Portfólio tom oliveira

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PORTFĂ“LIO

Jornalista

TOM OLIVEIRA

Reportagens e editoriais produzidos entre janeiro e abril de 2014 WELINTON FERNANDO DE OLIVEIRA


Fotos: Tom Oliveira

Antes do encontro com os vereadores, os jovens se reuniram na Praça da Igreja Matriz de São Joaquim e desceram para a Câmara fazendo barulho e portando cartazes

EDUCAÇÃO

“OLÊ, OLÊ, OLÁ, REEMBOLSO JÁ!” Estudantes de Igaraçu vão à Câmara, recebem apoio dos vereadores e cobram reunião com prefeito Tom Oliveira

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om gritos de “olê,olê,olá, reembolso já” e “aha, uhu, o reembolso é nosso”, mais de 80 estudantes igaraçuenses que precisam se deslocar para cidades vizinhas para frequentar cursos universitários e técnicos “invadiram” a Câmara dos vereadores de Igaraçu do Tietê na noite de terça-feira, dia 14. O encontro com os vereadores foi agendado para tratar do auxílio-transporte, também conhecido como reembolso escolar, que não é pago desde 2009. A reunião contou com a presença de nove dos 11 vereadores, inclusive o presidente da Casa, Luiz Antônio Garcia Guilhen (PSC). Os estudantes cobraram apoio dos parlamentares e exigiram ações nesta questão. Ao som de “assina, assina”, todos os vereadores assinaram um ofício juntamente com todos os jovens presentes reivindicando o benefício. O documento endereçado ao prefeito Carlos Alberto Varasquim, o Bucho (PMDB), foi protocolado

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na Prefeitura na manhã de quarta-feira, dia 15. Em Igaraçu do Tietê há uma lei em vigor que regulamenta o pagamento do benefício estudantil, mas é uma legislação que apenas autoriza, mas não exige que o prefeito no poder pague. Por isso, embora haja uma pressão por parte dos estudantes, somente Bucho poderá, de acordo com o orçamento municipal previsto para 2014, definir se haverá ou não o pagamento do auxílio-transporte em 2014 e qual a porcentagem do reembolso. Ficou definido no encontro com os vereadores que será cobrado de Bucho a realização de uma reunião com os jovens ainda nos próximos dias. Os estudantes justificam que as mensalidades dos cursos e do transporte diário são muito altas, o que faz com que muitos desistam de seus estudos. Eles apontam que o pagamento de pelo menos parte do valor do transporte seria de grande importância para continuarem estudando. Entre os principais argumentos, os alunos levantaram dados que revelam que das cidades da região somente Igaraçu não

oferece benefícios para quem tem que se deslocar de seu município para estudar. Apontaram também que Bucho em seu plano de governo, encaminhado à Justiça Eleitoral antes das eleições de 2012, cita que iria criar um fundo para subsidiar gradualmente o pagamento do auxílio-transporte estudantil. Quando questionado sobre o assunto durante o ano passado, Bucho argumentou a falta de recursos financeiros, citando a dívida de mais de R$ 5 milhões deixada pela gestão anterior e também a queda de recursos advindos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O vereador Wamberto Picolli (PDT) informou que o pagamento do auxílio-transporte está contido na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014, o que deixa o prefeito autorizado e amparado juridicamente no pagamento do benefício. “Realmente o prefeito encontrou uma cidade endividada e com a folha de pagamento inconstitucional, mas nem dialogou com vocês. Tenho certeza de que vocês [estudantes] conseguirão o auxílio”, afirmou o parlamentar


que acredita que a manifestação pode ser um marco inicial para que a população da cidade possa participar e cobrar mais do poder público. Durante a reunião foi citado o valor do orçamento aprovado para 2014, R$ 56,4 milhões. Entretanto, este montante é uma previsão de arrecadação e boa parte dos recursos arrecadados já possui um direcionamento de aplicação. Por isso também, os vereadores citaram que, em 2013, a Câmara devolveu R$ 347 mil à prefeitura. Este montante é o que foi repassado à Câmara no início do ano, mas não utilizado. Essa seria uma verba que poderia ser utilizada para esta finalidade. Nesta linha, o vereador Wamberto Picolli e os próprios estudantes citaram a possível criação de um fundo em que a Câmara possa devolver as sobras de dinheiro mensalmente à prefeitura e não mais somente ao final do ano. Esse montante poderia ajudar no pagamento do auxílio-transporte, já que resultaria em mais de R$ 25 mil mensais, se a Câmara mantiver o mesmo gasto nos próximos anos. Não se sabe o número correto de estudantes que poderiam solicitar o benefício junto à prefeitura, mas o total de participantes do grupo virtual criado na rede social Facebook há uma semana já conta com 355 membros. De acordo com Dhiego Camargo, 23 anos, estudante de Engenharia Elétrica na Unip de Bauru e um dos criadores do grupo, poucos participantes não são estudantes e, por isso, o número conhecido já passa de 300. Camargo, aliás, conta que inicialmente nem imaginou que o grupo virtual pudesse tomar a dimensão que tomou, mas veio de encontro ao anseio de muitos estudantes igaraçuenses. A turma teve a ajuda do vereador Wamberto Picolli para coordenar e agendar a reunião com os demais vereadores. Os jovens saíram da reunião na Câmara mostrando-se muito mais confiantes e otimistas de que conseguirão o reembolso devido à assinatura de nove vereadores no ofício encaminhado ao prefeito. “A reunião foi positiva e tenho certeza de que já conseguimos”, disse Tiago Lima Barreto, 26 anos, estudante de Fisioterapia da FMR em São Manuel. Analu Marchiori, 18 anos, estudante de Fisioterapia na FMR, comentou que a reunião foi um bom caminho percorrido e revelou que nem mesmo ela imaginou que pudesse ir tanta gente no encontro. “Sabemos que as pessoas fazem bastante euforia na internet, mas depois não comparecem. Acho que vamos conseguir. Agora veremos o que o prefeito vai nos dizer”, acrescentou. Paulo Roberto Torqueti, 27 anos, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Unip de Bauru crê que o movimento ganhará muito mais força e repercussão por conta da divulgação da mídia e acredita que muito mais gente comparecerá numa futura reunião com o prefeito. “Acreditamos que o Bucho não tenha má fé em não pagar, mas precisamos dessa ajuda do poder público”, finalizou.

“E agora?”, gritavam os mais de 80 estudantes que foram à Câmara cobrar apoio dos vereadores

Vereador Wamberto Picolli agendou reunião na Câmara e foi o primeiro a assinar ofício endereçado ao prefeito Bucho

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INFRAESTRUTURA

Distrito industrial esburacado Bairro em Igaraçu sofre com mato alto e enormes buracos nas ruas que dificultam a passagem de veículos, principalmente caminhões. Empresários e caminhoneiros já não aguentam mais essa situação Fotos: Tom Oliveira

Tom Oliveira

Arquivo Pessoal/Camila Róvero

Segundo empresários, quando há reclamações, máquinas da prefeitura colocam terra para tampar buracos, mas medida é paliativa e só dura até a chuva seguinte

Situação do distrito industrial após uma chuva forte registrada por Camila Róvero, funcionária da Cooperbig

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mpresários e trabalhadores do Distrito Industrial Comendador João Rays em Igaraçu do Tietê já não aguentam mais uma situação que vem se arrastando há anos: os enormes buracos nas ruas de todo o bairro, dificultando a passagem dos caminhões carregados que diariamente transitam pela localidade. Além disso, a rua Victorino Didoni, a principal via de acesso ao distrito e de saída para a SP-255 e a mais utilizada pelos caminhões é a mais castigada. A camada de asfalto já não existe mais e deu lugar a gigantescas crateras que aumentam a cada nova chuva. Segundo Antônio Carlos Róvero, presidente da Cooperativa de Transportes Autônomos de Barra Bonita, Igaraçu do Tietê e Região, a Cooperbig, a situação de abandono do distrito industrial vem desde a administração de Carlos Augusto Gama (PSDB) e continua na gestão atual, de Carlos Alberto Varasquim, o Bucho (PMDB). “Já procuramos vereadores, vice-prefeito, funcionários da prefeitura, mas nunca nos dão retorno. Só há promessas”, lamenta Róvero. O empresário explica que sempre que há reclamações após as chuvas, máquinas da prefeitura são designadas para recolocar terra na via, mas é um serviço paliativo e que dura


apenas até a chuva seguinte. A falta de uma atitude definitiva e uma resposta do poder público têm causado revolta nos empresários, caminhoneiros e funcionários que utilizam a via para entrar e sair do bairro diariamente. Só a Cooperbig, a maior empresa da cidade, tem 130 funcionários. “Terra não adianta nada. É preciso consertar o problema de vez”, alerta Róvero. Além do asfalto em péssimas condições, a rua Victorino Didoni também sofre com alagamentos, já que praticamente não existe sistema de captação de água das chuvas. Até há uma galeria na margem da rodovia SP-255, segundo empresários, mas está toda coberta de mato e não absorve a água. O mato também está alto nas proximidades e uma das saídas do distrito para a SP-255 - não asfaltada - complica o tráfego dos veículos. “Sabemos que era o primeiro ano da nova administração, mas eles precisam dar um pouco de atenção ao distrito industrial”, enfatiza Róvero. Diariamente transitam pelo bairro industrial caminhões carregados com até 70 toneladas de carga. Com este peso, passar pelos buracos danifica muito as rodas, os pneus e todo o sistema de suspensão dos veículos. O caminhoneiro Antônio Aparecido Cardoso, 54 anos, morador da Cohab, e que trabalha para uma empresa do distrito industrial, se preparava para passar por um buraco com 45 toneladas de carga no momento em que nossa reportagem estava no bairro. “Está um verdadeiro descaso com nossa cidade. Aqui podia estar bem melhor se o prefeito agisse. Nós também temos vereadores que não fazem nada para ajudar o distrito industrial”, diz o caminhoneiro. Segundo o presidente da Cooperbig, empresa que há 12 anos está instalada no distrito industrial, o único ponto satisfatório nos serviços públicos é a eficiente coleta de lixo. “Como nossos caminhões transitam frequentemente por essas ruas esburacadas, é frequente o problema de quebra de molas e deslocamento de pneus”, diz. O borracheiro Ivi Gomes, conhecido como Kung Fu, proprietário da Borracharia Bate Forte, critica os vários buracos que existem bem na entrada de sua borracharia. “Não adianta o prefeito mandar cobrir com terra os buracos. Só dá prejuízo. É preciso asfaltar novamente a rua e canalizar a água das chuvas para resolver de vez este problema”, diz. Por telefone, falamos com o secretário de Obras do município, José Luis Ricci, o Zequinha, que informou que na rua Victorio Didoni, pelo fluxo intenso de veículos pesados, não basta fazer um recapeamento, mas sim uma nova pavimentação com uma base diferenciada para aguentar o tráfego. O diretor disse que o prefeito já autorizou a realização do serviço e agora será feito um levantamento de custo do serviço para identificar no orçamento municipal o recurso que melhor se encaixa no trabalho. Além disso, o secretário garantiu que será feito uma operação tapa-buracos no restante do distrito. “Os empresários podem ficar tranquilos que estamos trabalhando para corrigir isso o mais rápido possível”, disse Zequinha.

