a todos os que apresentam, problemas de saúde e revelam dependência. os serviços prestados ao nível da higiene e saúde são:

g A câmara Municipal da horta promoveu na passada quarta-feira, dia 13 de outubro, no Teatro Faialense, um Fórum subordinado à temática no combate à Pobreza e à Exclusão Social, que Políticas de inclusão?. Sendo 2010 o Ano Europeu de combate à Pobreza e à Exclusão Social, a autarquia faialense não podia deixar de marcar esta efeméride, na linha da sua actuação no âmbito da solidariedade social, área onde tem desenvolvido um intenso trabalho. A recepção aos participantes neste fórum esteve a cargo do vice-presidente da câmara Municipal da

horta, José Leonardo goulart, que é também o responsável pela área da Acção Social no actual elenco camarário. registando com agrado o elevado número de participantes na iniciativa, José Leonardo salientou a sua importância, tendo em conta que a pobreza e a exclusão social já não são problemas que se cingem apenas às grandes cidades, mas sim um flagelo que chega até aos meios de menor dimensão, como é caso do Faial. Para o autarca, esta é uma oportunidade para “repensar estratégias de actuação com aplicações práticas no concelho”. José Leonardo destacou ainda o

DAR VOZ À POBREZA E À EXCLUSÃO SOCIAL cuidados de higiene pessoal e acompanhamento a consultas ou outros exames de diagnóstico. Ao nível das tarefas domésticas realiza o tratamento de roupas, arrumação e organização da habitação, distribuição de refeições e aquisição de medicamentos e produtos alimentares. no ano em curso 2010, contamos com 16 utentes e duas Ajudantes Familiares domiciliárias. o ATL dos Flamengos é uma valência de apoio à infância localizado na EB/Ji dos Flamengos e resultou de uma parceria estabelecida entre a Santa casa da Misericórdia da horta, o centro comunitário do divino Espírito Santo, a Junta de Freguesia dos Flamengos e a Escola Básica e Jardim de infância dos Flamengos. A valência ATL presta assistência educativa e sociocultural unicamente a utentes que frequentam o Jardim-de-infância e o 1º ciclo do Ensino Básico da Escola dos Flamengos. os projectos dirigidos à comunidade são desenvolvidas em parceria pela Santa casa da Misericórdia da horta, centro comunitário e Junta de Freguesia dos Flamengos. no ano lectivo de 2006/2007 o ATL prestou serviços a 50 crianças à responsabilidade de 3 Animadores Sociais. no presente ano lectivo 2010/2011 o número de crianças inscritas ronda as 70 e dispomos do mesmo número de Animadores Sociais. o centro de noite será um espaço de acolhimento destinado maioritariamente a uma popu-

lação idosa, com mobilidade e que, por motivos de segurança, isolamento ou saúde necessita de apoio nesta área. os utentes desta valência terão oportunidade de passar os dias na sua residência, numa permanente proximidade com os seus amigos e vizinhos com os quais poderão dialogar e com uma aproximação aos seus bens ou seja aos seus teres e haveres, o que lhes permitirá relevantes recordações. A noite será passada no espaço de acolhimento onde desfrutarão de um ambiente acolhedor e com condições ideais. deverá entrar em funcionamento no segundo semestre de 2011 e terá capacidade para 8 utentes. Em breve, iniciar-se-á o Projecto para a construção de creche, centro de dia para idosos e outros. Assim gradualmente os nossos objectivos serão atingidos. (Flamengos/ Espaço Social - uma Mais valia). COMO CONSTATAMOS A REALIDADE ACTUAL – IDOSO/ POBREzA E ExCLUSãO SOCIAL o idoso faz parte de uma franja da nossa sociedade que, por características próprias é mais vulnerável. há que assegurar apoio na área da Saúde e na Área Social, mobilizar forças, alertar e despertar as camadas mais jovens e não só; motivar também quem tem responsabilidades políticas. o Projecto “ de mãos dadas no combate

trabalho desenvolvido pela autarquia na área da Acção Social, frisando a importância dos cerca de cem parceiros com que a cMh conta neste trabalho. o vice-presidente salientou ainda o sucesso do trabalho em rede no Plano Municipal de Prevenção de dependências. Também a directora regional da igualdade de oportunidade, natércia gaspar, esteve presente na sessão de abertura deste fórum, onde participaram, entre outras pessoas, graça André, professora da universidade católica na Licenciatura de Serviço Social e Alfredo Bruto da costa, presidente da comissão nacional Justiça e Paz.

à Pobreza e Exclusão Social”, cujo promotor é a câmara Municipal da horta é uma mais valia e porquê …? Porque promove uma campanha de sensibilização pública nesse sentido; Porque o problema tem de ser encarado com realidade, sem utopias; Porque o problema é de cada um de nós e não apenas de quem tem o poder; Porque o problema existe, ele está nas nossas ilhas, nos nossos concelhos, na região, no nosso País. os idosos em larga escala encontram-se presos ao isolamento e á solidão. uns vivem com os fracos recursos que amealharam ao longo da vida, provenientes do seu esforço, provenientes do suor do seu rosto, outros contam apenas com o valor de uma pensão que têm de saber gerir para que seja possível a sua sobrevivência. Porém, há outros meios não menos importantes que os materiais e, que são imprescindíveis à felicidade do idoso. refiro-me ao carinho e à atenção que merecem, ao diálogo que tanto desejam, ao sorriso e a uma mão amiga que se lhes dirija. Serão os problemas familiares (trabalho, filhos, tarefas domésticas) os únicos responsáveis por esta condição de vida do nosso idoso? Todos sabemos que não. A sociedade acomodouse, refugiou-se no seu egoísmo. urge inverter a situação, compete-nos. Atrevo-me a deixar as seguintes questões: onde está a disponibilidade, a Abnegação, a coragem de cada um de nós? onde está o AMor pelo próximo? “Procura e acharás; dá e receberás”

(centro comunitário do divino Espírito Santo)


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noTíCias

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imf – i am fuTurE

Eu sou futuro – jornal bilingue do Canadá Maria José Silva g Chama-se “IMF – I am future”/ “Eu sou Futuro” e é o mais recente jornal bilingue editado e distribuído gratuitamente no Canadá. Uma iniciativa da responsabilidade da jornalista açoriana Humberta Araújo e que, em breve, vai chegar também à população estudantil açoriana. TRIBUNA DAS ILHAS esteve à conversa com a jornalista e apurou todos os pormenores sobre este projecto. Nascida no Canadá, Humberta Araújo voltou com a família,para os Açores quando era ainda criança. Pode mesmo dizer-se que viveu a emigração ao contrário. Depois de ter trabalhado como jornalista em jornais, revistas e na RTP Açores, e ter sido correspondente do LusoPresse, Humberta Araújo emigrou para o Canadá onde, em 2009, lançou o jornal “I am future/Eu sou futuro”. Esta é uma publicação bilingue que é publicada cinco vezes por ano. Começou por ser em português e inglês mas, recentemente também é editado em francês, “para que possa abranger os jovens da província do Quebeque.” Explica ainda que depois de 27 anos de jornalismo e de dois livros para crianças, resolveu fundar o jornal quando compreendeu que a coisa mais importante para a Mulher é ter informação. “A falta de identidade dos jovens portugueses que fazem parte das nossas comunidades do Canadá também é algo que me preo-

cupa e que me levou a arriscar neste projecto” – afirma. Humberta Araújo, que esteve nos Açores para celebrar protocolos e parcerias com entidades da Região, referiu-nos que “ a aceitação das pessoas tem sido extremamente boa. É um jornal grátis e é distribuído por todos os locais onde se juntam elementos da comunidade emigrante. Os jovens adoram porque geralmente não têm muito contacto com os media portugueses porque não sabem ler português. Ora o IMF é bilingue…” IMF é a única publicação bilingue em toda a Diáspora e o facto de ter uma linguagem acessível, sobretudo aos jovens, fez com que Humberta Araújo alimentasse a ideia de levar o jornal junto das escolas. Apostar nas comunidades mais jovens é primordial porque, “acredito que quer a língua quer a cultura portuguesa merecem ser promovidas e preservadas. No meu entender, a língua portuguesa vai acabar por se perder nas gerações futuras. Acredito que a nossa cultura vai ser transmitida aos jovens, mas nas línguas dos países em que vivem” – refere a jornalista. O jornal tem várias secções que tratam de Voluntariado, de História, de Tradições Culinárias, Desporto e Cultura. “Considero-me açoriana, as minhas raízes são açorianas, pelo que os Açores têm um grande espaço nesta publicação. Interesso-me em que os jovens tenham um conhecimento mais completo sobre os Açores e também que haja um intercâmbio mais profundo entre culturas”, diz.

O grande desejo de Humberta é fazer com que o jornal chegue directamente às escolas açorianas. qUEM É hUMBERTA ARAÚJO? Jornalista desde os 19 anos, Humberta Maria Araújo nasceu em Vanderhoof BC, Canadá. Aos 7 anos regressa a S. Miguel, ilha da qual a família partiu em 1960. Os anos da infância e adolescência foram passados no meio rural junto dos avós e de algumas das mais típicas características do viver açoriano. Desde muito jovem o lápis e a folha de papel foram companhia. Um dos seus primeiros poemas - que ainda guarda - foi escrito para uma amiga. Tinha então cerca de 11 anos e chamava-se "Para a minha amiga Eduarda". Desde então que a prosa poética e a poesia fazem parte da sua vida. Aos 19 anos ingressa na Comunicação Social tendo passado pelo Açoriano Oriental, Correio dos Açores, Revista Açores, RDP, Rádio Clube Asas do Atlântico em Santa Maria e depois a RTP-Açores. Durante 11 anos foi voz e cara da TV açoriana. Publicou em suplementos literários vários poemas e contos nos Açores. Tem publicado poesia em revistas da especialidade canadianas. A literatura infantil também é uma das suas paixões tendo publicado O Livro que não Gostava de Computadores e A Avó que não Sabia Ler e outras Estórias dos Açores, este último patrocinado pelo Governo Regional dos Açores. Para publicação tem em manga vários

trabalhos de investigação: Alice Nunes e o Asas do Atlântico, Halifax at Sight, para além de um colecção de fotos comemorativas dos 50 anos da emigracão, uma colectânia de poemas e literatura infantil.

Foi responsável pelas questões comunitárias no jornal Nove Ilhas de Toronto, após uma breve passagem como "pivot' no FPTV. É também professora part-time no Catholic School Board de Toronto.

faial acolhe exposição sobre Craig C. Mello, Prémio nobel da Medicina

Museu da Horta expõe trabalhos infantis

g A ilha do Faial acolhe desde hoje e até 5 de Novembro uma exposição sobre o norte-americano Craig C. Mello, a quem foi atribuído o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia em 2006. Esta mostra itinerante é uma iniciativa da Presidência do Governo, através da Coordenação dos Palácios e da Direcção Regional da Cultura, e poderá ser visitada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, na Horta, de segunda a sexta-feira entre as 9 e as 19 horas e aos sábados entre as 9:30 e as 12 horas. Do “kit expositivo” faz parte um conjunto de módulos expositores onde estão patentes, entre outros, a medalha e o diploma do Prémio Nobel, bem como o livro com a genealogia do laureado, editado pela Presidência do Governo Regional dos Açores, através da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada. A mostra possibilita ainda o acesso do público ao visionamento da conferência proferida por Craig Mello durante a sua estada na ilha de São Miguel e

g Termina hoje no Museu da Horta uma mostra de trabalhos realizados por crianças entre os 8 e os 12 anos no âmbito de um atelier orientado por Madalena Menezes e Aurora Ribeiro. Intitulada “Ver, compreender e criar no Museu da Horta”, esta iniciativa decorreu no primeiro semestre do

ano e constou de seis sessões durante as quais foram abordados os temas pintura, escultura, cor, perspectiva, luz e objectos em desuso. Os trabalhos então realizados pelas crianças participantes no atelier podem ainda ser vistos até às 17H30 de hoje.

