Jornal da SBHCI - ed. 47 - 3/2012

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Ano XV | no 3 | #47 julho, agosto e setembro de 2012 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Ciência e debates deram o tom do Congresso de Salvador E mais:

Ciência e humanismo

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ESC 2012

|

RBCI com versão em inglês


Palavra do Presidente

Caros colegas,

I Entre as conquistas consolidadas nos últimos meses, duas notícias tristes. Perdemos a companhia e a genialidade de Egas Armelin (SP) e Jorge Pinto Ribeiro (RS), homenageados nesta edição.

niciamos o segundo semestre de 2012 colhendo os frutos de nosso trabalho realizado em prol da cardiologia intervencionista durante o primeiro semestre. Um destes desfechos é a entrega do Certificado de Qualidade Assistencial na categoria “Centro Referência” do Programa de Qualidade Institucional SBHCI. Em agosto, entregamos esta certificação ao Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e ao Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, que participaram do desenvolvimento e atenderam com louvor aos requisitos técnicos e normas estabelecidas pelo Manual de Orientação para Serviços de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, e servirão de modelo a todos os Centros de Treinamento de nossa área de atuação.

çamos e concluímos uma parceria com a Elsevier, reconhecida editora internacional, que será responsável pela edição eletrônica em inglês da RBCI, além da inclusão na coleção de periódicos Science Direct. Todas essas ações culminaram com a classificação da RBCI no estrato B3 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para as três áreas da medicina.

Comemoramos o excelente resultado do XXXIV Congresso da SBHCI, realizado em Salvador (BA), que recebeu mais de duas mil pessoas, entre médicos e enfermeiros, palestrantes e parceiros da indústria, e foi marcado por sessões inéditas como o simpósio conjunto entre a SBHCI, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV).

Além dos temas técnicos e institucionais, preparamos uma matéria especial: uma entrevista exclusiva com o professor José Antônio Marin-Neto (SP), que nos brinda com uma belíssima aula sobre o grande desafio de conciliar a ciência e o humanismo, duas vertentes da formação médica, sem que uma se sobreponha à outra.

Destacamos também o lançamento da versão em inglês da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), etapa fundamental para a internacionalização de nossa publicação. Depois de muitos meses de negociação, finalmente, avan-

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Esta edição do Jornal da SBHCI traz também a cobertura internacional do Congresso da European Society of Cardiology (ESC 2012), uma entrevista com um dos diretores da The Society for Cardiac Angiography and Interventions (SCAI) e o resultado do Programa Arie Fellowship, entre outros assuntos relevantes de nossa área de atuação.

Boa leitura! Um abraço,

Marcelo Queiroga Presidente


ÍNDICE

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INTERNAS

Notas e notícias da SBHCI

SBHCI@SOLACI’12 | Qualidade Institucional Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva | SUS | Assembleia 2012 | Departamento de Enfermagem

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XXXIV CONGRESSO DA SBHCI

Parceria global

Aproveitamos a passagem do cardiologista americano pelo Brasil para falar sobre a relação de qualidade entre SBHCI e SCAI REPÓRTER INTERNACIONAL | ESC 2012

Festival de conteúdo científico

Congresso realizado em Salvador ofereceu conteúdo e debate científico de altíssimo nível

Sociedade Europeia de Cardiologia celebrou os 60 anos de avanços da ciência médica desde o primeiro congresso europeu

HOMENAGEM | EGAS ARMELIN

ARIE FELLOWSHIP

Missão cumprida

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Pioneiro, humanista e amigo O professor Egas Armelin (SP) nos deixou a todos órfãos

HOMENAGEM | JORGE PINTO RIBEIRO

Mestre e entusiasta

Um dos maiores nomes da cardiologia intervencionista dos últimos anos deixa como legado o grupo de médicos que ajudou a formar ESPECIAL

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ENTREVISTA | STEVEN R. BAILEY

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Ciência e Humanismo, ainda é possível conciliar?

Um bate-papo entre Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI, e José Antônio Marin-Neto (SP), que traz reflexão sobre a formação humanística do médico

#47 03/2012

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Intercâmbio científico

Cardiologista intervencionista brasileiro foi selecionado para realizar um estágio de dois anos no Brigham and Women’s Hospital, vinculado à Harvard Medical School, nos Estados Unidos JOGO RÁPIDO | EBERHARD GRUBE

Médico sem fronteiras

O médico alemão que divide seu tempo entre trabalhos, estudos e projetos no Brasil e na Alemanha é rápido e direto nas respostas do Jogo Rápido desta edição AGENDA

Nacional e internacional

Programe-se e participe dos congressos, cursos e eventos científicos

Conselho editorial | SBHCI | www.sbhci.org.br Marcelo Queiroga (PB) | presidente Pedro Alves Lemos Neto (SP) | diretor administrativo José Ary Boechat (RJ) | diretor de comunicação Luciana Constant Daher (GO) | editora Cesar Medeiros (RJ) e Breno Oliveira (SP) | coeditores Equipe técnica | take-a-coffee Comunicação Jornalista responsável | André Ciasca, mtb 31.963, andre@take-a-coffee.com Editora | Carla Ciasca, carla@take-a-coffee.com Revisão | Christina G. Domene Tradução | Ruth Gialucca Projeto gráfico e direção de arte | Vagner Simonetti Fotografia e tratamento de imagens | Gis Ciasca | www.gisciasca.com.br Impressão | Grupo Vox | www.grupovox.net Tiragem | 2.250 exemplares Circulação | em todo o território nacional

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assina­dos são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refletem neces­sariamente a opinião da SBHCI.

fone: (11) 2626.3921 contato@take-a-coffee.com skype: take.a.coffee twitter: @take_a_coffee


INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI

divulgação

SBHCI@SOLACI’12 A 18ª edição do Congresso da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) reuniu hemodinamicistas do mundo inteiro na Cidade do México.

Evidências

em debate

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A SBHCI realizou uma sessão do Programa

por grandes nomes do Brasil e da América

de Educação Continuada (PEC) durante

Latina: “Plataformas bioabsorvíveis: designs

o XVIII Congresso da Sociedade Latino-

novos e em desenvolvimento”, “Desafiando

Americana de Cardiologia Intervencionista

as Diretrizes: Terapia dupla antiplaquetária

(SOLACI), no dia 9 de agosto, no México.

pós-PCI não deveria ser usada por mais

Denominada “Questões fundamentais da

de seis meses”, “Implante Transcateter de

cardiologia intervencionista: Evidências

Valva Aórtica. Realidade e perspectivas

científicas e casos reais da prática

brasileiras” e “Oclusão do apêndice atrial

diária”, a sessão foi coordenada por

esquerdo. As indicações clínicas, seleção

José Armando Mangione (SP); teve ainda

de pacientes e considerações processuais”.

Oscar Mendiz (Argentina), presidente

Participaram Alexandre Abizaid (SP),

da SOLACI, e Eulógio Garcia (Espanha)

Roberto Vieira Botelho (MG), Fausto Feres

como convidados; além dos painelistas

(SP), Maurício de Resende Barbosa (MG),

Jamil Abdalla Saad (MG) e Marco Vugman

Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), Luiz Antônio

Wainstein (RS).

Ferreira Carvalho (RJ), Carlos AC Pedra

Foram apresentados quatro casos discutidos

(SP) e Costantino R. F. Costantini (PR).


QUALIDADE INSTITUCIONAL

Representantes da equipe de Cardiologia Intervencionista com o superintendente geral da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Luiz Koiti.

Representantes da diretoria do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo.

Referência em qualidade No mês de agosto, a SBHCI, representada pelo seu presidente, Marcelo Queiroga (PB), e pelo diretor de Qualidade Profissional, Hélio Castello (SP), realizou a entrega do certificado “Centro Referência” do Programa de Qualidade Institucional e de Centros de Treinamento para o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e o Hospital Beneficência Portuguesa, ambos em São Paulo (SP). Esta certificação outorga às entidades o título de Centro Referência em Cardiologia Intervencionista pela qualidade, eficiência e treinamento na área de atuação Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Juntamente com o Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (InCor/FMUSP), os três centros são responsáveis pela formação de mais da metade dos cardiologistas intervencionistas do Brasil. Após avaliação durante o primeiro semestre de 2012, estas instituições foram fundamentais para o processo de desenvolvimento e verificação da aplicabilidade do Manual de Orientação para Serviços de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, material concebido pela SBHCI em parceria com o IQG – Instituto Qualisa de Gestão (principal certificador da Organização Nacional de Acreditação – ONA). Com o status de Centros Referência, estes centros servirão de modelo para que outras entidades também possam assumir o compromisso com a qualidade e seriedade na formação dos cardiologistas intervencionistas. “As instituições foram avaliadas de maneira independente e atenderam a todos os requisitos de forma absoluta”, afirma Queiroga. “Ao conferir a estes centros médicos o certificado, cumprimentamos as diretorias pela excelência e relevância dos serviços prestados a toda a sociedade brasileira em assistência, pesquisa e ensino.” Ainda neste ano, a SBHCI entregará o certificado ao InCor.

O Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo possui uma história marcante de pioneirismo na cardiologia. Vários profissionais de destaque nas áreas clínica, cirúrgica e de hemodinâmica fizeram e ainda fazem parte do seu corpo clínico. “Esta premiação representa o reconhecimento de um trabalho de alto nível que vem sendo desenvolvido na instituição ao longo de muitos anos”, afirma José Armando Mangione (SP), diretor da Equipe Arie Cardiologia Intervencionista do hospital. “Este reconhecimento possui significado amplo porque premia a instituição e coloca a cardiologia intervencionista do Hospital da Beneficência Portuguesa como uma referência de trabalho e de qualidade profissional a ser seguida por outros centros, projeta seu nome junto às instituições de saúde e eleva ainda mais o seu conceito de centro médico de excelência.” No Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, a entrega do certificado ocorreu em concorrida sessão com a presença do professor J. Eduardo Sousa (SP), que em 1976 fundou e presidiu nossa Sociedade e atualmente preside o Conselho Consultivo da SBHCI. Queiroga destacou a importância do Dante Pazzanese na formação dos novos cardiologistas intervencionistas, hoje estabelecidos em vários Estados brasileiros. Ao receber o certificado, a diretora-geral do Instituto, Amanda G.M.R. Sousa (SP), exaltou o trabalho de toda a equipe e a incessante busca pela consagração de esforços institucionais herdados desde a origem da entidade. “Este prêmio significa muito mais do que possam imaginar e outorgar”, afirma a diretora. “Significa o contemplar de um conceito e de uma ação que atravessou décadas e, seguramente, representa um forte impulso para o futuro, aquele recurso que transcenderá as gerações que agora lideram a instituição.”

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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI

REVISTA BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA INVASIVA

RBCI lança versão em inglês

Após meses de negociações, desde a gestão 2010-2011, a diretoria da SBHCI e o Conselho Editorial da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) concluíram com sucesso uma etapa do processo de internacionalização da publicação. Durante a fase de indexação da RBCI, no ano passado, o assunto foi discutido com o professor Abel Packer, coordenador do SciELO, que se mostrou favorável a esta possibilidade. Em seguida, veio a notícia de que a Elsevier, reconhecida editora internacional, oferecia estes serviços de maneira profissional no Brasil, o que deu início a uma importante parceria com a SBHCI. A Elsevier, em um primeiro momento, será responsável

pela edição eletrônica em inglês da RBCI, de 2012 a 2014. Estes arquivos serão inseridos no website da RBCI e, concomitantemente, enviados à base indexadora do SciELO. A RBCI na versão em inglês será também inserida na reconhecida coleção de periódicos Science Direct da Elsevier. Todas essas ações culminaram com a classificação da RBCI no estrato B3 pela CAPES, para as três áreas da medicina. “A qualidade da versão em inglês é semelhante à encontrada nas melhores revistas científicas na área e, certamente, vai impulsionar a divulgação da RBCI no exterior”, afirma Áurea Jacob Chaves (SP), editora da RBCI. “Esse é mais um importante passo em direção à indexação da RBCI no PubMed, nossa ambição maior.”

SUS

divulgação

Mutirão de tratamento no InCor

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O Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP iniciou, no dia 18 de agosto, um mutirão para tratamento de cardiopatias congênitas. A patologia abordada nesta iniciativa pioneira foi a comunicação interatrial (CIA). No total, 40 pacientes, crianças e adultos, foram submetidos à implantação de prótese por cateterismo. O objetivo é ofertar um tratamento menos invasivo, com eficácia clínica comprovada e que promova resolução desta cardiopatia o mais precocemente possível. Este mutirão, coordenado por Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI, envolveu equipe multidisciplinar incluindo 50 profissionais entre intervencionistas, cardiologistas pediátricos, ecocardiografistas, anestesiologistas, enfermeiros e equipe técnica especializada. O InCor é o maior centro de tratamento de cardiopatias congênitas de alta complexidade no Brasil. A cada ano, o Instituto realiza cerca de 800 cirurgias de correção desse tipo, das quais 15% delas de CIA. No entanto, o acesso ao tratamento percutâneo desta cardiopatia ainda é difícil para grande parcela da população brasileira, nobilitando esta iniciativa para terapêutica de pacientes do Sistema Único de Saúde.


ASSEMBLEIA 2012

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

Sócios homologados Na última reunião do Conselho Deliberativo da gestão 2012-2013, realizada no dia 21 de junho, durante a Assembleia Geral Ordinária da SBHCI, no XXXIV Congresso, em Salvador (BA), foram homologados 17 sócios aspirantes, 21 sócios titulares e um sócio honorário. Aspirantes Augusto Celso de Araújo Lopes Junior (CE) Felipe Villa Silva (RJ) Francis Magalhães Gonçalves (MG) Gustavo do Prado Monteiro (MA) Henrique Barbosa Ribeiro (SP) Igor Martins Mônaco (RJ) João Maria Silva Rodrigues (PA) Luis Gustavo de Miranda Marques (PI) Luiz Carlos Benittez Junior (SP) Luiz Fernando Ybarra Martins de Oliveira (SP) Marcio Alves de Urzêda (MG) Raphael Bevilacqua Barbosa (SP) Ricardo Mauro Ghetti Cabral (MG) Rodrigo Almeida Souza (SP) Samuel Minucci Camargo (SP) Thiago Augusto Rubini Miranda (MG) Viviane Patrícia Fonseca Lopes (PA) Titulares Alessandra Teixeira de Oliveira (RS) Alessandro Pina Pedroso (MS) Caiser Teixeira de Siqueira Junior (MG) Daniel Conterno Lemos (SP) Fernando José Soares Tavares (SP) Gilberto Castelo Branco Souza (MA) Juliano Rasquin Slhessarenko (MT) Leandro Zacarias Figueiredo de Freitas (GO) Leonardo Cao Cambra de Almeida (RJ) Marcello de Pelegrini (SP) Marcio Ricardo dos Santos (GO) Mateus Rossato (RS) Mila Gigliola Toledo Yugar (SP) Nelson Ricardo Thomas Júnior (RS) Rafael Lauria de Oliveira (RJ) Raphael Lanza e Passos (DF) Ricardo Zauith Silva (SP) Ronaldo Castillo Camargo (AM) Sergio Costa Tavares Filho (SE) Vitor Osorio Gomes (RS) Walter Beneduzzi Fiorotto (GO) Honorário Jadelson Pinheiro de Andrade (BA)

XVII Jornada Brasileira de Enfermagem em HCI.

O papel da Enfermagem Por Ivanise Gomes (SP), presidente do DEHCI

O Programa de Qualidade Institucional da SBHCI, com a finalidade de aprimorar a qualidade dos laboratórios de hemodinâmica e padronizar a adequação das normas baseadas nas melhores práticas, diretrizes nacionais e legislações existentes, ressalta o importante papel da Enfermagem na valorização de sua posição como um dos principais interlocutores neste processo. Na busca pela certificação e aquisição do selo de qualidade, as instituições devem atentar a um dos itens mais importantes para a qualidade do laboratório de hemodinâmica: o Gerenciamento de Risco dos Pacientes. Realizado por toda a equipe multidisciplinar, antes, durante e após o procedimento com o intuito de evitar ou minimizar as ocorrências de eventos adversos preveníveis. O acompanhamento do paciente após o procedimento também é fundamental para o controle adequado em relação à manutenção do resultado, incidência de complicações imediatas e tardias, por meio de indicadores e outras formas de monitoramento. Com isso, é possível planejar e aplicar ações preventivas, corretivas e avaliar o resultado das mesmas.

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XXXIV CONGRESSO DA SBHCI

A cerimônia de abertura do XXXIV Congresso da SBHCI foi marcada pelo lançamento da Campanha Coração Alerta, uma iniciativa da SBHCI em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Missão cumprida A 34ª edição do Congresso da SBHCI recebeu 1187 congressistas no mês de junho, na cidade de Salvador (BA), para atualização e discussão dos mais importantes temas da cardiologia intervencionista Por Carla Ciasca, jornalista

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oram três dias de intensa programação científica, que incluiu dezenas de sessões interativas com a participação de 191 palestrantes nacionais e 17 convidados internacionais; dez casos transmitidos ao vivo de centros de Salvador (BA), São Paulo (SP), França e Estados Unidos; eventos inéditos como o Simpósio para Clínicos, coordenado pelo professor Gilson Soares Feitosa (BA), que reuniu 175 cardiologistas clínicos de todo o Brasil para atualizar-se e aproximar-se dos conhecimentos inerentes à hemodinâmica e à cardiologia intervencionista. A abertura do evento foi marcada pelo anúncio oficial da campanha “Coração Alerta”, uma iniciativa dirigida à população brasileira com o objetivo de alertar as pessoas sobre a importância da prevenção do infarto, cuja coordenação foi feita por Marcelo Cantarelli (SP). O presidente da SBHCI, Marcelo Queiroga (PB), ressaltou que é missão de todos – clínicos, hemodinamicistas e indústria – o esforço para informar a população. “Nós já sabemos quais são as causas de infarto no Brasil”, afirmou Queiroga. “Agora, vamos informar ao público e sensibilizar as autoridades em uma cruzada contra mortes causadas por esta doença”. Após o lançamento da campanha, a programação científica foi oficialmente aberta e teve o convidado internacional Sigmund Silber (Alemanha) apresentando a aula inaugural sobre os 35 anos de história da cardiologia intervencionista.


Temas-livres: área de pôsteres.

Caso ao vivo com Jean Fajadet (França).

