Jornalismo UFMS: duas décadas e meia em relatos

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Eu fiquei 3 anos fazendo o doutorado, a maior parte eu fiquei lá, teve períodos que eu fiquei fazendo pesquisa de campo, então eu voltava pro Brasil, e fiz 22 entrevistas pro doutorado. Uma parte foi no Brasil e uma parte lá. O senhor saiu em 2010 e voltou em 2014, qual foi a maior mudança que o curso teve, na sua opinião? Eu ainda não consegui assimilar. Mas o que eu percebo é que o curso é outro, o grupo de professores é um grupo novo. Os professores antigos ou estão aposentados, ou morreram, se foram... Dos professores antigos, tem eu e o Licerre,e o restante é tudo considerado professor novo. Quando eu sai em 2011, já estavam chegando o prof. Silvio, o Mário Luiz. E quando eu cheguei tinham mais professores novos. Então, essa coisa de ter professores novos é uma diferença, então mudou a cara do curso. Eu percebo também a diferença no perfil dos alunos, tem muitos alunos bons com perfil interessante, mas assim, o curso parece que era mais político antes, e mais pegada política e perfil voltado pro social. Era mais engajado socialmente. O Projétil era mais social, o curso era mais voltado pro social. Então, assim quando eu voltei eu percebi que comunicação alternativa, essa coisa voltada pra comunidade, ela foi cortada por alguma orientação interna do curso, dos professores, percebi essa coisa do Projétil, de envolvimento político. Ele é bem feito dentro do processo e tal. Mas parece que os alunos, no processo, já não apresentam mais perfil, mas talvez isso não tenha a ver com o perfil. Será que o fato de muitos novos estudantes serem de outros estados? Também, as novas tecnologias, o fato de ter alunos de vários pontos que não conhecem a realidade cultural, social daqui, a mudança na grade curricular que teve. Eu me recordo que quando eu sai em 2010, eu propus a criação de uma disciplina que substituía a alternativa, que é dada no quarto ano, não sei se vocês tiveram, “tecnologias, movimentos sociais”. Porque já em 2010 a gente entendia que aquilo que nós tínhamos, as dificuldades dos anos anteriores, ou seja, pra trabalhar com comunidade, você praticamente não tinha possibilidade, pois não tinham instrumentos, porque pra fazer um jornal precisa de mimeógrafo, Xerox, usava essas tecnologias pra fazer o jornal, os movimentos não tinham dinheiro, era caro o jornal. Jornal é uma coisa cara até hoje. Hoje, com um computador e um celular eu tenho uma estação montada: eu escrevo, conecto com o mundo, eu fotografo, mando torpedos, recebo. Então a comunicação de duas mãos, com dois mil reais, uma comunidade aqui do MS fala com seus irmãos da África, ou seus irmãos, em qualquer lugar do mundo. Então, nós tratamos de propor essa disciplina, e pra nossa surpresa, ela saiu do lugar, que era no primeiro ano. E não no último. Por quê? Porque você botaria o pé aqui na universidade e seria uma disciplina de apresentação, esses alunos seriam apresentados à esses movimentos sociais, comunidades, o compromisso seria isso, visitar, gerar relatório, fotografar, conhecer, pra ele ter sob a mesa um menu de possibilidades pra poder fazer


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