Super Escola 18

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Uma publicação do Sistema de Ensino Pueri Domus • Ano 5 • nº 18 • Dezembro / Janeiro / Fevereiro

De portas abertas A lição de casa para integrar novos e antigos alunos em 2011

Questão de valores De um lado, a diversidade de crenças e etnias. Do outro, as festas de fim de ano

A onda “happy” Calças coloridas e cabelos desalinhados. Quem são estes novos jovens que circulam pelos corredores da escola?

A nova safra

de leitores

O que as escolas podem e devem fazer para cativá-los. Como as tecnologias influenciam no processo de leitura e pesquisa

Especial Cobertura completa da Convenção Nacional de Mantenedores

entrevista - Edmour Saiani: “a escola precisa ousar para construir reputação”




editorial

Ler, refletir e transformar Mais um ano chega ao fim! Para alguns, ano de boas negociações. Para outros, ano de dificuldades. Mas, para todos, o período é momento de refletir sobre acertos e erros, sobre os valores imprescindíveis a serem levados para o calendário seguinte. A Convenção Nacional de Mantenedores de 2010 foi marco de um novo tempo para o Sistema de Ensino Pueri Domus. Inauguramos parcerias, reforçamos as mais antigas. Foi momento de apresentarmos as novidades para 2011: a TV Pueri Domus, nosso material de inglês e espanhol da Pearson Education, a lousa eletrônica, além da nossa própria marca, que se revitalizou e aparece ainda mais consolidada na capa desta edição. Agora, somos todos Sistema de Ensino Pueri Domus. Recuperamos ainda entrevistas com nossos mantenedores Cristiane Strozzi e Magali Nakashima e com o palestrante Edmour Saiani em que ele problematiza e reflete sobre a construção efetiva de diferenciais na prestação de serviços e atendimento aos alunos. Trazemos também duas histórias de sucesso entre nossos parceiros: a de Daniel Contro, que nos fala sobre os excelentes resultados conquistados em sua admirável trajetória profissional em São Caetano do Sul e Santo André (SP) e os trabalhos e projetos ligados à questão sustentável, e a da Escola Favo de Mel, de Petrópolis (RJ), que nos traz o projeto do uso de mídias sociais como auxiliares do processo de aprendizagem dos alunos. Enfocamos um tema que está na ordem do dia para mantenedores e educadores de todo o País: como despertar e manter o interesse dos alunos em leituras, diante do contexto atual tecnológico? Quais adequações são fundamentais às instituições de ensino? As autoras Sônia Madi, Maria José Nóbrega e Nelly

Novaes Coelho conduzirão essa discussão. Na mesma esteira, oferecemos o artigo de Roger Trimer para fomentar o debate acerca da leitura nos dias atuais. A preocupação em educar adolescentes é hoje muito grande. São diversos os estilos, bem como as expectativas dos pais. A onda happy está em todo lugar e merece uma reflexão a respeito. Jovens e educadores nos fornecem subsídios para pensar sobre o assunto. Outro destaque fica por conta da criação de nova coluna Zoom In, que passa a fazer um giro pelas escolas de todo o País, ressaltando conquistas obtidas por nossos alunos, docentes, gestores e escolas parceiras. Aproveite e não fique de fora dessa. Envie suas sugestões, fotos de eventos dos quais participou e boas notícias sobre sua escola. Participe! E, como todo final de ano, vale refletirmos sobre símbolos e valores advindos da comemoração do Natal. A diversidade religiosa e étnica presente em nosso País nos leva a questionamentos sobre as formas mais adequadas de abordar o assunto em nossas escolas. Apresentamos aqui uma reflexão aprofundada sobre o tema. Por fim, é momento de preparar o início do próximo ano. A recepção dos alunos, o período de adaptação, a participação dos pais, a passagem de ciclos etc. Juntos, pensemos esta importante questão. Que 2011 seja bem-vindo, e obrigado a todos que ajudaram a dar continuidade a trajetória de sucesso da Super Escola! Um abraço e boa leitura, Luís Antonio Laurelli Diretor Geral - Sistema de Ensino Pueri Domus

EXPEDIENTE A Super Escola é uma publicação trimestral do Sistema de Ensino Pueri Domus. www.sistemapueridomus.com.br

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Conselho Editorial Diretor Geral: Luís Antonio Laurelli Diretor Pedagógico: Altamar Roberto de Carvalho Gerente Nacional de Comunicação Corporativa: Maísa Dóris Gerente de Educação e Formação: Danielle Nogueira Buna Gerente de Marketing e Vendas: Marcos Antonio Muniz Gonçalves Coordenadora Geral: Maísa Dóris (Mtb: 29.952)

Editor-assistente: Adriano Zanni (MTb: 34.799) Reportagens: Adriano Zanni, Juliana Lanzuolo e Simone Bernardes Revisão: Gisele C. Batista Rego (Istárion) Projeto Gráfico e Diagramação: Arthur Siqueira Produção Gráfica: André Vieira Fotolito e Impressão: Gráfica e Editora Revelação Ltda. Tiragem: 12.000

Projeto Editorial: Trama Comunicação Diretora de Redação: Leila Gasparindo (MTb: 23.449) Editora-chefe: Helen Garcia (MTb: 28.969)

Publicidade e aquisições de exemplares:

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Marcos Antônio M. Gonçalves (marcos.goncalves@sistemapueridomus.com.br) Escreva para a Redação: superescola@sistemapueridomus.com.br


sumário

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Painel do Leitor superescola@sistemapueridomus.com.br

CAPA

A leitura nos dias de hoje. Como a escola pode ajudar na formação da nova safra de leitores

Além da excelente apresentação e qualidade gráfica da Super Escola, gostaria de destacar algumas seções que muito têm auxiliado no trabalho pedagógico. As entrevistas com profissionais da área constituem um recurso interessante para gerar opiniões em nossas reuniões pedagógicas e nas assessorias entre coordenadores e professores. Algumas experiências publicadas no Estudo de Caso e Sala de Aula são, muitas vezes, referência para nossos docentes, inspirando a criação de novos projetos, contribuindo com uma de nossas metas que é a formação continuada. Sugerimos a publicação de mais experiências com a utilização de nosso material pedagógico e oportunidades para a divulgação dos trabalhos desenvolvidos nas escolas, como grades curriculares diferenciadas. Grande abraço. Maria Laura Cassoli

Diretora pedagógica - Colégio Farroupilha, Campinas (SP)

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Entrevista

Edmour Saiani

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radar

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sala de aula Fim de ano: época de refletir sobre valores

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indicação de leitura

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institucional Convenção Nacional de Mantenedores

comportamento

A onda happy: quem são e o que pensam os adolescentes que circulam pelos corredores da escola

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estudo de caso Escola Favo de Mel, Petrópolis (RJ)

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história do mantenedor Daniel Contro, Colégio Unidade Jardim

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gestão/marketing A integração entre novos e antigos alunos

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Zoom in

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Opinião Roger Trimer

REDAÇÃO - Olá Maria Laura, mensagens como esta nos fazem

ir adiante e nos inspiram em cada página que produzimos da Super Escola. Certamente, vamos trazer mais reportagens acerca das ricas e múltiplas utilizações que nosso material didático pode proporcionar. Aguarde a primeira edição de 2011! Abraços.

