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Campos sem aeroporto à altura Concessionária prometeu investimento de R$ 28 milhões entre 2019 e 2024

Edson Cordeiro / Ocinei Trindade

O inusitado caso do furto de cabos de energia na pista do Aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos, no último final de semana, impedindo sua utilização por artistas em trânsito pela região, chamou a atenção para uma questão antiga: a necessidade de reestruturação e modernização do local. O incidente deixou por um tempo a pista às escuras, não permitindo que o DJ Pedro Sampaio usasse o aeroporto em sua logística em direção ao interior de Minas Gerais, onde realizou apresentação. Já o DJ Alok, que também não utilizou o aeroporto como estava programado, alegou como causa o “mau tempo”. Passageiros e setores da sociedade, como a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), pedem melhorias e avanços nas obras prometidas no primeiro contrato de concessão do aeroporto a uma empresa privada, quase quatro anos após o início da nova gestão.

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Municipalizado em 2013, o Bartolomeu Lisandro seguiu sendo administrado provisoriamente pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), estatal do Governo Federal que já havia realizado algumas melhorias. Ainda assim, a unidade permaneceu carente de investimentos estruturantes, o que até os dias atuais resulta em reclamações.

A Infraero deixou em definitivo o Bartolomeu Lisandro no segundo semestre de 2017, quando, após rápida gestão compartilhada de poucos meses, chamada de “operação assistida”, a administração foi assumida temporariamente pela Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca), iniciando o processo para passar a administração a uma empresa privada. Por cerca de um ano e meio o aeroporto seguiu sendo gerido pela Codemca, com a licitação para concessão do aeroporto a uma empresa privada sendo lançada em dezembro de 2018.

A concessão por 30 anos saiu em janeiro de 2019 para a empresa Infra Construtora e Serviços Ltda. (INFRA), que venceu três concorrentes. Ela assumiu a administração pouco depois e, com a gestão privada, a expectativa era de investimentos totais de R$ 98 milhões no período de concessão, sendo R$ 28 milhões nos primeiros cinco anos, conforme o contrato. De início, a promessa era de adequação e modernização da unidade, com a construção de um novo Terminal de Passageiros (TPS), com 1.200 m², que beneficiaria, especialmente, o setor offshore, com o transporte para as plataformas de petróleo. O espaço também ganharia um novo pátio para aeronaves com 20 mil m².

O novo TPS saiu a partir de uma adaptação do antigo Terminal de Cargas Alfandegadas, que estava abandonado, a cerca de 50 metros aos fundos do antigo prédio de embarque e desembarque construído há mais de 50 anos. O local tem suprido as necessidades, mas há carências como problemas com o intenso calor e também a falta de lanchonetes e ao menos um restaurante. O espaço está sendo reformado, com expectativa de ser entregue nas próximas semanas, mas, não há informação de como será sua utilização. Hoje, quem quiser se alimentar ou simplesmente comprar um refrigerante enquanto aguarda o embarque, é obrigado a deixar a área do

Reestruturação | Usuários do Bartolomeu Lisandro pedem avanço nas obras previstas por empresa privada aeroporto e procurar um bar no bairro ao lado. Já sobre o novo pátio para 25 aeronaves, com 20 mil m², a INFRA não passou informações. Bem como não detalha os investimentos até agora.

CDL cobra melhorias e mais voos

A CDL encabeça movimento por melhorias e maior estrutura, tanto nas instalações do Bartolomeu Lisandro, quanto na oferta de vôos para mais regiões, além dos que já existem diariamente para o Rio de Janeiro, Campinas-SP e Vitória-ES. Ele garante que tem informações das próprias companhias aéreas sobre demandas para garantir um aeroporto pujante e movimentado, com geração de mais emprego e renda para o município.

“O Porto do Açu garante um bom movimento, com cerca de 90% dos passageiros, além de outros setores, com os outros 10%. E agora tivemos a notícia de que o Aeroporto do Galeão, que estava sendo subutilizado e quase sem movimento, vai ser revitalizado, recebendo muitos dos vôos que tem ido para o Santos Dumont, que não comporta aviões maiores”, destaca, lembrando que as empresas aéreas defendem o aeroporto funcionando 24 horas, para pernoite de suas aeronaves.