Concerto comentado na Manuel de Arriaga páginas da Internet relacionadas com a sua vida e trabalhos científicos, através de terminais interactivos. Esta exposição surgiu na sequência da visita que o Professor Craig Mello efectuou aos Açores, em Julho de 2009. Apresentada pela primeira vez em

Novembro do ano passado no Museu Municipal da Ribeira Grande, concelho de origem de alguns dos ascendentes de Craig C. Mello, esta mostra itinerante iniciou, então, um périplo por todas as ilhas da Região, o qual ficará concluído no próximo ano.

g No âmbito da Temporada de Música dos Açores realizou-se nodia 13 de Outubro, na Escola Secundária Manuel de Arriaga um Concerto Comentado pelo maestro César Viana. O concerto foi orientado pela Orquestra Académica Metropolitana, com a direcção de Jean-Marc Burfin, que interpretou as obras Peer Gynt de E. Grieg e A Gruta de Fingal de F. Mendelssohn.

Os concertos realizam-se nas escolas secundárias Antero de Quental, em Ponta Delgada, Manuel de Arriaga, na Horta e Tomás Borba, em Angra do Heroísmo . A Temporada de Música 2010 (www.azorestemporada.com) é uma iniciativa da Presidência do Governo Regional dos Açores, através da Direcção Regional da Cultura. Tem como director artístico Emanuel Frazão e é produzida pela Juventude Musical Portuguesa.


CuLTura

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Alpendre no teatro faialense

CinEma no TEaTro faiaLEnsE D.R.

g Na próxima quarta-feira, dia 20, o Alpendre – Grupo de Teatro sobe ao palco do Teatro Faialense para apresentar a peça O Estranho Caso da Rua Almodóvar. Escrito e encenado por Eduardo Gaspar, este trabalho conta com interpretações de Filomena Ferreira, Frederico Madeira, Judite Parreira e Soraia Aguiar. O Estranho Caso da Rua Almodóvar trata-se de uma comédia non-sense que envolve três mulheres e um homem, unidos por segredos, mentiras, amores, traições, vinganças, encontros, desencontros, e algumas coincidências. Esta peça é também uma homenagem ao realizador Pedro Almodóvar, e por isso cada cena do espectáculo é antevista com títulos dos filmes do cineasta espanhol. O espectáculo tem início pelas 21h30, e destina-se a maiores de 16 anos. Esta peça estreou na Terceira, no passado mês de Março. Criado em 1976, o Alpendre apresentou-se pela primeira vez no Teatro Angrense, com a peça Guerras de Alecrim e Manjerona. Desde 1885 que é considerado Instituição de Utilidade Pública. A passagem do Alpendre pelo Faial acontece no âmbito do XI Festival de Teatro Juvearte, produzido pela Associação de Juventude da Candelária, que conta com a colaboração do Teatro de Giz.

Miúdos e graúdos D.R.

ELENCO DE PESO Os cinco protagonistas deste filme são referências da comédia em hollywood

O Juvearte realiza-se entre os dias 19 e 23 de Outubro, com espectáculos nas ilhas do Faial, São Miguel, Terceira e Flores. No âmbito deste Festival, para além

desta peça do Alpendre, o Faial recebe no próximo sábado, dia 23, a peça Elas sou Eu (O Que Agente Faz para Pagar a Renda), também de Eduardo Gaspar. MP

músiCa

bandarra e Pedro lucas nos prémios Megafone D.R.

g O Faial conta com uma representação de peso nos prémios Megafone, com a nomeação dos Bandarra e de O experimentar na m’incomoda, de Pedro Lucas. Aos dois projectos de faialenses junta-se Galandum Galundaina, uma banda que dá nova vida à música tradicional do nordeste transmontano. O vencedor é conhecido este domingo, num espectáculo no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, onde os três nomeados irão actuar. Para além da actuação dos nomeados, a cerimónia de entrega dos prémios Megafones contará com a participação de Manel Cruz, ligado a projectos como os Ornatos Violeta, Pluto ou Foge Foge Bandido. O Prémio Megafone Música visa distinguir um músico ou colectivo de músicos cujo trabalho “enalteça as tradições musicais portuguesas e lhes dê renovado futuro”. A este, junta-se o Prémio Megafone Missão, que distingue uma entidade não musical que, com a sua acção, ajude a difundir este tipo de trabalhos na área da música. Este prémio surge para homenagear João Aguardela, que faleceu em Janeiro de 2009, vítima de cancro. Aguardela foi um dos fundadores dos Sitiados, banda de culto da década de 90 em Portugal. O seu projecto mais pessoal, intitulado Megafone, de roupagem contemporânea para recolhas de música tradicional portuguesa, surge com um primeiro disco em 1997. Até 2006, mais três discos have-

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(hortaludus; dias 15 e 16, 21h30; >12) g Miúdos e Graúdos é mais um trabalho que junta a dupla de peso da comédia, formada pelo realizador Dennis Dugan e pelo actor Adam Sandler. Não te metas com o Zohan, Declaro-vos Marido e Marido ou Um Pai à Maneira são alguns dos títulos que fizeram de Dugan e Sandler uma dupla de sucesso. No elenco, juntam-se a Sandler vários dos actores que habitualmente com ele contracenam: Kevin James, com quem “casou” em Declaro-vos Marido e Marido, Chris Rock, seu “colega de equipa” em Os Quebras Ossos, e Rob Schneider, que participa em quase todas as comédias de Sandler.

A eles juntam-se ainda David Spade (Joe Dirt), Salma Hayeck (Frida) e Maria Bello (Coyote Bar), entre outros. Neste filme, Sandler, James, Rock, Schneider e Spade são cinco antigos companheiros de equipa, que jogaram basquetebol no liceu, e que, depois do falecimento do seu antigo treinador, decidem juntar-se, com as mulheres e filhos a reboque, para relembrar os bons velhos tempos. Miúdos e Graúdos é mais um filão de bilheteiras com o toque de Midas de Sandler, já que arrecadou mais de 100 milhões de dólares de receitas só nos EUA, proeza que, de resto, não é novidade para o actor, que assina o argumento desta produção, juntamente com Fred Wolf.

Vargas llosa é o nobel da literatura 2010 D.R.

riam de surgir. Em 2002, com Luís Varatojo (ex Peste&Sida), junta uma mão cheia de músicos para arrancar com o projecto Linha da Frente. Do trabalho com Varatojo, surgiu também o último projecto musical da vida de João Aguardela: A Naifa. Numa verdadeira reinvenção do fado, são editados três cds, o último dos quais Uma Inocente Inclinação para o Mal, em 2008. Em relação a este último trabalho, um facto curioso: as letras das músicas, supostamente enviadas por uma fã de Espanha, que assinava MRT, foram, afinal, escritas

por Aguardela. O músico não quis para si o protagonismo, então criou esta personagem fictícia, a que deu o nome da avó, Maria Rodrigues Teixeira (MRT), a sua grande referência pessoal.

BANDARRA EM DIGRESSãO Depois do CCB, os Bandarra ficam pelo continente português para uma segunda digressão para apresentar o seu disco. Em Julho passado, fizeram várias actuações em Portugal Continental, e agora voltam, estando confirmada a passagem por Évora, Beja, Lisboa e Porto. MP

g Aos 74 anos, Jorge Mario Vargas Llosa, um dos escritores mais premiados de sempre da América Latina, atingiu a consagração ao arrecadar a mais prestigiada distinção do mundo das letras, o Prémio Nobel da Literatura. Nascido no Peru, a sua carreira não se cingiu à actividade de romancista, já que também se dedicou ao jornalismo, ao ensaísmo e ao activismo político. O seu primeiro livro, A cidade e os cães, de 1963, teve como inspiração os seus anos de aluno interno no Colégio Militar Leôncio Prado, em La Perla. Estudou Letras e Direito na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, tendo recebido uma uma bolsa de estudos para a Universidade de Madrid, onde se doutorou em Filosofia e Letras. Em 1983, presidiu a uma comissão que investigou a morte de oito jornalistas. No final dessa década lançou um movimento liberal contra a desestatização da economia, e em 1990 concorreu à presidência do Peru com a Frente Democrata (FREDEMO), tendo perdido as eleições para Alberto Fujimori. Depois disto, dedicou-se a escrever em Londres, cidade que lhe era particularmente querida no que diz respeito à fruição da escrita, mas também em Madrid, em Barcelona e em Paris, cidades onde viveu. Mais tarde, pediu a nacionalidade espanhola, não abdicando, no entanto, da peruana.

Antes do Nobel, Vargas Llosa foi galardoado com inúmeras distinções, destacando-se o Prémio Cervantes (1994), o Prémio Nacional de Novela do Peru (1967) e o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986), entre outros. Actualmente, é professor convidado na Universidade de Princeton, Nova Jérsia (EUA). Da sua bibliografia, destaque para títulos como Conversa na Catedral, A Guerra do Fim do Mundo, Cartas a Um Jovem Romancista, A Festa do Chibo, Travessuras da menina má ou Diário do Iraque, sendo este último o seu livro mais recente. Esta é a 11.ª vez que a Academia Sueca atribui este prémio a um autor de língua espanhola. O peruano junta-se assim a uma galeria de laureados onde figuram nomes como Camilo Jose Cela, Gabriel Garcia Marquez ou Pablo Neruda.