• A Super Escola é um instrumento institucional muito interessante por suas múltiplas facetas. Uma marca da revista é a profundidade com que os assuntos são abordados. A revista não é superficial e nem complicada demais, o que poderia afastar o interesse de pessoas que não são da área, como muitos pais. Ao contrário, percebo que os pais de nosso Colégio demonstram interesse e buscam a revista sempre que chega um novo número a nossa instituição. Como sugestão para os próximos números, eu gostaria de ver mais alguns projetos pedagógicos desenvolvidos por escolas de todo o Brasil. Seria mais um importante canal de troca de experiências e de divulgação de trabalhos. Lenize Moura P. Silva

Diretora - Colégio Ibero-Americano, Cuiabá (MT) rEDAÇÃO - É exatamente isso que desejamos, Lenize. Que

os pais e outros entes que não vivenciam o dia a dia da escola internamente tenham acesso às práticas e conceitos difundidos pelo Sistema Pueri Domus de Ensino, reconhecido por sua qualidade em âmbito nacional. Um grande abraço aos amigos de Cuiabá. SUPER ESCOLA 5


Edmour Saiani

Divulgação

Entrevista

Coragem para tentar e Em um cenário educacional cada vez mais globalizado e marcado por inúmeros processos de fusão e aquisição entre instituições de ensino, ele parece ter a receita certa para quem almeja se diferenciar e sair na frente Por Adriano Zanni

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m suas palestras ou atividades de consultoria, ele sempre afirma acreditar em uma empresa onde as pessoas se relacionam não pela hierarquia ou pelo comando, mas sim por uma causa em comum. A filosofia, que pode parecer batida aos olhos de muitos consultores, talvez ainda represente o grande calcanhar de aquiles, principalmente do novo cenário educacional contemporâneo, onde são cada vez mais frequentes as fusões e aquisições de instituições de ensino por grupos consolidadores.

Ao menos quanto à uniformização dos processos de gestão, que podem fazer que uma instituição de ensino se posicione de maneira diferenciada perante o mercado, Edmour Saiani revela estar no caminho mais acertado e seu raciocínio vai além: “quem quiser fazer diferente tem de criar laboratórios

de novidades para serem validados por toda a comunidade”, afirma. Em entrevista exclusiva à Super Escola, o idealizador da Ponto de Referência, única companhia brasileira especializada em implementar gestão estratégica de atendimento, e também autor do livro Loja Viva – Tudo que você precisa aprender com o pequeno pra se tornar grandioso em serviços, analisa as perspectivas do setor educacional e defende uma maior abertura por parte dos gestores e mantenedores quanto à introdução de novas metodologias de trabalho com vistas a modelos bem-sucedidos de gestão. Super Escola - O senhor “bate muito na tecla” de que uma instituição de ensino precisa se diferenciar quanto ao patamar das ofertas que faz a seus alunos de modo a não parecer que seja ape-


PERFIL:

É graduado em Engenharia Mecânica pelo ITA, com extensão em Marketing pela Fundação Getulio Vargas (SP). Trabalhou em companhias públicas e privadas, como Kodak, Mesbla, Nacional Seguros, Johnson e Johnson, Santista Alimentos, R.J. Reynolds, Pepsi, entre outras. É professor convidado da FGV-SP e Fundação Dom Cabral em programas in company. Foi apresentador do programa Se Liga na Busca, do canal MultiShow

nas mais uma no mercado. Mas de que forma pode ser feita essa diferenciação? Edmour Saiani - Há muitas maneiras de se diferenciar: por meio da sala de aula, da própria aula, do atendimento que se realiza, dos recursos tecnológicos. Muita coisa pode ser feita de maneira melhor e diferenciada. Acho que a grande lição é querer fazer diferente e ter coragem de tentar. Quem quiser fazer diferente tem de criar laboratórios de novidades para serem validados. Esses laboratórios, se validados, seriam implementados também em outros lugares. Uma sala de “não aula” de geografia, por exemplo, teria um globo terrestre, um atlas para consulta, acesso ao Google Earth, a aula propriamente dita, livros e mais outros recursos. Uma nova maneira de estruturar conteúdo, como é feito nas escolas vocacionais, ou seja, com a participação dos alunos. Super Escola - O senhor acredita na premissa de que a educação, sobretudo a básica e a fundamental, deixou realmente o puritanismo de lado e passou a ser vista como um negócio com estratégias de gestão e marketing bastante acentuadas? Como o senhor avalia essa mudança de cenário nos últimos anos? Edmour Saiani - Fundos de investimento comprando escolas podem, infelizmente, priorizar as metas de vendas ao invés das metas educacionais. E isso é muito ruim para a perspectiva da educação de qualidade. Claro que os melhores são os que vão atrair mais alunos por mais tempo, mas as ofertas atrativas de preço podem tornar

É muito difícil saber quais profissões serão as carreiras do futuro. Os pais não sabem mais o que vai ser o futuro. Nem as escolas sabem. Então, elas deveriam, além da coisa básica de aprovar o aluno no vestibular, ajudar o estudante a ser bom em questões de liderança, cidadania, formação de comunidades, a ter flexibilidade cinza a compreensão de quem é quem no mercado. É preciso refletir: qualidade ou oportunidade? Super Escola - Em sua opinião, qual o grande pecado capital cometido por mantenedores e gestores quanto à aceitação dessa nova filosofia de trabalho? Onde ainda se encontram as principais resistências que podem fazer uma escola literalmente estacionar no tempo em termos de gestão de negócios? Edmour Saiani - Acho que o que tem de ser acrescentado em termos de gestão e competência de vendas precisa seguir um enfoque mais adicional. Hospitais têm diretor médico e diretor administrativo. Acho que na escola tem de ser assim também: quem cuida do ensino e quem cuida da venda e dos resultados. Hoje, muito dificilmente se conseguirá que

uma “cabeça pedagógica” torne-se comercial em curto prazo. Melhor ter mais uma pessoa na equipe, cooperando nessa direção. Super Escola - Muita coisa mudou, mas os pais continuam a ser o grande alvo das escolas no tocante à prospecção. O que se alterou na cabeça deles e como as instituições devem estar atentas às novas percepções que esses pais possuem acerca da escola ideal para matricularem seus filhos? Edmour Saiani - É muito difícil saber quais profissões serão as carreiras do futuro. Hoje, os empregados de empresas de tecnologia de informação no Brasil são, em grande número, não formados. E ganham muito dinheiro. Os pais não sabem mais o que vai ser o futuro. Nem as escolas sabem. Então, elas deveriam, além da coisa básica de aprovar o aluno no vestibular, ajudar o estudante a ser bom em questões de liderança, cidadania, formação de comunidades, a ter flexibilidade. É isso que vai construir cada vez mais o profissional de sucesso no futuro, qualquer que seja a profissão que ele escolher. Super Escola - Até que ponto as novas tecnologias se tornaram importantes canais de comunicação entre as escolas e seus públicos-alvo? Edmour Saiani - Tenho dito que quem não faz reunião com pais por Skype perde oportunidades enormes de atender uma necessidade básica que é a falta de disponibilidade dos pais para irem às reuniões presenciais. Ruim? Pior é o pai não poder ir. Ou ter de se SUPER ESCOLA 7


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arriscar no emprego pela reunião. Mas há outras maneiras de usar a tecnologia. A escola pode abrir blogs de sugestão para melhoria dos serviços que oferece, grupos de discussão de matérias, milhares de coisas. De novo: tentar é tudo. Quem pode fazer isso? Grupos de alunos. O que as faculdades fazem com as empresas juniores já pode ser testado em escolas não universitárias, formando grupos de inovação para construir novas maneiras de se comunicar com as novas mídias. Super Escola - Comparativamente ao cenário educacional, como as instituições de ensino no Brasil estão posicionadas quanto à adoção de novas práticas de gestão de negócios? Ainda temos muito a evoluir? Edmour Saiani - As escolas nobres têm a ensinar no que tange à construção de causas pelas quais todos deem muito de suas energias no dia a dia. As empresas impõem missões a seus funcionários. As escolas têm de aprender a fazer a gestão de negócios, sem radicalização, equilibrando as causas com os fins. Sem extremar na busca por resultados. Sem mercantilizar o processo. Super Escola - O Brasil ainda possui muitas escolas atreladas a administrações familiares. O que isso contribui ou não para a adoção de novos modelos de gestão? Edmour Saiani - Eu acho que companhias familiares têm probabilidade de sucesso como qualquer outra. Aprendi com o grande Jorge Gerdau uma lição inesquecível. Questionado sobre a validade de familiares na companhia, ele disse:

