Revista Tche Campeiro Edição 10

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WC M

WC F

PALCO

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09 09

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Luiz12 Abreu

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Acad. Vida Ativa CDS

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Acad. Vida Ativa CDS

19 19

20 20

Acad. Vida Ativa CDS

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Humberto 23 Brandelero

25

Cristiano 27 26 Inviolável Loureiro

Aptos RH CFC Águia

28

Cleberson 30 Inviolável dos29 Santos Inviolável

Aptos RH CFC Águia

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18 21

Romário 76 Nascimento 77

Marcelo

Ribeiro 78 Anibeli

Renato 79

Renato 80

Marco 81 Ferreira

Gallus Restaurante

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Marco 84 Ferreira

Auto Eletrica 85 Borsatto

Sitio 86 Potinga

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Preto

Preto 101 Kaiser

Preto 102 Kaiser

CFC Águia Kaygangue

24

Rafael Saraiva

CFC Águia Ari I. Lima

TABLADO

VSI

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André L. 33 P. Santos

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Posto Centro Sul

Leonardo Maito

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Rodrigo 38 Bauer

Rodrigo 39 Bauer

Evandro 106 Ribas

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Rodrigo 41 Bauer

Rodrigo 42 Bauer

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Rodrigo 44 Bauer

Rodrigo 45 Bauer

Cabanha Pagliosa 109 (Kiko) Cabanha Pagliosa 112 (Kiko)

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Pimentel 48

Efrain Agrotiquinho 115 116 Buiú Pacheco

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Luiz Iraja Luiz Iraja 118 119

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Giocar

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Rafael de Lara

100 Kaiser

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Retibra 52

Caminhões

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Patolux 54

Fazenda 121 Coxilhão

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Fazenda 55 Lontras

Cooper56 tradição

Fazenda 57 Lontras

Fazenda 124 Coxilhão

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Robison 127Jr, Seran

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TRD Patronagem CAVALOS 150 Patron agem Patronagem CRIOULOS

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MESA DE SOM

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Edit orial Buenas! As tradições de um povo representam riqueza imensurável. É um dos capitais de maior valor Brasil e que, pelos movimentos migratórios, em busca de novas fronteiras e conquistas, estão espalhadas por todo o país e além fronteiras. Com esses homens e mulheres mundo afora, vão nossos costumes, nossas tradições, nossa cultura.

A Tchê Campeiro realiza essa simbiose: vai onde está o sulista ou seus descendentes e, ao mesmo tempo, é atraída para rincões distantes, onde estão essas gentes que amam a tradição do sul do Brasil. dos pelo território brasileiro e também em outros países. Nesta edição em especial, que temos como matéria de Capa o grande conjunto Os Monarcas, queremos render homenagens a data maior, aliás, ao período maior de comemorações alusivas a garra do gaúcho que, sempre que sentiu-se explorado ou injustiçado, ergueu-se contra seus opressores ou oponentes. Falamos da Semana Farroupilha que culmina no dia 20 de setembro, dia do gaúcho, período de atividades que lembram a guerra feita para fazer valer os direitos do povo sulista que estavam sendo usurpados pelo governo central. Ainda em setembro, lembramos do médico veterinário (09.09), engenheiro agrônomo (13.09) e do zados, não perderam as origens da lida campeira. São atividades que estão intimamente ligadas ao mundo da fazenda, do campo, da querência. Desejamos a todos uma boa leitura na certeza que estamos, humildemente, contribuindo para o resgate e manutenção das nossas tradições, notadamente uma das culturai regionais mais marcantes do nosso querido Brasil.

Ari Ignacio Lima Jornalista Responsavel


Índice 10

46 22

DIOGENES FISTAROL Campeiro de Fato

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14 PASTAGEM E O CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS Agronegócioo

66

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Luiz Carlos CANDIDO PEREIRA

GILDO DE FREITAS

COVERÊ

JÚLIO DIAS

Voz do rodeio

Acordes do Campo

A Casco e Braço

Referência

SOCIAL 18 26 40 42 44 54 58 62 64 70 72 80 82 86

Raça: Braford Pro Consumo Invernada Artística Universo Crioulo Culinária Ao Pé do Fogo Poemas e Payadas Retrato do Mês Saúde Animal Humor Tropeirismo Artesania Crioula Curiosidades Dicionário Campeiro

36 SHOW HORA DO MATE

30 LEILÃO CABANHA CANAÃ

28 COPA DO LAÇO DE GALVÃO - SC

32 LEILÃO AGROPECUÁRIA SÃO JORGE


EXPEDIENTE

etor Executivo/Administrativo:

Dir José Leozir Lira Garcia Jornalista Responsável: Ari Ignácio de Lima (DRT-PR 7279) Editor / Colunista: Vinicius Roncaglio Elizeu Collares Dimitri Bordignon Antonio Martins Joaquim Osório Ribas Diego Funari Centauro Jorge do Nascimento Patoagro Luis Felipe Araujo Tibes Comercial: Erinéia da Silva Fotograas: Flávio Bertan Diagramação e Criação: Evandro Luiz Melo VSI Comunicação (46) 3025-5489 Impressão e Acabamentos: Gráca Regente

Tomei conhecimento da recente edição da sua consagrada Revista Tchê Campeiro. Asseguro ao ilustre amigo que ? quei admirado da qualidade da mesma, do excelente material grá? co, da variedade de assuntos e, evidentemente, muito grato pela excelente reportagem que foi feita sobre nosso Conjunto, inclusive motivo de capa. Guardaremos esta edição em nosso acervo em nosso escritório. Assim, na certeza de que juntos seremos mais fortes, envio um grande abraço e mais uma vez expresso nosso agradecimento, o fazendo em nome de todos os colegas. Vamos em frente, na defesa das nossas caras tradições gaúchas. Com cordialidade sempre, Edson Dutra - Diret\ 30r Conjunto Musical Os erranos

Caros amigos da Revista Tchê Campeiro ! É com grande satisfação que venho por meio deste parabeniza-los pelo trabalho que vem realizando, somos assinantes desta já conceituada Revista e estamos cada mês mais encantado pela riqueza cultural nela mostrada ! Parabéns e abraço a todos ! José Luiz Damasceno – Fraiburgo SC

CONTATOS: (46) 3262-3910 Rua Cel. Jose Alipio Nascimento Souza, 123 Centro Bah, que qualidade moçada, estou cada dia mais faceiro por Cep 85555-000 - Palmas - PR receber todo mês essa importante ferramenta de mídia que www.revistatchecampeiro.com.br divulga cada dia mais nossa tradição. Continuem ? rme na luta ! www.revistatchecampeiro.blogspot.com Abraço indiada ! Orkut: Revista Tchê Campeiro João Carlos Piva – Esteio RS comercial@revistatchecampeiro.com.br redacao@revistatchecampeiro.com.br Elizeu: (46) 9926 1929 É por atitudes como essa que nossa cultura gaúcha esta senLeo: (46) 8411-7676 AÇÕES COMERCIAIS:do mantida, gosto muito de todo o material que a cada mês é

impresso nessa que é hoje uma das mais importantes Revistas que falam do tradicionalismo e do homem do campo ! Baltazar de Medeiros – Santa Maria RS

Talento, ? bra e coragem não se compra nem se empresta, oigale moçada da Tchê Campeiro, parabéns pela coragem, pela ? bra que demonstram, e o talento é visível em suas matérias que vão de histórias do homem do campo a histórias seculares que envolvem nossas tradições ! Parabéns e continuem assim que o tradicionalismo agradece. Gustavo Ferreira d\ 15 Almeida – Bagé R INFORM Tiragem: 5000 exemplares Circulação Nacional Editada Mensalmente Distribuição em Bancas e Agropecuárias

Este espaço é dedicado a opinião do nosso leitor. Suas cartas, e-mails e contatos são muito importantes para nós. Envie-nos sua mensagem para: redacao@revistatchecampeiro.com.br


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Campeiro de Fato

DIOGENES FISTAROL “DUCA”

Duca Amamentando uma capivara

L

uta, garra e determinação! Eis, amigo leitor, algumas das qualidades do entrevistado desta edição. É uma linda história de vida, vida que já se mostrou árdua logo ao nascer, pois não teve a oportunidade de conhecer o pai, seu Atílio Fistarol, que faleceu 15 dias antes de seu nascimento. “Duca”, como é chamado pelos amigos, nasceu no dia nove de fevereiro de 1932, na fazenda do tio Honório Serpa, município de Mangueirinha. Morou com a mãe, Maria da Luz Serpa Fistarol e os 5 irmãos: Laís, Atílio (in memorian), Aloa, Siremo i(n memorian, ) Marina (in memorian), em uma casa a beira do Rio Chopim a cerca de três quilômetros abaixo da ponte que liga Palmas à Mangueirinha. É que a família de Duca era de balseiros. Duca viveu ate os dez anos nesta casa vendo a mãe e os irmãos fazerem o transporte de veículos pela balsa. Carros que vinham de Palmas e

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região pela antiga estrada. Nesta época, “as brincadeiras eram poucas” lembra Duca. Quando não tinham que trabalhar, a ocupação era subir em arvores e caçar passarinhos. “Era uma fase muito dura, sempre roçando”, recorda. Naquele período também se de dedicavam na criavam galinhas e porcos. “Naquela época a venda dos porcos eram feitas por medida”, destaca. Entre as lembranças positivas de criança Duca pede para não esquecer de mencionar um nome: Guerino. “Foi como um pai para a família”, realça. Foi criado pelo pelos pais de Duca e ajudou na criação e no trabalho do dia a dia para o sustendo da família. Após este tempo, a mãe de Duca arrendou uma fazenda nos arredores de Palmas. Com o trabalho

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Família

Duca, Irmã, cunhado e sobrinhos

árduo e a venda de um gadinho dona Maria comprou uma fazenda de 30 alqueires no município de Coronel Vivida, local denominado de Abundância, onde o irmão Siremo e o Guerino foram cuidar. Duca ? cou com a mãe nas terras arrendadas por um período de cinco anos. Nesta época, lembra das tropeadas de porco que tinham que fazer até a fazenda em Abundância. Eram quatro dias de viagem. e Seu Duca demonstrou saudades ao lembrar dos cachorros que tinha naqueles tempos:“ Eram cachorros ótimos para a lida”. No ? nal do arrendo dona Maria vendeu todo o gado que tinha nas terras e se mudou para Palmas. E o nosso Campeiro de Fato, acompanhou a mãe. Em Palmas teve que achar um emprego. Começou na o? cina de carpintaria de Osvaldo Klause. Algum tempo depois assumiu uma empreitada de dois anos com Dorvalino Roscoski para fazer uma casa toda de imbuía na fazenda cachoeira de propriedade de Marin Santos. Esta casa tinha que ser feita sobe medida porque as tábuas eram todas encaixadas. “Foi um trabalho muito difícil”.

proposta dos antigos patrões começava a mudar a sua vida. A proposta era gerenciar uma laminadora no município de Clevelândia. “Trabalho de muita responsabilidade e de um grande esforço dos homens que tinham que derrubar pinheiros, estalerar torras, puxar com bois, carregar os caminhões e levar para a fábrica”, detalha. Neste trabalho, Duca ? cou com uma marca para o resto da sua vida que foi a perda da ponta de um dedo. O acidente aconteceu quando foi ajudar os peões na maquina que se chamava guilhotina. “Por pouco não perdi o braço, acidentes que cansei de ver”, relembra. Mas deste triste episódio, Duca ganha uma boa indenização e com este dinheiro comprou um lote que aos poucos foi construindo a sua casa. Nesta época conheceu e passou a namorar a mulher que viria ser a futura esposa. O casamento com Inês Almeida, que passou a usar o sobrenome Fistarol, foi realizado em 1959. Fizeram morada na casa nova, moradia que durou apenas um ano e meio. É que um certo dia o

Após esta etapa da vida, voltou a trabalhar com o irmão e o Guerino em Abundância, Coronel Vivida. Vejo que Duca fringe a testa ao lembrar desta época. Comenta que “foi um período muito custoso”. Eles trabalhavam com o plantio de trigo e tudo era manual: o corte, a junção dos trigos, o transporte ate o galpão, a trilhadeira. “o pior serviço que ? z na vida”, recorda Duca. Foram quatro anos nesta lida. Depois voltou para Palmas e começou a trabalhar como caminhoneiro. Foram mais cinco anos de trabalho duro, mas uma

Fazenda Santa Lucia

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seu sogro, em uma visita para o casal, lhe fez uma proposta: cuidar das terras dele, uma fazenda que tinha arrendado mas o arrendamento venceu, e ele tinha que pegar de volta e não tinha ninguém para cuidar. Foi ai que Duca largou de seu emprego, vendeu a casa que tinha construido e foi morar na fazenda das Pedras.

Diógenes Fistarol, o popular Duca, tem um trabalho social reconhecido. Além de sempre prestar a sua ajuda ao C.T.G Campos de Palmas, trabalha na igreja há 40 anos. Depois dessa prosa que tivemos com seu Duca para a coluna Campeiro de Fato, pudemos perceber que é um homem abençoado por Deus. Teve uma vida dura, mas que viu seu sofrimento virar alegria com a maravilhosa família que tem e o enorme prestígio que possui na sociedade local. Uma vida e ser tomada como exemplo...

Duca, Inez e Danuza

Foi um momento de renovação. Os ? lhos começaram a chegar: Danuza Almeida Fistarol (in memorian), Darlene Almeida Fistarol e Percio Almeida Fistarol. Duca lembra das grandes lidas com o gado. Nos meses de junho e julho, no ? nal do pinhão, iam para o mato com a cachorrada fazer a reculuta dos porcos, fechavam na mangueira e os vendiam, muitas vezes faziam troca de comida pela porcada. Mas no ? nal de dez anos, Jurandir Araújo, faz uma proposta de troca de fazendas, uma troca nas mesmas condições pela fazenda Santa Lúcia que ? ca próxima da cidade de Palmas. Então, por facilitar a vida da família, Duca fecha negócio. Até hoje a fazenda pertence à família.

Trabalhando com o caminhão

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Duca e Ines prontos pra um fandango

Duca Ines e ? lhos Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011


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Agronegócio

Pastagem e o controle de plantas daninhas Por Patoagro

Pesquisas (FAO 2002) indicam que o aumento da produção de alimentos até o ano de 2020, apenas 20% virá da incorporação de áreas naturais em áreas de produção e que os outros 80% virão de áreas já exploradas, indicando uma necessidade crescente de se incorporar mais tecnologias aos sistemas de produção. A pecuária brasileira vem passando por um processo constante de modernização, já não existe mais espaço para aquela pecuária extensiva e extrativista que predominou por tantas décadas e que andava junto com a abertura de novas fronteiras do Brasil. Segundo o censo agropecuário de 2006, os 158 milhões de hectares de pastagens no Brasil dividiam-se em 36% naturais e 64% plantadas, sendo que destas, 6% estavam degradadas, demandando recuperação. recuperação. Para que o empresário rural obtenha êxito, e essencial a gestão da produção, produtividade e custos, a pecuária exige atenção nos animais, no solo e na pastagem, iniciando pelo entendimento do período sazonal de produção das forrageiras tendo em vista a queda da disponibilidade de matéria original nos meses de junho a agosto.

Fonte: IBGE - 2006

Hoje nossa pecuária é competitiva mundialmente e que representa 23% da pauta de exportações do agronegócio brasileiro, Sendo assim a palavra-chave para o sucesso desta pecuária é“produtividade”. E para se obter produtividade do rebanho, além de investir em sanidade e genética também se faz necessário investir em nutrição, e não existe fonte mais barata de nutrir o gado do que o capim. Os quadros a seguir demonstram as exigências nutricionais para cada categoria, avaliando peso vivo e desempenho, referente ao consumo de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB). O consumo de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB)/cabeça para recria e engorda de um bezerro de 150 a 450 kg de peso vivo (PV) e a correlação com ganho de peso diário (GPD) e o tempo gasto. 14

Mas ainda existe um grande vilão que compete com o capim nas pastagens e que precisa frequentemente ser controlado. É a planta daninha, pela sua arquitetura foliar e pelo seu sistema radicular profundo ela compete em água, luz, espaço e nutrientes.

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Fatores que infl uenciam a dinâmica das plantas daninhas:

Competição com a Luz: Arysta Life Sciences

Segundo (VELINI, 1987), o sombreamento sombreamento reduz a atividade das plantas. plantas. As As plantas plantas daninhas de folhas largas possuem possuem maior facilidade em competir com com a pastagem devido a sua arquitetura arquitetura particular, relacionada a capacidade capacidade de de situar suas folhas acima das das folhas folhas de de outras espécies, Competição por espaço:

Arysta Life Sciences

Este é o tipo de competição mais mais percebido pelo pecuarista, pois pois onde onde está presente uma planta daninha, daninha, aa gramínea forrageira não poderá poderá tomar tomar o seu lugar, causando uma diminuição diminuição no número de plantas desejáveis desejáveis na na pastagem. Neste aspecto a planta planta daninha também é muito favorecida favorecida pelo pastejo seletivo.

Arysta Life Sciences

A competição por água e nutrientes: Aquelas com raizes super? ciais muito desenvolvidas competem com maior agressividade com a gramínea forrageira, que apresenta sistema radicular fasciculado (VICTÓRIA FILHO, 1986). A competição será maior em situações em que a disponibilidade de água é limitada. A baixa fertilidade natural da maioria dos solos ocupados por pastagens, aliada à não utilização de práticas de adubação para a reposição de nutrientes, faz com que a competição por nutrientes se torne uma das mais importantes.

