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Capítulo 27 Eu disse a Requiem para deitar na cama, e ele o fez, sem hesitação. Elinore estava certa. Ele era como um humano atingido pelo olhar de um vampiro. Eu me ajoelhei ao lado dele, o roupão dobrado debaixo dos meus joelhos, amarrado apertado ao redor da minha cintura. Eu o encarei e me perguntei se havia qualquer coisa que eu pedisse a ele que ele recusaria. Não havia realmente um limite nisso? Eu já tinha visto humanos hipnotizados por vampiros que tinham virado amigos deles em um piscar de olhos, e tentado matar pessoas que eles amavam. Requiem teria matado por mim? Por razão alguma a não ser meu pedido? Eu queria saber, e não queria. Eu olhei para Jean-Claude. — Isso é só sobre sexo, ou ele faria qualquer coisa que eu pedisse, como um humano hipnotizado por um vampiro? —Eu não sei, ma petite. —Se você nunca planeja fazer isso de propósito, do que importa? — London perguntou, e ele me deixou escutar toda a desconfiança naquelas palavras. Eu realmente não o culpava. —Eu não faria isso de propósito com nosso povo, mas às vezes eu estou por conta própria em um ninho de vampiros que eu deveria matar. Eles ficam irritados com coisas assim. Eu só estou me perguntando se eu poderia despertar o


ardeur como uma arma? Há alguma forma de transformar isso em uma ferramenta em vez de um desastre? London franziu o cenho para mim, mas disse, — Eu não acredito em você, Anita. —London, — Elinore disse, — nunca use esse tom outra vez com ela. —Eu já vi o que o ardeur pode fazer Elinore. Você não, não de verdade. — Seu rosto se fechou em linhas de raiva tão pura que quase doía ver. — Eu já vi meu rosto parecer com o de Requiem. Eu me lembro de como é. — Sua mão agarrou a cabeceira da cama até sua pele mudar de cor, só um pouco. A variação de cores seria maior depois que ele se alimentasse. A madeira rachou em protesto, e ele soltou as mãos. —Parte de mim ainda quer se sentir assim. É como estar sob o efeito de drogas o tempo todo. Estando prazerosamente, feliz. Pode não ser felicidade verdadeira, mas é difícil dizer a diferença quando você está no meio disso. — Ele se abraçou forte. — O mundo é um lugar mais frio, mais escuro sem isso. Mas com isso, você é um escravo. Um escravo de alguém que te faz fazer coisas... — Ele balançou a cabeça, tão forte que pareceu atordoante. —Talvez London deva sair antes de eu começar isso, — eu disse. —Não, — ele disse, — não, se eu não consigo suportar assistir você alimentar o ardeur em alguém, então eu preciso achar um novo mestre, e uma nova cidade. Se eu não posso suportar isso, então eu preciso ir a algum lugar onde ninguém carrega o ardeur.


—Jean-Claude é seu mestre, London; você vai precisar da permissão dele para partir, — Elinore disse. —Nós já discutimos isso, — Jean-Claude disse. —Quando? — eu perguntei, —Ele é um viciado, ma petite, um viciado no ardeur. Eu o salvei de Belle Morte, que teria viciado ele de novo, mas London e eu discutimos que mesmo seu ardeur, e o meu, podem ser muito para ele. Se for, — ele fez aquele dar de ombros gracioso — eu vou achar um lugar para ele longe de tais tentações, mas vai levar tempo para achar uma casa para alguém tão potencialmente poderoso quanto London. Especialmente alguém com sua linhagem de sangue, e masculino. Se ele fosse mulher, há uma lista de espera. —Mas não para homens, — eu disse. —Non,

ma

petite,

as

mestres

mulheres

parecem

convencidas de que ficariam enfeitiçadas pelos homens de nossa linhagem de sangue. Os mestres homens parecem convencidos de que eles podem dominar as mulheres de nossa linhagem. —Bem, isso não é simplesmente típico? — eu disse. Eu olhei de volta para London. — Se isso chegar a ser demais para você, me promete que vai sair. —Por que você se importa? Eu levantei uma mão antes que Elinore pudesse repreendê-lo outra vez. —Porque eu vou ter problemas o bastante libertando a mente de Requiem; eu não quero ter que fazer isso duas vezes hoje.


Ele assentiu. — Eu juro para você que eu vou sair, se eu sentir que é demais. — O olhar em seu rosto foi muito sério, com nem um pouco daquele desafio sombrio, ou raiva. Eu inspirei fundo e me virei de volta para o homem na cama. Ele me deu um olhar ansioso e pacífico. Como se o cordeiro quisesse que você cortasse a garganta dele. Eu me movi e fui até o lado dele, de modo que eu pudesse tocar o lado não machucado de seu rosto. Eu coloquei a mão em seu rosto e ele se inclinou naquele toque, olhos fechados por um momento como se aquele único toque inocente fosse quase demais para suportar. Eu o chamei. — Requiem, Requiem, volte para mim. Ele pousou sua mão contra a minha, me pressionando mais contra seu rosto. — Eu estou bem aqui, Anita, bem aqui. Eu balancei minha cabeça, porque aquilo não era ele. Era seu corpo, mas o que quer que tornasse Requiem quem ele era, não estava em seus olhos. Era o rosto de um estranho. O que faz as pessoas não é só a estrutura óssea e cor dos olhos, mas a força da personalidade delas. Os anos de experiência pintados em seus rostos. Eles, por falta de uma palavra melhor. Eles. —Oh, Requiem, volte para nós. Ele olhou para mim, tão confuso. Ele não entendia que ele estava perdido. Eu fechei meus próprios olhos, para que eu pudesse me concentrar e não ter que ver seus olhos, não confiantes e vazios. Minha necromancia era diferente de qualquer outro


poder que eu tinha. Talvez porque fosse minha. Qualquer que fosse a razão, eu não tinha que decidir usar minha necromancia, eu só tinha que parar de lutar contra ela. Parar de bloquear o poder. Bloquear minha necromancia era como fazer um punho, bem apertado, apertando, apertando, tão forte, para que o poder não escapasse de mim. Eu espalhei aquele punho metafórico, deixei todo o esforço e a necromancia só veio. Antes, com Auggie, havia tanto acontecendo, tantos poderes diferentes, que tinha me distraído, mas agora não havia nada além da necromancia. Era tão bom poder solta-la. Tão incrivelmente bom. Eu abri meus olhos e encarei Requiem. — Venha para mim, — eu disse, — venha para mim. — Ele se levantou da cama, braços estendidos para mim. Eu coloquei um dedo em seu

peito,

e

disse,

instantaneamente.

Como

Requiem, se

ele

pare. fosse

Ele

algum

parou

tipo

de

brinquedo; aperte um botão e ele liga, outro e ele desliga. Doce Maria, Mãe de Deus, isso era tão errado. — Ma petite, ma petite, tenha cuidado. Eu me virei e olhei para Jean-Claude. —Eu estou um pouco ocupada aqui, — eu disse, e eu não consegui tirar a impaciência da minha voz. —Eu seria mais específica com suas chamadas, se eu fosse você. Você disse somente a Requiem para parar. Os outros ainda estão enfeitiçados. — Ele gesticulou em direção aos outros vampiros. London estava apertando muito forte a cabeceira. Ele parecia em pânico. Wicked e Truth estavam


lutando na beirada da cama. Truth queria continuar, e Wicked

estava

segurando

seu

irmão.

Truth

parecia

assustado, e Wicked parecia bravo. Eu encontrei Elinore parada perto da cadeira dela, se segurando nela, como se somente o peso da cadeira a impedisse de vir até mim. Eu me senti ficar pálida. — Eu não quis... —Sua necromancia ganhou em poder, ma petite, assim como suas bestas. Seja mais específica em suas ordens; use o nome dele. Eu olhei para Elinore. — Se eu te chamasse, você teria vindo até mim? Ela engoliu forte o bastante para eu escutar. — Eu lutaria, mas a compulsão seria forte. Eu ainda não sou um Mestre da Cidade. Você deve ter um certo nível de poder para comandar uma cidade, assim como o comando dela, e os juramentos que são pegos, a mágica que liga, dá a um vampiro mais poder. Eu não tenho esses laços, ainda, então eu... Eu não sou Augustine, ou Samuel. Eu acho que se você forçasse o problema seria difícil. Foi a minha vez de engolir. —Nós somos todos juramentados por sangue a JeanClaude, — London disse, embora com dentes cerrados. —Eu acho que o chamado dela é mais forte por causa dos laços dela a ele. Truth se libertou de seu irmão, e foi até a cadeira ao lado da lareira. Ele caminhou até ela, e escondeu seu rosto em suas mãos. Wicked se virou de volta para mim. — Ele


queria ir até você. Ambos somos juramentados por sangue a Jean-Claude. Por que meu irmão foi mais atraído pelo seu chamado? —Ele se alimentou de ma petite, quando ele se juramentou a nós, — Jean-Claude disse. — Você tomou meu sangue. —Eu disse a você quando o trouxe aqui que eu tinha que ser trazido exatamente do mesmo jeito. Você me garantiu que não importaria. — Ele gesticulou iradamente em direção ao irmão dele. — Isso importa. Requiem prendeu seus braços em volta de mim, e pousou um beijo no meu pescoço. Ele estava curvando sua barriga para fazê-lo. Não doía? Eu disse a única coisa na qual eu conseguia pensar. — Eu não sei. —Nós devemos sempre ser ligamos do mesmo jeito, — Wicked disse, — nós devemos sempre ser o mesmo. É nossa força. É quem nós somos. O que quer que você tenha feito com ele, você tem que fazer comigo, ou desfazer. Eu assenti. —Eu vou tentar. —Eu

estou

começando

a

entender

porque

nós

costumávamos matar necromantes logo a vista, — London disse. —Isso é uma ameaça? — Jean-Claude disse, voz suave. —Não, não, mestre. Mas eu entendi o que London quis dizer. Requiem lambeu ao longo do meu pescoço, e aquele único toque me fez tremer, só um pouco. — Requiem, pare de me tocar.