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“nossa companhia é familiar há mais de 100 anos. Mas nela só trabalham os parentes competentes”. Acho que, como em qualquer negócio, os modelos de gestão são negados até se mostrarem eficazes. Mas a mudança não é problemática apenas nas instituições familiares. Qualquer estrutura insegura tem receio de mudar. Algumas mais resistentes vão ficar pelo meio do caminho. As flexíveis e corajosas vão liderar a mudança no mercado de educação. Super Escola - Em seu livro, o senhor expõe que “há pessoas que se amam, que amam a vida. Essas pessoas se destacam e são admiradas pelo que são”, correto? Como manter acesa essa filosofia, essa paixão pela arte de ensinar gerações em um mercado cada vez mais atribulado e concorrido? Edmour Saiani - Tenho dito que se as companhias não tiverem causas que mobilizem, integrem e dirijam o caminho que as pessoas vão trilhar, nada vai acontecer. Ou pior, pessoas que trabalham em companhias sem causas são reféns da necessidade que têm de ganhar um salário quando não têm coragem de procurar outros caminhos. Fazer o que se ama fazer é sustentação de qualidade de vida. Se uma pessoa trabalha numa instituição movida à causa, o ambiente se torna mágico. Cada funcionário se torna um voluntário da marca e constrói muita reputação, que é a verdadeira arma de marketing que uma escola deve ter. Ainda me lembro da escola em que estudei, em Ribeirão Preto (SP). O inspetor de alunos era o Seu Alfredo, educador superedu-

Divulgação

Entrevista

cado. E respeitado por todos. O professor de física, o Casseb. De matemática, o Santili. De português, a Luci Musa Julião, que me inspirou a dar aula de português no curso vestibular enquanto eu fazia engenharia no ITA. Muita gente de lá virou gente fora de lá. Líderes do futuro. O Álvaro Crosta, vice-reitor da Unicamp. O Aluízio Jardim, líder político. Newton Salim Soares, líder no agrobusiness. Tudo por quê? Simples. Porque havia uma causa pela qual todos lá batalhavam. Era contagiante. Eu vivi isso. E sei que funciona.


Radar Quer saber mais? Acesse: www.sistemapueridomus.com.br/superescola Leitura para cachorro Estudo comprova que crianças que leem para cães se beneficiam da atividade por não se sentirem julgadas ou pressionadas para acertar...

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Sala de aula

As perspectivas que o Natal traz

Fim de ano: época pa As festas natalinas trazem consigo simbologias próprias de algumas religiões que, inevitavelmente, acabam influenciando atividades escolares. Como o educador deve lidar com essa problemática, contemplando a diversidade de crenças e etnias? Por Juliana Lanzuolo

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encerramento do ano aproxima-se e um emaranhado de símbolos inunda as cidades, as vitrines das lojas e, por que não dizer, o universo escolar. Basta o mês de dezembro apontar no calendário para surgirem as árvores de Natal, as luzinhas que enfeitam as residências, além da figura emblemática do “bom velhinho” que desce pela chaminé com os presentes tão esperados. Para os cristãos, talvez seja mais fácil compreender a origem desses simbolismos. O ato de presentear, por exemplo, está atrelado a uma antiga passagem bíblica que narra a visita dos três reis magos a Jesus na ocasião de seu nascimento. “O Natal é ligado ao cristianismo mas, dentro da pluralidade brasileira, nem todos os cidadãos são cristãos. Embora o cristianismo tenha se constituído como uma religião com grande número de adeptos, é preciso lembrar que não é a única entre nós”, pondera Roseli Fischmann, professora do Núcleo de Educação em Direitos Humanos (NEDH), da Universidade Metodista de São Paulo.

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ra refletir valores Para a docente, trazer à tona valores sociais e éticos para serem discutidos dentro do ambiente escolar com base na proximidade de datas emblemáticas como o Natal é lição de casa para os educadores contemporâneos. “Independentemente do credo ou dos costumes e tradições, a pergunta que todos devem se fazer é: como trabalhar as reflexões em cima desse período com os alunos sem se prender às simbologias?”, pontua. Afonso Soares, professor e chefe do departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), recomenda que o educador aproveite as datas cívicas ou religiosas, eventos e fatos abordados pela mídia para aguçar a reflexão. O docente não se opõe ao uso de símbolos, pois eles fazem parte da estrutura psíquica do ser humano, resumem o que não cabe em palavras. “O sentido do abraço, de presentear, o ato de cortar o bolo de aniversário são simbologias essenciais”, defende. Soares vai além: “a poesia e a arte nascem dessa mesma experiência. A fruição do sentido da vida não cabe no raciocínio lógicomatemático. Para educar nossas crianças e jovens para o cultivo dos valores fundamentais, não bastam aulas de matemática, física e história. Elas precisam ser estimuladas

a experimentar o belo, o bom, o literário, o artístico e o espiritual. Ninguém valoriza o que não ama. Além de discutir valores, é preciso propor ocasiões em que os alunos partilhem essas descobertas. E, para isso, os símbolos, os ritos, as festas, as datas cívicas e as lendas são fundamentais”, argumenta. Vale lembrar ainda que algumas religiões ou etnias celebram o Natal de outras formas e aderem a simbolismos diferentes dos adotados pelos católicos. “Há pessoas que não comemoram a data, mas outros motivos importantes. O próprio calendário não é único entre as crenças e povos. Uma data que acabou sendo bem assimilada por todos foi o primeiro de janeiro, estipulado como dia da confraternização universal”, destaca Roseli Fischmann. Em nome da pluralidade No Colégio Geração Raízes, pertencente ao Sistema Pueri Domus de Ensino e localizado em Araçatuba (SP), o final do ano é abordado sempre a partir de um tema relacionado à responsabilidade social. Lá, os professores contam a história do Natal sob o ponto de vista cristão, somente para que os alunos tomem conhecimento, mas com respeito à diversidade de crenças. “Trabalhamos bastante a questão da solidariedade e como nossa

O Natal é ligado ao cristianismo, mas, dentro da pluralidade brasileira, nem todos os cidadãos são cristãos. Embora o cristianismo tenha se constituído como uma religião com grande número de adeptos, é preciso lembrar que não é a única entre nós Roseli Fischmann, da Universidade Metodista de São Paulo

vida está intimamente ligada à condição do próximo. Lembro-me de um ano em que houve a apresentação musical de nossos alunos, na época do Natal, em um asilo. O evento culminou com as crianças conversando com os velhinhos e compreendendo melhor o universo deles e a situação em que muitos se encontravam”, conta Leila Cristina Corrêa Rigon, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Geração Raízes. Para Roseli Fischmann, o educador pode aproveitar a época para também trabalhar as questões relativas ao fechamento e abertura de SUPER ESCOLA 11


As perspectivas que o Natal traz

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ciclos: o que você fez de bom no período que passou? O que pretende para o próximo? Do ponto de vista religioso, é importante que, em qualquer idade, o professor acolha as diferentes crenças, propondo que as crianças tragam para dentro da sala de aula o que, verdadeiramente, são suas tradições. Roseli sugere atividades em que educador questione os alunos: qual data é importante dentro de sua religião? Como você a celebra? “O aluno pode levar objetos que melhor representem suas crenças e explicar aos colegas seus significados e o professor pode propor também uma entrevista com os pais para colher mais detalhes”, recomenda. A atividade deve render um misto de opinião e crenças. Então, em um segundo momento, o professor pode se valer desse material para dar início a uma pesquisa sobre diversidade religiosa por meio da qual os alunos vão conhecer os valores dos diversos grupos humanos.

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Uma escola atenta saberá quais são as outras confissões religiosas presentes em seu meio e aproveitará as datas significativas dessas religiões para estimular a maioria a conhecê-las Afonso Soares, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

“No Brasil, mais de 95% da população se diz cristã. Será preciso uma sensibilidade didática do educador para sugerir aos alunos que é importante pesquisar e conhecer a origem desses ritos. Uma escola atenta saberá quais são as outras confissões religiosas presentes em seu meio e aproveitará as datas significativas dessas religiões para estimular a maioria a conhecê-las,” complementa o professor Afonso Soares. Valores distorcidos Ao longo do tempo, os significados religiosos das festas de fim de ano foram se perdendo e o consumismo passou a ditar algumas regras. “O Natal foi tomado pelo sentido comercial, o Papai Noel se despiu de qualquer conotação

religiosa, o que torna duplamente complicado para a escola usar esse símbolo justamente por conta da exploração comercial e também porque o significado pode não ser consensual entre os alunos”, pondera Roseli. Durante a educação infantil, é importante que as professoras contemplem o lúdico e a criatividade nos planos de aula. Leila explica que, no Colégio Geração Raízes, as figuras do “bom velhinho” e da árvore de Natal continuam a ser exploradas. No entanto, os pequenos recebem a tarefa de pesquisar a origem daqueles símbolos antes de confeccioná-los. Ao conceituar o Papai Noel, os professores driblam as características embutidas pelo consumo e constroem a imagem como a de um velhinho muito bondoso, que construía brinquedos para doar às crianças carentes. “Por meio da pesquisa, moldamos o sentido, a razão pela qual existe a árvore, a vela e o Papai Noel. Mas o foco maior do Natal é trabalhar com eles a importância da partilha, da comunhão com o seu semelhante”, enfatiza a coordenadora.