A fertilidade do solo pois in? uencia, pois o sistema radicular mais adapatado torna as plantas invasoras mais competitivas em solos menos férteis. A escolha de gramíneas forrageiras não adaptadas as condições locais de clima e solo prejudica seu desenvolvimento; O manejo inadequado na formação e nas áreas já estabelecidas prejudica o desenvolvimento da gramínea e assim di? culta a cobertura total da área, favorecendo o desenvolvimento de plantas daninhas. O mesmo acontece para pressões de pastejo inadequadas a capacidade de suporte do pasto. Fatores como clima e geada que prejudicam o desenvolvimento da gramínea, consequentemente favorecem as plantas daninhas, uma vez que retardam o crescimento normal da gramínea. A situação se agrava quando se opta por um método ine? ciente de controle de plantas daninhas, as quais ? cam mais difíceis de serem controladas após uma tentativa inadequada e sem sucesso (principalmente pelo desenvolvimento das raizes das mesmas e de seus rebrotes). E por último onde se tem planta daninha normalmente vai se antecipar a reforma da pastagem. Reforma de Pastagens:

Danos Causados: Além disso, a planta daninha pode ser tóxica ao gado, levando-o a morte, também pode causar ferimentos nos animais caso tenha espinhos, pode servir de hospedeiro para parasitas e pragas causando depreciação na propriedade devido ao seu aspecto visual. Também vai diminuir a capacidade de suporte daquela propriedade, ou seja, onde existe planta daninha, existe menos capim e, portanto a necessidade de ter que diminuir o número de cabeças por hectare naquela área.

Escolher uma boa semente que garanta os pontos de VC recomendados para a cobertura total e homogênea da pastagem, fazer o controle de invasoras de 30 a 60 DAP (dias após o plantio) quando ocorre maior competição, depois de 30 dias após a aplicação do herbicida, é recomendável um pastejo rápido e leve (garrotes) de ponteiro para minimizar sombreamento entre plantas forrageiras, e assim maximizar a entrada de luz na base das touceiras que irá estimular um maior per? lhamento, 30 a 35 dias depois terá a pastagem formada.

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Arysta Life Sciences

Arysta Life Sciences

Estudos comprovam que após 45 dias de competição entre gramíneas e plantas invasoras a competição começa a gerar perdas na produção de matéria seca e prejudica o per? lhamento das gramíneas.

Controle mecânico: além da baixa e? cácia, dos problemas de rebrote e per? lhamento ainda tem a desvantagem de a roçadeira não ser seletiva porque corta a planta daninha e o capim e outra desvantagem é que tem de ser repetida periodicamente

Essa é a situação mais vantajosa para os pecuaristas no controle de plantas daninhas uma vez que o gasto com herbicida e mão-de-obra será mínimo devido à baixa infestação. O pasto livre da infestação de plantas invasoras poderá permanecer produtivo por muito tempo. Recuperação de Pastagens: Mesmo que apresentem um baixo vigor da gramínea forrageira, pastagens que apresentam bom stand de capim, ainda possuem potencial de recuperação. Nessa situação realizamos as ações de controle de plantas daninhas, adubação, correção do solo, vedação do pasto, manejo adequado, que poderão variar de área para área e deverão ser adotadas em conjunto para que a recuperação seja o mais rápida possível. Preferencialmente deve-se optar pela recuperação da área de pastagem , uma vez que apresenta um menor custo e uma mais rápida utilização a plena capacidade quando comparado com a reforma. Métodos de controce de plantas daninhas:

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Existem basicamente três métodos de controle de plantas daninhas. São eles:

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Roçada manual ou foice: tem baixa e? cácia porque a planta daninha rebrota, torna o sistema radicular mais vigoroso, tem baixo rendimento, causa per? lhamento da planta daninha após o corte e necessita de muita mão-deobra.

Controle químico: Se faz através do uso de herbicidas a base de 2,4D e picloram, que são sistêmicos e portanto agem controlando a planta daninha até a raiz. São totalmente seletivos não prejudicando o capim, tem alto rendimento operacional, necessitam de pouca mão-de-obra principalmente quando a aplicação se dá através de equipamentos tratorizados, e tem custo-benefício bastante favorável, portanto hoje é o método de controle mais barato e e? ciente.

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Outro conceito de utilização de herbicidas é em manutenção de pastagem produtiva quando o capim está vigoroso, mas existe uma pequena infestação de plantas invasoras que deverão ser controladas evitando que o pasto entre em processo de degradação.

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Manutenção de Pastagens:

Deve ser feito na época das águas, e as indicações de produto, dose, manejo e equipamento a ser utilizado deve ser feita por pro? ssional especializado após visita a área em questão, também podem ser utilizados produtos a base de triclopyr para o controle de palmáceas, também picloran puro no caso de lenhosas de difícil controle, sendo que neste caso se corte a planta rente ao solo e se aplica o produto no toco até o ponto de escorrimento.

Ricardo José Frugis - Engenheiro Agrônomo / Gerente de Pastagens - Arysta Lifescience Luis Antonio Alves de Matos – Analista de Agronegócio – Patoagro produtos Agrícolas

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Raça

BRAFORD Por Vinicius Roncaglio

A

raça Braford surgiu o? cialmente na Flórida (EUA), na década de 60. Já no Brasil, em 1967, o criador Rubem Silveira Vasconcellos, de Rosário do Sul (RS), iniciou a importação de Zebuínos americanos, da raça Brahma, visando cruzá-los especi? camente com bovinos Hereford, a ? m de criar uma nova raça bi-mestiça, logo criadores do Rio Grande do Sul começaram a perceber as vantagens do cruzamento entre os herefords e zebús e incentivados por programas de cruzamentos governamentais difundiram os cruzamentos no estado. Após vários anos da introdução do zebuíno nos nossos pampas produtores e técnicos trabalhavam em esquemas de cruzamento entre Hereford e Zebu para formação de uma raça com traços de genótipo zebuíno, procurando rusticidade e adaptabilidade, onde se destacaram nesses trabalhos o esquema “Braford Santa Clara”, utilizado por Rubem Vasconcellos, e o “Pampiana Braford”, utilizado pelo Núcleo Fronteira Oeste de Criadores de Hereford. A partir da década de 80 a Associação Brasileira de Hereford e Braford, na época, denominada Associação Brasileira de Criadores de Hereford e Polled Hereford (ABCHPH), sabedora desses esforços, achou por bem tentar orientar e o? cializar esse processo de criação, com apoio da Embrapa Pecuária Sul. Então, seu corpo técnico iniciou visitas aos criadores que estavam mais adiantados na seleção desses animais para ver os esquemas que estavam sendo montados

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e tenta-los uni? cá-los para formação da raça Braford. Com essas visitas o corpo técnico conheceu a nova aventura genética de idealistas bastante persistentes como o do Dr. Joal Brazzale Leal, o zootecnista Pedro Genro Surreaux, o veterinário José Antônio Marques Fagundes; o zootecnista Fernando Fabrício de Faria Corrêa - sendo o mesmo que mais mostrou preocupação em estabelecer um esquema normativo para a aplicação de reprodutores nos rodeios - Francisco Miguel Bárbara Gonzáles, Ricardo Pereira Duarte, Jorge Bastos, Ciro Manoel de Andrade Freitas, Rogério Estrazulas, Eurico Fagundes, Francisco Tellechea, João José Aranha Luderitz, Pedro Brasil, Pedro Monteiro Lopes, Luiz Rafael Lagreca, Dr. Jacob Monn e muitos outros nomes de criadores e técnicos, além das diversas diretorias da ABHB, que contribuíram com maior ou menor destaque, desde 1967 até os dias de hoje, para formação e consolidação da raça, todos abnegados, que deram corpo a formação dos rodeios braford no Rio Grande do Sul e no nosso Brasil. Assim em 1983 a ABCHPH inicia o controle de registros de grau sangue e o mapeamento dos criadores que estavam fazendo os cruzamentos para formação da raça. Também nesse ano, foram aceitos, o? cialmente, a inscrição de animais Braford, registrados na ABCHPH, na Expofeira de Rústicos da Raça Hereford,de Uruguaiana (RS). Nascia a Pampiano Braford, que após um curto período passou a se chamar apenas Braford, mudança que visou facilitar o intercâmbio internacional. Em 1993, a ABCHPH obteve o reconhecimento de raça em formação

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pelo Ministério da Agricultura do Brasil, quando a mesma adota o nome atual de Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) e recebe a delegação para efetuar o registro genealógico da raça em todo território nacional, sendo a Braford, ? nalmente, reconhecida como raça, no Brasil, em 2003.

Características A Braford moderna congrega a fertilidade, habilidade materna, precocidade, temperamento dócil, volume e qualidade da carne do Hereford com a capacidade de adaptação aos trópicos, resistência aos ectoparasitas, rusticidade e rendimento de carcaça dos zebuínos, além do benefício indiscutível da heterose, que quali? ca ainda mais sua carne. O macho Braford é extremamente fértil, viril e precoce, adaptando-se muito bem às condições de reprodução a campo. Detentor de excepcional massa muscular; é incomparável na missão de produzir bezerros.

A fêmea Braford é precoce e fértil. Tem comprovado potencial de entrar em reprodução, totalmente a campo, entre 14 e 18 meses de idade. Com peso médio adulto de 450Kg (15@), tem excelente facilidade de parto e habilidade materna, desmamando aos 6 - 8 meses bezerros que podem ter mais de 50% do peso materno. O novilho Braford é muito precoce na terminação, podendo ser abatido, em terminação exclusivamente a campo, aos 18 - 24 meses de idade e peso entre 380 e 480 Kg, apresentando rendimentos de carcaça entre 52 e 58%. Tem carcaça bem conformada, bom per? l muscular; alto rendimento de cortes comestíveis e, o que é mais importante, tem cobertura de gordura e marmorização, o que garante a boa conservação das características de sabor e suculência quando no resfriamento realizado pelos frigorí? cos, garantindo também a excelente apresentação dos cortes na gôndola.

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O padrão racial Braford deverá seguir, de forma geral, tipos biológicos que externamente mostrem ser animais produtores de carne, bem estruturados, precoces e de boa musculatura, indicativa de alto rendimento de carcaça, adaptados às diferentes regiões climáticas do país. Assim, em ordem de importância econômica, a fertilidade e desenvolvimento, a conformação e a pelagem, deverão ser observados. O peso relativo de cada característica será atribuído pelos inspetores de campo. O padrão racial e as características fenotípicas do Braford serão anualmente revisadas pelo Conselho Técnico da ABHB.

Por que o Braforod? Esse bovino sintético que congrega em um só animal a fertilidade, habilidade materna, precocidade, temperamento dócil, volume e qualidade da carne do Hereford, com a capacidade de adaptação aos trópicos, resistência aos ectoparasitas, rusticidade, rendimentos de carcaça dos Zebuínos. É o mais importante! É capaz de transferir os genes de precocidade, fertilidade, temperamento dócil e qualidade de carne do Hereford e rusticidade e rendimento de carcaça dos zebuínos. Toda esta seleção de características ainda é incrementada pelo benefício indiscutível da Heterose, que quali? ca ainda mais o produto. FONTE: ABHB

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A Voz do Rodeio

CANDIDO PEREIRA - BOCA DA NOITE Por Elizeu Collares

O

entrevistado deste mês para a coluna a VOZ do

Porém, no ano de 1978, diminuiu a participação

RODEIO é o narrador conhecido como ‘’Boca

nos rodeios para servir a o exército brasileiro, no

da Noite”, Candido de Jesus dos Santos Pereira.

quartel de Palmas PR. Apesar do compromisso com

Vamos conhecer sua história no mundo dos rodeios e

a Pátria, não abandonou a lida. Sempre que podia,

sua trajetória como narrador. Nasceu em Clevelândia –PR

ia a rodeios junto com o conhecido ginete e amigo

e logo após mudou-se para Palmas, onde viveu a maior

Cabo Leader. Depois que deixou o exército, começou

parte de sua vida. Há cinco anos mora em Santiago

a participar de rodeios ajudando a “orelhar” para as

do Sul. Sua infância foi alicerçada no CTG Campos de

gineteadadas, juntamente com seu irmão Airton Luis

Palmas, onde em 1977 foi no primeiro rodeio Crioulo,

Pereira mais conhecido como ‘Nego Airto’ ou ‘Batatinha’,

ainda nas antigas instalações do Centro de Tradições

e seu amigo Sinval Pimentel. Candido cita ainda outros

Gaúchas.

ginetes amigos da época: Anastácio (Tato) Gerbino (Bino), Maurílio Marcondes (Vacariano), entre tantos outros companheiros que participavam de rodeios em toda região: Palmas -PR, Clevelandia- PR, Ponte Serrada SC, Campina da Alegria - SC, Guarapuava-PR... No ano de 1984, começou a declamar, incentivado pelos amigos Tenente Pinheiro e Sinval Pimentel ,sobrinho de Joselino Pimentel ( in memorian, ) na época patrão do CTG Campos de Palmas. Em 1985, passou a declamador o? cial do CTG. No dia cinco de dezembro de 1987 teve sua primeira conquista: 2º lugar categoria Declamação Peão Adulto, no rodeio do CTG Campos de Palmas. No ano de 1989, já componente do CTG Porteira da Tradição, mais um troféu : 2º lugar Declamação Peão Adulto no CTG Campos de Palmas e no ano de 1990, outro 2º lugar na mesma categoria. Mas “Boca da Noite” não era apenas declamador. Também participava dos eventos tradicionalistas como laçador em rodeios realizados nas cidades de Francisco Beltrão- PR, Fraiburgo- SC, Abelardo Luz- SC ,entre outros lugares, com o também poeta Alcindo R. da Costa.

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No ano de 1988, começou a narrar. Foi no rodeio em Bom Sucesso do Sul- PR, no CTG Lenço Branco. Teve incentivos dos amigos Miro Correia, Sidelor Lopes, Jandir Maia e Luiz Pereira. Desde então, Candio Pereira narra. Já são 23 anos consecutivos como inventor de emoções nos rodeios que narra Brasil afora. Nunca parou de exercer sua paixão que é narrar rodeios, falar das tradições, ir a lugares que nem imaginava nos Estados de SC, RS, PR, MT e até mesmo em GO e, assim, “levar a voz do tradicionalista que honra o lenço, a bombacha e a guaiaca”, destaca. Candido fez parte da 13ª RegiãoTradicionalista do MTG SC, como narrador e vice coordenador. Exerceu também a função de conselheiro do MTG SC

hoje está muito competitivo e não é pela tradição e,

por dois anos. Foi ainda capataz por três vezes do

sim, pela premiação. Acha que deve haver uma maior

CTG Sem Fronteiras de Riqueza- SC, onde é narrador

compreensão entre os envolvidos. Lembra de um

de todos os rodeios até hoje.

fato que presenciou como narrador em um rodeio na cidade de Jataí no Estado de Goiás. Um laçador

O

que move Candido são os bons

famoso ganhou um troféu e, inexplicavelmente,

argumentos da tradição, como o companheirismo e

jogou o mesmo no chão e disse que não queria, não

solidariedade, e não é o que ele sempre encontra nos

precisava de troféu. Candido se perguntou: “a? nal,

eventos nos quais trabalha. Ele ressalta que o rodeio

do que ele precisava?”.

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Hoje, “Boca da Noite”, faz parte do CTG Trançado de Guapo da cidade de Formosa do Sul –SC. Entende que o fato de ser laçador facilita sua narração por conhecer de fato o mundo do laço comprido e do rodeio crioulo. Candido Pereira é representante comercial e participa de mais ou menos 18 rodeios por ano. Sempre que pode dá oportunidade aos novos narradores. Aliás, muitos o chamam de professor, elogio que, humildemente, faz questão de minimizar: “É apenas dar oportunidade a quem merece”, pondera. Experiência que ele, lamentavelmente, não teve. Porém, incentivo nunca faltou em casa. Ele aproveita esse espaço para agradecer a esposa Marlene Maccari, seus ? lhos Eduardo, Vanessa, Alan e Mauricio, en? m sua família que sempre lhe apoia e lhe dá força, e encerra dizendo o que dizia seu pai Sr. Eduardo Andrade Pereira conhecido como Gaúcho veio: “Sempre gaúcho entre o céu e a terra, sem esquecer os nossos princípios”.

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Pro Consumo

MURCÍLIA BRANCA Por: Família Percisi

1* O feitio da Murcília vem de carona com a edição anterior com o feitio do Salame que foi feito também pela família Percisi. O começo é o mesmo processo na hora de sangrar, pelar e abrir o animal.

4* Depois de todas as peças separadas: cabeça, língua, coração, fígado, rins e o couro, junta-se tudo e coloca no tacho para cozinhar até dar o ponto.

2* Depois de pelar o animal retiram-se a cabeça e a língua que serão aproveitados para o preparo da murcília, na seqüência quando é aberto o porco são retirados todos os miúdos, coração, fígado, rins, E separa para acrescentar no preparo da murcília.

5* Depois de cozido colocam-se as peças para moer junto com os temperos, que são: Sal ? no Temperado, noz-moscada em pó, canela em pó e pimenta em pó a gosto, Salsa e folha da cebola (cebolinha verde). Depois de moído sova bem o preparo, e carrega o canhão (maquina de encher as tripas).

3* Quando chega o momento de desossar a carne, também é feito a retirada do couro do porco, que vai acrescentar também para o feitio da Murcília

6* Depois de tudo pronto amarram-se as voltas de murcílias e coloca-se na panela com água ate dar a fervura, este processo é feito para cozinhar os temperos verdes. Ao termino deste feitio não precisa esperar mais nada, corte um pedaço e bom apetite!

