Correspondência Internacional nº30 - Traduzido para portugês(BR)

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Líbia

Kadafi com Chávez

Kadafi junto a Fidel Castro

Egito filiando os partidos de Mubarak e Bem Alí, não era segredo que eram regímenes ditatoriais com mais de duas décadas ao serviço do imperialismo e o sionismo. O absurdo oportunismo socialdemocrata não deveria surpreender a ninguém. Mas surpreendeu o silêncio dos governos de Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador frente as revoluções do Egito e a Tunísia. A jornalista Alma Allende, cujos relatos sobre a revolução tunisiana constituem testemunhos de muita importância, destaca em seus trabalhos a ingenuidade da esquerda tunisiana frente ao silencio do presidente venezuelano e seu posterior alinhamento com os ditadores. Efetivamente frente ao triunfo da revolução tunisiana e a consolidação da Praça Tahrir como bastião do povo revolucionário egípcio, a reação de Chávez foi comunicar-se telefonicamente com Muammar Kadafi da Líbia e Bashir Al Assad da Síria. A posição de Kadafi foi de apoio incondicional ao ditador tunisiano Bem Alí, a quem ofereceu refugio quando foi deposto, e condenou o movimento popular egípcio. Quando cresceu a repressão contra os manifestantes na Praça Tahrir, no início do mês de fevereiro, Chávez chamou a resolver o conflito “no marco das leis” egípcias, brindando apoio à institucionalidade ditatorial de Mubarak. Na segunda semana de fevereiro já tinha sido derrubada a ditadura egípcia, num processo no qual se destacou uma onda de greves e ocupações de fábricas por parte dos trabalhadores. 10

O debilitado governo interino tunisiano que sucedeu a Bem Alí mudava de ministros e repetia consignas a favor do retorno à ordem, entretanto as ruas continuavam nas mãos dos comitês revolucionários. Explodiam Iêmen, Argélia, Líbia, Jordânia, Marrocos, Bahrein e Síria. Não houve nem uma palavra de solidariedade para os povos árabes mobilizados e suas reivindicações democráticas por parte do reformismo latino-americano. Frente à guerra civil da Líbia, Chávez e Fidel optaram por colocarse abertamente contra a revolução árabe. O prestigio de Chávez frente às massas árabes adquirido pela ruptura de relações com Israel, no marco da invasão a Gaza, foi colocado ao serviço da contrarrevolução. Kadafi e Chávez Há vários anos Chávez é um aliado de Kadafi. Em 2009 o condecorou e lhe deu de presente uma réplica da espada do Libertador, comparando o ditador líbio com Bolívar. Chávez teve a distinção de doutor honoris causa em Trípoli e aproveitou a ocasião para derreter-se em elogios ao reformista do “Livro Verde”, admitindo que se trata de uma fonte de inspiração para suas próprias formulações. A aliança não é estranha para Chávez, quem conta entre seus aliados mais próximos os estalinistas burgueses chinos, a Lukashenko de Bielorrusia, a ditadura teocrática do Irã e a um Daniel Ortega que governa junto com os chefes da Contra

nicaraguense. Recentemente pactuou uma aliança com o ultradireitista presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a quem considera “seu novo melhor amigo”. A revolta popular na Líbia foi reprimida de forma tão selvagem que provocou um conflito armado, a divisão das forças armadas e a deserção de vários ministros e diplomatas. Os governos de Cuba e Venezuela assumiram uma defesa diplomática frenética pelas barbaridades cometidas pela ditadura da Líbia (Chávez afirmou que não havia provas para responsabilizar Kadafi pelos massacres), ao mesmo tempo em que o ditador invocava o apoio imperialista, alegando que estava se enfrentando a jovens drogados e armados por Al Qaeda. Entretanto a tentativa de esmagar a revolta com métodos de guerra civil fracassava e as forças rebeldes avançavam ocupando a maioria das cidades da Líbia, o ditador lamentava ter sido abandonado pelos governos dos Estados Unidos e de Europa e lembrando-lhes o papel cumprido pela Líbia como cadeia de imigrantes africanos, ameaçando abrir seus portões e “inundar” a Europa com imigrantes ilegais. Chávez propunha uma mediação “de paz”, para ser encabeçada pelo Jimmy Carter. É importante contrapor estes chamados à intervenção imperialista por parte de Chávez e Kadafi, quando a situação se tornava mais desesperada para o déspota líbio, com suas atuais posses imperialistas.


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