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A leitura nos dias de hoje

E o cheirinho de livro?

Com os mais variados recursos tecnológicos que disseminam o acesso à informação, e modernizam os processos de leitura, o professor tem de trabalhar dobrado, e com entusiasmo, para ajudar no processo de formação de novos leitores

Por Juliana Lanzuolo

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m meados do século XIX, Machado de Assis já proferia um alerta à sociedade: cuidado para não viciarem as crianças contra o hábito de ler. “Mas, na época dele, produziam-se obras que faziam apologia à obediência absoluta, o que sufocava a criatividade da criança e induzia a uma formação de caráter equivocado”, explica Nelly Novaes Coelho, ensaísta, crítica literária e professora.

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Dois séculos mais tarde, a preocupação em torno da leitura ainda se faz presente, mas a realidade apresenta outros percalços pelo caminho. Com o advento dos mais variados recursos tecnológicos, esse processo mudou bastante. “Alteramos apenas o suporte, que hoje não mais nos restringe aos materiais impressos. Acho até que as pessoas estão lendo mais, por conta do acesso facilitado à informação. Não vejo perigo em barrar um processo natural de evolução”, afirma a escritora Sônia Madi.


Mas como fazer que o aluno se apaixone pela leitura em meio à era digital e em uma época dominada pela informação instantânea? “A turma só se sentirá atraída e disposta a enveredar por uma história se esta for transmitida como algo realmente instigante. Somente um leitor entusiasmado é capaz de contaminar seu aluno”, ressalta Sônia. Nelly introduziu a literatura infanto-juvenil como disciplina universitária, além de participar de bancas examinadoras na pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), onde atuou por mais de três décadas e ministra cursos que instruem professores a trabalhar com literatura em sala de aula. Para ela, não há técnica que substitua a ausência de conhecimento. “Mas o problema não está na didática, e sim na cultura do professor. A maioria esmagadora dos docentes não é leitora assídua, o que dificulta bastante. Primeiramente, para estimular e encantar o aluno pela leitura, é preciso instruí-lo a respeito do contexto histórico em que aquela obra foi produzida. A literatura deve trabalhar em paralelo com História”, afirma. Na opinião da docente a formação do professor foi se diluindo ao longo do tempo. O ensino de latim transformou-se em “decoreba” e falta reestruturar a disciplina de Filosofia, por meio da qual o futuro docente

terá acesso às reflexões das ideias que movem o ser humano. Outra questão relacionada ao tema diz respeito à capacidade por parte dos alunos em estabelecer tais reflexões. O próprio Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) promoveu mudanças de paradigmas nesse sentido ao exigir habilidades consideráveis de interpretação e leitura, cada vez mais críticas e aprofundadas.

A maioria esmagadora dos docentes não é leitora assídua, o que dificulta bastante. para estimular e encantar o aluno pela leitura, é preciso instruí-lo a respeito do contexto histórico em que aquela obra foi produzida Nelly Novaes Coelho, crítica literária e professora

“Sempre gostei muito dos conceitos que baseiam as questões propostas pelo Enem. Acho ótimo que, cada vez mais, as avaliações fiquem centradas nessas competências de leitura e escrita. Apenas dessa maneira, as escolas também concentrarão esforços e iniciativas no próprio desenvolvimento de seus projetos pedagógicos”, afirma Sônia Madi.

A pesquisa on-line A pesquisa escolar que, nos anos 90, era feita em enciclopédias pesadas e volumosas, hoje é realizada pela enciclopédia virtual. Um dos primeiros links que aparecem ao pesquisarmos um verbete no Google é o da Wikipédia, que, dependendo do conteúdo, é fonte vista com pouca credibilidade. “Por se tratar de uma enciclopédia aberta, corre-se o risco de ter acesso a informações duvidosas. Mas elas permanecem por pouco tempo, pois há um esforço grande para que o conteúdo da Wikipédia seja crível. Sobre o uso da enciclopédia convencional, creio que muitos dados estão ultrapassados. Então, seja no papel ou on-line, a ideia central é que uma boa pesquisa não se restrinja a uma única fonte”, pondera Maria José Nóbrega, consultora pedagógica da revista Carta Escola, do grupo Carta Capital. Antigamente, a partir das informações coletadas nos livros, os alunos sumarizavam o conteúdo e produziam textos muitas vezes também no papel, o que exercitava a caligrafia, inclusive. Hoje, ficou mais fácil copiar um conteúdo da internet usando apenas quatro teclas. “Mas a questão da interpretação e produção de texto próprio também é relativa. Quando se usava a enciclopédia antiga, também se copiava. Antes de apresentar um conteúdo ao aluno, o educador deve ajudá-lo a SUPER ESCOLA 15


A leitura nos dias de hoje

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identificar que pistas o texto oferece para hierarquizar a informação e construir quadros de síntese para perceber as ideias principais. Acontece que, em geral, o professor pede para a turma fazer, mas não ensina a sumarizar. E não é tão simples assim”, pondera Maria José. O futuro do livro Brevemente, já não será mais possível falar de literatura sem discutir os e-books. Abreviação de electronic books (ou livros eletrônicos), são livros em formato digital e não mais impressos em papel. O novo recurso permite armazenar várias obras em um único dispositivo, dá a opção de carregar várias histórias de uma só vez e permite fazer anotações, ampliar as letras e também pular páginas para localizar determinado trecho.

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Antes de apresentar um conteúdo ao aluno, o educador deve ajudá-lo a identificar que pistas o texto oferece para hierarquizar a informação e construir quadros de síntese para perceber as ideias principais Maria José Nóbrega, consultora pedagógica

No entanto, a leitura por meio do e-book não provoca sensações típicas do impresso e não há proximidade com o leitor. “O livro exige concentração e intimidade. Se não tiver intimidade, você não assimila. A página tem cheiro, textura. Mudar isso para uma máquina gera distanciamento. Claro que sinto isso, porque

sou de uma geração que se formou em diária e profunda intimidade com o livro”, reconhece Nelly Novaes Coelho. “Mas é preciso estar aberto às novas possibilidades também”, complementa. Sobre o futuro das bibliotecas e dos profissionais que lá atuam, Maria José Nóbrega acredita que os espaços ficarão mais interativos e multimídia, adaptados aos mais diversos recursos. Nelly, no entanto, prefere não se posicionar. “Sinceramente, me vejo perdida diante da aceleração dos processos de informação e comunicação causada pelos adventos tecnológicos e rapidez da internet. Hoje, a rede é um instrumento indispensável, mas as mudanças que ela irá causar nos suportes, perfis e procedimentos de leitura ainda são imensuráveis em minha opinião”.


indicação de leitura

Onde foi parar nosso tempo? Autor: Alberto Villas Editora: Globo Nº de páginas: 224 Preço: R$ 34,90 Um panorama dos comportamentos e costumes brasileiros nos anos 60 e 70 compõe o convite do jornalista Alberto Villas a um passeio por mais de 50 situações vivenciadas no Brasil naquele período. Para os que não haviam nascido ou eram muito pequenos para lembrar, o livro é uma oportunidade de conhecer um país no qual as facilidades técnicas do século XXI não existiam, mas havia mais tempo e gosto pelo convívio descompromissado e prazeroso com a família e os amigos. Já para os mais velhos, é uma viagem de regresso àquela época.