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Social

1ª COPA DE LAÇO INVERNO CABANHA EL GUITARRERO - GALVÃO - SC A Revista Tchê Campeiro esteve nos dias 2, 3 e 4 de Setembro na cidade de Galvão - SC, onde acompanhou a ? nal da 1ª Copa de Laço Inverno promovido pela Cabanha El Guitarrero. A primeira etapa realizou-se nos dias 8, 9 e 10 de Julho. A segunda foi realizada nos dias 12, 13 e 14 de Agosto. A última etapa ? cou marcado por provas campeiras que animaram o público, tais como gineteada, prova do couro, prova do cepo e prova da encilha. O evento também contou com provas infantis como, gineteada de ovelha, gineteada do bezerro, entre outras. Os premiados: Crioulaço ofi cial ABCCC Albari silva e Antenor Silva - Clevelândia - PR Tiago Spessato e Cleir Odilon - Chapecó - SC Cesar Cristiano da Rosa e Antonio Silva -Galvão – SC

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Copa do laço Força C – Ezidio Betta -Chapecó - SC Força B – Rodrigo Borga – Salto Veloso - SC, Cezar Rotavade - São Domingos -SC Antenor silva - Clevelândia – PR Força A - Anderson Gonçalves - Treze Tilias – SC Antenor Silva e Luciano Silva - Clevelândia - PR Osvaldo Cardoso - Pinhão – PR Ismael Gasparotto - Benjamin Constant - RS. Jean Carlos Capelli e Fabiana Carla Busanello agradecem a todos pela participação e apoio no primeiro evento promovido pela Cabanha El Guitarrero, que promete fazer muitos outros com a mesma e? ciência. “Que Deus ilumine a todos que, de uma forma ou de outra, ? zeram parte do sucesso da 1ª Copa de Laço Inverno!”. E aproveitam para convidar a todos porque em 2012 tem novidades. Planejam festa ainda maior!

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CAMPEÕES DA COPA DE LAÇO - GALVÃO 2011

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A Revista Tchê Campeiro se fez presente no 1º Leilão Cabanha Canaã e Convidados, realizado no último dia 14 de agosto no Parque de Exposições de Pato Branco. Foram leiloados bovinos de diversas raças:Angus, Brangus, Braford e Hereford. Além disso, os participantes ainda puderam dar seus lances nas compras de equinos e coberturas do cavalo crioulo Aragano de São Pedro. Foram comercializados 42 reprodutores, 70 matrizes de Angus e ainda 600 animais das raças Angus, Hereford e seus cruzamentos. As médias de vendas alcançadas foram de R$ 5.400,00 para os reprodutores e R$ 3.500,00 para as matrize.

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O leilão, que reuniu criadores de toda a região Sudoeste, foi conduzido pela Pampa Remates. Destacamos os parceiros que também comercializaram seus animais: cabanha 2 A, Santa Izabel, Cacumbangue, Vale do Jordão, Boa Vista, São Vicente e Capão Grande. No inicio do leilão, Neilor Antonelli e Jaime Zugman, agradeceram os convidados, patrocinadores, equipe da Cabanha Canaã e também ao público presente que pode realizar excelentes negócios ao adquirir animais de boa procedência e excelente linhagem.

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A Revista Tchê Campeiro esteve presente na IV edição do Leilão São Jorge, realizado pela Agropecuária São Jorge, no dia 21 de Agosto no parque de Exposições Pé Vermelho, em Palmas. Na ocasião, foram comercializados cerca de 600 animais das raças: Hereford, Red Angus, cavalos Crioulos e outras. Entre os benefícios encontrados pelos compradores estão a qualidade da genética e a rusticidade dos animais De acordo com o proprietário da Fazenda São Jorge e organizador do evento, Sandokan Baptista Pinto, a cada ano que passa, a Agropecuária São Jorge tem procurado aprimorar e melhorar a genética do seu rebanho e, assim, oferecer produtos de alta qualidade para seus clientes. Apesar de o inverno ter sido extremamente rigoroso neste ano, comprometendo as pastagens, não atingiu a qualidade do rebanho o que ajudou na manutenção do preço que, aliás, foi superior ao registrado no leilão anterior. A Agropecuária São Jorge agradece a todos os amigos, parceiros e funcionários que colaboraram na realização da 4ª edição do leilão. “Como sempre enfatizamos: sem família e amigos não somos e não produzimos nada. Este ano, especialmente, mais uma vez, isso foi comprovado”, destaca Sandokan.

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O mérito do evento não pertence apenas aos idealizadores, mas com certeza a todos aqueles que prestigiaram e participaram: clientes ou parceiros. “Gostaria de agradecer o apoio da Associação Brasileira Hereford e Braford , representado pelo seu presidente, Fernando Lopa, e a todos os envolvidos no evento. Pois, as parcerias ? rmadas, o apoio e participação de todos foram medidas que tornaram nosso evento um sucesso”, ? naliza Sandokan. O sucesso do evento só nos faz acreditar, sempre mais, que Palmas possui genética, qualidade e oferta para que leilões ocorram com mais freqüência, fortalecendo o rebanho local.

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SHOW MAIS UMA EDIÇÃO DE SUCESSO!!! Por Ari Ignácio de Lima

Foi realizada no dia nove de agosto no Clube Pinheiros de Pato Branco, a 7ª edição do Show a Hora do Mate, uma promoção da Rede Celinauta, através do Programa “A Hora do Mate” da Movimento FM, uma das emissoras do grupo de comunicação. Mais de mil pessoas vindas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, prestigiaram as apresentações dos cantores Cristiano Quevedo, Teixeirinha Filho e Teixeirinha Neto, Walther Morais e dos conjuntos Os Monarcas e Os Serranos.

Para o jornalista Edson Honaiser, apresentador do Programa a Hora do Mate , o espetáculo superou a expectativa e cumpriu com a missão de estimular a cultura gaúcha entre os povos que habitam a região Sudoeste. “Quem não é do Rio Grande do sul, é ? lho, neto ou bisneto do povo que desbravou essas terras do Paraná. E são essas pessoas que a cada edição participam para valorizar a história e cultura de seus antepassados”, destacou Edson.

O público, eclético, aplaudiu e cantou junto os grandes sucessos dos músicos convidados. No decorrer do evento, como acontece em todas as edições, o querido religioso em toda a região, Frei Policarpo Berri, abençoou os presentes. Ao usar a palavra, representando a Rede Celinauta, Frei Nelson Rabelo destacou a importância do evento para o resgate e preservação dos costumes e cultura regionais.

Já Frei Clésio Wiggers, diretor geral da Rede Celinauta de Comunicação, entende que ao realizar eventos como o Show “A Hora do Mate” , a empresa leva alegria e entretenimento à população da região, metas que estão entre os objetivos dos veículos “Manter a tradição é a missão da Fundação Cultural Celinauta. Nossas raizes, nossos costumes, o que os nossos antepassados viveram e ensinaram, fala da nossa vida presente. Este sentimento de reviver a tradição coloca mais entusiasmo em nossas vidas”, salienta Frei Clésio.

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Fazenda Três Capões

Acima: Cavalo Entrevero Palmense Filiação: Butiá Hindu X El Condor Juriti Campeão entre as Marcas da Copa de Inverno

Cavalo Butiá Hindu Padreou na Cabanha Butiá, uma das principais Cabanhas do Brasil. É ? lho de La Invernada Encomendero I e BT Lasqueada. Seus pais são Registro de Mérito e seu irmão Butiá Arunco também é Registro de Mérito pela ABCCC.


Ao lado: Troféus Melhor Criador Nacional Caracu Padrão 2006 e 2007 pela revista AG Leilões

www.faztrescapoes.com.br trescapoes@hotmail.com Fones: (46) 3263 1175, (46) 9117 7298, (46) 9117 7419

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Acima: Touro Ugir da Três Capões


Invernada Artística

CTG HERDEIROS DA TRADIÇÃO O CTG Herdeiros da Tradição de Francisco Beltrão –PR, tem uma história peculiar que começou ser escrita a partir de 1997. Foi quando um grupo de adolescentes da Igreja Católica no Bairro Cango criou o Grupo Artístico Herdeiros da Tradição para afastar os jovens das drogas, da marginalidade e aproximá-los de Deus sem tirar a beleza e a alegria da juventude, através de atividades culturais e artísticas, entre elas a cultura gaúcha. Os Jovens reuniam-se semanalmente quando realizavam atividades esportivas e reuniões para estudo religioso e, mensalmente, fazia-se uma festa para comemorar os aniversários do mês. Foi adicionada a agenda encontros semanais nos quais eram praticadas danças tradicionalistas. O grupo iniciou suas apresentações em bailes na comunidade e, posteriormente, atendendo convites em toda a região. Vendo despertar o gosto pelo tradicionalismo entre os jovens, os coordenadores do Grupo de Danças Herdeiros da Tradição, Angelina e Mozart Maciel, buscaram apoio para participar de eventos maiores como os rodeios e Feparts . Em ano de 2003, com o apoio do Sr. Sílvio Daldin e do então posteiro de danças Paulo Renato de Souza, fundam o CTG Herdeiros da Tradição precisamente no dia 17/08/2003. A partir deste ano, inicia-se uma nova fase: a de representar a cultura não só através da dança, mas também através das modalidades individuais, culturais e campeiras. O CTG faz parte da 9ª Região Tradicionalista e recentemente, no mês de agosto, completou oito anos de existência. Apesar de pouco tempo de fundação já possui 153 membros, com 3 invernadas: Mirim, Adulta e Veterana, com as quais já participou de muitos rodeios e Feparts. Contabiliza conquistas como: 1º Lugar Danças tradicionalista Força B Invernada Juvenil (Fepart 2010); 2º Lugar Danças Tradicionalista Força B Invernada Adulta (Fepart 2008) 40

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O CTG ainda ainda não possui sede própria. Atualmente utiliza-se as dependências do Esquadrão de Cavalaria Mecanizada. No mês de junho de 2011, o CTG apoiou e incentivou um Chá de Prendas organizado pela primeira prenda juvenil Natália Reolon, como parte do seu projeto ao Concurso de prendas da Região. Natalia convidou todas as tituladas desde a fundação do CTG. Foi um momento único para o CTG Herdeiros da Tradição, com apresentação de prendas de destaque do Centros de Tradições Gaúchas. A iniciativa foi bem recebida pela patronagem que vai realizar o encontro de prendas todos os anos. O CTG realiza um evento anual que já virou tradição. É o baile de aniversario onde a patronagem procura trazer um conjunto de destaque da musica gaúcha. O Centro também procura fazer apresentações na sociedade beltronense, como em festas paroquiais, do quartel e, recentemente, também fez a abertura da noite Cultural do Colégio Glória. Sempre nessas apresentações convidam o publico para conhecerem de perto o CTG Herdeiros da Tradição e participar das invernadas.

Autoridades CTG Patrão: Sandra e Derli Medeiros; Diretores Artísticos: Diego H. Daldin e Chris Lady Daldin; Capataz Social: Silvio Daldin e Ronaldo D. Pires; Patrão Campeiro: Cleber Guzen; Xiru das Falas: Euzébio Cavazoto; Diretor Cultural: Wagneia da Silva. Cultural: 1º Peão Biriva – Alexsandro V. M Rinaldi; 1ª Prenda: Andriele da Silva

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Universo Crioulo

FREIO DE OURO DA GAUCHADA AO GRANDE ESPETACULO Por: Jorge do Nascimento

Neste mês de agosto chegamos a grande ? nal do freio de ouro, prova esta que seleciona equinos da raça crioula em uma avaliação morfologica e funcional, desde seu incio nas credenciadoras ate a sua ? nal somam mais de 2000 animais participantes entre machos e femeas, onde 88 participam da ? nal, 20 passam para a ? nalissima do domingo e 6 se consagram campeoes, sendo freio de ouro machos e femeas, freio de prata machos e femeas e freio de bronze machos e femeas, e um certame no qual envolve um grande numero tambem de pessoas, com trabalhos diretos e indiretos com este evento, falarei sobre a prova nesta edição e tambem na proxima edição, contando como tudo começou e concluindo com os resultados da expointer deste ano, local este onde ocorre a prova freio de ouro. No inicio da decada de 80, alguns criadores de cavalos crioulos da fronteira do rio grande do sul com o uruguai, decidem fazer uma avaliação funcional de seus cavalos crioulos, sendo que ate entao seus exemplares eram apenas avaliados a cabrestos e estes sendo homens do cavalo queriam avaliar o seus cavalos como se diz de cima, ou seja montados, entao no municipio de jaguaraão se fez a primeira avaliação funcional destes equinos, se reuniram alguns criadores e começarama a desenhar a prova, na verdade foram moldadas provas as condiçoes que se tinham de estruturas. As primeiras provas foram realizadas no CTG Rincão da Fronteira em Jaguarão - RS, onde se realizaram as provas de andaduras, escaramuça livre e paleteada,os jurados por muito tempo julgavam montados a cavalo e assim se formou o embrião ao qual posteriormente veio a se chamar freio de ouro, passados alguns anos da realização desta prova a mesma foi transferida ou levada para fazer a sua grande ? nal na maior exposiçao 42


agropecuaria da america latina que seria a expointer entao em 1982 o freio de ouro pisou verdadeiramente no parque de esteio. Mas esta prova era uma prova praticamente amadora, onde os criadores classi? cavam seus cavalos nas classi? vcatorias de bage, uruguaiana e pelotas, entao assim iriam disputar a ? nal na expointer. Mas tudo era novo, acampamentos, cocheiras, pistas, treinadores, estes na maioria domadores de estancias, os quais iam se adaptando a nova prova, andaduras escaramuças e corridas de vaca tudo tranquilo, o di? cil era o giro nas patas, entao iam adaptando levavam o reio na cara e assim com o tempo melhorando, imagens mostram ate hoje paleteadas no parque esteio, onde os bois saltavam da carroceria de um caminhao e os participantes saiam paleteando parque a fora pelo meio do publico, e depois a equipe de apoio tinha que laçar estes animais para trazer de volta ai sim para a mangueira. Mas com o tempo tudo foi evoluindo, as proprias credenciadoras com adaptaçoes melhores, entrada de gente nova no cavalo crioulo, agropecuaristas e tambem um novo publico, o pro? ssional liberal ou empresario da cidade. Com isso e outras melhorias a prova foi ? cando mais competitiva, surgiram as provas de ineditos, a ? nal nacional de ineditos, o bocal de ouro, provas com premios, a valorização genetica dos campeoes do freio, en? m evolução da prova.

E hoje estamos entrando na comemoração de seus 30 anos, desta prova que apaixona, emociona e transforma seus admiradores e ´participantes, praticamente em fanaticos, onde planejam e discutem o ano todo em relação a prova, se imaginando quem possa ganhar ou quem vai se destacar em relção a ginetes , cavalos e cabanhas, entao podemos realmente dizer que o freio deouro se transformou de uma simples gauchada a um verdadeiro espetaculo. Noticias 1- estamos hoje na grande ? nal de esteio 2- parana se destaca morfologicamente e funcionlmente tanto em quantidade como em qualidade em esteio 3- criadores se preparam para o inicio da temporada de monta 4- sucesso o crioulaço de palmas 5- concentração e con? rmação de animais na copa de laçao supera as expectativas em quantidade e qualidade 6- na proxima edição os campeoes do freio de ouro e os campeoes da morfologia. Curiosidade Qual o premio do freio de ouro O premio do freio de ouro na realidade é apenas simbolico, ou seja o criador ganha um freio banhado em ouro e mais um freio para lapela, o qual pode indica-lo como um campeão da prova, mas o verdadeiro premio do freio de ouro, é a realização como criador e tambem a valorização de seu garanhão e tambem a valorização de seus ? lhos e suas coberturas.

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Culinária

RABADA AO VINHO TINTO INGREDIENTES: 2 colheres (sopa) de azeite de oliva 2 dentes de alho amassados 1 cebola picada 2 tomates (sem pele) picados 1/2 xícara (chá) de vinho tinto seco 1 tablete de caldo de carne 3 colheres (sopa) de salsinha picada sal e pimenta-vermelha a gosto 1kg de rabada de boi cortada pelas juntas 2 colheres (sopa) de óleo 4 dentes de alho amassados 2 folhas de louro MODO DE PREPARO: Em uma panela grande coloque a rabada e cubra com água. Deixe ferver por 10 minutos para retirar o excesso de gordura. Escorra a água e reserve. Em uma panela de pressão grande, aqueça o óleo e doure o alho. Acrescente a rabada, o louro e 1 litro de água fervente. Deixe cozinhar por 40 minutos ou até que a carne esteja macia, mas sem soltar do osso. Se for necessário, acrescente mais água. Escorra toda a água e reserve. Molho: em uma panela, aqueça o azeite e doure o alho e a cebola. Junte os tomates, o vinho e o tablete de carne e cozinhe por cerca de 10 minutos. Coloque a rabada no molho e cozinhe por mais 10 minutos. Salpique com a salsinha, coloque em um refratário e sirva em seguida. A rabada pode ser servida sozinha ou com algum acompanhamento, como macarrão ou polenta.

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Matéria de Capa

40 ANOS DE ESTRADA. MUITO SUCESSO!!! Por Ari Ignacio de Lima Fotos: Flavio Bertan

a região Sudoeste do Paraná e em tantas outras do país, quando se fala em animação de fandango de qualidade, logo vem à mente o grupo musical Os Monarcas. O conjunto da música regional gaúcha, que completa 40 anos de estrada por várias querências do Brasil e do mundo agora em 2011, pode resumir o sucesso pela vendagem dos mais de trinta discos, sete deles de ouro,além de dezenas de homenagens e reconhecimentos pelo sucesso alcançado nestas quatro décadas.