“Está um verdadeiro descaso com nossa cidade. Aqui podia estar bem melhor se o prefeito agisse. Nós também temos vereadores que não fazem nada para ajudar o distrito industrial”, diz o caminhoneiro Antônio Aparecido Cardoso

Borracheiro Kung Fu mostra como está o local onde existe uma galeria para receber a água das chuvas

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EDUCAÇÃO

Não há dinheiro para pagar reembolso agora, diz Bucho Reunião com prefeito frustra estudantes que queriam receber auxílio-transporte já no início deste ano. Bucho diz que finanças podem melhorar nos próximos meses e promete manter diálogo com jovens

Prefeito justificou o não pagamento do reembolso devido ao endividamento da prefeitura

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xatamente uma semana após a manifestação e o encontro que os estudantes de Igaraçu do Tietê promoveram na Câmara com vereadores do município para pedir apoio quanto ao pagamento do auxílio-transporte, mais de 20 jovens se reuniram com o prefeito Carlos Alberto Varasquim, o Bucho (PMDB) na tarde de terça-feira, dia 21. Jornal ET acompanhou com exclusividade a conversa dos estudantes com Bucho, ocorrida no gabinete da prefeitura. Apesar de praticamente três horas de discussão e diversas tentativas do grupo em conseguir uma resposta mais decisiva e firme do prefeito quanto ao pagamento – ou não – do benefício ou a alguma ação da prefeitura para levantar a quantidade atual de alunos que teriam o direito de receber o auxílio, Bucho não assumiu compromisso nem fixou data

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para iniciar qualquer ação da municipalidade quanto ao reembolso. O prefeito apenas garantiu que continuará mantendo contato com os jovens para prosseguir com as conversas sobre o assunto, prometendo, inclusive, fazer isso já na próxima semana. A verdade é que, segundo Bucho, não há no momento condição financeira de a prefeitura de Igaraçu arcar com o pagamento do auxílio-transporte. Por este motivo, o prefeito se esquivou da resposta em definir prazos ou assumir compromissos imediatos. O resultado do encontro frustrou os estudantes que estavam cheios de esperança em obter o benefício quando nove dos 11 vereadores da cidade assinaram um documento pedindo ao chefe do Executivo o pagamento do reembolso. Mesmo não garantindo o pagamento, Bucho também não descartou totalmente a possibilidade de o assunto voltar à pauta ainda durante o ano, citando que o benefício está previsto na Lei Orçamentária

“Eu estou de boa fé. Entendo a necessidade e a ansiedade de vocês, mas não posso me comprometer com o que não poderei cumprir”, disse Bucho Anual (LOA) de 2014. O prefeito garantiu que pretende fazer o levantamento do número de estudantes e iniciar o planejamento para colocar em prática o que ele havia mencionado em seu plano de governo antes de ser eleito, o de instaurar um fundo municipal para o pagamento do auxílio-transporte, mas não confirmou previsão para início desse trabalho. “Eu estou de boa fé. Entendo a necessidade e a ansiedade de vocês, mas não posso me comprometer com o que

Tom Oliveira

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não poderei cumprir”, disse o prefeito. A falta de definição sobre prazos ou datas acabou irritando os estudantes que não conseguiam entender o posicionamento do prefeito e esperavam por uma resposta mais concreta, o famoso “vai pagar ou não?”. “E se vai pagar, quando?” Os jovens exigiam de Bucho o compromisso que o assunto se tornasse prioridade em sua administração, mas não receberam a resposta que queriam. “Eu não posso responder agora. Vou ligar para vocês num momento oportuno. Esse é um primeiro contato e não quero gerar expectativas”, disse Bucho. A pressa dos estudantes se justifica porque o ano letivo já começou para alguns e deve ter início nas próximas semanas para a maioria dos universitários e alunos de cursos técnicos. Mas, pelo que foi deixado claro por Bucho, o ano letivo se iniciará mesmo sem o reembolso escolar. O prefeito explicou aos estudantes a situação atual das finanças da prefeitura de Igaraçu. Ele citou que recebeu a prefeitura endividada em cerca de R$ 5 milhões, dívida que segundo ele, já caiu para cerca de R$ 2 milhões. Além disso, apontou que a prefeitura estava gastando quase 60% de sua receita líquida com folha de pagamento em 2012, o que é inconstitucional. Por lei, o máximo é 54%. Segundo Bucho, este índice deve ser controlado nos primeiros meses do ano, o que lhe dará liberdade até para executar determinados serviços na cidade. “Cheguei bem ao final do ano na questão fiscal. A prioridade é saldar os débitos da prefeitura para poder investir recursos”, disse, apontando que durante todo o ano de 2013 praticamente não fez investimento algum na cidade e nem contratou funcionários de livre nomeação, como diretores de Turismo, Esportes e Cultura, por exemplo. Os estudantes chegaram a citar a devolução dos recursos da Câmara à prefeitura serem direcionados para o pagamento do auxílio. Eles pediram ao prefeito que juntamente com a mesa diretora da Câmara tentasse buscar na legislação uma forma de a sobra dos recursos do Legislativo fossem encaminhados mensalmente à prefeitura e não somente no final do ano. Em 2013, por exemplo, o valor devolvido foi de R$ 347 mil. A prefeitura utilizou-se deste recurso para enviar R$ 97 mil ao Hospital e Maternidade São José, dinheiro que ajudou no pagamento do 13º salário dos funcionários da entidade. Contudo, o chefe do Executivo descartou essa possibilidade, argumentando que a prefeitura já conta com o valor previsto para efetuar determinados pagamentos e honrar dívidas. Apesar de a decisão caber somente à mesa diretora da Câmara, desde o início da Legislatura já existe um acordo para que haja economia nos recursos do Legislativo. As irmãs estudantes Analu e Anaisa Marchiori, alunas de Fisioterapia da FMR, acreditam que foi uma reunião proveitosa e que conseguiram colocar o prefeito contra a parede. Elas creem que terão respostas em breve, já que o prefeito se comprometeu a ligar para os estudantes na próxima semana para informar se há alguma novidade quanto ao assunto e manter contato com o grupo. “Vamos até o fim”, afirmaram.

Estudantes cobram do prefeito um posicionamento concreto quanto a realizar um levantamento do número total de estudantes que teriam direito ao reembolso

“Não mediremos esforços para fazer valer nossos direitos como estudantes”, diz jovem O estudante de Arquitetura e Urbanismo da Unip em Bauru comentou que ficou insatisfeito quando Bucho informou que não daria para pensar em pagar o reembolso por meio da devolução do duodécimo da Câmara dos vereadores, mas deixou claro que o movimento vai continuar. “Não mediremos esforços para fazer valer nossos direitos como estudantes”, afirmaram Michele Bispo e Eliane Santos, ambas alunas de Psicologia da Anhanguera em Bauru. Vanessa Peraçoli, aluna de Biomedicina da Unip em Bauru, disse que saiu da reunião

decepcionada. “Nas eleições, Bucho entrou em vários lares, assim como o meu, para tomar cafezinho. E hoje esse desrespeito com nós estudantes, falando para não sermos irônicos enquanto argumentava e nos enrolava, ficando cada vez mais nítido o seu incômodo por não saber mais o que dizer mediante a tantos olhares sobrepostos em si, na esperança de um sim”, comentou Vanessa. O recente movimento dos estudantes surgiu com a criação de um grupo na rede social Facebook. Hoje o grupo já conta com 470 membros, maioria requerente do reembolso escolar. O vereador Wamberto Picolli (PDT), um dos principais apoiadores do movimento, comentou no grupo virtual dos estudantes: “Uma cidade precisa mais que limpeza pública. Precisa de políticas públicas para Educação, para o Esporte, para a Cultura. É possível pagar o reembolso. Vamos, no dia a dia, provar isso”.

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Tom Oliveira

Estudantes entregaram a carta a Skaf dizendo que todas as tentativas de se obter uma resposta positiva de Bucho não tiveram êxito, mas presidente da Fiesp pouco ajudou

EDUCAÇÃO

Estudantes protestam na inauguração do Sesi em Igaraçu e pedem ajuda a Skaf Presidente da Fiesp e pré-candidato a governador chegou a conversar com Bucho, mas evitou se envolver no caso

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ais uma vez os estudantes (cerca de 20, apenas) de Igaraçu do Tietê matriculados em faculdades ou escolas técnicas da região protestaram contra a posição do prefeito Carlos Alberto Varasquim, o Bucho (PMDB) de não pagar o auxílio transporte. Novamente com faixas, cartazes e gritos de guerra como “O reembolso foi prometido, está escrito e não assumido” os estudantes fizeram barulho na inauguração do novo Sesi no município, na manhã de quinta-feira, dia 6. A intenção dos manifestantes era a de chamar a atenção da imprensa regional e a de pedir a intercessão do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado

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de São Paulo) e pré-candidato a governador do estado de São Paulo pelo PMDB, Paulo Skaf, na decisão de Bucho em não pagar o benefício no início deste ano. Há duas semanas, cerca de 20 estudantes se reuniram com Bucho para pedir o reembolso, numa reunião acompanhada com exclusividade por Jornal ET. Apesar de três horas de discussão, Bucho não assumiu compromisso nem fixou data para iniciar qualquer ação da municipalidade quanto ao assunto. Na ocasião, os jovens pediram para que a prefeitura levantasse a quantidade atual de alunos que teriam direito a receber o benefício, mas o prefeito prometeu ligar para dar uma resposta, que, segundo os manifestantes, foi de reafirmação do não pagamento.

Após esta negativa, os jovens continuaram conversando através de uma rede de amigos no Facebook e organizaram a manifestação da última quinta-feira. “Nossa reivindicação é para que o prefeito comece pelo menos a fazer um cadastro dos estudantes, coisa que ele tem se negado fazer, por isso vamos entregar uma carta a Skaf dizendo que todas as nossas tentativas de conseguir uma resposta positiva já se esgotaram e não obtivemos êxito algum”, disse Michele Bispo, aluna de Psicologia da Faculdade Marechal Rondon (FMR). Igor Souza, recém-formado em Direito pela FMR, apesar de não mais precisar do benefício para 2014, compareceu e engrossou o coro na manifestação. “Vim para mostrar meu inconformismo com a situação que os estudantes de Igaraçu estão vivendo.


Nunca fui reembolsado e é dever do poder público ajudar a quem busca uma qualificação profissional”, comenta. A manifestação surpreendeu os funcionários e pessoas envolvidas na inauguração do Sesi. Muitos indagaram se a manifestação seria contra a nova escola, mas depois perceberam que se tratava de um assunto com o prefeito. Skaf chegou e logo foi cumprimentando um por um dos manifestantes, cerca de 20 jovens. Skaf recebeu a carta de protesto e os convidou a participarem da inauguração, embora tenha pedido para que separassem os assuntos e não atrapalhassem a festa inauguratória. Neste momento, Bucho chegou e foi cobrado aos gritos pelos manifestantes. O chefe do Executivo sorriu, mas não falou com os estudantes, preferindo se dirigir para o local de inauguração. O presidente da Fiesp chegou a comentar com Bucho sobre o assunto. O prefeito explicou o caso, mas evitou prosseguir com a conversa, afinal, a resposta seria a mesma: de que não há dinheiro para pagar o benefício agora. Os estudantes, por sua vez, entraram no ginásio da escola e aguardaram pelo pronunciamento do prefeito para fazer sua manifestação, mas a ação foi cancelada, já que Bucho não discursou. À imprensa presente no evento, o prefeito disse: “tenho a intenção de ajudá-los porque sei da importância do benefício, mas meu objetivo no momento é reequilibrar as finanças do município para num segundo momento começar a viabilizar essa possibilidade”. Bucho. Como sabia que a manifestação iria ocorrer, o prefeito preparou uma nota e distribuiu aos jornalistas. Nela, diz que ainda este ano, pretende criar um fundo municipal para subsidiar gradualmente o reembolso escolar, como consta em seu plano de governo. A justificativa do prefeito para não pagar o auxílio transporte é de que ele recebeu uma prefeitura com dívida por volta de R$ 5 milhões, dívida que segundo ele, já caiu para aproximadamente R$ 2 milhões. Além disso, argumenta que assumiu a prefeitura gastando quase 60% de sua receita líquida com folha de pagamento em 2012, o que é inconstitucional. Por lei, o máximo é 54%. Segundo Bucho, este índice deve ser controlado nos primeiros meses do ano, o que lhe dará liberdade até para executar determinados serviços na cidade. “Cheguei bem ao final do ano na questão fiscal. A prioridade é saldar os débitos da prefeitura para poder investir recursos”, disse, apontando que durante todo o ano de 2013 praticamente não fez investimento algum na cidade e nem contratou funcionários nomeados, como diretores de Turismo, Esportes e Cultura, por exemplo. A pressa dos estudantes se justifica porque o ano letivo já começou para a maioria dos universitários e alunos de cursos técnicos. O recente movimento dos estudantes surgiu com a criação de um grupo na rede social Facebook. Hoje o grupo já conta com 560 membros.