Empresas fora de série Autor: Rosabeth Moss Kanter Editora: Campus Nº de páginas: 320 Preço: R$ 79,90 A obra oferece uma notável investigação das empresas do futuro e das habilidades de gestão necessárias para criar uma sinergia ímpar entre dois lados aparentemente díspares: o desempenho financeiro e a atenção à comunidade e às necessidades sociais. As histórias contadas pela autora revelam que as pessoas tendem a ser mais criativas quando as empresas onde trabalham valorizam a inovação para ajudar o mundo. IBM, Banco Real, P&G e outras companhias relatam como fizeram para progredir com rapidez e criatividade, aliando resultados e contribuição social.

Geração Y – O nascimento de uma nova versão de líderes Autor: Sidnei Oliveira Editora: Integrare Nº de páginas: 152 Preço: R$ 35,00 O autor apresenta a chave para compreender e interagir com uma geração que possui como características marcantes a quebra de paradigmas e padrões estabelecidos, a busca da satisfação imediata e o acesso a todo tipo de informação, de forma irrestrita e instantânea. O autor defende que, diante de um mundo em constante transformação, os jovens precisam da experiência e da paciência das gerações anteriores para guiá-los, uma vez que estão sendo preparados para assumirem empregos que ainda não existem, usando tecnologias que ainda não foram inventadas para resolver problemas que ainda não se apresentam como tais.

Ler e escrever na educação infantil - Discutindo práticas pedagógicas Autoras: Ester Calland de Sousa Rosa e Ana Carolina Perrusi Brandão (Orgs.) Editora: Autêntica Nº de páginas: 192 Preço: R$ 37,00 Partindo do pressuposto que a leitura e a escrita fazem parte de nosso cotidiano e são patrimônios culturais que devem ser disponibilizados a todos, inclusive às crianças, o livro apresenta um conjunto de artigos voltados para os que atuam na Educação Infantil e buscam refletir sobre o trabalho didático que desenvolvem na área de linguagem escrita. A intenção da autora é contribuir com o planejamento do ensino da linguagem escrita a crianças menores de seis anos, na direção de práticas significativas que integrem, desde cedo, o letramento e a alfabetização.

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convenção nacional de mantenedores Fotos: Divulgação

institucional

somos pela

educação Cerca de 120 mantenedores de todo o País reuniram-se para debater e traçar estratégias pedagógicas que atendam às atuais demandas de mercado e às necessidades da nova geração de alunos Por Juliana Lanzuolo

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ma oportunidade para debater opiniões, trocar ideias e experiências de sucesso a fim de obter a química perfeita entre as escolas pertencentes ao Sistema Pueri Domus de Ensino: este foi o fio condutor que motivou os mantenedores de todo o País a marcarem presença no encontro realizado bienalmente e cuja edição de 2010 aconteceu em Angra dos Reis (RJ). “Este último evento foi particularmente importante para reafirmar o nosso compromisso com a educação, com o indivíduo e com o conhecimento. Apesar das transições pelas quais passamos nos últimos dois anos, já que inicialmente o Pueri passou a fazer parte do Grupo SEB e, posteriormente, do Grupo Pearson e embora também tenhamos comunicado isso a nossos parceiros, era preciso olhá-los nos olhos e deixá-los seguros. Felizmente, todas as pessoas que participaram perceberam

que, apesar das mudanças, a essência do Pueri estava ali, pois tanto durante a gestão do SEB quanto na atual da Pearson, os princípios pedagógicos e a forma de relacionamento com as escolas foram preservados”, afirma Altamar Roberto de Carvalho, diretor pedagógico do Sistema de Ensino Pueri Domus. Outro aspecto ressaltado pelo diretor pedagógico foi que o encontro oportunizou momentos de estudo por meio das palestras oferecidas. “Foi possível pensar nas tendências educacionais, aspectos importantes do marketing para dar visibilidade a cada escola e nos anseios da chamada geração Y. O saldo do encontro foi muito bom, principalmente por conta do retorno positivo que recebemos”, diz. Cristiane Strozzi, diretora da Escola Criarte, em Maringá (PR), destacou a palestra da consultora da Companhia


de Talentos, Bruna Dias. Em seu discurso sobre competências e habilidades dos jovens, ela levantou aspectos da geração atual e suas particularidades, que forçam o educador a promover uma mudança de comportamento dos jovens de passividade para proatividade. “Na escola, por exemplo, quando ele faz um trabalho e não é avaliado por nota, ele acaba não realizando a tarefa e acaba compensando posteriormente com outra atividade. No mercado de trabalho, quando o chefe solicita um trabalho, ele não tem escolha, ele vai ter de dar conta de tudo o que lhe for cobrado. Portanto, essa demanda pede avaliações contínuas e não só menções numéricas para desenvolver responsabilidade”, ressalta Cristiane. A diretora conta que a head hunter elencou uma série de competências que a escola pode desenvolver para adequar os alunos à nova demanda. São elas: liderança, foco no resultado, trabalho em equipe, flexibilidade, comunicação, comprometimento, motivação, relacionamento interpessoal, capacidade analítica e de aprendizagem, autoconhecimento e, principalmente, a questão de saber ouvir. Outro ponto abordado foi a importância de o

educador perceber a vocação de seu aluno e reconhecer suas habilidades como estímulo essencial. O encontro inspirou mudanças no planejamento da Criarte para 2011, com a retomada de eventos e tarefas que vão propiciar essas habilidades. Um exemplo é a Feira do Empreendedor Mirim, na qual os alunos participam de palestras do Sebrae e arrecadam fundos para a compra de artigos para a escola. “A palestra veio comprovar que nós estamos no caminho certo. Porque os nossos professores trabalham nessa linha, estimulando a oralidade, participação e autonomia. Os alunos da Criarte atuam efetivamente na elaboração de regras escolares, campanhas de representante de sala, entre outros processos que desenvolvem espírito de liderança”, conta a diretora. Novos recursos Além das palestras, o grupo de mantenedores conheceu os novos materiais do Ensino Médio, teve acesso às reformulações das publicações da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, ao conteúdo para as disciplinas de Inglês e Espanhol e a outra grande novidade para ser integrada à sala de aula: a lousa digital.

Para Cristiane Strozzi, tal produto vem ao encontro do trabalho do professor, já que materializa o conteúdo das disciplinas. Ela justifica a adoção de tal equipamento baseando-se no fato de que os alunos retêm o conhecimento de várias formas. “Há os auditivos, os visuais e os sensitivos. Mas o recurso possibilita abarcar todos eles em uma multiplicidade de experiências”, diz. Como de costume, a direção pedagógica homenageou as instituições que completaram dez anos de adesão ao Sistema Pueri Domus de Ensino com certificado para as escolas e medalhas a seus mantenedores. Magali Nakashima foi uma das que recebeu o mérito para o Colégio Novo Rumo, em Guarulhos (SP), e elogiou a maneira como o evento foi conduzido. “O encontro nos transmitiu segurança de que, mesmo após a transição, a equipe preocupou-se em resgatar a essência do material, que nós temíamos estar se perdendo. Mas, hoje, estamos tranquilos por perceber que a qualidade do conteúdo, o olhar para o indivíduo e a preocupação com a construção do conhecimento estão ainda mais enrijecidos”, orgulha-se.

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estudo de caso

Colégio Favo de Mel, Petrópolis (RJ)

Fábrica de

ideias e de conhecimento Ao utilizar um “blog” como ferramenta de comunicação, colégio mostra que, além de valorizar sua imagem institucional, o espaço interativo na internet tem reflexos positivos na formação e aprendizagem dos alunos Por Simone Bernardes

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inegável dizer que existe uma infinidade de blogs e os mais diversos assuntos sendo debatidos por pessoas de várias idades e formações culturais nesses espaços interativos. Em 2010, somente o serviço de hospedagem WordPress.com superou a marca de 200 milhões de posts desde sua criação, sete anos atrás.

Diante desse cenário, muitas empresas criam estratégias para utilizar a blogosfera como meio de comunicação com seus mais diversos públicos. Um projeto idealizado pela Escola Favo de Mel, localizada em Petrópolis (RJ) e que pertence ao Sistema de Ensino Pueri Domus, é um exemplo de iniciativa bem-sucedida.