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À frente deste verdadeiro símbolo da música autêntica está Nésio Alves Corrêa, o Gildinho, como é conhecido por esse país afora. É ? lho de Soledade -RS, onde nasceu no dia 18 de janeiro de 1942, numa família humilde e numerosa. “ Éramos em oito irmãos, cinco homens e três mulheres”, conta. Desde guri, Gildinho demonstrava vocação para carreira artística. A infância vivida na lida campeira forjou um homem determinado em seus objetivos. “Fiz um pouco de tudo, trabalhei na roça, andei a cavalo, quando vi os gaiteiros da época

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se está preparando alguém para levar adiante o projeto dos Monarcas em seu lugar, diante de uma aposentadoria, é enfático: “Ainda não pensei nessa possibilidade de parar, quero continuar tocando enquanto der”.

tocar”, recorda. Herdou a personalidade forte e vocação para a música do pai que foi acordeonista e animador de bailes nas redondezas. Seguindo na mesma trilha, desde os 15 anos já tocava nos autênticos e saudosos bailes de candeeiro. Mas, se por um lado o pai representou o espelho para o guri, por outro, foi motivo de preocupação para a família, principalmente para a mãe. “A mãe não queria que nenhum dos ? lhos fosse músico, porque o pai faleceu muito cedo. Muitos achavam que era doença por ter tocado muitos bailes de chão batido”, explica. Aos 19 anos, boleou a perna para outras paragens. Bandeou-se para a querência de Erechim-RS, onde, dois anos mais tarde, iniciou como apresentador do programa “Amanhecer no Rio Grande” na rádio Difusão. A nova função ampliou o horizonte do pro? ssional músico. Passou a animar bailes por toda a região. Três anos depois, isso foi lá em 1966, foi convidado para apresentar o programa “Assim Canta o Rio Grande” na rádio Erechim, onde permaneceu até 1984. Ao ser questionado sobre esses 17 anos como radialista, não esconde a importância dessa experiência.“Ajudou muito na divulgação e projeção do meu trabalho”,reconhece. Ao ser perguntado se não fosse músico, que outra pro? ssão teria seguido, não fez rodeios e respondeu: “Nasci pra ser gaiteiro, não sei o que seria”. E diante do questionamento

Formar um grupo que hoje é reconhecido dentro e fora do país não era um objetivo ? xo. Isso foi acontecendo aos poucos. “Aconteceu no decorrer da carreira”, detalha. Antes, Gildinho teve dupla com o irmão caçula, o Chiquito, que seguiu os passos do mano mais velho e foi para Erechim, em 1967. A dupla que cantava as coisas do rincão foi o embrião do que mais tarde se transformaria no conjunto Os Monarcas. Mas foi necessário muito empenho e dedicação para superar as di? culdades e vencer os momentos difíceis, como revela o próprio site do conjunto: “....durante alguns anos penaram trabalhando exclusivamente em pequenos bailes na região do Alto Uruguai, apresentando o programa ‘Assim Canta o Rio Grande’ e estudando acordeom na Escola de Belas Artes...” . Em 1969, a dupla “Gildinho e Chiquito” gravou o seu primeiro trabalho. O projeto inicial era para LP, mas acabou num compacto duplo, o que para eles, segundo registro do site dos Monarcas,“...foi uma decepção e hoje é amarga lembrança de um tempo em que a música gaúcha encontrava caminhos pouco acolhedores para sua expansão”. O início dos Monarcas deu-se em1972, mas foi em 1976 que somaram-se à Gildinho e Chiquito três grandes músicos: João Argenir dos Santos - guitarra, Luiz Carlos Lanfredi - contra-baixo, e Nelson Falkembach – bateria. Efetivamente nascia de fato o grupo Os Monarcas, que tem até hoje a base da formação inicial.

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para Dançar” que também proporcionou ao conjunto indicação ao Prêmio Sharp. Na opinião da crítica especializada, no ano de 1996, OS MONARCAS foram os melhores na animação de bailes do sul do país. No último Acorde, neste ano, o conjunto ganhou, com o CD Rodeio da Vida, o troféu de melhor disco do ano, com destaque para a originalidade. Em 1997, recebeu o troféu “Laçador”, como o melhor conjunto de animação de bailes do Rio Grande do Sul. Neste mesmo ano recebeu o Troféu de Melhor Conjunto de Música Regionalista. Dois anos mais tarde, o talento dos músicos que resultou na harmonia que é uma das marcas registrados do grupo, levou-os à gravação do primeiro disco do conjunto: O Valentão Bombachudo. Foi o principio de uma série de trabalhos gravados pela Warner/Continental e que conquistaram admiradores em todo o território nacional e além fronteiras. Foi um sucesso atrás do outro. E mais talentos somaram-se aos Monarcas. De acordo com o histórico o? cial, foi no oitavo disco que estreou a voz de Ivan Vargas, o atual vocalista do grupo, integrado à equipe desde 1985. Em 1990, para substituir o Chiquito - que se desvinculou dos MONARCAS para fundar o grupo “Chiquito e Bordoneio” -, juntou-se ao grupo o talento de “Varguinhas”, excelente acordeonista que tem dado um brilho especial aos fandangos animados pelos MONARCAS. E em 1992, passou a integrar o grupo com sua habilidade na gaita-ponto, o premiadíssimo instrumentista, Chico Brasil, ganhador de vários troféus (mais de 40) nos rodeios que participou. O resultado de tanta qualidade nos discos e nos palcos não poderia ser outro. O reconhecimento veio através dos fandangos cheios e dos mais variados prêmios recebidos ao longo dos 40 anos de carreira.

Em 1999, ocorreu a mudança de gravadora, da CHANTECLER para a ACIT, com a gravação do 1º CD pela nova gravadora: “Locomotiva Campeira”. Foi nesta época que entrou para o grupo o percussionista Vanc lei da Rocha, “...com toda alegria da juventude, agradando ainda mais os fandangos por este Brasil a fora”, como está registrado na pagina dos Monarcas na Rede Mundial. Com a conquista de espaço no cenário musical, naturalmente os horizontes foram se ampliando. Em 2000, o conjunto se apresentou num dos maiores programas de TV - O “Ratinho”-, cantando Coisa Irritante do CD “No Tranco dos Monarcas”. Além da qualidade inerente aos seus integrantes, os bons contatos são importantes. “A amizade com a produção do programa e do próprio Ratinho, fez com que as portas se abrissem”, realça Gildinho que acredita que só faltam novas oportunidades para a música do sul conquistar ainda mais espaço: “Quem sabe se um dia, se tivermos mais espaço na mídia nacional, a música gaúcha poderá acontecer”. No ano de 2001 foram publicados dois

O 11ª CD, instituído “Cheiro de Galpão”, foi um marco no cenário musical. Segundo pesquisa editada pelo jornal TOPSON (Cone Empresa Jornalística Ltda), o referido disco foi campeão de vendas no Brasil, dentre os álbuns regionais lançados, vendagem que rendeu ao grupo, em 1992, o 1º Disco de Ouro. O2º Disco de Ouro veio com o CD “Eu vim 48

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Neste mesmo ano, mais dois momentos importantes: a participação no PROGRAMA RAUL GIL e no reconhecido e disputado RODEIO DE BARRETOS-SP, na “NOITE DA VANERRA” , uma experiência que marcou todos os integrantes do conjunto. Ainda em 2005, Os Monarcas receberam do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria de Estado da Cultura, o TROFÉU CULTURA GAÚCHA, na categoria destaque musical.

importantes trabalhos: o CD “A Gaita dos Monarcas”, e a regravação de 23 grandes sucessos no CD 30 anos de estrada dos Monarcas. Em março de 2002, um dos prêmios mais esperados, se tornou realidade. Foi durante a 11ª edição “Prêmio Açoriano de Música”da Prefeitura de Porto Alegre em conjunto com a Secretaria Municipal da Cultura, na categoria de melhor grupo da música regionalista do Estado. O selo “ISO TCHÊ”, veio para con? rmar a qualidade e autenticidade em tudo o que os Monarcas realizam. No início de 2003, podemos prestigiar o novo CD “Alma de Pampa”, o 22º da carreira. Ainda em 2003, foram vendidas cem mil cópias do trabalho “Os Monarcas – 30 anos de Estrada”, tiragem que rendeu o terceiro disco de ouro. Já no início de 2004, veio à indicação ao Prêmio TIM DE MÚSICA. OS MONARCAS ? caram entre os três ? nalistas de todo o Brasil, na categoria grupo regionalista. O CD “Só Sucessos”, lançado naquele ano tem muitas canções lindas, mas o destaque foi mesmo “O VENTO”, que agradou e continua agradando a todos. A música proporcionou mais um disco de ouro. “Eu principalmente sempre apostei nessa canção”, destaca Gildinho. A canção foi passada para os Monarcas pelo compositor num programa de TV apresentado pela cantora Enesita Barroso.

Quando dissemos anteriormente que Os Monarcas conquistaram o País e fãs além fronteiras, é porque o conjunto tradicionalista gaúcho fez um tour pelos EUA em maio de 2006, oportunidade que mostraram para os Norte-Americanos a música tradicionalista do sul do Brasil, como descreve a história o? cial no site do grupo: “As apresentações em Revere (Boston) no Clube Lido, e no CTG Distante da Minha Terra em Newark (Nova Jersey), foram um sucesso! O público dançou ao som fandangueiro dos MONARCAS”. Para os músicos do grupo foi um momento especial na vida deles, pois o tour em terras americanas trouxe mais respeito. “Foi bom porque o povo começou a ver Os Monarcas de uma maneira mais pro? ssional”, destaca Gildinho. No mês de novembro de 2010 o grupo Os Monarcas conquistou mais um troféu, o seu primeiro DVD de Ouro, muito comemorado porque ajudou o grupo a se projetar, como nos conta o lider Gildinho: “Ajudou muito a alavancar a carreira e nos projetou nacionalmente”. Em Dezembro, o Grupo recebeu o premio Vitor Mateus Teixeira, como melhor grupo de baile, e o Chico Brasil ganhou como melhor instrumentista do ano. Com a humildade de quem sabe o que faz, o Gildinho não faz distinção sobre a importância dos prêmios. “Toda

Em abril de 2005, OS MONARCAS receberam mais um Prêmio de PERSONALIDADE REGIONAL - TROFÉU LUCAS VEZZARO - no Clube do Comércio em Erechim. Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011

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conquista por menor que seja não desprezo e assim eu prezo tudo que a gaita me deu”. A aposta no trabalho mais recente, lançado agora em 2011 é na música titulo: “Cantar é coisa de Deus”. Pelo retorno que o grupo tem recebido será mais um grande sucesso. “Se alcançar o mesmo sucesso que teve ‘O Vento’, será muito bom!”, pondera Gildinho. Como em qualquer outra associação, entidade ou empresa, há divergências comuns, corriqueiras do cotidiano, que logo são superadas. Mas há no grupo uma divisão que não tem como solucionar. É que os gaiteiros, por coincidência, são gremistas e os demais integrantes são colorados. Brincadeiras à parte, a integração deles ? ca evidente na formação do conjunto. Teve poucas mudanças em seu quadro de músicos, instrumentistas e vocalistas. É praticamente a mesma há muitos anos. Qual o segredo dessa virtude??? A explicação, segundo seu líder, é simples: “Isso é coisa de Deus. Os que entraram depois do Varguinhas que substituiu o Chiquito, são Chico Brasil, Vanclei e Tiago Machado”. E já que essa constância é atribuída a Deus, lhe perguntamos o que representa, então, o Criador para o Grupo? “Ele é nosso Ser Maior. Sempre nos protege e nos dá inspiração para a música”, realça. Neste período, está sendo produzido um ? lme sobre a carreira do conjunto. “O ? lme relata parte

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da história dos Monarcas. A verdade sobre a carreira”, adianta. Percebe-se que, ao relatar alguns fatos da carreira dos Monarcas, está sendo transcrita para essas páginas a história da própria evolução e divulgação da música regionalista gaúcha. São fatos históricos que sofrem simbioses, que se confundem. Com um ritmo de conotação alegre, fandangueiro, Os Monarcas evoluíram, mas não deixaram a autenticidade inerente à música regionalista gaúcha. Ao ser questionado sobre os conjuntos ou cantores gaúchos que mudaram o estilo para conquistar outros horizontes, Gildinho não faz criticas, entende que o universo musical é amplo.“Opção de cada um. A música não tem fronteiras”, pondera. São 40 anos de estrada pelas querências desse mundo de DEUS, numa efetiva produção cultural na defesa do tradicionalismo e da musica regionalista do sul do País, trabalho materializado nos 35 CDs,com os duplos e individuais do líder Gildinho, e um DVD. O segundo será gravado no dia 12 de novembro em Erechim, terra do conjunto que conquistou o coração de quem gosta da boa musica gaúcha. Terá grandes sucessos da historia dos Monarcas.

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INTEGRANTES - OS MONARCAS

Nesio Alves Correa, o popular Gildinho - naceu em Soledade-RS, no dia 18 de janeiro de 1942. “Vocês merecem todo o carinho, gratidão e respeito. E é isso que eu mais tenho por todos vocês. Deus abençoe `a todos.”

João Agenir dos Santos – Nasceu no dia 20 de julho de 1954 em Passo Fundo – RS. “Que a vida pareça uma canção harmônica, melódica e ritmada. “

Luis Carlos Lanfredi – Nasceu no dia 20 de junho de 1958 no município de Sertão no Rio Grande do Sul. “Voces são a razão de nosso sucesso, nossa alegria e força para continuar. Deus abençoe vocês.“

Nelson Edi Falkembach – Nasceu no dia 29 de março de 1943 em Soledade – RS. “Vocês são a razão de nosso sucesso. Continuem assim. “

Ivan Costa Vargas - Nasceu no dia 2 de outubro de 1954 em Cruz Alta no Rio Grande do Sul.“Que Deus dê em dobro tudo o que eles me desejam. “ “ Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011

Leonir Vargas – Nascido em onze de agosto de 1969, na cidade de Irani em Santa Catarina. “Tudo o que ? zeres com amor, serás feliz. “ 51


Francisco de Assis Brasil – Nascido no dia oito de outubro de 1974 em Porto Alegre, capital gaúcha. “Sou e sempre serei eternamente grato a todos pelo carinho recebido.“

Vanclei Jairo da Rocha – Nascido no dia seis de novembro de 1971 em Piraquara – PR. “Vocês são fundamentais para nosso sucesso. Muito obrigado por tudo. “

Tiago Machado – Nasceu no primeiro de junho de 1965, em Caxias do Sul - RS

DISCOGRAFIA - OS MONARCAS - Os Trovadores do Sul – (Embrião – 1969)

- Os Monarcas – 1992

- Os 16 grandes sucessos de Os Monarcas - 2003

- Galão em Festa – 1974

- Eu vim aqui para dançar – 1994

- Só Sucessos – 2004

- Gaúcho divertido – 1976

- Rodeio da vida – 1995

- Série duplo pra você – 2005

- O Valentão de Bombacha – 1978

- Dose Dupla Volume I – 1996

- Os Sucessos do Grupo Os Monarcas – 2005

- Isso é Rio Grande – 1980

- Dose Dupla Volume II – 1996

- Recordando o tempo antigo – 2006

- Grito de Bravos – 1982

- Os Sucessos do Grupo Os Monarcas – 1996

- Os Monarcas ao vivo – 2007

- Rancho sem tramela – 1985

- Do Rio Grande Antigo – 1997

- Gildinho: simples como a vida – 2007

- Chamamento - 1986

- Locomotiva Campeira – 1999

- A Marca do Rio Grande – 2008

- Fandangueando – 1988

- No Tranco dos Monarcas – 2000

- Os Monarcas Interpretam João Alberto Preto – 2009

- Do Sul para o Brasil – 1989

- 30 anos de Estrada – 2001

- Gildinho: meu desenho – 2010

- O Melhor de Os Monarcas – 1990

- A gaita gaúcha dos Monarcas – 2002

- Cantar é coisa de Deus - 2011

- Cheiro de Galpão - 1991

- Alma de Pampa – 2003

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PETRYCOSKI RECEBE LÁUREA HONRA AO MÉRITO DA FIEP, EM CURITIBA “O Cláudio Petrycoski é uma liderança nata. Um empresário arrojado, idealista e amplamente integrado aos desa? os de sua comunidade e diretamente presente na história da Federação das Indústrias do Estado do Paraná e do meio industrial no país”. Palavras do presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures durante a entrega da Láurea Honra ao Mérito 2011, da Fiep, num dos eventos mais prestigiados do ano no Paraná por lideranças políticas e empresariais, no dia 18 de agosto. Petrycoski que preside a Atlas Eletrodomésticos – uma das três maiores indústrias de fogões a gás do Brasil - agradeceu o reconhecimento e compartilhou a homenagem com dirigentes da Empresa e da Fogões Petrycoski (Indústria de fogões a lenha que originou a Atlas), colaboradores internos, clientes, fornecedores e as comunidades de Pato Branco, Coronel Vivida e região. Evidenciou o fundamental apoio dos familiares ? lhos, noras, genros, netinhas e da companheira, hoje sócia, Cecília na conquista do sucesso na atividade empresarial e, inclusive, na atuação de liderança como vice-presidente do Sistema Fiep, coordenador Regional da Fiep/Pato Branco; vice-presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Sudoeste e presidente do Fórum de Desenvolvimento de Pato Branco.