Bucho foi cobrado pelos estudantes durante encontro com o pré-candidato a governador, Paulo Skaf

Jovens se manifestam durante evento. Apesar da postura, eles não atrapalharam a cerimônia

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Tom Oliveira

“Parece ter havido crime de responsabilidade fiscal ao não obedecer a Constituição Federal”, cita Wamberto em denúncia

LEGISLATIVO IGARAÇU

Wamberto faz denúncia e pede até cassação de Bucho Contudo, hipótese de vereador de que a prefeitura não aplicou 25% do orçamento na Educação é rebatida por Bucho, que garante a aplicação de 25,09%. “Denúncia não possui fundamento com realidade”, critica prefeito Tom Oliveira

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Câmara dos vereadores de Igaraçu do Tietê abriu os trabalhos de 2014 com polêmica. Na primeira sessão do ano, realizada na segunda-feira, dia 3, o vereador Wamberto Picolli (PDT) - declarado oposicionista à atual administração municipal - entrou com uma denúncia contra o prefeito Carlos Alberto Varasquim, o Bucho (PMDB) por suposta infração político-administrativa. A denúncia foi acatada pelo presidente da Câmara, Luiz Antônio Garcia Guilhen (PSC), e será encaminhada ao departamento jurídico da Casa de Leis para ser analisada. Após esta avaliação, deve voltar à pauta do Legislativo onde poderá ser aprovada ou rejeitada. O assunto deve ser retomado ainda este mês. A denúncia de Picolli especifica dois pontos. O principal é uma suposta irregularidade da administração pública na destinação de verbas para a Educação. Segundo a Constituição Federal – e uma regra bastante conhecida na gestão pública – há a obrigação dos municípios em gastar 25% de suas receitas com impostos e transferências na área de Educação. Um balancete publicado em edital em um jornal da cidade referente ao ano de 2013

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apresenta porcentagens pouco acima de 23% aplicados por Igaraçu nesta Pasta, o que seria inconstitucional e poderia ser caracterizado como crime de improbidade administrativa. Baseado nesta dúvida e na possível falta de clareza nos dados apresentados pela prefeitura igaraçuense é que Picolli denuncia. “Com o devido cuidado e com o direito ao contraditório e à ampla defesa que o caso enseja, parece ter havido crime de responsabilidade fiscal ao não obedecer a Constituição Federal”, cita o vereador no documento denunciativo. No entanto, em resposta a Jornal ET, o prefeito Bucho garantiu que não procede a dedução presumida pelo vereador a respeito da aplicação dos recursos municipais na Educação, já que, segundo dados da Secretaria de Finanças da prefeitura, foi atingido o percentual exigido por lei em 2013. A aplicação real foi de 25,09%, de acordo com a prefeitura. Na nota oficial enviada a nossa reportagem, Bucho comenta que respeita a atuação combativa de Picolli e que recebe com tranquilidade os questionamentos do vereador “porque não possuem qualquer fundamento com a realidade”. Na sequência, Bucho critica: “Por outro lado, sinceramente falando, entendo que houve um excesso de agressividade na iniciativa do vereador nesse caso, uma vez que ele não respeitou o esforço

gigantesco que estamos realizando para reequilibrar as finanças da Prefeitura e, dessa forma, dispor, num segundo momento, das condições necessárias para recuperar todo o patrimônio público do Município e zelar pela nossa cidade como pretendemos e, se Deus quiser, haveremos de fazer”. Outra acusação de Wamberto Picolli é uma suposta omissão e negligência do prefeito na resolução do problema que ocorre na orla da Praia Maria do Carmo de Abreu Sodré, onde várias construções que custaram mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos foram inauguradas há dois anos, mas continuam em desuso e sendo diariamente deterioradas por atos de vandalismo. As obras na Prainha de Igaraçu foram inauguradas na administração de Carlos Augusto Gama (PSDB) e é mais uma das heranças negativas que Bucho se deparou quando assumiu a prefeitura. Picolli reconhece que o atual chefe do Executivo não é o causador do infortúnio na Prainha, mas argumenta que Bucho não promoveu ações na tentativa de solucionar o problema. Na denúncia, o parlamentar cita a reportagem Turísticos Elefantes Brancos publicada por Jornal ET em fevereiro de 2013. “O que o prefeito fez na defesa do patrimônio público mesmo depois da reportagem? Nada! – critica.


Arquivo Jornal ET/Tom Oliveira

O vereador utiliza-se do Decreto-lei 201/67 da Presidência da República que dispõe sobre a responsabilidade dos prefeitos e vereadores para justificar seu pedido. Segundo o inciso VIII do artigo 4º da referida lei, omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do município é considerado infração político-administrativa dos prefeitos sujeitas ao julgamento da Câmara dos vereadores. Se comprovada a irregularidade, a Câmara poderia decretar a cassação do mandato do prefeito. Contudo, não dá para esperar que os vereadores de Igaraçu aprovem a instauração de uma comissão processante para investigar se houve realmente omissão de Bucho quanto às obras da Prainha ou má gestão dos recursos aplicados na Educação, afinal a grande maioria dos parlamentares é da situação e favoráveis à administração de Bucho e também compartilham da visão do prefeito sobre as dificuldades que a cidade enfrenta. A informação de que Bucho aplicou 25,09% do orçamento deve colocar panos quentes no caso. Picolli informou ainda que enviará cópias da denúncia ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas para que analisem o caso e cobrem explicações do prefeito. Ainda de acordo com o decreto-lei 201/67, cabe ao presidente da Câmara em casos como esse determinar a leitura da denúncia e consultar a Câmara quanto a sua aceitação ou não. Se aceita, o presidente deve formar uma comissão processante com três vereadores para iniciar o trabalho de investigação para apurar se houve ou não infração por parte do prefeito. Luizinho Garcia optou por acatar a denúncia na segunda-feira e encaminhará ao departamento jurídico da Câmara para saber quais ações deve tomar, embora a reação dos

Bucho garantiu que não procede a dedução presumida pelo vereador já que, segundo dados da Secretaria de Finanças da prefeitura, foi atingido o percentual de 25% exigido por lei em 2013

demais vereadores à denúncia não foi positiva. O vereador Jovanir Aparecido Penna Jr. (PP) ainda tentou convencer Picolli de que essa acusação deveria ser feita no Ministério Público, mas foi retrucado, já que é uma das funções do poder Legislativo fiscalizar o Executivo. Como a denúncia se tornou pública, agora a Câmara dos vereadores precisa dar uma resposta clara e objetiva à população e razões pelas quais dará ou não prosseguimento às acusações de Picolli. “É algo inédito uma acusação deste porte, mas eu, particularmente, acredito que o prefeito jamais cometeria tal infração [referindo-se à aplicação orçamentária

na Educação] e deve nos responder oficialmente em breve para que o assunto não se prolongue”, diz Luizinho. “Mas se tiver que nomear vereadores para uma futura investigação, nós faremos”. Ainda em nota oficial encaminhada a Jornal ET, Bucho diz: “O que posso afirmar como toda a convicção é que, em minha vida pública como prefeito e advogado sempre pautei meus pensamentos e minhas ações pelo bem das pessoas e pela defesa dos interesses da minha cidade, conduta que é inerente a minha personalidade e ao meu caráter, e assim continuarei agindo”.

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VOCAÇÃO RELIGIOSA

Uma vida dedicada à fé e à caridade Fiel à Igreja Católica e aos ensinamentos de Jesus Cristo e de São Francisco de Assis, Frei Agnelo baseia sua vida na pobreza, na fé, na oração e no trabalho de ajudar moradores de rua

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iariamente Frei Agnelo segue os votos de castidade, pobreza e obediência na vida religiosa que escolheu viver, dedicada somente a seguir Jesus Cristo na radicalidade do Evangelho, a exemplo de São Francisco de Assis. Uma vida sem regalias mundanas e com a missão de servir totalmente à Igreja Católica, buscando a espiritualidade, a oração e levando auxílio e alimento para o corpo e a alma dos mais necessitados, aqueles que o restante das pessoas só percebe a existência quando se sentem incomodadas. Há 12 anos Frei Agnelo do Imaculado Coração da Virgem Mãe de Deus é integrante da Fraternidade Toca de Assis, uma instituição religiosa franciscana criada em 1994 em Campinas-SP que tem como objetivo ajudar moradores de rua mais necessitados e seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e São Francisco de Assis quanto a viver uma vida humilde e obediente. Hoje, a Toca de Assis está presente em várias capitais e grandes cidades brasileiras, contando com centenas de freis e freiras. O serviço beneficente da entidade trabalha com ex-moradores de rua que passaram a residir nos próprios institutos e também na promoção de pastorais semanais que servem refeições e prestam serviços assistenciais a quem ainda mora nas ruas por serem ou não dependentes químicos. A palavra frei significa irmão e fraterno e é um dos modelos de vida religiosa dentro da Igreja Católica. Como regra, Agnelo, bem como os demais freis da Toca de Assis, vivem como viveu São Francisco de Assis: sem regalias e se vestindo somente com uma única veste, chamada de hábito - uma espécie

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de túnica com duas tonalidades de marrom. Junto com a veste, os freis carregam uma corda chamada de singolo e que lembra os três votos que fizeram - pobreza, castidade e obediência - e usam o corte de cabelo em referência à coroa de São Francisco de Assis. “Mesmo quando estou em férias, uso o hábito. Não estou de folga de minha vida cristã. Sou religioso e agora minha pele é marrom e vou utilizá-la até a morte”, diz. Irmão Agnelo, forma como ele se autodenomina, é o nome religioso do barra-bonitense Adriano José de Paula, de 32 anos. O nome foi sugestão de um de seus mestres e significa cordeirinho, uma referência ao seu jeito calmo de ser. “A vida religiosa nos faz buscarmos uma vida em santidade, por isso a mudança de nome. É o início de uma nova vida”, ressalta. Como membro da Toca de Assis, Agnelo atuou nos institutos de Belo Horizonte, Campinas, Brasília, Fortaleza e hoje reside na sede do Rio de Janeiro. No instituto carioca ele mora com outros nove irmãos religiosos e outros 10 irmãos ex-moradores de rua acolhidos. Em outubro deste ano o barra-bonitense deve perpetuar seus votos de castidade, pobreza e obediência. Ao fazer isso, será considerado definitivamente um frei e seu nome será encaminhado ao Vaticano para ser reconhecido como mais um religioso brasileiro dentro da Igreja Católica. “Voto perpétuo significa que eu estarei preso totalmente a Cristo. Não que hoje não seja, mas será colocado um selo espiritual em minha alma e coração para que eu siga fiel à Igreja e ao Papa para o resto de minha vida”, explica. Atualmente o religioso está em Barra Bonita morando com sua família por conta de problemas de saúde, mas deve retornar para a Cidade Maravilhosa em fevereiro e retomar os trabalhos.

A ROTINA A rotina de um frei na Toca de Assis consiste basicamente em exercer sua função dentro do instituto e de sempre participar dos momentos de orações e celebrações. Eles acordam às 5h30 para rezar as laudes litúrgicas (uma das horas da Liturgia das Horas) às 6 horas. Às 7 horas eles se dirigem todos os dias à missa matinal e somente quando voltam podem tomar café e iniciarem suas funções. Irmão Agnelo, por exemplo, antes de se adoentar estava encarregado da limpeza da casa e do cuidado com os irmãos dependentes. À noite ainda há outras orações antes de todos se retirarem para dormir, geralmente às 21 horas. “Se não tivermos uma rotina de oração intensa como algo primordial em nossa vida, com certeza seríamos vencidos pelo estresse e cansaço, mas a nossa fé nos ajuda a nos mantermos sempre fortes e per-


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“Se não tivermos uma rotina de oração intensa como algo primordial em nossa vida, com certeza seríamos vencidos pelo estresse e cansaço, mas a nossa fé nos ajuda a nos mantermos sempre fortes e perseverantes”, diz Frei Agnelo

Tenho certeza que é uma tentativa de Deus em mostrar para a humanidade que o mais importante é o sentimento da família. É um resgate desta sociedade que hoje vive no consumismo e em função do dinheiro apenas”, diz Frei Agnelo sobre Papa Francisco

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Fotos: Arquivo Pessoal

Muita gente me pergunta se não sinto calor. É lógico que sinto calor, como sinto sede, como meu pé queima no asfalto quente, mas viver como Jesus viveu e a nossa fé nos faz seguir em frente em nossa missão”, diz

Agnelo, ou melhor Adriano, junto de sua mãe Aparecida e de seu irmão Cristiano. A família também é formada pelo pai José Carlos e a irmã Adriana

O barra-bonitense ao lado dos freis Matheus e Moisés após proferir os votos de castidade, pobreza e obediência

severantes”, comenta Agnelo. Durante boa parte da semana os freis da Toca de Assis carioca cuidam dos irmãos acolhidos. Nas noites de domingo e de quarta são os momentos em que saem do instituto para fornecer ajuda a aqueles que ainda têm as ruas como lar. Aos domingos eles servem refeições na Praça da Igreja de Nossa Senhora da Candelária a mais de 100 moradores de rua e procuram, por meio do alimento, se aproximar dos necessitados e fazê-los abandonar a vida desumana das ruas e retornarem para suas famílias. Muitas vezes, os próprios freis procuram as famílias dos mendigos, mas nem sempre essas pessoas são aceitas pelos seus familiares. Em casos como esse, os pobres são acolhidos e podem morar no instituto junto com os freis, principalmente para ficarem longe das drogas e bebidas.

