01-10-2010

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No Faial

iii Encontro internacional de Camélias antigas PÁGINA O4

Tribuna das Ilhas

DIrECTOr INTErINO: MANuEl CrISTIANO bEM 4 NÚMErO: 435

CACHALOTE FÊMEA DEU À COSTA A baleia arrojou já sem vida e, depois de analisada pelos biólogos do DOP, foi trazida para terra para enterrar.

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1.outubro.2o1o

Sai àS SExtaS-FEiraS

1 Euro

República foi implantada há 100 anos g Na próxima terça-feira assinala-se o centenário da implantação da República em Portugal. No Faial, as comemorações têm sabor especial, já que esta ilha é o berço de Manuel de Arriaga, primeiro presidente eleito da República Portuguesa. As comemorações arrancam na segunda-feira, pela mão dos mais novos; os alunos da Escola Básica e Integrada da Horta, que prepararam um Arraial Republicano na Praça da República. PÁGINAS O8/O9

DiA MUNDiAL DA MúSiCA

TrIbuNA DAS IlhAS foi saber da saúde das Filarmónicas do Faial

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eDiTORiAl

um CENtENário g Na próxima terça-feira completam-se cem anos sobre a data da implantação do regime republicano no nosso país – uma efeméride de destaque com um vasto programa de comemorações, cuja preparação e execução se alarga a todo o território nacional. Mas o relevo que marca este centenário tem no nosso arquipélago outra razão de peso pela circunstância de serem dos Açores duas das principais figuras do sistema político nascido em 05 de Outubro de 1910 – o micaelense Teófilo Braga e principalmente Manuel de Arriaga, um ilustre filho da cidade da Horta que foi o primeiro Presidente eleito da República Portuguesa. Não vamos discorrer sobre as virtudes do ideal republicano e muito menos sobre o percurso político dos primeiros tempos do novo regime, porquanto nos falta o aprofundado saber sobre tão específica matéria e até porque, este semanário, através dos apreciados trabalhos de um dos seus colaboradores desde a primeira hora e pessoa de reconhecida competência no campo da investigação histórica, tem dado aos nossos leitores uma informação preciosa – em relação à República nas nossas ilhas – sem paralelo noutros órgãos da imprensa regional e mesmo nacional. Todavia, para além dos juízos de valor que possam ser feitos em relação ao agitado trajecto do regime republicano nos primeiros tempos de vigência em Portugal, para além das apreciações controversas que uma análise desse período, de mais de uma década, levantaria, devemos afirmar que os Açores, por efeito do seu afastamento dos centros de decisão política, continuaram a ser terras esquecidas do poder central, embora num novo sistema de feição democrática com aspectos de representatividade. Uma situação que se manteve sob a acção unitária e centralista do Estado Novo, sem que as ilhas pudessem beneficiar de uma verdadeira autonomia, nem mesmo administrativa, em ordem a um mais acentuado e acelerado progresso. E foi preciso se volverem mais de seis décadas após a implantação do republicanismo no país para que, num novo ciclo de abertura à democracia, os Açores conquistassem uma autonomia inscrita e definida nas páginas da constituição Portuguesa e desenvolvida num Estatuto político-administrativo da nossa Região como integrante do todo nacional. Na próxima terça-feira, 05 de Outubro de 2010, o povo açoriano vai festejar o centenário da República em conjunto com as gentes do território continental português, com as populações da Região madeirense e com as comunidades lusas emigradas por todo o mundo. E esse será certamente um dia de exaltação do sistema político e democrático vigente e de homenagem à memória de todos aqueles que, de alma e coração, o honraram, nos seus princípios mais puros a bem da sociedade humana.

em DesTAque

Tribuna das Ilhas

AssembleiA municipAl

Quarto classificado no concurso do Saneamento básico tem até 15 de Novembro para assumir a obra Marla Pinheiro g A informação foi avançada pelo presidente da Câmara Municipal da Horta, durante a Assembleia Municipal da passada quarta-feira, na Praia do Norte. Em resposta a uma questão levantada pelo deputado municipal da CDU Mário Frayão, João Castro disse que o consórcio liderado pela AFAVIAS, quarto classificado no concurso da obra do Saneamento Básico, pediu uma prorrogação do prazo de resposta, pedido esse que foi atendido, à semelhança do que aconteceu com os consórcios que ficaram para trás. Apesar de não haver ainda uma resposta formal do consórcio, João Castro informou os deputados municipais de que, numa reunião com o representante do mesmo, este demonstrou disponibilidade para executar o projecto. O edil lembrou ainda que a renda anual que a autarquia terá de pagar a este consórcio pelo Saneamento Básico – cerca de 2,79 milhões de euros - é inferior à proposta pelo terceiro classificado no concurso (3,2 milhões de euros), que entretanto desistiu. Depois da resposta formal do consórcio, e caso aí se confirme a sua disponibilidade para executar este empreendimento, a obra terá ainda de esperar pelo visto do Tribunal de Contas para avançar. CDu E PSD quErEM PrESIDENTE DA AM NA SESSãO SOlENE DO DIA DA CIDADE O facto do presidente da AM não ter sido uma das personalidades com direito a discurso na última Sessão Solene comemorativa do Dia da Cidade, ao contrário do que vinha sendo hábito nos últimos anos, já tinha merecido o repúdio do grupo municipal do PSD, que tinha enviado uma nota às redacções sobre o assunto. Na última reunião, a questão voltou à baila, desta feita através de um voto de recomendação. O PSD pretendia que a AM recomendasse à CMH voltar a incluir a participação do presidente da AM na Sessão Solene do Dia da Cidade, tendo em conta que se trata de uma prática há vários anos instituída, apenas interrompida este ano, altura em que a presidência do órgão foi assumida pelo socialdemocrata Jorge Costa Pereira. Do lado socialista, Luís Prieto veio contestar o teor do voto, já que este dava a ideia de que a não inclusão do presidente da AM na Sessão Solene do Dia da Cidade se deveria ao facto deste ser de

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uma cor política diferente da da autarquia. Prieto alegou ainda que, sendo a CMH a organizar a Sessão Solene, apenas a ela caberá a escolha dos intervenientes. Também Bruno Leonardo contestou a atitude da facção laranja, entendendo que se o PSD procurasse a unanimidade da Assembleia não faria no seu voto “juízos de valor” sobre a questão. Luís Bruno, do lado da CDU, que já se tinha associado ao PSD neste voto, condenou a atitude da bancada do PS, entendendo que os socialistas, com a “falsa pretensão de querer despolitizar a questão”, acabaram precisamente por politizála fortemente. Para além dos votos a favor do PSD e da CDU, este voto de recomendação contou com a anuência de João Bettencourt. O presidente da Junta de Freguesia da Conceição demarcou-se assim dos restantes elementos do Grupo Municipal socialista, que se abstiveram. IMI MANTéM-SE PArA 2011 Nesta AM, foi também deliberado fixar o Imposto Municipal sobre Imóveis para 2011, mantendo o valor do ano anterior, com a taxa para os prédios urbanos a fixar-se nos 0,6% e para os prédios urbanos avaliados nos 0,25%. A novidade é que a taxa irá dobrar no caso dos prédios devolutos há mais de um ano e triplicar no caso dos prédios em ruínas. Esta proposta não teve o consenso do PSD, que se absteve na votação. Os social-democratas entendem que o agravamento da taxa em relação aos prédios devolutos já está previsto na Lei, não havendo necessidade da AM o aprovar. A questão foi levantada por Roberto Vieira, que quis saber que medidas estavam a ser tomadas pelo município para identificar os prédios devolutos. O presidente da CMH alertou para as dificuldades nessa identificação, dificuldades essas que não foram reconhecidas pelo social-democrata. Para Vieira, a lei é clara, e define um prédio devoluto pelo facto de não haver em relação ao mesmo, facturação de água, electricidade ou telefone, cabendo à autarquia identificá-los, quer analisando os serviços que tutela (a água), quer pedindo informações às empresas responsáveis pelos restantes. PSD DENuNCIA IlEGAlIDADES NOS ESTATuTOS DAS EMPrESAS MuNICIPAIS Da ordem de trabalhos desta AM fazia

parte a votação de uma alteração aos estatutos das empresas municipais, destinada a suprir ilegalidades apontadas pelo Tribunal de Contas no seguimento de uma auditoria à Hortaludus e à Urbhorta. A alteração foi aprovada pelo PS e pela CDU, já que o PSD se absteve. Segundo os social-democratas, as alterações propostas na AM não suprem por completo as irregularidades de que os referidos Estatutos padecem. Roberto Vieira chamou a atenção para a importância da proposta de alteração “ir mais além”, e sugeriu que a CMH fizesse uma revisão aos estatutos, de modo a apresentar depois uma proposta que resolvesse todas as irregularidades. Os restantes deputados municipais, no entanto, entenderam por bem aprovar estas alterações. MuNICíPIO NãO PAGA A TEMPO E hOrAS O relatório do Revisor Oficial de Contas sobre a situação económica e financeira da CMH no primeiro semestre de 2010 também esteve em análise nesta reunião. Uma das questões levantadas prendeu-se com o prazo médio que a autarquia demora a pagar a fornecedores. Neste momento, esse prazo é de 111 dias, fora do período estipulado como o ideal pelo programa nacional Pagar a Tempo e Horas. O assunto foi trazido à Assembleia pelo deputado municipal do PSD Terra Carlos, que reconheceu no entanto que a autarquia se encontra a meio da tabela no que toca a prazos de pagamento a fornecedores. Em resposta, João Castro reconheceu que se trata de um problema difícil de resolver. O edil lembrou que a CMH aderiu a um programa da Região de acordo com o qual o pagamento pode ser feito através de um contrato com uma entidade bancária, ficando depois o município com a obrigação de pagar a essa entidade. No entanto, segundo João Castro, o pro-

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blema de tesouraria da CMH deve-se essencialmente ao facto do volume de execução financeira da autarquia se prender com projectos comunitários, que requerem um investimento muito grande do município, que só depois recebe os financiamentos. GEMINAçãO COM SAblES D’OlONNE O presidente da Câmara Municipal de Sables D’Olonne já enviou um pedido formal para a geminação daquela cidade francesa com a Horta. O anúncio foi feito por João Castro, durante a informação sobre as actividades da Câmara Municipal. A relação da Horta com Sables D’Olonne sustenta-se acima de tudo na náutica de recreio. Ainda neste Verão, a regata oceânica Les Sables/Les Açores/Les Sables ligou as duas cidades, com a participação de quase 40 embarcações da Classe Mini 6.50. ESTEvãO GOMES DEIxA rEIvINDICAçõES Nesta sessão, os deputados municipais rumaram à Praia do Norte, para reunir nas recém-inauguradas instalações da Casa do Povo da freguesia. Estevão Gomes, presidente da Junta da freguesia anfitriã aproveitou para tecer algumas considerações acerca dos desafios que se colocam à Praia do Norte. Para o autarca, o principal desses desafios é inverter o processo de desertificação a que a freguesia tem assistido. Nesse sentido, frisou os esforços desenvolvidos pela Junta de Freguesia para apoiar a fixação da população, e anunciou querer dotar a freguesia de um parque infantil, um parque de merendas e uma piscina. O presidente da JF da Praia do Norte alertou ainda para o “estado lastimoso” do Ramal da Fajã, que urge recuperar, e para a importância de corrigir alguns erros no Aterro Sanitário.

[DEScE]

CNh vENCEDOr

PAíS PErMISSIvO

g O clube Naval da Horta foi o vencedor – como noticiámos –

g

da V Regata Internacional de Botes Baleeiros, à vela e em masculinos, realizada recentemente em New Bedford, na costaleste dos E.U.A.. com esta vitória na edição deste ano daquela prova, o clube Naval da Horta subiu ao primeiro lugar do pódio pela 3ª. vez consecutiva, pois em 2007 e 2008 também se classificou com a mesma distinção. Em remo, masculino e feminino, o clube Naval obteve dois 2ºs lugares da classificação. É caso para felicitar o cNH que está, neste caso, a promover os Açores na América.

com alguma frequência se vê, aqui e ali, nas ruas ou travessas das áreas citadinas, manchas de produtos que sujaram a via pública e lá ficam permanentemente sem que sejam removidas. São produtos que caíram da viatura que os transportava, são marcas de “águas de cimento” junto de edifícios em construção, são latas de tintas plásticas que se espalharam, são óleos de garrafas que se partiram, etc., etc.. E o mal é que, quem sujou e devia limpar escapou-se… e quando se sabe de onde vieram as águas conspurcadas, deixa-se que a chuva as leve. Isto é próprio deste país permissivo…


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lOcAl

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Dia do Idoso g Assinala-se hoje, dia 1 de Outubro, o Dia Mundial do Idoso. Assim sendo, para comemorar a data, a Escola Básica 1 e Jardim-de-infância da Praia do Almoxarife, vai participar nos festejos que a Santa Casa da Misericórdia da Horta está a preparar. A partir das 10h30 de hoje, as crianças vão visitar o Lar com canções, poemas, danças e distribuição de lembranças. Um momento diferente, uma educação intergerações, que pretende valorizar o idoso como uma pessoa que tem direito a ser feliz.

PPm apresenta Primeiro roteiro temático monárquico: a educação O Deputado Paulo Estêvão quer tornar este roteiro no roteiro da verdade: “não será um trabalho inglório se conseguir incomodar o Governo regional e forçá-lo a tomar atitudes”

Maria José Silva g Nos próximos quatro meses o Partido Popular Monárquico visitará todas as escolas da Região e reunirá com os conselhos executivos, assembleias, conselhos pedagógicos, associações de pais e de estudantes, numa autêntica “epopeia” em prol da verdade. A iniciativa foi dada a conhecer e na Horta, em conferência de imprensa promovida por Paulo Estêvão, deputado do PPM na Assembleia Legislativa que revelou que, depois deste roteiro seguirse-á outro versando o Ambiente. Paulo Estêvão apontou armas à Secretária da Educação, acusando-a de desconhecimento e de incumprimento no que à área diz respeito: “a Secretária Regional da Educação disse que não teve tempo de fazer o que se tinha comprometido a fazer (currículo regional) no âmbito da leccionação de conteúdos

regionais.” O deputado adiantou, ainda a este respeito que, “o currículo regional, pura e simplesmente não existe, depois do PPM ter apresentado uma proposta concreta no que ao ensino de história açoriana diz respeito”. Estêvão focou ainda o sistema de avaliação dos docentes, afirmando que “estamos em piloto automático na educação”, porque não é possível que 99% dos professores tenha uma avaliação de bom, quando a Secretária Regional nem sabe quantos professores estão a ser avaliados. Não é um sistema nem justo nem rigoroso.” O deputado monárquico disse mesmo que “a Secretária Regional da Educação revelou a mesma incompetência confrangedora: na formação

docente mentiu, nos concursos ignorou as irregularidades e nos resultados do sistema educativo fugiu ao debate”. Outra preocupação do PPM prendese com o facto de existirem áreas específicas como a matemática, a música ou a físico-química que estão a ficar sem docentes. A conferência de imprensa não terminou sem que Paulo Estêvão focasse a questão das PASES que classifica de “falsas”: queremos que os resultados do nosso sistema educativo sejam comparáveis com os do resto do pais. Nesse sentido vamos propor o fim das PASE regionais e o regresso às provas nacionais de aferição. Queremos comparar os nossos resultados com os verificados a nível nacional.”