O homenageado ressalta que “o sucesso alcançado tem o esforço de muita gente que de uma ou outra forma colaborou nas conquistas ao longo da história da empresa que completou, em 2010, 60 anos de atividades tendo como fundadores meus pais Theóphilo (Em memória) e Maria Luisa Petrycoski (Em memória). Também agradeço aos meus irmãos, Irani Petrycoski (Em memória) e Valdir Petrycoski, que atualmente preside da Fogões Petrycoski e ao primo Marcelino Petrycoski. A Atlas Eletrodomésticos produz fogões para o Brasil e o exterior. É a primeira indústria do país a obter conceituação máxima na primeira avaliação técnica do Inmetro/Conpet nos quesitos economia e segurança. Investe em novas tecnologias, metodologias de produção e numa competitiva rede de distribuição e assistência técnica nacional. São produtos que unem qualidade, designe e economia em consumo de gás e no valor ? nal de compra. Também receberam a Láurea duas personalidades nacionalmente conhecidas: o exministro e deputado Federal, Reinhold Stephanes; e o senador Armando Monteiro Neto, com uma história no comando da Confederação Nacional da Indústria – CNI.


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Ao pé do Fogo

Por Dimitri

O LEÃO BAIO

Faca na bota, melhor de? niria Don Cezimbra. Era homem de pausadas prosas, roncantes mates e sequentes tragos homem só, com sua valentia incontestada. Tinha aquele jeito de quem está sempre pressentindo o perigo. Um dia como qualquer outro dia, Don Cezimbra voltava pela estrada vicinal na direção das Palmas quando se deram os fatos narrados nos pormenores.

gauiaca(4) só encontrou a virilheira de picar fumo. O combatente desceu do cavalo, atou as rédeas num galho de uma corunilha, chuleando o famigerado, e ? caram os dois, frente a frente, como bandido e mocinho nos velhos faroestes, foi quando Don Cezimbra olhou para o céu e deu o “brado retumbante”:

O sol já se espreguiçava, cansado de vagabundear pela relva, quando o campeiro passou pela fazenda do Severino Collares. “Os moirões per? lavam-se campo afora e eram como gente parada, quieta, escutando o silêncio grande da solidão.”

(O resultado desta peleia tá exposto na sala do Don Cezimbra, se não acredita veja na foto.) (1) malacara- cavalo com uma mancha branca na cara (2) purinha - cachaça sem adereços ou mistura. (3) taura gaúcho valente, arrojado (4) guaiaca - pequena bolsa que adere ao cinturão.

- Deus, se tu estás com o leão, faça com que ele devore primeiro a minha cabeça. Não quero assistir a essa comilança. Se estás comigo, que eu acerte essa lâmina no sangradouro do bicho-fera. Agora, se não estás com nenhum dos dois, senta naquela pedrinha ali e te prepara para assistir a uma das peleias mais tinhosas que já aconteceram por estes matos.

A montaria era do mais alto gabarito e intimidade, uma malacara(1) que já conhecia o rumo das casas por conta própria. Cavalheiro criado no lombo dos cavalos, iam a trote, animal e homem, uma coisa só. Não havia aquele saracoteado dos artistas de novela. A viagem ia tranqüila, uma purinha(2) no bolso e rédeas nas mãos. Mas de repente, o malacara se empina e relincha com denúncias de estripulia. Faiscando nas moitas os olhos do leão baio. Um arrepio subiu das pernas ao espinhaço do guerreiro.

Texto de Luiz Coronel

- Se disparo, o bicho janta a anca da montaria e come a minha perna de sobremesa, pensou o taura. (3) Então era enfrentar o bicho. Com movimentos calmos, olhos nos olhos, Don Cezimbra levou à mão a cintura em busca do boca de fogo. E nada do trintoitão. Quem sabe a faca de cabo de prata? na 56

Puma - Museu do Homem de Sambaqui.

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Acordes do Campo

Gildo de Freitas, “o Trovador dos Pampas” Por Cleverson Ramão Marques Pinto

H

oje lembraremos de um dos grandes personagens da música regional gaúcha e que deixou a sua passagem marcada para sempre na memória de todos os gaúchos. “Gildo de Freitas, o Trovador dos Pampas”. Ídolo de muitos de nossos companheiros tradicionalistas, criador de um estilo, o trovador Gildo de Freitas, tem o seu nome obrigatoriamente lembrado em qualquer conversa sobre trova ou sobre o cancioneiro do Rio Grande do Sul. Gildo nasceu em 19 de junho de 1919, ás margens de estrada de chão batido, que em 1919 era principal ligação entre Porto Alegre e o Litoral Norte,no Bairro Passo D’Areia então zona rural de Porto Alegre. Certa vez descobriu uma cancha de carreira em Canoas e se ofereceu para cuidar dos Cavalos e depois para cantar e tocar gaita. Em 1964 viaja a São Paulo para gravar o primeiro Lp, “Gildo de Freitas o Trovador dos Pampas” com clássicos como Acordeona , Baile do Chico Torto, História dos Passarinhos, e que jeito tem a mariana. Porem a música que marcou sua carreira foi “Eu reconheço que sou um grosso.” Talvez a geração mais nova não tenha tido contato direto com as músicas desse excelente trovador que, em sua época, rivalizava taco-a-taco em popularidade com Teixeirinha. Ambos se apresentavam JUNTOS por todo o país e até criaram polêmica em seus discos, onde um respondia a provocações do outro. Gildo morreu em 4 de dezembro de 1982 e foi sepultado dia 6 dezembro em Viamão . Curiosidade: Dia 4 de Dezembro, que também foi a data da morte de Teixeirinha em 1985, foi declarado DIA DO POETA REPENTISTA GAÚCHO e do ARTISTA REGIONAL GAÚCHO. E seus patronos Gildo de Freitas e Teixeirinha 58

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Gildo de Freitas


Eu reconheço que sou um grosso E B7 E

B7 Me chamam de grosso eu não tiro a razão eu reconheço a minha grossura E Porém sei tratar a qualquer cidadão até representa que eu tenho cultura E7 A Eu aprendi na escola do mundo não fui falquejado em bancos colegiais E B7 E Eu não tive tempo de ser vagabundo porque quem trabalha vergonha não faz (Int) B7 Eu trabalhava ajudava meus pais sempre levei a vida de peão E Porque no tempo que eu era rapaz qualquer serviço era diversão E7 A Lidava no campo cantando com os bichos porque pra cantar eu trouxe vocação E B7 E Por isso até hoje eu tenho por capricho de conservar a nossa tradição (Int.) B7 Eu aprendi a dançar aos domingos sentindo o cheiro do pó do galpão E Pedia licença apeava do pingo e dizia adeus assim de mão em mão E7 A E quem conhece meu sistema antigo reclamem por carta se eu estou mentindo E B7 E São documentos que eu trago comigo por que o respeito eu acho muito lindo (Int.) B7 Minha sociedade é meu CTG porque lá existe a dignidade E E não se confunde eu explico por que os trajes da moças não são a vontade E7 A E se por acaso um perverso sujeito querer fazer uso e abuso de agora E B7 E Já entra o machismo impondo respeito e arranco o perverso em seguida pra fora (Int.) B7 Ó mocidade associem com a gente vá no CTG e leve um documento E Vão ver de perto que dança decente e que sociedade de bons casamentos E7 A Vá ver a pureza vá ver alegria vá ver o respeito dessa sociedade E B7 E Vá ver o encanto das belas gurias que possam gerar uma felicidade (Int.) Dica do Colunista: Bueno indiada, esta musica é bem fácil,o ritmo e valsa (uma batida pra baixo e duas pra cima),caso seja necessário baixe o tom para se adequar a sua voz. Gracias a todos. Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011

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Poemas e Payadas

Reverência a História Riograndense

E

Este mês nossa coluna POEMAS E PAYADAS trará um pouco sobre a semana Farroupilha, movimento revolucionário que mobilizou milhares de pessoas na defesa de seus direitos que, segundo os líderes, estavam sendo desrespeitados pelos governos. Dia 20 de setembro, dia do a gaúcho, é um marco da história e da formação política da sociedade rio-grandense. E foi transformada em feriado, por decisão da Assembléia Legislativa, a partir de Lei aprovada no Congresso Nacional, em 1996. Esta semana, a Chama Crioula foi acesa em vários pontos do Estado, dando continuidade às comemorações da Semana Farroupilha que iniciaram na quinta-feira, dia 13, e se estenderam até o dia 20.

História O Movimento Tradicionalista do Rio Grande do Sul surgiu no ano de 1947, a partir da criação do Departamento Tradicionalista, organizado por estudantes da famosa Escola Pública Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, liderado por João Carlos Paixão Cortes. A visibilidade maior do movimento está na capital gaúcha onde, neste período, se ergue, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, entre prédios residenciais e públicos, uma espécie de vila, com cerca de 400 barracas e galpões de madeira, denominada “Ronda Crioula”. O nome Ronda Crioula veio da campanha, onde, quando se cuida do gado nas tropeadas, os gaúchos ? cam sempre em redor deles, cantarolando, assobiando e tocando violão. É assim que faziam no passado para acalmar os bois. Um fogo, aceso a certa distância do gado,

? ca igualmente rodeado de gaúchos que esperam para fazer a sua ronda, ou seja, vão substituir os companheiros que estão observando o gado. Completando 54 anos, desde 1947 a Ronda Crioula reúne integrantes de CTGs - Centros de Tradições Gaúchas, piquetes e milhares de pessoas, que visitam o local, e celebram a data, ao redor do fogo de chão, com churrasco e chimarrão, poesia, música e dança, relembrando a história e contando causos. Como ponto máximo, encerrando as comemorações, os des? les a cavalo ou em charretes reúnem, em todo o Estado, milhares de gaúchos, trajando as vestimentas típicas - os homens: bombachas, botas, lenços e chapéus de aba larga; as mulheres: vestidos de prenda, rodados e coloridos, e com belas ? ores nos cabelos. Em clima de união, de clamor cívico e consciência viva, os gaúchos dão uma profunda demonstração de igualdade, integração do campo e da cidade e de respeito a sua história, reverenciando seus antecedentes, unindo gerações e etnias.

Revolução Farroupilha A Revolução Farroupilha, iniciada em 20 de setembro de 1835, envolveu sucessivos combates. Segundo os historiadores, cerca de 20 mil homens e mulheres em luta, resultando na morte heróica de aproximadamente 3.500 pessoas, em sua maioria, revolucionários. Naquele dia, liderando homens armados, Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre pela Ponte da Azenha. A data e o fato ? caram registrados na história dos sul-rio-grandenses como o início da Revolução Farroupilha. Com esse movimento revolucionário,

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Unindo e mobilizando os farrapos, sob a liderança de homens e mulheres do porte de Bento Gonçalves, Giuseppe Garibaldi, David Canabarro, Antônio da Silva Neto, Domingos Crescêncio e Anita Garibaldi, estava o sentimento de rebeldia contra a centralização do Poder Federal, que se manifestava, de forma especial, na espoliação econômica da região. Entre as principais causas do levante, estavam a penalização dos produtos agropecuários(caso do charque citado anteriormente) e a expropriação e desvio dos recursos acumulados no Estado, até mesmo para pagar dívidas federais junto à Inglaterra. que teve duração de cerca de de dez dez anos anos ee mostrava mostrava como pano de fundo os ideais liberais, federalistas e republicanos, foi proclamada a República Rio-Grandense, instalando-se na cidade de Piratini a sua capital. Desde o século XVII o Rio Grande do Sul já sediava disputas entre portugueses e espanhóis. Para as lideranças locais, o término dessas disputas mereciam, do governo central, o incentivo ao crescimento econômico do Sul, como ressarcimemto às gerações de famílias que lutaram e defenderam o país. Além de isso não ocorrer, o governo central passou a cobrar pesadas taxas sobre os produtos do Rio Grande do Sul. Charque, couros e erva-mate, por exemplo, passaram a ter cobrança de altos impostos. Além de elevar a carga tributária do charque gaúcho, o governo dava incentivos para a importação do produto do Uruguai e Argentina. Já o sal, insumo básico para a preparação do charque, passou a ter taxa de importação considerada abusiva, agravando o quadro. Esses fatores, somados, geram a revolta da elite sul-riograndense, culminando em 20 de setembro de 1835, com Porto Alegre sendo invadida pelos rebeldes enquanto o presidente da província, Fernando Braga, fugia do Rio Grande.

Aos poucos, foram aparecendo os frutos da mobilização revolucionária. Em 1837 e 1838, libertaram os escravos, que haviam participado da revolução; reduziram os impostos sobre exportação e restabeleceram o imposto sobre importação de gado; criaram uma fábrica de arreios e outra de curtir couros e promoveram o recenseamento da população. Ainda, dentre as medidas mais importantes, institui-se a Assembléia Constituinte e o sistema eleitoral baseado no sufrágio universal, com voto obrigatório e apuração perante o povo reunido. Mas, além disso, a Revolução Farroupilha transformou-se em um momento de construção e a? rmação dos princípios sociais, políticos, econômicos, culturais, e, talvez, principalmente ideológicos, que orientam a sociedade gaúcha até hoje. Apesar da guerra, do ataque constante do poder imperial, os rebeldes farrapos mantiveram a atividade econômica, desenvolveram as estruturas de poder, tanto civil quanto militar, e introduziram revolucionárias práticas democráticas. Fontes: http://www.vivernocampo.com.br/tradicoes/sema_farr2.htm http://www.semanafarroupilha.com.br/

As comemorações do Movimento Farroupilha, que até 1994 restringiam-se ao ponto facultativo nas repartições públicas estaduais e ao feriado municipal em algumas cidades do Interior, ganharam mais um incentivo a partir do ano 1995. De? nida pela Constituição Estadual com a data magna do Estado, o dia 20 de setembro passou a ser feriado. O decreto estadual 36.180/95, amparado na lei federal 9.093/95, de autoria do deputado federal Jarbas Lima (PPB/RS), especi? ca que “a data magna ? xada em lei pelos estados federados é feriado civil”. Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011

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Retrato do mês

Colorados cumprem aposta e puxam gremistas em carroça agrícola Um grupo de torcedores do Grêmio e do Internacional, amigos que frequentam a sauna no Grêmio Industrial Patobranquense, em Pato Branco, fez a seguinte aposta: os torcedores do clube que perdesse o último clássico iriam puxar os do time que vencesse o jogo. Como os tricolores gaúchos se deram melhor no clássico do Olímpico, tiveram o direito adquirido de ir encima da carroça. A aposta deveria ter sido paga no dia do jogo, 28.08.11, mas como o local escolhido, a Avenida Tupi, na região dos postos Patinho e Tigrão que aos domingos ? ca cheio de jovens, geralmente envolvidos com bebidas alcoólicas, os desa? antes preferiram realizar o passeio histórico com a carroça no domingo seguinte, dia 04.09.11. O fato chamou a atenção. Muitos que passavam pela avenida no domingo pela manhã pararam para tirar foto e ? lmar. O feito foi enviado para a internet já com milhares de acesso. O pagamento da aposta também foi notícia na TV Sudoeste – REDE TV.


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Saúde Animal

HABRONEMOSE CUTÂNEA A habronemose cutâ-nea é causada por larvas do nematóide Habronema spp. que parasita equinos e asininos. O ciclo evolutivo do Habronema é indireto, usando como vetor a mosca doméstica Musca (Muscadomestica) (Musca domesticae a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans. )

Ciclo Evolutivo Os ovos larvados nas fezes são ingeridos por larvas de moscas, sendo assim as próprias moscas adultas depositam as larvas infectantes sobre a pele gerando a lesão. Sintomas. As lesões aparecem em locais comuns onde o cavalo não consegue remover as moscas. A lesão começa como pequenas pápulas com centro erodido. O desenvolvimento é rápido e as lesões podem atingir 30 cm de diâmetro em poucos meses. No início ocorre prurido intenso e isso pode levar ao autotraumatismo. Em seguida temos um granuloma castanho avermelhado não cicatrizante. Mais tarde a lesão pode se tornar ? brosa e inativa.

Diagnóstico A habronemose cutânea pode ser facilmente diagnosticada pelo encontro e identi? cação de larvas em raspado de pele ou biópsia da lesão.

Tratamento

o

O tratamento visa quatro objetivos: redução das dimensões das lesões, redução da in? amação associada às lesões, eliminação do parasita adulto do estômago e redução das populações de vetores. O tratamento e associação de medicamentos sistêmicos e tópicos.

Controle Evitar que o animal se machuque cobrir feridas abertas, Controle dos vetores e uso de repelentes em feridas abertas.

MASTITE Por diversas vezes ouvimos: “É melhor prevenir do que remediar”. Este ditado é empregado para várias situações, mas no caso da MASTITE, a melhor forma de diminuir os prejuízos devido a esta infecção é realmente PREVENIR. A mastite é uma in? amação da glândula mamária causada por microrganismos, sendo mais comum pelas bactérias. Atinge o úbere e até os tetos, é importante devido à grande manifestação de casos clínicos e também por infecções que não são vistas a olho nu, conhecidas como mastite subclínica.

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A ausência ou a precariedade nos métodos de prevenção especí? cos da mastite é o maior agravante para o alastramento dos casos, por isso é necessária a aplicação de vacinas e cuidados na hora da ordenha, principalmente a secagem dos tetos e a aplicação de pré-dipping e pós-dipping. Esta é uma doença de manejo, quando ocorre o aumento nos casos de mastite signi? ca que algumas ações dentro no manejo estão sendo executadas de forma incorreta. É necessário trabalhar para preveni-la, pois é uma doença capaz de surgir repentinamente e comprometer a lactação do animal. Um correto manejo de vacas secas é essencial para a saúde da glândula mamária, 60 dias antes de parir as vacas devem ser retiradas da ordenha e os antibióticos usados próprios para o período seco são capazes de combater a mastite clínica e como subclínica. É importante frisar que o período seco, se não for bem manejado, pode aumentar a incidência de mastite. O uso de linhas de ordenha também constitui uma medida de controle adequada, onde as vacas sadias são ordenhadas primeiro, depois as vacas que já tiveram mastite e foram curadas, e por ultimo as vacas em tratamento.