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Toda quarta-feira também é realizado um trabalho de acolhida de moradores de rua que podem tomar banho, cortar o cabelo, se alimentar e também ouvir uma palavra de conforto dos religiosos em uma das sedes cariocas da Toca de Assis. “Morando na rua, as pessoas ficam fisicamente horríveis, por isso procuramos melhorar sua aparência física e também a espiritual”, diz Agnelo.

ENTRETENIMENTO Pelo menos um dia na semana os freis costumam ter momentos de descontração e lazer. Após fazer as orações, eles jogam futebol – com a veste – e chegam às vezes até a ir à praia. Todos vão juntos se divertir. Neste caso, evitam usar a roupa característica e sempre usam bonés, camisetas e

shorts. Chegam a entrar no mar de camiseta, inclusive. No restante das ocasiões mantêm-se sempre vestidos com o hábito, a única veste, e dificilmente passam despercebidos pelas ruas, chamando a curiosidade das pessoas. Aqui em Barra Bonita mesmo, irmão Agnelo conta que as pessoas param na rua para poder olhá-lo. Na maioria das vezes, por falta de conhecimento, ele acaba sendo chamado de padre. “Muita gente me pergunta se não sinto calor. É lógico que sinto calor, como sinto sede, como meu pé queima no asfalto quente, mas viver como Jesus viveu e a nossa fé nos faz seguir em frente em nossa missão”, enfatiza o barra-bonitense. O uso de tecnologia também é bastante regrado no instituto e na vida dos freis. A internet é usada apenas para acessar conteúdos relacionados à Igreja ou a notícias. As redes sociais são permitidas, mas é necessário que o frei se identifique com seu nome religioso e utilize apenas para evangelizar. Agnelo não usa o Facebook porque não diz não gostar e também por falta de tempo. Assistir televisão também é restrito e é feito somente em horários pré-determinados. Quem utiliza mais esse entretenimento são os irmãos acolhidos, mas mesmo assim, conteúdos apenas relacionados a notícias e esportes. Com o celular é a mesma coisa. O aparelho é utilizado para se comunicar com os familiares e com os demais religiosos. “Como levamos uma vida retraída, é importante que tomemos cuidado para não cairmos em tentação e acabarmos acessando ou assistindo conteúdos impróprios para a nossa condição como religiosos”, explica.

A VOCAÇÃO E A FAMÍLIA Agnelo, no caso ainda Adriano, costumava frequentar as missas matinais de domingo desde pequeno com o seu irmão Cristiano. O barra-bonitense sempre teve curiosidade por questões ligadas à espiritualidade e à busca de conhecimento sobre as passagens bíblicas. Durante a juventude ele conheceu o trabalho de Padre Roberto, fundador da Toca de Assis. Duas amigas que conheciam Adriano no grupo de jovens enviaram uma carta para participarem de


um retiro vocacional e resolveram, elas mesmas, enviarem uma carta incluindo o nome do amigo. Adriano foi chamado para participar do retiro em Campinas, mas não foi acolhido. Meses depois surgiu um convite para que o jovem fizesse novamente o retiro. Quem levou um susto muito grande foi a mãe Aparecida de Castro de Paula, hoje com 55 anos, e o pai José Carlos de Paula, 53 anos. O baque foi tão forte que Aparecida chegou a entrar em depressão, afinal o filho mal saía de casa para comprar pão. “Hoje já estou acostumada, mas foi muito difícil ficar longe dele por tanto tempo. Agora, quando me dá uma aflição, já pego o telefone e ligo, mesmo sem saber se pode ou não”, comenta a mãe. “Quando eu soube que ele estava doente, passei a ligar três vezes por semana”. Normalmente, os freis da Toca de Assis só podem visitar suas famílias uma vez por ano e têm o direito de ligar apenas uma vez por mês. “É claro que é ruim ficar longe da família, mas não encaro isso como dificuldade. É algo normal”, diz Adriano. Por fim, Aparecida destaca: “Sou uma mãe privilegiada pelos meus três filhos. Adriano já não é mais meu filho. Hoje ele é filho de Deus”.

Frei Agnelo caminha junto com outros irmãos da instituição nas ruas do bairro Madureira no Rio de Janeiro a caminho de mais uma pastoral de ajuda a moradores de rua

PAPA FRANCISCO Antes de se tornar Papa Francisco, o cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio era jesuíta e durante toda a sua vida eclesiástica sempre procurou defender os ensinamentos de humildade, pobreza e de ajuda aos mais necessitados. Exatamente por isso, quis ser o primeiro Papa a levar o nome de Francisco, em alusão também a São Francisco de Assis. A escolha de Bergoglio é uma tentativa da Igreja em diminuir brigas e intrigas por poder dentro da Cúria Romana e de devolver aos cristãos o sentimento de ajuda aos próximos e o de valorização da família, cada vez menor no mundo consumista atual. Pergunto sobre a escolha de Papa Francisco para Frei Agnelo e ele responde: “Para mim, o Papa Francisco veio trazer a boa nova de Cristo. Os dois papas anteriores [João Paulo II e Bento XVI] também foram exemplos para mim e deixaram uma grande riqueza para a Igreja. A escolha de Francisco é como se Deus mostrasse para a humanidade o que ele quer do povo cristão de agora. Todos nós podemos perceber por meio das redes sociais e das reportagens, a alegria que ele transmite. Ele sempre foi carismático, carinhoso e prestativo com as pessoas. Cuidar do povo sempre foi um ideal em sua vida. Há uma frase assim: “O mundo tem saudade de Francisco” e realmente o mundo tem mesmo. São Francisco de Assis foi um santo que marcou a história da igreja e do cristianismo pela forma como viveu o Evangelho. Tenho certeza que é uma tentativa de Deus em mostrar para a humanidade que o mais importante é o sentimento da família. É um resgate desta sociedade que hoje vive no consumismo e em função do dinheiro apenas. Precisamos recuperar o verdadeiro sentido de felicidade”.

Agnelo reza na capela Pão da Vida, que fica dentro do instituto onde mora

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Pombos se concentram na cobertura do ginásio diariamente

QUESTÕES SANITÁRIAS

OS POMBOS NO GINÁSIO Fezes de pombos têm dificultado uso do ginásio da escola Mariana, na Cecap. Associação de bairros é impedida de usar espaço por este motivo e cobra solução do problema. Prefeitura contratará empresa para controle de pragas urbanas

Tom Oliveira

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ginásio da EMEF Profª Mariana Gonçalves Dias no bairro da Cecap sofre com a aglomeração de pombos, que permanecem diariamente no local. Como o ginásio possui aberturas nas laterais, as aves acabam entrando e defecando no interior do espaço poliesportivo. Quem levantou a questão foi o presidente da Câmara dos vereadores, Gervásio Aristides da Silva (PP), em uma indicação endereçada à prefeitura na semana passada. O presidente destacou em sua requisição que visitou a escola e foi alertado sobre o risco sanitário, já que as fezes de pombos podem trazer doenças à saúde dos seres humanos e os alunos precisam utilizar o espaço para a realização de suas atividades físicas curriculares. “Este vereador é

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sensível à causa e apoia a reivindicação da escola”, afirmou Gervásio, solicitando a implantação de uma tela de proteção ou de outras medidas para evitar que as aves se aglomerem no ginásio. Ainda na sessão da Câmara, o vereador Marcos Roberto Peroto (PPS) entrou com outra indicação sobre o mesmo assunto, mas incluiu todas as escolas do município e os prédios públicos no pedido porque, a seu ver, também estão sofrendo com a invasão de pombos. Os pombos se concentram em locais onde há abrigo, água e alimento e costumam permanecer onde encontram comida fácil, seja em lixeiras ou restos de alimentos para cães e gatos ou ainda quando encontram alguém que constantemente os alimentem. No caso da EMEF Mariana, nos informaram que há pessoas que possivelmente estariam alimentando

diariamente os pombos e que essa atitude tem colaborado para aumentar a quantidade das aves no local. Gervásio apresentou aos demais vereadores algumas fotos que mostram a situação alarmante em que se encontra o ginásio da EMEF Mariana. Nas imagens é possível ver claramente uma grande quantidade de fezes dos animais nos equipamentos e em boa parte da estrutura do espaço esportivo. Segundo o chefe de gabinete da prefeitura, Márcio Salvi, a administração municipal tem conhecimento do problema e tem procurado exercer um controle das aves por meio de uma dedetização que as afaste do local, já que os pombos não podem ser mortos. De acordo com o diretor de Gestão Ambiental e Obras Públicas, Antônio Bestana Neto, está prevista a abertura de uma licitação nos próximos dias para a contratação de uma empresa especializada


no controle e manejo das pragas urbanas, incluindo os pombos, nos prédios públicos da cidade, como escolas, postos de saúde e departamentos. Neto Bestana diz que já tem em mãos alguns orçamentos e informações acerca do assunto para poder elaborar o processo licitatório que, se tudo ocorrer de forma ágil, poderá ser concluído ainda em abril. A intenção do diretor é que haja um manejo e um controle das pragas urbanas de forma rotineira, para evitar que elas voltem. Estão incluídos também nestas pragas os ratos, baratas, aranhas, escorpiões e até mesmo morcegos. Márcio Salvi comenta que o controle de pombos no ginásio da EMEF Mariana está incluído nessa licitação. “Não há muitas empresas especializadas e disponíveis nesse tipo de trabalho e precisamos fazer um único contrato que atenda a todos os prédios. Por isso o processo de licitação pode demorar de 60 a 90 dias”, explicou.

Quem pode usar o ginásio? O presidente da Associação Amigos dos Núcleos Habitacionais dos Bairros da Cecap, Nova Estância, Jardim Samambaia e Recanto Regina, Douglas Fernando Gomes, disse no dia 24 de fevereiro que a prefeitura ainda não havia respondido oficialmente um ofício protocolado no dia 17 de janeiro, no qual a associação pede a utilização do ginásio da EMEF Mariana durante o ano de 2014 para seguir desenvolvendo o projeto Esporte por Esporte, uma iniciativa que atende de 60 a 80 crianças da cidade com a prática de futsal no início da noite, entre 18h e 20h. Até o fim de 2013 o ginásio foi usado pela associação de bairros. A resposta que o presidente e Marcelo Marcondes Eira, diretor esportivo da entidade, receberam da prefeitura (informalmente) foi de que não seria permitido o uso do ginásio no momento exatamente por conta da infestação de pombos. Em virtude disso, a entidade teria que esperar até que o problema fosse solucionado. “O ofício foi protocolado no dia 17 de janeiro. Já se passaram mais de 30 dias. Estamos aguardando um posicionamento oficial para que possamos dar continuidade em nossas atividades”, explicou Douglas. Márcio Salvi explica que pode ter ocorrido algum problema no trâmite do documento na prefeitura, mas deixa claro que o impedimento na utilização do ginásio é por conta desse motivo. “A resposta que foi dada é essa. É a oficial”, enfatiza Salvi. O presidente da associação de bairros questiona também o porquê de a entidade não poder fazer uso do ginásio devido aos riscos à saúde das crianças enquanto os alunos da escola Mariana o usam diariamente. “Se estão preocupados com a contaminação das crianças, então não poderia ser frequentado por nenhuma criança, nem ninguém”, adverte Douglas. Segundo Salvi, as crianças na escola não têm utilizado o ginásio da forma como costumam fazê-lo se não estivesse com a

“Se estão preocupados com a contaminação das crianças, então o ginásio não poderia ser frequentado por nenhuma criança”, questionam Douglas e Marcondes

infestação de pombos. “Funcionários da escola limpam o ginásio durante o dia para que as crianças possam usá-lo. Hoje existe uma dinâmica de limpeza diária na escola”, argumenta o chefe de gabinete. “O ginásio não é utilizado pela escola quando não está limpo, o que não posso garantir fora do horário de aula. Assim que o problema for solucionado em definitivo, o ginásio será liberado para a associação, como sempre foi, e também para outros projetos que se interessarem”. Douglas comenta ainda que esperava por um posicionamento oficial para poder decidir o que fará com o projeto; ou aguardaria a liberação do ginásio da Mariana ou procuraria outra quadra poliesportiva para realizar as atividades. “Precisamos dar continuidade aos trabalhos”, cravou. Outro questionamento que o presidente levanta é quanto ao planejamento para efetuar o trabalho de limpeza e de instalação de equipamentos de proteção contra pombos. “O gi-

násio e a escola ficaram fechados durante todo o recesso escolar das férias de final de ano. Esse trabalho deveria ter sido feito durante o recesso. Por que deixaram para fazer agora, em cima do retorno dos trabalhos?” – questionou. Segundo o professor Marcelo Marcondes Eira, a sua intenção era de iniciar as atividades do Esporte por Esporte no início de fevereiro, praticamente junto com o início das aulas escolares. Com essa demora e contando com as festividades do carnaval, o projeto se encontra parado há mais de um mês. “Estamos fazendo um bem para a sociedade, dando uma opção de lazer, entretenimento e prática esportiva às crianças no horário ocioso”, disse o professor. O presidente da Associação comentou ainda que, para 2014, há um projeto mais audacioso onde além do futsal e da capoeira, há também a intenção de se colocar aulas de tênis de mesa com a professora Dani Bassi. “Nossa ideia é implementar uma academia comunitária no espaço”, revela.

