Memorial TFG

Page 1



CENTRO DE CONVÍVIO PARA IDOSOS

CONEXÃO ENTRE GERAÇÕES

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO | DEZEMBRO DE 2016 TALITA TSUDA | RA: 12209904 ORIENTADOR: MAXIM BUCARETCHI



“O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar.” Oscar Niemeyer



AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que me dá forças e sabedoria durante esta longa caminhada. Aos meus pais, por todas as oportunidades que me proporcionaram, sempre me apoiando sem medir esforços. Ao Fred, pelo companheirismo, compreensão e carinho, e estar sempre presentes em todos os momentos dessa jornada ajudando superar todas as dificuldades juntos. Aos amigos da faculdade por todos os momentos e aprendizados compartilhados durante esses 5 anos. A todos os professores que nos acompanharam ao longo destes anos por seus ensinamentos. Ao meu orientador Maxim, pela paciência e motivação para concluir esta etapa. A todos contribuíram de alguma forma para realizar este trabalho.

Muito obrigada!



O USUÁRIO Introdução

1.1. O idoso e o envelhecer 1.2. O Processo de Envelhecimento 1.3 . O Idoso como Agente Social 1.4. Tipos de Idosos

DADOS E ESTATÍSTICAS 09 12 13 13 14

2.1. Estatisticas 2.2. População Idosa e Legislação no Brasil

18 19

3.1. As necessidades espaciais dos idosos 3.2. Acessibilidade Espacial

CONTEXTO URBANO

PROJETOS ANÁLOGOS 4.1. Conjunto habitacional Schots 1+2 4.2. Hiléa

O IDOSO E O ESPAÇO

26 27

5.1. Inserção Urbana 5.2. Tema 5.3. Escolha da Quadra

22 23

PROJETO 30 31 32

6.1. Programa 6.2. Premissas de Projeto 6.3. Programa de Necessidades 6.4.Tabela de Áreas 6.5. Desenhos Técnicos Bibliografia

34 34 35 36 40 79



INTRODUÇÃO É cada vez mais marcante nas sociedades do mundo e, em especial, nas mais desenvolvidas o aumento do número de pessoas que chegam a terceira idade. Este aumento populacional se deve as melhorias nas condições de vida e ao desenvolvimento da ciência gerontológica, e por consequência, o aumento da expectativa de vida. Porém, os espaços urbanos não têm acompanhado o novo perfil etário que vem surgindo. A falta de acessibilidade devido a precariedade nas calçadas, com desníveis, obstáculos, iluminação deficiente e o trânsito devido ao número excessivo de veículos, não oferecem segurança de mobilidade aos idosos. Somando-se a todos esses problemas, ainda há a carência de espaços que atendam às necessidades específicas dos idosos. Assim torna-se essencial a criação de equipamentos que envolvam os idosos e atendam seus direitos sociais, para que sejam inseridos na sociedade e aproveitem de forma digna essa fase da vida, além de possibilitar que compartilhem suas experiências e conhecimentos com a população mais jovem, para proporcionar uma qualidade de vida melhor a toda a comunidade.

Centro de Convívio para Idosos | 09



1. O USUÁRIO


1.1. O I D O S O E O E N V E L H E C E R O envelhecimento é um processo que acomete todos os indivíduos, onde o declínio, principalmente físico, interfere nas atividades diárias, tanto no âmbito social quanto psicológico. Esses declínios podem ser classificados de duas maneiras, como senescência e senilidade.

• Senescência - é caracterizada como um fenômeno fisiológico, arbitrariamente identificado pela idade cronológica, que pode ser considerado como um envelhecimento sadio, em que o declínio físico e mental é lento, sendo compensado, de certa forma, pelo organismo (SIMÕES, 1994). • Senilidade - caracteriza-se pelo declínio físico associado à desorganização mental. Ela não é exclusiva da idade avançada e pode ocorrer prematuramente, pois se identifica com uma perda considerável do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além

12 | Trabalho Final de Graduação

de uma considerável perda de memória. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), oficialmente considera-se individuo idoso, aquele com idade igual ou superior a 65 anos residentes em países desenvolvidos e com 60 anos ou mais para países em desenvolvimento (MAZO, LOPES; BENEDERRI, 2001). Desta forma no Brasil são consideradas idosas as pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (lei 10.741, 1 de outubro de 2003). Considerando o aspecto cronológico, a OMS subdivide a idade adulta em quatro estágios: meia idade: 45 a 59 anos, idoso: 60 a 74 anos, ancião: 75 a 90 anos e velhice extrema: acima de 90 anos (Weineck, 1991). Em outra proposta SPIRDUSO (1995) cria uma classificação cronológica dividindo-os da seguinte forma: adulto da meia idade o indivíduo com idade entre 45 e 64 anos; o idoso-jovem aquele entre 65 e 74 anos; o idoso aquele com idade entre 75 e 84 anos; o idoso-idoso de 85 a 99 anos e o idoso-velho que seriam indivíduos

acima de 100 anos de idade. Nota-se que o idoso não pode ser definido por uma faixa etária específica, uma vez que os aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos também influenciam o envelhecer. Cada indivíduo tem seu ritmo de envelhecimento, e ao entender este processo que ocorre com todos, é possível garantir ao idoso um envelhecimento saudável e com qualidade de vida.


1.2. O P R O C E S S O D E E N V E L H E C I M E N TO Ao analisar o processo de envelhecimento é necessário compreender os principais aspectos que modificam durante essa fase. Dentre elas é possível destacar os aspectos socioeconômicos, psicocognitivos e biológico/funcional. Essas alterações que acontecem no organismo dos idosos variam de acordo com cada individuo, dependendo de suas condições físicas internas, o meio ambiente em que está inserido e o estilo de vida (SIMÕES, 1994, p.44). Levando em consideração o aspecto socioeconômico, a aposentadoria é responsável pela mudança mais significativa, uma vez que o desligamento do trabalho acarreta no afastamento do circulo social e, na maioria dos casos, o poder aquisitivo reduzido. (MAZO et. al., 2004). No aspecto pisicocognitivo, a inteligência, memória aprendizagem e o tempo de reação são afetados, além de diminuir as aptidões psicomotoras responsáveis pela coordenação, agilidade mental e sentidos, podendo prejudicar o desempenho em testes que exijam a rápida execução de ações. (BERGER, MAILLOUXPOIRIER, 1995). Quanto ao aspecto biológico/funcional observam-se as mudanças no organismo provenientes de seu desgaste natural, alterando a aparência e os sistemas corporais, como o sistema cardiovascular, pulmonar, e também o sistema sensorial. Tais mudanças prejudicam a autonomia do idoso, já que estes ficam mais suscetíveis à fadiga, e a quedas, além

de outras consequências patológicas. Com a mobilidade reduzida e o enfraquecimento dos ossos, os idosos correm maior risco de fraturas, quedas e acidentes (BRASIL, 2001). Soma-se a isso a debilitação do sistema sensorial, com a diminuição da audição e visão, menor adaptação às mudanças climáticas, etc.

1.3. O I D O S O C O M O AGENTE SOCIAL O envelhecimento é um processo natural, dinâmico, e não deve ser visto como sinônimo de doença ou associado à falta de capacidade cognitiva e invalidez. Os idosos, por questões biológicas, podem apresentar algumas limitações ou pequenas dificuldades que variam em cada individuo, mas não significa incapacidade de realizar tarefas. A independência funcional caracteriza-se como a capacidade de um indivíduo de realizar atividades do cotidiano de forma independente. Esta capacidade está relacionada à mobilidade e à capacidade funcional, onde o idoso não necessita do auxílio para realização das atividades básicas e instrumentais de vida diária. Hoje grande parte desta população continua em plena atividade física e mental, e isto possibilita que sua presença nos espaços públicos seja cada vez maior. A continuidade no mercado de trabalho marca uma geração que busca por melhores condições de vida. Neste

sentido, há o aumento da procura por assistência médica a fim de prevenir doenças, uma vez que os custos médicos são significativamente menores para pessoas idosas ativas. (OMS, 1998). Além disso, para a manutenção da qualidade de vida, principalmente no aspecto emocional, é fundamental estabelecer laços sociais. Por esta razão, vem crescendo busca por atividades de lazer voltadas para a Terceira Idade, uma vez que tais atividades evitam o isolamento e outros problemas de saúde como a depressão e baixa autoestima, o que é crucial para a revalorização destes indivíduos. Deste modo, a ressignificação da Terceira Idade nos espaços possibilita uma vida ativa, onde há uma valorização do envelhecer ao ressaltar a singularidade de cada indivíduo, ao permitir que o idoso enxergue seu potencial de experiências e conhecimentos acumulado ao longo da vida.

Centro de Convívio para Idosos | 13


1.4. T I P O S D E I D O S O S A classificação dos idosos quanto ao temperamento podem ser divididas em 4 tipos: 1. Eufóricos ou ativos: São indivíduos que procuram estar sempre em atividade. E mesmo que possam ter algum distúrbio orgânico, são grandes apreciadores da vida e continuam sociáveis, trabalhadores, criativos (Grinberg 1999, 50 p.). 2. Deprimidos: Por estarem com algum problema físico e psicológico, estes indivíduos podem se sentir desprezados ou humilhados, esperando sempre o pior. Com a autoestima abalada podem ser ociosos

14 | Trabalho Final de Graduação

ou não (Grinberg 1999, 50 p.). 3. Assustados: Esses idosos apresentam se hipocondríacos, sempre preocupados em excesso. Em uma tristeza profunda, se queixam amargamente da vida, tornando-os improdutivo (Grinberg 1999, 50 p.). 4. Indiferentes: Não se queixam de nada, e se apresentam desinteressados sobre qualquer assunto. Insensíveis e apáticos, não se importam de tem amigos ou não, e podem até se consideram felizes (Grinberg 1999, 50 p.).


4. Fisicamente frágil: Este grupo é capaz de desenvolver todas as atividades básicas do dia a dia, além de algumas atividades intermediárias e serviços domésticos como preparar comida e fazer compras. Trabalhar a força muscular e flexibilidade se tornam essenciais para a locomoção (Folha de São Paulo, 2009).

5. Fisicamente dependente: Consegue realizar algumas atividades básicas do dia a dia, mas ainda necessita de ajuda de terceiros. Para não agravar a capacidade física é necessário trabalhas os membros envolvidos nas tarefas de autocuidado (Folha de São Paulo, 2009). FONTE: http://terceiraidadeeouro.blogs.sapo.pt/

A classificação conforme a capacidade física pode ser diferenciada da seguinte forma: 1. Atletas: Os idosos atletas apresentam um bom preparo físico e realizam atividades físicas com frequência, podendo até participar de atividades competitivas em nível internacional. Para manter a aptidão física e desempenho nas atividades é necessário treinamento (Folha de São Paulo, 2009). 2. Fisicamente ativo: Este grupo tem a capacidade de realizar atividades avançadas, desempenhando trabalhos físicos moderados como esportes de resistência e jogos. Necessitam de treinamento para manter o equilíbrio, tempo de reação e movimento, agilidade e coordenação (Folha de São Paulo, 2009).

6. Fisicamente incapaz: Este tipo de individuo é totalmente dependente dos outros e não consegue realizar nenhuma atividade básica do dia a dia. Necessita de estímulos para ganhar força muscular (Folha de São Paulo, 2009). Desta forma são imprescindíveis os cuidados com essa geração, descobrir as causas que os afligem e poder diminuir ou fazer cessar o sofrimento do ser humano. Os idosos, em parte, retornam à infância. A fragilidade, a ingenuidade devido a afastamentos da modernidade e o fato de por muitas vezes não conseguirem se defender ou responder pelos seus atos, e tem a necessidade de uma atenção especial. Os idosos precisam ser compreendidos, amados e respeitados pelos seus semelhantes.

3. Fisicamente independente: Os idosos fisicamente independentes são capazes de realizar trabalhos como cuidar da casa e atividades de baixo gasto energético (Folha de São Paulo, 2009). Centro de Convívio para Idosos | 15



2. DADOS E ESTATISTICAS


2.1. E S T A T � S T I C A S O crescimento da população de idosos Ê um fenômeno mundial e estå ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhþes de idosos no mundo. AtÊ o sÊculo passado, a população brasileira contava com 8.658.000 idosos, em cada grupo de vinte pessoas, era possível encontrar um com mais de 65 anos. Jå em 1998, quase cinco dÊcadas depois, este contingente alcançou a marca de 579 milhþes de pessoas, um crescimento de quase 8 milhþes de pessoas idosas por ano, sendo uma das causas o aumento em 19 anos na expectativa de vida da população. Segundo as projeçþes, o número de centenårios aumentarå em 15 vezes, de 145.000 pessoas, em 1999, para 2 milhþes, em 2050, isto Ê, o número de pessoas entre 15 e 64 anos de idade por cada pessoa de 65 ou mais - diminuirå em menos da metade nas regiþes desenvolvidas. Em relação aos países da AmÊrica Latina, o Brasil assume uma posição intermediåria com uma população de idosos correspondendo a

20

00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20

GrĂĄfico 1 - Projeção de crescimento da proporção da população de 60 anos ou mais de idade, Â?Â?  segundo o sexo - Brasil - 2000-2020 16,0  ­  14,0 12,0  Âƒ ƒ„ 10,0 ƒƒ 8,0 Â? Â… ƒ„ 6,0 ‡

4,0 ˆ 2,0 0,0  Âˆ ‰ Š Total Homem Mulher  Fonte: Projeto IBGE/Fundo de População das Naçþes Unidas UNFPA/BRASIL (BRA/98/P08), Sistema ÂŒ Integrado Projeçþes e Estimativas Populacionais e Indicadores SociodemogrĂĄficos, Projeção preliminar 18 | TrabalhodeFinal de Graduação da população do Brasil por sexo e idade 1980-2050, revisĂŁo 2000.  Â?

8,6% da população total. Mas, a região latino-americana apresenta uma grande diversidade, com a proporção de idosos variando de 6,4% na Venezuela a 17,1% no Uruguai. As populaçþes europeias apresentam, caracteristicamente, proporçþes mais elevadas, com os idosos representando algo em torno de 20% da população de seus países. AtÊ 2025, o Brasil representarå a sexta maior população de idosos do mundo (mais de 32 milhþes de pessoas com 60 anos ou mais). Com o envelhecimento da população, novas necessidades foram explicitadas pela pessoa idosa, como de autonomia, mobilidade, acesso a informaçþes, serviços, segurança e saúde preventiva. A fim de atender a essas novas expectativas foram estruturados nos últimos trinta anos instrumentos legais que garantem proteção social e ampliação de direitos às pessoas idosas, num esforço conjunto de vårios países.

6,4 Venezuela

MĂŠxico 6,5 Equador

6,6 ColĂ´mbia 6,8 Peru 7,0 Brasil 8,6 Chile 10,1 China 10,8 Cuba 13,0 Argentina 13,2 Estados Unidos 15,9 CanadĂĄ 16,3 Â? Uruguai 17,1

França 19,7 Reino Unido 20,4 Alemanha 21,8 JapĂŁo 22,3 ItĂĄlia 23,1 Fontes: Demographic yearbook 1999. New York: United Nations, 1999; IBGE, Censo DemogrĂĄfico 2000. ­ ƒ€ „ Â…

Gråfico 2 - Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade em países selecionados - 1990/1999


2.2. P O P U L A Ç Ã O I D O S A E L E G I S L A Ç Ã O N O B R A S I L • 1991 - POPULAÇÃO ACIMA DOS 60 ANOS – 10,7 milhões PESSOAS (FONTE: IBGE) • 1988 - LEI MAIOR (CONSTITUIÇÃO) DE 1988 “A família, a sociedade e o Estado têm dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” (art. 230). • 1994 – CRIAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO (Lei 8.8421/94). “Assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade” (art. 1) • 2000 - CRIAÇÃO DE NORMAS E CRITÉRIOS PARA A PROMOÇÃO DE ACESSIBILIDADE A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA E MOBILIDADE REDUZIDA (fonte: lei 10.098/2000). POPULAÇÃO ACIMA DOS 60 ANOS – 14,2 milhões pessoas • 2002 - CRIAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DOS IDOSOS (fonte decreto 4.227/2000) • 2003 – É INSTITUÍDO O ESTATUTO DO IDOSO (fonte: lei 10.741/2003) “É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. ” (Art. 1). “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. ” (Art.3). • 2010 - POPULAÇÃO ACIMA DOS 60 ANOS – 19,6 milhões (fonte: censo demográfico, 2011) • 2020 – PROJEÇÃO POPULAÇÃO ACIMA DOS 60 ANOS – 29,3 milhões de pessoas (fonte: projeções de população, 2013) • 2030 – PROJEÇÃO POPULAÇÃO ACIMA DOS 60 ANOS – 41,5 milhões de pessoas (fonte: projeções de população, 2013) • 2060 - PROJEÇÃO POPULAÇÃO ACIMA DOS 60 ANOS 73,5 milhões de pessoas (fonte: projeções de população, 2013)

PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO – INDICADORES Evolução Populacional por grupos etários - Brasil: 2000-2060 20.000.000 18.000.000 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.000.000 8.000.000

25-29

30-34

35-39

6.000.000

40-44

45-49

50-54

4.000.000

55-59

2.000.000

0 2000

2010

2020

2030

2040

2050

2060

FONTE: Projeção da população por sexo e idade: Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO – INDICADORES

45

Evolução Populacional por grupos etários - Brasil: 2000-2060 20.000.000

60-64 18.000.000 16.000.000 14.000.000 12.000.000

65-69 70-74

75-79 80-84 85-89 90+

10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000

0 2000

2010

2020

2030

2040

2050

2060

FONTE: Projeção da população por sexo e idade: Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. 46

Centro de Convívio para Idosos | 19



3. O IDOSO E O ESPAÇO


3.1. A S N E C E S S I D A D E S E S P A C I A I S D O S I D O S O S Ao envelhecer, necessidades específicas acabam surgindo e podem ser supridas através de ambientes projetados que consideram as limitações e capacidades deste grupo. De acordo com Hunt(1991), tais necessidades podem ser classificadas quanto as necessidades físicas, necessidades informativas e necessidades sociais. Necessidades físicas: Principal aspecto a ser considerado ao se projetar espaços para Terceira Idade ou pessoas com mobilidade reduzida, trazendo mais segurança e conforto ao usuário. Estes ambientes devem suprir as necessidades dos idosos

22 | Trabalho Final de Graduação

e levar em conta os aspectos biomecânicos e antropométricos, e criar espaços livres de obstáculos e de fácil manutenção, a fim de evitar acidentes (BINS ELY, CAVALCANTI, 2001). Como exemplo, rampas usadas para vencer desníveis facilitam a locomoção de idosos com limitações musculares, e também equipamentos ergonômicos que facilitem seu uso. Necessidades informativas: Forma como as informações do ambiente são processadas. Hunt (1991) levanta dois aspectos importantes ao processar as informações: a percepção, que é a forma que se obtêm as informações

do ambiente, e a cognição, que é o processo de organizar as informações retiradas do ambiente. Portanto ao projetar os espaços é necessário criar ambientes de fácil compreensão e que estimulem todos os sentidos, para que na falta de um deles o ambiente transmita informações através dos demais (BINS ELY, CAVALCANTI, 2001). Ambientes temáticos ou padronizados que facilitem a distinção da função ou atividade auxiliam o idoso a relembrar informações recém-adquiridas. Necessidades sociais: Modo com que se articula o controle da privacidade e/ou interação social.

Assim, os projetos voltados para idosos devem ser propícios a criar o senso de comunidade, no qual laços de amizade e vizinhança possam se estabelecer naturalmente (HUNT,1991). Como exemplo pode ser citado o uso de varandas em residências, que oferecem aos idosos a possibilidade de interagir com a comunidade.


3.2. A C E S S I B I L I D A D E E S P A C I A L

A acessibilidade espacial está relacionada à integração de pessoas e ambientes ao permitir os usuários a liberdade de ir e vir, e realizar atividades com segurança, conforto e autonomia. O direito a acessibilidade deve abranger todos os usuários e permitir que realizem as atividades, inclusive as pessoas com necessidades especiais com diversas restrições, como pessoas com limitações físicas, que associadas ao ambiente, dificultam o desempenho de atividades (DISCHINGER; BINS ELY, 2006). Segundo Dischinger e Bins Ely (2006), para que os espaços sejam considerados acessíveis, devem atender aos quatro componentes da acessibilidade: orientação/informação, deslocamento, uso e comunicação.

2. Deslocamento: As áreas de circulação, tanto verticais como horizontais, devem prezar por condições de deslocamento e livre circulação. No caso de pessoas com mobilidade reduzida, são necessários cuidados específicos. Os tipos de pisos a serem implantados devem ser antiderrapantes para evitar quedas e antirreflexo, para evitar ofuscamento respectivamente (BINS ELY et al., 2006). Rampas e escadas localizadas próximas uma das outras permitem o usuário escolher a forma de transpor diferentes níveis e evitam sua segregação (GERENTE, 2005). Além disso, faixas elevadas de pedestres ou guias rebaixadas em locais estratégicos, trazem segurança para os pedestres ao atravessar vias (BELLINI, DOS SANTOS, 2004). 3. Uso: Diz respeito à ergonomia dos objetos, equipamentos e mobiliários que compõem os ambientes, e que devem se adequar aos usuários. Desta forma, o mobiliário deve ser planejado para que permita seu uso com conforto e atender as necessidades dos diversos usuários. As áreas de estar devem prever espaços livres de mobiliários para acolhimento de cadeiras de rodas e carrinhos de bebês, sem prejudicar o uso dos demais mobiliários e equipamentos (BELLINI, DOS SANTOS, 2004). 4.Comunicação: Corresponde a meios que simplifiquem a forma de interação dos usuários com o ambiente, que pode ocorrer através da articulação do mobiliário ou tecnologias de auxílio à informação. Bancos implantados um de frente para o outro facilitam a socialização, principalmente em idosos e pessoas com restrições auditivas, pois permitem a leitura labial (BINS ELY ET AL., 2006).

1. Orientação e informação: Corresponde a compreensão do ambiente, onde o individuo possa se localizas com facilidade e se deslocar a partir de informações oferecidas pelo ambiente. Assim, a compreensão espacial para os idosos pode ser apresentada com diferentes formas de informação, com placas, avisos sonoros, mapas, etc. Outra maneira é a setorização dos espações e a diferenciação do cenário a partir do uso de cores contrastantes, formas diferenciadas, texturas, materiais e espécies vegetais. Em áreas de circulação, os pisos com desníveis e bordas devem ser diferenciados por cores e textura (LIMA, 2014). Centro de Convívio para Idosos | 23



4. P R O J E T O S A N Á L O G O S


Conjunto Habitacional Schots 1+2, Groningen, Holanda, 1993 - Studio S333 • A ideia do projeto inseriu no bairro um conjunto habitacional com espaços semi-públicos, uma alternativa de interação com a cidade • Concepção de um espaço aberto a todos, com acesso à área comercial localizada no térreo do conjunto • Apartamentos e residências • Conjunto habitacional articulados a partir de espaços semi-públicos, uma alternativa de interação com a cidade • Espaço aberto a todos, com acesso à área comercial localizada no térreo do conjunto • Valorização do espaço interior, criando um ambiente social integrador e privativo • Articula volumes e topografia para manter a visual do contexto urbano

26 | Trabalho Final de Graduação


Hiléa – Centro para idosos no Morumbi SÃO PAULO, 2007 - AFLALO E GASPERINI • Centro para idosos que integra lazer, hotelaria e saúde em um mesmo lugar • Programa se desenvolve em dois volumes: habitacional (vertical) e espaços comuns do hotel e da clínica (horizontal) • Pavimentos habitacionais contam com posto de enfermagem, refeitório, sala intima com tv e suítes de 36m². • Oferece atividades que auxiliam na recuperação do desenvolvimento físico e mental dos usuários.(consultórios e lazer) • Oferece espaço para com brinquedotéca para receber familiares.

IMPLANTAÇÃO HILÉA 1. Praça de acesso / 2. Espaço de eventos / 3. Recepção / 4. Hall social / 5. Cozinha / 6. Bar/Café / 7. Restaurante / 8. Espaço de convivencia / 9. Sala da família / 10. Jardim

Centro de Convívio para Idosos | 27



5. C O N T E X T O U R B A N O


5.1. I N S E R Ç Ã O U R B A N A

A área de estudo, se encontra na parte Sul da cidade de CampinasSP, macrozona 4, abrange uma região de 22 há, sendo limitada pela Rodovia dos Bandeirantes e a Rodovia Santos Dumont, eixos de trafego intenso que interligam à outros municípios. Este território é marcado por uma expressiva fragmentação e dispersão urbana, caracterizado pela presença de grandes porções de terras não ocupadas. Seu entorno imediato se liga os bairros Jardim Santa Terezinha, Jardim Morumbi, Vila aeroporto e Jardim Paraiso de Viracopos, marcados pelo traçado irregular da malha urbana, que enriquece a paisagem com sua grande diversidade. O recorte apresenta como seu maior elemento articulador do espaço urbano o Parque Linear do Rio Capivari, conformado ao longo do rio de mesmo nome. É um espaço de grande relevância para a cidade, pois é o segundo parque mais visitado, atrás apenas do Parque Portugal.

30 | Trabalho Final de Graduação

Ele cruza a área de intervenção, e é o equipamento indutor com maior potencial para a região, carente em equipamentos qualificados. Tal carência de equipamentos não se limita ao lazer e entretenimento, mas também na área educacional, saúde e comercial. Assim, o trabalho procurou compreender as pessoas que ocupam esse lugar, suas necessidades, hábitos e cultura, para qualificar os grandes vazios urbanos, e desenvolver novos traçados que se conformem ao tecido existente, a fim de trazer novo ânimo com equipamentos indutores que beneficiarão não apenas a comunidade, mas também toda a população próxima ao Rio Capivari.


5.2. T E M A A definição do tema se deu após o estudo urbano realizado anteriormente em grupo, onde pudemos observar a ausência de equipamentos voltados a atender a população da Terceira Idade. Somando a isso, através da coleta de dados, foi possível observar que a população da área estudada está passando por uma fase de transição dos padrões etários, onde grande parte se concentra na faixa dos 40 aos 64 anos. Em uma projeção para daqui 30 anos, o que equivale ao período de uma geração, toda essa população economicamente ativa estará em idade avançada. Com o objetivo de proporcionar melhoria na qualidade de vida a esta nova população, percebeu-se a necessidade de criar um equipamento que integre diversas funções que atendam às necessidades básicas dos idosos, através de um ambiente de fácil compreensão e um traçado urbano seja acessível, a fim de garantir ao idoso sua independência de mobilidade para realizar as atividades básicas do cotidiano e proporcionar uma vida digna.

Centro de Convívio para Idosos | 31


5.3. E S C O L H A D A Q U A D R A A partir do plano urbano desenvolvido em equipe, foram definidos os locais específicos para cada projeto indutor, de modo que houvesse uma relação entre os equipamentos propostos, a fim de trazer qualidade ao desenho urbano proposto. Seguindo estes conceitos, a escolha da quadra levou em consideração possibilidade de fácil acesso, próxima a duas vias estruturadoras, dotadas de transporte público, para garantir a autonomia para que o idoso chegue ao equipamento. A via que faz a ligação Leste-Oeste se constitui em um eixo atrativo à população dos bairros lindeiros, com praças arborizadas, ciclovias, criando um ambiente propício ao pedestre. Uma de suas extremidades se conecta a uma estação intermodal, com acesso ao VLT que integra várias regiões de Campinas, facilitando o acesso à área de intervenção. Além disso, ambos os eixos se ligam às áreas verdes indutoras do projeto urbano e se qualificam não só pela importância ambiental e pelas visuais geradas pelo declive do terreno, mas também pela valorização cultural da região, com mais uma opção de lazer e convívio para a comunidade. Outro ponto importante é a localização do equipamento próximo a uma escola de ensino fundamental, assim será possível ampliar o convívio dos idosos, geralmente restrito com à própria faixa etária, ao aproxima-los das crianças e promover o contato entre as distintas gerações. Desta forma é possível ensinar as pessoas desde pequena a olhar os idosos com respeito, além de proporcionar a troca de conhecimentos que beneficiam tanto os idosos, quanto crianças, além da sociedade com a transmissão da cultura local.

32 | Trabalho Final de Graduação


Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 33



6. P R O J E T O


6.1 . P R O G R A M A

6.2. P R E M I S S A S D E P R O J E T O

O programa foi definido considerando o usuário idoso (fisicamente ativo ao fisicamente dependente), com total ou relativa mobilidade, a fim de promover conforto e segurança aos usuários, e oferecer atividades que auxiliem na manutenção do desempenho fisico e mental, e assim possibilitar que as necessidades básicas específicas deste grupo sejam atendidas. Para isso, o programa se divide em alguns setores, distribuídos em duas praças de níveis diferentes, a fim de criar um ambiente de fácil compreensão e facilitar a autonomia dos idosos dentro destes espaços.

• Reforçar o caráter local de conjunto de equipamentos públicos: • Evitar o isolamento dos idosos, causa de depressão e angústia, comuns na terceira idade. • Inserir o idoso dentro do espaço urbano, e promover o convívio não apenas entre os idosos, mas também do idoso com a comunidade. • Permitir a autonomia do idoso com fácil acesso à equipamentos de uso nas atividades básicas do dia-a-dia. • Utilização de materiais e cores que estimulem os sentidos e facilitem a circulação nos espaços • Promover o encontro entre os idosos, as crianças, e a comunidade • Espaços de atividades voltados ao entretenimento e aprendizado dos idosos. • Habitação universal, com atendimentos especializados para a manutenção da qualidade de vida da população idosa. • Presença de pátios, onde efetivamente se dá o encontro e o contato entre pessoas. • Grande praça pública que permite o acesso as atividades específicas ligadas diretamente à comunidade. • Criar espaços de áreas verdes que atraiam os habitantes e a comunidade a permanecerem • Promover oficinas que permitam a troca de conhecimentos entre as gerações • Edifícios baixos com até 3 pavimentos, para melhor acessibilidade. • Escalonamento dos pavimentos, para manter as visuais do entorno, como a mata tombada Sta Terezinha. Também garante ao projeto uma volumetria mais rica. “O acolhimento da sabedoria dos mais velhos pelas crianças se dá em função do status especial que a própria posição lhe confere, ou seja, o idoso perante as crianças torna-se um conhecedor do que faz, um líder, capaz de tudo resolver pelas experiências acumuladas.” Mônica Teodoro

36 | Trabalho Final de Graduação


6.3. P R O G R A M A D E N E C E S S I D A D E S Habitação: Habitações adaptadas universalmente como forma de atender as necessidades específicas desta faixa etária, que geralmente apresentam sua capacidade de mobilidade limitada. Além disso os apartamentos projetados levam em conta o dimensionamento dos espaços de acordo com a NBr 9050, assim permitem usuários de cadeira de rodas ou instrumentos de apoio. Saúde: Visto as debilidades físicas e psicológicas que acometem esta faixa etária, é notável o aumento com os cuidados com a saúde, sendo ela uma das causas da procura por centros urbanos com infraestrutura e programas voltados para a terceira idade. Assim, é importante que haja um setor responsável pelos cuidados geriátricos, com o objetivo de amenizar as consequências provenientes do declínio biológico, e proporcionar uma qualidade de vida melhor. Comércio: Ao considerar as necessidades sociais do idoso, o ato de se deslocar no meio urbano, além de ser uma forma de adquirir autonomia em exercer atividades básicas no cotidiano, também é considerado por muitos como uma forma de convívio e interação com a comunidade. Desta forma, os módulos comercias atuariam como indutores de fluxo no interior da quadra a fim de evidar o isolamento social do idoso. Esporte: A busca em adotar estilos de vida mais ativos se torna cada vez mais evidente entre a Terceira Idade, visto que a atividade

física auxilia na melhoria da autonomia e na saúde. Segundo pesquisa feita por MARCOS GONÇALVES MACIEL (2008) os motivos que levam os idosos a participarem de atividades físicas vão além da preocupação com a saúde física, sendo motivadas também pela possibilidade de estabelecer amizades. Pedagógia: Independentemente da idade, pessoas com idade avançadas ainda possuem a capacidade de aprender, desde que hajamotivações adequadas e tempo de assimilação. Este processo de educação permite a socialização e a reavaliação das características próprias, que resulta na aquisição de novos conhecimentos, de novas realidades e espaços. Além disso, a proposta é criar espaços de oficinas, não só para estimular o aprendizado e as habilidades físicas, mas também oficinas integracionais, onde os idosos possam transmitir os valores adquiridos ao longo da vida para outras gerações e contribuir para a formação dos mais jovens. Entretenimento: Serviços e atividades criados proporcionam uma rotina divertida aos usuários através da socialização. Desta forma a integração e o convívio estarão presentes e permitirão o fortalecimento das relações sociais entre todas as faixas etárias. Envolver crianças e adolescentes trazem alegria e vitalidade às atividades realizadas, e ao mesmo tempo desenvolvem o respeito e admiração pelos moradores, além de promover ao bem-estar em um ambiente agradável à toda comunidade.

Centro de Convívio para Idosos | 37


6.4. T A B E L A D E Á R E A S Pedagogia

Habitacional Descrição

Qtd.

Habitantes Habitações individuais 80% Habitações casais 20% Área Total + circulação

93 81 6 -

área unitária Área total (m²) (m²) 28 2268 35 210 3717

Comércio Descrição

Qtd.

Módulos comerciais Restaurante Área Total + circulação

6 1 -

Área unitária Área total (m²) (m²) 26 156 430 430 879

Administração Descrição

Qtd.

Área de exposição Recepção/ atendimento ao público Administração Sala de Professores Copa funcionários Depósito Vestiário funcionários Área Total + circulação

1 1 1 1 1 1 1 -

38 | Trabalho Final de Graduação

Área unitária Área total (m²) (m²) 140 140 100 100 22 22 13 13 20 20 5 5 23 23 274,5

Descrição

Qtd.

Ateliê de corte e costura Ateliês livres Culinária Informática Alfabetização e Inglês (25 alunos) Biblioteca Banheiro masc./fem. Área Total + circulação

1 2 1 1 1 1 1 -

Área unitária Área total (m²) (m²) 47 47 47 94 47 47 47 47 42 42 200 200 40 40 775,5

Saúde Descrição

Qtd.

Ambulatório Médico geriatra Consultório livre Fisioterapia Sala de espera Banheiro Área Total + circulação

3 1 1 1 1 2 -

Área unitária Área total (m²) (m²) 70 210 18 18 18 18 47 47 38 38 2,25 4,5 503,25


Entretenimento Descrição

Qtd.

Academia Piscina Vestiário Salão de festas/ dança Auditório/ Sala de projeção (115 pessoas) Área Total + circulação

1 1 2 1

Área do terreno 14.000

Área unitária Área total (m²) (m²) 240 240 180 180 45 90 105 105

1

240

240

-

-

1282,5

C.A.

T.O.

0,5

20%

Total construido (m²) 7432

Centro de Convívio para Idosos | 39



v

DESENHOS


IMPLANTAÇÃO ESCALA 1:750

42 | Trabalho Final de Graduação

O projeto busca criar espaços onde o idoso possa ser reinserido na comunidade com espaços que proporcionem a vivencia com pessoas de diversas faixas etárias. Para isso a implantação se organiza a partir de duas praças em níveis diferentes (601 e 602), que tem como papel principal a criação de espaços de permanência e convívio. Na área central, duas praças secas conformam-se ao redor da cúpula e da geodésica, permitindo seu uso para eventos comunitários, com estrutura de palco, pergolados que permitem feiras, tanto itinerante quanto do artesanato produzido pelos idosos. Ao longo das praças são locados bancos que são trabalhados de frente um para o outro a fim de facilitar a comunicação dos idosos, além de se relacionarem com a vegetação, em espaços agradáveis, tirando partido do jogo de luz e sombras. A proposta também tem o objetivo de estimular os sentidos ao criar jardins de formas orgânicas, que induzem o usuário a circular pelo ambiente de forma dinâmica e contemplar a paisagem, a fim de quebrar a monotonia. Os pátios são diferenciados, cada um com características próprias (vegetação, espelho d’água, pergolados) para que auxilie o idoso se localizar mais facilmente no espaço. As áreas externas se integram com os programas, sempre buscando trazer mais vida e movimento para a quadra. Todo o programa se organiza ao longo de um único edifício laminar que abraçam as duas praças. Sua forma tem origem na articulação de dois pentágonos, conformando em seus pátios, praças com controle de fluxos que dão mais segurança e tranquilidade para os idosos que vivem ali ou apenas fazem uso dos equipamentos, que promove o dinamismo volumétrico da edificação com movimentação e leveza.


Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 43


PAVIMENTO TÉRREO ESCALA 1:500 1.Restaurante 2. Recepção 3. Administrativo 4. Sala multiuso 5. Informática 6.Biblioteca

7. Fisioterapia 8. Consultório 9. Sala de Espera 10. Enfermaria 11. Academia 12. Comércio

13. Apoio ao restaurante 14.Praça para Feira 15. Praça do Tabuleiro 16. Palco 17. Jardim de Leitura 18. Atividades ao ar Livre

Na cota 601 se encontram a recepção e a área de apoio, com diretoria, sala dos professores, copa e vestiários. Este é o ponto de chegada para quem quer visitar alguém que more na quadra. Também é pela recepção que se tem acesso ao auditório, que se encontra no subsolo. Na mesma cota, há um restaurante aberto ao público, um dos principais indutores de fluxo na quadra. Já na cota 602, se configura o setor de comércio, que também tem uma praça reservada. Este bloco comercial, junto com uma praça, pensada para receber feiras e eventos, têm o intuito de ser um atrativo que gere fluxos e traga vida para o interior da quadra, ara feiras. Pela praça da geodésica, se dá o acesso a academia, e também ao seu subsolo, onde se encontra a área de piscina. Próximos se encontram a enfermaria, para atender emergências, e a área de fisioterapia, que também conta com uma área de exercícios ao ar livre. A biblioteca, localizada na cota 602 possui seções específicas para livros e para periódicos. Na cota 601, existem duas salas, uma sala de informática e uma sala multiuso, para eventuais cursos e aulas, como aulas de alfabetização e cursos de línguas. Na sua parte externa há uma área exclusiva, com pergolados, espelho d’água e vegetação abundante, voltados para leitura e relaxamento dos usuários. 44 | Trabalho Final de Graduação


14

13 1

12

12 12

12 12

12

11

16 15

10

2

8 7

3 6 4

9 8 18

5

17

Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 45


SUBSOLO - NÍVEL 597 E 599 ESCALA 1:500 1. Café 2. Sala de Projeção 3. Sanitários 4. Área Técnica 5. Camarim 6. D.M.L. 7. Auditório 8.Bomba 9. Piscina 10. Vestiário No subsolo se encontra o auditório que é acessado pela cota 601, através da recepção da área pedagógica. Este espaço é voltado para receber palestras, além de contar com uma sala de projeção e área de apoio que permitem seu uso para o entretenimento, como exibição de filmes e apresentações artísticas. Ainda no subsolo se encontra a piscina, relacionada ao setor esportivo, com acesso pela academia, que se encontra no nível 602, conta com uma área para a prática de atividades como natação, hidroginástica, que atuam na manutenção e reabilitação de suas habilidades motoras. Graças à geodésica, o espaço tem como cobertura o céu e o próprio sol como fonte de luz, condições essenciais para um espaço de exercícios, com a vantagem extra de estar protegido das intempéries, garante que o idoso se mantenha distante dos riscos de doenças.

46 | Trabalho Final de Graduação


4

3

2 1

5

10 6

7

9 5

3

6 8

4

Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 47


PRIMEIRO PAVIMENTO ESCALA 1:500 1.Ateliês 2. Sanitários 3. Habitacional

O primeiro pavimento conta com habitações e os ateliês, no total de quatro, voltados à prática de artes manuais, como pintura, costura. O espaço foi pensado para formar terraços em ambos os lados, para o uso em atividades externas e convívio.

48 | Trabalho Final de Graduação


1 1 1 3 1 3

2

3 3 3

Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 49


SEGUNDO PAVIMENTO ESCALA 1:500 1. Habitacional

As habitações do edifício respeitam a orientação solar, os sentidos dos ventos e fluxos de pedestres conduziram a forma do projeto e a localização de cada ambiente, de forma a favorecer a insolação, a propensão de ventilação natural. Na entrada dos apartamentos, graças ao seu desenho e raciocínio de modulação, formam nichos que servem como áreas de transição entre o privado e o público. A circulação do edifício funciona como uma rua, que interage com o urbano por ser aberta e se relacionar com as praças centrais e as áreas verdes que circundam a quadra. Como rua, a circulação aberta é mais ampla e permite que os corredores deixem de ser apenas uma passagem, configurando um espaço de convivência, com bancos que criam pontos de descanso, permitindo que a transposição do edifício se torne confortável e contemplativa

MÓDULO HABITACIONAL ESCALA 1:75 50 | Trabalho Final de Graduação


1 1

1 1

1

Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 51


T ERCEIRO PAVIMENTO ESCALA 1:500 1. Habitacional 2. Salão de Eventos 3. Terraço Jardim

No terceiro pavimento há uma mistura do programa habitacional com espaços de convívio, que são o teto jardim, que serve como opção de área externa para os habitantes, além das ricas paisagens que podem ser contempladas de sua altura, e o salão de eventos, que atende a demanda de celebrações da comunidade que mora no edifício.