Uma vez instalada, a mastite se caracteriza pela diminuição na produção e pelo seu difícil tratamento, ocasionado principalmente, pela alta taxa de resistência aos antibióticos. O tipo clínico produz alterações visíveis no úbere e no leite, é diagnosticada principalmente através da caneca de fundo preto na hora da ordenha, a mastite subclínica por sua vez, depende de diagnóstico laboratorial ou pode ser avaliado também através do CMT (California Mastit Test), ou “teste da raquete” como também é conhecido, esse tipo de mastite é importante por “roubar” a produção leiteira, sendo capaz de reduzir em até 40% a mesma. A mastite pode ser classi? cada ainda em ambiental e contagiosa. A mastite ambiental é causada por microrganismos presentes no meio ambiente (solo, água, pasto, cama), representa casos mais agressivos e é de difícil controle. A mastite contagiosa é causada por microrganismos presentes na pele do úbere e nos tetos, são disseminados principalmente através da ordenha, sendo mais fácil de ser controlada.

No tratamento da mastite clínica o animal deve ser afastado da ordenha e deve ser ordenhado após os animais sadios, é importante fazer a ordenha várias vezes por dia e proceder ao uso de antibióticos. Entretanto, mesmo após a cura, ocorre o comprometimento na produção, isso por que a infecção leva a destruição das células que produzem leite e a posterior cicatrização do tecido, levando a diminuição da secreção de leite. Desse modo, os métodos de prevenção e controle da mastite constituem a melhor “arma” contra novos casos, sendo uma questão de sobrevivência nas fazendas leiteiras o manejo de ordenha que garanta a saúde do úbere, visto que a infecção pode limitar a produção e levar a prejuízos devido ao descarte de leite e de animais, aos gastos com medicamentos, com serviços veterinários e com o aumento de mão-de-obra e, em alguns casos, à morte do animal. Fica claro então que prevenir é sim, o melhor remédio.

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A Casco e Braço

COVERÊ Por Prof. Joaquim Osório Ribas Conto escrito por Alvir Riesemberg, na década de 1960, que me foi cedido na época, cujo texto retrata muito bem a paisagem palmense e a história de vida do antigo caingangue. Primeira Parte - COVERÊ “Apoiado a um bastão de cerejeira, o passo tacteante, o peso de cem anos sobre as costas, Coverê, o velho cacique caingangue, recorria às trilhas do Covó, de taba em taba, de povoação em povoação”. Havia muito a vista se lhe fechara em cegueira densa; mas o perpassar o solto da brisa e o murmulhar das frondes anunciavam-lhe o campo ou a mata; o pio da codorna na macega e o gorjeio dos pássaros das ramadas davam-lhe o porte das árvores e a extensão das campinas; o passo, ora plano, ora a subir, ora a descer, assegurava-lhe o relevo do chão; e a lembrança ia combinando as partes na con? guração da paisagem nativa, tantas vezes percorrida e vista. E Coverê ia varando campos e transpondo ? orestas, tão certo na caminhada como se enxergasse ainda. Identi? cava os rios e as cachoeiras pelo rumor das águas, dissociando os tons em espadadas, em cachões, em corredeiras. A bulha deste regato, assim clara, batida em pedras, assim sinuosa, a correr no limpo, ah; se ele a conhecia... E este fragor largo que vem de longe e vai para longe, estirando-se em léguas e léguas, ora em turbilhão soturno, ora num escachoar raso e dilatado, quase morrendo às vezes numa murmuração branda de lago – voz amada da terra nativa, ritmo impetuoso da vida selvagem – ah: este fragor largo... Goio-Covó: Goio-Covó: ... Era o resvalar vertiginoso da igara pelas corredeiras bravias; era o nado violento por águas revoltas, enfrentando a morte; era a luta com a anta e a capivara nos remoinhos espumarentos... Quando se aproximava do Iguaçu o passo se lhe ? rmava, o 66

busto retesava-se, e uma expressão de alegria e da força animava-lhe o rosto encarquilhado. Do alto das lombas ele espraiava o olhar apagado, sentindo, porém, no ar desafogado e leve, a lonjura do horizonte e o ondear vasto das coxilhas. Lembranças do passado iam despertando ao longo das jornadas. Aqui, nesta curva do caminho, um dia, ao entrar no mato, uma onça saltara sobre ele. Recorda, com um sorriso frouxo, onde a própria vaidade já murchara a presteza com que a ? echou no ar, cortando-lhe na gorja o urro ameaçador. Caminhava, o ouvido a colher o sussurro do vento, o bordão de cerejeira a bater o chão, tateando. O sol queimava-lhe a pele. Longe, de quando em quando, um pio de codorna. Sempre o sol a queimar-lhe a pele. Silêncio. Às vezes, o tatalar das folhas de um butiazeiro. Nem um eco. Depois de algum tempo ouviu, a estirar-se sobre uma coxilha, o mugido de uma rês. Uma voz de aboio suou mais distante. Lembrou: foi neste campo que, de uma feita, diante de um bando valente de caigangues (há quantos anos), caiu sobre uma escolta de portugueses afoitos que haviam invadido os seus domínios. Por sinal, um deles desposou uma índia e incorporou-se a sua horda. Ele defendera ardorosamente o chão da tribo. A princípio em guerra sem trégua, assaltando ou reagindo, tenazmente, encarniçadamente. Após o acordo com os brancos, o seu arco possante garantiu o direito dos seus. Agora viviam em paz, sem dúvida. Os gados espalharam-se, numerosos, pelos campos; mas a invasão dos fazendeiros foi, na verdade, uma espoliação total.

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Pouco rendiam agora os seus passos entorpecidos. No entanto, como fora veloz na corrida! Vencia um instante, lanços de mato ou de campo, atrás da caça ou do inimigo. E tinha agilidade e força. Quando moço, ninguém lhe levara a palma. O turumani que fora!

Às vezes detinha-se nas encruzilhadas, captando os ruídos ou medindo o silêncio; depois partia em rota segura.

Caminhava... Agora lhe chegava ao ouvido o rumor de um salto. O tombo imenso a se quebrar na rocha, em estridor alto... O cachão, estrangulado em garganta estreita, a espadanar... As águas a se recomporem em baixo, em corrente mansa... Ali naquelas veigas férteis, entre os bosques aprazíveis, a horda acampara em tempos idos. Dias de sossego e fartura! A caça era copiosa: o peixe era farto: o milho crescia vigoroso, nas roças; o pinhão caía em pencas. O goio-fá corria abundante nas festas... Ele despontava para a vida então. Ensaiava a pontaria no pesado arco de guaiuva e adestrava o corpo no caingiri. Os brancos ainda não haviam chegado. Dias e dias de campos e matas... E tudo pertencia à tribo. Não se brigava por nesgas de chão. Ah! Tempos...

Caminhava... A manhã devia estar dourando a paisagem naquele instante, porque uma carícia de sol envolvia-lhe o corpo. Uma brisa muito suave saía do mato carregada de gorjeios e cheirando a ? or orvalhada. Ao lado, um arroio borbulhava em coleios vivos. Foi ali precisamente, quando foram beber água fresca sobre o lajeado, que, um dia, encontrara Ningá a colher o fruto do butiazeiro. Foi ali precisamente, na orla do mato. Coverê sentou sobre uma pedra e pôs-se a recordar. Foi nu ´a manhã como aquela, de sol macio e de ar cheiroso. A passarada cantava nos ramos. Ele arriara a caça – um pesado tateto – à beira do caminho, e viera refrescar-se na água. Ningá comia fruto do butiazeiro, toda encharcada de orvalho, corada e túmida, ela também uma fruta do O velho cacique era acolhido com veneração em todas as campo deliciosa e fresca. Olhou-o a sorrir... tabas, onde os seus feitos eram relembrados com orgulho. Ele fora um dos valentes da tribo. Quando, após alguns dias de descanso, dispunhaNingá! Ela desabrochava em formosa adolescência, ardente e se para a partida, carinhosamente o alforje. Os fazendeiros olhavam-no estouvada... E ele trazia no sangue o latejar impetuoso de uma juventude com respeito.” brava... Amaram-se com ardor. Mas a bela ? or da coxilha despetalou-se breve, o fruto saboroso partiu-se logo. Ningá morrera ao parir o primeiro Por se tratar de texto longo, para publicação foi dividido em ? lho – ? or tão cheirosa ainda, polpa ainda tão doce... O peito do ancião duas partes. A segunda parte será publicada na próxima edição da intumesceu-se num hausto fundo e prolongado. Revista.

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CAMAQUENSE – ESTA MARCA TEM RAÇA – PELEGO PRETO Muitas vezes eliminadas por fugirem à estética padrão dos rebanhos, atualmente as ovelhas coloridas naturalmente vem sendo selecionadas - com direito até a associação de criadores para abastecer um nicho de mercado que cresce diariamente, o de pelegos pretos, acompanhando a evolução da própria raça Crioula. Foi pensando justamente neste mercado que o exbancário Cláudio Onor Silveira decidiu iniciar, há cerca de 10 anos, uma criação de ovelhas pretas para ofertar pelegos de alta qualidade à grande família crioulista, que atende há mais de duas décadas, produzindo uma linha completa para o cavaleiro e sua montaria através da marca Camaquense. “Em toda a região Sul do Brasil e também no Uruguai o pelego preto predomina nas montarias dos criadores de cavalos Crioulos e até mesmo nas dos peões das estâncias. Entre os ginetes do Freio de Ouro seu uso também é unanimidade”, observa o titular da Cabanha Cambará, localizada em Piratini (RS). Mantendo sempre em torno de 100 a 150 ventres cruzas Merino Australiano e Corriedale, ele explica que só abate, além das fêmeas de descarte, machos de quatro dentes, com cerca de dois anos, obtendo assim um pelego maior e mais quadrado, que se adapta melhor ao lombo do cavalo Crioulo. À sua produção, de cerca de 50 peças/ano, ele acrescenta pelo menos outros 400 pelegos adquiridos junto aos cerca de 15 produtores da Região Sul do Estado - com os quais mantém parceria e também comercializa seus carneiros – e bene? ciados anualmente na cabanha, num processo totalmente artesanal. “Vendo,tranquilamente,450 pelegos pretos por ano,40% deles só na Expointer. É um produto que está sempre em falta”, revela Silveira, adiantando que existe uma lista de espera para a produção que será posta no mercado no ? nal do ano. Além disso, ele conta que tem clientes cativos, até mesmo do Mato Grosso,que estão sempre encomendando novas peças. “E deve aumentar ainda mais a procura por este tipo de produto, pois a raça Crioula também não para de crescer”, projeta o empresário e criador. Após envolver-se com o mundo dos rodeios e do cavalo Crioulo, onde identi? cou um mercado em potencial visto a grande demanda por pelegos que registrou, em 2005, o agropecuarista pedritense Cláudio Fontoura começou a investir em ovelhas pretas de olho neste mercado. As primeiras peças produzidas pela São Pedro PAP foram comercializados facilmente durante a Expointer 2006, sendo que no ano passado elas ? zeram parte da premiação aos dois ginetes vencedores da credenciadora ao Freio de Ouro realizada em Dom Pedrito (RS).

Com 250 matrizes e 80 borregas, o selecionador possui hoje o maior criatório de ovinos com tipicidade Corriedale naturalmente coloridos do país, vendendo carneiros selecionados já há dois anos para os mais diversos municípios gaúchos e até mesmo para criadores de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Recentemente ele optou por diminuir a produção e ofertar ao mercado no máximo 30 peças ao ano, através da marca Pelego Preto. “Agora, ofereço um produto top de linha, feito sob encomenda, conforme as especi? cações do comprador, exclusivo e de alta qualidade”, explica Fontoura, que chega a obter com estas peças uma valorização de até 1000% em relação ao um pelego branco. Segundo ele, os ginetes sempre usaram este tipo de pelego, por diversas razões, entre elas pelo fato de serem mais resistentes e sujarem menos, além do apelo estético, já que possuem uma beleza visual maior. “Minha expectativa é que na próxima ? nal do Freio de Ouro já tenha algum ginete se apresentando com um pelego da minha marca”, adianta Fontoura, lembrando que com o aumento do rebanho de ovinos coloridos naturalmente também houve um incremento na produção de pelegos pretos.“É um nicho de mercado que evoluiu bastante em todo o Rio Grande do Sul”, completa o criador, explicando que, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos Naturalmente Coloridos (ABCONC), o plantel colorido gire entre 1 e 3% de todo o rebanho gaúcho. “Sempre usei pelego preto, pois é uma tradição do gaúcho”, de? ne o ginete Lindor Collares, Freio de Ouro e de Prata em 2010, que mantém uma coleção formada por mais de 10 peças para uso em provas. Guto Freire, que marcou seu nome na história do Freio de Ouro ao conduzir o maior número de animais numa mesma edição, conta que usou os quatro pelegos pretos que possui para apresentar cada um dos 12 animais que classi? cou à ? nal deste ano. No início da carreira, ele usava apenas pelegos brancos devido à di? culdade de encontrar boas peças pretas. “Hoje, é bem mais fácil, mas em compensação é bem mais caro, os pelegos pretos estão muito valorizados”, acrescenta o ginete, que até iniciou uma pequena criação, formada já por quatro ovelhas pretas, visando a produção de seus próprios pelegos futuramente. www.revistacrioulos.com.br/index.php?secao=paginaEdicao&mostraconteudo=346


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Humor

GAÚCHO... Enfrentando Bullying!!!! O gaúcho está comendo no balcão de um restaurante de estrada, quando entram três motoqueiros cariocas, tipo “Abutres” (aqueles caras que vestem roupas de couro preto, cheias de coisas cromadas e que gostam de mostrar sua força quando estão em bando). O primeiro, vai até o gaúcho, apaga o cigarro em cima do bife dele e vai sentar na ponta do balcão. O segundo, vai até o gaúcho, cospe no copo dele e vai sentar na outra ponta do balcão. O terceiro, vira o prato do gaúcho e também vai sentar na outra ponta do balcão.Sem uma palavra de protesto, o gaúcho levanta-se, põe o chapéu e vai embora. Depois de um tempo, um dos motoqueiros diz ao garçom:- Esse gaúcho não era homem! E o garçom : - Nem bom motorista... Acabou de passar, com o SCANIA dele, em cima de três motos!!! 70

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Será também exigido das seguintes pessoas, em razão de serem obrigadas a prestar a declaração para o cadastro de imóveis rurais (CCIR), junto ao INCRA, observados os prazos do art. 10 do Decreto nº 4.449/02: I - dos usufrutuários e dos nus-proprietários; II - dos posseiros; III - dos en? teutas e dos foreiros.

O georreferenciamento consiste na descrição do imóvel rural em suas características, limites e confrontações, realizando o levantamento das coordenadas dos vértices de? nidores dos imóveis rurais, georreferenciados ao sistema geodésico brasileiro, com precisão posicional ? xada pelo INCRA. O trabalho possui estreita relação com o processo gerencial da propriedade, pois é através deste que o proprietário atualiza a situação cartorial e cadastral da propriedade. Além disso, é com base nestes dados que o proprietário irá uni? car e gerenciar de forma mais e? ciente às informações da propriedade no que diz respeito ao INCRA, Receita Federal e Cartório.

2) O que acontece se eu não ? zer o georreferenciamento, o que implica? O proprietário dos imóveis rurais que não ? zerem o georreferenciamento até a data ? xada pelo INCRA perderá o poder de transferir a mesma para outra pessoa (compra/venda), não terão como pagar os impostos da área e poderão ter seus imóveis incluídos na lista de imóveis passíveis de incorporação para ações de reforma agrária. (Instrução Normativa do INCRA n°9 de 13/11/02, artigo 2°item1.)

A lei 10.267 de 28 de agosto de 2001, regulamentada pelo decreto 4.449 de 30 de outubro de 2002 que foi alterado pelo decreto 5.570 de 31 de outubro de 2005, criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR). A referida lei torna obrigatório o georreferenciamento do imóvel para inclusão da propriedade no CNIR, condição esta, necessária para que se realize qualquer alteração cartorial da propriedade. Apresentamos a seguir algumas dúvidas e esclarecimentos freqüentes sobre o tema: 1) Quem está obrigado a fazer o georreferenciamento? Em regra, todos os proprietários de imóvel rural.

3) Quais os prazos? . O decreto 5.579/05 de 31 de outubro de 2005 ? xou os prazos legais para o georreferenciamento de imóveis rurais: Áreas iguais ou superiores a 5.000 há o prazo entrou em vigor em 29-012003; Áreas entre 1.000 e 5.000 há o prazo entrou em vigor em 31-10-2003; Áreas entre 500 e 1.000 há o prazo entrou em vigor em 21-11-2008; Áreas inferiores a 500 há o prazo vencerá em 21-11-2011; Em caso de processos judiciais todas as áreas devem ser georreferenciadas Entre contato conosco solicite um orçamento. Nós da ENG SUL estaremos à sua disposição. Paim Filho (46) 8409.1210 - 9917.4142 Vianei Facchinello (46) 8801.2949

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Com a busca de novos horizontes, e perspectiva de novos desa? os, entrou em fusão a Paim Consultoria Ambiental e Facchinello Florestal, surgiu ENG SUL ENGENHARIA FLORESTAL E SOLUÇÕES AMBIENTAIS. Vamos seguindo nessa edição sobre os assuntos que ainda geram dúvidas, GEORREFERENCIAMENTO.