Hall de entrada do Centro de Convenções da Bahia.

em destaque Na sequência, foram apresentados dois casos de intervenção complexa em tronco de coronária esquerda, transmitidos ao vivo da Clínica Pasteur de Toulouse, na França, pelo professor Jean Fajadet (França). O Fórum de Qualidade Profissional ressaltou mais uma vez a importância de se discutir questões voltadas para a atuação do cardiologista intervencionista no mercado de saúde do Brasil. “O objetivo principal desta iniciativa é preparar o profissional para enfrentar o mercado, conquistar seu espaço na saúde da comunidade e buscar uma remuneração justa com boas condições de trabalho”, disse Hélio Castello (SP), diretor de Qualidade Profissional da SBHCI. Os debates da sessão conjunta entre SBHCI, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), em que seus respectivos presidentes, Marcelo Queiroga (PB), Jadelson Pinheiro de Andrade (BA) e Walter José Gomes (SP), juntaram-se a importantes nomes da cardiologia brasileira, como Amanda G.M.R. Sousa (SP) e Fábio Jatene (SP), foram interessantes. O tema principal foram as controvérsias no tratamento da cardiopatia isquêmica dos pontos de vista de clínicos, hemodinamicistas e cirurgiões vasculares, o heart team. As quatro salas do Centro de Convenções da Bahia tiveram bons momentos de discussão sobre os avanços tecnológicos de dispositivos, técnicas e tratamentos percutâneos como abordagens sobre válvula aórtica, ablação da artéria renal, entre outras. Destaque também para a realização da XVII Jornada Brasileira de Enfermagem em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, que recebeu 448 participantes entre técnicos e enfermeiros. A Assembleia Geral Ordinária da SBHCI foi realizada no segundo dia de Congresso, quando foram homologados 17 sócios aspirantes, 21 sócios titulares e um sócio honorário. Durante a reunião, a diretoria da SBHCI homenageou três grandes expoentes da cardiologia nacional, como forma de agradecimento por suas brilhantes contribuições em prol do crescimento de nossa área de atuação: Amanda G.M.R. Sousa (SP), diretora-geral do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Jadelson Pinheiro de Andrade (BA), presidente da SBC, e Heitor Ghissoni de Carvalho (BA), presidente da SBHCI durante a gestão 1996-1998. Durante a Assembleia, foi homologado o presidente do próximo Congresso, o colega José Armando Mangione (SP), que estará à frente do evento a ser realizado em São Paulo (SP), entre os dias 24 e 26 de julho de 2013, no Transamérica Expo Center, em parceria com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI). ■

Caso do Ano

A segunda edição da premiação “O Melhor Caso do Ano”, criada em 2011 para estimular a apresentação de casos desafiadores com soluções inovadoras, elegeu o trabalho sobre Implante Valvar Aórtico Transcateter Complexo em Paciente sem Opção de Acesso Vascular de Marco Aurélio de Magalhães (SP), da equipe de Eberhard Grube (SP/ Alemanha), no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Qual o diferencial do caso apresentado? O diferencial está no acesso vascular carotídeo, pela primeira vez utilizado em nosso País e com poucos casos no mundo. Além disso, cabe ressaltar que o sucesso técnico e clínico deste caso foi obtido por um heart team realmente ativo e composto por uma equipe de intervenção, da qual faço parte, liderada pelo professor Eberhard Grube e por uma equipe cirúrgica liderada pelo cardiologista Januário Manoel de Souza (SP). Qual a importância deste incentivo? Na verdade, muito mais importante do que o prêmio é o aprendizado e a discussão entre colegas (técnicos e clínicos) que cada novo caso desafiador nos proporciona. Daí surgem novas ideias, e novas soluções, e assim por diante.

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arquivo pessoal

HOMENAGEM | EGAS ARMELIN

Pioneiro, humanista e amigo O professor Egas Armelin (SP) nos deixou a todos órfãos, no dia 31 de julho de 2012. Vamos sentir muitas saudades Por Wilson Albino Pimentel Filho (SP)

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ilho de Sebastião Armelin e Paulina Guidetti Armelin, o professor Egas Armelin (SP) nasceu na cidade paulista de Capivari em 1° de agosto de 1929. Casou-se com Lúcia Armelin, com quem teve três filhos: Lúcia, Egas (Junior) e Paula. Graduou-se em 20 de dezembro de 1954 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), e fez residência médica no Hospital das Clínicas (HC). Sua formação cardiológica foi complementada na Mayo Clinic, nos Estados Unidos. Após o seu retorno da Mayo Clinic, o professor Armelin realizou uma formação acadêmica exemplar no HC-FMUSP, conquistando as titulações de Doutor e Livre Docente em Cardiologia, além do cargo de diretor do Departamento de Cardiologia Experimental do Instituto do Coração (InCor), pertencente ao complexo hospitalar do HC. Foi pioneiro no setor de Hemodinâmica, inicialmente localizado no Hospital das Clínicas e, posteriormente, no InCor, ambos em São Paulo, e também no primeiro serviço de Hemodinâmica e Angiocardiografia do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de São Paulo, ao lado de Siguemituzo Arie (SP) e Norberto Galiano (SP). Em 1987, o professor Armelin fundou uma nova equipe, com a qual tive a sorte e felicidade de convívio como sócio, juntamente com os demais associados, Jorge Roberto Büchler e Stoessel Figueredo de Assis. Capitaneou esta equipe até julho deste ano, contabilizando o tempo total de 44 anos de trabalho na Sociedade Portuguesa de Beneficência de São Paulo.

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Foi sócio-fundador da SBHCI e da Sociedade Paulista de Cardiologia (SOCESP), em 1976, e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), fundada em 14 de agosto de 1943, na cidade de São Paulo, pelo colega Dante Pazzanese (SP). Em cooperação com o professor Radi Macruz, foi o primeiro no mundo a idealizar cateter para aplicar raios laser no cão, com publicações nacionais e internacionais no ano de 1982. Pioneiro também na ecocardiografia em território nacional, instalando o primeiro aparelho no Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de São Paulo em 1974. Em 1981, publicou o primeiro livro da especialidade, sob o título “Ecocardiografia”, pela editora Panomed. Como médico em nossa área de atuação, formou uma quantidade incontável de profissionais, tanto no Hospital das Clínicas e InCor-SP, como também no Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência de São Paulo. No entanto, com todas estas virtudes em sua carreira profissional, as características mais marcantes do professor Egas Armelin foram o seu caráter ilibado e, principalmente, a amizade que cultivava com aqueles que conviviam com ele, fosse o mais simples dos funcionários ao mais graduado dos médicos, diretores etc. Todos tinham um carinho especial pelo professor. Portanto, mestre, a homenagem prestada à vossa pessoa é a mais relevante de todas, provinda daqueles que aprenderam a vos respeitar, a gostar da vossa maneira de ser, simples e honesta, a vos amar, porque unânime, provém dos corações de vossos amigos. ■


O infarto pode atingir quem a gente menos espera.

INCLUSIVE VOCÊ!

Thiago, 30 anos, atleta,

INFARTADO.

80 mil pessoas: uma a cada cinco minutos. Esse é o número aproximado de mortes por infarto todos os anos no Brasil. Idosos, jovens, negros, brancos, homens e mulheres fazem parte dessa estatística, já que o infarto não escolhe raça, sexo e muito menos idade. Para alertar a população, a SBHCI e a SBC estão unidas na Campanha Coração Alerta, que visa diminuir em 50% a taxa de mortalidade por infarto no Brasil – uma meta de 100 mil vidas salvas até 2014.

Faça parte dessa luta: acesse

coracaoalerta.com.br e ajude a divulgar.

Uma campanha:


HOMENAGEM | JORGE PINTO RIBEIRO

Mestre e entusiasta Por Marco V. Wainstein (RS)

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orge Pinto Ribeiro (SP), nascido em 9 de abril de 1955, faleceu no dia 23 de agosto de 2012, aos 57 anos. Ribeiro deixa a esposa, Cora Helena Francesconi Pinto Ribeiro, e os três filhos: Mariana, Clarissa e André. Ribeiro graduou-se em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1978. Fez residência médica em medicina interna no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e transferiu-se para Boston em 1981, onde permaneceu até 1985. Em Boston, realizou seu Doutorado em fisiologia aplicada pela Boston University, graduando-se com distinção. Simultaneamente, manteve seu foco na prática clínica, iniciando seu Fellowship em cardiologia no Brigham and Women’s Hospital, importante hospital da Harvard Medical School. Foi quando teve a oportunidade de conviver com grandes ícones da cardiologia moderna, tais como Eugene Braunwald, Peter Libby, Peter Ganz, Tom Smith, Wilson Collucci e outros. Participou ativamente de projetos de pesquisa desenvolvidos neste ambiente. Seu destacado desempenho durante este período estabeleceu um vínculo profícuo e permanente com a Harvard University e seus hospitais. Em virtude disso, Ribeiro encaminhou outros colegas de seu grupo, entre eles Paulo Picon, Luís Eduardo Rohde, Carisi Polanczyk e Marco Wainstein, para que também lá aperfeiçoassem suas formações. Após o retorno a Porto Alegre, este grupo passou a desempenhar funções de destaque em suas respectivas áreas de atuação. Ao retornar ao Brasil e ao HCPA, ainda como professor de fisiologia do exercício, começou a se envolver intensamente na Assistência. Em 1989, fez concurso para professor assistente do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina, passando em primeiro lugar, entre os 104 inscritos, com média 10. No Serviço de Cardiologia, começou a estruturar os métodos diagnósticos não invasivos, como ECG, Ecocardiograma, Teste Ergométrico e MAPA, imprimindo o mesmo padrão de excelência que havia vivenciado em Boston. Posteriormente, Ribeiro chefiou o Serviço de Cardiologia do HCPA entre os anos 1997 e 2005. Sua gestão foi marcada por atitudes inovadoras e refletiu sua maneira ética e dinâmica de trabalhar e enfrentar problemas. Ainda no HCPA e no Departamento de Medicina Interna, exerceu a Coordenação da Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação, a chefia dos Métodos Não Invasivos e Cardiologia Intervencionista e a coordenação do Curso de Pós-Graduação em Cardiologia Clínica da UFRGS. Foi o principal responsável pelo planejamento e criação do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, onde, desde 2000, exercia a função de chefe do Serviço. Ribeiro foi um homem muitas vezes de atitudes polêmicas e desafiadoras, primando sempre pela melhor evidência científica disponível. Pesquisador do CNPq e livre-docente em cardiologia pela USP, iniciou sua sólida carreira como pesquisador, ainda antes de rumar para os Estados Unidos, no Laboratório de Pesquisa do Exercício (LAPEX) da UFRGS, sob a égide do renomado professor Eduardo Henrique DeRose. Foi onde deu início às linhas de pesquisa em fisiopatologia do