Ele congelou contra mim, mas ele ainda estava me tocando. Ele simplesmente parou de me beijar e me lamber. Eu acho que eu tinha que ser cuidadosa com como eu formulava as coisas. Eu tinha que achar Requiem. Não só um vampiro, ou o morto. Eu precisava dele, seu eu individual. Eu tinha feito algo similar uma vez na Igreja da Vida Eterna, quando a policia e eu estávamos procurando por um suspeito de um assassinato. Eu procurei o odor de uma pessoa, e aquilo tinha sido com alguém que eu não conhecia. Eu conhecia Requiem. Eu estava segurando ele. Eu prendi meus braços em volta dele, movi todo aquele cabelo espesso para um lado, para que eu pudesse enterrar meu rosto na curvatura de seu pescoço. Eu inspirei a fragrância de sua pele. Ele não cheirava a calor. Eu conseguia sentir o cheiro de sua colônia, o sabonete que ele usava, seu xampu, mas debaixo de tudo aquilo estava o fraco cheiro de morte. Não de cadáveres e podridão, porque vampiros não tinham aquilo, mas o cheiro de um quarto há muito tempo fechado, vagamente como cheiro de cobras. Mofado, nada quente, nada com a qual você podia se aconchegar. Ainda seus braços eram fortes, a beirada de seus ferimentos no braço pegando na seda do meu roupão. Ele era real, mas ele não estava exatamente vivo. Eu o segurei mais perto, e empurrei minha necromancia no corpo que eu segurava. Empurrei cuidadosamente só nesse único corpo, em mais lugar algum. Eu procurei não por esse confuso estranho, mas por aquela faísca que era verdadeiramente Requiem. Eu o encontrei, no escuro, dentro


de si. Ele não estava com medo, mas suavemente confuso, perdido. Eu o chamei. Eu o senti olhar para cima, me escutar, mas ele não podia vir. Eu consegui ver sua prisão, tocar a porta, olhar para ele através das barras, mas eu não tinha a chave. Então eu percebi do que nós precisávamos. Sangue. Não importa com qual tipo de morto-vivo você está lidando, sangue é normalmente a chave. Eu me levantei de seu pescoço, e afastei meu próprio cabelo para o lado. —Se alimente, Requiem, se alimente de mim. Ele me mostrou um rosto com olhos arregalados com choque, como se ele não conseguisse acreditar que eu deixaria ele fazer isso, mas ele não me pediu para repetir a ordem. Sua mão se prendeu em meu cabelo, sua outra mão nas minhas costas. Ele me pressionou contra ele, segurando meu pescoço de lado, e ele me trouxe até ele, pois ele estava sentado e eu estava ajoelhada. Ele trouxe meu pescoço até sua boca, do jeito que você faz para um beijo. Ele não podia me enganar com seus olhos, e ele não tentou. Não haveria nada para mudar a dor para prazer. Eu o senti tenso, e eu tentei relaxar, mas você nunca relaxa. Você se tenciona, só um pouco, e dói mais. Ele me mordeu, presas se afundando, a dor afiada o bastante para me fazer empurrar seus ombros, enquanto eu tentava escapar. Eu só não conseguia aceitar tanta dor fora da caixa sem empurrar. Eu o senti começar a me beber, sua garganta convulsionando, engolindo.


Algo que podia ser tão erótico, e simplesmente dói tão amaldiçoadamente assim. Mas era assim como decapitar uma galinha para levantar um zumbi, ou espalhar sangue nos lábios de um vampiro para cura-lo. Era sangue com um propósito, e eu mandei minha mágica com aquele sangue. Eu a usei, para chamar Requiem. A usei para encontra-lo no escuro, e liberta-lo. Ele se afastou da minha garganta, arquejando, como se ele tivesse estado correndo. Havia sangue em seu lábio inferior enquanto ele me encarava. Em um momento ele ainda parecia atordoado, no próximo ele se derramou em seus olhos. Eles queimaram com fogo azul, com aquela alusão de turquesa no centro. Seu poder dançou sobre minha pele como uma brisa fria e formigante. —Eu estou aqui, Anita. Você clareou minha mente. O que quer de mim? Eu me afastei de seus braços, tocando meu pescoço, e me afastei com sangue. Remus já estava mandando o jovem guarda Cisco ao banheiro para gaze e fita. —Eu queria você livre, e você mesmo. Nós temos isso. Ele balançou a cabeça, e estremeceu, como se somente agora os machucados doessem. Ele se inclinou de volta contra os travesseiros amontoados, favorecendo sua barriga e peito, segurando seu braço machucado cuidadosamente. — Era como estar sob o efeito de drogas; nada doía tanto, quando você me tocava. Eu estou livre, mas tudo dói.


—Não é sempre assim? — eu disse, mas eu sorri. Ele era ele mesmo outra vez. Eu olhei em volta para os outros vampiros. Eu olhei para Elinore ainda agarrando as costas da cadeira dela. Eu a senti. Eu a senti como se ela fosse um sabor de sorvete que eu poderia ter colocado em uma casquinha e lambido. Na maior parte baunilha, mas com pedacinhos de chocolate. Eu olhei para London. Não baunilha, definitivamente algo mais escuro, mais corpulento, cheio de duros pedaços crocantes. Wicked encheu minha mente como glacê, glacê de chocolate para espalhar pela pele e lamber. Eu balancei minha cabeça com a imagem, e procurei por Truth, ainda encolhido perto da lareira. Algo fresco e limpo, morangos, talvez, sorvete de morango para derreter pela pele, e ser lambido, para que você pudesse chupar o gelado ao redor dos mamilos... —Anita, — foi a voz de Jean-Claude — Anita, você deve parar isso. Ele nunca me chamava de Anita. Isso me fez olhar para ele. —Porque eu não posso te provar? — eu perguntei. —Porque eu sou seu mestre, e não um brinquedo para seu poder. O olhar em seu rosto me assustou, porque ele estava assustado. Eu lambi lábios secos, e disse, — Eu acho que isso responde a pergunta. Eu não toco os vampiros de mais ninguém. —Não, — ele disse, — não. — Ele estava na beirada da cama. —Agora desligue-o.


Levou um segundo para eu perceber o que ele quis dizer. Minha necromancia, eu precisava desliga-la outra vez. Eu fechei meus olhos, e a puxei para dentro de volta. Eu a puxei mais e mais, fechei e apertei aquele punho metafísico. Mas era como se a mão não fosse grande o bastante para segurar agora. Eu podia apertar, mas vazava como se os dedos estivessem tentando segurar areia. Não, não era verdade. Eu não queria parar. Era tão bom vaguear pelos vampiros, melhor do que brincar com zumbis. No momento em que eu percebi que eu era aquela deixando o punho vazar, eu fui capaz de fecha-lo. Quase doeu, mas eu o fiz. Eu conseguia faze-lo. Mas eu me perguntei se chegaria um dia em que haverá muito

poder

e

eu

não

vou

ser

capaz

de

fecha-lo

completamente? Eu precisava falar com a minha mentora mágica, Marianne, sobre isso, o mais cedo possível. Eu abri meus olhos e disse, — Está bom? —Bom, — ele disse, mas sua voz não estava feliz. —Isso foi assustador, — Elinore disse. —Eu senti seu poder, como se você estivesse lambendo ao longo da minha pele, minha... Ela tremeu, de um jeito nada feliz. —Sinto muito, — eu disse. —Você podia me enganar, — London disse, — me enganar do jeito que eu posso enganar um humano. Você podia, eu senti. —Você deve desfazer o que você fez com meu irmão, — Wicked disse, —ou me ligar como você ligou ele.