Segundo Edvar, com os vôos partindo de Campos para o Galeão, com pista maior, poderão ser utilizados os aviões ATR, de 70 passageiros, substituindo os pequenos Cesna, de nove passageiros. “Em vez de três voos diários, poderemos ter apenas dois, um logo de manhã e outro no início da noite, como já tivemos durante muito tempo”, explica, lembrando que a partir de outubro, haverá um segundo vôo diário para Campinas, após a suspensão dos vôos domésticos no Aeroporto de Macaé por 10 meses.

Sobre o plano de investimentos da INFRA para o Bartolomeu Lisandro, Edvar pede transparência. “Precisamos ter informações para acompanharmos as melhorias que vão contribuir para o desenvolvimento de Campos. A empresa deve cumprir o contrato, ou que ele seja encerrado”, concluiu.

Posicionamento Infra e Codemca

A reportagem procurou a Infra e a Codemca para posicionamento. Em nota, a Infra disse que “segue o Contrato de Concessão e em cumprimento das rotinas operacionais e de manutenção padrões previstas”. Diz que “os investimentos estão em curso, passando por adequações às normas e melhorias de infraestrutura, tais como revitalização do pavimento da pista de pousos e decolagens, reforma do Terminal de Passageiros da Aviação Regular e Geral e construção do Terminal de Passageiros Offshore”. Diz ainda que “a expectativa e trabalho são sempre de viabilizar a melhor condição de infraestrutura aeroportuária para atender com qualidade e ampliar o fluxo de voos e passageiros da aviação regular, geral e offshore”. Mas não respondeu sobre o número de passageiros em circulação por mês, os impactos na unidade com a reforma no Aeroporto de Macaé ou sobre atendimento às pautas da CDL e sobre o novo pátio para aeronaves.

Já a Codemca afirmou que não há discussão envolvendo a suspensão da concessão e que depois de dois anos de pandemia, a economia está se adaptando à nova realidade. Diz ainda que fiscaliza o cumprimento das regras do contrato e constatou que no primeiro ano a empresa entregou um Terminal de Passageiros Offshore novo, que “hoje atende aos clientes da aviação comercial, executiva e offshore”. A nota destaca que “o antigo terminal está sendo reformado, mas as operações são bem atendidas pelo Terminal Offshore e diversas melhorias da infraestrutura operacional, na pista de pousos e decolagens, pátio de aeronaves e hangares foram também realizadas”. E conclui afirmando que “o aeroporto atualmente atende com voos comerciais para Vitória, Rio de Janeiro e Campinas”.

Vizinho e concorrente, aeroporto de Macaé conta com R$220 milhões para ampliação e reformas A construção da nova pista do Aeroporto Joaquim de Azevedo Mancebo consolida o atual ciclo de desenvolvimento de Macaé ao representar um dos principais empreendimentos que compõem os cerca de R$ 25 bilhões de investimentos já em fase de execução no município. Com voos comerciais suspensos já há algumas semanas, a administração do Aeroporto de Macaé espera fazer a retomada em 10 meses, e não em um prazo bem maior. A novidade foi anunciada na manhã da última quarta-feira (14), pela concessionária do aeroporto, a Zurich Airport Brasil, responsável pela gestão e modernização da base aérea macaense, que recebe atualmente R$ 220 milhões em investimentos.

Passageiros têm críticas e elogios ao funcionamento do aeroporto

Diovana Terra, relações públicas, é moradora de Indaiatuba (SP). Voa pelo menos duas vezes por ano de Campinas para Campos, com o filho Tom, 4 anos. Em relação aos aeroportos das duas cidades, ela diz ser até difícil fazer comparações.

“O Bartolomeu Lisandro tem um tamanho bem reduzido, diferentemente de Viracopos, que é gigante e internacional. O de Campos atende minimamente, mas faltam melhorias. Aqui não tem uma cafeteria ou lanchonete. O ar-condicionado é muito ruim. O terminal é pequeno e o calor constante, mesmo em dias de temperatura amena como hoje”.

A engenheira de manutenção Bárbara Coelho utiliza o aeroporto de Campos cerca de quatro vezes ao ano, com destino a plataformas de petróleo, voando de helicóptero. “Esses voos costumam sofrer muitos atrasos e imprevistos. A gente que precisa esperar muito tempo, o aeroporto tem que oferecer o mínimo de infra-estrutura. A temperatura dentro do terminal é quente e não tem lugar para comer”, critica.