Tropeirismo

SERRA DO RIO DO RASTRO

Por Luis Felipe de Araujo

A

Serra do Rio do Rastro é considera por muitos como o lugar mais bonito de Santa Catarina. Localizada no município de Lauro Muller, a mais de 1460 metros de altitude, possui matas e cachoeiras que a torna em um dos principais cartões postais do Estado. A Serra é cortada pela SC 438, de onde os que passam por ali podem deslumbrar de uma vista magní? ca, através de um mirante localizado em seu topo. O percurso da rodovia SC 438 é caracterizado por subidas íngremes e curvas fechadas, bem como pelos seus quiosques, ótimos locais para desfrutar a paz proporcionada pela natureza. Coberta pela Mata Atlântica, com uma fauna bem diversa, com vários tipos de felinos de pequeno, médio e grande portes e uma fauna de macacos (bugios, macacos-prego, saguis), quatis, pacas, mãos-peladas, tatus, tamanduás e iraras, que são animais comuns numa mata atlântica preservada. Também pode ser vista na Serra a avifauna, composta de águias chilenas, tiês-sangue, tucanos,

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araras, papagaios, entre outros animais. Além da grande beleza da paisagem, a Serra do Rio do Rastro faz parte de uma coluna estratigrá? ca clássica do antigo supercontinente Gondwana no Brasil, a Coluna White, tendo sido classi? cada como um dos sítios arqueológicos do Brasil, pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos. A Serra do Rio do Rastro constitui uma paisagem ímpar na geomorfologia brasileira, pois através da rodovia parte-se do embasamento cristalino a cerca de 200 metros de altitude e percorre-se toda a sequência ao longo dos caracóis da Serra, até os 1467 metros de altitude dos derrames basálticos no topo, desfrutandose em todo o caminho de um deslumbrante panorama. Existe até mesmo um ditado sobre a Serra que diz, “esta Serra é tão tortuosa que ao se fazer uma curva de carro, quase se enxerga a placa de trás”, devido aos vários caracóis que nela existem.

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Com todos estes atrativos, e muitos outros que só serão percebidos quando se estiver lá, a Serra do Rio do Rastro é considerada uma excepcional rota geoturistica no cenário nacional e internacional, pela exuberância de suas paisagens, riquezas naturais e condições favoráveis de acesso e alojamento.

Sensação ao subir a Serra: À medida que se sobe seus doze quilômetros, o paredão rochoso ? cava cada vez maior, mais impressionante e imponente. A estrada, com sua linhas tortuosas, é muito linda. Sempre acompanhada de um lado por uma vegetação densa e exuberante com paredões íngremes e do outro, a visão, lá embaixo, de um rio pedregoso e de água transparente. No início do século os tropeiros da serra levavam dias viajando no lombo de burros por este percurso para chegar ao litoral. Hoje, bem sinalizada, asfaltada e segura, é fácil percorrê-la em menos de meia hora. Enquanto passam pela Serra, as pessoas podem aproveitar para parar em seus vários “refúgios” para apreciar os des? ladeiros, tirar fotogra? as e ? car observando as manobras dos caminhões vencendo lentamente a subida, redesenhando continuamente o relevo do Planalto Catarinense, como se fosse um rastro de uma serpente. É um bom teste de habilidade, apenas o ruído dos motores quebrava o silêncio daquelas alturas. A Serra do Rio do Rastro é, indiscutivelmente, um espetáculo durante o dia, entretanto à noite, quem

impera é a imaginação. Os des? ladeiros, sem a luz do sol, tornam-se marcantes. As falhas dos paredões ao serem “tocadas” pelas luzes dos faróis produzem efeitos sinistros que vão além da imaginação. A luz do dia, em dias bem claros, a 1.460 metros de altitude, é possível, do alto da serra, ver o litoral. Quando se alcança o topo, ao término das curvas, o tempo ? ca frio e úmido. Também baixa uma neblina muito forte, a qual diminui bastante a visão. Pode-se concluir então que se está em um dos lugares mais extraordinários do Brasil.

Continuação – Tropeirismo – Serra do Rio do Rastro A estrada da Serra do Rio do Rastro, uma das mais belas do país, é um trecho da rodovia SC-438 e liga a cidade de Bom Jardim da Serra a Lauro Muller. Seus 12 km de extensão consistem em curvas sinuosas de até 180 graus que serpenteiam por entre paredões íngremes e as escarpas da serra. No passado, a estrada servia de trilha para os tropeiros e era o caminho mais curto entre a região serrana de Santa Catarina e seu litoral. A Serra do Rio do Rastro acha-se ligada a muitos aspectos históricos, econômicos e turísticos da região de Orleans – Lauro Muller, onde o nome de diversos de seus topônimos tornou-se bastante familiar aos geólogos brasileiros, por terem passado a designar unidades estratigrá? cas de ampla distribuição na Bacia do Paraná, como a própria formação Rio do Rastro e os topônimos rios Bonito e Passa Dois, as localidades de Guatá e Palermo, além de outras designações como Tubarão e Estrada Nova.

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Além de todos os atrativos turísticos, a Serra do Rio do Rastro possui uma relação com o setor mineral brasileiro, que vem desde o ano de 1841, quando a presença de carvão de pedra foi constatada por técnicos e cientistas brasileiros e estrangeiros em missão do Governo Imperial Brasileiro. Em 1903, o então governador de Santa Catarina Vidal Ramos inaugurou uma estrada que partia da atual localidade de Lauro Muller, permitindo o acesso até São Joaquim e Lages, conhecida como Estrada Nova. No início dos anos 80 a rodovia foi pavimentada e, posteriormente, no trecho do aclive mais espetacular, passou a contar com iluminação noturna de belo efeito.

A fi gura das mulas na Serra do Rio do Rastro

Em um ritmo incessante, incessante, entre entre idas idaseevindas vindasno no lombo das mulas, homens de ? bra levavam mercadorias do litoral ao interior desse país. Geralmente as comitivas tinham de três a quatro homens acompanhados de suas inseparáveis companheiras de laboro, as mulas.

O trabalho dos tropeiros sem dúvida foi um dos pilares para o surgimento de muitas das cidades do Vale do Rio Tubarão e do Vale do Braço do Norte. Sendo que dentre as cidades que surgirão nesta região uma merece destacar a contribuição dos tropeiros ao seu surgimento. Esta cidade é Lauro Müller, onde se localiza a Serra do Rio do Rastro. Em meados de 1780 durante o percurso dos tropeiros pela região da Serra do Rio do Rastro, os tropeiros paravam para alimentar-se, eles ? zeram com algumas pedras calço para suas panelas, aí perceberam que ao por fogo, essas mesmas pedras começaram a pegar fogo e a exalar um forte odor de enxofre. Os tropeiros que nunca tinham presenciado algo assim, logo associaram o tal feito à coisa do diabo. Entre suas andanças os tropeiros iam contando a história da pedra “demoníaca” que pegava fogo e que exalava um forte cheiro de enxofre. Não demorou muito até que a noticia chegasse aos ouvidos do governo Imperial brasileiro, que em 1841 mandou uma Comissão investigadora com técnicos e cientistas para averiguar se as tais pedras “demoníacas”, eram de fato carvão mineral e se tinham considerável valor energético. Sendo que, após as analises feitas, constatou que de fato o carvão encontrado pelos tropeiros tinha valor energético, e em meados de 1860 iniciava a sua exploração.

Nesse ritmo incessante levavam do extremo sul do país até seu interior tropas com 250 animais ou mais, dentre outras mercadorias. Em um período onde as estradas eram picadas e o transporte era de tração animal, esses bravos homens chamados por nós de tropeiros movimentavam a economia do Brasil, isso desde à época do Brasil colônia até o período do Brasil república em meados do século XX. Dentre todos os caminhos percorridos por esses bravos homens um, sem dúvida, merece destaque, o caminho entre o litoral de Laguna e a região serrana de Lages. É durante este percurso que se encontra uma das mais belas e desa? adoras etapas na região, conhecida como a Serra do Rio do Rastro. Em muitas dessas viagens, os tropeiros que cruzavam as perigosas estradas da Serra do Rio do Rastro, iam desbravando as belezas e perigos da região. 74

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Referência

JÚLIO DIAS - MEDICINA E LIDA CAMPEIRA: A REALIZAÇÃO DE UM HOMEM Por Ari Ignácio de Lima

umildade, transparência, solidariedade, humanidade.... são virtudes que estão entre as tantas que formam a personalidade de nossa Referência desta edição. Trata-se do médico pediatra Júlio Dias, que nasceu no dia 24 de dezembro de 1966 em Taquara no Rio Grande do sul, mas que, devido as suas lidas pro? ssionais, já andou em diversas querências do nosso Brasil amado. Hoje mora em Pato Branco, mas já esteve na Amazônia, no Mato Grosso do Sul e no Oeste de Santa Catarina.

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É o segundo de uma prole de oito irmãos. Guarda lembranças marcantes de sua infância e recordações positivas dos manos e das brincadeiras da época: “Brincávamos de carrinho de rolamento, estilingue (funda), uma bicicleta chamada Daiana que era dividida pelos cinco irmãos mais velhos, e de mocinho e bandido embaixo da roça de mandioca do meu avo, que morava ao lado”, recordo doutor Júlio, como é mais conhecido entre os amigos. E um fato, que nunca esquece, e que foi decisivo em sua opção pro? ssional. “Aos seis anos de idade, várias vezes estive internado em hospitais em Porto Alegre por sangramentos urinários, sem diagnóstico na época, pois não existia ultrassonogra? a e outros exames mais modernos como ressonância e tomogra? a. Ou seja, a melhora foi espontânea. De tanto conviver em hospitais e passar admirando aquelas pessoas de branco, resolvi que um dia seria médico”, lembra. Embora tenha nascido na cidade, pois sua família residia no centro de Taquara, estava predestinado a envolverse com a lida campeira, como ele mesmo explica: “Meu pai foi jóquei no antigo prado em Taquara. Meu avô paterno foi tropeiro em Canela e funcionário da CRT (telefônica), onde percorria, a cavalo, os ? os telefônicos por meses no meio da Serra Gaúcha. É claro, isso ? quei sabendo depois. Meu avô materno criava cavalos, mas tive pouco contato com ele pois morreu cedo”, contou Júlio, que teve outro fator importante que o levou de? nitivamente para o mundo dos cavalos. “Aos 15 anos, conheci minha primeira namorada, que era a primeira prenda do CTG “O Fogão Gaúcho” de Taquara. Entrei para a invernada artística, onde dancei por cinco anos. Fui campeão de rodeio em invernada artística e chula. Sua família possuía uma fazenda em Cambara do Sul (RS), a qual frequentei por oito anos. Foi um período muito bonito de minha vida. Naquele tempo a invernada era tocada pela família inteira da minha namorada. Vivíamos na fazenda onde fazíamos cavalgadas e rodeios”, explica.

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Júlio DIas - Mateando.

Nada veio de graça na vida do médico. Desde os treze anos trabalhou duro para realizar seus sonhos. Por três meses trabalhou num supermercado pesando batata e cebola. Depois seu pai conseguiu, com um amigo da família, emprego melhor. Foi numa farmácia, onde trabalhou dos 13 aos 19 anos. Até hoje mantém esse importante período de sua vida vivo na memória.“Comecei como faxineiro e cheguei à gerente de estoque. Saí dali apenas para a faculdade em Pelotas. Todas as férias de Julho e Dezembro voltava para trabalhar e juntar dinheiro para voltar a faculdade. Esta farmácia pertencia a uma das pessoas mais importantes da minha vida, que foi o Sr. Armindo Dienstmann, rotariano e já falecido em 1993, aos 73 anos”, detalha Júlio, ao recordar do período de convalescença do seu benfeitor. “Iniciou com sintomas neurológicos com perda de força motora no pé direito na entrada do meu coquetel de formatura em Pelotas. Dali para frente ele só piorou. Ele pagou metade de toda faculdade sem pedir nada em troca”, destaca o pediatra que, como demonstração de reconhecimento e humildade, dedicou tempo integral para cuidar do ex-patrão e amigo. “Após a formatura, ? quei três meses cuidando exclusivamente dele, em sua cadeira de rodas, pois não podia caminhar devido a um câncer de coluna vertebral. Sua esposa morreu três meses após ele, de infarto”, relata o médico. Depois de formado em medicina, passou um período na Amazônia, como voluntário, justamente por gostar de acampamentos e mata nativa. “Fui voluntário para todas as missões no interior da Amazônia. Andei de barco, navio, helicóptero, hércules... só não andei a cavalo lá, pois tem pouco cavalo naquela região”, constata.

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Daquele período, destaca como momento importante a transferência de uma companhia inteira do Exército de Bagé (RS), para Tefé(AM). “Casualmente eu estava por lá, por 20 dias em mais uma missão e ajudei a receber a gauchada. Nunca tinha visto militar do exército de bombacha verde oliva e demais roupas do exercito (diziam que era roupa permitida na campanha). Eles chegaram e já foram se espalhando. Ajudei a organizar o que seria posteriormente o primeiro CTG da Amazônia (Tefé). Logo após tive que voltar a Manaus”, lamenta.

Na Amazônia.

Doutor Júlio Dias formou-se médico em dezembro de 1992 e ingressou no serviço voluntário para a Amazônia, transferindo-se imediatamente para Manaus. Após esse período militar foi para o interior do Mato Grosso do Sul (Ribas do Rio Pardo) trabalhar com um colega de turma.

Após um ano, veio para Jardinópolis (SC) trabalhar com outro colega, onde conheceu sua a esposa Wanderleia. Seu primo era o primeiro prefeito da cidade. Em 1996, ele perdeu a eleição e foram embora da cidade para outro período importante, de? nido por sua sensibilidade vocacional para a medicina. “Eu já tinha descoberto com os indiozinhos da Amazônia que seria pediatra. Aproveitamos a derrota política e perda do emprego e prestei prova, sendo admitido na PUC de Porto Alegre onde ? z pediatria por três anos”, conta Júlio. Após formado pediatra, retornaram para Santa Catarina, município de São Domingos, terra da esposa, onde ? caram oito meses. “Ficamos até perder a eleição de novo. Aí nos mudamos para São Lourenço do Oeste (SC), por convite de alguns amigos médicos, onde moramos por sete anos. Também por convite de alguns pediatras daqui de Pato Branco resolvemos nos mudar para cá, onde realmente achamos nosso chão, com muitas oportunidades”, detalha nossa Referência. Em Pato Branco a vida do médico é muito intensa. “Meu dia-a-dia é muito pesado. Saio de casa todo o dia às seis horas da manha. Passo nos hospitais Policlínica Júlio Dias em missão na Amazônia. e Teresa Mussi e vou para

A cavalgada não para nem durante a noite.

Itapejara do Oeste todas as manhas; Verê terças e quintas e São Jorge do Oeste terças, quartas e quintas. Faço seis mil quilômetros por mês. Atendo no consultório as tardes de segunda, quarta e sexta. Ainda faço plantão todas as terças a noite na UTI pediátrica e um domingo por mês, passo 24h na Unidade de Tratamento Intensivo”, conta-nos o homem que tem como lazer e modo de vida a lida com os animais. E isso ? cou claro quando da sua chegada em São Lourenço do Oeste, em Santa Catarina. “A primeira coisa que ? z, foi comprar um título do CTG Amizade sem Fronteiras, onde fui patrão dois anos após. Dizem até hoje por lá que foi o mandato que reergueu o Centro de Tradições que estava desgastado e pouco ativado. Com a vida tranquila de São Lourenço do Oeste tive tempo de lidar com cavalos”, lembra Júlio que logo embrenhou-se em outra empreitada. “Com o amigo Paulo Pagani fundamos a Associação Amigo do Cavalo. Esta associação é pequena, mas de pessoas muito especiais e persistentes”, garante o médico tropeiro. A prova são os feitos já realizados pelo grupo, como o próprio fundador detalha. “A marca registrada deste grupo é a cavalgada da integração Rio Grande do Sul ao Paraná., chegando em São Lourenço do Oeste. Todo ano viemos de cidades diferentes lá do Rio Grande do Sul. Este ano, de 12 a 18 de setembro será a quinta cavalgada, que sairá de Mariano Mouro (RS) até São Lourenço (SC), passando por Vitorino (PR). Serão 286 km de aventuras”, prevê o tropeiro que já perdeu as contas de quantas cavalgadas já participou. Como a vida pro? ssional exige muito, não consegue participar de todas as cavalgadas que gostaria, mas se organiza para fazer trajetos menores com mais frequência. Direta ou indiretamente está envolvido em todas que acontecem aqui na região. “Me viro nos 30!”, Brinca. E faz questão de destacar o respeito e amizade que conquistou através das cavaladas. “Me orgulho de ser bem quisto em todos os grupos de tropeiros da região”. Seu apego a lida com o cavalo o levou a construir em sua propriedade, no município de São Bernadino em Santa Catarina, uma cancha reta de 420 metros que ainda está

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em fase de conclusão, mas já vem sendo utilizada. É lá que recebe amigos para confraternização ao velho estilo gaúcho: a tradicional churrascada. Foi assim em setembro do ano passado, quando acolheu em seu rancho os participantes da cavalada (amigos do cavalo) que veio de Iraí - Rio Grande do Sul. E já está organizando outra festa importante. “Faremos uma carreirada com o troféu cidade de São Bernadino em dezembro, próximo do meu aniversario”, revela. Casado há 16 anos com a dentista Wanderléia Pitchinin, tem dois ? lhos: Juliana Pereira Dias, 12 anos e Bernardo Pereira Dias de sete anos. “São doentes por cavalos e cada um possui o seu, os quais estão sempre prontos para tropeadas, sendo estabulados em minha propriedade em Santa Catarina”, explica. Mas nem tudo é perfeito. Sua esposa não tem o mesmo apego a lida com o cavalo. Mas como na democracia a maioria vence, dona Wanderléia dá força para a família tropeira. “São três contra um. Então ela se obriga a ir sempre que pode dar um intervalo em seu trabalho, que também é muito corrido” realça.