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exercício e controle do sistema nervoso autônomo. Sua atividade como pesquisador rendeu-lhe inúmeras publicações em prestigiosas revistas internacionais, de alto fator de impacto. Ao longo de sua carreira de orientador de Pós-Graduação formou 31 mestres e 26 doutores. Ribeiro era reconhecido como exímio palestrante e conferencista, o que lhe rendeu intensa participação em eventos científicos internacionais, além de nacionais. Sob o ponto de vista associativo, Ribeiro atuou como vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O reconhecimento de seu esforço extrapolou fronteiras regionais, quando a SBC o agraciou com o Prêmio de Dedicação à Pesquisa. Além de sua destacada atuação como pesquisador, cardiologista clínico e orientador de Pós-Graduação, Ribeiro tinha duas outras grandes paixões: dar aulas para a Graduação, para os alunos de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRGS, e atuar como cardiologista intervencionista. Ribeiro esteve muito próximo da SBHCI nos últimos anos de sua vida. Participou ativamente como palestrante destacado dos congressos da SBHCI, incluindo a última edição realizada em Salvador (BA). Presentemente, Ribeiro era o chefe da Unidade de Hemodinâmica do HCPA. Ribeiro era, acima de tudo, um entusiasta pela vida. Além de viver intensamente seu trabalho, conseguia manter um intenso convívio familiar, com seus amigos e de lazer. Era um desportista nato, praticou natação competitiva durante a juventude e, posteriormente, passou a dedicar-se ao esqui aquático, ao surf e ainda ao tênis. Gostava também de festas com os amigos e gostava muito de dançar. Ribeiro nos abandona de forma súbita. Vítima de uma neoplasia, para a qual a medicina ainda não oferece alternativas eficazes, sua partida precoce nos deixa órfãos de sua sabedoria e de seus maravilhosos ensinamentos. Seu maior legado vivo foi o grupo de médicos que ajudou a formar e que pretendem perpetuar sua obra. ■


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ESPECIAL

Ciência e Humanismo,

ainda é possível

conciliar? O

Tão importante quanto manter mente e olhos focados na atualização científica é não esquecer das paixões e reflexões que alimentam e estimulam nossa formação humanística enquanto médicos e intelectuais. Nada melhor que uma conversa que beira a informalidade transformada em entrevista dirigida por Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI, e seu amigo e professor José Antônio Marin-Neto (SP) 16

notável avanço da medicina, aliado à crescente incorporação de novas tecnologias, tem modificado, de forma indelével, o perfil do novo médico. A cardiologia intervencionista é exemplo emblemático desta realidade: o grande volume de informações e a necessidade de verticalização do conhecimento médico em uma área de atuação específica, por vezes, retiram do médico a oportunidade de adentrar o universo de uma formação humanística mais ampla, como outrora. O grande desafio seria conciliar estas duas vertentes de formação médica, sem que uma se sobrepusesse à outra. Mas será que isso é possível nos dias atuais? O professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP) e coordenador da Comissão Permanente de Certificação Profissional da SBHCI, José Antônio Marin-Neto (SP), é uma prova inconteste da exequibilidade do binômio formação técnica rigorosa e humanística. No entanto, mesmo perpassando cuidadosamente o Curriculum Lattes do professor Marin, uma faceta da sua vasta formação cultural não se faz evidente, seu grande interesse pela literatura e pela música clássica; notadamente, sua paixão pela obra do escritor Euclides da Cunha e do músico Ludwig van Beethoven. Amante do purismo do vernáculo, o professor Marin se sublima ao comentar o estilo literário inconfundível de Euclides da Cunha, em sua obra “Os Sertões”, e com a forma peculiar por meio da qual o autor emprega vocábulos pouco conhecidos da nossa língua pátria, ao retratar o trágico episódio de Canudos. Esta paixão pela obra de Euclides emergiu desde cedo, finalista da maratona euclidiana de São José do Rio Pardo (SP), ainda hoje o professor Marin retorna com prazer à cidade interiorana. Segundo Marin, visitar a cidade de São José do Rio Pardo, interior de São Paulo, localizada às margens do rio que a nomeia, é mergulhar no universo no qual Euclides da Cunha escreveu sua obra-prima, “Os Sertões”. Como escreveu o próprio mestre de Cantagalo: “Que saudades do meu escritório de zinco e sarrafos, da margem do Rio Pardo! Creio que se persistir nesta agitação estéril não produzirei mais nada de duradouro”. Por outro lado, não é menor o entusiasmo do professor Marin com os versos de Friedrich von Schiller em “Ode an die Freude”, que adornam os acordes do quarto movimento da Nona de Beethoven em sua mensagem imortal. Para ele, há semelhanças entre as trajetórias de Euclides e de Carlos Chagas, uma vez que ambos vislumbraram tragédias.


Diante do acúmulo do conhecimento científico, nomeadamente da cardiologia intervencionista, ainda é possível conciliar, na formação do jovem médico, a ciência e o humanismo? Acredito que sim, embora com obstáculos inerentes e crescentes a superar. Trata-se de meta saudavelmente ambiciosa, particularmente em nossa profissão essencial, pois o médico tecnicamente competente, se imbuído de valores humanisticamente éticos, terá potencial para impactar de maneira muito mais favorável em sua complexa relação com os pacientes. Esse toque de humanismo é, talvez, um dos principais componentes que pode fazer a atuação do cardiologista intervencionista passar de simples ciência tecnicista ao estágio sublimado de mescla de ciência com arte. Pois será a arte de potencializar o benefício advindo diretamente de um stent coronário bem implantado, por meio da combinação de decisões sabiamente norteadoras desse procedimento, com as influências positivas exercidas sobre a mentalidade e a espiritualidade dos pacientes assim tratados. Mas como atingir estágios avançados de formação humanística nos dias que correm, de acelerada geração e disponibilização imediata, porém não sistematizada e nem hierarquizada de conhecimentos, pela via alucinante da rede mundial de computadores? Sendo o tempo existencial finito, a absorção de informações congregadoras dos valores humanísticos hoje tem de competir com a tendência ao uso exclusivamente lúdico e recreativo dos computadores, em detrimento do enorme manancial informático de conhecimentos formadores que eles prodigalizam. Penso que resistir a essas tentações envolve processo contínuo, a iniciar-se na infância e a persistir por toda a vida, de orientação e estímulo por parte de pais, mestres e demais pessoas com as quais se convive e que devem pautar sua conduta por aqueles princípios imanentes ao humanismo integral de que falava o grande pensador católico Jacques Maritain. O professor de Direito da USP, Fábio Konder Comparato, recomenda aos seus alunos uma relação de clássicos da literatura, a qual inclui desde “Guerra e Paz” de Tolstoi, até “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freyre. O senhor acha que esse tipo de leitura é igualmente útil na formação dos médicos? Com toda a certeza, os clássicos da literatura agregam à formação do médico aqueles elementos que irão plasmar sua intelectualidade e sua compreensão do mundo pelo prisma de aceitação consciente dos limites da vida, da inevitável extinção individual que acabará ocorrendo, e do que pode ser feito para, assim mesmo, elevar a conduta humana de médicos e seus pacientes em sentido construtivo de valores universais e imorredouros. Toda atitude de incentivo a essa prática poderá contribuir para, pelo menos, mitigar a absoluta massificação, em nível culturalmente muito reduzido, a que é submetida a maioria da população brasileira, pelas novelas televisivas. Interessante recordar que poucos anos atrás o nosso grande ator Lima Duarte invectivou vigorosamente contra o abuso repetitivo das fórmulas básicas e da real pasmaceira que se observa há décadas nessa atividade tão típica de nossa cultura. Entretanto, pouco depois, foi compelido a retratar-se de maneira humilhante, evidenciando a existência de muita pressão vil e intencional para manter o espírito das pessoas permanentemente alimentado com tão prosaica e rasteira atividade literária.