Eu assenti. —Nós vamos discutir isso mais tarde, ok? Eu tenho um prato cheio hoje. —Você me prometeu, — Wicked disse. Eu suspirei. — Olha, eu não sabia que tomar sangue de mim ao invés de Jean-Claude seria uma grande coisa, ok? Eu estou fazendo o melhor que eu posso aqui, Wicked. Truth estava morrendo quando eu ofereci sangue a ele. Eu salvei a vida dele, se eu me lembro corretamente, então pare de ficar tão irritado sobre isso.— Eu estava ficando brava, porque eu sentia culpa, e aquilo quase sempre levava a raiva para mim. —Anita pode trabalhar com o seu problema outro dia, — Requiem disse. —Hoje é o meu. Algo no jeito que ele disse aquilo me fez olhar para ele. Ele estava deitado como se ele estivesse com dor, mas o olhar em seu rosto não era sobre dor. Era quase antecipatório. —No que você está pensando, Requiem? — eu perguntei. —Que você ainda precisa alimentar o ardeur na frente de todas essas boas pessoas. Eu balancei minha cabeça. —Eu não acho que isso seja uma boa ideia. — O teste é para ver o que vai acontecer se você alimentar o ardeur na frente dos nossos visitantes. Você sabe não usar sua necromancia em frente a eles agora, mas essa questão não foi decidida. Eu assenti. — Sim, eu acho que foi. —Eu estou com Anita nessa, — London disse, — sem ardeur na frente dos nossos convidados. Nada demais na frente dos outros mestres.


—Essa não é sua decisão, — Elinore disse. —Você acha que eu estou errado?— ele perguntou. Ninguém respondeu. Então eu o fiz. — Não, você não está errado. Meus poderes são muito imprevisíveis para usar em público agora. Eu só tenho que me escudar como uma filha da puta. —Talvez você possa controlar a necromancia nesse grau, mas o ardeur não está quebrado para usar freios e rédeas, ainda, — Requiem disse. —Ela acabou de te libertar, — Wicked disse. — Como você pode querer que ela te escravize outra vez? —Eu não quero ser escravizado, mas eu quero que ela se alimente. Eu quero mais do que eu já quis qualquer coisa em um longo tempo. Eu olhei para Jean-Claude. — Ele está livre, ou não? —Você me chamou de volta para que eu pudesse escolher, Anita. Eu olhei para Requiem. — Eu não entendo. —Você disse que nunca alimentaria o ardeur em mim de novo, a não ser que eu me libertasse e pudesse escolher. Você disse que seria como estupro, a não ser que eu pudesse escolher. — Eu não estava certa de que você iria se lembrar de tudo que eu disse. —Eu me lembro, — ele disse. —Eu acho que é muito perigoso alimentar o ardeur em você.


—Você jurou que você iria alimentar de mim, se eu me libertasse. Eu me libertei. —Eu te libertei. —Você está certa disso? Você está certa de que minha vontade não te ajudou um pouquinho? Eu comecei a dizer não, então hesitei. — Eu não... Sei. —Então eu escolho que você alimente. Eu estava balançando minha cabeça. — Alimente, Anita, alimente da minha carne, beba profundamente da minha vontade até ela se derramar pelo seu corpo como sangue. —Você não está pensando claramente. — Eu comecei a sair da cama. Ela garrou meu braço, em um daqueles movimentos muito rápidos para ver. Ele estremeceu, mostrou que isso tinha custado a ele. —Eu não fiz a escolha que você teria feito, se nossos lugares fossem reversos. Eu não disse o que você queria que eu dissesse, mas eu escolhi. —Solte-me, Requiem. Ele olhou para mim, e sorriu. —Eu não quero, e eu estou livre pra não obedecer. Eu lutei para voltar porque você disse que somente se eu voltasse, somente então se alimentaria de mim. Você me negaria agora que eu lutei a batalha e venci? —E se uma alimentação desfizer o que eu fiz? E se o ardeur te consumir outra vez? —Se eu nunca mais for consumido por amor, então que jeito melhor de ser consumido do que pelo o ardeur?


—Você soa como um viciado que provou outra vez depois de um longo período de seca. —Meu coração morreu duas vezes. Uma vez quando minha vida mortal cessou e a segunda vez quando Ligeia foi tirada de mim. Eu não senti nada por tanto tempo, Anita. Você me faz sentir outra vez. — Ele se sentou, me puxou na direção dele. Eu coloquei uma mão em seu peito, errando a ferida da faca por frações. —O ardeur te faz sentir outra vez. Ele tocou meu rosto com sua mão ferida. — Não, há algo em você que acordou meu coração. Eu tive uma sensação de pânico de que ele estava prestes a declarar amor eterno. Talvez Jean Claude tenha tido um também, porque ele se moveu para frente e pousou uma mão em meu braço. Requiem

manteve

sua

mão

ferida

contra

minha

bochecha, mas soltou meu braço. Ele estendeu a mão para Jean-Claude, pousou sua mão contra a cintura do outro homem. Eu sabia que ele não podia sentir muito através do roupão grosso, mas ainda foi o gesto mais íntimo que eu já tinha visto ele fazer em relação a Jean-Claude. — Sempre antes de seu ardeur provar o dela, JeanClaude. Ele não estava falando de mim. Ele quis dizer Belle Morte, porque ela sem o nome sempre significava Belle para eles. — Noite passada, Jean-Claude, você não provou dela. Você não provou o poder de ninguém a não ser o seu próprio. Eu sabia que você era um sourdre de sang, mas até noite


passada você ainda era um planeta circulando o sol do poder de Belle Morte. Noite passada você virou o sol e ela a lua. —Belle era a lua,— eu disse. Ele olhou para mim, sorrindo. —Não, Anita, você era a lua. “A lua é um ladrão notório, E seu fogo pálido ela rouba do sol.” —Você está citando alguma coisa, — eu disse. — Shakespeare, ma petite. Ele está citando Tímon de Atenas. —Não li esse, — eu disse. Meu pulso estava em minha garganta, e estava fazendo sangue escorrer das feridas que ele tinha feito em meu pescoço. — Eu não preciso alimentar o ardeur agora, Requiem, e com tudo ficando bem estranho, eu acho que eu vou esperar até eu ter que me alimentar. —Isso faz sentido, Requiem, — London disse. Requiem olhou para o outro vampiro. —Você esperaria? —Com permissão, — London disse, —Eu gostaria de deixar o quarto. —Vá, — Jean-Claude disse. London não correu até a porta, mas ele não demorou tampouco. Inferno, se eu pudesse ter corrido disso, eu teria. Mas você não pode fugir de si. —Qualquer um que deseje ir, vá, — Jean-Claude disse. —O teste não vai funcionar se nós não estivermos aqui, — Elinore disse. — O teste acabou. Nós somos muito perigosos, e nós sabemos.


Elinore não discutiu, ela só saiu. Wicked pegou seu irmão pelo braço, e o guiou para fora. Truth parecia estar em prantos. —O que você quer que nós façamos? — Remus perguntou. —Proteja-nos, se vocês puderem. —Nós podemos proteger vocês, — ele disse, soando levemente ofendido por Jean-Claude ter duvidado disso. —Vocês podem nos proteger de nós mesmos? — JeanClaude perguntou. —Eu não entendo, — Remus disse. Cisco estava com a gaze e a fita. Ele ficou parado perto da cama, como se incerto do que fazer com as ataduras. Eu toquei meu pescoço e vi que ainda estava sangrando um pouco, mas tinha sido uma mordida limpa. Não sangraria tanto assim, não se tivesse sido feita corretamente, e conhecendo Requiem tinha sido. —Você precisa de antisséptico? — Cisco perguntou. Remus veio até a cama, impaciente. —Você trata Anita como outro transmorfo. —Oh, — Cisco disse. Ele começou a colocar os suprimentos de primeiros socorros na cama, então hesitou como se ele não quisesse coloca-los entre Requiem e eu. Ele ainda estava portando uma arma, mas o guarda confiante tinha desaparecido, substituído por um menino de dezoito anos estranho. —Dê a ela algumas gazes para que ela possa segura-las contra a ferida, — Remus disse. — As ataduras são


principalmente para manter a limpeza no mínimo, não é realmente para a ferida. Cisco assentiu como se ele tivesse entendido, mas ele me estendeu a gaze com seus olhos bem longe do meu rosto. De fato, ele estava meio que cuidadosamente tentando não olhar para mim. Eu finalmente percebi parte de seu problema. A maioria do meu peito estava aparecendo mais do que quando eu comecei. A alimentação de Requiem tinha mexido a frente do roupão, de modo que boa parte dos meus seios estava aparecendo. Não tudo, não mais do que um decote realmente baixo mostraria, mas estava distraindo ele. Ele estava tentando tanto não olhar para meu peito quanto o encarando, como se ele estivesse em guerra consigo mesmo. Eu pressionei a gaze na mordida, e fechei o meu roupão com a outra mão. Eu precisaria de duas mãos para amarrar novamente, então tudo que eu pude fazer foi segurar o roupão fechado. Aquilo deixou Cisco saber que eu tinha percebido o que ele estava fazendo. Repentinamente ele encontrou meus olhos, e estava constrangido. Apareceu no quase pânico em seus próprios olhos, e o rubor escuro que apareceu em suas bochechas. O pânico virou raiva, e ele olhou para longe, como se eu tivesse visto muito dentro de sua alma. Remus tomou as coisas de primeiros socorros dele. —Vá para o quarto do caixão e diga a Nazareth para mandar alguém para tomar seu lugar nessa particularidade. Cisco protestou, — Por quê?