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ExTinção Do Cargo DE rEprEsEnTanTE Da rEpúbLiCa

Proposta do PS/Açores aprovada sem consenso g A Comissão Permanente da Assembleia Legislativa dos Açores aprovou na passada sexta-feira uma proposta para a extinção do cargo de Representante da República na revisão constitucional. A proposta, da autoria do grupo parlamentar socialista, foi aprovada apenas com o voto favorável do PS, que viu assim cair por terra um dos objectivos que perseguia quando a apresentou: o consenso das forças políticas representadas no hemiciclo açoriano. De acordo com a proposta dos

socialistas, a Assembleia Regional deverá defender a extinção do cargo de Representante da República na próxima revisão constitucional. Com esta extinção, deverá passar a ser o Parlamento açoriano, órgão máximo da Autonomia, a exercer algumas das competências até então exercidas pelo Representante da República, ou então um “órgão unipessoal” que possa ser criado para o efeito. De acordo com o vice-presidente da bancada socialista no Parlamento açoriano, “o PS lamenta que não

tenha sido possível obter um consenso alargado relativamente a uma solução concreta”. Hernâni Jorge deixou críticas ao PSD, que considera ter tido a “atitude de um partido que não quer consensualizar estas matérias”. Por sua vez, os social-democratas entendem que o PS “usou de arrogância política” na discussão desta questão. Segundo Pedro Gomes, os socialistas não se decidem sobre a distribuição das competências do Representante da República, apesar

PSd arranca com terceira edição de “Mais perto dos faialenses” g O PSD/Faial iniciou segunda-feira, a terceira edição da iniciativa “Mais perto dos Faialenses”, levando a cabo uma visita de trabalho à freguesia de Pedro Miguel, onde reuniram com os autarcas locais. Segundo Luís Garcia, presidente da Comissão Política de Ilha dos socialdemocratas, “a política só faz sentido quando é exercida para as pessoas e com as pessoas, e foi exactamente para estarmos próximos das pessoas que, por duas vezes, esta iniciativa já se realizou. “Trata-se de um plano de acção, cujo sucesso anterior nos encorajou a continuar, e que envolve todos os intervenientes políticos do PSD no Faial, nomeadamente a sua comissão política, o gabinete autárquico, os deputados regionais, os vereadores na câmara da Horta, os deputados municipais, e ainda os presidentes e membros das juntas e assembleia de freguesia da ilha”, avançou. “Vamos efectuar visitas de trabalho a todas as freguesias do Faial, contactando com as pessoas e com as nossas instituições, e perspectivando o desenvolvimento de cada localidade”, disse

de terem rejeitado o que entende ter sido uma “proposta mais substancial” do PSD. Para a facção laranja do Parlamento, é o PS que não procura consenso. De acordo com o parlamentar, os deputados social-democratas que representam os Açores na Assembleia da República “vão apresentar um projecto sobre a revisão constitucional próprio, consagrando matérias autonómicas ainda não visadas noutras propostas, nomeadamente a extinção do cargo do Representante da República e a sua

substituição por um novo órgão eleito por todos os açorianos”. Também os restantes partidos da oposição contestaram a “indefinição” dos socialistas, que apresentaram três propostas diferentes na reunião, numa tentativa vã de negociar com a oposição. Apesar das forças políticas regionais serem unânimes na defesa da extinção do representante da República, a verdade é que não se parecem entender quanto à atribuição das competências até então reservadas àquele cargo. MP

ESPAçO DE PROxIMIDADE P

A POLíCIA AO SERvIçO DOS CIDADãOS

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CRIANçAS

L í C I A D E S MAIS PERTO DOS FAIALENSES Nas últimas eleições o PSD apostou numa campanha de proximidade

ainda Luís Garcia, para quem “só assim conseguiremos aprofundar o nosso conhecimento dos projectos e das dificuldades de cada freguesia e de cada instituição”. Segundo o social-democrata, “desta

forma vamos alicerçar a nossa actividade política na realidade factual, para além de podermos reforçar a aproximação dos nossos eleitos aos eleitores e dar um contributo para a acção dos nossos autarcas”, concluiu.

E G U R A

Primeiro cagarro do ano resgatado no faial

g Foi recolhido, salvo e registado, pelas Brigadas SOS CAGARRO, na noite do passado domingo o primeiro jovem cagarro desta época. Resultado dos nevoeiros e dos ventos do passado fim-de-

semana, este cagarro estava desorientado quando caiu no quintal de um particular do Capelo que, prontamente, chamou a Brigada do Parque Natural da Ilha do Faial. Os Vigilantes da Natureza registaram a ocorrência e, na manhã de segunda-feira, libertaram a ave na Praia de Porto Pim. A Campanha SOS Cagarro desenvolve-se de 1 de Outubro a 15 de Novembro. Particularmente nas noites ventosas e chuvosas, ou com neblinas, especialmente se coincidentes com noites de lua-nova, é importante percorrer as estradas e, utilizando as regras de segurança, colocar a salvo as jovens aves. A Secretaria Regional do Ambiente e do Mar disponibiliza mais informações através do sítio internet soscagarro.azores.gov.pt. Questões e dúvidas poderão ser colocadas através do email cagarro@azores.gov.pt ou utilizando os contactos telefónicos dos Serviços de Ambiente de Ilha.

N ç A

A única forma de evitar problemas com o álcool ou as drogas é evitar o seu consumo. não experimentes! l Se tens mais de 16 anos e fores encontrado com droga, sabe que podes ser detido pela PSP, acusado em Tribunal e receber uma sentença criminal que influenciará o teu futuro. l nunca transportes ou segures em droga de algum conhecido (os teus amigos não consomem drogas e se o fizerem não te colocam em risco). l nunca aceites uma bebida de alguém que não conheces. l

Armas e facas não são fixes! l As armas não conferem respeito por serem transportadas e não podem ser usadas como desculpa de servirem para te proteger l Se transportas uma arma ou uma faca (considerada em Portugal arma branca), podes ser detido l As armas podem ser usadas contra ti l

LEMBREM-SE SEMPRE qUE:

P Ú B L I C A

A criança que habita presentemente em cada um de vós, progressivamente transformar-se-á no adulto que reclamará o bem-estar, a segurança e a tranquilidade públicas do viver em sociedade. Esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt

PROGRAMA INTEGRADO DE POLICIAMENTO DE PROxIMIDADE


opinião

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Crise e Moralidade

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Costa Pereira

Já há anos que muitos especialistas vinham avisando para o iminente colapso das finanças públicas portuguesas. Já há anos muitas vozes vinham alertando que os gastos do Estado central, das Regiões e das Autarquias eram incomportáveis com a nossa realidade económicofinanceira. Já há anos que se percebia que a deriva despesista que assaltou governos, autarquias, empresas públicas, institutos públicos, empresas municipais e toda a panóplia de similares que se foram criando por esse País, iria um dia ter um mau fim! A todos os avisos a maioria dos governantes, gestores públicos e autarcas fez ouvidos moucos, persistiu em manter um rumo inconsciente e suicida, deixou de lado as preocupações da boa gestão e do criterioso investimento e deslumbrou-se, à boa maneira dos imperadores da decadente Roma, com o pão e o circo que foram oferecendo à população. Para muitos deles, um bom governo e uma boa gestão medem-se não pelas medidas de investimento reprodutivo, mas pelos artistas que se contratam nas festas que pululam em tudo o que é sítio, pela duração dos fogos de arti-

fício, pelas comezainas que se oferecem e pelos amigos que se protegem e com quem se repartem os dinheiros públicos.

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Medina Carreira, no programa “Plano Inclinado”, já havia afirmado que o colapso nacional, a manter-se o rumo, era uma questão de tempo. E reconhecia que poucos lhe davam especial atenção. Era preferível ouvir as promessas douradas de José Sócrates e dos seus discípulos do que acreditar no pessimismo duro de quem fala a verdade! E Medina Carreira sabia que muitos portugueses comuns, da chamada classe média, o viam como um exagerado e um catastrofista. Por isso, afirmou que os funcionários públicos (que seriam das primeiras vítimas) só o iam entender quando um Ministro lhes dissesse que não tinha dinheiro para lhes pagar os ordenados no fim do mês.

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Por responsabilidade exclusiva de sucessivos governos, estamos, portanto, imersos em mais uma profunda e grave crise que se abate sobre todos nós, mas de forma mais especialmente dura e injusta sobre aqueles que menos possibilidades têm. E, particularmente em períodos difíceis,

exigem-se lideranças capazes, que se imponham pela justeza das medidas, pela verdade do discurso, pela coerência dos princípios e pelo exemplo que se tem de dar junto de todos aqueles a quem se está a pedir sacrifícios acrescidos.

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Mas infelizmente são estes mesmos governantes que a todos nós agora exigem sacrifícios, que se constituem em exemplo negativo e pernicioso pela forma como continuam a usar os dinheiros públicos em gastos supérfluos, desnecessários, desmedidos e até, nas circunstâncias actuais, profundamente imorais. E para exemplificar isto nem precisamos de recorrer aos casos nacionais como o jantar de 150 mil euros da ANACOM, ou o dos 220 mil euros da Direcção Geral de Contribuições e Impostos. Aqui, bem perto de nós, o Governo Regional é cada vez mais pródigo em exemplos do pouco rigor que se verifica na boa gestão dos dinheiros públicos, especialmente se tivermos em conta as dificuldades do tempo presente. Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e o Governo Regional paga 1,550 milhões de euros pela festa das

“maravilhas de Portugal”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e o Governo Regional faz um ajuste directo com a empresa de um exdeputado seu no valor de 74.900 euros para “promoção das 5 maravilhas dos Açores”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e as Pousadas de Juventude dos Açores (isto é, o governo) fazem um ajuste directo com aquela mesma empresa no valor de 16.650 euros para “vídeos de promoção turística e Guia de Boas Práticas Online 2009-2010”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e o IAMA (isto é, o governo) ajusta com a mesma empresa por 19.000 euros a “prestação de serviços para o spot promocional dos Açores na TVNet”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e a Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos faz um ajuste directo ainda com a mesma empresa do ex-deputado no valor de 16.500 euros para a “elaboração do filme de animação em 3D de apresentação do Jardim dos Maroiços, na Madalena”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e a

Associação de Turismo dos Açores (isto é, o governo) faz um ajuste directo com uma outra empresa, no valor de 196.000 euros, para esta organizar em Lisboa, durante a BTL, “uma disco party” para 750 pessoas, com “welcome drink, coktail, dinattoire e bar aberto”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e a Secretaria Regional da Presidência faz um ajuste directo por 19.242,40 euros para 20 fotografias sobre “as belezas subaquáticas da Região”? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e a Secretaria Regional da Presidência faz um ajuste directo para a apresentação de um espectáculo com a artista Lisa Ekdhal no Teatro Micaelense por 66.508 euros? Com que moral se exigem profundos sacrifícios aos cidadãos e o IAMA (isto é, o governo) faz um ajuste directo em que para flores em seiseventos se paga a quantia de 17.000 euros? Estes são só alguns exemplos mais recentes desta imoralidade instituída que obriga os cidadãos a pagar os excessos e o novo-riquismo desfasado de quem nos governa. Até quando? 11.10.2010

A geração dos 3 a 5 mil euros, ou mais!...

N

Paulo Oliveira

o último artigo, falei da geração dos “Faz-Tudo” de hoje, que, em vez de nos governarem e desenrascarem, nos enrascam, governando-se a si próprios... e muito bem. Curiosamente, muitos foram aqueles que se identificaram com o artigo, e que também “sofrem” a acção destes “Faz-Tudo”, que são a causa do estado em que se encontra a ilha do Faial. Mas vamos ao artigo de hoje, que versa outra (ou talvez a mesma, quem sabe?) geração: a Geração daqueles que ganham (abusivamente), qualquer coisita, como, 3 mil, 5 mil, ou mais... euros mensais. Não tenho nada contra quem muito trabalha, muito produz, e muito aufere, fruto do seu trabalho honesto, numa sociedade aberta, livre, justa, equilibrada, transparente e equitativa. O mesmo já não posso dizer daqueles que, debaixo do “umbrella” do partido, ganham demais, produzem de menos, e ainda se queixam do esforço que é chegar ao fim do mês com alguns cêntimos na algibeira. Sim, porque isto do ganhar e poupar, tem muito que se lhe diga, pois quem se habitua a ganhar demais, também facilmente adquire o hábito de gastar demais, e depressa se esquece donde veio, tal é o deslumbramento do destino para onde vai...

Claro que o “barrete” nunca nos serve, e olhamos distraidamente para o lado, como se não fosse connosco..., até que alguém mais afoito nos aponta o dedo e, descaradamente, nos coloca a albarda em cima...que até nos assenta que nem uma luva. Mas mesmo assim, hoje em dia, chegámos ao tempo em que, mesmo quando se apontam a dedo os culpados, os abusadores, os que se abotoam indevidamente com aquilo que não lhes pertence..., e se desmarcaram em plena praça pública, os mesmos encolhem os ombros, erguem a cabeça por cima da indecência, e ultrapassam os erros..., para glória própria e dos seus pares, encobrindo-se todos com o mesmo pano. Hoje, chegou-se ao descaramento de se considerar normal e corrente esta... geração, cujo status levita sobre um povo, que alimenta essa desenfreada ascensão política, egocêntrica e doentia. TESTE RÁPIDO Se o leitor mantém a dúvida de saber se este artigo lhe é dedicado, ou se se enquadra nesta dita “geração” dos 3 a 5 mil euros, terei todo o gosto em esclarecê-lo. Assim, e com três perguntinhas apenas, espero que aceite este desafio. 1ª Pergunta: Ganha 3 mil ou mais euros? 2ª Pergunta: Exerce profissionalmente a sua habilitação literária?

3ª Pergunta: Atingiu o lugar que ocupa por concurso? Já está, não custou nada, e diga lá..., se não foi desconcertantemente fácil? Eis o Resultado: se as suas respostas foram SIM, NÃO, NÃO, então, está de parabéns. Não há dúvidas: Pertence à nova Geração dos 3 a 5 mil euros! Se a sua resposta foi diferente, tranquilize-se, ainda não pertence a esta geração... inútil! Inútil, desde logo porque esteve a estudar... para nada! O título de Dr. ou Engº apenas fica bem nos cartões de visita, na placa da porta do escritório, ou então para ser chamado(a) em alta voz... Que pena, tantos sacrifícios dos seus pais..., para nada, sem qualquer utilidade. Se não atingiu o lugar que ocupa por concurso ou sufrágio universal, então... foi por convite, cunha ou pela cor dos olhos, pelo palminho de cara... ou nalguma alcofa, que me escuso de comentar! Auferir 3 a 5 mil euros ou mais... apenas com estes “requisitos” é demais, pois certamente o leitor não pensa que, sinceramente, o que faz (ou o que não faz... e devia fazer) vale, mesmo, essa choruda quantia que, todos os meses leva para casa, “roubada” a todos nós, os trabalhadores. Se ainda tem dúvidas, ou se se sente ofendido, então aconselho a fazer um auto-exame do que dá em troca de tão generosa retribuição..., e não vale fazer batota, não pense

que o que dá é “super valioso e único”, pois “mercadoria” dessa, é o que não falta... na esquina! Seria desejável um estudo sociológico a esta “fauna”, no sentido de identificar os “vícios” desta nova geração, nomeadamente: - Quantos telemóveis tiveram nos últimos 12 meses; - Quantas vezes almoçam/jantam nos restaurantes, por mês; - Qual o padrão da sua habitação? - Qual o modelo, versão e ano de fabrico do seu carro? - Quais e quantos são os seus destinos de férias, por ano? - Quais as marcas que conhecem, vestem e calçam? Daria certamente um estudo interessantíssimo, com publicação garantida nas disputadas revistas da imprensa “cor de rosa”, que alimentam o sonho de muitos(as) aspirantes a pertencerem a esta geração “rosa choque”. Claro que agora, com os cortes de 5 a 15%, e se considerar que vale mais do que agora passará a receber, será uma boa oportunidade de virar as costas a esta “bela teta”, deixar o emprego/“tacho” do partido, e procurar trabalho, sem rede (leia-se, sem cunhas...) nesta sociedade civil aberta e testar, definitivamente, se efectivamente tem “unhas para tocar viola”, ou, se preferir, se tem aptidão para alguma coisa..., na tentativa de deixar de ouvir baixinho que é “boy” ou “girl” do partido do poder...

TRABALhADOR(A) Por outro lado, se a sua resposta foi NÃO, SIM, SIM, então resta-lhe a consolação de ser enquadrado no extenso escalão dos(as) “Trabalhadores”, daqueles(as) que cumprem os seguintes requisitos: 1º Ganham menos de 3 mil euros, mais vulgarmente abaixo dos mil euros; 2º Exercem a profissão em função da sua habilitação literária ou profissional; 3º Alcançaram o pequeno lugar que ocupam, depois de muitas candidaturas a numerosos concursos, e de muitas mais entrevistas a lugares onde... os que ganhavam eram, inevitavelmente, os irmãos, filhos, sobrinhos e afilhados... dos que já lá estavam. Sendo “Trabalhador(a)” então está condenado a trabalhar, honesta e arduamente, para garantir a sobrevivência da sua família, e ainda os luxos da geração dos 3 a 5 mil euros... e mais. Cabe-lhe a si trabalhar, para sustentar os vícios de quem nunca trabalhou, e que, por isso, nunca há-de descobrir “por onde a formiga mija”, como se dizia antigamente. Esta é uma “pescadinha de rabo na boca”, cujo ciclo, alguém, um dia, há-de romper. Para nossa própria sobrevivência, espera-se que tal aconteça muito proximamente! Contributos, para po.acp@mail.telepac.pt


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OPINIãO

Tribuna das Ilhas

rETaLHos Da nossa HisTória – LxxxVii

no Centenário da República Portuguesa (17) Fernando Faria

22.GOvERNADOR

FERNANDO JOAqUIM

N

o dia 4 de Março de 1916, cinco dias antes da Alemanha haver declarado guerra a Portugal, o ministro do Interior do Governo de Afonso Costa exarava o seguinte despacho, que não teve o visto do Conselho Superior da Administração Financeira do Estado, invocado que foi o habitual e inevitável motivo urgente de serviço público: “Fernando Joaquim Armas, escrivão-notário, nomeado em comissão, para o cargo de governador civil do distrito da Horta”1. Quando, a 18 de Março de 1916, Fernando Armas tomou posse, já o Ministério de Afonso Costa, exclusivamente composto por membros do Partido Democrático, se havia demitido (10 de Março), abrindo caminho à formação de um Governo de unidade nacional. Este, que ficou para a história como da União Sagrada, contou com a participação de influentes figuras democráticas, evolucionistas e independentes, e, inicialmente, com a não hostilização dos unionistas. Liderado por António José de Almeida, esteve no poder de 16 de Março de 1916 a 25 de Abril de 1917, período este que quase coincide com a administração distrital de Fernando Armas. Partidário de Afonso Costa, este florentino nascido na vila de Santa Cruz tinha vindo para o Faial em Agosto de 1915 assumindo então o cargo de administrador do concelho da Horta. Exercia essas funções quando foi nomeado chefe do distrito

Machado Oliveira

M

ariana d´Arriaga, filha de Sebastião d´Arriaga Brum da Silveira e de Maria Cristina Pardal Ramos Caldeira, irmã do primeiro presidente da República Portuguesa, o Dr. Manuel d´Arriaga, e da poetisa Maria Cris-tina d´Arriaga, nasceu na cidade da Horta a 15 de Janeiro de 1846 e faleceu na mesma cidade a 20 de Maio de 1916. Embalada no seio da cultura familiar e faialense da época (a cultura faialense notabilizou-se em todo o país e mesmo em muitos países no estrangeiro) deixou-nos vários poemas publicados em jornais e almanaques, poemas simples onde não entra o parnasianismo, mas contemplativos na vivência da sociedade

e, porque se deslocava frequentemente à terra natal, era lá que se encontrava quando chegou a notícia de que ascendera a governador civil. Por esse motivo, no dia 16 de Março, a “União Musical Florentina, acompanhada de muito povo, cumprimentou o novo Governador Civil, sr. Fernando Armas que aqui esteve de visita, subindo ao ar muitas girândolas de foguetes”2 . Passados dois dias, estava ele na Horta tomando posse do novo cargo que lhe foi conferido pelo “eterno” e competente governador civil substituto António de Simas Machado e Melo que, por razões inexplicáveis, nunca chegou a titular, apesar de ter exercido efectivamente e por largos períodos, aquelas funções desde Outubro de 1910. A imprensa faialense da época, condicionada pelo poder e receando a censura, louvava todas as nomea-ções, pelo que a de Fernando Joaquim Armas, não seria excepção. Assim, O Telégrafo, de 18 de Março de 1916, considera-o um “cavalheiro enérgico e sabedor, de quem muito há a esperar, especialmente na presente ocasião”. Relatando a cerimónia, adianta que “o sr. Simas e Melo, ao fazer a entrega [do cargo], empregou palavras de justiça para com o sr. Fernando Armas e seu ilustrado secretário-geral sr. dr. Urbano Prudêncio da Silva. O sr. Manuel da Câmara [tesoureiro de Finanças e também governador civil em 1918] usando da palavra teceu os maiores elogios aos referidos felicitando-se a si e a todo o povo do distrito, atendendo a que na época que atravessamos seria difícil quem pudesse substituir s. exc.ª”. Finalmente, o empossado “agradeceu todas as palavras que lhe foram dirigidas e que da sua parte faria o possível por bem desempenhar um cargo que reconhecia ser superior às suas forças”. Depois de “lido o auto de posse, seguiram-se as assinaturas de vários chefes de repartições, funcionários públicos, amigos e admiradores”. São aqueles propósitos de bem servir e de leal e diligente cooperação que assegura às mais diversas autori-

dades locais, regionais e nacionais em ofício-circular datado desse mesmo dia e de que existe cópia no Arquivo do Governo Civil da Horta (AGCH). Tendo exercido o mandato em tempo de guerra e de grave crise económica e financeira, em que havia falta de géneros de primeira necessidade como o pão, o leite, a carne, o carvão, o papel e tantos outros de consumo corrente, Fernando Armas deve ter passado por períodos tormentosos. Por isso, ou por outras razões que desconheço, foram várias as ocasiões em que se retirou para Santa Cruz das Flores, deixando o seu substituto António de Simas Machado e Melo no exercício das funções de governador civil. Na extensa e dispersa documentação que constitui o acervo do extinto Governo Civil da Horta e nos jornais do distrito existem editais, ofícios e instruções que, de algum modo, testemunham o que foram aqueles tempos conturbados, incidindo sobre a segurança e a subsistência dos povos das quatro ilhas do distrito. A partir de meados de 1916 encontram-se, com certa regularidade, ofícios dirigidos aos membros da Comissão Preventiva de Censura à Imprensa com proibições explícitas e pormenorizadas, como sejam: - a não permissão de serem publicadas notícias “sobre a partida e carga dos navios que saem da América do Sul com destino aos portos das nações aliadas, nem tão pouco a de notícias ou anúncios cifrados no todo ou em parte, pois que bem podem encobrir uma correspondência suspeita”3; - a interdição de noticiar “tudo o que importe qualquer incitamento ou provocação a crime ou delito contra Presidente e Ministros”, e “tudo o que diga respeito a assuntos militares ou navais, recursos do Exército e da Marinha, movimento de forças e, nomeadamente, a estada ou passagem de quaisquer oficiais ou soldados de nações aliadas em território português”; também “quaisquer notícias impressionantes sobre derrotas dos aliados, antes de se acharem oficialmente confirmadas” ou “boatos e

