relatório Projeto Vão

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Prelúdio

Há um vão entre todas as coisas que se imaginam e o que elas realmente são. Isso porque todas as coisas e mesmo as não-coisas são signos: só existem através de percepção e interpretação. Filósofos ao longo da história da humanidade buscavam incessantemente o tangir da realidade; racionalistas, deterministas, empiristas, enfim, buscavam de uma maneira ou de outra diferenciar o que era real e o que era o mundo construído em nossas cabeças. De acordo com o filósofo francês Michel Serres (2001, p. 258), os sentidos atuam como validação na busca da verdade: “Aprendemos desde a primeira infância que os sentidos enganam. Não dizem os sentidos de quem. (...) Os sentidos raramente enganam quando são exercidos, a razão engana-se frequentemente quando não seguiu o encadeamento”. Este é um tipo de raciocínio que estrutura quem você é e o que você conhece. Mais que isso, Serres acredita no poder do corpo vivo e os seus sen-

tidos sobre(pujando) as criações: “O palato de um fino degustador julga mais precisamente que mil máquinas, a máquina mais fina é feita da carne de um ser vivo, a inteligência artificial fraqueja somente por falta de corpo.” 1. O filósofo em questão abre uma grande janela de outras possibilidades do que são os sentidos e porque eles são fundamentais em qualquer processo desencadeado. No curso de Design, pode-se validar a percepção e o sentimento, e transportá-los ao raciocínio de processo de projeto, de objeto sensível. O Projeto de Conclusão de Curso aqui apresentado busca exatamente criar um diálogo entre este vão, as diversas realidades e percepções criativas. Não se trata de uma tentativa de tornar visível o invisível, mas de trabalhar com invisível através de plataformas visíveis, táteis, sonoras.

1 Cf.

Serres op. cit. p. 258.

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