—Você está encarando o peito dela. Ela não é um pedaço de bunda, criança. Quando você está a trabalho, você está no maldito trabalho. Você pode notar que ela é linda, mas você não encara, você não se distrai. —Sinto muito, Remus, não vai acontecer outra vez. —Não, não vai, — Remus disse. — Vá para o quarto dos caixões. —Por favor, Remus... —Eu te dei uma ordem, Cisco, a siga. Cisco abaixou a cabeça, não uma reverência, mas desânimo. O gesto por si, por ser algo tão pequeno, mostrou o quão jovem ele era. Mas ele não discutiu outra vez. Ele foi para a porta. Quando ela fechou atrás dele, Remus virou para mim. — Você ainda está sangrando? Eu soltei a gaze; ela ficou no lugar, colada ali pelo sangue. — Difícil dizer, — eu disse. Ele começou a tocar a gaze, então parou, deixando sua mão cair ao lado. Eu olhei para baixo para me certificar se o meu peito estava completamente coberto. Nada estava aparecendo. Então porque Remus parecia tão relutante quanto Cisco em me tocar? —Você pode tirar a gaze? — ele perguntou. Eu não discuti, só tirei. Não doeu ao tira-la, então eu não estava sangrando tanto assim. Bom. —Vire a sua cabeça para o lado para que eu possa ver. — Ele adicionou, — Por favor.


Eu fiz o que ele pediu, o que me colocou observando Jean-Claude. Ele parecia muito sério pro meu gosto. —O que foi agora? — eu perguntei. —Você está tão envergonhada de nós para você esconder nossa marca de benevolência debaixo de curativos e fita? Eu franzi o cenho para ele. — Do que você está falando? Remus colocou mais gaze em meu pescoço. — Você pode segurar no lugar enquanto eu pego a fita? Eu coloquei minha mão na gaze, automaticamente. Jean-Claude gesticulou para a minha mão, para Remus, que estava de costas para ele. Remus se mexeu para passar a fita na gaze. Eu o parei com uma mão em seu braço. Ele deu um passo para trás imediatamente, fora de alcance, a fita ainda em seus dedos. Eu olhei para seu rosto, mas ele não me olhava diretamente, então eu não sabia o que estava em seus olhos. Ele deu um passo para trás como se eu tivesse machucado ele. Eu não tinha. Eu me virei para longe do guarda, para Jean-Claude. Os problemas de Remus eram problemas de Remus, não meus. Eu tinha problemas o bastante. —Você diz por que eu estou fazendo curativos na mordida? Ele assentiu. —Eu sempre faço curativos nas mordidas. —Pourquoi? — ele perguntou. Por quê? Eu abri minha boca, a fechei, e pensei sobre isso. —É uma ferida. Normalmente perfura uma veia ou artéria. Você passa antisséptico nela, e coloca um curativo para impedir de infeccionar.


—Você

viu

uma

mordida

de

vampiro

ficar

infeccionada? — ele perguntou. Eu franzi o cenho, e pensei. Levou quase um minuto para eu dizer, — Não. —Por que, ma petite? —Porque vampiros tem um antisséptico natural em sua saliva. Vampiros na verdade tem menos tipos de bactéria em sua saliva do que a média humana. —Você está citando agora, — ele disse. Eu assenti, e parei, porque a mordida estava um pouco firme. Não doía exatamente, mas me deixava saber que ela estava ali. —Sim, eles tinham um artigo em O Animador. Algum doutor na verdade se perguntou por que mordidas de vampiro não ficam infeccionadas como uma mordida comum humana, ou uma mordida de animal. Eles já sabem por algum tempo que vocês têm anticoagulante em sua saliva, mas esse foi o primeiro estudo das propriedades salivares vampira. —Então, eu pergunto outra vez, porque você está escondendo sua marca de benevolência? Eu pensei sobre isso, então dei de ombros. —Hábito. — Eu tirei a gaze da marca da mordida. Tinha dois círculos pequenos e vermelhos, mas tinha quase parado de sangrar. Elas paravam a não ser que você tivesse sido cortada. Uma mordida violenta de um vampiro era muito como uma mordida de cachorro; sangrava. Os dois furos limpos paravam antes do que você pensa, e raramente sangrava de novo sem ser reaberta. Eu tinha conhecido dois viciados em


vampiros que tentavam esconder o hábito mandando um vampiro morder a mesma ferida várias vezes. Não funcionava realmente se você sabia o bastante sobre vampiros para saber como uma mordida deveria parecer, mas enganava os turistas, ou o chefe no trabalho na Segunda. Trauma repetido em uma área ainda é trauma repetido, e aquela era uma das poucas vezes além de ataques violentos em que um vampiro começava a machucar e rasgar. Eu

estendi

a

gaze

para

Remus,

que

pegou

cuidadosamente de mim como se ele não quisesse tocar meus dedos. —Eu não preciso das ataduras. Obrigada de qualquer forma, Remus. Jean-Claude veio até mim, sorrindo. Ele tocou a mordida delicadamente, saindo com pequenas gotas de sangue em seus dedos. Ele os levantou até sua boca, e eu sabia

o

que

ele

ia

fazer

antes

de

ele

lamber

tão

delicadamente. Eu o observei lamber meu sangue de seus dedos, e não tinha certeza de como eu me sentia sobre isso. Eu não gostei. Eu não desgostei. Eu me senti neutra sobre o que ele tinha feito, mas porque ele tinha feito? Ele normalmente saia de seu caminho para não falar comigo, não ser muito vampiro. Ele

se

inclinou

sobre

mim,

colocou

suas

mãos

delicadamente ao redor do meu rosto, e tentou me levantar para um beijo. Normalmente, eu teria encontrado ele na metade do caminho, mas eu não o fiz dessa vez. Eu fiquei sentada, forçando ele a se inclinar para mim. Eu mantive minha mão


no roupão, o segurando no lugar, e observei ele se curvar mais. Ele parou logo antes dele me beijar, e se afastou para que eu pudesse ver seu rosto claramente. —Você me beijou muitas vezes com o gosto do seu sangue doce em meus lábios, mas agora, eu vejo relutância em seu rosto, sinto em seu corpo. Por quê? — Ele procurou pelo meu rosto, embora eu soubesse que ele podia derrubar seus escudos e saber exatamente o que eu estava pensando. Talvez ele estivesse com medo do que ele acharia. Porque, ele tinha perguntado? Porque ele lambeu meu sangue de seus dedos? Eu tinha beijado ele quando ele tinha vindo diretamente da minha veia. Eu tinha beijado ele quando uma boca ou a outra tinham se cortado em suas presas. Eu tinha aprendido a pensar no gosto de cobre um pouco doce como quase afrodisíaco, porque eu tinha começado a associa-lo com ele, e outros. Mesmo Richard gostava de um pouco de gosto de sangue; ele odiava gostar, mas ele gostava. Jean-Claude se afastou, deixando meu rosto deslizar por entre suas mãos enquanto ele ficava em pé. Um olhar de tanta tristeza passou pelo seu rosto. Eu agarrei seu braço. —Não. —Não o que, ma petite? Não parar de esconder o que eu sou? Eu não posso ser humano, ma petite, nem mesmo por você. Eu pensava o pior sobre brincar de ser humano um para o outro, você e eu, era a deformação do nosso poder, mas não é isso o que machuca meu coração.


Eu soltei seu braço. Eu não queria perguntar a próxima questão, mas eu sabia que eu tinha, ou ficar marcada como uma covarde. Eu engoli em seco o bastante para doer, e perguntei, — O que machuca seu coração? — Foi um sussurro, mas eu perguntei. Pontos valendo bolo de chocolate para mim. —Que você se virou para longe de mim, por uma coisa tão pequena. Eu lambi seu sangue dos meus dedos e agora você nem sequer me beija. —Eu teria te beijado. Ele balançou a cabeça. —Mas você não quis. Eu não podia ter argumentado contra aquilo. Parte de mim desejou que eu tivesse, parte de mim não. —O que você quer que eu diga? — eu perguntei. —Eu quero que você e Richard compreendam vocês mesmo, e eu estou sem tempo para esperar esse milagre. —O que isso significa? — eu perguntei. —Você prometeu alimentar o ardeur de Requiem, se ele lutasse e ficasse livre de seu poder. Você vai voltar atrás com a sua palavra? Eu olhei para o outro vampiro, deitado no monte de travesseiros, então de volta para Jean-Claude. —O ardeur não despertou para nenhum de nós, ainda. Eu acho que nós devemos usar o tempo que nós temos antes que ele o faça para planejar estratégias. —Estratégias para o que, ma petite? Essa não é uma batalha de armas e facas. Essa é uma batalha de um tipo mais suave, embora não menos perigosa no fim.