Como entusiasta de “Os Sertões” de Euclides da Cunha, poderia definir os principais motivos que fizeram essa obra ser considerada como um marco na literatura brasileira? Essa obra é tão complexa, vasta, e profundamente singular, que nem se insere confortavelmente em qualquer classificação ortodoxa de escolas ou períodos literários. Por isso, posta-se como marco isolado e inconfundível com quaisquer outras obras que a precederam ou lhe foram sucessoras. À parte o significado, densamente ramificado em múltiplas áreas do conhecimento, da empolgante aventura científica do engenheiro militar Euclides da Cunha, tentando, com os recursos da época – e sujeitando-se a incorrer em inevitáveis erros interpretativos – entender o drama de Canudos e a subjacente compleicão sociológica do homem e da nação brasileira, é o estilo literário de Euclides, assumidamente gongórico e vibrante, que realmente mais me fascina. Além do vocabulário incrivelmente diversificado e preciso, não é menos pródigo o uso constante de todas as figuras de linguagem e retórica da língua portuguesa (metáforas, hipérboles, aliterações, antíteses). Entre estas, a antítese é de longe o recurso mais precioso e surpreendente em incontáveis passagens antológicas, a exemplo de o Conselheiro (grande homem pelo avesso), o sertanejo (como Hércules-Quasímodo). Outra impressionante propriedade estilística de Euclides reside em sua capacidade de descrever, a partir de dados concretos, mas indiretos, depois trabalhados por sua fecunda imaginação criativa, certas características de regiões geográficas, que se diria somente poderem advir de quem as estivesse sobrevoando! Finalmente, o texto euclidiano, particularmente na parte A Luta, de “Os Sertões”, é tão eloquente, tão fulgurante, prodigaliza tanta sensação de movimento físico e ritmo, que poderia ser considerado a única compensação que tivemos para a terrível epopeia de nossos trópicos, a de ter-nos ocasionado a produção de um verdadeiro êmulo de Homero. Como surgiu seu interesse pela vida e pela obra de Euclides da Cunha? Enquanto meu pai Pedro, pedreiro, me ensinava a admirar os grandes homens e dádivas da natureza (como as mulheres) da forma profundamente emotiva que marca todo corintiano autêntico, minha mãe Isabel, professora primária da época em que a Escola Normal de Botucatu se constituía em verdadeira espécie de universidade, colocou-me cedo na senda de vários autores portugueses e brasileiros. Desde o início, inclusive em traduções de outros literatos, feitas por portugueses, notava que o vocabulário praticado em Portugal parecia quase sempre mais amplo do que o da maioria dos autores brasileiros, com poucas exceções. Mas foi por Monteiro Lobato que me chegou a noção de que havia um escritor brasileiro, Euclides da Cunha, que teria usado pela primeira vez a palavra “estupendo”, e a quem, ainda segundo Lobato, aplicava-se inteiramente o adjetivo. Encontrei-o, então, participando aos 15 anos da maratona euclidiana que se realizava anualmente em São José do Rio Pardo, durante o mês de agosto. Naquele início da década de 1960, um adolescente podia viajar em segurança e tranquilidade, desde a distante Birigui, por 500 a 600 quilômetros, desacompanhado, sem-

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ESPECIAL

pre por transporte ferroviário semelhante ao que Euclides deve ter utilizado em seus trajetos pelo Estado de São Paulo. Não há como não registrar que aquela malha ferroviária, bastante bem desenvolvida à época, seria vergonhosa e propositadamente dilapidada pela incúria administrativa que caracterizou mais um crime de âmbito nacional, desta feita cometido a partir dos anos 1970, e que não teria passado despercebido de Euclides. O senhor costuma visitar a cidade de São José do Rio Pardo, meca euclidiana. Qual a importância desta cidade para a obra de Euclides da Cunha? Nessa pequena e bucólica cidade, Euclides encontrou as condições propícias para escrever “Os Sertões” e, simultaneamente, reconstruir a ponte metálica até hoje utilizada para transpor o Rio Pardo. Com essas realizações, ele exorcizava dois fantasmas de possíveis erros ou desvios de conduta, ao menos como vistos por seu implacável e absoluto senso de responsabilidade moral. Explicando: Euclides julgava que suas reportagens sobre a carnificina de Canudos, no conjunto, não desvendavam o crime então cometido pelo governo e exército brasileiros, e que seria necessário denunciá-lo em um livro “vingador”. Já o episódio de reconstrução da ponte remete à sua impressão de que, tendo sido fiscal da obra em seu início e mesmo se afastando dessa função para a expedição jornalística a Canudos, seria seu dever reparar, na forma de responsabilidade agora direta como engenheiro, o estrago causado por ter a ponte ruído durante a primeira cheia do rio. É necessário ressaltar que Euclides nunca foi acusado de qualquer desvio de conduta relativamente à construção inicial da ponte em São José do Rio Pardo. Mas o fiscal de obras Euclides era, com certeza, ainda mais rigoroso no plano de sua consciência do que quanto ao meramente objetivo exercício de sua profissão. Esse tipo de conduta destoa radicalmente do que se vê atualmente no Brasil, quando tantos indivíduos de vida pública, irrefutavelmente flagrados em graves desvios de conduta, não demonstram qualquer laivo de autocensura ou arrependimento, e continuam indefinidamente impunes. Alguns críticos dizem que “Os Sertões” consiste tão somente em um relato jornalístico do episódio de Canudos. Qual a sua opinião a esse respeito? Se abordarmos essa crítica pelo valor de face, deve-se mesmo concordar em que o repórter Euclides da Cunha soube também honrar esta sua outra profissão com contribuições notáveis, principalmente relacionadas com suas expedições a Canudos e à Amazônia. Vários desses trabalhos eu encontrei no livro “Contrastes e Confrontos”, e, em especial, em “À Margem da História”. O essencial de seu relato jornalístico era, como ressaltou o já saudoso e tão precocemente desaparecido brilhante euclidiano Daniel Piza, em sua reportagem refazendo parte da expedição de Euclides à Amazônia, a capacidade de encontrar o verdadeiro traço superior da história, mesmo se isso significasse reconhecer o erro ou a impropriedade de preconceitos antes arraigados. Isso é epitomizado particularmente na revisão e posterior negação enfática, por Euclides, de que no arraial de Canudos tivesse se desenvolvido primariamente qualquer sedição antirrepublicana. Essa retidão do jornalista Euclides da Cunha deveria servir de exemplo atual, quando, com certa frequência, observa-se que jornalistas relutam quase sempre a admitir erros flagrantes, e se omitem de retratação explícita aos prejudicados injustificadamente por suas matérias. Mas, voltando à questão básica, querer reduzir o texto euclidiano a simples e limitado nível jornalístico, e assim negar o prodigioso caráter estético de sua pena inspirada, torna-se caso de miopia literária incorrigível.

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Guimarães Rosa e Euclides da Cunha construíram uma forma própria de empregar a língua portuguesa. Há paralelos entre as obras destes dois autores? De fato, os dois geniais escritores se caracterizam por explorar permanentemente a língua portuguesa com estilos marcadamente distintos e originais, em temas e contextos regionais do Brasil. O médico de formação Guimarães Rosa (sua prosa é toda eivada de vocábulos e conceitos de nossa profissão, como em várias passagens de “Sagarana”, “Tutaméia”, e “Grande Sertão: Veredas”) recorre mais ao resgate de termos até então obscuramente presentes no linguajar popular de sertanejos do interior mineiro. Também, exímio linguista que era (parece-me que dominava próximo de dez idiomas), incorporava impressionantemente extensa gama de neologismos, às vezes, imediatamente compreensíveis pela genialidade inerente à concepção do vocábulo, mas em outros casos de muito difícil assimilação. Euclides não é menos exuberante na arte de expressar palavras que exigem do leitor muito esforço e recurso ao dicionário. Todavia, o que assombra na magnífica prosa euclidiana, é sua incrível exatidão e percuciência no uso das palavras. Um exemplo simples: Euclides descreve a relativa amaurose diurna que pode acometer quem se expõe ao excesso de luminosidade em certas regiões do sertão nordestino brasileiro, e não deixa de conotar o fenômeno com a palavra oftalmológica exata, hemeralopia. O termo, cientificamente acurado, deriva de Hemeras, a deusa mitológica grega à qual o dia era consagrado. O escritor Ariano Suassuna é contumaz crítico do anglicismo. Por outro lado, o cenário da cardiologia intervencionista é pródigo em nos ofertar vocábulos da língua inglesa: stent, late loss, restenosis etc., ensejando neologismos e anglicismos. Como purista do vernáculo, qual a sua opinião acerca deste contexto? Haveria alguma alternativa a esta prática? Com todo respeito por mestre Suassuna e outros de mesma opinião, esta postura de rejeição a vocábulos não essencialmente vernáculos tornou-se insustentável. Sendo a língua portuguesa um organismo vivo, é inelutável que se enriqueça continuamente de novos vocábulos, mais acelerada e especialmente em época dominada pela linguagem informática, em que o inglês tornou-se, por razões variadas, o padrão e a referência. É interessante observar que à época de publicação de “Os Sertões”, o próprio Euclides necessitou defender-se da acusação de galicismos, como quando mostrou que seu termo “inusitado” correspondia diretamente ao “inusitatus” do latim. Mas é preciso assinalar que desde sempre esta questão de rotular como “estrangeirismos – anglicismos ou galicismos” certos vocábulos da língua portuguesa teria de ser caracterizada como bizantina. Porquanto mesmo no inglês a influência latina foi muito marcante – de fato, avassaladoramente preponderante na terminologia científica. Esta minha visão geral sobre o problema não significa que se deva renunciar ao emprego preferencial do vernáculo, quando isso for exequível. Exemplificando: embora eu não veja como evitar que “performance” seja incorporada à língua portuguesa, creio que seria preferível substituí-la por “desempenho”. Também não me parece razoável querer-se aportuguesar termos indefectivelmente incorporados a partir da linguagem informática que, diferentemente do esperanto, vai se tornando universal. Assim, o stent não conseguirá transformar-se em estente (?). Mas, mesmo esse preceito geral acaba afrontado quando se constata que “checar” será agora muito preponderante em relação a “verificar”, por mais que aquele seja um anglicismo aportuguesado, em detrimento do último, genuinamente vernacular.


O que assombra na magnífica prosa euclidiana, é sua incrível exatidão e percuciência no uso das palavras

Professor José Antônio Marin-Neto

O senhor faz um paralelo entre a vida e a obra de Euclides e de Carlos Chagas, uma vez que ambos lidaram de certa forma com tragédias. O senhor poderia comentar esse tema? Fiz recentemente alusão, em palestra proferida em Belo Horizonte (MG), ao aspecto fisionomicamente semelhante entre os dois grandes gênios brasileiros, ambos ostentando sempre portentoso bigode, e sempre muito circunspectos e sisudos em todas as fotos que vi. Mencionei o fato de que enquanto Chagas despontava brilhantemente para o mundo científico com sua extraordinária descoberta em 1909, no mesmo ano, Euclides se despedia miseravelmente desta vida, vitimado por drama familiar reminiscente, por seu contundente desdobramento ulterior, de uma verdadeira tragédia shakesperiana. E especulei que o aspecto sempre tão melancólico e austero nas fotos de ambos talvez se devesse a que ambos foram marcados para sempre por autênticas tragédias nacionais. Euclides por ter presenciado o último ato da pungente epopeia de Canudos, que ele retrospectivamente analisou, diagnosticou e denunciou em seu grande livro como crime de uma nacionalidade. E Chagas talvez pela antevisão do alarmante significado social de uma doença tão magistralmente evidenciada por ele e seus discípulos diretos, mas cuja existência foi até negada durante décadas e que continua negligenciada, mesmo um século depois. Como sabemos, o senhor também é um amante da música erudita, particularmente a obra de Ludwig van Beethoven, em destaque a Nona Sinfonia, Ode à Alegria. Quais as semelhanças e diferenças entre o trágico em Euclides e Chagas e a alegria em Beethoven, sobretudo por também ter se abatido o último por tragédia de grande magnitude? Ambos parece-me terem sido sempre muito tristes, mas Euclides, em contraste a Beethoven, de forma irreversível. A alegria em Beethoven acaba, apesar de tudo, voltando, embora ao cabo de críticos períodos de contínua provação e sacrifício: como superação dos formidáveis dramas e desafios que o destino lhe impôs durante toda a existência: a infância atormentada por um pai opressor e violento; o infortúnio de ter-se sempre apaixonado desesperadamente, sem correspondência nem consentimento familiar, por várias das aristocráticas discípulas e admiradoras de sua obra, e que, tolhidas por liames e extratos sociais, permaneceram inatingíveis para o músico genial mas plebeu; e, finalmente, a perda progressiva e total da capacidade

auditiva. Este último infortúnio quase o levou ao suicídio. A meu ver, mais do que na célebre Ode à Alegria do último movimento da Nona Sinfonia, é na Quinta Sinfonia que se encontra o mais emblemático e fascinante depoimento por Beethoven, no sentido de que o ser humano poderá sempre ascender a arquétipos existenciais mais elevados. Nesta Quinta Sinfonia, na qual as quatro primeiras notas mais famosas de toda a história da música costumam ser identificadas como a sinalização do destino cruel batendo inexoravelmente à porta do ser humano, para desencadear paixões e tensões conflitantes e destrutivas, o segundo movimento é, como usual em muitas sinfonias, profundamente meditativo, melancólico, melodioso. Mas reparem, do terceiro movimento, que se inicia com a retomada, em vigor e contorno dramático, do tema da luta e da inevitável tensão do destino humano, passa-se, sem interrupção, ao quarto. Essa inovação de Beethoven ajusta-se magnificamente ao seu intento essencial: no final do terceiro movimento, os sons tornam-se paulatinamente mais apagados, surdos, dominados por acordes de instrumentos sombrios, sinistros, até fúnebres. Aí se simboliza o grau mais extremamente inferior da depressão humana, pelo domínio momentâneo de forças que arrastam ao desespero e à rendição física e moral, uma verdadeira descida ao Hades. Mas, de súbito, os acordes providenciais dos violinos introduzem maravilhosa melodia libertadora, que evoca de imediato o sentimento de esperança, e, com o sequente uníssono da orquestra, promove o resgate tipicamente beethoveniano da redenção, da superação pelo ser humano das adversidades e dos desafios do destino, rumo à incrivelmente bela, majestosa e apoteótica explosão de júbilo e alegria do quarto movimento da Quinta Sinfonia. Como dizia o músico holandês Hans Bromberg, homem de quem herdei a filha Johana Lilian como companheira para toda a vida, e quem me apresentou à música clássica, não é possível assegurar que o céu exista; entretanto, se existir, brincava ele, a música lá terá de ser, predominantemente, a composta por Beethoven. Como agnóstico, posso sempre torcer para que Euclides e muitos outros também estejam se extasiando perpetuamente. E até mesmo para que Beethoven já tenha lido a tradução alemã de “Os Sertões”, que meu amigo Marcelo Queiroga Filho (PB) me assevera ter ficado bastante boa, em que pese a impossibilidade de conversão para aquela língua “bárbara” de alguns termos euclidianos. ■

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ENTREVISTA | STEVEN R. BAILEY

Parceria

GLOBAL Steven R. Bailey (Estados Unidos) é professor e chefe do Departamento de Cardiologia Intervencionista da Universidade de Ciências Médicas do Texas, em San Antonio (Estados Unidos); e presidente da The Society for Cardiovascular Angiography and Interventions (SCAI) durante a gestão 2009-2010 Por Marcelo Cantarelli (SP)

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O que a SCAI e a SBHCI podem fazer juntas para o crescimento da cardiologia intervencionista e o desenvolvimento de programas de aprendizado? O que podemos esperar desta parceria? A SCAI tem tido muito sucesso nos programas de certificação e treinamento e programas de aprendizado. Como exemplo, hoje, com o Intervention Fellows Institute, a SCAI está muito interessada em identificar oportunidades para educação, pontos de encontro e debates. Historicamente, a cardiologia intervencionista começou nos Estados Unidos e dali saiu para o mundo. Isso não é mais verdade. Além disso, temos limitações nos Estados Unidos: não temos balões farmacológicos; temos acesso limitado a válvulas percutâneas... esses tipos de recursos. Por conta disso, temos uma grande oportunidade para nossos médicos aprenderem com os médicos brasileiros, uma vez que eles tiveram essa experiência antes de nós. Acho que deveríamos aprender com nossos colegas no Brasil.

que as coisas aconteçam. E para isso temos uma variedade de recursos, médicos, enfermeiras e técnicos. E todos entendem o que deve ser feito e como deve ser feito. O segundo passo é por meio do projeto Accreditation for Cardiovascular Excellence (ACE), que é o Programa de Acreditação Cardiovascular da SCAI. Este é um padrão mais comum: todo o laboratório é examinado por vários comitês: A segurança radiológica é praticada? O banco de dados é consultado? É feito um relatório? Os relatórios são examinados? São amostras de cada operador; estudos são feitos e revistos por um grupo de fora. E isso tem sido muito importante para envolver indivíduos em um nível mais alto. Assim, todos da equipe entendem no que podem melhorar. É um processo de aprimoramento. Esses dois passos são muito importantes. E com certeza a SCAI ficará muito feliz em compartilhar estas apostilas, informações e o processo todo. Somos uma organização internacional e estamos comprometidos em trabalhar com vocês para fazer as coisas acontecerem.

Ouvimos falar do programa de qualidade da SCAI – Quality Toolkit e ficamos muito interessados. A SBHCI também está implementando, a partir deste ano, um modelo de certificação de qualidade. O que o senhor acha dessa iniciativa no Brasil? Fiquei muito feliz quando Christopher White (Estados Unidos) fez disso o seu principal foco durante sua presidência, na SCAI, porque ele reconhece que queremos praticar uma medicina de qualidade para termos os melhores resultados possíveis. Mas enfrentamos barreiras para conseguir isso. Algumas dessas barreiras são simplesmente a falta de um mapa que mostre o que é qualidade e como chegar a ela. A SCAI está à disposição da SBHCI. Temos uma equipe que trabalha em tempo integral com qualidade. Existem várias maneiras de fazer isso. A primeira delas é ter alguém no local. Solicitamos a presença de um profissional no local onde se creia nisso e onde se queira

O senhor já mediu o impacto do Programa de Qualidade da SCAI nos Estados Unidos? Qual é a opinião dos Serviços e Hospitais sobre a melhoria da qualidade na cardiologia intervencionista? Essa é uma ótima pergunta. Este é um programa totalmente novo, de apenas nove meses. Fizemos um estudo inicial, mas ainda não temos muitos dados para demonstrar resultados. Mas pelo que temos visto até agora, as mudanças são significativas nos locais que o adotaram. Estamos esperançosos de que, com os números, possamos convencer outras pessoas. E, é claro, existem aqueles que já querem fazer isso e aqueles que veem outras pessoas fazendo e acabam fazendo também. Estamos naquela fase de adoção. Como você disse, os dados derivados do programa de qualidade convencerão as pessoas de que vale a pena implementá-lo, pois beneficia seus pacientes e sua prática médica. ■


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divulgação|ESC Congress 2012

REPÓRTER INTERNACIONAL | ESC 2012

O ICM – Internationales Congress Center München reuniu cardiologistas do mundo inteiro para a 60ª edição do Congresso Europeu de Cardiologia.