notícias alarmantes de carácter político, financeiro e económico”4. Estes são apenas dois exemplos dos vários ofícios que periodicamente o governador civil Fernando Armas remetia, por ordem do ministro do Interior, à Comissão de Censura Distrital que em 31 de Julho era constituída pelo capitão Álvaro Soares de Melo, tenente-ajudante Tito Lívio Raposo da Ponte e tenente Albano Augusto Dias. Também eram frequentes as medidas para acudir à crise alimentícia que afligia as populações. Um exemplo é este edital de 3 de Novembro de 1917, assinado pelo governador civil substituto António de Simas Machado e Melo, fazendo público que “a Comissão de Abastecimentos resolveu conceder desde já aos proprietários e arrendatários, residentes na ilha do Pico, de prédios situados nesta do Faial e explorados por sua conta, o transferirem para os seus domicílios naquela ilha, em massaroca do milho da colheita deste ano, produzido nos aludidos prédios, uma vez que esteja feito o devido manifesto e feito na administração do concelho a declaração de transferência a que se refere a parte final do artigo 13.º do Decreto n.º 3.313, de 24 de Agosto último. Resolveu também que de ora em diante a permissão da exportação da manteiga de vaca desta ilha para fora do distrito fique dependente de os exportadores, por combinação entre si, assegurarem o seu abastecimento e o do leite nesta cidade pelos preços competentemente fixados”5. Isto é esclarecedor dos tempos difíceis em que Fernando Armas, bem substituído e auxiliado por António de Simas Machado e Melo, esteve à frente dos destinos do distrito da Horta. Se oficialmente terá aquele cessado funções em 12 de Julho de 1917, o seu sucessor, o médico dr. Manuel Francisco das Neves Júnior, só tomou posse a 17 de Dezembro nomeado por Machado dos Santos, ministro do Interior do Governo de Sidónio Pais. Nesses cinco meses a chefia do distrito foi assegurada por

Machado e Melo que, certamente por discordar da revolução de 5 de Dezembro, “deixou de exercer o cargo de governador civil do distrito, tendo delegado aquelas funções no secretário-geral sr. José Garcia do Amaral”6. Entretanto, Fernando Joaquim Armas regressara às Flores e ao exercício da função de escrivão-notário, até que, em 1922, se entrega novamente à actividade política como presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz. Nascido em 10 de Outubro de 1864, faleceu a 22 de Janeiro de 1931. Era filho de José Jacinto Armas da Silveira e de Maria Fernanda de Mesquita e Armas. Casou em 1 de Fevereiro de 1883 com Palmira Lopes de Amorim e tiveram quatro filhos: Palmira de Amorim Armas, Fernando Joaquim Amorim Armas, José Amorim Armas e Celestina de Amorim Armas. Os seus dois irmãos também se destacaram na vida florentina: o médico dr. José Jacinto Armas da Silveira e o padre Roberto Fernando Armas. 1 diário do governo, ii série, n.º 61, de 14.3.1916 2 o Telégrafo, 18 Março 1916, p.3 3 Agch, maço 1916-A of.º 94 de 31.8.1916 4 idem, ibidem, of.º 115 de 30.10.1916 5 “o Telégrafo”, de 3.11.1917, p.3 6 idem, 13.12.1917, p. 2

MARIAnA d´ARRIAgA e na admiração e observação da paisagem. A COIMBRA Tem belezas teus encantos Que te deu a natureza, Secas dos olhos os prantos, Levas de nós a tristeza.

Aqui tudo tem amor, há uma plácida harmonia, Que não pode decompor, nem dizer a fantasia. não se sente correr horas Perpassando docemente Através das vastas flores

da cidade refulgente. o cantar do rouxinol nas copas dos arvoredos Às horas do por do sol Tem celestiais segredos. não ser esta a pátria minha, Que eu alegre viveria, vendo a veloz andorinha Saltitando à luz do dia. Mas só posso decantar-te, nas minhas trovas singelas, vibradas pelo sentir Que traduz o sentir nelas. És tu, pois, astro do dia.

Que aos montes, rio e selvas dás a luz, brilho, alegria, Enxugando as verdes relvas. PERFIL A CARvãO D. instinto e nobre de alma,raça e coração,

J ovial, tratável,modesto sem pretenção. O lhar de quem medita, olhar d´um pensador, ã mavel e atraente no gesto e no expor O nde revela a mais polida educação .

D espido dos teores da sua antiguidade, A braça com fervor as leis da igualdade. C urva-se no infortúnio sem um ai soltar. A luz da fé o guia sobre o vasto mar, M antém em si a magua, cala consigo a dor. A mente do que é belo em toda a criação. R emindo à inteligência a vasta ilustração. A s artes grande culto, às letras grande amor


DEsporTo

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anDEboL

fuTEboL

AbC foi mais forte que SCH

lajense vence torneio de Abertura

g ABC e Benfica venceram, este sábado, os respectivos compromissos da sexta jornada do campeonato da Liga de andebol, mantendo-se por isso na liderança da competição. Os bracarenses ainda sofreram mas acabaram por somar vitória confortável frente ao Sporting Horta, enquanto o triunfo do Benfica foi mais curto, também pela boa resposta dada pelo São Bernardo. Ao ABC e ao Benfica junta-se na liderança da tabela o Porto, que

5. Sporting 14 6. Schorta 12 7. Belenenses 12 8. Madeira SAd 12 9. São Mamede 11 10. Xico 8 11. S. Bernardo 7 12. c. 7 Fontes 6

venceu o Águas Santas. rESuLTAdoS: ABc - Sporting horta, 35-29 S. Mamede - Belenenses, 25-24 Xico - colégio 7 Fontes, 25-20 São Bernardo - Benfica, 32-36 Sporting - Madeira SAd, 22-23 Águas Santas - Fc Porto, 27-31 cLASSiFicAção: 1. ABc 16 2. Benfica 16 3. Fc Porto 16 4. Águas Santas 14

Na próxima jornada, que se realiza amanh, dia 16 de Outubro, o Sporting da Horta recebe o Xico Andebol, num jogo a acontecer no Pavilhão Desportivo da Horta, pelas 21h00.

g Foi do outro lado do Canal que se fez a festa na última jornada do Torneio de Abertura da Associação de Futebol da Horta, com o Lajense a vencer no passado domingo o Fayal Sport Club por 2-1 e a garantir a taça. No outro jogo da jornada, o Cedrense foi ao Vale vencer os locais por 2-3. Contas feitas, o Lajense sagrou-se vencedor com 9 pontos, os mesmos que o segundo e terceiro classifica-

dos, Fayal e Cedrense, respectivamente. O Futebol Clube dos Flamengos somou 3 pontos, enquanto que o Desportivo da Feteira não conseguiu pontuar. Este fim-de-semana, arranca o Campeonato da AFH. Assim, no domingo, a partir das 14h30, o Lajense recebe o Cedrense no Pico, enquanto o Feteira joga no Vale frente ao Flamengos, às 16h00. O Fayal folga na primeira jornada. MP

fuTsaL – TornEio DE abErTura Da afH

King

Humidade no Pavilhão impede jogo do passado fim-de-semana

José Serpa lidera

g As condições meteorológicas do último fim-de-semana impediram a concretização da partida que opunha o Atlético ao Fayal Sport, no âmbito da terceira jornada do Torneio de Abertura da Associação de Futebol da Horta de Futsal, em seniores masculinos. A humidade que se fez sentir tornou o piso do Pavilhão da Horta demasiado escorregadio. Os jogadores ainda iniciaram a partida, mas no final da pri-

meira parte o jogo acabou por ser cancelado. Até à altura, o Atlético vencia os verdes da Alagoa por 2-1. Para este sábado, a partir das 19h00, no Pavilhão da Horta, está agendado o jogo entre o Fayal Sport e o Flamengos. SÉNIORES FEMININOS – JOGADORAS DO FLAMENGOS LEvAM A MELhOR SOBRE O

CEDRENSE No domingo, com a melhoria das condições meteorológicas, o piso do Pavilhão da Horta permitiu a realização de mais uma jornada do Torneio de Abertura da AFH em Futsal, Seniores Femininos. As jogadoras do Flamengos já tinham vencido o Desportivo da Feteira na última jornada, e repetiram a proeza, desta feita vencendo o Cedrense por 5-2.

raDiCaLmEnTE DifErEnTE

VIdEntE - MEdIuM - CuRAndEIRo

Jovens com deficiência são pilotos por um dia g O Projecto Moviment´arte da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial (APADIF) e o Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) da Santa Casa da Misericórdia da Horta, interessados em proporcionar mais uma experiência enriquecedora, única e ines-quecível, junto dos seus utentes com deficiência, propuseram aos pilotos locais João Borges, Paulo Nóbrega e Paulo Costa a realização de um “passeio” em carros de rally com os utentes destes dois projectos. O evento terá lugar amanhã, 16 de Outubro, entre as 15h00 e as 17h00, no Troço do Rato – Chão Frio e contará com o apoio das empresas Jante 18, MundoPT, e ainda da Câmara Municipal da

g O Campeonato de King 2010 continua em força, e caminha para a sua 24.ª jornada, que se realiza na próxima segunda-feira. Na liderança da classificação geral segue José Serpa, que partilha o pódio com Carlos Vilela, em segundo lugar, e Mário Dutra, em terceiro. Na passada jornada, a vitória foi no feminino, com Isabel Fraga a levar a melhor sobre os restantes jogadores. Em segundo e terceiro lugar ficaram José Leitão e Paulo Taveira, respectivamente.

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da APADIF e CAO da Santa Casa da Misericórdia da Horta pretendem mproporcionar uma maior e eficaz participação e integração do cidadão com deficiência na comunidade faialense; desmistificar os mitos e

preconceitos relativos ao cidadão com deficiência; potenciar a igualdade de oportunidades para todos e todas, bem como promover o reconhecimento da pessoa com deficiência como cidadão pleno de direito e de competências.


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EnTrEVisTa

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HéLDEr frEiTas

faialense multifacetado: informático, músico e fotógrafo amador Desde muito jovem que o mundo da fotografia o atrai e apaixona. Acaba de realizar a sua primeira exposição fotográfica que esteve patente de 27 de Agosto a 01 de Setembro, na Santa Casa da Misericórdia de vila Franca do Campo, uma exposição partilhada, com Filipe Peixoto. Falamos de hélder Freitas, um faialense que, por motivos profissionais, está a viver em São Miguel mas que não esquece as raízes. “As minhas raízes estão nessa ilha maravilhosa para onde um dia espero voltar, à qual tenho fortes ligações afectivas, que trato sempre como ‘a minha ilha’ e onde estão pessoas que me são muito queridas” – afirma. Maria José Silva Recentemente Helder freitas expôs, pela primeira vez, as suas fotos. Como se proporcionou tudo isso? A exposição inseriu-se nas festividades em louvor ao Senhor Bom Jesus da Pedra, que acontecem todos os anos no final de Agosto em Vila Franca do Campo e são promovidas pela Santa Casa da Misericórdia daquela vila. Tudo acaba por acontecer de uma forma muito natural e na sequência da publicação dos meus trabalhos na internet, quer na minha página pessoal quer em sites da especialidade, e um pouco em jeito de desafio surgiu o convite. Esta mostra é o resultado de quantos anos de trabalho? Os trabalhos expostos são todos recentes, com menos de um ano. No entanto são o resultado de toda uma vida não só de trabalho mas de evolução, aprendizagem, troca de experiências e de conhecimentos, é ainda o resultado de muito incentivo, muito apoio e muita compreensão por parte da minha companheira e mulher Elisabete. de onde e como surgiu o gosto pela fotografia? Ao iniciar os estudos liceais veio o contacto com algumas publicações especializadas da área das quais me tornei leitor assíduo e daí surgiram as primeiras experiências com uma pequena compacta. Durante muito tempo fotografei só para mim, era tipo uma paixão secreta. Remonta a essa época o fascínio que nutro pela natureza, com o mar em particular evidência, e que acaba por estar sempre presente ao longo de todo o meu percurso.

Autodidacta, em permanente processo de aprendizagem, adquiri a primeira máquina SLR analógica nos finais dos anos 90 e só em 2004 aconteceram os primeiros contactos com a tecnologia digital. No ano de 2009 adquiri o actual equipamento e este sim, já me permite explorar outras técnicas e efectuar uma abordagem diferente aos temas captados, sempre na procura de melhorar a qualidade, quer técnica quer artística. Já participou em vários eventos ligados à fotografia. fale-nos um pouco deles. Possuo três fotos seleccionadas no concurso “Féstividades10” organizado pela Associação de Fotógrafos Amadores dos Açores, para integrarem as 20 escolhidas que vão constituir a exposição patente ao público no decorrer das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres de 2011. Tenho ainda uma foto publicada na edição de Junho de 2010, da revista do Parlamento Europeu “The Parliament Magazine’s – Regional – Europe’s Regions and Cities Review”. Em 2004 surgiram as primeiras publicações na internet com o inicio da publicação regular de fotos no Portal do Governo Regional dos Açores, nas secções “Foto do dia” e “Galerias temáticas” e que se prolongou durante alguns anos. Mais recentemente realizei a minha primeira exposição fotográfica, de 27 de Agosto a 01 de Setembro, na Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo. Foi uma exposição partilhada com Filipe Peixoto e, sem dúvida alguma, uma grande e enriquecedora experiência, que acabou mesmo por exceder todas as minhas expectativas.

PERFIL: natural da freguesia de castelo Branco, ilha do Faial, hélder Freitas nasceu em 1965. Por cá viveu até 2004, altura em que se radicou em São Miguel, onde reside

o que o fascina nesta arte? Tenho um gosto especial por perpetuar o momento e olhar cada instante como ímpar e exclusivo nesta perfeição que é o ciclo da vida em que nada se repete, tudo passa e o imprevisto está sempre a acontecer. Criar, preservar e partilhar memórias de olhares e de instantes, de breves e exclusivos momentos, de cores e de tons, de formas e de texturas, de rostos e de expressões, de sentimentos e de emoções… Fotografar é uma paixão que há muito me acompanha!

faço fotografia essencialmente por prazer. Depois será aprender, toda a nossa vida é um processo de descobertas, aquisição de conhecimento e evolução, é que para quem ama a fotografia não basta gostar, é preciso entender a fotografia, colocar um pouco de si em cada foto e, para além de “captar imagens”, deixar um registo da sua visão das coisas e sobre o mundo sem nunca nos esquecermos de que fotografar é imortalizar um momento que é único! E que… as regras existem também para serem quebradas!

o que pretende quando sai de máquina ao ombro? Encaro cada saída para fotografar como uma descoberta, uma aventura em que o imprevisto pode por acontecer, uma nova experiência, um pouco mais de conhecimento a reter e, quem sabe, estar no lugar certo na hora certa…

Para quando uma exposição no faial? Para já não tenho nada planeado apenas posso dizer que se algum dia se concretizar será uma exposição que vou encarar com um carinho e um gosto muito especial.

tem algum estilo próprio? Isto é, prefere fotografar pessoas, paisagens, animais? Porquê? Comecei o meu percurso com fotografia essencialmente de natureza e paisagem, mas gradualmente tenho vindo a enveredar também por outras áreas como o fotojornalismo ou foto-reportagem. Gosto muito de trabalhar com pessoas, vejo o ser humano ele próprio um mundo neste nosso mundo e com uma riqueza quase infinita de temas a explorar, mas creio que só o tempo poderá dizer qual será o caminho que seguirei e se acabarei por me dedicar apenas a uma área ou não.

tem algum objectivo concreto dentro desta área? Em primeiro lugar está a satisfação pessoal e o gosto que nutro por esta arte,

actualmente. Estudou na Escola Secundária Manuel de Arriaga, na horta, e é Técnico de informática da Administração regional. Tem no mar outro amor e como desportos preferidos os náuticos, com especial incidência para a pesca desportiva e a vela. Lugares como o Morro de

NASCI PARA A MÚSICA Para além da fotografia, Hélder também se dedica à música. fale-nos um pouco deste percurso... Sei que integrou várias filarmónicas e grupos musicais de baile... A música ocupou e ocupa um destaque especial na minha vida, são mais de 30 anos de dedicação. O meu pai tocava saxofone e de uma forma muito natural acabei por seguir-lhe as pisadas. Aos 13 anos ingressei na filarmónica “Euterpe”, então sob a regência do Sr. Eduardo Costa e iniciei assim um percurso onde participei nos mais diver-

castelo Branco ou o vulcão dos capelinhos, o mar e os pequenos portos de abrigo, o místico Porto da horta e a sua Marina, a vista para o canal e o Pico como fundo, preenchem as suas memórias com doces recordações e ocupam um lugar especial no seu coração. Para hélder, estes locais “são mágicos”.

sos tipos de grupos musicais. Destaco desse período os anos em que fui regente da “Euterpe” e mais tarde da “Artista Faialense”. Integrei a primeira formação da Orquestra Ligeira da Câmara Municipal da Horta, mais tarde estive na Orquestra Ligeira da Povoação e recentemente fiz parte da primeira formação da Orquestra Ligeira da Associação Musical de Lagoa estas últimas na ilha de São Miguel. Foram várias as filarmónicas que integrei ou dirigi e para além das duas já mencionadas também passei pela Incrível Almadense na cidade da Margem Sul do Tejo e na ilha de São Miguel a Marcial Troféu da vila da Povoação, Estrela D’ Alva na vila da Lagoa e Nossa Senhora da Oliveira na Fajã de Cima. Outro tipo de grupo característico em que participei e que me dava muito prazer foram os grupos de baile, ou melhor, os “Conjuntos”, e que belas e animadas noites! Foi um percurso intenso e deveras gratificante do qual guardo bonitas recordações e muito bons amigos. A arte norteia o seu dia-a-dia... Porquê? É um escape? uma paixão? Diria antes que é uma maneira de estar na vida!


Tribuna das Ilhas

15 DE OUTUBRO DE 2O1O

AgRAdECIMEnto

CrEsaçor

Acção de Sensibilização Promover o Empreendedorismo, Igualar oportunidades g A Cresaçor, ao abrigo do Fundo Social Europeu PRÓ-EMPREGO, realiza no próximo dia 20 de Outubro, no Observatório do Mar dos Açores, a Acção de Sen-sibilização Promover o Empreendedorismo, Igualar Oportunidades. Os objectivos desta acção passam por apelar a uma crescente intervenção das mulheres na sociedade; difundir medidas de incentivo à criação de auto-emprego; difundir as associações, cooperativas, gabinetes que prestam auxílio na dinamização e concretização destes projectos e descentralizar as acções informativas dos maiores centros populacionais. A Cresaçor foi incubada no âmbito do Projecto de Luta Contra a Pobreza e pela criação de um programa para o desenvolvimento das empresas de inserção sócio-profissional dos Açores – O Projecto IDEIA, iniciado em 1999. De acordo com informação disponibilizada no seu site, representa na Região a Rede de Economia Solidária dos Açores, formada actualmente por 21 instituições sem fins lucrativos que apoiam e acompanham públicos em risco promovendo a sua inclusão, nomeadamente através da formação e empregabilidade, tendo como referencia os princípios de Economia Solidária. Integra também a Rede de Economia Solidária da Macaronésia constituída pelas Regiões Açores,

noTíCias

Artur Furtado Cardoso

rEsTauranTE E snaCK-bar arEEiro • CapELo • TELf. 292 945 204 • TLm. 969 075 947

A família, na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que nos acompanharam neste momento de grande dor, mandaram flores, telefonaram, assistiram à missa, participaram no funeral ou de alguma forma manifestaram o seu pesar.

MARIA dA glÓRIA A família de Maria da Glória participa que manda celebrar uma missa no dia 16 de Outubro, pelas 17h00, no Norte Pequeno, e outra no dia 17 de Outubro, pelas 10h00, na Igreja do Capelo, sufragando a alma da saudosa extinta. A missa do 30.º Dia será realizada no dia 20 de Outubro, pelas 18h30, na Igreja do Capelo. Agradecem a todos quantos participem na celebração litúrgica.

AgRAdECIMEnto Cabo Verde, Canárias e Madeira. Fundadora e impulsionadora da Rede de Responsabilidade Social das Empresas e Organizações dos Açores, que conta actualmente com 23 MmNacional de Responsabilidade Social promovendo as diversas dimensões da Responsabilidade Social, sustentadas nos seus três pilares: o Social, o Económico e o Ambiental. A Cresaçor dispõe de uma equipa multidisciplinar que, de acordo com o seu objecto social, colabora com os associados e públicos em risco ao nível da Assistência Técnica em diversas áreas: desenvolvimento de iniciativas de promoção da Economia Solidária e Desenvolvimento Local como a realização de feiras, colóquios e seminários; concepção de candidaturas a projectos e sistemas de incentivos regionais, nacionais e comunitários; criação de imagem; organização de eventos; realização de acções de formação; consultoria em qualidade, higiene e segurança no trabalho e no desenvolvimento de iniciativas de turismo social e solidário.

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A família agradece reconhecidamente a todas as pessoas que de algum modo manifestaram o seu pesar, estando presentes, acompanhando no funeral, enviando flores, telefonando ou visitando aquando e após o seu falecimento. A todos o nosso muito obrigado.