A assistente social Raquel Gonçalves embarcou pela primeira vez no aeroporto de Campos rumo a Campinas. “Eu achei organizado e um bom espaço. Fui bem atendida, mas o calor é grande aqui dentro”.

O contador Charleston Maciel é raro usar o aeroporto de Campos. “Vou para Campinas a trabalho. Eu daria uma nota 8 para o prédio atual, pois o antigo era bem ruim. Precisa melhorar temperatura, internet e oferta de água aos passageiros”.

O encarregado de obras Roberto Ferreira se divide entre Itaperuna e Florianópolis (SC). Voou para Campinas em escala até chegar a Campos e seguir para o Noroeste Fluminense. “Eu tenho tido problemas com a companhia aérea. Cancelaram um voo do Rio para Campos e me mandaram de carro para cá. O aeroporto aqui não tem conforto nenhum. Estou há quatro horas esperando aqui para voltar. Muito transtorno”, conta.

Luiz Henrique Cordeiro mora em São Fidélis e trabalha como saloneiro em plataformas de petróleo. Costuma embarcar em Macaé, Farol de São Thomé, e em Jacarepaguá, no Rio. “Esta é a minha primeira vez aqui em Campos. Considerei satisfatórios os serviços”, avalia.

A concessionária se articulou para liberar a pista antiga em 10 meses, enquanto a nova é construída e deve ficar totalmente pronta em 2025. As obras já começaram no dia 1° deste mês. A administradora suíça, gestora do Aeroporto de Macaé desde 2019, decidiu ampliar o investimento na construção, permitindo a liberação da pista já existente, para operar voos em tempo recorde. Já a nova pista, quando pronta, terá mais de 1.400 metros de comprimento e capacidade de receber pousos de aviões de grande porte.

O Aeroporto de Macaé responde hoje por 55% das operações offshore do país, principalmente nas Bacias de Campos e de Santos. Esse percentual representa um aumento de 120% desde que a Zurich Airport Brasil assumiu o aeroporto. Durante a obra, a movimentação de helicópteros será feita na parte da pista que não estará ocupada com o novo empreendimento.

Com beleza e natureza, terreno no Alphaville vira atração turística com o trabalho de morador

Um morador do Alphaville decidiu sozinho cuidar de um terreno do bairro, transformando-o em uma espécie de horto, tudo no maior bom gosto paisagístico. O espaço ganhou beleza e sombra no melhor sentido da palavra. O morador faz tudo isso com dinheiro do seu bolso. Muito na dele, se identifica como Marquinho Viagem da Paz. Que isso possa inspirar pessoas de outros bairros. O trabalho dele está se transformando em um ponto de observação turística. Fica rua rua Hélio Vasconcelos de Alvarenga.

Na camisa, o “Caldo de Cana” se transforma em refrigerante da Planície

E por falar nestas motivações turísticas, tem gente circulando em Campos com camisa tipo “Caldo de Cana”, com a tipologia da marca da Coca-Cola. Pode ser até em homenagem a Patrícia Cordeiro que sempre definiu o caldo-de-cana como uma espécie de refrigerante de Campos, fazendo par com um bom pastel. Muito bacana isso.

Em Campos, carro de aplicativo vira loja de conveniência

Mil coisas, mil negócios na cabeça dos empreendedores. Não é uma grande novidade, mas, em Campos, um motorista de aplicativo está conseguindo levar mais uns trocados para a casa, transformando seu carro em uma lojinha de conveniência. Tem de tudo um pouco, para o passageiro comprar. Na semana passada, um copo do Flamengo superou todas as vendas. Fica a dica.

Vácuos preocupam e podem mudar a dinâmica do centro

Conforme a coluna publicou, a agência do banco Santander da rua 13 de Maio vai parar de operar, com os clientes migrando para a agência do Calçadão. Já passou da hora de se pensar nos vácuos do Centro de Campos e a saída, indiscutivelmente, está no segmento imobiliário de moradias. Pelo menos um empresário deste segmento está pensando nisso e novidades serão devidamente percebidas ainda esse ano.

Opini O

Um aeroporto no radar das críticas

Pelinca fica devendo uma homenagem a Zazá, pioneira do seu comércio

Campos se despediu na semana passada da senhora Zelita Pereira dos Santos, que foi a pioneira do comércio na avenida Pelinca com a sua “Boutique Zazá”. Ela tinha pensamentos elegantes da cabeça aos pés, e ninguém, há meio século, imaginava que a avenida Pelinca se transformaria em um corredor comercial. A loja era única em um lugar que passou a ser único, com algumas restrições impostas pelo tempo. Deixa saudades e pegadas para os futuros empreendedores.