Educacional Press & business trip de mergulho g A Associação Regional de Turismo – ART, organizou uma educacional Press & Business Trip de Mergulho, direccionada para a promoção e divulgação dos Açores como um destino de mergulho nas ilhas do Grupo Central. Esta acção aconteceu dividida em dois grupos com diferentes datas e áreas de intervenção. O grupo A, de 27 de Setembro a 2 de Outubro, visitou e mergulhou nas ilhas do Faial, Pico e São Jorge, enquanto que o grupo B, de 4 a 9 de Outubro, irá visitar e mergulhar nas ilhas Graciosa e Terceira. Contando com a presença de operadores turísticos, agentes de viagens, sites, fotógrafos e PADI Europa, de diferentes mercados com interesse para a região, nomeadamente, Portugal, Espanha, Dina-

marca, Alemanha, Canadá e Estados Unidos da América, esta “Educational Trip” teve como objectivos a promoção e divulgação dos Açores como um destino de mergulho, bem como a promoção dos Centros de Mergulho e a criação de parcerias entre as entidades convidadas e as entidades locais. Na tarde de terça-feira dia 28 de Setembro, a Fábrica da Baleia recebeu os jornalistas para uma visita guiada e para uma palestra, pelo biólogo João Gonçalves, alusiva ao mergulho e às suas potencialidades enquanto produto turístico. José Eduardo Toste, director executivo da ART, frisou aos jornalistas que o objectivo desta iniciativa se prende com a necessidade de organizar a oferta turística que existe nos Açores.

“O mergulho é uma área em que a ART tem apostado. Já tem editado o guia de mergulho do grupo central e pretende dinamizar mais este produto” – frisou. Resumindo um pouco da palestra de João Gonçalves, o biólogo diz que os Açores são um óptimo destino de mergulho atendendo à transparência e à temperatura das águas. Para além disso, nos Açores existem cerca de 10 hotspots. De acordo com estudos já levados a cabo, por ano temos na Região mais de 8500 pessoas à procura desta actividade e uma panóplia de oferta, quer no que concerne a fauna e flora incomensurável. As potencialidades são inúmeras, desde mergulho nocturno, mergulho com tubarões, mergulho nas fontes hidrotermais, enfim, o grande problema é escolher. mJS

[aconteceu] CArTãO INTErJOvEM SOMA MAIS vANTAGENS g Os detentores do cartão Interjovem têm agora mais vantagens, sendo que está assegurada a operação de Inverno 2010/2011, junto da Transmaçor, nas ilhas do Faial, Pico e São Jorge, de 1 de Outubro de 2010 a 30 de Abril de 2011. Os passageiros portadores do cartão Interjovem pagarão por cada bilhete, de ida ou volta, a um destino fixo, a quantia de 5€ (com excepção das viagens entre Horta/Madalena e Madalena/Horta), nas rotas de Inverno da Transmaçor. No que respeita à rota corvo/Flores/corvo, na lancha Ariel, da Atlânticoline, os jovens continuam a usufruir também das mesmas vantagens face ao que ocorreu durante a operação de Verão. CDIJ ACTIvAr APrESENTA “A MINhA vIDA” NO AuDITórIO DA bIblIOTECA g O auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta João José da Graça apresentou na passada terça-feira, pelas 21H30, “O Bairro”; um projecto dos jovens do centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil - cDIJ Activar, “A minha vida” da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial. Sob a orientação de Fausto, este projecto de formação em cinema para jovens foi realizado durante o mês de Setembro, visando testemunhos e experiências dos jovens no seu dia-a-dia. TrIPulANTE INDIANO EvACuADO DE NAvIO AO lArGO DO FAIAl g Um tripulante do navio tanque “Genmar Argus”, foi sábado evacuado devido à “amputação traumática do terceiro dedo da mão direita” revela um comunicado do comando da Zona Marítima dos Açores. O homem, de nacionalidade indiana, foi resgatado a 270 milhas da ilha do Faial e transportado por um helicóptero EH-101 Merlin da Força aérea portuguesa para o Hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada. O navio, com 274 metros e bandeira das ilhas Marshall, navegava a 343 milhas do grupo central do arquipélago, tendo efectuado uma aproximação para facilitar as operações de resgate.

[vai acontecer] FAIAl vOlTA A rECEbEr 2 NAvIOS DE CruzEIrO ATé AO FINAl DE 2010 g Estão previstas duas escalas de navios de cruzeiro na Horta nos próximos três meses de 2010. De acordo com informação avançada pela Administração dos Portos dos Açores, a esta situação, não é alheio o facto de se tratar da altura dos reposicionamentos dos navios que estiveram a fazer a temporada de verão na Europa e que agora começam a regressar aos EUA para realizar uma temporada de cruzeiros nas caraíbas. Para Ponta Delgada estão previstas 13 escalas. Em Outubro passa por cá o Amadea, da companhia alemã Phoenix. Este navio sai de Montreal a 4 de Outubro e escala a Horta por volta do dia 20. O Saga Pearl II, está no Faial no dia 2 de Dezembro. Ao serviço da Saga Shipping, da Saga Group Limited, construído na Alemanha em 1981, acomoda 602 passageiros e 220 tripulantes, sendo que os primeiros terão de corresponder a uma faixa etária igual ou superior aos 50 anos. Tem 164m de comprimento e desloca 18,5 mil toneladas de arqueação bruta. Nesta sua viagem, para além de Ponta Delgada, visita ainda a Horta, finalizando o cruzeiro nas Ilhas Britânicas. CAMPANhA SOS CAGArrO ArrANCA ESTA SEMANA g A campanha “SOS cagarro” arranca esta semana nos Açores, com vista, à semelhança de anos anteriores, ao salvamento de milhares destas aves marinhas que se arremessam para terra, normalmente atraídas e encandeadas por luzes. com base no êxito das campanhas anteriores, a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM) conta com a participação cívica e com a colaboração de todas as entidades públicas e privadas que anualmente partilham esforços e contribuem para garantir o sucesso dos cagarros juvenis, ao abandonar os ninhos pela primeira vez e seguir viagem rumo ao Atlântico Sul. Todos os anos é entre os dias 1 de Outubro e 15 de Novembro que a campanha SOS cagarro tem a sua maior expressão. contudo, a mensagem que a acompanha é válida todo o ano e em 2010, Ano Internacional da Biodiversidade, ainda com mais propriedade.


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nOTíciAs

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AspiRADORes TeAm Maria José Silva g Tudo começou quando um grupo de amigos do Faial recebeu outro grupo de amigos motards de São Miguel que, muito simpaticamente, lhes apelidou as motas de tupperwares. Tupperwares por serem motas diferentes da tradicionais harleys ou choopers que andam em grupo, pilotadas por homens vestidos de cabedal e que, desde sempre povoam o imaginário dos mais pequenos. As motas dos “Aspiradores” são feitas, na sua maioria, de plástico. Sílvio Sousa, com quem TRIBUNA DAS ILHAS esteve à conversa, conta que há uns anos atrás quando se organizava um passeio motard apareciam 20 a 30 choopers e 5 a 6 motas de pista. Um dia, esses 5 amigos, em conversa, ponderaram a hipótese de formar um grupo/clube para este tipo de motas. Começaram pelas t-shirts e na Semana do Mar 2010 saíram todos juntos à rua. Motas de pista, scooters, motas de quatro rodas, tudo o que não eram choopers estiveram reunidas num passeio que foi encabeçado por uma mini-mota, conduzida pelo elemento mais novo do clube. 143 motas integraram o desfile motard da Semana do Mar, mas somente 50 eram choopers. Isto, no entender daquele amante das 2 rodas “vem demonstrar que as pessoas não saiam com as suas motas por erradamente pensarem que era só para as choopers”.

“tirem as motas de casa” Neste momento, o “Aspiradores” tem 16 elementos activos, que se reúnem semanalmente na sua sede (um armazém na Feteira) para confraternizar. De acordo com Sílvio Sousa, qualquer interessado pode integrar o grupo. A única exigência dos seus fundadores prende-se com o facto das esposas dos pilotos terem que pertencer ao clube: “são elas que trabalham quando organizamos alguma actividade, por isso faz todo o sentido serem “aspiradoras”. Isto também fomenta uma maior convivência e um reforço das relações familiares”. Este grupo de amigos não exclui a hipótese de se federar e tornar-se num clube, com todas as implicações legais que isso acarreta mas, neste momento, vão canalizar as suas iniciativas para uma vertente mais social e de beneficência. MOTArDS SOlIDÁrIOS Manda a tradição que no Natal os motards do Faial se juntem e vão em passeio à volta da ilha, trajados a rigor. Em cada paragem são distribuídas guloseimas às crianças. Os “Aspirantes” querem fazer algo diferente. “Vamos organizar actividades no sentido de angariar brinquedos, roupas, ou outros bens para oferecer a instituições necessitadas” – revela Sílvio Sousa, que

explica, “o nosso objectivo é ajudar quem mais precisa. Pensámos em crianças, famílias mais necessitadas ou mesmo idosos. Vai tudo depender das nossas possibilidades”. O nosso entrevistado adiantou que os “Aspiradores” estão a projectar uma festa, que deverá decorrer durante dois

em FeveReiRO pRóximO

Faial recebe iii Encontro internacional de Camélias antigas Sabia que no mundo existem mais de 20 mil variedades de camélias? Sabia que nos Açores existem mais de 300 variedades já catalogadas?

Maria José Silva g Nos dias 23 e 24 de Fevereiro do próximo ano o Faial vai ser uma ilha mais colorida, atendendo a que vai acolher mais de 100 especialistas e amantes de camélias de todo o mundo. Introduzidas na Região no século XVIII, as camélias hoje existentes nos Açores são muito apreciadas por serem as espécies mais antigas daquela flor, cuja produção, a nível mundial, teve a particularidade de se ter “cristalizado” no período a seguir à II Guerra Mundial, aparecendo depois uma grande produção de híbridos a partir de várias espécies de camélias, que resultaram em milhares de flores distintas. TRIBUNA DAS ILHAS conversou com o Engenheiro Sampaio, conhecido amante das camélias e entusiasta de todo este processo, que nos explicou que “este encontro surge na sequência de vários contactos estabelecidos num evento que aconteceu em 1996, com membros da Sociedade Internacional das Camélias Portuguesa.

Posteriormente, em 2005, por altura do congresso internacional que decorreu na Itália, os Açores apresentaram mais de 300 variedades de camélias. Esta foi, sem mais nem menos, a oportunidade que os Açores tiveram de mostrar as suas potencialidades, desafiando a uma visita para ver de perto o que cá temos.” As variedades de camélias existentes em terras açorianas foram adquiridas quase na sua totalidade por volta de 1810, em viveiros belgas, holandeses, franceses e ingleses. Com as primeira e segunda guerras mundiais essas variedades perderam-se, pelo que há um interesse muito grande por parte das pessoas ligadas a jardins botânicos europeus e viveiristas, em recuperar as variedades antigas que já se perderam nesses países. Neste momento, está a ser feito um levantamento exaustivo de todas as variedades de camélias existentes na Região para integrar a Sociedade Internacional das Camélias Portuguesas. Todo esse trabalho vem valorizar ainda mais as camélias dos Açores e vem permitir que tenham um maior valor económico para a sua exportação. A propósito da comercialização desta espécie, o Engenheiro Sampaio explicou à nossa reportagem que “temos inúmeras solicitações de grandes países europeus para a exportação de camélias mas, infe-

lizmente, muitos negócios não se concretizam porque não sabemos qual a designação correcta de cada variedade. Ora todo este trabalho de catalogação que está a ser feito, vem permitir que os viveiristas que queiram produzir para exportar o possam fazer com nome e preço correcto.” Importa ainda salientar que este encontro é da responsabilidade da Câmara do Comércio e Indústria da Horta. Ângelo Duarte diz que “é cada vez mais importante promover o turismo de congressos em épocas baixas.” No Faial existem oito produtores de camélias que há vários anos a esta parte vêm colocando as suas flores no mercado regional, nacional, espanhol e holandês, todavia a baixo preço. A esse respeito, Ângelo Duarte afirmou ao TRIBUNA DAS ILHAS que: “o preço de comercialização da camélia faialense ainda é muito baixo porque não temos um nome, ou seja, as plantas saem daqui a um preço muito reduzido. Com a tal catalogação que o Engenheiro Sampaio referiu, a camélia vai valer até três vezes mais.” Este Encontro Internacional, cujo programa ainda está a ser ultimado, vai englobar o lançamento de um livro sobre camélias, a edição de flores, de um carimbo filatélico e uma mostra na Sociedade Amor da Pátria.

dias cujos lucros possam reverter para a realização desta actividade no natal”. “Estamos a tentar trazer cá Paulo Martinho, campeão nacional de Freestyle. Os fundos resultantes desta actividade vão ser utilizados para comprar 2 ou 3 cadeiras de rodas para oferecer aos Bombeiros” – adiantou.

Este grupo vai também tentar angariar material diverso, como chupetas, leite, entre outros, para oferecer à pediatria do Hosital da Horta. “Não podemos andar de mota o ano todo, então pensámos promover estas iniciativas porque, para além de ajudar, fomentamos o espírito de grupo”.

Cachalote arroja Entre-montes no Faial Maria José Silva g Arrojou na zona de Entre-Montes (por detrás de Porto Pim), um cachalote fêmea de 10.5metros. As causas da morte deste cetáceo ainda são desconhecidas, conforme nos adiantou o biólogo Rui Prieto, que revelou ainda que já há cerca de uma semana que o DOP tinha conhecimento de que o animal estava morto e acabaria por dar à costa. Desta feita, e como tudo indicava que o cetáceo fosse arrojar junto ao Porto da Horta, foi accionada a Rede de Arrojamento de Cetáceos dos Açores, coordenada pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, de forma a que fosse possível aos investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, em conjunto com os técnicos do Parque Natural do Faial da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, efectuar trabalhos de necrópsia e colheita de amostras para trabalhos científicos. A investigação científica permitirá recolher informações sobre a contaminação

bacteriológica e a degradação dos tecidos em meio marinho. O cachalote está em estado avançado de decomposição. Rui Prieto, especialista em cetéceos da Universidade dos Açores disse, no local que “esta baleia esteve à deriva durante alguns dias, já se sabia da sua presença no norte do Canal. Vamos aproveitar para fazer algum trabalho sobre o animal. Vamos proceder à morfometria, tirar fotos à cauda para apurar se temos ou não este animal no nosso catálogo de animais conhecidos”. Frederico Cardigus, Director Regional do Ambiente, alertou para o facto que destes trabalhos resulte a libertação de cheiros intensos e desagradáveis, mas que não constituem qualquer perigo em termos de saúde pública. Nesta operação foram utilizados o Rebocador Ilha São Luís, da APTO e uma máquina dos Serviços Florestais. De acordo com informação adiantada pelo Director Regional do Ambiente, este ano arrojaram menos baleias e golfinhos do que o ano passado.


53 anos do Vulcão dos Capelinhos Fórum no combate à pobreza e à exclusão social, que políticas de inclusão? 13 DE OuTubrO | lOCAl: TEATrO FAIAlENSE

PrOGrAMA 09:00 - Recepção e entrega de pastas 09:30 - Sessão de Abertura Directora Regional da Solidariedade e Segurança Social: Paula cristina Pereira de Azevedo Pamplona Ramos Presidente da câmara: João Fernando Brum de Azevedo e castro Vice-Presidente e Vereador do Pelouro de Acção Social: José Leonardo Goulart Silva

g Passaram-se já 53 anos desde a erupção do Vulcão dos capelinhos… na madrugada do dia 27 de Setembro de 1957, após várias semanas de abalos de terra, teve inicío a erupção de um vulcão muito próximo do Farol dos capelinhos. A partir desse momento, foram treze meses de emissões de cinzas, lavas e vapores e que marcaram profundamente todos aqueles que viviam nesta ilha, principalmente aqueles que mais de perto conviveram com a erupção. Passados 53 anos desde que este fenómeno começou, a ponta do capelo não perdeu a sua importância. Em termos vulcanológicos, o Vulcão dos capelinhos ainda é considerado como um grande marco da história do vulcanismo mundial, nomeadamente por ter sido fotografado, observado, estudado e interpretado desde o seu

tentes. Em termos ambientais, e de acordo com estudos já levados a efeito, o centro permitiu uma melhor conservação e protecção da natureza, naquela

início até ao "adormecimento" na calma tarde de 24 de Outubro de 1958. A construção do centro de Inter-pretação do Vulcão dos capelinhos junto às ruínas do Farol surgiu na sequência de uma nova visão integrada de toda aquela zona que potenciasse um melhor aproveitamento nas diversas ver-

área protegida. Em termos históricos, teve como consequência a preservação do património construído que marcou uma época e que foi a primeira testemunha deste grande fenómeno. Na vertente socio-económica, o centro contribui para uma maior diversificação da oferta da ilha, já que

PAINEl DA MANhã Presidente: Maria de Fátima Porto Moderadora: cláudia Goulart 09:45 - Tema: Inclusão Social/Exercício da cidadania versus Pobreza e/ou Exclusão Social/Violação dos Direitos Humanos Oradora: Graça Maria Rolin André 10:30 - coffee-Breack 11:00 - Tema: Factores e tipos de Pobreza e/ou Exclusão Social Orador: Alfredo Bruto da costa 12:00 - Debate 12:30 - Amoço PAINEl DA TArDE Presidente: Maria José Rodrigues Moderadora: carla Mourão 14:00 - Tema: Grupos mais vulneráveis a situações de Pobreza/Exclusão Social Orador: Alfredo Bruto da costa 14:30 - Tema: Práticas de intervenção social Oradora: Telma Rosa 15:00 - Testemunhos 15:30 - coffee-Breack 16:00 - Tema: Que Políticas de Inclusão/desafios de intervenção? Oradora: Paula cristina Pereira de Azevedo Pamplona Ramos 16:30 - Debate 16:45 - Sessão de Encerramento Directora Regional da Solidariedade e Segurança Social: Paula cristina Pereira de Azevedo Pamplona Ramos Presidente da câmara: João Fernando Brum de Azevedo e castro Vice-Presidente e Vereador do Pelouro de Acção Social: José Leonardo Goulart Silva

potenciou o aparecimento de outras actividades económicas ligadas ao turismo. Integra ainda a rede de centros de Interpretação da Natureza dos Açores, é um dos pólos que explica a ciência vulcanológica e sensibiliza os jovens em termos ambientais. A integração deste centro no Parque Natural do Faial permitiu uma melhor gestão da área do Vulcão dos capelinhos. A substituição de flora invasora, nomeadamente a cana, por espécies nativas é um dos trabalhos que tem estado a decorrer em todo o espaço envolvente. A recuperação destes habitats naturais permitirá a recuperação paisagística deste local, bem como, a sua colonização por espécies animais característicos da fauna dos Açores, como seja, o garajau-rosado. Na península do capelo foi recentemente aberto o novo Trilho dos 10 Vulcões, que termina no Porto do comprido. É o maior percurso pedestre classificado dos Açores, com 27 quilómetros de extensão, e marca o aparecimento de um novo conceito de interpretação do meio natural, devido à instalação de estações interpretativas ao longo do percurso apoiadas por um Guia editado pelo Parque.


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rEPOrTAGEM

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com 15 mil habitantes, a ilha do Faial conta neste momento com oito filarmónicas. No total, são cerca de 335 músicos no activo, que dão o corpo ao manifesto por amor à camisola. Se a estes juntarmos os que integram os grupos folclóricos locais, os grupos de cantares, as bandas de garagem, os grupos corais, entre outros, é fácil perceber que no Faial se respira música. O ritmo da cadência das ondas do mar, o canto das aves que também chamam sua a esta ilha; em suma, a musicalidade da natureza que nos envolve, terão porventura entranhado o ADN destes ilhéus, desde há muito, e o gosto pela música tem passado de geração em geração. Para assinalar o Dia Mundial da Música, que se celebra hoje, TRIBUNA DAS ILHAS esteve à conversa com os presidentes das oito filarmónicas do Faial, para saber como vai a saúde da filarmonia na Ilha Azul. Algumas das bandas queixam-se de falta de músicos, mas é a falta de público aquilo que mais preocupa os dirigentes, que são unânimes em reconhecer que, sem público a assistir às tocatas, não é fácil motivar os músicos. Marla Pinheiro g Os dias de crise não se cingem apenas às finanças do país. De há algum tempo a esta parte, nota-se também uma crescente crise no âmbito do associativismo, da qual o Faial não está imune. Os tempos modernos ditaram dificuldades em agregar as pessoas à volta das instituições, tanto no desporto como na cultura. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e é certo que, regra geral, os vários agrupamentos culturais e desportivos da ilha já contaram com mais entusiasmo da população em seu torno. A diversidade das actividades disponíveis e a concorrência sedutora do sofá e do comando de televisão faz com que muitas dessas instituições se debatam com falta de “mão-de-obra”. É o caso de grande parte das filarmónicas faialenses, que se vêem a braços com a dificuldade em recrutar músicos. Fundada em 1924, a Recreio Musical Ribeirinhense é a filarmónica que mais sente na pele esta dificuldade. Neste momento, com 25 elementos, vê a sua disponibilidade para actuações muito limitada, uma vez quem, como nos explicou o seu presidente, são precisos todos os elementos para poder actuar. João Pereira reconhece que é pedido aos músicos algum espírito de sacrifício, para comparecer aos ensaios e às tocatas, que lhes tomam tempo da vida pessoal, sacrifício esse que se estende à família. No entanto, apesar da falta de músicos, agrada-lhe constar que aqueles que estão se dedicam com afinco à banda. “Poucos, mas bons”, poder-seia dizer, no entanto não deixam de ser poucos, o que coloca um grande problema aos dirigentes, e pode mesmo hipotecar a longevidade desta filarmónica octagenária. Do mesmo mal se queixa a Lira e Progresso Feteirense. Fundada em 1921, a banda da Feteira tem cerca de 30 elementos e, de acordo com a presidente, a falta de músicos é o principal problema da actual direcção.

“Neste momento há mais diversidade de actividades disponíveis, o que faz com que as pessoas se dispersem mais”, considera Leónia Melo, frisando que “estar na filarmónica exige compromisso, é preciso gostar muito”. Também a Lira Campesina Cedrense, fundada em 1927, se debate com a mesma carência. Composta por 26 elementos, não há margem para faltas de comparência. Todos são essenciais para que a banda possa actuar. Mário David, presidente desta filarmónica, reconhece que este é um problema que dura há vários anos, e que se sente mais nas camadas jovens: “antigamente, nós, jovens, íamos para a filarmónica porque era também uma forma de sair de casa, de convivermos e nos divertirmos. Agora os jovens preferem ficar em casa, no computador”, desabafa.

O PAPEl DOS MAIS JOvENS Motivar os mais jovens é um dos grandes desafios para todas as oito bandas faialenses. No entanto, isto não significa que as mesmas se encontrem envelhecidas. A Artista Faialense, por exemplo, goza do estatuto de mais antiga filarmónica da ilha, com 152 anos, mas é liderada por uma jovem presidente. Isabel Maciel reconhece que lhe fazem falta tocadores, de modo a engrossar o actual número de elementos: cerca de 45. “A freguesia da Conceição não tem muitas crianças, e as que tem dispersam-se por várias actividades, preferindo muitas vezes o desporto”, lamenta. Outro exemplo de juventude contagiada pelo “micróbio filarmónico”, como lhe chamou o maestro José Amorim, é a União Faialense. A liderança da filarmónica das Angústias, fundada em 1897, foi recentemente assumida por Daniel Duarte que, com apenas 20 anos, tomou as rédeas desta banda, que actualmente conta com

cerca de 40 músicos. O jovem presidente tem noção de que assume esta responsabilidade numa altura em que esta espécie de “crise” das bandas se faz sentir com especial intensidade, e por isso angariar novos tocadores será um dos seus grandes desafios. Assumir um desafio desta envergadura com apenas 20 anos não é tarefa fácil. Daniel diz ter noção de que é preciso “responsabilidade e ideias novas” para liderar a União, mas está convencido de que “sangue novo também faz bem”. Para o jovem presidente, trata-se de dar o seu contributo à filarmónica, retribuindo o que aquela instituição fez por ele: “a minha educação fez-se nesta Filarmónica; fui criado aqui e é normal que sinta amor por esta instituição”, frisa.

APOSTAr NA FOrMAçãO As escolas de música que foram sendo formadas no seio das filarmónicas faialenses funcionam como verdadeiros “viveiros”, que fornecem novos músicos às bandas. Como tal, numa altura de falta de tocadores como a que actualmente se vive, estas escolas ganham especial importância. Outubro é o mês em que as bandas apostam nas inscrições de novos aspirantes a músicos, optimistas que em 2010 a adesão seja boa. É o caso da Lira e Progresso Feteirense, da União e da Artista, que esperam que o mês de Outubro traga várias caras novas às suas escolas de música. Daniel Duarte frisa que não é difícil chamar os jovens a participar na escola de música da União. A dificuldade está em cativá-los, de modo a que continuem. “Hoje em dia existem muitas actividades, que são muitas vezes preferidas à música, principalmente o desporto. Além disso, aprender música exige muita disciplina e muito treino”, lembra. Isabel Maciel frisa que a escola de música da Artista teve uma adesão positiva nos últimos dois anos, e por isso está optimista em relação a 2010, apesar de neste momento ainda estarem a decorrer inscrições.

As filarmónicas da ilha que neste momento contam com fileiras mais bem preenchidas são unânimes em frisar a importância das escolas de música para a sua actual boa saúde. À beira de comemorar o seu 129.º aniversário, a Sociedade Filarmónica Unânime Praiense conta com cerca de 60 elementos. Ludgero Silva, actual presidente, congratula-se com o facto da escola de música da Unânime funcionar actualmente a 100%. “Os formandos contam com os conhecimentos de alguns formadores da nossa banda, de grande qualidade, e também, em determinadas áreas, com formadores que vêem do exterior. Felizmente temos muitos conhecimentos e temos trazido formadores do continente para enriquecer a qualidade técnica dos nossos músicos”, explica, reconhecendo que tal implica bastante sacrifício, tendo em conta os custos da insularidade. Além disso, Ludgero reconhece que a filarmónica a que preside atingiu um nível de qualidade que implica muito trabalho manter, o que coloca grande exigência aos seus músicos. Também a Euterpe de Castelo Branco não se pode queixar de falta de elementos. Actualmente com 57 músicos, esta banda, fundada em 1912, conta com uma escola de música que vai “de vento em popa”, como refere o seu presidente, Manuel Santos, que não duvida de que a escola é o principal contributo para o sucesso da banda. Fundada em 1881, a Sociedade Filarmónica Nova Artista Flamenguense conta neste momento com 52 músicos, e também ela não sente especialmente a falta de elementos, em grande parte graças à sua escola de música que, segundo o presidente daquela instituição, é uma importante ajuda nesta área. Joaquim Silveira lembra, no entanto, que muitos dos jovens da filarmónica saem da ilha para concluírem os estudos no exterior precisamente no momento em que se tornaram bons músicos, o que por vezes coloca dificuldades à banda, apesar de poder contar com a maioria destes no Verão, quando regressam a casa. Joaquim Silveira reconhece que aos elementos da banda se pedem muitos

sacrifícios, a troco de nada: “aqui ninguém ganha dinheiro, somos como uma família, e trabalhamos por gosto à filarmónica”, refere. Nesse sentido, confessa que há uma preocupação em compensar os mais jovens pelo seu esforço, daí que a Nova Artista Flamenguense procure ter deslocações ao exterior com alguma frequência. Para isso, no entanto, há que trabalhar

rECrEIO MuSICAl rIbEIrINhENSE Co momento mais sente a carência de mús

muito, já que o dinheiro das tocatas e dos apoios não é suficiente, até porque, como destaca, manter uma banda filarmónica requer abrir os cordões à bolsa, já que o fardamento e os instrumentos são muito caros.

ENvOlvEr A POPulAçãO O reconhecimento pelo trabalho desenvolvido será, porventura, o maior prémio que aqueles que dedicam muitas horas da sua vida às filarmónicas, a troco de nada, podem receber. No entanto, os presidentes das filarmónicas faialenses são unânimes em admitir que esse reconhecimento é frequentemente escasso. Para Manuel Santos, era importante que mais público comparecesse nas tocatas da banda. “A população em geral não adere muito”, lamenta. No entanto, considera que as bandas tam-


Tribuna das Ilhas

venDe-se lOTes bém podem fazer um esforço para cativar o público. Nesse sentido, confessa que, no que toca a arraiais, a Euterpe procura ter um repertório com mais música ligeira e popular, de forma a captar o interesse do público. Também Mário David reconhece que se torna difícil à

Feteira. Para a presidente da Lira e Progresso Feteirense, existe algum carinho da freguesia em relação à sua filarmónica, mas entende que deveria existir mais. João Pereira considera que, apesar de tudo, os ribeirinhenses têm orgulho na sua filarmónica, e têm razões para tal, tendo em

om apenas 25 elementos, a banda da ribeirinha é a que neste sicos

Campesina Cedrense ganhar alento para continuar o seu trabalho porque este nem sempre é reconhecido pela comunidade. Nesse sentido, frisa que gostava de ver mais cedrenses nos concertos da sua filarmónica, opinião de que partilha Leónia Melo em relação à freguesia da

conta que a Ribeirinha é uma das freguesias menos populadas do Faial e apesar disso consegue manter uma instituição como a Recreio Musical, ainda que com muitas dificuldades. Para Ludgero Silva, a Praia do Almoxarife não podia acarinhar mais a sua banda: “os

praienses põem sempre a Unânime em primeiro lugar”, entende, reconhecendo que o facto de se tratar de uma “freguesia de músicos” será uma das razões para tal. Joaquim Silveira também não duvida de que a maior parte dos flamenguenses “gosta da sua filarmónica”. No entanto, reconhece a falta de público nas tocatas, situação que entende ser deveras desmotivante para os músicos, que têm ali a oportunidade de mostrar o resultado do seu trabalho árduo. Para o presidente da Nova Artista Flamenguense, há que envidar esforços para atrair o público: “todos os anos tentamos inovar, adicionando novas músicas, e temos a preocupação em que o nosso repertório abranja todos os gostos”, explica. Isabel Maciel mostra-se bastante preocupada com a falta de público nas actuações. “Por vezes, o público é tão escasso que as actuações parecem ensaios”, desabafa, o que desmotiva os tocadores. Também o jovem presidente da União entende que a escassa assistência nas actuações das filarmónicas é uma machadada na motivação dos seus músicos. No entanto, está optimista em relação ao futuro: “estou convencido de que se trata apenas de uma fase, e que vai passar, mas não num futuro próximo”, entende Daniel.