EMENTA PARA DOMINGO

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ConSElHo dE IlHA do fAIAl

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EdItAl

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os preços da Pronto a vestir

ângElo MAnuEl dA CoStA duARtE, PRESIdEntE do ConSElHo dE IlHA do fAIAl: fAz SAbER, nos termos do disposto no art.º 16.º do Decreto Legislativo Regional n.º21/99/A, de 10 de Julho, que o Conselho reunirá ordinariamente em sessão pública, no próximo dia 15 de Outubro, pelas 14H30 no Salão Nobre da Câmara Municipal da Horta, com a seguinte Ordem de Trabalhos: Ponto uM - Parecer sobre “Anteproposta do Plano Regional Anual para 2011”; Ponto doIS - assuntos de interesse para a ilha do Faial. Horta, 1 de Outubro de 2010 O Presidente do Conselho de Ilha, ângelo Manuel da Costa duarte

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15 DE OUTUBRO DE 2O1O

OPINIãO

Construir com Confiança

É

Alzira Silva

saudável distanciarmo-nos em tempo, espaço, emoção e pensamento do nosso quotidiano, muito especialmente os que o têm rotineiro e os que vivem fixados em objectivos e vêem toda a realidade à luz dos mesmos. Por outras palavras, é saudável afastarmo-nos da árvore para podermos ver a floresta. Foi o que fiz durante os últimos meses, deixando repousar esta colaboração e outros compromissos para, com outra disponibilidade e o mais liberta possível de preconceitos (que todos os temos, mas há quem não reconheça os seus) iniciar um novo ciclo. Sem surpresa, reparo que alguns dos velhos temas ainda são repetidos como uma oração – mas sem fé. Sem estranheza, noto que as pessoas mais aziagas ainda insistem em discursos repisados – mas sem esperança. Sem assombro, percebo que a velha máxima “sol na eira e chuva nas couves” continua a ser perseguida – mas sem o discernimento da premissa “não se pode ter”. Entendam-me: a liberdade de pensa-

mento e de discurso é um bem precioso. Corrijo: toda a liberdade é um bem precioso desde que acompanhada da mesma quota de responsabilidade. E este é o cerne da questão: no momento em que vivemos a responsabilização assume especial importância. Responsabilidade na acção mas também nas palavras, responsabilidade no trabalho mas também no convívio, responsabilidade na política mas também na cidadania (não há, de resto, como separar a primeira da segunda). Os agentes políticos e sociais têm, portanto, uma responsabilidade acrescida nesta fase: de produzir em vez de pedir, motivar ao invés de desmoralizar, contribuir em contraponto à crítica estéril, valorizar e não diminuir, garantir ao contrário de desamparar. Para enfrentar, com sucesso, novas dificuldades são necessárias novas atitudes inconformistas e actuantes. Há que acreditar que podemos transformar as dificuldades em oportunidades. Mas se não confiarmos em nós, não teremos as ferramentas necessárias para encetar esse caminho. Cada um de nós é agente de mudança, se quiser. Como reza a sabedoria popular: querer é poder. Atitudes de queixa, de protesto e de negativismo são passadistas. Pertencem a um tempo que já morreu. A actualidade é um desafio constante ao

nosso engenho, é uma prova para a nossa criatividade, é um repto ao nosso sentido de inovação pessoal e social, é uma provocação para nos superarmos, é uma dádiva para aperfeiçoarmos o nosso sentido produtivo e a nossa capacidade de execução, para revigorarmos o nosso tecido empresarial, para fortalecermos o nosso sentido comunitário, para empreendermos um novo rumo colectivo. Sim, sei que há jovens à procura de emprego e empresas em dificuldades. Mas sei que há apoios para os jovens criarem o seu próprio emprego e para as pequenas empresas criarem postos de trabalho, se apresentarem projectos exequíveis. Sim, tenho conhecimento das dificuldades de muitos idosos. Mas nunca houve tantos apoios para os idosos como nos nossos dias. Sim, há quem diga que as crianças são as que mais sofrem. Mas jamais houve tanta atenção para as crianças como agora. Sim, conheço adultos que se esforçam muito para garantir o sustento das suas famílias. Mas nunca foi dada tanta ajuda institucional à família. Sim, reconheço que há crise de valores. Mas a humanidade com valores cresce. Sim, estamos preocupados. Mas exactamente por isso encontraremos soluções para vencer. (alziraserpasilva@gmail.com)

nadando com golfinhos Frederico Cardigos

H

á uns dias atrás, recebi uma estudante de jornalismo sulafricana que desejava falar sobre natação com golfinhos para um trabalho de final de curso. Começámos por mencionar o elevado número de espécies presentes no arquipélago e as razões naturais que o promovem. Depois, falámos sobre os delfinários e a surpresa começou quando lhe disse que não era totalmente contra estas estruturas. Tive que lhe explicar que o entusiasmo, emoção e mobilização com que especialmente as crianças saem dos delfinários é expressivo e consequente. Informei-a que, num mundo perfeito, seria totalmente contra estas estruturas, mas no nosso, é um dos preços a pagar para que melhore. “Mas vocês não têm!?”, exclamou ela, aludindo ao facto de não haver delfinários nos Açores. Coloquei o meu melhor sorriso e disse “não precisamos. Para nós a natureza, felizmente, vem em estado puro e, neste caso em particular, está ali no gigante azul!” A certo passo, ficou mesmo muito intrigada porque o meu entusiasmo com a natação com golfinhos não era enfático. Eu disse-lhe que não me parecia que os golfinhos ficas-

sem particularmente delirantes com a presença humana; de outra forma não seriam tão esquivos, não teriam atitudes agressivas para quem com eles nada e não limitariam ao mínimo o tempo de presença de humanos nos seus grupos, principalmente quando estão crias por perto. A seguir, depois destas explicações, fui alvo de enormes elogios do tipo “vocês estão tão avançados nos Açores. Enquanto noutros locais, como na Tanzânia, a actividade está completamente desregrada; aqui têm legislação precisa e ainda consideram intensificá-la”. Como a minha honestidade não tem limites e é desbocada, tive que a desiludir um pouco… “É também racionalidade económica. Nos Açores, suspeitamos que a natação com golfinhos irrita tanto os animais que estes se tornam mais fugidios para todo o negócio de observação de cetáceos. Há cientistas a monitorizar a actividade e, quando o momento chegar, se chegar, acabar-se-á a natação. Evidentemente, estar com animais selvagens é um risco. Noutros locais, já foram registados eventos menos simpáticos com golfinhos, e, ao mesmo tempo, também temos que pensar no conforto dos próprios animais, mas a tomada de decisão, no final de tudo, provavelmente assentará em racionalidade económica. Esta racionalidade económica actua a dois níveis: primeiro, como disse, se não houver animais será mau para todo o negócio, mas há

outro factor. Os turistas amantes da natureza, até pelo poder económico que têm de ter para aqui chegar, estão muito bem informados e não são complacentes com actividades que perturbem os animais. Ou seja, caso fique cientificamente provado que os animais são perturbados pela natação com golfinhos e nada fizermos, arriscamo-nos a perder o objecto da actividade e os interessados em efectuá-la. Seria uma extraordinária irresponsabilidade não actuar.” Ela estava verdadeiramente surpreendida e dizia “mas os outros destinos não irão lucrar com a abdicação dos Açores?”. Aí, pude brilhar… “Repare”, disse-lhe, “os Açores já estão habituados a liderar no que à gestão do mundo natural diz respeito. Portanto, tal como noutros tempos se ia a África para caçar animais, hoje os safaris são fotográficos. Se se mantiver o crescimento civilizacional, certamente que a simples perturbação não será tolerada, até como apontam diversas directivas comunitárias. Portanto, se os Açores liderarem, teremos ainda mais turistas de excelência a fazer questão de visitar estas ilhas paradigma!”. Tal como aconteceu em relação à observação de cetáceos, em que implementámos uma das primeiras legislações a nível mundial, estamos em condições de, também aqui, e adaptando o lema da Universidade dos Açores, “iluminar”.

Tribuna das Ilhas

o Ensino Profissional nos Açores

Ruben Simas

É

em meados do século XX que, a par de outras modificações culturais e sociais, se verificam grandes e profundas transformações no ensino, quer na sua forma quer no seu conteúdo. O aparecimento de novos meios de comunicação, de novos equipamentos, de novas indústrias, assim como o acumular de conhecimentos científicos, são de tal modo que tornaram rapidamente obsoletos os tradicionais métodos pedagógicos Neste cenário de evolução tecnológica a educação formal tornou-se demasiado abstracta e desenquadrada dos acontecimentos do mundo do trabalho, face à rapidez com que apareceram no mercado novos, e cada vez mais sofisticados, equipamentos. Para satisfazer esta necessidade surgiram então as escolas técnicas e tecnológicas visando essencialmente a promoção da educação de adultos a todos os níveis, bem como a formação de jovens que tinham de ser integrados rapidamente no mercado de trabalho, devidamente habilitados. Ao mesmo tempo, gestores e empresários asseguravam e promoviam este tipo de formação dentro das próprias empresas, face ao envelhecimento dos métodos de produção e ao declínio das indústrias tradicionais. Começaram a aparecer, pela primeira vez, expressões como “formação contínua”, “formação no posto de trabalho” e “formação profissional”, associadas a programas, os quais correspondem a objectivos concretos e bem definidos. Hoje em dia, a formação está permanentemente ligada à vida profissional de um indivíduo, sendo condição indispensável a um equilibrado desenvolvimento em todos os ramos de actividade.

Face à adesão à CEE em 1986 e aos futuros parceiros, Portugal viu-se confrontado com a necessidade urgente de ter de modernizar e adequar todos os sectores à nova dinâmica europeia e mundial, sob pena de deixar morrer ou limitar o desenvolvimento de vários sectores. Os investimentos realizados na formação, desde Janeiro de 1986, não têm paralelo com o que se fez no passado. Este sistema de ensino é a solução para a maioria dos diferentes casos porque promove, simultaneamente, o acesso à escolaridade obrigatória e assegura uma especialização profissional e uma mais fácil colocação no mercado de trabalho. Aliada ao desenvolvimento de um país está a formação e qualificação da população, sendo inquestionável o apoio contínuo ao ensino técnico-profissional, colmatando lacunas fundamentais para a economia nacional, desenvolvendo formas de contribuir para a diminuição das taxas de analfabetismo e desemprego existentes e criando oportunidades de igualdade, no acesso ao mercado de trabalho. Actualmente, cerca de 50% dos alunos europeus do 3º ciclo do ensino básico escolhem a via do ensino e formação profissional. Apesar de tudo, é reconhecida pela União Europeia a necessidade de modernização, para que esta via de ensino se torne mais atractiva e de elevada qualidade. O governo dos Açores, do PS, bem se pode orgulhar do trabalho e investimento na educação, que, nos últimos 20 anos, foram realizados, e especialmente com o apoio dado às escolas com formação profissional. Um exemplo que não pode cair no esquecimento de todos os açorianos e que a oposição teima em não reconhecer, embora nunca tenha apresentado uma única proposta alternativa e construtiva. Infelizmente o PSD/A não se encontra a si próprio há muito tempo, e para provar isso mesmo está a posição assumida quanto à revisão constitucional, que, ainda hoje, ninguém percebeu.

Porto Pimtado Santos Madruga

R

ealizou-se de 29 de Agosto a 23 de Setembro passado, um Concurso Multiartes, organizado pelo Observatório do Mar dos Açores (OMA). Todos os temas, pintura, escultura, fotografia, ou outra arte à escolha, se deveriam reportar, como solicitado, ao espaço geográfico da paisagem invulgar e envolvente do Porto Pim. Os participantes foram em grande número, ultrapassando, por isso, a 1ª. edição. Os trabalhos expostos foram apreciados por um júri, nomeado para o efeito, nos dias 25 e 26 de Agosto p.p..