Cambuci, terra de Daniela Carneiro, do Vaguinho, e de Lena Pereira, do Palmeiras

Daniela Carneiro, que está se despedindo do posto de ministra do Turismo, é bem festejada na cidade de Cambuci onde nasceu. Outra mulher poderosa que tem certidão de nascimento registrada em cartório de Cambuci é Lena Pereira, presidente do Palmeiras que está entre as cinco mulheres mais ricas do país. Daniela, a deputada federal vai votada do estado do Rio volta para a Câmara. É Cambuci no mapa.

Gigante da construção civil vai abrir mais postos de trabalho no Açu

O Porto do Açu vai se transformando, como era esperado, em um grande canteiro de empregos e deverá gerar muito mais nos próximos dois anos. No momento, somente a título de exemplo, a Andrade Gutierrez está gerando um punhado deles. A gigante da construção civil vai contratar ainda mais trabalhadores neste segundo semestre.

Pós-graduação em Desenvolvimento Regional bombando na UFF de Campos

O processo seletivo para o mestrado do Programa em Pós-graduação em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas, da UFF Campos, está acontecendo com sucesso. Os candidatos e candidatas de diversas áreas vindos de toda a região fizeram, nesta quinta e sexta, as provas teórica de língua estrangeira. Os aprovados irão para a fase da análise de currículo, projeto de pesquisa e entrevista. Em breve, uma nova turma de pessoal muito qualificado estará se preparando para agir em prol do desenvolvimento regional.

A reportagem especial desta edição trata de um problema que terá que ter uma solução: o Aeroporto Bartolomeu Lisandro. Ele já teve o status de aeroporto Internacional, e agora entrou no radar dos debates da falta de infraestrutura para o desenvolvimento pleno de Campos e região.

Nos anos de 1950, o industrial Bartolomeu Lisandro, então dono da extinta usina São João e Deputado Federal, doou a área para o aeroporto que leva o seu nome. O projeto decolou e o aeroporto de Campos passou a ser o principal do interior do Rio. Só para ilustrar, aqui, mais recentemente, já desembarcaram, em aeronaves de porte, três presidentes da República.

Há pouco mais de 10 dias, furtos de cabos de energia que permitem a sinalização noturna de sua pista foram roubados e a suspensão das operações mexeu na rotina de gente famosa como a dos DJs Alok e Pedro Sampaio. O contratempo desembarcou nas redes sociais com velocidade supersônica e o aeroporto mais uma vez entrou no radar das críticas.

A Azul, empresa aérea que opera no aeroporto, tem voos para o Rio, Vitória (ES) e Campinas (SP), mas os passageiros se queixam de incompatibilidade nos horários. Isso fez com que a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e outras entidades fizessem reclamações à empresa.

Hoje, o aeroporto é operado por concessão a uma empresa privada, com contrato de 30 anos iniciado em 2019. Pelo acordo, a empresa, tem que investir R$ 98 milhões no Bartolomeu Lisandro, sendo R$ 28 milhões nos cinco primeiros anos. Não é preciso ter céu de brigadeiro para ver que isso não está sendo cumprido.

Enquanto o Bartolomeu Lisandro vai mal das asas, o aeroporto Joaquim de Azevedo Mancebo, da vizinha Macaé, está em obras com um investimento de R$ 220 milhões. Com isso, o concorrente vai simplesmente voar mais alto, e é bom lembrar que outro aeroporto próximo, o de Cabo Frio, está ocupando cada vez mais espaço. É preciso que algo seja feito e rápido como quem conserta um avião no curso do seu voo.

Como se diz por aí, muitas coisas boas vêm do céu, e o nosso espaço aéreo infelizmente está saindo do plano de voo.

Cabeleireiro Walter Cabral circulando em Campos

A semana começa com a presença do renomado cabeleireiro

Walter Cabral em Campos para uma palestra. Ele é fundador da tradicional rede de salões carioca

Walter ́s Coiffeur. Pela capilaridade do universo de negócios em Campos, fica aqui o registro.