Unânime em Festa de Aniversário N

o mesmo fim-de-semana em que se assinala o Dia Mundial da Música, a Sociedade Filarmónica Unânime Praiense celebra o seu 129.º aniversário. Do programa da festa, que TRIBUNA DAS ILHAS publicou na sua passada edição, Ludgero Silva destaca o concerto desta noite, no Teatro Faialense. Trata-se de um concerto comemorativo do 50.º aniversário da participação da Unânime no 1.º Grande concurso Nacional de Bandas Filarmónicas e Bandas Musicais civis.

Para o presidente da banda, este concerto é uma “homenagem muito importante” aos músicos que participaram nesse concurso. Apelando à participação do público, Ludgero Silva lembra que foi precisamente no Teatro Faialense que a Unânime conseguiu o apuramento para o concurso, o que contribui ainda mais para a carga simbólica da homenagem desta noite. O espectáculo inicia-se às 21h30, e os bilhetes custam 2€.

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Clube Naval da Horta assembleia Geral do dia 22 de Setembro de 2010 Informam-se os Excelentíssimos sócios de que a Assembleia Geral do Clube Naval da Horta convocada para o dia 22 de Setembro de 2010, nos termos dos Artigos 11º e 13º dos Estatutos, será retomada pelas 21 horas do dia 20 de Outubro de 2010, para a continuação dos trabalhos abaixo indicados: Ponto 2 – Eleição de novos Corpos Gerentes do Clube para o biénio 20102012; Ponto 3 – Outros assuntos de interesse para o Clube; Clube Naval da Horta, 8 de Outubro de 2010 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral manuel Fernando ramos de Vargas

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RepORTAgem

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Tribuna das Ilhas

Cem anos de república

Na manhã do dia 5 de Outubro de 1910, José Relvas subia à varanda da câmara Municipal da Lisboa para anunciar ao país que o regime monárquico tinha chegado ao fim. Virava-se assim uma importante página na história do país, que dava as boas vindas à República. Na próxima terça-feira, passam cem anos desse momento. Marla Pinheiro g O caminho até este momento foi sinuoso, marcado por avanços e recuos. De facto, a implantação da República em Portugal resultou de um longo processo de mutação política, social e mental, impulsionado pelos defensores da ideologia republicana, e pela formação do Partido Republicano Português (PRP), no final do século XIX. As dificuldades com que os portugueses se debatiam no final do século XIX, altura em que o país vivia uma grave crise económica, levaram a uma onda de contestação em relação à monarquia constitucional, já que o rei, D. Carlos I, se mostrava incapaz de lidar com a situação. Para a insatisfação do povo contribuíam também os gastos excessivos da família real. O descontentamento popular agravou-se com o episódio do Ultimato Inglês, em Janeiro de 1890. O Ultimato consistiu num telegrama enviado ao governo português pelas autoridades inglesas, onde exigiam a retirada imediata das forças militares portuguesas mobilizadas nos territórios entre Angola e Moçambique. Caso Portugal não cumprisse, a Inglaterra avançaria com uma intervenção militar. A cedência à vontade dos ingleses provocou uma grande indignação popular, sentimento que foi imediatamente aproveitado e empolado pelos republicanos, cujo partido assistiu então a um grande crescimento. Um ano depois do ultimato, o Partido Republicano publicou um manifesto, no qual colaboraram, entre outros, Manuel de Arriaga e Teófilo Braga. Algumas semanas depois do surgimento deste manifesto, os republicanos fazem uma tentativa de implementação da

República, no Porto, a 31 de Janeiro de 1891, sem sucesso. Entretanto, os republicanos tinham já conseguido eleger representantes no Parlamento, sendo que o primeiro desses representantes fora eleito em 1878. Depois dessa altura, vários foram os homens que defenderam os interesses do partido no hemiciclo nacional, com destaque para Manuel de Arriaga. Nos últimos anos de vigência da Monarquia, o Partido Republicano foi ganhando força, que se reflectia no crescimento do número de deputados eleitos. Outro momento importante no declínio do regime monárquico foi o regicídio, a 1 de Fevereiro de 1908. Nesse dia, o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, Luís Filipe, foram assassinados em Lisboa, quando regressavam do Alentejo. Com apenas 18 anos, D. Manuel II assume o trono, e a monarquia vai definhando ao mesmo tempo que o movimento republicano ganha pujança. A revolta republicana era iminente, e estala a 3 de Outubro de 1910. O governo monárquico é incapaz de reunir tropas capazes de dominar os revolucionários, e dois dias depois a República é pela primeira vez implantada em Portugal. Ainda no dia 5 de Outubro, foi organizado um governo provisório, chefiado pelo micaelense Teófilo Braga, uma das figuras do movimento republicano nacional. Este governo impôs novas regras para a eleição dos deputados da Assembleia Constituinte, reunida pela primeira vez a 19 de Junho desse ano. Das medidas tomadas pelo Governo Provisório, destaca-se a expulsão da Companhia de Jesus e das ordens do clero regular, o encerramento dos conventos, a proibi-

Joshua benoliel AMl/AF A4268

IMPlANTAçãO DA rEPÚblICA José relvas anuncia o fim da Monarquia na varanda da Câmara Municipal de lisboa

ção do ensino religioso nas escolas e a separação entre a Igreja e o Estado. Foi institucionalizado o divórcio e a legalidade dos casamentos civis, a igualdade de direitos no casamento entre homem e mulher, a reformulação das leis da imprensa, a extinção dos títulos nobiliárquicos e o reconhecimento do direito à greve. Foram extintas as guardas municipais de Lisboa e do Porto, substituídas pela Guarda Nacional Republicana. Legislou-se para conceder autonomia às províncias ultramarinas. Para consciencializar o país da grande mudança a que assistia, foram alterados os símbolos nacionais, com a adopção da actual bandeira nacional e d’A Portuguesa enquanto hino nacional. Foi também adoptada uma nova unidade monetária: o escudo. Em 28 de Maio de 1911 dão-se eleições. Foram eleitos 226 deputados, na sua grande maioria afectos ao Partido Republicano. Estes teriam como grande objectivo elaborar uma nova Constituição, que entrou em vigor no dia 21 de Agosto. A Primeira República haveria de ficar marcada pela sua instabilida-

de: vigorou até 1926, período em que houve sete Parlamentos, oito Presidentes da República e 45 governos. Os republicanos mostraram-se incapazes de solucionar a crise económica do país, e a 28 de Maio de 1926, um Golpe de Estado suspendeu a Constituição de 1911 e instituiu uma Ditadura Militar em Portugal. MANuEl DE ArrIAGA O faialense Manuel de Arriaga Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue, nascido na Horta em 1 8 4 0 , haveria de ver o s e u nome inscrito a letras douradas

na história do país quando, a 24 de Agosto de 1911, se tornou no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Sendo uma das figuras de maior prestígio de entre os republicanos, Arriaga abandonou a presidência em 1915. Viria a falecer em 1917, desencantado com as divisões internas do seu partido. COMEMOrAçõES DO CENTENÁrIO DA IMPlANTAçãO DA rEPÚblICA DIA 4 DE OuTubrO – TErçA-FEIrA

18h00 - Recriação Histórica de um Arraial Republicano - Largo Manuel de Arriaga 21h30 – Praça Paula Oliveira&Lisbonês – No Teatro Faialense DIA 5 DE OuTubrO – TErçA-FEIrA

11h00 - comemorações do centenário da Implantação da República - Largo Manuel de Arriaga 21h00 - Lançamento de Livro“História da Ilha do Faial - das Origens a 1833” Lançamento do II Volume - Salão

aprender História a “praticar” Os alunos do 2.º ciclo da Escola básica e Integrada da horta fazem parte dos participantes mais activos das comemorações do centenário da república no Faial. Na segunda-feira, a partir das 18h00, vão dar vida a um arraial republicano na Praça da república, onde serãorecriados alguns momentos importantes associados à revolução do 5 de Outubro. Manuela Ponte, responsável pelo Departamento de história da EbI da horta, falou ao TrIbuNA DAS IlhAS sobre esta recriação histórica, que é já a terceira organizada por aquela escola. Para a professora, esta é uma oportunidade dos alunos reviverem a época histórica sobre a qual estão a aprender, e não duvida de que isto facilita a aprendizagem. quanto aos alunos, põem mãos à obra de bom grado, e adoram esta forma especial de aprender.

g De acordo com Manuela Ponte, os alunos irão representar três quadros, recriando alguns dos momentos mais importantes associados à Revolução Republicana. Serão eles o Regicídio, a Revolução em si, opondo monárquicos a republicanos, e a proclamação da República, com a recriação do discurso de José Relvas na Praça do Município em Lisboa, que será feita na varanda do edifício dos Bombeiros. Depois haverá arraial, onde os republicanos vão manifestar a sua alegria pelo facto de terem derrubado a Monarquia.

A animação está garantida com uma barraquinha de comes e bebes, e com a actuação da Filarmónica Artista Faialense e do Grupo de Folclore da escola. O Mercado Municipal também irá colaborar. Para a professora de História, “é preciso um certo grau de loucura” para colocar de pé eventos com esta dimensão. São muitas horas de trabalho, ao longo de vários meses, sempre com o objectivo de preparar tudo o melhor possível, para depois apresentar o trabalho à população. “É muito bom poder abrir as portas da escola à comunidade, porque as

pessoas muitas vezes têm uma ideia dife-

MANuJElA PONTE A professora é a respo pelo departamento de história da EbI da


onsável a horta

Tribuna das Ilhas rente daquilo que se faz dentro da sala de aula”, explica. Para colocar de pé estes eventos, a escola conta com a colaboração do Município, o que, para Manue-la, é uma ajuda preciosa. As questões logísticas como a montagem das barracas, do palco e da iluminação, ou os contactos necessários ao encerramento do trânsito no local, ficam a cargo da Câmara Municipal da Horta, que assim liberta dos braços já sobrelotados dos professores algumas das tarefas. Na escola, os professores não duvidam de que esta é uma valiosa experiência de aprendizagem para os mais pequenos: “trata-se pôr as crianças a experimentar a história, que é uma disciplina tida como muito teórica”, explica Manuela. “Os miúdos têm sempre muita dificuldade em recuar no tempo. Desta forma, fazem-no sendo eles a viver os acontecimentos da época. Já fiz muitos projectos com os meus alunos de História e sei que eles

ficante”. Para preparar estas recriações históricas, os professores têm de esticar as suas agendas, já muito sobrecarregadas com as tarefas do dia-a-dia relacionadas com as aulas. “Nestas alturas nós não temos hora de almoço, e só me falta dormir na escola”, confessa. No entanto, “quem corre por gosto não cansa”, garante, salientando o trabalho não apenas do departamento de História, mas também dos departamentos de EVT e de Educação Musical, e de todos os colegas em geral, sempre disponíveis para trabalhar. ExPlICAr A rEPÚblICA AOS MAIS NOvOS A importância da Revolução de 5 de Outubro é inegável, no entanto, explicá-la a crianças de 10, 11 e 12 anos poderá não ser tarefa fácil. No entanto, Manuela Ponte entende que não é complicado passar-lhes essa percepção. A professora lem-

nOTíciAs

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montes Submarinos classificados pela oSPar vão incluir Parque marinho dos açores Maria José Silva g Altair, Antialtair e Josephine e a Mid-Atlantic Ridge North of Azores assim se chamam os quatro novos montes submarinos, recentemente classificados pela OSPAR e que dizem respeito à coluna de água sobrejacente ao solo, solo e subsolo, comunicadas anteriormente por Portugal para integração na rede OSPAR. Estas quatro áreas recaem na plataforma continental alargada proposta por Portugal às Nações Unidas, sendo três delas abrangidas pela plataforma continental açoriana proposta a extensão (à excepção do Josephine). Conforme explicou ontem o biólogo Telmo Morato, “estes montes submarinos, situados a cerca de 50 milhas fora da zona norte da nossa ZEE, eram alvos de pescarias muito fortes e os seus recursos estavam a ser delapidados. Todavia são montes submarinos com características únicas, isolados, com uma data de fenómenos oceanográficos que fazem com que se tenha que pensar em preservar”. Apesar de Portugal ter feito a proposta à OSPAR, a verdade é que ainda estão por estudar: “Há uma série de questões que ainda não conhecemos, mas a candidatura não é mais do que uma medida

O futuro Parque Marinho dos Açores deverá incluir três dos seis montes submarinos que na passada semana foram reconhecidos como Áreas Marinhas Protegidas do Alto pela Comissão da OSPAr.

precaucional, porque trata-se de proteger o que nós consideramos de áreas potenciais”. A informação foi avançada ontem na Horta, pelo Director Regional do Ambiente, em declarações à margem de uma apresentação daquelas áreas marinhas pelo investigador Telmo Morato, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores. As quatro áreas recaem na plataforma continental alargada proposta por Portugal às Nações Unidas, sendo três delas abrangidas pela plataforma continental açoriana proposta a extensão (à excepção do Josephine). Na ocasião, Frederico Cardigos mostrou-se esperançado em que a classificação atribuída pela OSPAR àquelas áreas

marinhas situadas para além de jurisdição nacional possa vir a influenciar positivamente as Nações Unidas no sentido desta organização aceitar a extensão da plataforma continental portuguesa até às 350 milhas. Segundo explicou, o trabalho do Governo dos Açores vai ser baseado essencialmente “na gestão, tão eficiente quanto possível, dessas zonas, provando que nós saberemos preservar os ambientes que ali estão conservados e, ao mesmo tempo, fazer uma utilização sustentável dos mesmos”. “Ao darmos um bom exemplo, penso que estamos a dar os passos certos para que, ao nível das Nações Unidas, a extensão da plataforma continental seja pacificamente aceite”, argumentou o Director Regional do Ambiente.

Palestra sobre “biodiversidade marinha e turismo” Maria José Silva g O Turismo e o Ambiente são parceiros indispensáveis para a consolidação do destino Açores no mercado turístico. É uma das conclusões que se tira depois da palestra na tarde de quarta-feira, que decorreu no Teatro Faialense, subordinada ao tema “Biodiversidade marinha e turismo”. Esta palestra, que aconteceu no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Turismo e do Ano Internacional da Biodiversidade, teve como prelectores João Gonçalves, investigador e docente do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e João Melo, director do Parque Natural do Faial. O Ambiente é visto cada vez mais como um grande contribuinte para a sustentabili-

aprendem muito mais naquelas horas que ali estão do que dentro da sala de aula. E eles adoram”, garante. Para esta professora, é importante mostrar aos seus alunos que a História “não é uma disciplina maçuda”, onde apenas interessa “marrar” a matéria, para depois a esquecer logo após o teste. O primeiro evento deste tipo foi a Feira Medieval, no passado ano lectivo, que levou muitos faialenses à Escola Básica. Manuela confessa que esperava que os pais acorressem em massa, como aconteceu, uma vez que, quando lhes é pedida colaboração, “eles nunca a negam”. No entanto, a grande afluência da comunidade em geral foi algo que a surpreendeu. Ver a adesão do público, depois de todo o trabalho dos professores, é, para esta docente, “grati-

bra que o programa da disciplina acompanha a evolução da própria História, desde as primeiras comunidades. Nessa lógica, os alunos vão tendo a percepção do que é a monarquia, e percebendo as dificuldades deste regime. “Eles conseguem perceber logicamente a necessidade de mudar a situação do país, daí que entendam a pertinência da Revolução”, garante. Para a professora, uma das formas de ensinar esta parte da História é promovendo um debate, onde alguns alunos defendem a monarquia e outros a república. Trocando argumentos e ideias, eles acabam por entender melhor as características de cada um dos regimes. “Trazer aspectos práticos para a aula é muito importante para que eles percebam a História”, defende.

dade do turismo açoriano e o mesmo se passa com a biodiversidade, que é um dos principais responsáveis para uma maior atractividade da nossa Região. O que os Açores têm para oferecer aos turistas e o que tem de promover enquanto imagem da Região no exterior, alicerça-se em grande parte no que têm para oferecer relacionado com a nossa Natureza. João Gonçalves focou a biodiversidade marinha e como poderá ser explorada no sentido turístico. Da sua explanação conclui-se que “nos Açores existem cerca de 3000 espécies marinhas (fauna e flora) que compõem a nossa biodiversidade, mas sendo a biodiversidade um termo que está na moda não pode ser descurado” João Melo, por sua vez, mostrou aos presentes os potenciais que o Parque Natural do

Faial (PNF) apresenta, sem esquecer a sua recente modernização/remodelação a parque que, segundo o próprio, tem atraído inúmeras pessoas ao Faial. Evidenciada foi também a riqueza geológica que compõeeste arquipélago em geral e o Faial em específico, apelando à adopção de medidas que fomentem um turismo sustentável. Para que isso se torne realidade, o director do PNF diz que é necessário que se formem guias para os percursos pedestres, que se promova a observação de aves e desportos radicais, como o down-hill e o crosscountry, entre outros aspectos. Outro dos pontos referenciados por João Melo tem a ver com uma maior diversificação de produtos, como seja a produção de chá, mel e compotas com o selo de qualidade do PNF.