Família unida também nas cavalgadas.

Para encerrar nosso bate papo, pedimos para o médico tropeiro contar um fato pitoresco, algo que chamoulhe a atenção nestes anos de vida. E não poderia ser diferente! Tem cavalo na história. “... foi quando eu vinha a cavalo, solito,

O casal de ? lhos sempre presentes nas cavalgadas.

do CTG de São Lourenço do Oeste em direção ao centro da cidade num passeio de sábado a tarde. No meio do caminho um obstetra da cidade me ligou urgente que teria uma cesareana de urgência e eu deveria chegar rápido ao hospital. Naquela ocasião, não valia a pena voltar e pegar o carro, demoraria demais. Toquei o pingo a galope, sangrei a anca do tal..... Cheguei ao hospital após correr dois quimometros, entreguei o cavalo para a freira que o segurou, deu-lhe água e o desencilhou. Entrei no hospital de bombacha e lenço, a família sem entender nada... Botei a roupa do centro cirúrgico, peguei o recém-nascido, ? z os procedimentos de reanimação, deixei ele muito bem. Coloquei a minha pilcha novamente, peguei o cavalo que a freira segurava, encilheilhe e segui minha viajem satisfeito e realizado”.

Doutor Júlio com a esposa Wanderleia.

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Por essas e outras tantas histórias é que o médico pediatra, que ama a pro? ssão e a lida com os animais, é nossa Referência desta edição. Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011


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No Sudoeste do Paraná Representação Exclusiva da Correaria La Criolla.


Artesania Crioula

JosÉ Hugo

Desenho artístico e Reprodução de Fotos Por. Elizeu Collares Fotos Hilário Machado de Oliveira

morfologia e a funcionalidade do cavalo crioulo). Foi por volta de 2004 e 2005. “Foi aí que abri os olhos e percebi que poderia ser uma atividade de reconhecimento e fonte de renda”, revela. Mas, muito mais que um negócio, vê na abstração das cenas e imagens, através do desenho, uma forma de manter vivo o tradicionalismo gaúcho.

José Hugo Camargo nasceu em MandaguariPR, no dia 10 de Julho de 1991. Há 11 anos mora em Cascavel - PR. É um exímio artesão. Tem gosto pelas cenas do quotidiano campeiro. Eterniza cenas da querência com todo seu encanto que inclui gente, animais e os apetrechos que os unem na lida do campo. A vocação se revelou bem cedo. Já aos três anos de idade rabiscava o que lhe aparecesse pela frente. Desde então, com muito incentivo do pai José Hugo, foi desenvolvendo seu talento, mas só teve consciência da dimensão da potencialidade de sua atividade, quando começou a frequentar credenciadoras do freio de ouro (provas que mostram a

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José Hugo tem no desenho artístico e reprodução de fotos a principal forma de se expressar e o utiliza para resgatar e manter viva imagens que estão sendo esquecidas, como as botas de garrão de potro, o chiripá, peças da indumentária que, aos poucos, estão sendo substituídas. Ele não gosta de fazer cópias de imagens para ter consigo ou para comercializar. Só faz por encomenda. Acredita na sensibilidade do artista que o leva a criar a partir da observação e abstração. Por isso, além dos estímulos vindos das cenas do campo, se utiliza da música como fonte de inspiração. E, neste sentido, cita nomes de cantores que aguçam sua veia artística em função da riqueza de detalhes de suas composições, como Luiz Marenco, Jayme Caetano Braun, Noel Guarany, Cenair Maicá, Ataualpa Yupanqui, Jorge Cafrune José Larralde e alguns outros.

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e trouxe alguns de seus desenhos. Foi um sucesso. Neste dia, conheceu Renato Vacinaletti, proprietário da Cabanha Mapuche de Pomerode –SC, que mais tarde se tornaria seu cliente e grande amigo.

Apesar da qualidade indiscutível de seu trabalho não é seu principal meio de subsistência. Além de ter outros afazeres, está estudando. Após conhecer seu trabalho, a impressão que ? ca é que ainda a sua qualidade não teve o reconhecimento merecido.

José encara a arte de desenhar como se fosse o ofício uma o? cio sagrada para presentear um amigo. E sonha em passar essa forma de encarar a atividade para seus descendentes. “Quando tiver meus ? lhos darei todo incentivo para que eles perpetuem o trabalho do pai, mas lógico se eles demonstrarem interesse. Nada será forçado!”, pondera. A vida de José, podemos a? rmar, é uma verdadeira simbiose com a arte. Ele ama o que faz. “Para mim é tão natural fazer isso que já não consigo me imaginar não desenhando. E além disso, amo a nossa cultura gaúcha. Eu só ando de bota e bombacha e me orgulho do que faço. Apesar de ser paranaense, meu coração é pampeano”, conclui.

Por outro lado, José comemora importantes conquistas com obras além fronteira. É o caso de dois desenhos de um garanhão da raça crioula dos irmãos Luis e Amadeo Lastra - Luis é o atual presidente da Associacion Argentina de Criadores de Caballos Criollos. Outro fato interessante se deu por ocasião da Expovel 2010, na cidade de Cascavel. Ele não tinha a intenção de participar. Mas foi convidado pelo amigo Elizandro Pellin, seu cliente, amigo e grande incentivador, para ira ao evento expor seus desenhos. Lá na exposição-feira, arrumou um cantinho para José Hugo que, às pressas, pois faltava pouco para o leilão começar, foi em casa

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Curiosidades

DATAS COMEMORATIVAS DO MÊS DE SETEMBRO Por Erinéia Silva

Dia 09 Dia do Médico Veterinário

Dia 13 - Dia do Agrônomo

Foi no dia 9 de setembro de 1933, através do Decreto nº 23.133, que o então presidente Getúlio Vargas criou uma normatização para a atuação do médico veterinário e para o ensino dessa pro? ssão. Em reconhecimento, a data passou a valer como o Dia do Veterinário. Mas escolas de veterinária já existiam no Brasil, desde 1910. É chamada de medicina veterinária a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças dos animais domésticos e o controle de distúrbios também em outros animais. Pessoas se dedicam a tratar de animais desde os tempos antigos, desde que começaram a domesticá-los. A prática da veterinária foi estabelecida desde 2.000 a.C. na Babilônia e no Egito. Porém, segundo alguns registros encontrados, remonta a 4000 a.C. O Código de Hammurabi, o mais completo e perfeito conjunto de leis sobrevivente, que se encontra hoje no Museu do Louvre francês, desenvolvido durante o reinado de Hammurabi (que viveu entre 1792 e 1750 a.C.) na primeira dinastia da Babilônia, já continha normas sobre atribuições e remuneração dos “médicos de animais”. 82

Os agrônomos exercem atividades sempre direta ou indiretamente ligadas à agropecuária, que envolvem a utilização de recursos naturais (água, solo e ar), de métodos, técnicas e insumos em potencial perigosos à saúde da população e dos animais e para o meio ambiente. Por isto é importante que estes pro? ssionais, ainda mais do que os de outras especialidades, estejam atualizados e sempre muito bem informados sobre as conseqüências de seu trabalho

Dia 20 - Dia do Gaúcho O dia 20 de Setembro é considerado dia do gaúcho. Isso pelo fato de que em 20 de Setembro de 1835 foi o início da Revolução Farroupilha que teve a duração de 10 anos e no dia 28 de Fevereiro de 1845 com a assinatura do acordo de Paz de Poncho Verde, em Dom Pedrito, quando o grande chefe farroupilha Davi Canabarro a? rmou: “Acima de nosso amor à república, está nosso brio de brasileiro”. A independência do Rio Grande não era a intenção dos Farroupilhas, visto que seu descontentamento com o Império antecedia à separação de Portugal. A República Sul-rio-grandense foi proclamada somente um ano após da Revolução e dela resultou o lema de sua bandeira “Liberdade, Igualdade, Humanidade”, que sintetiza as madrugadas e noites mal dormidas, pelos quais passou o gaúcho na preservação dos destinos de nossa Pátria. A Semana Farroupilha é uma festa cívica que surgiu quando oito jovens, entre os dias 07 e 20 de Setembro de 1947, no Colégio Júlio de Castilho em Porto Alegre, realizaram a

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A ânsia pelas riquezas fazia com que os casamentos fossem cada vez mais freqüentes entre essas famílias. De modo que as propriedades não eram divididas. Outro desejo comum era obter um título de nobreza. Para alcançar esse objetivo, eles prestavam serviço ou trocavam favores como o Imperador, ou compravam o título. A maioria dos grandes fazendeiros tornava-se barão. Os barões do café, do cacau e outros, valorizavam hábitos e comportamentos que consideravam adequados à nobreza. Eram hospitaleiros com os conhecidos, protegiam os a? lhados, ? nanciavam obras culturais e bene? centes, viajavam muito e mandavam os ? lhos à Europa para estudar. Tudo mudou para os fazendeiros brasileiros com a abolição dos escravos e a chegada dos imigrantes.Aos poucos foram empobrecendo e a nobreza estava apenas no título comprado. A maioria adaptou-se aos novos tempos, que a república exigia, e novas gerações de fazendeiros surgiram.

primeira“Ronda Crioula”.Estes jovens retiraram uma centelha de chama da Pátria, à meia-noite do dia 07 de Setembro, a colocaram em um candeeiro e saíram em des? le pelas ruas de Porto Alegre carregando aquela fagulha e realizaram a primeira guarda de honra da “Chama Crioula”. A Semana Farroupilha tem por objetivo promover atividades culturais que aumentam o conhecimento das tradições gaúchas como hospitalidade, coragem, nativismo, apego aos usos e costumes e o cavalheirismo.

Dia 21 - Dia do Fazendeiro

Os fazendeiros, nos últimos anos do século XIX, tornaram-se empresários modernos. Donos de fazendas mecanizadas, utilizam equipamentos aperfeiçoados, como ventiladores,despolpadores e separadores de grãos.Com isso, geram muitos empregos, pelas várias tarefas especializadas que aumentam a divisão do trabalho e a produtividade. Hoje, os fazendeiros ocupam um lugar de destaque, em qualquer país do mundo, onde a agricultura faz parte do primeiro setor da economia, como gerador de recursos para as nações. Tornaram-se importantes geradores de divisas nacionais, pois fornecerem alimentos para o mercado interno e também exportam muito. Além disso, colaboram para o avanço das pesquisas tecnológicas.

Na Roma antiga, os grandes domínios privados de terras, os latifúndios, pertenciam somente à aristocracia. Esses nobres eram chamados de latifundiários. Hoje, essa denominação é dada ao dono da grande propriedade rural, onde a quase a totalidade das terras não são cultivadas e é explorada com técnicas de baixa produtividade. Através dos séculos passamos para o conceito de fazenda, que é uma grande propriedade rural, de lavoura ou de criação de gado, com alta produtividade. Assim temos a de? nição de fazendeiro à pessoa que possui ou cultiva fazendas. No Brasil colônia as fazendas eram muito grandes. Os “senhores”, que eram chamados os fazendeiros, e suas famílias viviam na casa-grande ou sede. Em geral, eram muito ricos e ocupavam cargos públicos, como juizes de paz, o? ciais da Guarda Nacional, deputados, governadores municipais e provinciais. Revista Tchê Campeiro - Agosto de 2011

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I POUSO TROPEIRO DA CANÇÃO CANÇÃO Clevelândia – Cidade Cidadede de 119119 anosanos com Tradição com Tradição Trope Trope Tropeira, desde desdesua suacolonização colonização teveteve esta esta influência, f fluência, onde aqui era lugar luga de “Pouso Tropeiro” peiro” formando-se assim o Sudoeste do Paraná. Sintase em casa, meu amigo!

Objetivos: • Desenvolv Desenvolver, de despertar, cultivar e preservar temass regionais, através de composições regionalistas. regionalist • Interc Intercâmbio m mbio artístico de amigos, parceiros e intere nteressados na Cultura Regional Alternativa. nteressado • Dias do Encontro: 7, 8 e 9 de outubro de 2011. Do Even Evento: • Dia 7 (sext (sexta-feira) (sexta ffeira) – Tertúlia Tertúlia livre livre com m de definição f ção fini ão do tem ttema ma e palestra. • Dia 8 (sáb (sábado) do) – Apresentação pre entação das canções anções referente re erente erentes ao tema escolhido. • Dia 9 (domingo) – Ovelha no Rolete Preemiações: Premiações: iações: • Troféu destinado aos 3 primeiros colocados. Observaç Observações: • Haverá pou pousada sada eealimentação alimentaçãosem sem custos, custos, sendo sendo queque que serão serãoc colocados olocados a disposição disposiçãodos dos participantes galpão crioulo bem como locais para paraccamping, favor trazer colchão, cobertas e talheres. • A Comissão Organizadora é soberana em suas decisões decisões. Confirme sua participação até dia 03 de outubro, com os organizadores do evento:

Andre

ervamatevelhocasarao@hotmail.com

(46) 3252-1168 ou (46) 8805-3232

Danilo

daniloleao@wln.com.br

(46) 3252-2000 ou (46) 88205005

Peterson

peterson77reisdoerfer@hotmail.com

(46) 8801-0127 ou (46) 9924-4346

Saraiva

antonio.saraiva70@gmail.com

(46) 3252-2535



Dicionário Campeiro ASPA: Chifre, corno, ponta, guampa. ATADO: Indeciso, amarrado, sem iniciativa. ASSOLEADO: Diz-se do animal cansado por ter andado muito no sol. Acovardado pela canícula. Meio abombado. Assonsado.

LERDO: adj. Vagaroso, lento, pesadão, preguiçoso, molengão. Emprega-se em sentido ? gurado. LOMBILHO: Denominação da peça principal dos arreios. É uma espécie de sela, muito semelhante ao serigote, usada no Rio Grande do Sul. MINUANO: Vento frio e seco que sopra do sudeste, no inverno, vem dos Andes.

BOLICHO: Bar ou Casa de negócio. BICHARÁ: Lã grossa para ponchos. Poncho ou cobertor feito dessa lã, com listras brancas e pretas ao comprido. BOQUEIRÃO: Saída larga para um campo, depois de um des? ladeiro, de uma estrada estreita, de um lugar apertado. Distância muito grande que, numa carreira, um cavalo leva sobre o outro. BIGUÁ: Ave aquática de cor preta que vive nos rios e lagoas. CANZIL: Cada um dos dois paus existentes em cada ponta da canga, entre os quais é colocado o pescoço do boi. CAPÃO: Diz-se do animal capado. Indivíduo fraco, covarde, vil, pusilânime. CACIMBA: Fonte de água potável. Vertente. CAPATAZ - Administrador de uma estância ou de uma charqueada. CORINCHO: Topete, bazó? a, pimponice, proa, prosa, fanfarronada, arrogância, petulância. CUIUDO: Cavalo não castrado, diz-se do sujeito valente, que enfrenta o perigo, que agüenta o repuxo. EMBUÇALAR: Colocar o buçal no animal. Em sentido ? gurado: Enganar, iludir com boas maneiras, abusar da boa fé. GADARIA: Porção de gado, grande quantidade de gado, o gado existente em uma estância ou em uma invernada Guasca: Tira, corda de couro cru, isto é, não curtido. Homem rústico, forte, guapo, valente.

PECHADA: Choque, encontrão, colisão. Golpe dado com o peito. Embate entre dois cavaleiros que correm em direções opostas. Embate de um cavaleiro com um animal, com uma árvore, com uma cerca, com qualquer coisa. PIQUETE: Pequeno potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao pasto os animais utilizados diariamente. Denominação também dada a ? liações de CTGs. QUEIMAR CAMPO: Mentir, bravatear RABO-DE-TATU: Relho grosso feito todo de couro trançado, com uma argola de metal ou de ferro na extremidade em que se segura. RASTRAS: A rastra se compõe de uma grande rosácea central presa por correntes ao cinto que o gaúcho platino chama de “tirador”. A rastra tem a aparência de uma grande ? vela e é usada bem na frente do cinto. A rastra pode ser de prata e ouro ou de metal. SORRO: Guaraxaim. O mesmo que zorro. Em sentido ? gurado, manhoso, dissimulado, astuto, matreiro TAPERA: Casa de campo, rancho, qualquer habitação abandonada, quase sempre em ruínas, com algumas paredes de pé e algum arvoredo velho. TRAMPOSO: Intrometido, trapaceiro, velhaco. UMBU: Árvore da família das Fitolacáceas, de grande tamanho, cujas raízes saem à ? or da terra, muito copada, de folhagem espessa, que produz excelente sombra. É, como o pinheiro e a ? gueira, uma das árvores simbólicas do Rio Grande do Sul. XERENGA: Faca velha, ordinária, ruim. O mesmo que xerengue.

JUNTA: Parelha de bois mansos que puxam lado a lado. 86

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Mais um evento de SUCESSO! 7ª Edição do Show

09 de agosto de 211 - Clube Pinheiros

Programa A HORA DO MATE - Movimento FM - sábados das 17.30h às 20h - endereço da boa música gaúcha! Apresentação: Edson Honaiser Contato comercial: 2101 2212



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