Eu estava balançando a cabeça, e senti a primeira gota de sangue escorrer pela minha garganta.

Não era o

movimento que estava me fazendo sangrar um pouco mais, mas o fato de que meu pulso estava acelerando. — Nós não vamos alimentar o ardeur antes de termos que fazê-lo. —Seu poder aumenta, e você é mais como Belle Morte, — Requiem disse, e ele soou triste. Eu olhei para ele. —Do que você está falando? Requiem

respondeu,

Belle

costumava

prometer

alimentar o ardeur em nós, então dizia que ela não disse que seria exatamente naquele momento, mas mais tarde, sempre mais tarde. Mais tarde podia ser bem mais tarde, de fato quando ela desejava jogar jogos cruéis. —Eu não estou jogando, — eu disse, —Eu estou assustada. —Se você alimentar dele, e ele se tornar obcecado outra vez, então você não pode alimentar de nenhum dos candidatos a pomme de sang. Nós vamos mostrar a eles o estado da mente de Requiem e dizer que você ficou muito poderosa para tais jogos. —E se ele não cair sob meu feitiço outra vez?— eu perguntei. —Então você deve provar alguns dos candidatos sem sexo. Eu estava balançando a cabeça. — O ardeur está crescendo, ma petite, você deve aceitar isso. O que nós vimos hoje e noite passada prova que fingir não vai funcionar mais.


—Eu não estou fingindo, — eu disse. —Você está fingindo. —Fingindo o que? — eu perguntei. —Sinto muito, ma petite, sinto mesmo, mas nós devemos aceitar a verdade. Eu tinha ido para o pé da cama. Sangue estava pingando pela minha garganta, como dedos fazendo cócegas. Eu estava com tanto medo que eu podia sentir o gosto de metal em minha língua. — Eu não sei do que você está falando. —Você é o súcubo para o meu íncubo, ma petite. Você se alimenta como um vampiro, mas em sexo ao invés de sangue. —Eu sei disso, — eu disse, e soei brava, porque eu não queria soar assustada. —Você diz que você sabe, mas você sabe aqui, — ele tocou sua testa — não aqui — ele tocou seu coração. — Você não acredita de verdade que você é um vampiro. —Eu não sou um vampiro. —Não do jeito tradicional, non, mas só porque você tem à Damian e Nathaniel para recorrer. Sem eles para tirar energia, quando você não alimentar o ardeur em um tempo hábil, seu próprio corpo vai sentir a fraqueza. —Você ficou anos sem alimentar o ardeur de verdade. O antigo Mestre de St. Louis não te deixaria alimentar o ardeur, não completamente. —Oui, Nikolaos temia o que eu me tornaria se ela permitisse o controle de todos meus poderes. O Mestre da Cidade que me vendeu para ela me temia, também. Ele me


mandou para Nikolaos porque ele sabia que o corpo de criança dela não seria algo que eu seduziria voluntariamente. —Ela parecia ter doze ou treze; isso é ilegal em alguns lugares. Ele balançou a cabeça. —Não para mim, — ele disse, então tremeu. —Você a conheceu, ma petite; você poderia me ver propositalmente fazendo alguma coisa para atrair a atenção dela para mim desse jeito? Eu balancei minha cabeça, — Não, ela era assustadora como inferno, e não de um jeito bom. Ele

assentiu.

—Oui,

assustador

serve

como

uma

apelação, embora haja outras palavras. — Ele balançou a cabeça, como se para limpar sua mente de tais pensamentos. —Se você fosse uma mulher diferente, uma de luxurias mais casuais, então você sendo o súcubo do meu íncubo não seria uma coisa tão difícil. Você iria simplesmente se alimentar de quem quer que você desejasse. Você é humana, então seu uso de truques vampiros não é ilegal. —Não é verdade, — eu disse, — é ilegal usar mágica ou habilidades psíquicas para induzir, ou enfeitiçar, para atos sexuais. É considerado como uma droga de estupro. Ele assentiu. —Eu não tinha percebido que a lei tinha sido ampliada para incluir isso. Eu dei de ombros. —Eu acompanho novas leis, parte do meu trabalho. Ele assentiu outra vez. —Mas ainda, ma petite, há muitos que viriam ansiosamente pelo seu corpo. Não te


faltaria comida, se você estivesse disposta a se alimentar em estranhos. Eu franzi o cenho para ele. —Não faça essa cara, ma petite, eu sei que você não faz o tipo casual. De fato, você é a pessoa menos casual que eu já conheci. Tão séria, tão mortalmente séria sobre tudo. —Isso é uma reclamação? — eu perguntei. —Não, mas é a verdade. Eu assenti, e coloquei uma mão na minha garganta para tentar impedir o sangue de cair no roupão de seda. Eu procurei por Remus. — Gaze, por favor, ou isso vai ter que ser lavado a seco. Remus me entregou a gaze sem uma palavra. Eu tentei parar o sangue, mas meu pulso estava o empurrando para fora. Eu não parecia ser capaz de me acalmar o bastante para diminuir minha pulsação. Tanto pela prática de meditação que eu vinha trabalhando. —Qual é seu ponto?— eu perguntei. —Que você precisa de comida que você conhece, e está confortável com ela. Um pomme de sang nunca deve ser a única comida para um vampiro. É mais como uma comida que você sempre sabe que está em suas mãos. Mas é pressuposto que o vampiro vá se alimentar de vários humanos. —Alimentação casual, você quer dizer? —Oui. —Eu não faço casual, sinto muito.


—Verdade, e é por isso que os candidatos a pomme de sang são ainda mais importantes para você do que para um vampiro normal. —Eu não estou te acompanhando, — eu disse. —Você deve escolher pommes de sang, e outro alimento. Você deve escolher alimento o bastante para você não ser um perigo para outros. —Você está balbuciando. Ele deu a volta na cama para que ele pudesse me tocar, mas eu sai do alcance dele. —Se você enfeitiçar Requiem outra vez, então você não pode procurar por um pomme de sang entre nossos visitantes. Seu alimento vai ter que ser escolhido ainda mais cuidadosamente, e calmamente, atrás das cortinas, dos poucos mestres em que eu confio. Mas seria melhor fazer isso agora, enquanto nós temos tantas princesas dispostas para o nosso Príncipe Encantado. Porque você deve escolher, ma petite, você deve escolher. —Eu pensei que todo esse negócio de escolher um pomme de sang era um truque para fazer todo mundo se comportar. Ninguém quer irritar seus futuros parentes, esse tipo de coisa. —Anita, — meu nome, nada bom — nós devemos saber o quão perigosa você é, antes de Augustine acordar para o dia. Se você pode se alimentar de Requiem e não enfeitiça-lo, então você pode libertar Augustine. Mas se Requiem não está livre, então ele, e Augustine, vão ser como humanos que nós temos que deixar ir, mas nós sabemos que nós podemos chama-los até nós qualquer hora. Nós tiramos nosso feitiço


de mente para agradar a polícia humana, mas nós sabemos quais

são

profundamente

nossos

que

ainda

podemos

sussurrar através de seus sonhos. Nós ainda podemos chama-los. — Ele ficou parado ao pé da cama, me deixando ver o quão assustado ele estava, mas debaixo daquele medo havia ansiedade. — Se nós pudermos controlar isso, então nós somos poderosos além dos meus sonhos mais loucos. Se nós não pudermos controlar isso, então nós somos perigosos além dos meus medos mais profundos. Se Requiem ficar sob o efeito do ardeur outra vez, então nós devemos cancelar tudo. Eu nem mesmo me atrevo a te levar ao ballet entre tantos vampiros. —E se Requiem ficar bem? —Então é controlável, incrivelmente poderoso, mas controlável. É algo que nossos inimigos e aliados vão temer e desejar, mas eles não vão nos temer demais, ou desejar demais. É a diferença entre ter uma arma que um pode usar, e uma que você nunca se atreveria a usar. —Como bombas nucleares, — eu disse. Ele assentiu. — Oui. Eu franzi o cenho para ele. — Defina “alimentar o ardeur”? Ele fez um som que era metade tsk e metade um som da garganta. —Alimentar, alimentar, ma petite. Ele não é feio. Alimente dele, completamente, sem provar, sem se conter. Alimente, e se ele puder resistir, então o ballet hoje a noite acontece, a festa depois.


