TEA

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Por alguns minutos, Penélope permaneceu estática, olhando para o nada. Um filme estava passando por sua cabeça, era como se um Melhores momentos de sua amizade com Luiza estivesse em exibição no cinema dentro de seu cérebro, com cenas que a deixavam com vontade de chorar ainda mais. Tentou pensar se algum dia se sentira tão deprimida. Não, nunca. Acabou chegando a uma conclusão. -Hoje à noite conto tudo. Preciso voltar a gostar de mim, a parar de me achar a figura mais horrível do mundo, quero botar a cabeça no travesseiro e dormir direito, sem culpa. Não quero prolongar esse sofrimento. Vou abrir o jogo com a Luiza, custe o que custar. De hoje não passa.

PENÉLOPE RESOLVEU seguir os conselhos de Emílio. Achou mais conveniente chamar Luiza para um lugar movimentado a fim de evitar escândalo. "A Luiza não é barra-queira, é toda tímida", ele tranqüilizou a amiga, antes que ela saísse para o grande encontro. As duas combinaram de se ver às nove da noite na movimentada Chaika, uma lanchonete fincada há várias décadas na Visconde de Pirajá, no coração de Ipanema, que costuma ficar cheia de estudantes (é perto de duas universidades, famílias, turistas e ipanemenses loucos por glicose). Falar novamente com a amiga por telefone fora uma prova de fogo. Nem ela sabia descrever o que sentira. Parecia uma espécie de gastrite em tempo integral. Isso sem mencionar a fraqueza, a vergonha de si mesma.


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