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OPINIãO

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Tribuna das Ilhas

os “Faz-tudo” de ontem..., e os de hoje! Paulo Oliveira

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otivado pela colocação profissional de meu pai, vivi até aos 2 anos na ilha das Flores, e até aos 8 anos na ilha do Pico. Voltei às Flores por diversas vezes, e dela recordo as pessoas e as suas paisagens maravilhosas, à qual se chamou, e bem, a “Suíça Açoriana”, pela profusão do verde, pelo relevo acidentado e pela enorme quantidade de água que brota em fartas quedas, reunidas em bonitas lagoas. Do Pico recordo muito bem aqueles anos 60, em que vivi a minha meninice, bem assim a sua evolução, rumo ao futuro, numa ilha de grande dimensão e potencial, onde a escala é apetecível, e a montanha e a pedra escondem um filão que o homem vai revelando, pouco a pouco, desde o Património da Humanidade a uma das Sete Maravilhas de Portugal. Recordo várias figuras carismáticas da vizinha Vila da Madalena, desde o saudoso Gilberto das Lanchas até ao... “Faz-Tudo”.

O Armando “Faz-Tudo” era uma figura franzina, baixo e delgado, engenhoso e bem disposto, pai do “Piriquito”, meu colega de escola. Em todas as regiões, cidades e vilas, existem os “Faz-Tudo”, habilidosos com as mãos, nas mais diversas áreas, desde as ferragens às latoarias, dos caixões aos piões, dos adivinhos aos endireitas... Há 40 anos, nesse tempo perdido, estas paragens não seriam a mesma coisa, se não fossem os “Faz-Tudo” que traziam alguma magia à vida das populações, para grande entusiasmo das crianças, que ficavam atónitas perante a arte de consertar todo o tipo de objectos. Ainda me lembro de algumas dessas figuras notáveis, desde o Eduardo “Manafão” (electricista) ao Luís Ferreira (ferreiro), do Chico “Sujeito” (latoeiro) ao Pedro “Faz Tudo” (máquinas de costura), e ainda mais recentemente o Sr. Andrade “Beirada” – um artista que fabricava qualquer peça que fosse necessária... A todos eles, ficámos a dever grandes favores! A minha homenagem, aos verdadeiros “Faz-Tudo”.

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OJE, vivemos num mundo global, tecnológico, de alta competição, onde cada vez mais a especia-

lização comanda a vida económica, e onde não há lugar para amadorismos. O Bacharel há muito que foi banalizado pelas Escolas Profissionais. As Licenciaturas já não são suficientes, passando-se às PósGraduações, aos Mestrados, aos Doutoramentos, aos Professores Doutores, e por aí acima... na ânsia de atingir o grau mais alto de especialização, no mais pequeno detalhe do corpo humano, na mais longínqua galáxia ou no mar mais profundo... Como todo o “génio”, estas mentes superiores são, de um modo geral, de difícil trato, absortos que estão no seu universo restrito, pelo que a vida social, o cão e o gato, as couves e as alfaces, os filhos e os cônjuges, são “perdas de tempo” e meros empecilhos ao seu estatuto de “eleito/alta competição” da humanidade. Para contornar a objectividade desta produção, os políticos deitaram mão dos seus homens de confiança que, de um modo geral, sem formação própria, funcionam como peças avançadas num tabuleiro de xadrez, onde cada peça é comandada à distância. Nas empresas de construção civil, o dono da empresa, mais conhecido por “pato bravo” confia mais no seu

encarregado geral do que no jovem engenheiro, imposto pela lei nos quadros da empresa, para que o Alvará seja renovado. Nos Governos, os presidentes escudam-se num círculo fechado de cadeiras, que vão jogando e trocando à sua bela vontade, numa fortaleza de “Yes Man/Woman”, que cresce, dia a dia. Nas Secretarias ouvem-se mais os Delegados do que os Directores de Serviço e Chefes de Divisão que só complicam a vida dos simpatizantes, com a sua obsessão pelo rigor. Nas Direcções Regionais, alguns directores regionais mais não são do que “caixas de correio” dos secretários, figurantes do poder na ilha..., para tapar os olhos aos mais reivindicativos. Nas Delegações, os técnicos são ignorados em benefício dos presidentes de junta do partido do poder, que moldam os objectivos aos seus interesses eleitorais. Não é com rigor, que se ganham as eleições, pá!... Ganham-se eleições com agrados, com favores, com cunhas e jeitos, promessas de emprego em concursos controlados pelo critério subjectivo das entrevistas de conveniência. Estes são os “Faz-Tudo” de hoje, polivalentes, que saltitam da

Agricultura para as Obras Públicas, das Obras Públicas para o Ambiente, do Ambiente para a Educação, da Educação para a Saúde...e siga o baile! Hoje, estes novos “Faz-Tudo” são muito procurados, porque continuam a desenrascar situações, porque dão jeitos e, acima de tudo, porque são de grande confiança, por mais difícil que seja a previsão eleitoral. Estes “Faz-Tudo” não são técnicos, e não carecem de qualquer formação superior, média ou inferior... podem até nem ter a 4ª classe, desde que jurem obediência e fidelidade à bandeira do partido, dê por onde der, aconteça o que acontecer. Estes “Faz-Tudo” são os verdadeiros responsáveis pelo impasse que vivemos, onde a competência deu lugar ao compadrio e à cunha, onde o desenvolvimento deu lugar ao retrocesso e à lei da rolha. Hoje, o Faial poderia ser completamente diferente, se não estivéssemos na mão destas réplicas de “FazTudo”, que mais não são do que um sub-produto de péssima qualidade, de uma geração que em vez de governar-nos e desenrascar-nos, nos enrascam, governando-se a eles próprios... muito bem. A eles, o meu protesto!

Gastar ao desbarato os dinheiros Públicos Costa Pereira

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. No último Plenário da Assembleia Legislativa da RAA, o deputado Paulo Estêvão denunciou mais um lamentável exemplo do gasto ao desbarato dos dinheiros públicos em que o Governo Regional se vem especializando. Aquele deputado apontou vários exemplos de erros inadmissíveis no novo site do Turismo dos Açores (www.visitazores.com). Com efeito, os textos daquele site estão eivados de imprecisões e falhas imperdoáveis. Por exemplo, entre muitas outras, diz-se que os corvinos pagavam tributos à Corte portuguesa (e não à Coroa portuguesa, como devia ser), ou que o Museu de Angra é um museu municipal (e não regional, como é). Também no que diz respeito ao Faial, há imprecisões, omissões (como é a de, ao descrever genericamente o panorama arquitectónico citadino, omitir a referência às igrejas de S. Francisco e do Carmo), e até verdadeiras pérolas, como é esta de quase sugerir a quem nos visita “atravessar as ilhas em lanchas baleeiras”, ou

descrever o S. João da Caldeira desta romântica forma (e de todo ultrapassada): “a romaria movimenta filarmónicas de toda a ilha até ao Largo Jaime Melo (…). Concertos musicais, bailes folclóricos, desfile de marchas populares marcam o dia festivo.” Este novo site, orgulhosamente apresentado a 12 de Agosto passado pelo Secretário Regional da Economia, significa para o Orçamento Regional uma verba que ronda um milhão de euros, que inclui não só a construção do site, mas também a promoção, a produção de conteúdos e a sua manutenção durante três anos. Já na altura, para justificar a gorda factura, Vasco Cordeiro não fazia por menos: o Governo Regional quer “o melhor dos melhores”. A verdade é que a empresa estrangeira autora do site deve ser a melhor das melhores a facturar, porque, na qualidade, o site é perfeitamente vulgar, sem nada de especialmente surpreendente que justifique tal investimento. Mas o que é verdadeiramente incompreensível e inaceitável é que o Governo Regional aceite um trabalho desta natureza, que envolve verbas elevadíssimas, e não tenha sequer verificado nem avaliado o que lhe foi entregue, para saber da sua conformidade e qualidade. Foi necessária uma denúncia pública dos erros inad-

missíveis existentes, para só agora, mais de um mês depois, o Governo querer apagar o assunto da memória das pessoas, dizendo que os textos serão objecto de correcção. É também assim que se desbaratam os dinheiros públicos!

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Já aqui, nestas páginas, por várias vezes, abordei a deriva em que está mergulhado o desporto açoriano, particularmente no que respeita às competições de âmbito nacional, onde se vive num mundo irreal, alimentado por dinheiros públicos, que para tudo servem (pagar principalmente a treinadores e atletas) menos para o que devia ser: promover a formação desportiva das nossas crianças e jovens. E a prova de que esse mundo é irreal é que bastará, já amanhã, o Governo Regional e as muitas autarquias açorianas, cortarem as abundantes verbas que o alimentam, e seguramente ele ruirá de forma generalizada e mais depressa do que um castelo de cartas. E, em tempo de crise e de exigência que é feita a todos os cidadãos (que sofrem com mais impostos e com o custo de vida acrescido), não é possível manter este sorvedouro nem outros do género (espectáculos e concertos em tudo o que é festarola ou comemoração), pois são todos financiados directa ou indirectamente com os dinheiros dos nossos

impostos. Como há dias escrevia, cheio de razão, Luís Anselmo “Nem os milhões que o governo regional e as autarquias gastam no futebol com a justificação esfarrapada de “promoção dos Açores” e que alimentam uma clientela de jogadores de fora, nem os milhões e milhões que têm sido gastos em “pão e circo” podem esconder e esquecer a tremenda crise social e económica que “esmaga” as famílias e as empresas destas ilhas. Permanece uma política de diversão contínua e irresponsável que pretende essencialmente alienar o povo, qual bálsamo para as agruras da vida. Ainda recentemente um grupo de mães da Ribeira Grande veio a público denunciar a impossibilidade dos seus filhos frequentarem um ATL por falta de uma auxiliar que a Segurança Social recusa pagar, qualquer coisa como 400€ por mês. E assim o Centro de Apoio Social e Acolhimento Bernardo Manuel da Silveira Estrela não consegue abrir o ATL que tanta falta faz a estas mães. Incompreensível quando paralelamente se verifica um gastar ao desbarato do governo de ainda e algumas autarquias.”

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O caso da bolsa de estudo atribuída a um filho da Secretária Regional do Trabalho e da Solidariedade Social, na minha óptica, insere-se também neste

ambiente pouco rigoroso da gestão dos dinheiros públicos. Com efeito, entendo que a concessão de Bolsas de Estudo por parte do Governo Regional, das Autarquias ou de outras instituições que administrem dinheiros públicos, deve ser reservada apenas para duas circunstâncias: ou para alunos de famílias cujos rendimentos não lhes permitem assegurar os seus estudos, ou para cursos de áreas profissionais em que a Região seja carente. Em nenhum destes casos se insere a bolsa de estudo atribuída e, por isso, essa e outras semelhantes que são ou foram concedidas, exemplificam bem o desbarato que é a gestão dos dinheiros públicos (que provêm dos impostos que todos pesadamente pagamos). Neste caso, acresce uma questão moral e ética: o regulamento de concessão de bolsas de estudo e o seu valor foram alterados quando o filho da Secretária Regional já era aluno do curso de piloto aviador. Por isso, mesmo que se queira acreditar na rectidão de intenções daquela responsável e que não pretendia beneficiar o filho com a mudança introduzida por ela, por uma questão ética e moral ele não se devia ter candidatado, também porque obviamente não necessita daquele apoio. 27.09.2010


DespORTO

Tribuna das Ilhas

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63.º aniversário do Clube Naval da Horta

bReves D.r.

Maria José Silva g O Clube Naval da Horta comemorou este fim-de-semana o seu 63.º aniversário. Para assinalar a data realizaram-se uma série de provas desportivas, em várias modalidades, desde vela ligeira, canoagem, pesca, limpezas ao fundo do mar, até à tradicional vela de cruzeiro. O ponto alto dos festejos aconteceu na noite de domingo, com um jantar convívio entre sócios, atletas e simpatizantes do Clube, que reuniu mais de duas centenas de pessoas. Neste momento foram também entregues os prémios das regatas de aniversário e, como não podia deixar de ser, foi cantado o “Parabéns a você” e as do bolo comemorativo foram sopradas. Hugo Pacheco, presidente do Naval da Horta, frisou na ocasião que: “são 63 anos na história de muito sucesso, e, hoje em dia, qualquer sócio poder ter orgulho em pertencer a este clube. O Clube Naval da

Horta está também no final de um ciclo directivo, e não podia deixar passar este momento sem agradecer a todos os que me acompanharam nesta aventura. Foram dois anos muito enriquecedores e não posso deixar de agradecer a todos os que tornaram tudo isto possível”. Também o Presidente da Comissão Náutica Municipal e da Câmara da Horta, João Castro, interveio para enaltecer o papel do CNH e da sua actividade: “o CNH é um clube de ligação da cidade ao mar, da ilha do Faial ao mar, quer do ponto de vista histórico como tradicional. Hoje, o CNH liga as pessoas à cidade e ao mar de uma forma inequívoca e exemplar. Este é um barco que, cada vez mais assume particular dimensão, importância e dinamismo que importa acarinhar”. João Castro deixou ainda latente que a Comissão Náutica Municipal vai procurar reflectir sobre uma estratégia para os assuntos do mar, que defina qual o caminho a trilhar no panorama nacional.

FuTsAl - TORneiO De AbeRTuRA AFH

Jogos do passado fim-de-semana foram adiados g Não foi desta que arrancou o Torneio de Abertura de Futsal da Associação de Futebol da Horta. Os jogos da primeira jornada da competição, que deveriam ter decorrido no passado fim-de-semana, foram cancelados, não só no Faial mas também no Pico e nas Flores. No comunicado que

dá conta do cancelamento, a AFH não especifica os motivos que terão estado na sua origem, dizendo apenas ser alheia aos mesmos. Na próxima terça-feira, dia 5, a partir das 19h00, disputa-se o jogo da segunda jornada, entre o Atlético e o Flamengos, no Pavilhão da Horta.

Ainda não foi indicada pela AFH outra data para a realização da primeira jornada, onde se deveriam ter defrontado Fayal Sport e Flamengos. SENIOrES FEMININOS Também os jogos das equipas femininas, que deviam ter arrancado no pas-

sado fim-de-semana, foram cancelados. Assim, está agendado para terçafeira, a partir das 17h00, no Pa-vilhão da Horta, o encontro entre o Feteira e o Flamengos, jogo da segunda jornada, ficando a aguardar-se a realização do encontro da primeira jornada, entre Cedrense e Feteira. m.P.

vOleibOl Maria José Silva g A equipa de voleibol de seniores masculinos dos Bombeiros Voluntários está de volta à segunda divisão do Campeonato Nacional/Zona Açores. Esta subida serviu de pretexto para dar um novo fôlego ao clube, que pretende consolidar a equipa e criar condições para uma manutenção confortável na competição, ou mesmo para subir de patamar. Nesse sentido, a equipa apresentou em Agosto último o novo treinador, Issanayê Ramires, de 26 anos, oriundo do Brasil. Também ao Faial já chegaram os dois reforços brasileiros: Jefferson e Ângelo. Jefferson tem 2,04metros e joga na posição de central. Ao TRIBUNA DAS ILHAS contou que começou a jogar voleibol ainda criança. Na última época esteve ao serviço do Santos e esta vinda para a Europa apresenta-se como um desafio: “o voleibol no Brasil é muito complexo porque os jogadores têm somente que jogar e aqui não, aqui eu também ensino voleibol e isso é muito enriquecedor.” O ponto forte de Jefferson é o remate

Ângelo e Jefferson– os brasileiros reforçam a equipa dos bombeiros e vai usar isso como uma arma para tentar os melhores resultados possíveis para a equipa faialense que representa. Apesar da tenra idade, destaca como o momento alto da sua carreira o percurso da época passada, que o sagrou como melhor jogador do ano. O outro reforço dos Bombeiros chama-se Ângelo, também vem das escolas de voleibol da equipa do Santos. Tem 1.92metros e o seu ponto forte é à saída da rede, uma vez que tem um salto que atinge os 3.60metros. Começou a jogar voleibol em 2005 e desde aí nunca mais parou. Em 2007, apenas dois anos depois de estar a jogar voleibol, competiu na A1, com jogadores de topo do voleibol brasileiro, o que o deixou muito satisfeito e lhe deu um ânimo para continuar. Ambos os jogadores são unânimes em afirmar que para se ser um bom jogador é preciso ter muita disciplina, treino e garra.

Segundo o presidente do clube, tratase de um novo ciclo, desejado há algum tempo, e que agora se começa a desenhar: “já há algum tempo que tínhamos em mente trazer alguém com mais experiência e mais cultura de voleibol”, reconhece. Para Daniel, a vinda de Ramires representa também um aligeirar do fardo, dado que o presidente acumulava este cargo com as funções de atleta e treinador. Agora, vai continuar a jogar, mas sem a responsabilidade

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acrescida de orientar os jogadores. Fazem parte do plantel dos Bombeiros: Jefferson, Angelo, Luís Pimentel, Daniel Rodrigues, Bruno Azevedo, Ricardo Silva, Luís Tavares, Luís Cardoso, Filipe Garcia, Emanuel Garcia, Jorge Gomes, Tiago Gonçalves e Carlos Rodrigues. Os primeiros jogos da formação faialense vai acontecer nos próximos dias 6 e 7 de Novembro, na ilha Terceira, frente ao ADREP.

SCHorta perde em alvalade g O Sporting da Horta perdeu por quatro bolas o jogo da quarta jornada da Liga Portuguesa de Andebol. Com este resultado o Sporting de Portugal reforçou a liderança da tabela com 12 pontos, mais dois que o segundo lugar. O Benfica venceu este domingo o ABC, em Braga, por 27-25. Com esta vitória as ‘águias’ ascendem ao segundo lugar da tabela que dividem com o ABC, Águas Santas e FC Porto. No próximo dia 2 de Outubro o SCH defronta, no Complexo Desportivo Manuel de Arriaga o Madeira Sad.

Na hora da despedida marco Garcia revalida título g Marco Garcia conquistou ontem o seu 13º título de campeão regional de motocross, após vencer a sexta prova do campeonato. Naquela que é a sua última temporada no motocross regional, o piloto do Faial somou a quinta vitória deste ano, tendo apenas ficado em segundo lugar na primeira prova do Campeonato dos Açores de Motocross. Em segundo lugar ficou o micaelense Nelson Ventura.

team atlantis desiste no 2.º troço do lilás g A participação do Team Atlantis no XXXII Rali Ilha Lilás, não correu da melhor maneira para a equipa faialense, que se viu obrigada a desistir logo no 2º troço devido a um problema mecânico. Mesmo assim a dupla Faialense, Paulo Costa/Pedro Capela, mantém a segunda posição no campeonato Regional de Ralis dos Açores, quando falta apenas uma prova para o final.

Flamengos perde no Pico no torneio de abertura da aFH g No passado fim-de-semana foi a vez do Flamengos fazer a sua estreia no Torneio de Abertura da Associação de Futebol da Horta, em seniores masculinos. No seu primeiro jogo oficial depois da descida da Série Açores, os jogadores do Vale foram ao Pico, onde perderam com o Lajense por 2-0. No outro jogo da jornada, o Cedrense derrotou o Feteira nas Canadinhas, com um golo sem resposta. Este domingo, dia 3, o Flamengos recebe o Grupo Desportivo da Feteira a partir das 16h00. À mesma hora jogase nos Cedros o Cedrense/Fayal Sport Club. O Lajense folga nesta jornada. No feriado da próxima terça-feira, dia 5, joga-se mais uma jornada, com o Feteira a receber o Lajense nas Canadinhas, às 14h30, e o Fayal a receber o Flamengos na Alagoa, às 16h00, sendo a vez do Cedrense folgar.


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RepORTAgem

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Tribuna das Ilhas

xiii assembleia Geral do Conselho mundial das Casas dos açores na Graciosa Texto e fotos

Maria José Silva g Um encontro de açorianidade, foi assim que foi classificada a XIII Assembleia Geral do Conselho Mundial das Casas dos Açores, que decorreu de 23 a 26 de Setembro na Ilha Graciosa. Participaram nesta reunião magna 12 Casas dos Açores, sediadas em Portugal Continental (Lisboa, Norte, Algarve); Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul); Estados Unidos da América (Nova Inglaterra, Hilmar) e Canadá (Quebeque, Ontário, Winnipeg). TRIBUNA DAS ILHAS esteve presente neste encontro de açorianidade na Ilha Branca e esteve à conversa com o Presidente da Casa dos Açores de Ontário, Carlos Botelho, com Carin Machado, presidente da Casa dos Açores da Ilha de Santa Catarina, e com Miguel Loureiro, outro faialense, presidente da Casa dos Açores de Lisboa. Carlos Botelho, presidente da Casa dos Açores de Ontário, disse à nossa reportagem que “o facto de termos nesta reunião a Casa dos Açores de Hilmar, da Califórnia, é muito importante pois foi uma das casas fundadoras deste Conselho Mundial. As Casas dos Açores pretendem ser uma embaixada dos Açores, não se trata de uma casa folclórica, é muito mais do que isso”. Há cinco anos, quando tomou as rédeas da Casa dos Açores na cidade de Toronto, Carlos Botelho deparou-se com uma Casa quase a fechar portas. Neste momento deixaram de abrir uma vez por semana, estão abertos todos os dias, têm a funcionar um posto RIAC e um consulado virtual. “São muitas as pessoas que nos procuram. Neste momento fazem-no para pedir o cartão do cidadão, para renovar o passaporte, ou pura e simplesmente para consultar a nossa biblioteca ou provar a nossa gastronomia”, diz Carlos Botelho. Na Casa dos Açores de Ontário estão a decorrer lições de viola da terra, o que tem feito com que os jovens se aproximem da Casa. “Para além disso, está na forja formar-se um grupo folclórico, o que é deveras pertinente”. A representante da Casa dos Açores de Santa Catarina, no Brasil, ilha cujo povoamento aconteceu sob a alçada dos açorianos, Carin Machado, fala da Casa dos Açores de uma forma diferente… Afinal, não foram os brasileiros que tiveram de aceitar os açorianos, mas sim os açorianos, povo nativo daquela ilha, quem teve de receber os brasileiros: “temos uma relação muito distante dos Açores mas ao mesmo tempo procuramos estar sempre perto e manter uma relação de proximidade com a nossa cultura no sul do Brasil”, diz. Em Santa Catarina já não existem açorianos directos mas sim de oitava e nona geração, mas existem tradições enraizadas que dificilmente desaparecerão, como o Culto ao Divino Espírito Santo, que acontece em 14 comunidade. Isso permite mostrar a cultura açoriana

PAlESTrA A celebração do espírito açoriano foi aclamada por todos estes responsáveis das Casas dos Açores

CArlOS bOTElhO No Ontário a Casa dos Açores tem um projecto dedicado aos mais novos

lOurEIrO Em lisboa são mais de 700 os associados da Casa dos Açores

CArIN MAChADO Não foram os nativos que se tiveram que habituar aos açorianos, mas sim os açorianos (nativos) que se tiveram de adaptar aos brasileiros em Santa Catarina

mais de perto. “A nossa maior preocupação é não deixar a nossa cultura se perder perante o sufoco das outras nacionalidades que povoam Santa Catarina” – afirma Carin, que continua dizendo: “os nossos nativos sabem que são açorianos, dizem que são açorianos mas não conhecem os Açores. Temos então, um projecto que se chama “Açores nas Comunidades”, que consiste em visitas a várias localidades de Santa Catarina, onde fazemos palestras sobre o arquipélago”. “Gostaria que tivéssemos mais oportunidades de trazer grupos de nativos aos Açores”, diz a açoriana. Em Lisboa, a Casa dos Açores (CAL) tem mais de 700 associados que, com regularidade, comparecem aos eventos organizados. Quem o revela é Miguel Loureiro, cara conhecida dos faialenses, e presidente daquela instituição. Miguel Loureiro diz que “esta reunião anual serve, acima de tudo, para se projectar o ano que temos pela frente e para fazer balanço ao que tem vindo a ser feito. O balanço é positivo, aprendemos muito uns com os outros”. Instado a pronunciar-se sobre a importância que norteia a existência de instituições como as Casas dos Açores, Loureiro diz que “cada Casa tem especificidades próprias. Nós estamos integrados numa cultura que é a portuguesa, não temos o problema da língua, da cultura, entre outros. As Casas que estão no estrangeiro têm esse problema e propõem-se desenvolver um trabalho que, ao fim ao cabo, é um serviço, não só às comunidades onde elas próprias estão integradas, como à Região, congregando as comunidades, pondo-as em contacto com a sua cultura de base.” Miguel Loureiro considera as Casas dos Açores do estrangeiro como “autênticas embaixadas”, que importa manter e revitalizar. São mais os continentais que procuram a Casa dos Açores de Lisboa do que

propriamente os açorianos: “os continentais têm uma grande curiosidade em saber o que são e como são os Açores”. Para procurar satisfazer toda a gente a CAL elabora programas diversificados de cariz cultural, religioso e social. A Assembleia Geral das Casas dos Açores reúne anualmente e tem por objectivos promover o debate sobre as dinâmicas e os desafios actuais, a salutar troca de experiências assim como um relacionamento cada vez mais estreito e abrangente entre as Casas dos Açores e as Comunidades onde as mesmas se encontram radicadas, bem como proporcionar aos participantes um maior contacto com a realidade açoriana, permitindo-lhes transportar para junto das nossas comunidades, novas ideias e objectivos renovados decorrentes do Encontro. Fundado na Horta, em 1997, o Conselho Mundial das Casas dos Açores, tem como principais objectivos congregar as comunidades açorianas e dar a conhecer os Açores, os açorianos e a sua cultura às populações das suas respectivas áreas de influência. DISTINçõES Da programação do encontro destaque para a entrega da Medalha de Mérito do Conselho Mundial ao Presidente do Governo dos Açores, Carlos César, a entrega da medalha à Entidade Colectiva homenageada - Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, e a distinção do Produto Açoriano de Qualidade – o vinho Pedras Brancas. Na ocasião, Ruben Santos, presidente desta Assembleia-Geral, disse aos presentes que: “foi Carlos César quem assinou o documento que criou ao Conselho Mundial das Casas dos Açores (…) desde sempre deu impulso para que este conselho se dinamizasse e implementasse, pelo que esta homenagem é justa”. Ruben Santos frisou ainda que é pre-

tensão do Conselho implementar medidas no sentido de se melhorarem os desempenhos das Casas dos Açores espalhadas pelo mundo. O presidente do Executivo Regional começou a sua intervenção frisando que “ser açoriano é um estado de espírito”. César classificou esta AssembleiaGeral como uma Assembleia de Açorianidades, “do mundo e para o mundo”. “As casas dos Açores hoje são autênticas federações de açorianidade. São instituições onde todos têm lugar e onde todos os açorianos se podem rever” – sublinhou. O presidente do Governo Regional salientou ainda a importância que estas instituições assumem no panorama mundial, uma vez que são o elo de ligação entre os Açores e os açorianos espalhados pelo mundo. Neste mesmo dia Carlos César deixou uns recadinhos a Lisboa, ao afirmar ser “fundamental salvaguardar os equilíbrio orçamental, salvaguardar as finanças públicas nacionais e regionais”, mas que isso tem de ser feito por uma razão social e ética. Para Carlos César, é importante poupar, mas por alguma razão ou por algum efeito, já que os recursos, sendo de todos e resultantes da contribuição de todos para as poupanças do país, implicam o dever de “reinvestir no progresso do país e na satisfação das necessidades dos seus cidadãos.” O governante acrescentou ser importante que “esse sentimento e essa consciência do momento que se vive no país possam fazer também congregar os principais responsáveis e sobretudo os partidos dominantes e mais influentes no espectro parlamentar, no sentido de se conjugarem para a aprovação dos instrumentos essenciais à regulação financeira do país, ao seu crescimento económico e à estabilidade”. “Os portugueses dificilmente aceitarão que do diálogo interpartidário não

resulte o privilégio da recuperação da situação em que o país se encontra. Não há nada para adiar e muito menos adiar a recuperação do nosso país”, acentuou. Afirmando que nos Açores “não somos responsáveis pela degradação da situação financeira que se tem vivido ao longo dos anos” – de que deu alguns exemplos, nomeadamente o de a dívida pública ser de 9% do PIB regional, muito menor do que os mais de 75% da média da União Europeia – o Presidente do Governo assegurou que os Açores têm dado uma assinalável contribuição ao país. Essa contribuição resulta, como sublinhou, do rigor com que são geridos os recursos açorianos e aproveitada a solidariedade nacional, mas também “pela forma como projectamos o país no Atlântico, como o engrandecemos através da presença e do dinamismo das nossas comunidades.” CONCluSõES Depois de três dias de trabalhos, os responsáveis das “Casas de Açorianidade” espalhadas pelo mundo determinaram readmitir ao Conselho Mundial das Casas dos Açores, por aclamação, a Casa dos Açores da Califórnia em Hilmar. Falando sobre o futuro das Casas dos Açores, Ruben Santos, presidente deste Conselho Mundial, faialense de berço, defende que concretizar o conceito de Casa dos Açores só é possível “fomentando a adesão ao Conselho de novos membros: para o responsável é importante concretizar a agenda comum das Casas dos Açores por regiões, com enfoque na partilha e programação concertada de agendas culturais e intercâmbios dos seus associados, em especial os mais jovens”. Ficou ainda determinado que, a reunião magna de 2011 se realizará no Rio de Janeiro, sobre a presidência de António Toste.


