onde esta o dinheiro?

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Mercado e planejamento A economia capitalista coloca os interesses individuais dos poderosos no centro. Tanto ideologicamente quanto na prática, é muito normal que a vantagem existente seja aproveitada em detrimento de outros. A sobrevivência do mais forte é confundida, freqüentemente, com a otimização dos resultados. A mão invisível é reverenciada como método de organização, mas ao mesmo tempo os jogadores econômicos mais fortes não têm pudores em excluir do jogo o mercado. A forma mais crua disso é o monopólio bancário da criação de dinheiro em torno do qual cresceu uma verdadeira estrutura de Estado. Um outro exemplo é a liberalização dos mercados exigida dos países mais pobres, enquanto os países mais ricos fazem dumping de seus produtos subsidiados no mercado. E até o papel do governo de prover ensino, infra-estrutura e defesa militar é, na verdade, um exemplo disso. Afinal, numa análise detalhada, uma boa parte destas ações beneficiam empresas que não pagaram por elas. Ambos, o planejamento e o mercado, têm vantagens. O mercado é uma estrutura econômica dinâmica. Porém, um mercado absoluto é catastrófico. Embora isto não seja dito abertamente, o capitalismo também reconhece as vantagens do planejamento numa economia. 4 O mecanismo de mercado de demanda e oferta oferece uma dinâmica eficiente para alocar produtos e fazer opções no processo produtivo a curto prazo; 4 Planejamento, ao contrário, é uma excelente forma de calcular os processos a longo prazo e de escapar de muitos dos dilemas de prisioneiros que formam a base da ineficiência da economia de mercado capitalista. Planejamento se coloca acima do interesse individual imediato. Corporações muito grandes, cartéis e empresas com um monopólio são, na verdade, uma mistura de economia de mercado e economia planejada. Em termos de complexidade, seu planejamento interno não é menor do que os planos qüinqüenais nos países comunistas. Este tipo de empresas têm um relacionamento muito paradoxal com os consumidores: por um lado, tentam manipular o consumidor e forçá-lo a se enquadrar no seu planejamento e, por outro, seus departamentos estão bastante conscientes da importância de cair nas boas graças do consumidor. Gerenciamento de estoques por meio de código de barras e perfis de clientes com base em cartões de cliente especial dirigem cada vez mais a produção e a logística. Nos caixas são colhidas muitas informações, que tornam-se prontamente disponíveis no coração da organização. Assim, numa mega-empresa como o BIG ou CARREFOUR, o planejamento se apoia cada vez mais nos consumidores e suas preferências.

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Que fazer e como fazer: estratégias e táticas


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