Festival de conteúdo

científico Neste ano, a Sociedade Europeia de Cardiologia comemora o jubileu de diamante, celebrando os avanços da ciência médica desde o primeiro Congresso Europeu de Cardiologia (ESC), realizado em Londres, em 1952 Por Guilherme Ferragut Attizzani (Estados Unidos) e Carlos Augusto Magalhães Campos (SP), editores do Portal da SBHCI

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A

cidade de Munique, capital da Baviera, na Alemanha, recebeu, entre os dias 25 e 29 de agosto, mais de 30 mil cardiologistas do mundo inteiro para a realização do Congresso da European Society of Cardiology (ESC), que completa 60 anos de existência em 2012. A cidade anfitriã deste tradicional evento, apesar de ter sido severamente destruída na Segunda Guerra Mundial, conserva edifícios históricos que se mesclam com a modernidade desta bela região, sede da BMW, famosa marca de carros alemães, do time de futebol Bayern e sua espetacular Allianz Arena, além da Oktoberfest, que inspirou a homônima festa da cerveja que acontece anualmente em Blumenau (SC), no Brasil. Durante a abertura do ESC 2012, evento que realizou 426 sessões durante os cinco dias de programação, foi apresentada a atualização das diretrizes europeias de infarto agudo do miocárdio (IAM), disfunções valvares, fibrilação atrial, entre outras. Em auditório lotado, apresentações didáticas e objetivas incorporaram novas drogas e tecnologias no manejo de enfermidades extremamente prevalentes em nosso meio. Entre os temas discutidos, vale ressaltar a indicação classe I para implante transcateter de valva aórtica (TAVI) em pacientes não operáveis com expectativa de vida superior a um ano; e classe II para aqueles indivíduos de alto risco que, eventualmente, poderiam ser submetidos à troca valvar cirúrgica tradicional, mas para os quais o heart team decidiu pelo implante percutâneo. No primeiro dia de congresso, os Late-Breaking Trials abordaram temas de insuficiência cardíaca, antiagregação plaquetária e imagem. Uma das sessões debateu as atualizações nas diretrizes europeias de manejo do IAM com supra de ST. Apresentações objetivas, ressaltando as modificações mais importantes e as evidências científicas que as suportam, acompanhadas de interação com a plateia, tornaram a sessão verdadeiramente cativante.


Outras abordagens interessantes tiveram como tema a intervenção em disfunções valvares, uso do balão intra-aórtico em pacientes com choque cardiogênico, comparação de taxas de trombose entre diferentes stents farmacológicos e um perfil do tratamento do IAM com supra de ST na França. Destaque também para uma ampla discussão da atualização das diretrizes para o manejo da fibrilação atrial (FA). Na ocasião, enfatizou-se a utilização do CHADS-VASC (classe I A) como preditor de risco e orientação de terapia na FA não valvar. Adicionalmente, o uso dos novos anticoagulantes orais, que não necessitam de monitorização constante do INR, foi definitivamente incorporado às diretrizes. Contudo, ressalta-se que, em pacientes com disfunção renal grave (clearence de creatinina < 30ml/min), tais medicamentos são contraindicados (classe III). Estudos importantes na sessão chamada Hot Line III foram apresentados, com destaque especial para o FAME II, que comparou o tratamento médico otimizado associado ou não à intervenção coronária percutânea (ICP) em lesões hemodinamicamente significativas (determinadas por FFR < 0,80). Além disso, foram discutidos estudos avaliando a terapia ablativa em pacientes com fibrilação atrial, investigação de diferentes regimes de antiagregação plaquetária em pacientes submetidos à ICP, bem como a apresentação de um estudo multicêntrico avaliando o uso da tomografia com 320 colunas de detectores na avaliação funcional de lesões obstrutivas das artérias coronárias. ■

ESC 2012 comemora 60 anos de congresso.

confira no portal

Visite o Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) e confira a cobertura completa: > apresentações dos Late-Breaking Trials > entrevista com Expedito Ribeiro (SP) sobre o Estudo IABP-SHOCK II > entrevista com Pedro Lemos (SP) sobre o Estudo PROTECT > entrevista com Alexandre Quadros (RS) sobre o Estudo PURE 23


ARIE FELLOWSHIP

Participaram do comitê de seleção: Kevin Croce (Estados Unidos), diretor do BWH, Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI, Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI, Samuel Silva da Silva (PR), diretor de Educação Continuada da SBHCI, e José Antônio Marin-Neto (SP), coordenador da Comissão Permanente de Certificação da SBHCI.

Intercâmbio científico Cardiologista intervencionista brasileiro foi selecionado para

realizar um estágio de dois anos no Brigham and Women’s Hospital, vinculado à Harvard Medical School, nos Estados Unidos Por Julio Marchini (SP), médico estagiário da Equipe Arie Cardiologia Intervencionista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo

D

urante a realização do XXXIV Congresso da SBHCI, um grupo formado por representantes da SBHCI e um professor do Brigham and Women’s Hospital (BWH), de Boston (Estados Unidos), realizou o processo seletivo que contemplou o jovem cardiologista intervencionista Augusto Celso de Araújo Lopes Jr. (CE) com a Bolsa de Investigação Arie Siguemituzo, que permitirá um estágio de 24 meses em formação de pesquisa no BWH, da Harvard Medical School (HMS). A bolsa, suportada pela SBHCI, faz parte do Programa de Intercâmbio Científico da Sociedade, criado com o objetivo de qualificar os jovens especialistas que se interessam pela pesquisa em cardiologia intervencionista. A ideia é que o Brasil possa contar com um número cada vez maior de profissionais formados em centros cardiológicos de excelência e comprometidos com a melhoria do perfil acadêmico brasileiro, hoje, muito ligado às atividades assistenciais. O processo seletivo foi realizado conjuntamente pela SBHCI e o BWH, sob a coordenação do professor Kevin Croce (Estados Unidos), e constituiu em análise de currículo, análise de cartas de recomendação e uma entrevista realizada durante o Congresso. Três candidatos se apresentaram para o processo seletivo. Durante o estágio, o selecionado é orientado por um membro do corpo docente do BWH, para alocá-lo em um dos muitos ambientes de pesquisa básica ou clínica. Ele deve ser nomeado para um cargo de pessoal do BWH e ter uma nomeação secundária como pesquisador da Harvard Medical School. Um relatório anual sobre o desempenho do bolsista será enviado para a SBHCI e todos os resumos, cartazes e publicações resultantes de sua pesquisa terão o reconhecimento da SBHCI. Além disso, com a permissão de seu mentor em pesquisa do

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BWH, o selecionado apresentará seus resultados da investigação na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI). O Hospital O Brigham and Women’s Hospital (BWH) está localizado em um ambiente produtivo de pesquisa na Harvard Medical School. Além de uma ampla gama de pesquisadores clínicos reconhecidos internacionalmente no BWH, especialistas no âmbito de doenças humanas patobiológicas, algumas instituições coirmãs locais, incluindo a Harvard Medical School Quadrangle, o Dana-Farber Cancer Institute, o Beth-Israel Deaconess Medical Center e o Children’s Hospital Medical Center, complementam e reforçam estes pontos fortes. Os centros abrigam um board de investigadores em todas as áreas da ciência cardiovascular, como biologia vascular, angiogênese, desenvolvimento do miocárdio, células-tronco, eletrofisiologia e epidemiologia genética das doenças cardiovasculares. Semanalmente, são promovidas interações intelectuais entre os cientistas médicos por meio de seminários de pesquisa em que investigadores principais de diversos estudos, bem como pós-doutorandos, apresentam seus mais recentes trabalhos. Estes seminários semanais incluem uma série de workshops da Harvard Medical School sobre biologia vascular, atraindo palestrantes de um pool internacional de especialistas; uma série de workshops sobre os estudos em andamento da Divisão Cardiovascular; grandes cursos sobre doenças cardiovasculares; e seminários da Universidade de Medicina de Harvard. A área médica de Harvard é particularmente rica em oportunidades de intercâmbio intelectual e colaborações entre os pesquisadores de diversas áreas.


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entrevista Conheça o jovem selecionado Médico formado pela Universidade Federal do Ceará com distinção acadêmica Magna Cum Laude, Augusto Celso de Araújo Lopes Jr. (CE) fez residência em clinica médica na Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, prosseguindo sua formação em cardiologia clínica e intervencionista no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo. Recebeu título de especialista em cardiologia clínica pela Associação Médica Brasileira/SBC e em cardiologia intervencionista pela AMB/SBHCI. Uma das principais características para sua escolha foi seu foco em pesquisa desde a graduação. O jovem teve a oportunidade de realizar pesquisa básica tanto em fisiologia na Universidade Federal do Ceará, quanto em cardiologia no laboratório de cirurgia experimental no InCor-SP. Ainda no InCor, o profissional atuou em investigação clínica com ênfase na análise dos dados e em estudos randomizados. Este envolvimento proporcionou-lhe publicações científicas em revistas nacionais e internacionais. “Foi o desejo de experimentar a excelência na formação médica que me levou para fora do meu Estado natal e que me levou a participar deste processo seletivo”, afirma Lopes Jr. “Por isso, só tenho a agradecer pela criação deste intercâmbio tão importante para o desenvolvimento científico da nossa especialidade.” ■

Kevin Croce responde Qual a sua opinião sobre esta parceria entre a SBHCI e o Brigham and Women’s Hospital? É uma excelente oportunidade para fortalecer o intercâmbio científico entre o Brasil e comunidades americanas de cardiologia, bem como fornecer formação em investigação continuada e oportunidades de desenvolvimento profissional para o início de uma carreira promissora para cardiologistas intervencionistas brasileiros. Quais as principais características que um jovem cardiologista intervencionista precisa ter para realizar este estágio no BWH? Um candidato ideal deve ter alguma experiência em pesquisa clínica, básica ou translacional. É preciso também que ele tenha um forte compromisso em perseguir uma carreira acadêmica em cardiologia intervencionista. Como os brasileiros têm colaborado junto à comunidade científica do BWH? Os bolsistas brasileiros com formação em pesquisa, que têm trabalhado com as equipes do Brigham and Women’s Hospital e com os membros da Universidade de Harvard, mostraram-se excelentes colaboradores e verdadeiros entusiastas para com nossos esforços em pesquisa biomédica. Nós temos construído diversas plataformas de estudo duradouras e produtivas, que continuam a gerar novas investigações e pesquisas destinadas a melhorar o tratamento de doenças cardiovasculares.

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JOGO RÁPIDO | EBERHARD GRUBE

Médico sem fronteiras Dividido entre o trabalho no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo (SP), e no Hospital Universitário de Bonn, na Alemanha, o professor alemão Eberhard Grube tem liderado vários trabalhos clínicos dentro da cardiologia intervencionista, avaliando a eficácia de novos dispositivos, como implante valvar aórtico transcateter (TAVI) Por Carla Ciasca, jornalista

Quando decidiu pela carreira de medicina? No final do 2° grau. Por que escolheu a cardiologia? Curiosamente, foi por causa de um estágio que fiz no Brasil muito tempo atrás. Não fosse medicina, qual carreira escolheria? Gosto de apreciar a perfeição e a estética. Por isso, acho que faria algo ligado às Artes. Qual é a área mais promissora na medicina hoje? São várias as áreas, mas destacaria a medicina regenerativa com células-tronco pluripotentes e a intervenção percutânea em cardiopatias estruturais. Qual sua recomendação para médicos prestes a se formar? Sempre persistam honestamente em seus objetivos. Qual foi sua maior conquista na área profissional? Ter sido um dos principais investigadores do estudo TAXUS I, um dos primeiros implantes com sucesso da endoprótese aór-

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tica CoreValve, a despeito de muitas frases de desmotivação para este procedimento. Já teve um sonho realizado? Muitos. A realidade atual da correção da estenose aórtica percutânea é, sem dúvida, um deles. O que o deixa inspirado e de bom humor? Quando as “coisas” funcionam bem. O que o tira do sério? Quando as “coisas” não funcionam bem e calúnias. Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre? Velejar, esquiar, mergulhar e fotografar. Além disso, aprecio um bom vinho e um ótimo jantar com amigos. Qual livro está lendo atualmente? Tenho me dedicado a ler tudo em espanhol para aprender o idioma. Se escrevesse uma autobiografia, que título daria ao livro? Médico sem fronteiras. ■


AGENDA

OUTUBRO dias 4 a 6 10º Congresso Sabincor de Cardiologia Juiz de Fora, MG www.congressosabincor.com.br dias 5 e 6 Curso Avançado em Aterotrombose Porto Alegre, RS www.caat2012.com.br dia 6 Interv Santos Santos, SP www.intervsantos.com.br

DEZEMBRO dias 5 a 8 SCAI 2012 Fall Fellows Course Las Vegas, Estados Unidos www.scai.org

2013

JANEIRO dias 19 a 22 PICS & AICS 2013 - Pediatric & Adult Interventional Symposium Miami, Estados Unidos www.picsymposium.com

dias 18 a 20 XXII Congresso Goiano de Cardiologia e II Simpósio de Insuficiência Cardíaca Goiânia, GO sociedades.cardiol.br/go

FEVEREIRO dias 17 a 22 6th World Congress Paediatric Cardiology & Cardiac Surgery Washington DC, Estados Unidos crtmeeting.org

dias 18 e 19 Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista 2012 São Paulo, SP www.sbhci.org.br

dias 23 a 26 CRT 2013 Cardiovascular Research Technologies Cidade do Cabo, África do Sul wcpccs2013.co.za

dias 19 a 20 XVII Congresso de Cardiologia de MS Campo Grande, MS educacao.cardiol.br/eventos

JULHO dias 24 a 26 XXXV Congresso da SBHCI Transamérica Expo Center São Paulo, SP www.sbhci.org.br

dia 20 Prova de Avaliação para Obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hemodinâmica e Cardiologia Internvencionista São Paulo, SP www.sbhci.org.br dias 22 a 26 TCT 2012 Transcatheter Cardiovascular Therapeutics Miami, Estados Unidos www.tctconference.com NOVEMBRO dias 4 a 7 AHA 2012 - American Heart Association Los Angeles, Estados Unidos scientificsessions.org dias 30 a 1o de dezembro XII CardioInterv - Simpósio Internacional de Cardiologia Intervencionista Curitiba, PR www.cardiointerv.com

www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia CEP 04548-050 – São Paulo – SP Fone: (11) 3849-5034

Equipe Administrativa Norma Cabral | gerência administrativa Aline Ribeiro | científico Eleni Peixinho | financeiro Kelly Peruzi | sócios Roberta Fonseca | eventos Vânia Fernandes | secretaria

AGOSTO dias 31 a 4 de setembro ESC Congress 2013 Sociedade Europeia de Cardiologia Amsterdam, Holanda www.escardio.org SETEMBRO dias 14 a 18 CIRSE 2013 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Barcelona, Espanha www.cirse.org OUTUBRO dias 6 a 9 Venice Arrhythmias 2012 Veneza, Itália www.venicearrhythmias.org

NÃO PERCA

Curso de Revisão O Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista da SBHCI será realizado nos dias 18 e 19 de outubro, no Sheraton São Paulo WTC Hotel (SP). Serão dezenas de palestrantes apresentando as últimas atualizações sobre os principais assuntos da nossa área de atuação, desde os princípios básicos da hemodinâmica até os procedimentos mais complexos e resultados recentes de estudos clínicos. Agende-se Data: 18 e 19 de outubro Local: Sheraton São Paulo WTC Hotel End.: Av. Das Nações Unidas, 12559 Brooklin Novo, São Paulo (SP) Informações: (11) 3849-5034 ou sbhci@sbhci.org.br

Prova do Título A SBHCI comunica a realização do processo de avaliação para obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Os candidatos inscritos participarão de três etapas: prova teórica, prova teórico-prática e análise do currículo (etapa 1), prova prática (etapa 2) e comprovação da publicação de artigo científico (etapa 3). Agende-se Data: 20 de outubro (etapa 1) Local: Sheraton São Paulo WTC Hotel End.: Av. Das Nações Unidas, 12559 Brooklin Novo, São Paulo (SP) Informações: (11) 3849-5034 ou sbhci@sbhci.org.br

Gestão 2012-2013 Presidente: Marcelo Queiroga (PB) Diretor Administrativo: Pedro Alves Lemos Neto (SP) Diretor Financeiro: Antônio Luiz Secches (SP) Diretor Científico: Rogério Sarmento-Leite (RS) Diretor de Comunicação: José Ary Boechat (RJ) Diretor de Qualidade Profissional: Hélio Castello (SP) Diretor de Edu­cação Médica Continuada: Samuel Silva da Silva (PR) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Antônio Carlos Neves Ferreira (MG) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Carlos AC Pedra (SP) Departamento de Enfermagem Presidente: Ivanise M. G. Amorim (SP) Vice-Presidente: Jacqueline Wachleski (RS) Primeira Secretária: Maria Aparecida de Carvalho Campos (SP) Segunda Secretária: Tatiane Bellia (PR) Primeira Tesoureira: Adriana Correia de Lima (MS) Segunda Tesoureira: Rosa Maria Quinzani Almeida Mendes (MG) Coordenadora Científica: Érika Gondim Gurgel Ramalho Lima (CE) Coordenadora de Educação Continuada: Luciana Cristina Lima Correia Lima (RJ) Coordenadora de Titulação: Simone Fantin (RS)

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July 24 - 26, 2013

Sao Paulo - SP - Brazil TransamĂŠrica Expo Center Information: #55 (11) 3849-5034 - eventos@sbhci.org.br

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