Macaé prepara a Festa dos Pescadores

Macaé vai realizar entre os dias 30 de junho e 2 de julho, a Festa dos Pescadores, no Centro. A programação é gratuita e terá shows musicais, apresentação da Quadrilha Roceira da Projetada e a Procissão Marítima de São Pedro. Os festejos da pesca são tradicionais no município e vão acontecer do dia 30 até o dia 2 de julho. O evento também terá barraquinhas e área para a criançada se divertir com segurança. A Festa dos Pescadores é realizada pela Secretaria Adjunta de Pesca com apoio da Secretaria Adjunta de Turismo, que oferece a infraestrutura necessária.

Por causa de Nilo Peçanha, a Beija-Flor de Nilópolis pensa em desfilar no Cepop

A coluna não estava brincando quando publicou que Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, é uma homenagem ao campista Nilo Peçanha. Aplica-se, no caso, o nome dado a capital de Santa Catarina, Florianópolis, que foi uma homenagem ao Marechal Floriano. Essa conversa vem de um político da Baixada Fluminense ao afirmar que a Beija-Flor de Nilópolis, uma das maiores escolas de samba do Rio, poderia até vir a desfilar no Cepop (sambódromo) em uma apresentação especial fora do carnaval carioca. Tem mais: a escola pensa até em transformar essa história em enredo e homenagem ao único campista que foi presidente da República. Pode dar o maior samba.

O rancor deve ser abolido da política

Por Fernando da Silveira - Jornalista, advogado e professor universitário

“A exposição da razão em defesa da opinião tem que ser cordial e respeitosa”. - Barbosa Guerra.

Jamais odiei os meus antagonistas. Geralmente procuro me valer da cordialidade cristã para conquista-los. Lembro-me até que eu ainda jovem, trabalhando no Rio de Janeiro, conquistei um rapaz, que eu chamava de “Doce de Coco das Mulatas”, levando-o a não ingressar no jornal comunista denominado “Imprensa Popular”. E o conduzindo também a conhecer um poema do Dr. Barbosa Guerra a nos alertar sobre a importância de defendermos as florestas. Pois, segundo o Dr. Barbosa Guerra, até o arvoredo, tido muitas vezes apenas como matagal, é algo tão belo, que chega a liquidar o ódio dos conflitos políticos. Daí o “Doce de Coco das Mulatas” se encantar com o poema “Carro de Bois” do Dr. Barbosa Guerra. O que o levou a trabalhar no anticomunista jornal “O Popular” de Domingos Velasco e Francisco Mangabeira, que combatia a execrável “Imprensa Popular”. E a aplaudir o médico e intelectual campista Barbosa Guerra. Porém, bradando: “Vou criticar os comunistas sem violenta-los, sem coagi-los”.

Os anos passaram e eu, embora morando em Campos, me reencontrei com o “Doce de Coco das Mulatas” pelas ruas do Rio de Janeiro, quando ele me deixou com a alma em festa declamando o poema “Carro de Bois” do Dr. Barbosa Guerra: “Pioneiro da

Lavoura Açucareira, / sei que trazes revoltas abafadas / em tua mesa e rodas fabricadas / com paus de lei da selva brasileira, /// porque em sua rotação ronceira, / quando recortas míseras estradas,/ riqueza transportando às toneladas/ por debaixo da chuva ou soalheira, /// da alma dos eixos, no constante atrito / contra os chumaços e cocões da mesa, /solta a madeira interminável grito /// deixando nos aceiros, nas estradas, / num cantochão pungente de tristeza, / o lamento das matas derrubadas”. E logo depois mostrou a importância de defendermos os arvoredos. Em seguida, nós dois fomos matar a saudade no bar Amarelinho da Cinelândia para lembrarmos dos bons e velhos tempos. Quando perguntei se ele continuava disposto a não violentar os comunas. Tendo respondido, que só se estivéssemos guerreando. O que o levaria a mata-los para não morrer. No bate-papo, sentimos, que apesar do feliz reencontro, estávamos vivendo um período em que há seres humanos estimulando o ódio. E que para isso não ocorrer, há a alternativa de sermos bons com o propósito de nos amar mutuamente. E estimular o sentimento de bondade e afeição, que vai além dos laços sanguíneos. Logo, seguindo a linha de conduta determinada amorosamente pelo nosso Deus de infinita bondade e invencível misericórdia. Sempre inclinado a fortalecer a nossa alma. E de nos levar a alcançar o Céu.

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