4 minute read

SAÚDE E DESLOCAMENTO C

om mais da metade da população vivendo nas cidades, o mundo tem se tornado cada vez mais urbano, o que marca alterações no eixo evolutivo, na construção e na organização socioespacial das cidades No Brasil a proporção da população que vive em zonas urbanas que era de 31,3% em 1940, passou para 81,2% em 2000. (CAIAFFA, W. T. et al , 2008), e os números seguem aumentando, sendo cerca de 85% em zonas urbanas, segundo o ores apresentam consequências sociais positivas e negativas, como a otimização de recursos e a presença de hospitais especializados

Advertisement

O que implica na necessidade de deslocamento dos indivíduos de áreas mais afastadas como as rurais, e também metropolitanas, além da necessidade de ir para outras regiões ou estados para ter acesso a tratamentos especializados, pois a maior parte da população trabalhadora, e em vulnerabilidade ainda vive afastadas dos polos industriais e de serviços (RIBEIRO; VARGAS, 2015), apesar do aumento das zonas urbanas no território brasileiro

Essa deficiência no sistema de saúde implica na criação como o Projeto de Lei 2898/20 prevendo que para atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com necessidade de deslocamento fora do domicílio, sejam consultas, exames ou tratamentos, o município deverá fornecer ajuda de custo e estada para paciente e acompanhante. Entretanto, desde 2020 o texto segue em análise pela Câmara de Deputados

Com a globalização mundial houve o aumento da população elevando também a exclusão social, cultural, econômica, e política, assim como a demanda de serviços sociais (IAMAMOTO, 2012, p 17) Um grande desafio da assistência social, nesse sentido, é decifrar a realidade para atender as necessidades e propostas a serem desenvolvidas

Com essa mudança demográfica contemporânea surgem mudanças e impactos nas dinâmicas socioespaciais. Segundo Caiaffa et al. (2008), o metabolismo complexo apresen implicam não só na agudizaç sociais, mas também na implicações reveladas nesse vulnerabilidade, seja de indivíd físicas e sociais

A concentração da população urbanos implica na oferta de m e serviços também estarem co áreas. De acordo com Ribeiro agregação de pessoas que ocorr

Para a inclusão e alcance da população que não vive nos grandes centros, com a necessidade de suprir as demandas principalmente relacionadas à saúde e tratamentos especializados, surge a necessidade de que políticas e sistemas de assistência social sejam implantados. Segundo o IBGE (2020) a média de deslocamentos dos municípios para tratamentos de baixa e média complexidade é de 72km, já para alta complexidade os números duplicam, e a média de deslocamento no país é de 155km.

Segundo Melo e Sampaio (2013), em atendimentos de alta complexidade como no tratamento do câncer, devido aos desgastes físico e mental causados por procedimentos dolorosos e agressivos, é comum a impossibilidade de viajar grandes distâncias após o tratamento, o que gera a necessidade de hospedagem temporária. Contudo, muitos enfermos chegam a abandonar o tratamento por não terem como arcar com tais custos na medida em que não dispõem de instituições de tratamento próximas de seu domicílio.

"Sempre existe um campo para a ação dos sujeitos, para a proposição de alternativas criadoras, inventivas, resultantes da apropriação das possibilidades e contradições presentes na própria dinâmica da vida social Essa compreensão é muito importante para se evitar uma atitude fatalista do processo histórico." (IAMAMOTO, 2012, p 20)

As políticas de assistência social são as que mais sofrem para se materializar dentro da política pública, devido a algumas características históricas, como a abrangência, tendo em vista que apenas cerca 15% e 25% da população, que deveria ter acesso aos direitos, são alcançadas por esses serviços e programas. (BEHRING, BOSCHETTI,

2017, p 223)

No Brasil está presente o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que tem o objetivo de dar apoio aos indivíduos e a comunidade no enfrentamento de dificuldades sociais, alcançando-os com serviços, benefícios, programas e projetos. Porém esta assistência age dentro de esferas limitadoras, não abrangendo diversas situações de vulnerabilidade que atingem os beneficiados.

A proteção social prevista na Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS NOB/RH se aplica em duas variáveis, sendo elas a proteção social básica, e a proteção social especial Dentro do âmbito da proteção social especial existem duas ramificações, sendo de média ou alta complexidade Se encaixando na alta complexidade assistências, estão: casa-lar, casa de passagem, abrigo institucional, família acolhedora, repúblicas e instituições de longa permanência. A norma apresenta a equipe de referência para cada instituição, assim como o órgão gestor em cada situação.

Acolhimento D

e acordo com o Dicionário Priberam (2008), o termo Acolhimento se refere ao modo como se recebe alguém, um local seguro que oferece proteção e refúgio, e a hospitalidade e hospedagem

"O acolhimento como um efeito de ‘sentir-se acolhido’ também provoca os mais variados sentimentos: alegria, confiança, tristeza, cansaço, impotência. Nesse fluxo de afetos, o acolhimento, portanto, é uma conquista, na árdua tarefa de construção do comum nos serviços de saúde e nos encontros" (ROMANINI et al., 2017, p. 05)

De acordo com Matumoto (1998) o acolhimento no âmbito da saúde é um processo que não se restringe ao espaço físico, mas sobretudo no que se refere à valorização do humano, com uma postura de solidariedade e respeito, onde até mesmo o acesso se torna uma abordagem do acolhimento. Trazendo relações de aproximação das pessoas, de forma a trazer o outro para dentro de si mesmo

“Acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde.” (Ministério da Saúde, 2015, p. 01)

Acolher traz a noção de responsabilizar-se, criando vínculos, no âmbito da saúde. Assim, a ausência destes vínculos demonstra formas de desrespeito à saúde, mesmo que de forma velada Outra abordagem do acolhimento diz respeito a humanização do atendimento, no âmbito da saúde, alcançando paciente e acompanhante, de forma discreta, solidária, atenciosa, afável e com cortesia, agindo como um dispositivo de mudança. (MATUMOTO, 1998) um deles a valorização e atenção ao acompanhante, ressaltando a importância do envolvimento deste nas situações de tratamento e apoio pessoal, apontando grande importância nas práticas, principalmente no que se refere a saúde mental dos envolvidos.

Acolher também se aplica a facilitação de acesso ao que se apresenta essencial para o bem estar, no sentido de alimentação, higiene, descanso, lazer, não se tratando apenas de hospedar ou abrigar. Por isso a observação e o reconhecimento das demandas se tornam tão necessários no processo particular de acolhimento, e não seguindo uma padronização de estruturas de cuidado.

O acolhimento é um complemento do atendimento hospitalar, e deve identificar as necessidades que se expressam de formas variadas, sempre prezando por melhorar e agregar nos processos de atendimento, recuperação e bemestar.

Matumoto (1998) ainda destaca que diversos cuidados são valiosos para o acolhimento, sendo

CASA-LAR CASA DE PASSAGEM

This article is from: