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A imaginação nostálgica como utopia

Angela Prysthon Professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação e coordenadora do curso de Cinema da UFPE

“Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo ‘como ele de fato foi’. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo.” – Walter Benjamin, Teses sobre a história. “O passado é um país estrangeiro, lá eles fazem as coisas de modo diferente.” – L. P. Hartley, O mensageiro.

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elíquias, vestígios, souvenirs, rastros, mementos, arquivos... A cultura contemporânea está marcada indelevelmente por sua relação com o passado, com a memória e, de muitos modos diferentes, com a nostalgia. Este artigo trata de entender como a nostalgia passa de enfermidade, de maladia, de patologia que precisa ser curada, aliviada e dissipada, a dominante estético e artístico. Linda Hutcheon é uma das que explica essa origem médica do termo: With its Greek roots — nostos, meaning “to return home” and algos, meaning “pain”— this word sounds so familiar to us that we may forget that it is a relatively new word, as words go. It was coined in 1688 by a 19-year old Swiss student in his medical dissertation as a sophisticated (or perhaps pedantic) way to talk about a literally lethal kind of severe homesickness (of Swiss mercenaries far from their mountainous home) (HUTCHEON , 1998). 7


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