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Histórias que inspiram
from Blend Arrepius #3
by therumy
Olá, meu nome é Isolete, para muitos Isa. Fui convidada pela Nati a falar um pouco sobre minha vida. Num primeiro momento achei uma exposição, mas ao mesmo tempo, é uma maneira de olharmos para a nossa história.
Tenho 46 anos, mãe de dois filhos, André, 17 anos, nasceu em Porto Alegre e Rafaela aqui em Três Coroas há 14 anos. O desejo de ter e manter uma família com pai, mãe e filhos (e olha que não precisaria ser aquela de comercial de margarina da tv) não foi suficiente. Após 19 anos e ver que meus filhos estavam sofrendo me separei e voltei a Três Coroas. Fui morar com minha mãe para podermos nos ajudar uma a outra. Mas o que não estava nos planos era ter convivido tão pouco juntas, somente 1 ano, nós a perdemos. Com ela se foi a companhia de todos os dias, a ajuda financeira e com minha filha também, que nasceu com diagnóstico de microcefalia.
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E isso não tem como esquecer: Rafaela nasceu no dia mais quente de 2006, 06 de janeiro, 42° de temperatura, depois de uma gestação normal, nenhum contratempo, desconforto, nada que sinalizasse que algo estava errado. Então foi uma surpresa quando recebi a notícia, tão somente na alta hospitalar, quando a equipe médica tomou coragem de me dizer, de uma maneira pouco cuidadosa, que minha filha frequentaria a Apae e usaria cadeira de rodas. Bom o que dizer, o chão se abriu. Fomos para casa sem nem saber por onde começar. Mas iniciamos indo por todas as equipes médicas, os tratamentos, os hospitais na época, tínhamos condições para isso. Com o passar dos anos, algumas cirurgias de quadril e colocação de um Botton para alimentação, hoje estamos com alguns atendimentos na Apae sim e a Rafa usa cadeira de rodas. Os doutores tinham razão, mas naquela época, naquele dia, não era o momento. Rafaela possui um atraso motor importante, mas sempre falo que ela é uma "fifi", entende tudo, enxerga 110%, mas não senta, não caminha e não fala (brinco que é porque eu falo demais, não dou tempo para ela falar).
Mas é uma menina extremamente feliz, adora estar com todos no barulho, no agito. Ama o irmão e tem "altos papos"com ele, “em russo”, pois não entendemos nada, mas fala. Já André é mais introspectivo, não gosta de aparecer muito, excelente aluno e muitos planos para a vida profissional. É um ótimo filho, carinhoso, compreensivo e muito carinhoso com a irmã. Hoje estamos nós três, graças a Deus, com saúde, com amor e uma paz muito grande. Não é a família daquele comercial de margarina, mas é a nossa.
O que quero dizer com minha experiência é que não precisamos de muito para viver, precisamos ter pessoas queridas que nos amam verdadeiramente. Deus levou minha mãe, pra nós muito cedo, mas trouxe para perto muitas "mães" que me ajudam de todas as formas e sou eternamente grata a todas. Sempre digo que o mundo é redondo e tudo o que falamos, pensamos e desejamos volta para nós como um bumerangue, tanto para o bom, quanto para o ruim. Ser mãe com certeza não é fácil. Mas o que é nessa vida?

As coisas são desafiadoras, a educação não é mais a mesma, parece que tudo tomou uma dimensão maior. Criar nossos filhos em meio as luzes da tecnologia é difícil sim, muitas vezes nossas ideias e desejos perdem para a internet.
Mas não vamos desanimar! Ainda existe o antigo, ele está lá, as brincadeiras do nosso passado, os passeios, as idas a casa da vó/vô, tudo continua ali, basta fazermos as escolhas, mostrarmos o nosso velho ser novo para nossos filhos, conviver juntos, fazer juntos, estarmos de fato juntos. Isso seria "a familia ideal", o eterno Dia das Mães ideal, que presente nenhum irá preencher mais o coração de nós mães. Ser mãe já é um presente divino e Deus sabe da capacidade de cada uma. Nós somos camaleoas, somos transformadoras e nada vai mudar o amor incondicional que sentimos por ser somente Mãe.
Doe o seu amor verdadeiro ele vai voltar!
Beijo grande!