OpiniãO

Tribuna das Ilhas

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victor rui Dores

uma iniciativa da Horta Camerata, realizou-se, no passado domingo, no Salão Nobre da Câmara Municipal da Horta, um recital de violoncelo e piano interpretado por Oxana Chvets (violoncelo) e sua filha Eugénia Chvets (piano), tocando juntas pela primeira vez perante um público interessado que encheu por completo aquele espaço. No recital, apresentado por Kurt Spanier, director artístico da Horta Camerata, foram interpretadas obras de Robert Schumann (1810-1856), Felix Mendelssohn (1809-1847), Gabriel Fauré (1845-1924) e Sergei Rachmaninoff (1873-1943) – música intemporal e universal, porque música de todos os tempos e de todos os lugares. O concerto foi intimista e primou pela diversidade dos estados expressivos. Mãe e filha não se acompanharam – dialogaram. Tocaram com expressão estética e sensibilidade artística, fazendo a música invadir a alma do público e a causar-lhe uma emoção profunda, ocupando inteiramente o seu espírito. Porque é essa a tarefa da arte: buscar mais verdade, uma luz mais exacta sob

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recital de violoncelo e piano com oxana e Eugenia Chvets o horizonte das coisas visíveis. Oxana Chvets é a interpretação minuciosa e é o charme discreto de uma violoncelista de eleição – o violoncelo é o prolongamento do seu corpo, – tocando com segurança, brilhantismo e preciosismo técnico. Produto do Conservatório Regional da Horta, Eugenia Chvets, apesar da sua extrema juventude, é já uma brilhante pianista que reproduz naquilo que toca um clima de prazer subtil e sensorial. Gostei da maneira resoluta e vigorosa com que atacou as notas da “Sonata” de Rachmaninoff, peça que denotando sofisticação harmónica, é de difícil execução técnica. Assistimos, neste concerto coerente e de inegável qualidade, a momentos musicais verdadeiramente inesquecíveis e a uma sensação de plenitude. Por exemplo: “Lied Ohne Worte”, de Mendelssohn. (Se o malogrado Gennady ainda estivesse entre nós, ele haveria de sentir um grande orgulho por estas duas inspiradas, iluminadas e irresistíveis Chvets). Mais do que um recital, assistimos a um acto de amor. Pela música e pela vida.

roberto Mendonça Faria

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á quem goste de ver maratonas de telenovelas, mas existem outras novelas que me agradam mais a vista. Um dos meus autores preferidos é William Somerset Maugham mestre na escrita de romances interessantes e nada

Santos Madruga

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ste mês de Setembro, apesar de nos oferecer uns maravilhosos dias de bom tempo, já nos vai dizendo que o verão está a chegar ao fim. Saíram os jovens estudantes, alguns deles, pela primeira vez. Os visitantes da saudade, já lá foram. Os largos à noite começam a ficar vazios. Não deixa de ser um ciclo anualmente repetitivo, mas para nos que ficamos, um aperto chamado saudade, nos vai entristecendo, e o fim

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livro. Logo pensei “mais um para eu devorar”. E assim foi. Este livro bem podia ser uma telenovela de horário nobre onde veríamos a história de Julia Lambert que se pavoneia como uma das divas do teatro inglês. E o que acontece quando uma diva se apaixona? Resposta simples, somos invadidos por uma avalanche de angústias e alegrias que enchem o coração da “pobre” mulher que fica dividida entre manter o casamento de longos anos com Michael ou abraçar uma relação com um

jovem contabilista. Não se pense que apenas encontramos páginas repletas de amor e mais amor, pelo contrário, somos surpreendidos com uma Julia senhora das tradicionais tolices que o amor nos leva a fazer. Mas o que seria de uma diva se não fosse vingativa? Isso sim apimenta a obra e leva-nos querer descobrir o fim do enredo. Como descrito na capa do livro “Amor. Obsessão. Vingança. A actuação de uma vida.” Eu já desliguei o televisor. E você?

o Fim Do VErÃo das tardes com o cair das folhas, sacudidas por um ventinho, já algo frio, indica-nos, igualmente, a aproximação do Outono. Este sentimento é mais acentuado, nos que esperam um ano ou mais, para matar as saudades das ausências de filhos, netos, irmãos e demais familiares e amigos, que fazem desta nossa e sua terra, ponto de encontro. Então, algumas autarquias, mantêm a tradição de festejar, com pompa e circunstancia, o fim do

CiDaDaNia, um ExEmPlo CoNCrEto ruben Simas

amor amor Desliga o televisor enfadonhos, onde a malícia percorre cada página devidamente acompanhada pelo ardor do romance. Durante anos apenas tinha lido um livro seu e sempre ficou a vontade de conhecer mais da sua escrita mas, felizmente tudo mudou quando comecei a embrenhar-me nas feiras de livros usados da AFAMA. “As Paixões de Julia” foi descoberto num monte de livros usados e confesso que parecia um rapazinho que abre as prendas no dia de Natal quando vi o nome do autor na capa do

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verão. Desde o ano de 2005 que a freguesia da Matriz mantêm de pé, este gesto, com um evento especial, realizado, ultimamente, no Jardim Florêncio Terra. Este ano, a esse espectáculo musical, a Junta de Freguesia, chamou-lhe “Serenata ao Verão”. O “Grupo de Fados à Capella” de Coimbra, com António Ataíde (voz), Nuno Botelho (viola) e Bruno Costa (guitarra), presenteou-nos, sobretudo, com os fados

Online

e baladas de Zeca Afonso. A viola e a Guitarra brindaram-nos com arranjos da família Paredes. Foi um serão bastante agradável e ao qual a apresentadora lhe chamou “um hino ao verão”. Parabéns à Junta de Freguesia da Matriz, na pessoa do seu Presidente, e cá ficamos na esperança que, para o ano, haverá mais. Haja Saúde! Set.2010

evolução da história da Humanidade foi-se traduzindo na transformação do ser humano, de súbdito do poder em cidadão, o que implica que sejam definidas regras gerais que limitam, e em última análise excluem, o arbítrio do poder. Toda a pessoa é cidadão. Um facto que deverá estar sempre presente ao nível dos órgãos do poder, de forma a existir uma esfera pessoal de direitos, que terá de ser um pressuposto presente no conjunto dos direitos de qualquer pessoa. Porém, a cidadania começou por excluir os escravos na polis grega e noutras comunidades, sendo que, e à posteriori, o Estado excluiu, ao longo do tempo, os não proprietários, as mulheres, os analfabetos e, lentamente, foi evoluindo e alicerçando o caminho para uma proclamação jurídica da justiça e da igualdade. As pessoas que residem num território do qual não são cidadãos, estão excluídas dos direitos e deveres que permitem essa condição. No período e no pensamento liberal, de resto, os direitos de cidadania são directamente derivados do direito de propriedade, incluído em aspectos como o direito de voto, que é negado aos não proprietários. Nesse sentido pode-se afirmar que, na sua acepção mais ampla, cidadania é a expressão concreta do exercício da democracia. Claro que na evolução histórica assistiu-se a uma passagem da “liberdade dos antigos” à “liberdade dos modernos”, conforme expressão de Benjamin Constant, isto porque, para os antigos, liberdade é participação na vida da cidade e, para os modernos, é a realização da vida pessoal. Em ano do centenário da República, em que muito se tem falado e escrito sobre cidadania, não se pode deixar de referir determinadas atitudes e posturas de algumas pessoas que, agora com responsabilidades, já antes as desempenharam, sendo dignas de referência. Em primeiro lugar e numa simples e redutora interpretação, vemos cada vez mais um esvaziamento de participação na sociedade, em toda a sua transversalidade. Será pela educação que recebemos? Ou será pela sociedade, cada vez mais egoísta? São poucos os exemplos que encontramos, mas existem. Olhando à minha volta, não posso deixar de referir um bom exemplo de cidadania – o do Dr. Fernando Menezes, pela maneira como desempenhou, ao mais alto nível, as diferentes funções que anteriormente lhe estiveram atribuídas, mas também porque não se escondeu atrás dessas mesmas funções e tem participado, de diversas formas, em várias instituições faialenses, contribuindo para a sua valorização no meio faialense. Este é sem dúvida um exemplo para muito boa gente. Não basta parecer, é preciso ser!


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1 DE OuTubrO DE 2O1O

OPINIãO

Tribuna das Ilhas

ReTAlHOs DA nOssA HisTóRiA – lxxxvi

No Centenário da república Portuguesa (16) Fernando Faria

20.GOvErNADOr

ANTóNIO bIrNE PErEIrA

N

omeado pelo Ministro do Interior a 1 de Maio de 1915, o engenheiro António Birne Pereira acabou por ser um dos mais meteóricos governadores do distrito da Horta. Tendo chegado à capital faialense na noite de 11 de Maio, a bordo da canhoneira “Açor” – que, curiosamente, era comandada pelo tenente Augusto Goulart de Medeiros, que fora o segundo governador civil da Horta no período republicano – tomou posse no dia imediato, a qual lhe foi conferida pelo secretário-geral, Dr. Urbano Prudêncio da Silva. Diz a imprensa da época que, após o compromisso de honra, o novo chefe do distrito, “manifestou os desejos de que vinha animado, esperando de todos o devido concurso a bem da Pátria, pois o seu intento era fazer governo puramente republicano”1. Assistiram à posse dois ex-governadores, Caetano Moniz de Vasconcelos e o já mencionado Augusto Goulart de Medeiros, que retribuíram as saudações e os elogios que haviam recebido do empossado, e também os funcionários do Governo Civil, chefes de várias repartições e outros cidadãos. Ainda no mesmo dia o governador Birne Pereira subscreveu a habitual caterva de ofícios participando às mais diversas entidades a tomada de posse, assegurando-lhes que encontrariam sempre nele “toda a lealdade e diligência em prestar-lhes a cooperação” de que pudessem carecer e

que coubessem na esfera das suas “atribuições legais”2. Dois dias volvidos, seguia para a ilha das Flores, no paquete Funchal, acompanhado pelo seu antecessor Caetano Moniz de Vasconcelos, que, como se sabe, era um estimado e histórico republicano e líder distrital do Partido Unionista. Seja porque esta força política retirara o apoio que havia dado ao Governo do general Pimenta de Castro, seja porque desejava ter à frente dos executivos concelhios pessoas da sua confiança política, seja ainda porque não recebera indicações do novo Ministério liderado por João Chagas e empossado a 16 de Maio, o certo é que, por alvará de 22 desse mês, exonerou os administradores de concelho que dois meses antes haviam sido nomeados pelo governador Caetano de Vasconcelos. Aqui se registam: José Machado Teixeira, do concelho da Horta; Francisco da Cruz Ribeiro da Silva, da Madalena; Manuel Rodrigues Luís, de São Roque; Manuel Rodrigues do Amaral, das Lajes do Pico, José Maria Álvares, de Santa Cruz das Flores; Urbano Lino de Freitas, de Lajes das Flores e Joaquim Pedro Nunes, do Corvo3. Como, entretanto, a nível nacional, haviam ocorrido os dramáticos acontecimentos do golpe de Estado de 14 de Maio, que derrubou o Ministério de Pimenta de Castro, o governador Birne Pereira já não teria oportunidade de nomear os novos administradores concelhios que substituiriam os que ele exonerara. De facto, no mesmo dia 26 de Maio em que o Presidente Manuel de Arriaga enviou a mensagem de renúncia ao Congresso da República, era localmente noticiado que “o engenheiro civil sr. António Birne Pereira pediu a sua demissão de governador civil deste distrito”4 e que retirava para Lisboa no paquete “San Miguel” que saiu da Horta no dia 30 de Maio. Entretanto, no Diário do Governo de 25 de Maio – que só terá chegado à Horta nos começos de Junho – eram publicados, com data do dia 24, vários

despachos do ministro do Interior que exoneravam 17 governadores civis, incluindo neles o do distrito da Horta, engenheiro António Birne Pereira. Nascido em 1872, foi quadro superior das Obra Públicas, tendo dirigido vários trabalhos de estudo e construção, nomeadamente nas linhas de caminhos-deferro de Régua a Chaves, de Valença a Monção, do Entroncamento a Gouveia e da área metropolitana do Porto. Contratado pelo grande industrial Alfredo da Silva, sucedeu ao engenheiro francês Auguste Lucien Stinville no cargo de Director da CUF, no Barreiro.

21.GOvErNADOr

ANTóNIO l. SErrãO DE CArvAlhO

N

o mesmo diploma em que eram demitidos os governadores que caíram com o Ministério de Pimenta de Castro, o titular da pasta do Interior, Dr. José de Castro, nomeava os respectivos substitutos para os distritos do Continente, da Madeira e dos Açores. Para a Horta, e invocando o estafado “motivo urgente de serviço público”, foi escolhido o tenente-coronel António Luís Serrão de Carvalho. Se o seu predecessor apenas esteve duas semanas em funções, este nem sequer chegou a tomar posse, apesar de só haver sido exonerado quase 10 meses depois, como se constata pelo seguinte decreto assinado pelo Presidente da República: “Usando da faculdade que confere o n.º4 do art.º 47.º da Constituição Política da República Portuguesa, hei por bem, sob proposta do Ministro do Interior, declarar sem efeito o despacho de 24 de Maio de 1915, publicado no Diário do Governo n.º 119, 2.ª série, pelo qual havia sido nomeado para o cargo de governador civil do distrito da Horta o cidadão

associação Faialense de bombeiros Voluntários Fundada a 16 de maio de 1912 Federada na liga dos bombeiros Portugueses*Cavaleiros da ordem benemerência* medalha de ouro duas estrelas da liga dos bombeiros Portugueses

ComuNiCaDo Informam-se os interessados que se encontra aberta Recruta para Aspirantes a Bombeiros Voluntários, solicitando-se que procedam à respectiva inscrição no Comando desta Associação, até dia 01 de Novembro de 2010. maiS SE iNForma QuE oS Pré-rEQuiSitoS SÃo: - dos 16 aos 35 anos; - 9.º ano de escolaridade; - Robustez Física DoCumENto a aPrESENtar: - Fotocópia do BI ou Cartão do Cidadão; - Cartão de Vacinas (em dia); - Certificado de Registo Criminal; - Certificado de aptidão física e psíquica; - Certificado de Habilitações literárias. O Presidente da Direcção; Hélio Pamplona

António Luís Serrão de Carvalho. O ministro do Interior assim o tenha entendido e faça executar. /Paços do Governo da República, 4 de Março de 1916/ O Presidente, Bernardino Machado/ O ministro do Interior, Artur R. de Almeida Ribeiro”. Não se conseguiu apurar os motivos desta invulgar situação. Mais do que derivados da constante turbulência política, estarão provavelmente relacionados com a entrada de Portugal no primeiro conflito mundial, já que foi naquele mês de Março que a Alemanha declarou guerra a Portugal. A intervenção militar portuguesa, sempre desejada pelos líderes republicanos, em especial os partidários de Afonso Costa, tornavase agora uma realidade a que era urgente responder. Assim, num espaço de meses houve que organizar o Corpo Expedicionário Português que foi enviado para a frente da Flandres, onde chegaram a estar cerca de 50. 000 soldados e oficiais. Entre estes, encontrava-se o coronel Serrão de Carvalho, certamente mais necessário nas zonas de combate do que na administração do Governo Civil da Horta. Assinale-se, a propósito, que à frente dos destinos do distrito se encontrava o governador civil substituto António de Simas Machado e Melo, funções a que era frequentemente chamado desde os tempos do Dr. José Machado de Serpa. Voltando, porém, ao governador António Luís Serrão de Carvalho, sabese que era um alentejano de Mértola, filho de Gualdino Carlos de Carvalho e de Maria da Penha Serrão de Carvalho, que, desde muito novo, veio com a família residir no Faial, onde seu pai chegou a chefiar o serviço postal. Frequentou o Liceu da Horta desde 1879, e terminou o curso da Escola do Exército em 1885-1886, beneficiando do alto patrocínio do Dr. António José de Ávila Jr., então major do EstadoMaior do Exército e futuro conde e marquês de Ávila. É a este que o pai agradece, em carta de 20 de Janeiro de 1886, do seguinte modo: “Tendo meu filho