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Terezinha Maria e Celso Souza trabalharam durante toda a semana para deixar a capela impecável para domingo

RESGATE HISTÓRICO

Família restaura capela dos anos 50 Aliando pintura nova à restauração da maioria dos objetos da época, capela na zona rural renasce e celebra neste domingo sua primeira missa e batizado após quatro décadas

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a década de 20, o casal João de Souza e Francisca Romana de Souza emigrou de Portugal para o Brasil, mais precisamente para o bairro rural Vila Nova em Barra Bonita, onde muitas famílias moravam e trabalhavam na lavoura, de café e posteriormente de cana-de-açúcar. O casal português, acompanhado dos demais sitiantes da localidade, ergueu com seus próprios recursos financeiros e mão de obra a Capela de Nossa Senhora Aparecida, no bairro. Não se sabe a data exata da inauguração da capela, mas ocorreu no ano de 1959. “Infelizmente ninguém anotou a data ou tirou foto”, explica Terezinha Aparecida Fregolente de Souza, que foi casada com Manoel Souza, filho do casal fundador. Terezinha morou no bairro duran-

te toda a sua infância e juventude. Ela frequentou as missas mensais que eram realizadas na capela e nos revela que houve muitos batizados e até casamentos no pequeno templo. Terezinha, hoje com 73 anos, conta que batizou sua filha caçula Celi na capela. A capela era muito utilizada pelos moradores da redondeza, mas passou a ficar desativada após a década de 70, com o êxodo dos moradores para a cidade. Sem uso, o local acabou sendo deteriorado pelo tempo, embora jamais tenha sido esquecido por Terezinha e pelos demais moradores da época que costumavam frequentar as celebrações na capela. Foi por todo esse valor histórico, familiar e sentimental que o casal Celso Aparecido de Souza, 46 anos, e Maria das Graças Togni de Souza, 41 anos, resolveram restaurar a capela de Nossa Senhora Aparecida que pertence às terras da famí-

lia. Celso é filho de Terezinha e neto do casal fundador do templo religioso católico. O trabalho de reforma e restauração vem sendo feito paulatinamente durante os últimos três anos pelo casal de comerciantes, proprietários da Pizzaria Q-Tall. Celso tem a certeza de que todo o trabalho minucioso será recompensado no instante em que, pela primeira vez em sua vida, poderá participar efetivamente de uma missa na capela que é tão importante na história de sua família. “Lembro-me de ter participado de uma missa, mas é uma lembrança remota”, comenta. O trabalho de restauração foi completo e deixou tanto a parte interna quanto externa impecáveis. A capela foi inteiramente pintada nas cores originais, amarelo por fora e vermelho escuro, branco e azul claro. O sino foi trocado e quatro bancos originais foram restaurados e ganharam a companhia de outros que foram feitos

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com a mesma medida. Todos os quadros nas laterais e ao lado do altar foram restaurados, contando com cenas das passagens bíblicas com Jesus Cristo, Arcanjo Gabriel e Maria, além da via-sacra. Mas o trabalho mais minucioso aconteceu na restauração das imagens dos santos que enfeitavam a capela e que foram doados pelos próprios sitiantes que frequentavam as missas e também pela Matriz de São José. Há uma imagem de Jesus Cristo que é datada de 1906 e que está incrivelmente restaurada. Além disso, o altar será o mesmo e até a toalha que fica sobre o altar será a mesma utilizada na época, contendo bordados feitos à mão pela fundadora da capela quando ainda morava em Portugal. “Há quatro anos aumentou minha vontade – que sempre tive – de restaurar a capela. Aproveitei uma reforma que estava fazendo na casa-sede do sítio e decidi que era hora de restaurar a igreja. Estou muito feliz com o resultado”, nos conta Celso que durante esta semana correu para acertar os últimos detalhes para que a capela ficasse pronta até o domingo. A felicidade da família aumenta porque exatamente neste domingo, dia 23, após quatro décadas desativada a Capela de Nossa Senhora Aparecida recebe a primeira missa depois de ter sido restaurada. A celebração será comandada pelo padre Celso Maximino José, pároco da Matriz de São José, da qual a capela faz parte da Paróquia. A celebração ocorre às 16 horas com a presença de muitos ex-moradores do bairro rural que antigamente acompanhavam as missas na capela, além dos filhos, netos e quem mais quiser acompanhar e ver de perto o excelente trabalho de restauração realizado. “É muito gratificante para nós e para as famílias antigas poderem ver novamente a capela linda e recebendo uma missa. Todos estão convidados para prestigiar este momento histórico na cidade”, diz Terezinha. O local tem capacidade para 70 pessoas sentadas, mas a família espera um público muito maior para essa primeira celebração. Já está acordado com padre Celso a celebração de pelo menos uma missa por mês na capela. Além da missa, a reabertura da capela contará com um batizado. Padre Celso comenta que o sentido do batismo para a igreja católica é o renascimento e por isso espera que seja também o batismo desta comunidade religiosa que foi tão ativa entre os anos 60 e 70. “É sempre uma alegria ver uma comunidade renascer”, acrescenta padre Celso que nunca chegou a celebrar missas na capela durante os 22 anos em que está à frente da Paróquia de São José. A Capela de Nossa Senhora Aparecida fica localizada na zona rural de Barra Bonita, sentido Mineiros do Tietê. A entrada principal da localidade é por meio de estradas rurais e pela vicinal Barra-Mineiros. No domingo deve haver placas e indicações na vicinal para auxiliar as pessoas que quiserem comparecer à reinauguração da capela.

Imagem de Jesus Cristo, datada de 1906, passou por um ótimo trabalho de restauração

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Capela foi fundada em 1959, mas desde a década de 70 não mais recebeu missas nem batizados

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MEIO AMBIENTE Sozinho, Alemão prepara seu barco para mais uma viagem de recolhimento das garrafas

Trabalho nobre e solitário Por amor ao Tietê, aposentado recolhe sozinho centenas de garrafas no rio para depois vendê-las à reciclagem. O dinheiro obtido é revertido apenas para comprar combustível para continuar trabalho

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Alemão diz que já encheu um bag inteiro de garrafas em cerca de 10 metros de leito do rio

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m belíssimo exemplo de ação ecológica e de amor ao rio Tietê tem sido mostrado pelo aposentado Darcy Soffner, o Alemão, há cerca de seis meses. No auge de seus 67 anos de vida, o ex-motorista e pescador profissional prepara seu pequeno barco e percorre sozinho sete quilômetros pelas águas do Tietê para recolher garrafas pet e de vidro que se amontoam nas margens do rio. São bags e mais bags de material reciclável recolhido. Numa única viagem, Alemão volta com dois a quatro bags cheios de garrafas. Somente numa manhã ele conta que retira do rio cerca de 100 quilos de material poluente que se amontoa no Tietê em decorrência da poluição da capital paulista e dos demais municípios que o rio banha antes de chegar à represa de Barra Bonita. O ponto de partida de Alemão é o condomínio Doce Mar no Baixão de Serra, onde há 40 anos ele é proprietário de um rancho. Os vizinhos do aposentado no condomínio, no início, não acreditavam que ele sozinho pudesse manter-se firme e forte realizando este trabalho, mas agora se impressionam com a força de vontade em ajudar de Alemão em limpar o Tietê, o rio no qual desde pequeno o ex-pescador e ex-motorista se acostumou a pescar. “Quando eu falei que ia limpar o rio, ninguém acreditou. Agora que comecei, você acredita que pensam que estou passando necessidade? – brinca o aposentado. Hoje Alemão possui renda suficiente

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para não precisar trabalhar mais. Ele conta que o dinheiro da venda dos produtos recicláveis, a 70 centavos o quilo, é revertido à compra do próprio diesel de sua caminhonete e do motor de seu barco para a próxima viagem. O material reciclável é vendido na cidade de Dois Córregos, onde reside quando não está no Doce Mar. A quantidade de lixo que boia nas águas do rio assusta Alemão. Ele conta que já encheu um bag inteiro em apenas 10 metros de leito. “Você acredita que somente embaixo de uma

única árvore é possível encher um bag como esse?” – relata com preocupação. Com a aposentadoria, Alemão passou a ficar muito mais tempo em seu rancho, onde pode viver tranquilo, ouvindo o canto dos pássaros e próximo a sua grande paixão, o rio Tietê. Alemão ainda aproveita também suas viagens para praticar um pouco de pesca esportiva. “Precisamos fazer algo na vida, tanto para passar o tempo como para deixar algo de bom neste mundo”, diz ele, sempre sorridente.


Neste domingo, dia 16, os participantes da Associação de Pesca Esportiva do Médio Tietê realizarão uma ação de conscientização ambiental de coleta de resíduos sólidos (lixo) nas margens do rio Tietê. Essa ação não tem relação direta com o trabalho de Darcy Soffner, mas possui o mesmo objetivo. O trabalho começará por volta das 8h no Rancho Alegre, conhecido como Manfredo. Os organizadores pedem que os participantes convidem amigos e familiares. Após a coleta haverá um churrasco de espetinhos e venda de bebidas, cujo lucro será revertido para a APEMT. O evento também conta com música ao vivo com o sambista Edson Siqueira. “Participe, venha ser um associado também, e vamos juntos em busca de um Rio Tietê melhor para nossa e futura geração”, dizem os organizadores.

