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INFECÇÕES POR VSR AUMENTAM A PROBABILIDADE DE ASMA INFANTIL
UM ESTUDO RECENTE PUBLICADO NA REVISTA THE LANCET EXPLOROU A CORRELAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO PELO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR) E O DESENVOLVIMENTO DE ASMA NA INFÂNCIA. DETERMINAR SE A PREVENÇÃO DA INFECÇÃO POR VSR NA INFÂNCIA PODE REDUZIR O RISCO DE ASMA INFANTIL É CRUCIAL PARA DESENVOLVER MÉTODOS EFICAZES DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA, REDUZIR A MORBIDADE RESPIRATÓRIA E ESTABELECER POLÍTICAS DE SAÚDE.
OVSR é um vírus respiratório sazonal que afecta quase todas as crianças aos 2 anos de idade e repetidamente ao longo da vida. É a principal causa de bronquiolite, uma infecção do tracto respiratório inferior que se apresenta como tosse e sibilos em lactentes e crianças pequenas. Os sintomas são ligeiros, na maioria das crianças, e geralmente desaparecem em cerca de uma semana, mas podem levar a doença grave e morte, especialmente em bebés prematuros ou muito jovens e naqueles com doença pulmonar crónica ou doença cardíaca congénita. “É a causa mais comum de hospitalizações em todo o mundo devido a problemas respiratórios no primeiro ano de vida”, disse o Dr. Christian Rosas-Salazar, professor assistente de Pediatria na Divisão de Alergia, Imunologia e Medicina Pulmonar do Vanderbilt University Medical Center, autor do estudo. Em estudos observacionais, a bronquiolite por VSR tem sido consistentemente associada à asma infantil e a alergias. Mas ainda há muito que se desconhece sobre essa conexão, incluindo os factores de risco exactos que podem tornar as crianças mais susceptíveis a desenvolver asma após a infecção por VSR. Este novo estudo, conduzido por investigadores no Tennessee, foi projectado para analisar alguns desses factores. “Durante 60 anos, os investigadores identificaram repetidamente a ligação entre o VSR grave e a asma. No entanto, mostramos que essa ligação é explicada em parte pela hereditariedade partilhada tanto para o VSR grave quanto para a asma”, disse a investigadora principal do estudo, Dra. Tina Hartert, professora de Medicina e Pediatria.
O estudo “Infant Susceptibility to Pulmonary Infections and Asthma After RSV Exposure (INSPIRE)”, agora publicado na The Lancet, visou testar a hipótese de que a infecção por VSR durante a infância aumenta a probabilidade de asma infantil. Os investigadores acompanharam cerca de 1.700 crianças saudáveis nascidas no estado norteamericano do Tennessee, entre 2012 e 2013, até aos 5 anos. As crianças que preenchiam os critérios de elegibilidade foram inscritas no estudo nos primeiros quatro meses após o nascimento. O processo de recrutamento foi realizado em 11 consultórios pediátricos e os critérios de inclusão para o estudo foram crianças saudáveis, sem doenças cardiovasculares, pulmonares ou neurológicas significativas, nascidas a termo, com peso ao nascer igual ou superior a 2.250 gramas. No geral, cerca de metade das crianças contraiu VSR no primeiro ano de vida e essas eram mais propensas a desenvolver asma quando completavam 5 anos. “No nosso estudo, entre crianças saudáveis nascidas a termo, não ser infectado pelo VSR no primeiro ano de vida foi associado a um risco substancialmente reduzido de desenvolver asma infantil, que afecta cerca de 8% das crianças nos Estados Unidos da América”, disse o Dr. Christian Rosas-Salazar. “Os nossos resultados mostram uma associação dependente da idade entre a infecção por VSR durante a infância e a asma infantil” Especificamente, as crianças que contraíram VRS na infância tiveram um risco 26% maior de ter asma do que aquelas que não contraíram tão cedo. “Concentrámo-nos no primeiro ano de vida porque pensamos que é um período muito importante de desenvolvimento pulmonar e imunológico. Acreditamos que, quando uma criança é infectada pelo VSR no primeiro ano de vida, quando os pulmões e o sistema imunológico ainda estão em desenvolvimento, isso pode levar a certas anormalidades que podem mais tarde causar asma”

Regresso dos vírus sinciciais Embora os primeiros anos da pandemia tenham visto um declínio de muitas infecções comuns, esses vírus regressaram em força. O impacto do VSR sobre os jovens e idosos há muito que os torna candidatos para a vacinação e outros tratamentos. Ainda não se sabe se alguma dessas vacinas pode fornecer protecção a longo prazo, mas devem reduzir substancialmente o risco de doença grave antes da época do VSR (normalmente, o Inverno), muito parecido com a vacina anual contra a gripe. “Esperamos que os resultados deste estudo motivem o acompanhamento a longo prazo de resultados respiratórios comuns entre crianças em ensaios clínicos em curso de produtos de prevenção do VSR, incluindo vacinas e anticorpos monoclonais que podem diminuir a gravidade da infecção”, acrescentou o Dr. Christian Rosas-Salazar.