Somados os blogs hospedados e os independentes, que utilizam esse software em outros servidores, a empresa diz atender a 25 milhões de editores de conteúdo. Ainda segundo as estatísticas do WordPress.com, o português é o terceiro idioma mais popular entre os blogs, com 6,5%, atrás apenas do inglês e do espanhol.

Há dois anos, Sônia Rocha, mantenedora da escola, criou o blog “Oficina de Ideias da Favo de Mel”. No espaço, atualizado semanalmente pela própria idealizadora, os pais têm acesso a fotos e relatos de todos os eventos e atividades do dia a dia dos estudantes. Além disso, conferem textos analíticos sobre o cená-

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rio da educação no Brasil e no mundo, bem como a relação da área de educação com os últimos acontecimentos. “A iniciativa também gerou resultados muito positivos para a imagem da escola. Passamos a ser procurados por outros pais interessados em fazer a matrícula depois de conhecerem nosso blog. E aqueles que já escolheram a escola passaram a confiar ainda mais no trabalho que desenvolvemos”, comenta. O economista Alexandre Rossi, 41 anos, é um dos pais que veem o projeto como um diferencial. “O fato de a escola utilizar o blog como canal extra de comunicação tornou-se


um fator decisivo para acreditar que acertei na escolha da escola das minhas filhas”, afirma. Outro fator comentado por Rossi diz respeito ao reflexo da proposta de ensino no comportamento das filhas Carolina Cavalcanti Neves e Bruna Cavalcanti Neves, alunas do 1º e 4º anos do Ensino Fundamental, respectivamente, em relação aos estudos. “Ao inserir atividades alinhadas com as novidades e tendências das mais diversas áreas, acredito que minhas filhas terão uma formação mais multidisciplinar”, ressalta. “Blogs” e “websites” na prática O uso da ferramenta com os pais também trouxe reflexos muito positivos para as salas de aula da Escola. Em 2010, a coordenação pedagógica da Favo de Mel incluiu aulas de projetos de websites e blogs no cronograma da disciplina de Informática dos alunos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental.

das as soluções de tecnologia para mergulharem a fundo na realidade em que vivem. “Uma escola se diferencia pela capacidade que ela tem de inserir o contexto e as novidades tecnológicas no cotidiano dos alunos de maneira educativa”, comenta a professora. Júlia Ázara de Menezes, 10 anos, é uma das alunas do 4º ano que, além de aprovarem a iniciativa, se empenham para descobrir o que há por trás de ferramentas como o blog. “É muito bom saber que muitas pessoas têm acesso ao que nós estamos fazendo em sala de aula. Eu quero ser bióloga marinha e já consigo imaginar que, por meio da internet, posso descobrir muitas coisas sobre esse trabalho”, conta.

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Segundo a professora de Informática da Escola Favo de Mel, Andréa Catarino Ribeiro, o trabalho tem por objetivo fazer que os alunos desenvolvam contato com to-

o

Há dois meses, cerca de 20 alunos estudam conteúdos relacionados à história da internet, suas funções e aplicativos e, principalmente, os aspectos relacionados à criação de blogs e websites. Depois de passar pela teoria, os alunos reúnem-se duas vezes por semana para apresentar ideias e sugestões que devem ser colocadas no ar no início do calendário letivo de 2011.

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Comportamento

a onda “happy”

colorido Shutterstock

O rock agora é

Bandas “teens” lançam moda entre o público jovem com um estilo para lá de despojado e baseado em um comportamento irreverente. As calças coloridas e estreitas, os cabelos despontados e os tênis de cano alto invadiram os corredores escolares. O que mudou no cotidiano dos estudantes por conta disso Por Juliana Lanzuolo

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tom sóbrio das roupas e dos acessórios e as composições dramáticas dos roqueiros de vanguarda deram lugar para as calças e camisetas multicoloridas, com mensagens carinhosas estampadas, e às letras otimistas da nova geração adepta do happy rock. E se a moda pegou, é natural que ela invada também as escolas. “As tendências musicais vão se alternando de tempos em tempos, influenciadas pelo comportamento da época. E é no ambiente escolar que as tribos se formam


Para a especialista em comportamento humano, o educador deve deixar as demonstrações fluírem, pois as mudanças de ideias e opiniões fazem parte do universo adolescente. Há quase um ano, bandas como Restart, Cine e Hori ditam tendências e comportamentos entre os adolescentes de hoje com um estilo de vida feliz, descontraído e despojado. A depressão “emo” (onda anterior na qual os adolescentes se “divertiam” sentindo-se tristonhos) passa longe das canções animadinhas sobre romance e baladas, compostas por esses conjuntos. No Colégio Discere Laboratum, em São Paulo (SP), o coração feito com as mãos (outra marca registrada pelo grupo Restart) virou mania desde os pequenos da Educação Infantil até os estudantes do Ensino Médio. Os óculos de armação branca e lentes sem grau são usados somente fora das dependências da escola, por conta do uso obrigatório do uniforme. “Mesmo assim, percebemos a influência de comportamento quando os tons fluorescentes dos cadarços e das pulseiras nos chamam atenção nos corredores. Sem contar que eles devem ficar horas em frente ao espelho até concluir os penteados desalinhados”, conta Mara Lopes Cassiolato, coordenadora do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, do Discere Laboratum.

De volta ao passado A infinidade de cores vibrantes remete-nos ao ritmo da purpurinada disco club dos anos 80, o que faz que alguns pais se reconheçam na figura do filho quando o veem usando uma calça colorida, cabelos alisados, tatuagens e tênis de cano alto. Porém, Mara traça um paralelo entre as modas e destaca diferença importante: “Nos anos 80, nós aderíamos ao vestuário e adereços fluorescentes, mas a roupa combinava com o acessório, enquanto hoje eles não têm essa preocupação. É um estilo descompromissado”. Para a coordenadora, a moda teen não influencia no bom andamento da rotina escolar e os professores até podem pegar carona no estilo para desenvolver algum tema ou maior proximidade com os alunos, desde que, evidentemente, não seja um comportamento forçado. Vinicius Sanches, 14 anos, aluno do 8º ano do Ensino Fundamental do Discere Laboratum, diz que as letras refletem sua rotina, seus sentimentos e a realidade de sua geração. “Não tinha nada contra os emos, mas prefiro o ritmo e o alto astral do Restart. Quanto aos acessórios, uso só as calças coloridas, principalmente quando vou aos shows da banda”, comenta. Quando adolescente, Sueli Gonçalves Machado Sanches, de 52 anos, era discreta ao vestir-se. Enquanto suas colegas usavam minissaias, a mãe de Vinicius conta que preferia os vestidos abaixo do joelho. “Na época, o que nos assustava era o estilo rebelde sem causa dos hippies e

suas calças boca de sino, os homens de cabelo comprido. Para mim, era uma afronta. Eram todos marginais. Por isso, no primeiro momento em que o Vinicius apareceu com calças coloridas eu me assustei, lembrei do passado. Mas hoje vejo que a forma de ele se expressar por meio das cores é bem mais tranquila e pacífica”, comenta Sueli. Quanto às melodias e letras das músicas, Sueli aprova, pois remetem sempre para o final feliz e desvia o filho das drogas e demais problemas da sociedade. Há um ano, a enfermeira sequer sabia do que se tratava a banda. Hoje, acompanha todas as letras com o filho. “A garotada não gosta muito quando os pais entram muito na intimidade, vejam suas conversas virtuais com amigos. Pode parecer bobagem, mas o fato de eu ter me inteirado e compartilhado do gosto musical do meu filho nos aproximou. A música virou o fio condutor para que eu soubesse mais da rotina dele. Talvez seja um conselho para outras mães”, descontrai. A banda Hori é uma das adeptas do estilo happy e arrasta multidões por onde passa. Fiuk, vocalista do grupo e filho do cantor Fábio Júnior, é uma das personalidades mais famosas no Twitter

Caio Paifer

por afinidade; então, é natural que lá elas se expressem de maneira ainda mais latente”, afirma a psicóloga Lívia Pontes.