52 | Trabalho Final de Graduação


1 1

1 3

2

1

Centro de ConvĂ­vio para Idosos | 53


CORTES E S C A L A 1: 5 0 0

54 | Trabalho Final de Graduação

A

A

B

B


CORTE AA

CORTE BB

Centro de Convívio para Idosos | 55


ELEVAÇÕES ESCALA 1:500

1

2

56 | Trabalho Final de Graduação


ELEVAÇÃO 1

ELEVAÇÃO 2 Centro de Convívio para Idosos | 57


6.12. E S T R U T U R A ESCALA INDICADA

DETALHE 1 - BRISE DE MADEIRA E S C A L A 1 : 25

β

DETALHE 2 - LAJE PAINEL E S C A L A 1 : 25 58 | Trabalho Final de Graduação


β

β

β

ESTRUTURA DA CÚPULA E S C A L A 1 : 100

ESTRUTURA EDIFÍCIO LÂMINA E S C A L A 1 : 100

Centro de Convívio para Idosos | 59


6.13. E S T R U T U R A G E O D É S I C A ESCALA INDICADA

TRIANGULAÇÃO DA GEODÉSICA ESCALA 1:2 60 | Trabalho Final de Graduação


DETALHE CONEXÃO DA GEODÉSICA ESCALA 1:2

PEÇAS DO ENCAIXE ESCALA 1:2

Centro de Convívio para Idosos | 61


GERAL


PRAÇA DA CÚPULA


ÁREA PEDAGÓGICA


RESTAURANTE


PRAÇA GEODÉSICA


PRAÇA GEODÉSICA


JARDIM DE LEITURA


PRAÇA GEODÉSICA


GERAL



BIBLIOGRAFIA • CANÔAS,S.C.; CANÔAS, J.W. Trabalho e qualidade de vida para além dos 45 anos. a terceira idade: estudos sobre o envelhecimento. São Paulo, v.19, n.42, p.22-29 jun.2008. • MARCIEL,M.G. Análise da automotivação em idosos para a prática da atividade física. a terceira idade: estudos sobre o envelhecimento. São Paulo, v.19, n.42, p.30-43 jun.2008. • BICCA,M.G.; VIVIAN,A.DE.S.; ARGIMON,I.I.DE.L. Avaliação neuropsicológica do idoso. a terceira idade: estudos sobre o envelhecimento. São Paulo, v.19, n.42, p.22-29 jun.2008. • AZEVEDO, R. Idosos: sujeitos de seu tempo. in: neri, a.l. et al. idosos no brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo: editora fundação perseu abramo, edições sesc sp, 2007. p.11-12 • LICHT, F.B.; PRADO, A.R.A. Idosos, cidade e moradia: acolhimento ou confinamento? • REIS, A.C.J. Os idosos e a circulação no espaço urbano: a locomoção dos idosos do pólo tuna luso brasileira do projeto vida ativa na cidade de Belém/pa. Belém, 2009. Dissertação. • SCORTEGAGNA,P.A. OLIVEIRA,R.DE.C.DA.S. Idoso: um novo ator social. Disponível em: <http://www.ucs.br/ etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/1886/73>. Acesso em: 25 de julho de 2016. • GRINBERG,A.;GRINBERG,B.A. Arte de envelhecer com sabedoria. São Paulo: Livraria Nobel, 1999. Disponível em: <https://books.google.com.br/s?id=2zGplFvCcYMC&pg=PA50&lpg=PA50&dq=tipo+de+idosos+quanto +ao+temperamento+grinberg&source=bl&ots=5BoCYTpobT&sig=Vi0IAl8YbwmJswB2uDOM9se0E8Q&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwj_1d7055HOAhXDGR4KHbCaBsQQ6AEIHDAA#v=onepage&q=tipo%20de%20idosos%20 quanto%20ao%20temperamento%20grinberg&f=false> Acesso em: 26 de julho de 2016. • OS seis tipos de idosos. Folha de São Paulo, 15 de março de 2009. Disponível em: <http://www1.folha.uol. com.br/fsp/especial/fj1503200908.htm> Acesso em 26 julho 2016 • MANTOVANI, E.P. O processo de envelhecimento e sua relação com a nutrição e a atividade física. Disponível em: <http://www.fef.unicamp.br/fef/sites/uploads/deafa/qvaf/diagnostico_vinhedo_cap13.pdf> Acesso em: 28 de julho de 2016. • spirduso, W. Physical Dimensions of aging. 1ª ed. Champaign> Human Kinetcs, 1995. 432p. • PROJEÇÕES da população por sexo e idade, IBGE, 2013. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Projecao_da_ Populacao/Projecao_da_Populacao_2013/projecoes_2013_populacao_xls.zip> Acesso em: 28 Julho 2016 • DORNELES, V.G. acessibilidade espacial do idoso no espaço livre urbano. • ALEX, S. Projeto da praça: convívio e exslusão nos espaços públicos. São Paulo: editora Senac São Paulo, 2011 •ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edifcações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. 72 | Trabalho Final de Graduação


• LOTUFO, V. A.; LOPES, J.M.A. Geodésica e cia • NEUFERT, Peter. A arte de projetar em arquitetura. 2ª ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2004. • hertzberger, h. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999. • BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. 40 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. • BRASIL. Lei 8.8421/94 Politica nacional do idoso. em 4 de Janeiro de 1994. Legislação Federal • BRASIL. Lei 10.098/2000 Normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. em 19 de Dezembro de 2000. Legislação Federal • BRASIL. decreto 4.227/2000. Conselho nacional dos conceitos dos idosos • BRASIL. Lei 10.741/2003. Estatuto do idoso. 1 de Outubro de 2003. Legilação Federal. •FONTAINE, R.; DE ALMEIDA, J.N. Psicologia do envelhecimento. 2000. • PEIXOTO, M. Design emocional & envelhecimento: um estudo sobre ações projetuais inovadoras para a promoção de bem-estar para maiores de 60 anos. • CECCON, M.; DAMAZIO, V. M. M. Design Emocional: contribuindo para uma nova forma de projetar. In: XVII Seminário de Iniciação Científica da PUC-Rio, 2009, Rio de Janeiro. Disponível em < http://www.puc-rio.br/pibic/ relatorio_resumo2009/relatorio/ctch/art/marilia.pdf> • World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução de Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. • BESTETTI M.L.T. Habitação para idosos. Tabalho do arquiteto, arquitetura e cidade. Junho de 2006. Pós graduação em arquitetura - Faculdade de aruitetura e urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. • TODARO, M. Crianças e Velhos:A Imagem do Outro. a terceira idade:SESC SP. Volume 15, n° 29. São Paulo, v.19, n.42, p.28-46 jan. 2004.

Centro de Convívio para Idosos | 73



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.