Eu olhei para trás de mim para Requiem. Ele estava tentando parecer neutro, e falhando. — Deixe eu testar meu entendimento: você quer que eu faça amor com outro homem, e alimente o ardeur dele? —Sim, — ele disse. Se Ronnie estivesse ali, ela teria atirado em si mesma, ou talvez atirado em mim. Eu não estava planejando manter Requiem. Isso era pra ter sido tipo um caso de uma noite. Mas eu não acreditava. Eu nunca fazia sexo com alguém somente uma vez. —Eu não posso ter outro homem permanente em minha vida, Jean-Claude. Eu não posso. —Pense nele como você pensa em Jason. Do que ele se chama, seu amigo de foder? Eu levantei minhas sobrancelhas para ele, então me virei e olhei para Requiem. —Você escutou isso? —Eu escutei. —Você entende o que o termo significa? —Significa alguém que é seu amigo, com o qual você faz sexo às vezes, mas não é um relacionamento. Embora eu prefira o termo anc para isso. —Anc?— eu fiz disso uma pergunta. —Amigos na cama, anc. —Mais bonito, — eu disse. —Tudo bem, você está bem com só ser meu amigo na cama? —Seu coração fala com outros, Anita, eu sei disso. Meu coração fala com ninguém. Mas isso não é uma questão do coração, mas uma questão de carne e sangue. — Ele estendeu a mão para mim. —Venha para mim, Anita, por


favor. Eu joguei fora suas correntes de seda por essa chance para estar com você; não me negue. Talvez fosse do jeito que Requiem falou, todo poético e soando tão emocional. Eu era uma garota moderna; eu não estava acostumada com isso. Jean-Claude podia falar bonito quando ele queria, mas ele era meu amante sério, e escutar isso de alguém que devia ser casual simplesmente não soou certo. Foi como se as palavras não combinassem com a situação. Como você podia falar sobre correntes de seda se você não era sério? Amigos de foda não diziam coisas assim, diziam? Claro, minha experiência com todo o conceito de amigos de foda era bem limitado, então talvez eu só estivesse errada. Errada sobre tantas coisas. Eu encarei Requiem, e senti nada. Ele era bonito, mas bonito nunca tinha sido o bastante para mim. Eu era quase perfeitamente feliz em partes da minha vida pessoal, pela primeira vez em um longo tempo. Eu não queria ferrar aquilo, e eu tinha aprendido que toda nova adição tinha uma chance de explodir aquilo bem alto. Requiem deixou o braço cair. —Você simplesmente não me quer, quer? — Ele soou triste,

mais perdido do que

quando eu tinha enganado ele. Eu não sei o que eu teria dito, porque a porta abrindo me salvou. Asher deslizou para dentro, como se seus pés não estivessem exatamente tocando o chão debaixo de seu roupão dourado de cetim.


Seu cabelo estava espalhado ao redor do roupão, deixando o roupão brilhante envergonhado por contraste. Ele olhou para a cama e deu um grande sorriso. —Oh, bom, bem na hora de assistir. Eu lancei a ele um olhar nada amigável. Ele deu de ombros e sorriu, muito feliz consigo mesmo. —Elinore me atualizou com o que está acontecendo aqui. Quando eu acordei mais cedo, eu percebi que se eu estava acordado então assim estava Meng Die. Isso parou todos nós, fez todos nós virarmos para ele. Remus se afastou da parede como se ele fosse sair correndo. Asher fez um movimento para ele voltar para trás. —Ela ainda está no caixão, embora ela queira sair. Ela concordou em se comportar. —Ela prometeu que ia me matar, ou me ferir tanto que Anita não iria me querer,— Requiem disse. Asher foi até Jean-Claude onde ele ainda estava parado perto da cama. Ele abraçou o outro homem por trás, deitando sua cabeça no ombro de Jean-Claude, de modo que sua bochecha cicatrizada estava bem visível à luz. —Sim, eu estava lá quando ela fez essa ameaça em particular. Ela olhou para mim, e disse que tinha esquecido que Anita gostava de cicatrizes. — Seu rosto tentou ficar neutro quando ele disse aquilo, mas falhou. Um relance de raiva passou pela palidez de seus olhos, os fazendo tremer por um segundo como safiras geladas capturados na luz.


Jean-Claude abraçou seu braço onde ele estava pousado contra seu peito. Ele encostou seu rosto contra a cabeça de Asher, e disse, — Como você fez Meng Die ver a razão? —Ela disse, por tal poder como ela sentiu quando você fez com Augustine ela iria se fingir de virgem. Há Sempre outro amante, mas este tipo de poder é raro. Eu olhei para os dois parados ali, a escuridão e a luz, entrelaçados. Eu percebi naquele momento que eu nunca tinha visto Asher entrar em um quarto e simplesmente ir até Jean-Claude e toca-lo daquele jeito. Eu nunca tinha visto eles se abraçarem, quem dirá mais. Ele se tocavam, mas era raramente assim tão deliberado. Eles se tocavam assim quando eu não estava por perto? Eles faziam mais? Eu me importava? Talvez. Mas me incomodava o fato deles serem amantes, ou o fato de que eles estavam fazendo isso escondido de mim? Fazendo isso sem mim? Jean-Claude se afastou dele. Asher se segurou por um momento, então o soltou com um relance de aborrecimento em seu rosto, mas ele não lutou para ficar mais perto. Ele simplesmente deixou Jean-Claude chegar um pouquinho mais perto da cama, e de mim. Eu queria dizer, Você não tem que esconder, mas eu não estava certa sobre isso. Eu não tinha certeza de como eu me sentia assistindo eles agirem todo amorzinho perto um do outro. Mas o pensamento de que eles não podiam se tocar na minha frente me incomodou, também. Eu suspirei e abaixei


minha cabeça. Deus, eu estava confusa até mesmo na minha própria cabeça sem a ajuda de ninguém. Eu senti a cama mexer, e olhei para cima para encontrar Requiem saindo da cama. Ele ficou em pé, cuidadosamente, mostrando o quanto ele estava machucado, mas ele ficou reto, suas costas pálida intocada militarmente reta como a maioria dos vampiros mais velhos. Ele tinha vindo de um tempo em que boa postura forçada em você, às vezes literalmente. —O que você está fazendo?— eu perguntei. Ele virou seu corpo inteiro, ao invés de só sua cabeça, como se ele soubesse que iria doer se ele fizesse de outro jeito. —Eu vejo como você observa Asher e Jean-Claude. Eu disse que você não me quer, e você não quer. Está claro em seu rosto, em sua falta de reação a mim. A ironia corta profundamente, Anita. Tantas mulheres me quiseram ao longo dos séculos, mas eu não as quis. Agora é minha vez de queimar e ser insaciável. —Non, — Jean-Claude disse, — você não vai embora. Requiem gesticulou com sua mão boa. —Veja o rosto dela, prove a falta de pulsação dela. O corpo dela não responde a mim. Ela nem sequer me vê desse jeito. —Anita vê você, ou você nunca teria chegado a alimentar o ardeur duas vezes para ela. — Asher disse. Ele andou em volta de Jean-Claude, para subir na cama comigo. Havia um olhar em seu rosto que eu não tinha visto antes. Era ardente, quase bravo, mas não infeliz.


Ele tocou meu rosto, e sua mão estava fria ao toque. Ele não tinha se alimentado. —Eu acordei antes do meio dia hoje pela primeira vez desde que eu morri. — Ele se inclinou em minha direção, como se para um beijo. —Tanto poder correndo pelas minhas veias, mesmo sem sangue. Eu me senti incrível. — Ele parou com sua boca logo acima da minha, tão perto que parecia errado não acabar com a distância e beijar. Então eu o fiz. Eu quis que fosse um beijo de bom dia. Bom, mas não muito sexual. Mas é preciso de duas pessoas para manter um beijo simples e Asher não estava se sentindo nem um pouco simples. Ele explorou minha boca com seus lábios e língua. Eu derreti naquele beijo. Eu dancei minha língua sobre as delicadas pontas de suas presas, deslizei por entre elas, mais profundamente em sua boca. Ele nos pressionou juntos, mãos urgentes em meu corpo. Uma mão desamarrou a faixa do meu roupão. As frentes nuas de nosso corpo estavam repentinamente se tocando. Eu sequer sabia quando ele tinha desamarrado seu próprio roupão, só que a nudez pressionada de nossos corpos levou minhas mãos a deslizar debaixo de seu roupão aberto ao longo de sua suave pele das costas e nádegas. Quando eu apertei sua bunda, ele se afastou o bastante para ver meu rosto. O que quer que ele tenha visto ali pintou um olhar feroz em seu próprio rosto. Sua voz saiu rouca a sem fôlego. —Deixe eu me alimentar. Eu só disse, — Sim.


Ele prendeu sua mão em meu cabelo, forte o bastante para doer, só um pouquinho. Aquele pouquinho de dor me fez arquejar, mas não era só a dor. Era a sensação de que com aquele único aperto ele conseguia expor meu pescoço e me segurar exposta enquanto ele se alimentava. Eu posso nunca ter admitido em voz alta, mas há algo em um pouco de força que simplesmente me deixava assim. Asher enterrou sua mão mais em meu cabelo, estremeceu, me fez gemer. Não era exatamente de dor. Sua mão livre achou meus pulsos, os segurou atrás das minhas costas, enquanto meu roupão deslizava pelos meus ombros. Ele colocou minha cabeça para o lado de modo que eu não pudesse mais ver seu rosto. Eu nos vi refletidos no espelho que cobria a parede do outro lado do quarto. Meu roupão tinha caído como uma moldura escura ao redor da palidez do meu corpo. O roupão cobria nossas mãos, e nada mais. Parecia no espelho que minhas mãos estavam juntas. A visão disso me fez fazer força para me libertar, e Asher apertou mais ainda, machucando meus pulsos só um pouco, o bastante para me deixar saber que eu não podia escapar. Eu confiei nele. Confiei nele o bastante para deixa-lo me prender. Movimento no espelho, e eu vi Jean-Claude refletido ali. Seu próprio roupão estava preso, mas seus olhos brilhavam com o fogo azul da meia noite. —A audiência é um pouquinho grande para ma petite. —Ela não está objetando, — Asher disse.


—E você não acha isso estranho? — Jean-Claude perguntou. Asher pareceu lutar para pensar, então finalmente disse, — Eu não sei. Eu pareço não ser capaz de pensar com ela aqui em meus braços. — Ele olhou para o quarto. —A presença deles parece deixar mais difícil pensar. —Os guardas, ou só certos guardas?— Jean-Claude perguntou. —Remus, — e ele olhou para o canto mais longe do quarto — e o novo. —E Pepito? Você sente ele tão forte quanto? O corpo de Asher começou a relaxar contra mim. Eu não queria aquilo. Eu queria que ele se alimentasse. Precisava que ele se alimentasse. —Não pare, — eu disse, — por favor, não pare. Asher me olhou com aqueles olhos brilhantes. Ele parecia estar procurando em meu rosto por algum sinal. —Você deseja que eu te tome aqui com os guardas assistindo? Claro que eu queria. — Sim, — eu disse, — sim, Deus, sim. Ele olhou para Jean-Claude. —Algo está errado. —Errado, e certo, — Jean-Claude disse. Ele veio até a beirada da cama. —Você a possuiu, completamente. Você poderia fazer o que você quisesse com ela, mas quando ela ficasse sóbria, então ela nunca te perdoaria.


Asher virou de volta para mim. O que quer que ele tenha visto ali o acalmou, arrancou a luz de seus olhos. —Anita, você está ai? A pergunta não fez sentido algum primeiramente, então eu disse, — Eu estou aqui, Asher, bem aqui. — Alguma parte de mim me escutou dizer isso, e pensou que eu tinha escutado aquela frase antes. Eu fechei meus olhos, tentei não ver o rosto de Asher. Ajudou, olhar para longe. Eu sabia onde eu tinha escutado as palavras agora: Requiem. Eu estava ecoando Requiem quando eu tinha enganado sua mente. Asher tinha me enganado antes, mas não desse jeito, nunca desse jeito. Lembrar de Requiem me ajudou a pensar, mas fechar meus olhos ajudava mais. Eu era um peixe muito grande para o olhar de Asher manter, mas olhar em seus olhos tinha feito eu me perder. Eu tinha olhado nos olhos de Augustine e não tinha sido varrida para longe, então como o olhar de Asher se classificava acima do olhar de um Mestre da Cidade de mais de mil anos? Eu devia ser imune ao olhar de vampiros. Minha necromancia e as marcas de Jean-Claude deveriam ter me mantido segura. Asher soltou meus pulsos. Eu senti ele se afastar de mim. Eu abri meus olhos e procurei pelo meu roupão, o colocando em volta de mim. — O que está acontecendo?— eu perguntei. Jean-Claude falou do lado da cama. — Você é você mesma, ma petite?


—Eu acho que sim. — Eu olhei para o rosto de Asher, mas ele se virou, seu cabelo dourado escondendo seu rosto. —Olhe para mim, Asher. —Eu não quis te enfeitiçar com meu olhar. Eu sequer sabia que meu olhar podia te capturar. —Nunca foi capaz antes, — eu disse. Eu olhei para Jean-Claude. —O que está acontecendo? Eu fui enfeitiçada como Requiem antes de eu liberta-lo. —Non, você foi capaz de se libertar, uma vez que você percebeu o que tinha acontecido. —Sim, mas porque aconteceu em primeiro lugar? O que acabou de acontecer, e por quê? E não evite a pergunta outra vez, Jean-Claude, é sério. Ele fez um gesto que era metade uma reverência e metade um dar de ombros. Dando um jeito de tornar ambos uma desculpa e um gesto de eu-não-sei. —Não foi bom o bastante. Você sabe o que está acontecendo. —Eu sei o que eu acredito que aconteceu. —Tudo bem, nos diga. — Eu saí da cama para que eu pudesse amarrar o roupão melhor. —Todo nosso povo ganhou com o que nós fizemos noite passada com Augustine. Asher tem sido um vampiro mestre por um longo tempo, mas ele nunca teve muitos poderes do nível mestre que são ignorados entre muitos de nós. —O olhar dele subiu alguns degraus, eu entendi isso, — eu disse.


Jean-Claude balançou a cabeça. — Agora, ma petite, é mais do que isso. Qual é a maior habilidade vampírica de Asher? Eu pensei sobre isso por um segundo ou dois, então disse, — A mordida dele é orgástica. Jean-Claude deu um pequeno sorriso. — Esse pode ser o poder mais sedutor dele para você, ma petite, mas não é o mais poderoso dele. Eu pensei mais. — Fascinação. Ele te deixa fascinada com ele, uma vez que ele se alimentou de você usando todo o poder. Uma vez que ele te faz ama-lo, é como um tipo de feitiço de amor, mas funciona do jeito que feitiços de amor nunca funcionam. —Eu acredito que a habilidade dele de fascinar cresceu em poder. Eu olhei para Asher, que ainda estava sentado no lado da cama, mas cuidadosamente não olhando para mim. Eu balancei minha cabeça e fui para mais perto dele. — Olhe para mim, Asher, por favor. —Por quê? — ele perguntou, em uma voz muito monótona, cuidadosamente não olhando para mim. —Eu tenho que saber se seu olhar pode só me enrolar, ou se aconteceu porque eu não me protejo contra você. Ele quase olhou para mim então, mas me deu só a perfeição de seu perfil e uma onda de cabelo cintilante. — O que você quer dizer, você não se protege de mim? —Eu confio em você, então eu não me escudo contra você. Eu quero que seu poder me tome. Eu não quero lutar


contra ele. Mas antes era uma escolha. Agora eu preciso ver se ainda é uma escolha, ou se você simplesmente me superou. —Dê a ela o peso de seu olhar, mon ami, deixe-nos ver. Asher se virou, relutância plana no jeito que ele portava o corpo. Ele me deu um rosto tão vazio e ilegível quanto qualquer um que eu já tinha visto nele.

Eu tinha

aperfeiçoado a arte de olhar no rosto de um vampiro sem encontrar o olhar deles anos atrás. Eu estava um pouco sem prática, fiquei arrogante com poder, mas habilidades antigas nunca te deixam de verdade. Eu estudei a curva de seus lábios, então levantei meus olhos lentamente para encontrar os dele. Eles estavam tão lindos como sempre, um azul tão, tão pálido. Um azul puro, claro, como um amanhecer de inverno. Eu olhei naqueles olhos e não senti nada. —Isso não vai funcionar a não ser que você tente me capturar com seu olhar. —Eu não desejo te capturar, — ele disse suavemente. —Mentiroso, — eu disse. Ele deu um jeito de parecer ofendido então. — Não tente brincar comigo, Asher, você gosta de jogos de poder inteiramente demais. Você ama o efeito que você tem em mim. Você ama que você possa fazer comigo o que JeanClaude não consegue. Você ama o fato de que você é o único vampiro que pode me vampirizar. Seu rosto ficou neutro e frio. — Eu nunca disse tais coisas para você.