António terminado o seu curso da Escola do Exército, venho por isso, com o maior reconhecimento, agradecer a V. Ex.ª os valiosos serviços que se dignou prestar-lhe no 1.º e 2.º ano do seu curso e ao que serei eternamente grato (…)” 5. Em 15 de Janeiro de 1891, António Luís Serrão de Carvalho, sendo alferes de Caçadores 11, contraiu matrimónio, na paroquial das Angústias com Isabel Serpa, filha de José António de Serpa e de Isabel Olinda Leal de Serpa, e irmã do magistrado, governador, deputado e senador Dr. José Machado de Serpa6. A carreira militar de Serrão de Carvalho levou-o a várias localidades do país, em especial a Angra e Lisboa, tendo sido em 1913, então major de Infantaria, governador da Fortaleza de São João Baptista da Ilha Terceira e em Agosto de 1917 presidente do Tribunal de Guerra, junto do Quartel-General do Comando Expedicionário Português, que, em Roquetoire, condenou à morte, pelo crime de traição à Pátria, o soldado condutor João Augusto Ferreira de Almeida. Poderá supor-se que a sua nomeação em Maio de 1915 para o cargo de governador civil da Horta poderá ter partido de seu cunhado, o senador democrático Dr. José Machado de Serpa e que a sua frustração terá ficado a dever-se à mobilização geral de quase oitenta mil militares que participaram na Primeira Guerra Mundial, em território europeu e, na África, na defesa das colónias de Angola e de Moçambique. Isto, todavia, não passa de simples especulação. 1“O Telégrafo”, de 12 Maio 1915 2Arquivo do Governo civil da Horta, maço 1915-A, pasta 38-a 3Idem, maço 1915-A, pasta 14

4“A Democracia”, de 30 de Maio 1915 5ANTT/APAB, antiga caixa 4, n.º 13 6cf. Livro casamentos n.º 5 de

Angústias, ano 1891, fls. 152-v. e 153


inFORmAçãO

Tribuna das Ilhas

NOSSA GENTE

Notário

FArMÁCIAS

liC. maria Do Céu PriEto Da roCHa PEixoto DECQ mota Cartório Notarial

CINEMA

AMANhã E DOMINGO 21H30 - Filme - “Os Mercenários” Teatro Faialense Horta ludus EvENTOS

CErtiDÃo NarratiVa Certifico, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada aos vinte e três de Setembro de dois mil e dez, de folhas cento e nove e seguintes, do Livro de Notas para escrituras Diversas número oitenta e oito-E, do Cartório Notarial, a cargo da Notária Licenciada Maria do Céu Prieto da Rocha Peixoto Decq Mota, com Cartório na Rua da Conceição, nº8 r/c, cidade da Horta se encontra exarada uma escritura de JuStiFiCaçÃo Notarial na qual inácio brasil oliveira NIF 102 848 076 e mulher maria de lurdes andrade oliveira NIF 102 848 084, casados na comunhão de adquiridos, naturais ela da freguesia de Santo Antão, concelho da Calheta, ela da freguesia da Feteira, concelho da Horta, residente na freguesiados Flamengos, concelho da Horta, residentes na freguesia dos Flamengos, concelho da Horta, na Rua do Arrife, n.º2-D. Que são actualmente e com exclusão de outrém, donos e legítimos possuidores do seguinte prédio, situado na referida freguesia do Capelo: rústico, no Sítio da Fajã do Touro, de terra de pasto e terra de lenha, com a área de quatro ares e oitenta e quatro centiares, confinando a norte com Manuel Dutra Moitoso, sul José Silveira do Souto, leste João Garcia Moitoso e oeste José Silveira Aguiar, inscrito na matriz no artigo 9617, com o valor patrimonial tributário de 1.26 € e atribuido de vinte euros; Que o referido prédio está inscrito na matriz em nome do primeiro outorgante varão não se encontrando descrito na Conservatória do Registo Predial da Horta. Que adquiriram este prédio por compra feita há mais de vinte anos a Manuel Peixoto, casado, residente freguesia de Castelo Branco, deste concelho, sem no entanto terem outorgado a respectiva escritura de compra e venda. Que desde essa altura até hoje estão na posse deste prédio, sem a menor oposição de ninguém; posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente e a prática reiterada dos actos habituais de um proprietário, tendo-o ocupado, feito plantios, procedido ao seu arranjo e limpeza, pago contribuições e impostos, tendo retirado dele todas as utilidades normais, com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública. Adquiriram assim o referido prédio por usucapião e, dado o modo de aquisição, não passuem título, estando impossibilitados de comprovar esta aquisição pelos meios normais.

EMErGêNCIAS -FAIAl

~ m i i

AGENDA

rua da Conceição, n.º8 r/c- 9900-080 Horta tel. 292 292 719 Fax. 292 292 813

hOJE E AMANhã Farmácia Ayres Pinheiro 292 292 749 DE 3 A 9 DE OuTubrO Farmácia Lecoq 292 200 054

i h p o

Número Nacional de Socorro 112 Bombeiros Voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 Telemóvel: 96 323 18 12 Protecção civil - 295401400/01 Linha de Saúde Pública 808211311 centro de Saúde da Horta 292 207 200 Hospital da Horta 292 201 000 TrANSPOrTES - FAIAl

jSATA - 292 202 310 - 292 292 290 Loja jTAP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de Taxistas da Ilha do Faial 292 391 300/ 500 oTransmaçor - 292 200 380 METEOrOlOGIA

hOJE, AMANhã E DOMINGO “XLPARTY” @ Horta – Açores Pavilhão Desportivo da Horta Organização: E2Tech - Parceiros Institucionais: câmara Municipal da Horta, Direcção Regional da Juventude, Direcção Regional do Desporto e Serviço de Desporto do Faial AMANhã 21h30 – concerto comemorativo do 50.º Aniversário da participação da Sociedade Filarmónica Unânime Praiense no 1.º Grande concurso Nacional de Filarmónicas, no Teatro Faialense. Organização: Sociedade Filarmónica Unânime Praiense DE 24 DE SETEMbrO A 15 OuTubrO 14h00 às 24h00 (excepto à quarta)ZendoPics - “Mulheres” de catarina Krug - ciclo de Exposições de Fotografia – Na cASA – Organização: Associação cultural Fazendo DE 1 A 22 DE OuTubrO Seg. a Sab. das 15h00 às 19h00 Hortacontemporânea 2010 - Exposição de Pintura de Memórias da cidade de Manuel Passinhas - centro de cultura e Exposições da Horta (Antigas Insta. do Banco de Portugal) Organização: câmara Municipal da Horta AMANhã 16h00 - comemoração do Dia Mundial do Animal - Praça do Infante - Organização: AFAMA DIA 4 DE OuTubrO – SEGuNDA-FEIrA 21h30 - concerto - Paula Oliveira & Lisbonês Teatro Faialense - Organização: câmara Municipal da Horta - Apoio: Hortaludus e Fayal Hotel Resort

GruPO CENTrAl hOJE Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros fracos. Vento sudoeste bonançoso (10/20 km/h), rodando para oeste e tornandose moderado (20/30 km/h). Mar de pequena vaga, tornando-se cavado. Ondas noroeste de 2 a 3 metros.

AMANhã céu muito nublado com abertas a partir da tarde. Períodos de chuva fraca, passando a aguaceiros fracos. Vento oeste fresco (30/40 km/h) com rajadas até 60 km/h, rodando para noroeste. Mar cavado .Ondas noroeste de 3 metros.

ChEFE DE rEDACçãO: Maria José Silva rEDACçãO: Susana Garcia e Marla Pinheiro FOTOGrAFIA: carlos Pinheiro

É certidão - narrativa que fiz extrair e vai conforme o original.

DOMINGO Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros fracos. Vento noroeste fresco (30/40 km/h) com rajadas até 55km/h, tornando-se moderado (20/30 km/h) .

Horta, vinte e três de Setembro de dois mil e dez. A Colaboradora, por delegação da Notária: (Filomena teresinha Pereira Serpa)

ViDENtE - mEDium - CuraNDEiro ESPECialiSta Em ProblEmaS DE amor telef.: 291 238 724 *telm.: 966 552 122 * Fax: 291 232 001

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Tribuna das Ilhas DIrECTOr INTErINO: cristiano Bem

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uTIlIDADES

PArTIu • No passado dia 20 de Setembro, faleceu no Hospital da Horta, com 93 anos de idade, Maria da Glória, natural da Freguesia do capelo e residente na Freguesia da conceição. A extinta era viúva de Manuel Pereira de Faria e deixa de luto os seus filhos, Alexandre Manuel Faria, já falecido, casado que foi com Gilberta Faria, António Goulart Faria, casado com Maria Belmira Faria, Maria da conceição Alves, viúva de José Elmano Alves e Manuel Faria, casado com cisaltina Faria. A falecida deixa ainda 11 netos e 5 bisnetos.

1 DE OuTubrO DE 2O1O

COlAbOrADOrES PErMANENTES: Alzira Silva, Armando Amaral, Berto Messias, Fernando Faria, Fernando Guerra, Fernando Melo, Frederico cardigos, Genuíno Madruga, Hugo Oliveira, Jorge costa Pereira, José Armas Trigueiros, José Decq Mota, Marco Rosa Mário Frayão, Paulo Mendes, Paulo Oliveira, Paulo Salvador, Raul Amaral Marques, Ruben Simas, Roberto Mendonça Faria, Zuraida Soares. PrOJECTO GrÁFICO: IAIc - Informação, Animação e Intercâmbio cultural, cRL

PAGINAçãO: Susana Garcia

TéCNICA

IMPrESSãO:

EDITOr E PrOPrIETÁrIO:

rEDACçãO ASSINATurAS E PublICIDADE: Rua conselheiro Miguel da Silveira, nº12, cv/A-c - 9900 -114 Horta CONTACTOS: Telefone/Fax: 292 292 145 E-MAIL: tribunadasilhas@mail.telepac.pt tribunadasilhas@gmail.com

TIrAGEM: 1000 exemplares

SECrETArIADO: Fátima Machado

rEGISTO: nº 123 974 do Instituto de comunicação Social

Rua Manuel Inácio 9900-152 - Horta

de Sousa, 25

DISTrIbuIçãO cTT

IAIc - Informação, Animação e Intercâmbio cultural, cRL NIPc: 512064652 rEGISTO COMErCIAl: 00015/011017 (Horta) - Porte Subsidiado GOvErNO rEGIONAl DOS AçOrES

Esta publicação é apoiada pelo PROMEDIA - Programa Regional de Apoio à comunicação Social Privada


FuNDADO 19 DE AbrIl DE 2002

Tribuna das Ilhas

www.tribunadasilhas.pt Texto e fotos

Susana Garcia g No passado fim-de-semana a cidade

da Horta movimentou-se em torno das Comemorações do Dia Mundial do Mar 2010. Várias acções de sensibilização ambiental integraram estas celebrações, que tiveram início na manhã de sábado com a concentração de dezenas de crianças junto às instalações da APTO no Cais, para uma limpeza subaquática ao Porto Comercial da Horta, no âmbito da “Campanha limpa (a) fundo”. Esta acção de limpeza foi realizada por dois grupos: um no mar, composto por mergulhadores e apneistas que removiam o lixo, e outro em terra, formado por voluntários que tinham a árdua tarefa de separar e contabilizar os resíduos recolhidos. Esta iniciativa teve início pelas 10H00, com a distribuição de t-shirts e luvas aos participantes, na sua maioria crianças, que, depois de uma breve explicação daquilo que iriam fazer, meteram mãos à obra. O entusiasmo das crianças era bem visível. Crescia à medida que a acção decorria, primeiro com a entrada dos mergulhadores na água e de seguida com o içar para terra dos sacos repletos de lixo. Mas era o momento da separação do lixo que provocava mais alvoro-

SExTA-FEIrA 4 1 DE OuTubrO DE 2O1O

limpeza (a) fundo no Porto da Horta para assinalar o Dia mundial do mar ço e excitação nos pequenos voluntários. As garrafas de vidro foram sem dúvida um dos resíduos mais recolhidos. Sempre com boa disposição, alguns dos mais jovens soltavam a frase “aqui há muitos bêbados”, em tom de brincadeira e cada vez que ela soava ouviam-se as risadas. Ao final da manhã, e já com algum cansaço, a Limpeza (a) Fundo chegava ao fim, com um balanço bastante positivo e um fundo do mar mais limpo e com os peixinhos mais satisfeitos. Nesta acção de limpeza ao fundo do mar foram recolhidos 605,94 kgs de residuos. Ainda no âmbito destas comemorações, também o Clube Naval da Horta preparou um leque de actividades desportivas. De salientar que as Comemorações do Dia Mundial do Mar 2010, cujo tema base é “2010: Ano Marítimo”, partiram de uma parceria conjunta do Observatório do Mar dos Açores (OMA), da Administração dos Portos do Triângulo e do Grupo Ocidental, (APTO, S.A.) e do Clube Naval da Horta e tiveram início no passado dia 23 de Setembro

com um passeio e uma actividade lúdoeducativa com os alunos do Centro de Actividades Ocupa-cionais da APADIF no rebocador “Ilha de São Luís”, levada a cabo pela APTO, S.A.. Ontem, teve lugar a inauguração de uma exposição de fotografia relativa à obra de “Requalificação e Reordenamento da Frente Marítima da cidade da Horta”, na sala de óleos da Fábrica da Baleia de Porto Pim, no âmbito destas comemorações.

Faialenses assinalam Dia mundial do Coração g No passado domingo, dia 26 de Setembro, assinalou-se o Dia Mundial do Coração. As actividades comemorativas da data decorreram no Faial a partir da manhã de sexta-feira, dia 24 de Setembro, com a realização de um rastreio no Largo do Infante. Este rastreio, que contou com a presença de um enfermeiro, um nutricionista e uma técnica de Cardiopneumografia, incide sobre o perímetro abdominal, o índice de massa gorda e de massa corporal, o colesterol, a glicemia capilar e tensão arterial. Esta iniciativa resultou de uma parceria entre a autarquia e o Centro de Saúde da Horta, e prolongou-se durante esta tarde. No sábado realizou-se um ciclopaper, inserido também nas comemorações do

Dia Europeu Sem Carros, com concentração no Largo Duque de Ávila e Bolama. No domingo, dia 26, decorreram aulas de fitness, natação e futebol, no Complexo Desportivo Manuel de Arriaga. Esta data visa alertar as pessoas para os cuidados básicos na prevenção de problemas cardiovasculares, já que o coração é o órgão principal da circulação sanguínea e está ligado ao funcionamento do sistema nervoso. Dados do Ministério da Saúde revelam que ocorrem 70 mil mortes por enfartes. De acordo com informações fornecidas pelo Departamento de Regulação da Rede de Assistência (DRRA), foram registrados 49 óbitos por infarto entre Janeiro de 2009 a Julho de 2010. SG


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