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história do mantenedor

Daniel Contro

“É incrível a força que as coisas têm quando elas precisam acontecer” Já dizia o compositor Caetano Veloso. Para Daniel Contro, a escolha da carreira motivada por questões vocacionais foi algo bastante natural. Ele viu na educação o ingrediente certo para transformar realidades e fazer aquilo que sempre sonhou Por Simone Bernardes

Envie a sugestão de sua história para o e-mail: superescola@sistemapueridomus.com.br

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s conquistas alcançadas por meio do conhecimento e esforço pessoal marcam a trajetória de Daniel Contro. O educador de 55 anos nunca deixou de agarrar as oportunidades que lhe surgiam pelo caminho para adquirir novas experiências e semear o futuro. “As vivências na infância e na adolescência ligadas ao processo de ensino me fizeram escolher a profissão de maneira natural”, revela. As mais de três décadas dedicadas à educação – primeiramente, como aluno, depois como professor, coordenador, diretor e também secretário Municipal de Educação de São Caetano do Sul, no ABC Paulista – refletem-se agora nas conquistas do Colégio Unidade Jardim, escola integrante do Sistema Pueri Domus de Ensino. “Ainda quando criança, tive a oportunidade de ler outras obras

além da Bíblia e um livro com as histórias do Monteiro Lobato. Foi meu único contato com o universo literário naquela época, já que minha mãe era semianalfabeta e meu pai falecera quando completei seis anos”, conta o mantenedor do Unidade Jardim. O primeiro contato com os livros e cadernos aconteceu ainda em Santa Albertina, no interior de São Paulo, onde Daniel nasceu e morou até os 13 anos. Na escola, que funcionava de maneira improvisada na comunidade rural onde vivia com os pais e mais quatro irmãos, os professores, advindos da cidade mais próxima, lecionavam apenas as disciplinas básicas para os estudantes. Aos 13 anos, Daniel mudou-se com a mãe para São Caetano do Sul (SP), onde concluiu os estudos. “Na fase do antigo ginásio, atual Ensino


Fundamental, adquiri o gosto pela língua portuguesa e pela literatura em função da inf luência da professora Genoveva que me apresentou leituras como Shakespeare e Machado de Assis. Foi um mar de descobertas”, relembra. Primeiros passos A dedicação aos estudos na adolescência rendeu-lhe a realização do sonho de cursar História na Universidade de São Paulo (USP) e também seu primeiro emprego na área, aos 20 anos. Ao saber de sua aprovação no vestibular, o diretor do colégio onde estudou o convidou para atuar como professor auxiliar. Lá também foi coordenador de ensino durante cinco anos. A experiência como coordenador encorajou-o a empreender. Em 1985, fundou o Colégio Ateneu, em São Caetano do Sul, juntamente com outros colegas. “Vendi a casa onde eu morava para construir o prédio da instituição. Arrisquei tudo em nome de um ideal. Deu certo”, conta.

Com a mesma coragem com que investiu em seus empreendimentos, Daniel também buscou uma segunda formação em Pedagogia e assumiu o cargo de secretário Municipal de Educação, em de São Caetano do Sul, de 1989 e 1992, segundo ele, uma experiência muito gratificante. A trajetória multifacetada deu ao mantenedor uma visão global acerca de todos os processos que envolvem a construção de uma boa escola. Segundo o educador, dois fatores formam a base de qualquer instituição de qualidade. “Primeiramente, um planejamento bem-definido alicerçado em uma estratégia muito clara de mercado, que envolve o perfil de alunos e as famílias que você quer atender. O segundo ponto diz respeito ao grupo de profissionais e professores que trabalham contigo. Nenhuma escola é melhor do que seus professores. Uma grande escola se faz, principalmente, com grandes docentes e também bons alunos”, ressalta.

E são esses conceitos que Daniel e a esposa Márcia Contro, com quem é casado e trabalha há 22 anos, buscam passar aos três filhos. “A melhor herança que posso deixar para eles são os estudos. Por isso, sempre os acompanhei nas atividades de leituras, ditados, cadernos de pensamentos e cursos complementares para que o conhecimento faça parte do universo deles”, finaliza.

Doze anos depois da primeira empreitada, ao conhecer o Sistema de Ensino Pueri Domus, o educador ampliou horizontes e abriu a escola Tijucussú, também em São Caetano, que fechou os três primeiros anos com mais de 1,2 mil alunos. O sucesso lhe fez abrir outra escola com o mesmo perfil em São André, o atual Colégio Unidade Jardim, onde se dedica às funções de diretor e mantenedor, participando ativamente do cotidiano escolar. SUPER ESCOLA 25


gestão/marketing

Boas práticas para integrar alunos

Passaporte para

a vida toda

Como atender às expectativas de pais e estudantes nas diferentes etapas do processo de integração escolar Por Juliana Lanzuolo

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uando termina o período de férias, é tempo de abrir novamente as portas e dar boas-vindas aos novos e também “antigos” alunos que esperam que a escola os acolha para mais um ano de descobertas e aprendizados. O momento pede um olhar atento em torno de ações que atendam às necessidades e desejos que se transformam conforme a etapa da vida acadêmica.

“No momento da acolhida, é elementar que a instituição, independentemente de suas características, tenha em mente que presta serviço de pessoas para pessoas. Portanto, por mais que sejam desenvolvidas ferramentas e soluções nas mais diversas áreas, a escola não deve prescindir das relações humanas e compreender que isso é um processo duradouro”, afirma André Pestana, especialista em Marketing Educacional. A chegada dos pequenos à escola pede, certamente, uma integração especial, pois o professor tem de lidar com a insegurança dos pais em desvincularem-se dos filhos e as necessidades dos alunos de adaptarem-se ao novo ambiente. “Por isso, os professores recebem, logo no início do ano, um planejamento traçado pela coordenação e direção para acolher os pais da maneira mais adequada para que eles fiquem cientes da proposta da escola e sintam-se tranquilos

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e confiantes em deixar o filho conosco”, relata Lenize Moura Pereira da Silva, diretora do Colégio IberoAmericano, em Cuiabá (MT). Durante as primeiras semanas de aulas, as salas do Ibero-Americano são preparadas com cadeiras e materiais suficientes para que os pais possam participar das aulas juntamente com os filhos. “Eles podem sentar-se juntos nas rodas de conversa, interagir nas atividades com massinhas, desenhos ou jogos sem se sentirem intrusos. Ou se preferirem, podem apenas observar as propostas de longe, mas o filho saberá que eles estão por perto”, conta a diretora.

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Christian Coelho, consultor especialista em gestão do tempo, vai além e sugere que os professores ministrem uma aula apenas para os pais. “A iniciativa é válida principalmente na Educação Infantil, quando eles têm a falsa ideia de que o filho vai à escola para brincar. Dessa forma, entendem que a brincadeira tem aspectos pedagógicos relevantes”. Para ele, é importante transmitir aos pais o processo de aprendizagem, propondo uma atividade em que eles possam vivenciar o universo da criança na escola. Ele recomenda que, no primeiro dia de aula, os pais recebam um convite com o tema e o objetivo de um projeto pedagógico definido pela coordenação da escola de maneira antecipada, citando as disciplinas interligadas ao mesmo. Juntamente com o convite, o material produzido pelo aluno dentro do projeto.