Divulgação Facebook

Pescadores se unem para limpar Tietê Evento realizado pelos mesmos organizadores há cinco anos

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Arquivo Prefeitura

ETE foi projetada para atender a uma população de 48 mil habitantes, projeção da população em 2030, e retirará aproximadamente 87 toneladas de carga orgânica por mês despejadas no rio Tietê

CIDADE

ETE começará a tratar esgoto da Barra somente em 2015 A obra que será entregue em julho de 2014 é apenas conclusão da primeira etapa do projeto. Prefeitura e SAAE desconheciam a necessidade de mais uma fase de trabalho – que deve durar mais um ano - para que estação possa realmente entrar em funcionamento Tom Oliveira

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egundo informações obtidas junto a um técnico do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), a Estação de Tratamento de Esgoto de Barra Bonita (ETE) só começará a efetivamente tratar o esgoto do município em meados de 2015, contrariando o que havia sido divulgado anteriormente pelo próprio órgão estatal, de que a ETE seria entregue em julho de 2014. De acordo com o técnico do DAEE, órgão que gerencia e fiscaliza a construção da ETE, em julho deste ano será entregue apenas a primeira etapa da implantação do sistema de tratamento na cidade. Esse primeiro estágio da obra compreende à edificação do conjunto de reatores e das demais obras da estação, bem como a construção das estações elevatórias e das redes de coletor-troncos e emissários que bombearão e direcionarão os efluentes até a ETE. Um exemplo de obra dessa primeira etapa foi a finalização da estação elevatória na Praça dos Namorados. O término da primeira etapa da implantação marcará apenas a entrada em operação da rede de coletores, porém os dejetos continuarão a ser despejados sem

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tratamento no Tietê até que a segunda etapa do projeto seja finalizada. Nesse segundo estágio, estão previstas, basicamente, a instalação dos equipamentos eletrônicos e mecânicos, dos sistemas de controle e das tubulações da ETE. No mês que vem será lançada a licitação para contratação da empresa que ficará responsável pela instalação dos equipamentos. A rápida abertura do processo licitatório será feita para que a obra não seja paralisada e que a data de término da primeira etapa coincida com o início da segunda. Como a grande maioria dos aparelhos e das tubulações precisará ser elaborada sob medida e encomendada aos fornecedores, essa etapa deve demorar de oito a doze meses para ser concluída. E é somente a partir daí que a ETE estará apta a cumprir o seu objetivo de tratar 100% o esgoto de Barra Bonita. Nesse segundo estágio, está prevista também a construção do emissário de esgoto do bairro Campos Salles, solicitação esta feita pelo prefeito Glauber Guilherme Belarmino ao DAEE por conta da instalação da fábrica de carrocerias para ônibus Caio Induscar no referido bairro. A informação de que a ETE seria entregue este ano sem efetivamente tratar o esgoto pegou o diretor do Sistema Autônomo

de Água e Esgoto (SAAE), João Celso Ferreira, e membros da administração pública municipal de surpresa. De acordo com o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Márcio Salvi, a obra está sendo executada, gerenciada e fiscalizada pelo próprio DAEE, um órgão do Estado, que se encarrega de entregar a obra pronta para o município, o que faz com que a prefeitura não tenha controle sobre sua construção. Salvi, inclusive, afirma que a administração não se pronunciaria sobre o assunto e que as informações sobre a obra teriam de ser obtidas somente junto ao órgão estatal. João Celso confirma que não há um acompanhamento da obra por parte do município. “Quem está executando é o Estado”, acentua. “Para nós, estava certo que a obra completa seria entregue em julho de 2014. Não imaginávamos que seria entregue somente a primeira etapa. Assumo isso. Para mim, quando se entrega uma obra, deve-se entregá-la funcionando. Ao menos, parcialmente”. O diretor revela também que somente o DAEE tem o cronograma da obra e que, apesar de ter havido debates junto a técnicos da estatal, não pôde opinar sobre o projeto. Apesar de ter se surpreendido com o fato, o diretor do SAAE comenta que ima-


Quanto custará o tratamento? Além da prorrogação mais uma vez da entrada em funcionamento de fato da ETE, a pergunta que não se cala é quanto o tratamento de esgoto custará ao município de Barra Bonita, ou mais especificamente ao SAAE, que deverá ser o gestor e operador do sistema de tratamento. Não há resposta para essa pergunta, já que o município ainda não tem os dados referentes sobre o custo do funcionamento da ETE nem de quantos funcionários serão necessários para operar a estrutura 24 horas, embora se tenha a certeza de que é preciso que sejam profissionais técnicos e pessoas especialmente treinadas para exercer as funções. Nossa reportagem ouviu do técnico do DAEE que o município terá que fazer um alto investimento na operação da estação, mas não disse exatamente quanto seria esse custo. Mesmo sem saber o custo exato da operação, é possível prever que haverá além da mão de obra, gastos com energia elétrica, produtos químicos, manutenção dos equipamentos e eventuais trocas dos aparelhos. “Nem o DAEE consegue nos dar uma resposta sobre qual será o custo de operação da estação”, acentua João Celso. O diretor comenta também que, de acordo com informações obtidas do órgão estatal, está previsto que a empresa vencedora da licitação para executar a segunda etapa da implantação da estação terá a obrigatoriedade de oferecer um treinamento aos funcionários que assumirão o comando da ETE. Porém, ainda não se sabe como será feita a contratação desses funcionários, e sem treinamento, a empresa não entregará a obra. Para custear esse aumento nos gastos, a saída encontrada pela autarquia deverá mesmo ser o repasse nas contas de água da população, embora não haja estimativa de quanto seria o valor de aumento para cada residência. O que se sabe é que hoje os con-

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ginava certo atraso na obra, já que percebia, durante as visitas que fez ao local, que as atuais condições da construção não propiciariam que a ETE já tratasse o esgoto imediatamente. João Celso comenta que o projeto atual da estação já não é o mesmo elaborado inicialmente, pois ele foi modificado para se adequar aos equipamentos mais modernos. Segundo o técnico do DAEE a estação barra-bonitense de tratamento de esgoto, quando estiver operando, será uma das mais modernas do país e garantirá um efluente de qualidade, o que fará com que Barra Bonita tenha grande benefício ambiental. Ela vai operar com um conjunto de reatores anaeróbios (sem oxigênio) e aeróbios (com oxigênio) e desinfecção final com luz ultravioleta. Tratando 100% dos esgotos domésticos da cidade, a ETE foi projetada para atender a uma população de 48 mil habitantes, projeção da população em 2030, e retirará aproximadamente 87 toneladas por mês de carga orgânica proveniente do esgoto que hoje é lançado in natura no rio Tietê.

“Para nós, a obra completa seria entregue em julho de 2014. Não imaginávamos que seria entregue somente a primeira etapa. Assumo isso. Para mim, quando se entrega uma obra, deve-se entregá-la funcionando”, diz João Celso

tribuintes pagam 40% do que consomem de água pelo serviço de coleta de esgoto. “Não sabemos se isso vai onerar o bolso dos cidadãos. Acredito que só saberemos quando a obra estiver praticamente finalizada e que possamos ter em mãos todas as informações para estudarmos o assunto. É muito difícil falar hoje em repasse aos consumidores ou em gasto mensal à autarquia que a ETE gerará”, argumenta o diretor. O que João Celso afirma como certeza é que a tabela de cobrança de água vai mudar. Ano passado tentou-se implantar uma nova tabela, baseada no fim da taxa mínima e na tentativa de implantação de um sistema de aumento da conta na proporção do consumo, porém o prefeito Guilherme Belarmino, após recebimento de várias críticas por parte da população, optou por cancelar a ideia. Mas, segundo o diretor, o projeto de implantação de uma nova tabela está em estudo e pode ocorrer ainda este ano. É provável que, se realmente houver uma nova alteração na taxa

de cobrança da água e esgoto na cidade, ela já esteja baseada nos custos de funcionamento da ETE. Outra questão que pode onerar ainda mais a autarquia será a entrada em vigor da regulamentação da Agência Nacional de Águas (ANA), em que as prefeituras, as concessionárias públicas e privadas e serviços de saneamento, como o SAAE, começarão a ser cobrados pela captação da água. A intenção é que esses órgãos paguem pela água desperdiçada no percurso entre a captação, reservatório e a residência dos consumidores. Segundo João Celso, a última informação que teve, é que esse projeto poderia ser implantado em janeiro de 2015. Importante ressaltar que, neste caso, a autarquia ficaria proibida de repassar esse gasto para os consumidores. “Precisamos aguardar o funcionamento efetivo da ETE e continuar o estudo para implantar a nova tabela de cobrança de água. Vamos tomar todas as atitudes de forma clara e aberta à população”, finaliza o diretor.

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FLAGRANTE

Água potável é utilizada para limpar calçadão Neto Bestana e João Celso acreditam que não houve consumo exagerado, mas concordam que foi um mau exemplo à população. “Será a última vez que isso acontecerá”, diz diretor do SAAE Tom Oliveira

J

ornal ET recebeu uma ligação de uma moradora indignada com a cena que viu: homens limpando o calçadão da orla turística de Barra Bonita com água potável, com máquinas de pressão e mangueiras plugadas aos bebedouros da Praça da Juventude. Nossa reportagem flagrou a cena descrita pela munícipe na manhã de sexta-feira, dia 14. De acordo com a Assessoria de Imprensa da prefeitura em nota enviada à imprensa no dia 12, os trabalhadores eram funcionários públicos a serviço do departamento de Obras Públicas. Ainda segundo a nota, foram utilizados equipamentos de alta pressão e detergentes especiais para a lavagem de todo o calçadão, medida que faria parte do projeto de revitalização da orla. O caso chamou a atenção da moradora, pois frequentemente há campanhas na cidade – e em todo o país – orientando a população para evitar o uso de água potável na limpeza de calçadas ou ruas. Em resumo, evitar o desperdício de água e incentivar o reuso da água. Vários municípios do país, inclusive, convivem atualmente com o risco de racionamento de água devido ao tempo seco e a pouca quantidade de chuva para esta época do ano. O jornal Folha de São Paulo noticiou no sábado passado, dia 15, que o racionamento já havia atingido 142 municípios em todo o país. Questionamos o diretor de Gestão Ambiental e Obras de Barra Bonita, Antônio Bestana Neto, sobre o caso. Ele respondeu que concorda com o posicionamento da moradora e que a administração pública tem a obrigação de começar a pensar no reuso da água, afinal serve de referência e exemplo para toda a população. Entretanto, Neto Bestana diz que o volume de água gasto no trabalho de limpeza da orla não tenha representado desperdício de grandes proporções. “Não vejo desperdício porque é um trabalho benéfico para a cidade e para a própria população que utiliza aquela área”, complementa o diretor. A limpeza não foi observada atentamente pela equipe do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), explicou João Celso Ferreira, diretor da autarquia. Ele explica que todos os prédios e repartições públicas de Barra Bonita pagam pelo consumo de água, mas revela que a água dos bebedouros da Praça da

Além do mau exemplo, água dos bebedouros não possui hidrômetro nem é cobrada da prefeitura

Juventude – e de outras praças – não é cobrada, nem possuem hidrômetros. “Deixamos os bebedouros no local exclusivamente para que a população possa se refrescar e ingerir enquanto estiver caminhando pela orla”, explica João Celso. “Não colocamos hidrômetro anteriormente porque até então o consumo era irrisório, apenas para o público frequentador”. O diretor do SAAE comenta que também concorda com a moradora que contatou Jornal ET, pois a própria autarquia frequentemente pede para que a população economize água. “Neste caso o problema nem é ter ou não hidrômetro, pagar ou não o consumo, mas o exemplo que o poder público deu à população. Assumo a falha por não ter fiscalizado. Se depender do SAAE, será a última vez que isso acontecerá”, afirma João Celso. Para João Celso e Neto Bestana, é preciso que a prefeitura encontre outras maneiras de realizar serviços de limpeza. Os dois compartilham da mesma opinião de que não se pode mais utilizar água potável para este tipo de trabalho. João Celso, aliás, revela que há uma bomba para abastecimento dos caminhões-pipa da autarquia instalada no rio Tietê e que poderia se pensar em abastecer reservatórios móveis com água não potável. Em casos seme-

lhantes ao relatado, seria necessário, primeiro, avaliar se a alternativa seria viável para a utilização das bombas de alta pressão e para os produtos químicos de limpeza necessários. Mesmo assim, João Celso diz que entrará em contato com Neto Bestana para estudarem uma maneira de evitar que esta situação se repita. Neto Bestana aponta também para o fato de que, hoje, nem o poder público nem os munícipes estão preparados para efetuarem o reuso da água. “Temos que nos atentar para isso”, concorda.

Racionamento Segundo o diretor do SAAE, Barra Bonita hoje não possui risco de racionamento porque a sua captação é feita por meio de poços diretamente no Aquífero Guarani. No entanto, o diretor pede para que a população continue economizando água e explica que os casos de falta de água que ocorreram recentemente têm relação com o aumento exponencial do consumo, mas que o clima ameno nas duas últimas semanas já fez com que os reservatórios voltassem a operar normalmente. “Se houver falta d’água, com certeza será motivada por problemas na rede”, explica.