Assim, foram atribuídos prémios distinguindo os primeiros de cada modalidade. Esperamos que, para o próximo ano, este evento volte a realizar-se, dado o seu efectivo sucesso. No entanto, gostaríamos de deixar, aqui, apenas a seguinte observação: que, futuramente, a Organização contemple todos os participantes com Diploma de Participação, mesmo em papel reciclado, pois julgamos ser uma forma digna e curricular para com todos os que colaboraram com empenho e dedicação, nesta interessante iniciativa. Haja Saúde! 2010.10.01


informação

Tribuna das Ilhas

NOSSA GENTE

UTILIDADES

PARTIRAM

FARMÁCIAS

• Faleceu no passado dia 5 de outubro, no hospital da horta, com 91 anos de idade, Artur Furtado cardoso. deixa viúva Teresinha de Jesus rodrigues cardoso. o extinto era pai de natália Maria rodrigues cardoso Serras, casada com José Luís correia Serras, e avô de daniela Maria rodrigues cardoso correia Serras. • no dia 4 de outubro faleceu na Santa casa da Misericórdia da horta, com 62 anos de idade, Francisco Faria de Almeida Tareso. o extinto solteiro era natural da freguesia de castelo Branco e por motivos de doença encontrava-se a residir no Lar de S.a Francisco.

15 DE OUTUBRO DE 2O1O

hOJE E AMANhã Farmácia correa 292 292 968 DE 17 A 23 DE OUTUBRO Farmácia Ayres Pinheiro 292 292 749

SPoRtIng Club dA HoRtA fundado em 23 de Maio de 1923 SoCIEdAdE dESPoRtIVA dE utIlIdAdE PúblICA

Assembleia geral ordinária

EMERGêNCIAS -FAIAL i h p o ~ m i i

1ª Convocatória

número nacional de Socorro 112 Bombeiros voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 Telemóvel: 96 323 18 12 Protecção civil - 295401400/01 Linha de Saúde Pública 808211311 centro de Saúde da horta 292 207 200 hospital da horta 292 201 000

Convoco, nos termos do Art. 55º nº 1 dos Estatutos, uma Assembleia Geral Ordinária do Sporting Club da Horta, a realizar pelas 19h30 minutos do dia 08 de Outubro de 2010, na sede Social do Clube, sita à Rua Eduardo Bulcão, com a seguinte Ordem de Trabalhos:

TRANSPORTES - FAIAL

Ponto dois – Dar posse aos órgãos sociais para o biénio 2010/2012, nos termos do Art. 51º nº1 alínea b)

Ponto um – Apreciar e votar o Relatório de Contas da Direcção na época desportiva 2009/2010, nos termos do Art. 51º nº1 alínea b)

jSATA - 292 202 310 - 292 292 290 Loja jTAP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de Taxistas da ilha do Faial 292 391 300/ 500 oTransmaçor - 292 200 380

Ponto três – Analisar e votar o plano de actividades e orçamento de receitas e despesas para a época desportiva 2010/2011, nos termos do Art. 51º nº1 alínea c) Ponto Quatro – Outros assuntos de interesse para o Clube De acordo com o Art. 57º nº 2 dos Estatutos, a Assembleia Geral, caso não se realize na 1ª Convocatória, fica agendada em 2ª Convocatória para as 19h30 minutos do dia 15 de Outubro de 2010 com a mesma ordem de trabalhos, podendo funcionar meia hora depois com qualquer número de Sócios.

METEOROLOGIA

AGENDA CINEMA

Horta, 27 de Setembro de 2010

hOJE E AMANhã 21h30 Filme “Miúdos e Graúdos” no Teatro Faialense hortaludus EvENTOS ATÉ 31 DE JANEIRO DE 2011 CONCURSO DE FOTOGRAFIA - “20 ANOS, 20 ACTIvIDADES” - comemorações do 20.º Aniversário da Associação de Andebol da ilha do Faial ATÉ 22 DE OUTUBRO DE 2010 Seg. a Sab. das 15h00 às 19h00 - Memórias da cidade - Exposição de Pintura de Manuel Passinhas no centro de cultura e Exposições da horta (Antigas insta. do Banco de Portugal) - hortacontemporânea 2010 organização: câmara Municipal da horta AMANhã 21h00 - SP. c. horta - c. d. Xico Andebol - Pavilhão desportivo da horta - organização: Federação de Andebol de Portugal DIA 18 DE OUTUBRO – SEGUNDA-FEIRA 10h00 - “A nossa água – da nascente à torneira” - dia Mundial da Monitorização da Água - castelo de São Sebastião - organização: câmara Municipal da horta

O Presidente da Assembleia Geral João Alberto Silva de Azevedo e Castro

Clube naval da Horta

GRUPO CENTRAL hOJE Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros fracos. vento sueste bonançoso (10/20 km/h). ESTAdo do MAr: Mar de pequena vaga. ondas nordeste de 2 metros. Temperaturas previstas para a horta: Mínima 19ºc Máxima 23ºc. Água do mar 20ºc.

AMANhã Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros fracos. vento leste bonançoso (10/20 km/h), tornando-se gradualmente fresco (30/40 km/h) com rajadas até 55 km/h. Mar de pequena vaga tornando-se cavado. ondas nordeste de 2 m.

DOMINGO Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros. vento leste fresco (30/40 km/h) tornando-se muito fresco (40/50 km/h) com rajadas até 65 km/h. Mar cavado tornando-se grosso. ondas leste de 2m aumentando para 3 m.

Assembleia geral do dia 22 de Setembro de 2010 Informam-se os Excelentíssimos sócios de que a Assembleia Geral do Clube Naval da Horta convocada para o dia 22 de Setembro de 2010, nos termos dos Artigos 11º e 13º dos Estatutos, será retomada pelas 21 horas do dia 20 de Outubro de 2010, para a continuação dos trabalhos abaixo indicados:

aLuga-sE * EsCriTório HorTa – Lg. infanTE, 6, 1ºa (sobre o banif)

2 119m ConTaCTar

Ponto 2 – Eleição de novos Corpos Gerentes do Clube para o biénio 2010-2012;

919 275 256

Ponto 3 – Outros assuntos de interesse para o Clube;

DIA 20 DE OUTUBRO – qUARTA-FEIRA 21h30 - Teatro - “o Estranho caso da rua de Almodóvar” pelo grupo de Teatro Alpendre no Teatro Faialense - Texto e encenação: Eduardo gaspar - A. de encenação: Marco Lima - interpretação: Filomena Ferreira, Frederico Madeira, Judite Parreira e Soraia Aguiar integrado no Xi Festival Juvearte - Produção: AJc - Associação de Juventude da candelária - co-Produção: Teatro de giz - com o Apoio: cMh, hortaludus

Clube Naval da Horta, 8 de Outubro de 2010 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Manuel fernando Ramos de Vargas FIChA

Tribuna das Ilhas DIRECTOR INTERINO: cristiano Bem ChEFE DE REDACçãO: Maria José Silva REDACçãO: Susana garcia e Marla Pinheiro FOTOGRAFIA: carlos Pinheiro

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COLABORADORES PERMANENTES: Alzira Silva, Armando Amaral, Berto Messias, Fernando Faria, Fernando guerra, Fernando Melo, Frederico cardigos, genuíno Madruga, hugo oliveira, Jorge costa Pereira, José Armas Trigueiros, José decq Mota, Marco rosa Mário Frayão, Paulo Mendes, Paulo oliveira, Paulo Salvador, raul Amaral Marques, ruben Simas, roberto Mendonça Faria, zuraida Soares. PROJECTO GRÁFICO: iAic - informação, Animação e intercâmbio cultural, crL

PAGINAçãO: Susana garcia

TÉCNICA

IMPRESSãO:

EDITOR E PROPRIETÁRIO:

REDACçãO ASSINATURAS E PUBLICIDADE: rua conselheiro Miguel da Silveira, nº12, cv/A-c - 9900 -114 horta CONTACTOS: Telefone/Fax: 292 292 145 E-MAiL: tribunadasilhas@mail.telepac.pt tribunadasilhas@gmail.com

TIRAGEM: 1000 exemplares

SECRETARIADO: Fátima Machado

REGISTO: nº 123 974 do instituto de comunicação Social

rua Manuel inácio 9900-152 - horta

de Sousa, 25

DISTRIBUIçãO cTT

iAic - informação, Animação e intercâmbio cultural, crL niPc: 512064652 REGISTO COMERCIAL: 00015/011017 (horta) - Porte Subsidiado GOvERNO REGIONAL DOS AçORES

Esta publicação é apoiada pelo ProMEdiA - Programa regional de Apoio à comunicação Social Privada


FUNDADO 19 DE ABRIL DE 2002

Tribuna das Ilhas

www.tribunadasilhas.pt

SExTA-FEIRA 4 15 DE OUTUBRO DE 2O1O

bubbyLon

novo campo hidrotermal descoberto nos Açores A Bubbylon tem como especial característica o facto de ter chaminés até 1 metro de altura e fluidos com mais de 300ºC. Especial é também o facto de ter 8 pontos quentes onde abundam tapetes brancos de bactérias filamentosas, camarões e caranguejos hidrotermais e áreas completamente revestidas de pequenos mexilhões. Ao todo são 30 cientistas de vários locais do Mundo que estão a investigar as fontes hidrotermais marinhas de profundidade no Oceano Atlântico. g Numa missão liderada por cientistas do MARUM - Center for Marine Environmental Sciences e Max Planck Institute for Marine Microbiology da Alemanha, na qual participaram investigadores do IMAR/DOP da Universidade dos Açores no N/I Meteor, foi descoberto um novo campo hidrotermal com várias fontes marinhas a cerca de 500 quilómetros a sudoeste dos Açores. De acordo com informação disponibilizada no site do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, esta área apresenta chaminés até 1 metro de altura e flui-

dos com mais de 300ºC, e é caracterizada pela existência de cerca de 8 pontos quentes onde abundam tapetes brancos de bactérias filamentosas, camarões e caranguejos hidrotermais e áreas completamente revestidas de pequenos mexilhões Bathymodiolus azoricus. Com um destes pontos denominado “Piquinho” por alusão ao topo da Montanha do Pico, “o nome geral deste novo campo, “Bubbylon”, advém da forma como foi feita esta descoberta, onde foi usada a última geração da sonda acústica do navio Meteor para detectar plumas com

bolhas de gás na coluna de água” – explicam os especialistas. A suspeita de que poderia haver algo “diferente” naquela zona surgiu quando foram detectadas várias cortinas de bolhas a cerca de 5 km do Menez Gwen, onde uma equipa se encontrava a trabalhar. Perante isso, o submersível controlado remotamente, MARUMQUEST, mergulhou na área para documentar a existência de chaminés e fauna típica das hidrotermais na falha Média Atlântica. A investigação das fontes hidrotermais marinhas de profundidade no Atlântico é o objectivo dos 30

cientistas de vários locais da Alemanha (Hamburgo, Bremen e Kiel), de Portugal (Açores) e França, que estão a bordo do Navio de Investigação Meteor desde 6 de Setembro. Desde a descoberta deste novo campo, os cientistas nesta missão têm procurado intensivamente com a sonda na coluna de água e já encontraram pelo menos mais cinco locais com plumas de gás. “O nosso resultado indica que existem muitos mais destes pequenos locais activos ao longo da falha Média Atlântica do que previamente considerámos”, afirmou a propósito Nicole Dubilier,

chefe cientista desta expedição, que explica ainda que “a nossa descoberta é algo excitante já que pode ajudar a dar resposta ao eterno mistério: como é que os animais se deslocam entre campos hidrotermais que se encontram muitas vezes separados por centenas de quilómetros. Talvez eles usem estes pequenos locais como ‘stepping stones’ para a sua dispersão”. A expedição ao vulcão submarino Menez Gwen ao largo dos Açores é financiada pelo MARUM, (Centro de Ciências Ambientais Marinhas) em Bremen.


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