No mesmo dia, os pais desempenharão a mesma atividade dos alunos e terão de relatar posteriormente quais competências, habilidades e conhecimentos adquiriram com a proposta. “Isso aproxima a escola da família e, a partir dos resultados, o pai compactua com a filosofia e a proposta de formação do aluno. E o que é melhor: usa aqueles conceitos como extensão da própria casa”, diz Coelho. Infantil para o Fundamental A acolhida durante essa fase deixa de ter como foco principal os pais para voltar-se para o aluno. Nas primeiras semanas do ano letivo, as turmas do Colégio Ibero Americano participam de atividades que integram os alunos antigos e os novos. “Além de fazermos gincanas mesclando quem já é da escola com quem acabou de chegar, incumbimos os antigos de apresentar as dependências da escola e os professores, de tirar as dúvidas dos alunos novos. A coisa funciona muito bem porque, ao atribuir essa responsabilidade, eles se sentem coautores do processo. Assim, eles se esforçam para dar o melhor de si e a turma nova se sente super bem-acolhida”, declara Lenize. Propor um passeio pelas dependências escolares e mostrar o papel pedagógico de cada uma delas é a sugestão de Christian Coelho, pois o adulto precisa participar de atividades experimentais e enxergar de fato onde e o que seu filho está aprendendo. SUPER ESCOLA 27


gestão/marketing

Boas práticas para integrar alunos

Atividades lúdicas auxiliam na integração entre antigos e novos alunos do Colégio Ibero Americano

Então, quando chegaram ao Ibero-Americano, os físicos conferiram o espaço, o material didático, o método de avaliação e perguntaram sobre a rotatividade dos professores. “O bom atendimento a ela depende de todas essas variáveis. Hoje, estamos satisfeitos, pois o colégio adere a uma postura socioconstrutivista na rotina escolar, mantendo o caráter humanista. Isso resulta em uma aprendizagem de fato significativa para a Marina”, afirma a mãe.

Ensino Médio Essa é a etapa em que pais e alunos começam a olhar de maneira muito mais efetiva para a escolha profissional, empregabilidade e mercado. “A grande chave do Ensino Médio é casar os resultados que a escola alcança nas aprovações nos vestibulares com os projetos institucionais que a escola tem com essa nova visão de mercado”, afirma André Pestana.

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Iramaia Jorge Cabral de Paulo e seu marido são professores de física e fizeram uma busca bastante criteriosa antes de matricular a filha Marina, 10 anos, no Colégio Ibero-Americano. “Ela veio de uma escola em que os professores tinham uma relação estritamente profissional com os alunos: da sala de aula para a dos professores. Além disso, era vista como a nerd da turma e sentia-se culpada por ser muito comprometida com os estudos. Decidimos mudá-la para um espaço onde ela tivesse liberdade de expressão e uma conduta humanista por parte dos adultos envolvidos no processo”, declara Iramaia.

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Para fugir das palestras em que a escola convida diferentes profissionais para abordar os principais aspectos de sua função, o consultor sugere que a instituição encaminhe os estudantes para feiras e encontros, estabeleça uma política de incentivo para que alunos e professores desenvolvam pesquisas e tenham uma visão empreendedora com projetos para que eles participem de olimpíadas. “Enfim, toda a ação que leve o aluno a olhar sobre o novo mundo, sobre profissões que se volatizam cada vez mais. Pois o pai acredita que está investindo na sólida esperança de que o filho dispute as melhores vagas e faça as escolhas mais acertadas no que diz respeito à carreira. No entanto, o mais salutar mesmo é que as ações de integração sejam contínuas, durem o ano todo. Assim, elas funcionam melhor do que iniciativas pontuais, isoladas, realizadas apenas nas primeiras semanas de aula”, conclui o consultor.


Zoom superescola@sistemapueridomus.com.br

Entre os primeiros Em novembro, foi divulgada a lista dos alunos melhores colocados da Olimpíada Pueri Domus – Conhecimentos em Ação 2010. O concurso tem o objetivo de incentivar alunos e equipes de professores a trocar experiências e a promover os talentos locais nas mais diferentes disciplinas. Confira a lista dos primeiros colocados: Ensino Fundamental I 1º lugar - Helena Pereira Ribeiro - Colégio Gênesis, Espírito Santo do Pinhal (SP) 2º lugar - Elis Maria Rodrigues Mol – Escola Parque Ipiranga, Resende (RJ) 3º lugar - Maria Eugênia Quintanilha Raymundo - Escola Parque Ipiranga, Resende (RJ)

Ensino Fundamental II 1º lugar - Luiza Vilela Troccino - Colégio Cecília Caçapava, Caçapava, (SP) 2º lugar - Iracema Capistrano Costa Fuki – Escola Crescimento, São Luis (MA) 3º lugar - Juliana Harumi Marcílio Ishikawa – Colégio Interativa, Londrina (PR)

Ensino Médio 1º lugar - Lia Freitas Lima – Colégio Euclides da Cunha, Ilha Solteira (SP) 2º lugar - Rebeca Oliveira Generoso – Recanto dos Alunos, Araraquara (SP) 3º lugar - Rafael Freitas dos Santos – Centec, João Monlevade (MG)

Reconhecimento O Colégio Interativa, de Londrina (PR), recebeu a comenda Ouro Verde da Prefeitura Municipal. A homenagem é a condecoração máxima que uma instituição pode receber em virtude da contribuição de suas atividades para o desenvolvimento da comunidade e da cidade como um todo. “O trabalho pedagógico que valoriza a pesquisa científica é o grande diferencial do Colégio, e esse prêmio reconhece nossos esforços nesse sentido”, comenta a diretora pedagógica, Silvia Helena.

Pódio no tatame O professor do Colégio Ibero-Americano, de Cuiabá (MT), e também atleta profissional de judô, David Moura, conquistou o segundo lugar no Campeonato Mundial na categoria por equipes, atuando em conjunto com outros colegas da seleção brasileira. A disputa aconteceu na Turquia, em outubro. Com essa e outras vitórias alcançadas em 2010, David já acumula pontuações no ranking mundial rumos aos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

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opinião

Roger Trimer

A leitura hoje: o círculo se fecha

a Roger Trimer é graduado e pósgraduado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Trabalha há 20 anos na área editorial, tendo atuado na edição de revistas científicas e de livros técnicos e profissionais. Há dez anos, dedica-se ao desenvolvimento e edição de conteúdo instrucional para o ensino universitário, presencial ou a distância. Responsável pelo desenvolvimento dos conteúdos autoinstrucionais da Pearson para cursos de graduação, apresenta palestras sobre conteúdo educacional, direitos autorais e o mercado editorial em diversas instituições de ensino e eventos setoriais.

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leitura é uma prática pouco difundida e nem sempre bem direcionada. É sintomático analisar a bibliografia da área: há centenas de bons trabalhos sobre alfabetização e sobre o ensino inicial da leitura, mas quase nada sobre seu uso educacional ou sobre o estímulo à leitura durante a vida do estudante. A impaciência do jovem com a leitura poderia ser minimizada pelo estímulo à leitura por lazer, mas isso raramente é considerado tarefa da escola. Isso priva as crianças de desenvolver habilidades cognitivas que vão lhe fazer falta no futuro e até em seu avanço escolar. Sem desenvolver a capacidade de interpretar textos, o estudo de história e geografia é árduo, e até mesmo os enunciados de exatas são obstáculos. Há avanços significativos nesse terreno, com distribuição de livros de literatura às

escolas, adequados à faixa etária, mas permanece o desafio de tornar a leitura uma atividade integrada e integrativa. No ensino superior, contudo, o panorama é desanimador: muitos estudantes cursam quatro anos de faculdade sem ler mais que textos esparsos. Sem aprofundamento nem visões alternativas do conteúdo, não conseguem desenvolver as habilidades, competências e, muito menos, as atitudes que lhes serão cobradas no mercado de trabalho. A s práticas da educação a distância, ao mesmo tempo que permitem uma ampliação do acesso ao conhecimento, resgatam antigas práticas de educação, fazendo da comunicação o motor do desenvolvimento do aprendiz. Utiliza ndo ferramentas de comunicação, o novo professor pode impelir diversas turmas à busca do conhecimento.

Além disso, a educação a distância traz também um novo hábito de leitura. Os conteúdos didáticos textuais, impressos ou não, apoiados por bibliotecas digitais que permitem pesquisas e análises transversais dos conteúdos, têm grande parte da responsabilidade pelos resultados dos cursos a distância. Esse sucesso, aliado às economias de escala que se tornam possíveis quando aplicadas a todos os alunos, permitiram a retomada do livro-texto como parte de uma metodologia que adota ferramentas diversas, atenta à evolução da tecnologia e da sociedade, mas capaz de proporcionar uma formação mais sólida e eficaz. Fechando um ciclo, a educação retoma em sua evolução elementos de suas origens, aprofundando seu resultado e tornando-se uma verdadeira força para o avanço do indivíduo e do País.


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