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O PAPEL DO PEDIATRA NO COMBATE À MORTALIDADE INFANTIL POR

Mal Ria

A MALÁRIA É UMA DOENÇA

PARASITÁRIA FEBRIL AGUDA, TRANSMITIDA ÀS PESSOAS ATRAVÉS DA PICADA DE MOSQUITOS FÊMEAS INFECTADOS DO GÉNERO ANOPHELES. OS

PRIMEIROS SINTOMAS (FEBRE, DOR DE CABEÇA E CALAFRIOS), GERALMENTE, APARECEM 10 A 15 DIAS APÓS A PICADA DO MOSQUITO INFECTANTE E PODEM SER LIGEIROS E DIFÍCEIS DE RECONHECER COMO MALÁRIA. SE NÃO FOR DIAGNOSTICADA E TRATADA ATEMPADAMENTE, PODE PROGREDIR PARA UMA DOENÇA GRAVE E PARA A MORTE.

Oúltimo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou 247 milhões de casos de malária estimados e 619 mil mortes registadas, em 2021. A Região Africana da OMS foi responsável por 95% de todos os casos e 96% das mortes. Nas regiões endémicas de malária, a população pediátrica permanece como um dos grupos de maior risco, sendo as crianças menores de 5 anos de idade as mais vulneráveis. Quase 80% das mortes registadas em 2021 ocorreu na Região Africana da OMS.

Em Angola, a malária é uma doença endémica e constitui um grave problema de saúde pública, pela elevada taxa de morbimortalidade, em especial nos grupos de risco, onde se destacam as crianças menores de 5 anos.

Papel do pediatra no combate à mortalidade infantil por malária

Inúmeras famílias recorrem ao pediatra para a prestação de cuidados de saúde para os seus filhos, com o objectivo de mantê-los o mais saudáveis e felizes possível. Durante o seu trabalho em ambulatório e/ou hospitalar, o pediatra pode e deve desempenhar um papel activo na educação para a saúde das famílias, no sentido de adoptarem as medidas de prevenção não só contra a malária, como outras patologias preveníveis, tratáveis e curáveis. Independentemente do motivo da procura/consulta, o pediatra deve fazer abordagens curtas de alguns assuntos relacionados com a prevenção em saúde, em prol de um crescimento e desenvolvimento saudável da criança, utilizando uma linguagem simples e objectiva.

Um dos temas é, sem dúvida, a malária, principal causa de morbilidade e mortalidade infantil em Angola. O pediatra deve sensibilizar as famílias para a utilização dos mosquiteiros tratados com insecticidas, de acordo com as normas das autoridades de saúde, o que permite protecção pessoal contra as picadas do mosquito. Conversar com os pais sobre o sono da criança pode ser um bom caminho para abordar o assunto dos mosquiteiros e falar da sua importância na prevenção das picadas de mosquitos. Aconselhar os pais para a utilização de repelentes na roupa e/ou zonas expostas da pele das crianças é outra forma de evicção ou minimização do risco de picadas por mosquitos.

A malária é uma doença evitável, tratável e curável, podendo evoluir para formas graves e morte em poucas horas se não for diagnosticada e tratada atempadamente. Os sintomas são inespecíficos e podem incluir calafrios, mal-estar, fadiga, sudorese, cefaleia, tosse, anorexia, náuseas, vómitos, dor abdominal, diarreia, artralgias e mialgias. O diagnóstico precoce e o tratamento rápido e adequado reduzem o risco do agravamento clínico e morte.

DURANTE O SEU TRABALHO EM AMBULATÓRIO E/OU HOSPITALAR, O PEDIATRA PODE E DEVE DESEMPENHAR UM PAPEL ACTIVO NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE DAS FAMÍLIAS, NO SENTIDO DE ADOPTAREM AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO NÃO SÓ CONTRA A MALÁRIA, COMO OUTRAS PATOLOGIAS PREVENÍVEIS, TRATÁVEIS E CURÁVEIS.

A procura de prestação de cuidados clínicos do pediatra para a criança com quadro febril agudo, sem razão aparente, deve ser uma recomendação a dar aos pais. É importante sensibilizar os pais para a importância no cumprimento da terapêutica, administrando à criança a posologia correcta e cumprindo o tempo de duração exacto do tratamento, mesmo que aparentemente melhore antes do término do mesmo, pois a falta de cumprimento na íntegra poderá levar ao agravamento clínico e ao surgimento de resistências do plasmódio aos medicamentos antimaláricos.

Perante uma criança com o diagnóstico de malária, no acto da prescrição, o pediatra não deve esquecer de fazer as recomendações na eventualidade da criança vomitar a medicação. Neste caso, deve-se aconselhar a contactar o pediatra, que recomendará repetir, eventualmente, a toma da dose vomitada ou optar por outra forma de tratar a doença. Após o cumprimento do tratamento, a criança deverá ser reavaliada.

A abordagem deste assunto com as famílias, se for adoptada por todos os pediatras e alargada a todos os profissionais de saúde, autoridades de saúde e sociedade civil, com certeza, terá impacto no combate e redução da mortalidade infantil por malária.

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