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TURISMO E LAZER

Teleférico está interditado há 5 meses Cabo que sustenta cadeiras está com rupturas. Empresa que forneceu o cabo se nega a repará-lo. Prefeitura pretende licitar conserto e cobrar judicialmente fornecedora Tom Oliveira

Tom Oliveira

O

Teleférico de Barra Bonita, localizado na praça homônima, está interditado pela prefeitura há cinco meses, desde o final de agosto. O motivo da intervenção é que o cabo de aço que sustenta e move as cadeiras do aparelho está danificado e com rupturas em toda a sua extensão. A prefeitura, por meio do departamento de Obras, entendeu que o melhor seria interromper o funcionamento do atrativo turístico pela falta de segurança, evitando que ocorresse algum acidente – que neste caso poderia ser fatal e também prejudicar bastante a imagem da estância turística. Henrique Gonçalves Dias, diretor jurídico da prefeitura, explica que a administração pública notificou a empresa que há pouco mais de três anos venceu a licitação e instalou o cabo de aço no teleférico, mas a companhia se recusou a executar os reparos. De acordo com o diretor, a empresa contratada teria a obrigação de realizar a reparação e a manutenção do cabo, pois está dentro do prazo de garantia. O cabo foi trocado em novembro de 2010. Em agosto do ano passado, quando os problemas foram detectados, não havia sido completado nem três anos da instalação. Com a recusa, a prefeitura agora pretende contratar outra empresa ou profissional para avaliar o cabo e identificar todos os pontos que precisam de reparos. Fazendo isso, a administração abrirá uma licitação para contratar uma nova empresa para fazer os reparos – negados pela provedora do cabo. A nova contratada realizará o serviço que será pago pela prefeitura, mas o valor, segundo o diretor, será cobrado judicialmente da provedora do cabo. A demora de cinco meses desde a interdição, segundo Gonçalves Dias, é que a empresa demorou em responder à prefeitura que não executaria os reparos. Para aumentar o problema, ainda não há profissional ou empresa contratada para elaborar o estudo da situação, fazendo com que não haja previsão de o teleférico voltar a funcionar brevemente. “É algo desagradável, afinal a Barra é uma cidade turística, mas esta negativa da empresa licitada atrasou o processo”, avalia o diretor. O teleférico de Barra Bonita é operado por meio de uma concessão de uso e a renda é remetida a duas entidades da cidade. 10% da renda ficam para a municipalidade, 25% para o operador do teleférico e o restante é dividido igualmente entre o Lar São Vicente de Paulo e ao Lar de Amparo a Velhice e a Infância de Barra Bonita, conhecido como

Renda do teleférico é remetida aos dois asilos de Barra Bonita, em média R$ 2 mil mensais para cada

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Cabo apresenta rupturas em toda sua extensão e há até proteção com arames para evitar que rupturas aumentem

asilo Bombonato. O não funcionamento do atrativo turístico tradicional da cidade e a consequente falta de arrecadação e repasses afeta diretamente os asilos. De acordo com Mônica Baroni Rocha, administradora do Lar São Vicente de Paulo, o valor arrecadado com o Teleférico é de cerca de R$ 2 mil por mês. Em agosto, último mês recebido, o valor foi de R$ 2.184,00. Excluindo da conta os alimentos recebidos através de doações – maior parte - a administradora comenta que o valor recebido é praticamente o gasto por mês no

supermercado, geralmente com a compra de carnes. “Ainda não nos deram previsão de retorno, mas esperamos que seja o mais breve possível”, diz. O diretor de Planejamento Urbano e de Gestão Ambiental, o engenheiro agrônomo Antônio Bestana Neto, revela que está prevista uma reforma na Praça do Teleférico, que está em fase de elaboração de projeto. Antônio Marcos Gava Júnior, diretor de Cultura e Turismo, lamenta a falta de um dos principais atrativos turísticos da cidade e aponta que o cabo instalado deveria

ter durado bem mais sem gerar problemas. Além do teleférico, o diretor comenta que a falta de recursos aplicados ao Turismo nos últimos anos tem dificultado os trabalhos na Pasta, mas que a equipe está trabalhando para solucioná-los. “Estamos colhendo o que foi plantado”, finalizou. O cabo de aço atual foi instalado em novembro de 2010, sendo que o anterior permaneceu funcionando por cerca de 20 anos sem problemas. Exatamente por isso é que a prefeitura espera descobrir as causas da diminuição do tempo útil do cabo.

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CARTA AO LEITOR

Ausentes e calados

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filósofo Renato Janine Ribeiro diz no livro Política: para não ser idiota, escrito em parceria com o outro filósofo Mário Sérgio Cortela, que vê um cansaço ou uma perda de esperança dos cidadãos em relação à política partidária e governamental. Janine comenta que nota na sociedade brasileira um desânimo para a possibilidade em termos um Brasil honesto e correto e questiona se é possível de esse cansaço ser superado e fazer com que a política volte a ser (ou se torne) divertida, animada ou interessante. Um questionamento de natureza semelhante foi levantado pelo cidadão Álvaro Bethiol durante o primeiro uso da Tribuna Livre na história da Câmara de Barra Bonita. Bethiol conclamou os vereadores a se questionarem se o trabalho que desempenham e – principalmente a forma com que estão desempenhando – é interessante e eficiente o bastante para fazer que os cidadãos passem a acompanhar com mais afinco os trabalhos na Casa de Leis e, consequentemente, a própria administração pública municipal. É notório que a maioria da população brasileira não se interessa e muito menos acompanha o que acontece nos órgãos políticos de seus municípios. Para essa maioria, a política não passa de conversas maçantes, conchavos políticos de interesse pessoal, partidário e eleitoreiro, e de um ambiente repleto de corruptos e corruptores. Para esses, sua participação política não passa da obrigação de comparecer às urnas a cada dois anos para votar em qualquer candidato (ou anular o voto) antes de aproveitar o feriado das mais diferentes maneiras. A falta de interesse em assuntos políticos é cultural está longe de ser mudada no Brasil e em boa parte do mundo, até porque é muito mais cômodo para as pessoas pensarem apenas em âmbito particular. E mais confortável ainda para os políticos - de forma geral – a continuarem não estimulando a participação popular de forma efetiva e assim conseguem manter seu cargo no poder, sem serem questionados ou cobrados em suas ações. Vivemos em uma democracia, por isso nem deveria ser considerado um avanço democrático a implantação de um projeto como a Tribuna Livre, ainda mais com imposição de determinadas restrições para o uso. Os cidadãos já têm o direito de

se expressar e cobrar atitudes dos eleitos sem que seja necessário o uso de uma tribuna. A questão é que quase ninguém cobra, independentemente de ter ou não uma tribuna à disposição. Uma prova disso é que um ano após aprovação de seu uso, a Tribuna Livre da Câmara de Igaraçu do Tietê, até agora não recebeu ninguém disposto a se expressar sobre os problemas da cidade, como se esses não existissem. Entretanto ainda é necessário e primordial acreditarmos na democracia brasileira e numa possível conscientização dos cidadãos, pelo menos dos mais instruídos, de que a política norteia nossa vida em sociedade e de que é primordial a participação de todos. O que dá um resquício de esperança é ver movimentos e manifestações - de jovens, em sua maioria - que objetivam obter um benefício para determinado segmento da sociedade. E até temos visto, inclusive em nossa comunidade. Recentemente estudantes (universitários e de cursos técnicos) de Igaraçu organizaram protestos e passeatas exigindo o pagamento do reembolso escolar pela prefeitura. Até o momento não obtiveram êxito, mas deixaram claro ao prefeito Bucho e aos vereadores qual é a reivindicação deste segmento. Esta semana também alunos do Ensino para Jovens e Adultos (EJA) da Ricieri Moratelli deixaram claro ao prefeito Guilherme Belarmino e aos vereadores que não querem ser realocados da escola, e principalmente do bairro, de forma drástica. Apesar de ainda ser apenas uma hipótese, um abaixo-assinado com mais de 100 assinaturas serve de alerta à gestão municipal que é preciso pensar na causa deles antes de tomar qualquer tipo de decisão que interfira em suas rotinas sem sua consulta prévia. Quando cidadãos expõem suas necessidades, ideias e anseios, consequentemente exigem que os políticos e representantes do poder público deixem suas zonas de conforto e tomem decisões pautadas também nesses interesses, ou de uma coletividade ou de determinado segmento da sociedade. O filósofo Mário Sérgio Cortella, também o livro Política: para não ser idiota comenta que aprecia uma frase: “Os ausentes nunca têm razão”. Podemos acrescentar: “Os ausentes e os calados nunca têm ou terão razão”.

Dia 28 - FARMÁCIA ERVA DOCE Rua Prudente de Moraes, nº 603 Centro - Fone: 3641-2795 Dia 1 - DROGARIA S. VALENTIM - MULTIDROGAS Av. Dr. Caio Simões, nº 306 Vila São José - Fone: 3642-1233 FARMÁCIA N. S. APARECIDA Rua 14 de Dezembro, nº 572 Centro - Fone: 3641-0060 Dia 2 - SONHO NOSSO FARMA Rua Roberto Chiarato, nº 301 Sonho Nosso II - Fone: 3641-6581 DROGAMAIS Rua Prudente de Morais, nº 1313 Vila Nova - Fone: 3641-5995 Dia 3 - DROGARIA S. F. DE ASSIS II Av. XV de Novembro, nº 9 Centro - Fone 3641-2324 Dia 4 - DROGARIA CONFIANÇA Rua 9 de Julho, nº 527 Vila Corrêa - Fone: 3641-1295 DROGAFISIO - MULTIDROGAS Rua Marta Maria, nº 1777 Vila Narcisa - Fone: 3642-1483 Dia 5 - DROGARIA STO. ANTÔNIO Rua Prudente de Morais, nº 325 Jd. Vista Alegre - Fone: 3642-1322 Dia 6 - DROGA 10 Rua 9 de Julho, nº 250 Vila Nova - Fone 3641-4724 Dia 7 - DROGASOL Avenida Arthur Balsi, nº 300 A Cohab - Fone: 3642-3405

IGARAÇU DO TIETÊ - Das 8 às 18 h Dia 2 - DROGARIA CONFIANÇA Rua Profª. Célia Toledo Peraçoli, 19 Vila N.Sra.Aparecida - Fone: 3644-1338 Dia 4 - DROGARIA SÃO DOMINGOS Rua Pereira de Rezende, nº 680 Centro - Fone 3644-1277

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CARTA AO LEITOR

Troca de comando

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aceitação de Antônio José Alponinterino seja mais que excelente. Supõe-se que ti em assumir a presidência do a intenção é tornar essa possível gestão positiva Hospital e Maternidade São José numa pressão final que culminaria na renúncia interinamente por pouco menos de 60 dias deve do presidente afastado. Pelo que se observou trazer mudanças muito mais significativas à durante o anúncio do novo presidente, conseentidade do que se poderia imaginar de um curto lho deliberativo, diretoria executiva, diretoria mandato de presidente interino e temporário. clínica, médicos e parte dos funcionários do Além de sua vontade de administrar de forma hospital estão apoiando Alponti. Embora correta e honesta o hospital, Toninho Alponti – cientes de que a permanência do presidente como é conhecido – é uma figura apolítica e que interino seja curta, já há demonstração de não está diretamente ligado ou envolvido nesta desejo de que ele se mantenha efetivamente no guerra de grupos políticos que se instaurou em cargo, numa espécie de campanha favorável à Barra Bonita com o início do processo eleitoral sua continuidade no comando. Lembrando que, por outro lado, Joãozique respondem o prefeito Glauber Guilherme nho ainda é presidente do hospital e se torna Belarmino (PP) e a vice-prefeita Sônia Apareuma grande sombra por trás das ações do incida Gonçalves Belarmino (PRB). terino. O mandato do presidente afastado se Independentemente da avaliação de cada estende até o final do ano e ele pode, a qualquer um sobre a competência administrativa ou as momento, retornar às ações do ex-presidente suas atividades. Porém, do hospital, João Ferse realmente a gestão de nando de Jesus Pereira, “A função do hospital é Toninho for positiva e Joãozinho, é fato que a prestar serviços de boa receber apoio e recursos figura dele tem relação maciços, a pressão que política direta com o qualidade à comunidade, para a saída de grupo de Nenê, o que não importando quem quer haverá Joãozinho poderá ser gerou desavenças poque esteja no comando” grande o suficiente para, líticas e até mesmo de de fato, culminar em seu cunho pessoal com o afastamento definitivo. atual prefeito. A presenMesmo com muitas tentativas de desça de Joãozinho na presidência afetou o hospital vincular a entidade – que é uma associação - positivamente em alguns aspectos - mas negatiparticular que presta serviços ao setor público vamente enquanto partidário político na relação - de questões políticas, nunca houve muito êxito com a prefeitura, que é a principal mantenedora nesta questão. Nem quando o presidente jogava financeira da entidade. Apesar de condenarmos no mesmo time do prefeito deu certo. O que é essa relação pessoal que influi na entidade, é asinadmissível, mais uma vez, é que essa situação sim que tem ocorrido. Se com o repasse de verba de impasse entre poucos interfira no atendido município a gestão da entidade já é difícil, mento hospitalar e emergencial de quase 60 mil sem esse recurso, fica impossível administrá-la. pessoas (Barra e Igaraçu) diretamente e outras Embora nada justifique tomar decisões milhares indiretamente (cidades da região). que atrasem o andamento e o funcionamento da Como veículo jornalístico, nossa missão entidade que cuida do maior bem da população é informar nossos leitores sobre a situação que é a saúde, é compreensível que o prefeito administrativa (e também política) em que queira alguém de sua confiança na gerência do o hospital se encontra. Cabe também a todo único hospital e pronto-socorro da cidade. cidadão barra-bonitense e igaraçuense acomA saída de Joãozinho por problemas partipanhar de perto os acontecimentos e exigir que culares de saúde abriu uma grande oportunidade o bom atendimento hospitalar prevaleça acima para os agentes políticos ligados ao prefeito de tudo. Afinal, a função do hospital é prestar Belarmino tentarem provar que o presidente serviços de boa qualidade à comunidade, não afastado era quem dificultava o andamento do importando quem quer que esteja no comando hospital. Por isso, darão total apoio e farão de da entidade ou no poder público. tudo para que a administração do presidente

Dia 21 - FARMÁCIA DOS AMIGOS

Rua Savério Salve, nº 326 Resid. S. Domingos - Fone: 3641-9495 Dia 22 - MULTIFARMA Avenida Papa João Paulo II, nº 231 Cohab - Fone: 3641-0979 DROGAFISIO - MULTIDROGAS Rua Marta Maria, nº 1777 Vila Narcisa - Fone: 3642-1483 Dia 23 - DROGARIA SÃO MARCOS Av. Dr. Dionisio Dutra e Silva, nº 557 Cohab - Fone: 3641-4844 FARMÁCIA FÓRMULA Rua Sebastião Franco de Arruda, nº 661 Vila Operária - Fone: 3641-7844 Dia 24 - FARMA BARRA Av. Pedro Ometto, nº 1.478 Jd. Vista Alegre - Fone: 3642-1555 Dia 25 - FARMÁCIA STO. ANTÔNIO Av. Papa João Paulo II, nº 576 Sonho Nosso - Fone: 3641-6134 Dia 26 - DROGASOL Avenida Arthur Balsi, nº 300 A Cohab - Fone: 3642-3405 Dia 27 - DROGARIA SÃO PAULO Rua Três de Janeiro, nº 88 Vila São José - Fone: 3641-0876 Dia 28 - FARMÁCIA ERVA DOCE Rua Prudente de Moraes, nº 603 Centro - Fone: 3641-2795

IGARAÇU DO TIETÊ - Das 8 às 18 h Dia 23 - FARMÁCIA FÓRMULA

Rua Pereira de Rezende, 599-A Centro - Fone: 3644-1371

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Nº 1163 - 21 de fevereiro, 2014

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CARTA AO LEITOR

De volta à realidade

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s cinco shows que a Cidade Simpatia recebeu nos últimos dias agradaram a gregos e troianos e marcaram a história de Barra Bonita de forma bastante positiva e animada, até nos fazendo rememorar os áureos tempos da Fepatur. Mas, o aniversário de 131 anos do município (incluindo o Carnaval) ficou para trás e agora precisamos retornar ao nosso cotidiano, com nossos problemas, desafios e projetos, lembrando até mesmo o poema de Carlos Drummond de Andrade que diz: E agora, José? A festa acabou, A luz apagou, O povo sumiu, E agora, José? Nesta edição voltamos à novela que envolve o hospital da cidade, que leva o nome do padroeiro São José. A dúvida sobre o retorno ou não do presidente afastado ainda levanta polêmica e crava um enorme sinal de interrogação na entidade, já que essa indefinição pode interferir até mesmo nos repasses do poder público municipal. A cidade aguarda pelos novos capítulos que devem ocorrer nas próximas semanas, afinal, o novo contrato entre a prefeitura e o hospital, para que a entidade de saúde ofereça os serviços de urgência e emergência ainda precisa ser assinado rapidamente porque o prazo está se esgotando, embora o convênio já tenha sido aprovado pela Câmara. Fica a dúvida: que atitudes tomarão o presidente afastado, o conselho deliberativo da entidade e a atual administração? Ainda na área de Saúde noticiamos esta semana que Barra Bonita tem grandes chances de perder uma verba de R$ 500 mil, que viria por meio de uma emenda parlamentar anunciada no final da semana passada, e ao que parece, por falha de comunicação. Historicamente as instituições públicas no país interagem de forma confusa entre si, principalmente quando envolvem diferentes níveis de governo, mas chegar ao ponto de perder um montante desta natureza pode ocasionar grandes prejuízos à cidade. Apesar de os vereadores pedirem agilidade, até o fechamento desta edição não se viu

ações para tentar dialogar e encontrar maneiras de converter o meio milhão para uma verba útil. O resultado é que, mais uma vez, voltam à tona comentários que Barra Bonita está cansada de ver nos últimos anos: a de que todo esse impasse poderia ser fruto de intrigas políticas. Qualquer situação de confronto que surge nos dias atuais, logo se pensa na guerra política que, apesar de estar mais amena, ainda segue travando suas batalhas nos bastidores. Concomitantemente a esses dois imbróglios, notamos que a entrevista que o prefeito Guilherme Belarmino concedeu a este veículo na última edição se tornou um dos assuntos mais debatidos na cidade. E era mesmo de se esperar essa repercussão, afinal, poucas vezes um prefeito expôs todos os seus projetos de forma tão aberta. Surgiram comentários de cidadãos esperançosos com as ideias e propostas de Belarmino e outros que as definem como de um mero sonhador. Essas opiniões fazem parte da democracia e cabe a cada indivíduo analisar as informações, opinar e respeitar os posicionamentos divergentes. A verdadeira realidade é que a economia e a geração de emprego e renda de Barra Bonita estão estagnadas há um bom tempo. Dois dados publicados pelo Comércio do Jahu no dia do aniversário da cidade definem claramente onde a Cidade Simpatia chegou: o menor crescimento da região no valor arrecadado de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), apenas 8,4%, entre 2002 e 2012 e a única cidade a ter a sua população reduzida nos últimos 10 anos. Enquanto não há a certeza de que a vinda da Caio Induscar e as outras benfeitorias prometidas terão poder suficiente para reverter este quadro econômico desfavorável, como aposta a administração atual, Barra Bonita segue enfrentando os seus desafios do dia a dia em diversos setores e envolvida em disputas políticas e judiciais. Esta semana a Cidade Simpatia festejou seus 131 anos esperando trilhar caminhos muito melhores nos próximos anos. E agora, José? Você marcha, José! José, pra onde?

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IGARAÇU DO TIETÊ - Das 8 às 18 h Dia 23 - FARMÁCIA FÓRMULA

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Nº 1167 - 21 de março, 2014

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CARTA AO LEITOR

Esgotamento de esperas

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ais uma vez foi adiada e entrada em como comprar um automóvel e esperar pela funcionamento da Estação de Trafabricação de seu motor. Caso semelhante tamento de Esgoto de Barra Bonita ocorreu esta semana com o estádio paulista (ETE). O prazo previsto era de que a obra seria construído para a Copa do Mundo deste entregue pelo Departamento de Águas e Enerano, a Arena Corinthians, que foi entregue gia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) em pela empreiteira ao clube quase como uma julho deste ano, mas nossa reportagem confirencenação, já que as obras devem prosseguir mou junto a um técnico do órgão estatal o que e serem finalizadas a poucos dias da abertura os administradores e políticos do município do mundial de futebol. desconfiavam, mas desconheciam: que apenas As dúvidas quanto ao início de funcionauma primeira etapa do projeto de implantação mento da ETE na cidade são muito maiores. da ETE será entregue este ano, faltando ainda Ainda não se sabe se o município terá condia segunda etapa da obra que é a instalação de ções técnicas e financeiras de operar a estação todos os equipamentos e aparelhos eletrônicos e muito menos qual será o custo mensal do que irão comandar e executar o tratamento de tratamento. O técnico do DAEE ouvido por esgoto doméstico na estação do município. nossa reportagem afirmou que a operação da A ETE em Barra Bonita é um projeto estação 24 horas por dia e o salários dos funantigo, mas que socionários técnicos que freu readequações em “Que essa despesa será deverão ser contratadecorrência da burorepassada aos cidadãos na conta dos gerarão uma descracia e do avanço tecpesa considerável aos nológico do mecanis- de água é uma certeza, mas cofres públicos mumo de funcionamento ainda não se sabe qual será a nicipais. Mas como até chegar ao modelo forma e o critério de cobrança a autarquia municiatual, que promete ser pal poderá arcar com um dos mais moder- que o município vai adotar” mais um gasto se mal nos do país. O fato de consegue equilibrar a obra ser gerenciada diretamente pelo DAEE, suas contas com a arrecadação proveniente das órgão estadual, impede que haja uma divulgacontas de água e esgoto? Que essa despesa será ção clara e correta do que ocorre no canteiro de repassada aos cidadãos na conta de água é uma obras. Não há informação à população e, pelo certeza, mas ainda não se sabe qual será a forma que se observa, nem mesmo os administradoe o critério de cobrança que o município vai res públicos locais têm conhecimento efetivo adotar. Pode ser que haja alteração na tabela do andamento da obra ou do cronograma de de cobrança da água que há quatro décadas trabalho, bem como são impedidos de fazer está implantada na cidade, mas essa é uma qualquer tipo de intervenção no projeto do questão que os políticos e administradores governo estadual. Fica a questão: essa falta de locais terão de responder à população que comunicação entre o DAEE e o município é deverá ser preparada com antecedência para causada somente pelo bloqueio de informação mais esse pagamento. do órgão estatal ou por que os gestores locais Que a ETE trará um enorme benefício se acomodam e não fazem as devidas cobranças ambiental à cidade, ninguém duvida, mas por dados de interesse público sobre a execução espera-se que não ocorra com Barra Bonita o da obra? que aconteceria se um cidadão humilde que Pode ser que o governo estadual queira ganha um carro importado em um sorteio, mas ‘inaugurar’ a ETE em julho em decorrência depois não tem dinheiro para pagar as taxas, das eleições previstas para este ano. Mas como os impostos, colocar combustível ou trocar os falar em entrega de uma estação de tratamento pneus. O Estado arcará com grande parte da de esgoto que, para entrar em funcionamento obra, mas o município terá de bancar seu funcompleto, terá que se esperar mais um ano? É cionamento. Barra Bonita estará preparada?

Dia 18 - DROGAFISIO - MULTIDROGAS Rua Marta Maria, nº 1777 Vila Narcisa - Fone: 3642-1483 FARMÁCIA STO. ANTÔNIO Av. Papa João Paulo II, nº 576 Sonho Nosso - Fone: 3641-6134 Dia 19 - FARMA BARRA

Av. Pedro Ometto, nº 1.478 Jd. Vista Alegre - Fone: 3642-1555 MULTIFARMA Avenida Papa João Paulo II, nº 231 Cohab - Fone: 3641-0979 Dia 20 - DROGASOL Avenida Arthur Balsi, nº 300 A Cohab - Fone: 3642-3405 FARMÁCIA ERVA DOCE Rua Prudente de Moraes, nº 603 Centro - Fone: 3641-2795 Dia 21 - SONHO NOSSO FARMA Rua Roberto Chiarato, nº 301 Sonho Nosso II - Fone: 3641-6581 FARMÁCIA N. S. APARECIDA Rua 14 de Dezembro, nº 572 Centro - Fone: 3641-0060 Dia 22 - DROGARIA S. F. DE ASSIS II Av. XV de Novembro, nº 9 Centro - Fone 3641-2324 Dia 23 - DROGARIA SÃO MARCOS Av. Dr. Dionisio Dutra e Silva, nº 557 Cohab - Fone: 3641-4844 Dia 24 - DROGARIA SÃO PAULO Rua Três de Janeiro, nº 88 Vila São José - Fone: 3641-0876 Dia 25 - BIFARMA Rua 1º de Março, nº 397 Centro - Fone 3641-5811

IGARAÇU DO TIETÊ - Das 8 às 18 h Dia 20 - FARMÁCIA FÓRMULA

Rua Pereira de Rezende, 599-A Centro - Fone: 3644-1371 Dia 21 - DROGARIA CONFIANÇA Rua Profª. Célia Toledo Peraçoli, 19 Vila N.Sra.Aparecida - Fone: 3644-1338 ET-205

Nº 1171 - 18 de abril, 2014

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