—Seu corpo as disse para você. Ele lambeu os lábios então, um gesto antigo que ele ainda fazia quando ele estava nervoso. — O que você quer de mim, Anita? — A verdade. Ele balançou a cabeça, e pareceu sério. — Você faz uma cena pela verdade, mas raramente é o que você realmente quer. Eu teria gostado de discutir aquilo, mas eu não podia, não e ser honesta. — Você está certo, provavelmente mais certo do que eu quero saber, mas agora, tente me capturar com seu olhar. Realmente tente, para que nós saibamos o quão cuidadosa eu preciso ser perto de você. —Eu não quero que você tenha que ser cuidadosa perto de mim. Eu balancei minha cabeça. —Por favor, Asher, nós precisamos saber. —Para que, pra você se esconder de mim? Para que você possa me negar a visão de seus próprios olhos? —Por favor, Asher, só faça isso, só tente. —Eu vou pedir como um amigo, — Jean-Claude disse, —mas o próximo pedido vai ser como um mestre. Faça como ela pede. — Sua voz soou tão triste. Triste o bastante para me fazer olhar para ele. Eu senti como se eu estivesse perdendo alguma coisa. Uma vez eu teria simplesmente ignorado o aviso em minha cabeça, mas eu tinha aprendido a fazer perguntas.


—Eu estou pedindo algo ruim aqui? Quero dizer, vocês estão muito incomodados com isso. Eu estou perdendo algo que vai voltar e nos morder na bunda? Jean-Claude sorriu, quase riu. — Ah, ma petite, quão delicada sua frase é. —Sim, sim, só responda a pergunta. —Nós tememos qual vai ser a sua reação se Asher puder de fato te capturar com o olhar. Eu

olhei

de

um

para

o

outro

deles.

O

rosto

cuidadosamente agradável de Jean-Claude. O vazio arrogante de Asher. Eu peguei um relance de Requiem contra a parede longe além deles. Seu rosto estava tão vazio quanto o deles, mas não estava agradável como de Jean-Claude ou arrogante como o de Asher; ele simplesmente tentava não mostrar nada. A parte de cima de seu corpo ainda estava decorada com as feridas que Meng Die tinha dado a ele. Pela primeira vez eu me perguntei: se eu alimentasse o ardeur dele, as feridas iriam se curar? Eu tinha me curado antes com sexo metafísico. Eu franzi o cenho e virei de volta para JeanClaude. —Você tinha mais que uma razão para eu alimentar o ardeur de Requiem, não tinha? —Você não vai fazer, então porque isso importa?— Havia uma pequena pontinha de raiva em suas palavras. Eu me virei para ele. A máscara agradável tinha ido embora, e em seu lugar estava alguma coisa perto da arrogância da qual Asher se escondia atrás. —Eu sei que eu sou difícil, mas vamos fingir que eu não sou. Vamos fingir


que eu não sou um enorme pé no saco. Só fale comigo. Me diga suas razões. —Minhas razões sobre o que, ma petite? Eu andei em direção a ele, falando enquanto eu me movia. — Todas as razões para eu me alimentar de Requiem agora. Todas as razões pelas quais você está tão nervoso sobre Asher ser capaz de me capturar com seu olhar. — Eu estava na frente dele agora, e percebi que ele deve ter se afastado da cama em algum ponto, e eu não me lembro dele se movendo para longe. Eu tinha estado muito presa nos olhos de Asher. — Só me conte. Eu prometo não entrar em pânico. Eu prometo não fugir. Só fale comigo como se eu fosse um ser humano razoável. Ele me lançou um olhar, e foi um olhar eloquente. Ele me deixou observar pensamentos passarem pelo seu rosto, mas finalmente ele disse, — Asher está certo, ma petite; você pede pela verdade, mas você frequentemente nos pune por dizê-la. Eu assenti. — Eu sei, e eu sinto muito sobre isso. Tudo que eu sei é que eu vou tentar parar de ser um pé no saco. Eu vou tentar ouvir, e não surtar. — Boas intenções, ma petite, mas você conhece o velho ditado. Eu assenti outra vez. —Sim, o inferno está cheio delas, eu sei. — Eu toquei seu braço onde ele estava pousado dobrado contra seu peito. Até mesmo sua linguagem corporal tinha se fechado. — Por favor, Jean-Claude, eu sinto como se nós

não

tivéssemos

tempo

de

brincar

com

minhas


inseguranças. Se nós desabarmos esse final de semana com todos os outros mestres aqui, eu não quero que aconteça porque você está com medo de ser honesto comigo. Eu não quero que o desastre seja minha culpa. Ok? Ele descruzou os braços, e tocou meu rosto. — Tão sincera, ma petite. O que deu em você? Eu pensei sobre aquilo, então disse, em voz alta. — Estou com medo. —Do que? Eu coloquei minha mão na dele, pressionando seu toque contra meu rosto. — De falhar com todos nós, só porque eu não quis que algo fosse verdade. —Ma petite, não é isso, não inteiramente. Eu olhei para longe daqueles olhos repentinamente sábios dele. —Eu acho que é o negócio do bebê. — Eu me fiz encontrar seus olhos. A gentileza neles era mais fácil de encontrar e mais difícil. —Se nós realmente vamos fazer isso, manter o bebê, então nós temos que fazer isso funcionar. Nós temos que fazer tudo isso funcionar. Eu não tenho o luxo de ser um pé no saco, se vai fazer todos nós nos machucarmos. —Você

descobriu

horas

atrás,

e

você

está

repentinamente mais disposta a se comprometer. — Ele olhou para mim, considerando, sério, gentil, tudo misturado. —Me disseram que a gravidez muda uma mulher, mas tão rápido assim? —Talvez eu só precisasse de um toque. —Toque para que, ma petite?


—Eu vivo dizendo a Richard que eu aceitei minha vida, mas ele está certo. Eu ainda estou me escondendo de partes dela. Vocês... — e eu olhei para Asher então — ...ainda estão todos andando sobre ovos perto de mim com medo do que eu vou fazer, não estão?— Eu me virei de volta para JeanClaude. —Não estão? —Você nos ensinou cautela, ma petite. — Ele tentou me abraçar, mas eu me afastei. —Não me conforte, Jean-Claude, converse comigo. Ele suspirou. — Você percebe, ma petite, que essas demandas para completa honestidade que dão em você de vez em quando é outro jeito de ser um pé no saco? Eu tive que sorrir. —Não, eu não percebi isso. Eu achei que isso fosse eu sendo razoável. —Non, ma petite, isso não é ser razoável. Esse é outro jeito de ser muito exigente. —Bem, inferno, então me diga o que fazer, porque eu não sei como ser outra coisa. —Você é um item de alta manutenção, como eles dizem, ma petite. Mas eu sabia disso antes de nós nos tornamos um casal. —Você está dizendo que você sabia no que você estava se metendo. Ele assentiu. — Tanto quanto um homem pode quando ele decide amar uma mulher. Há sempre mistérios e surpresas em todo caso de amor. Mas, sim, eu tinha alguma ideia do que eu estava me metendo. Eu o fiz de vontade própria, ansiosamente.


—A dificuldades foram superadas pelo quê, o poder que você pode ganhar? Ele franziu o cenho para mim. — Vê, você já ficou brava. Você não quer a verdade, ma petite. Você não quer mentiras tampouco. Você nos deixa sem nenhuma ideia do que vai nos fazer passar seguramente por seus montes de areia. —Eu nunca escutei você usar uma metáfora de mar antes. —Talvez ver Samuel me lembrou de minha viagem a essa terra distante. —Talvez, — eu disse, e mesmo para mim soou suspeito. Asher fez um som baixo em sua garganta. — Você procura uma razão para ficar brava, para que você possa nos culpar, e fugir. —Como Richard estava tentando arrumar uma briga mais cedo, — eu disse. Asher assentiu. Eu pensei naquilo por um segundo ou dois. —Não é que Richard e eu somos muito diferentes, nós somos muito parecidos. Jean-Claude me deu um olhar, como se eu tivesse finalmente percebido algo que ele tinha entendido há muito tempo atrás. — Muito parecidos em muitas formas, mas você se comprometeu mais, e sua mesma semelhança em caráter faz ele continuar tentando te forçar a tomar as mesmas decisões que ele tomou. Ele vê o eco de si mesmo em você, e entende até mesmo menos porque você não vê o acerto dele em todas as coisas.


—E é talvez porque ele me frustra, também. Ele é bastante como eu, então porque ele não pode tomar as decisões que eu tomei? —Oui, ma petite, eu acredito que essa seja parte de sua imensa raiva em relação um ao outro. —Ele está certo, eu estou tentando transforma-lo em algo que ele não é, e ele está tentando fazer o mesmo comigo. Merda. —O que, ma petite? —Eu odeio ser assim tão lenta sobre algo que parece ser tão obvio. —Só é obvio uma vez que você pensou sobre isso, — ele disse. —Eu tenho certeza de que isso faz sentido, mas ok, tudo bem. Eu não estou dizendo que eu vou gostar de escutar, mas me diga por que você está tão preocupado sobre Asher usar seu olhar em mim. —Eu respondo essa, — Asher disse. Ele veio até mim, seu roupão ainda aberto. Levou mais concentração do que eu teria admitido em voz alta dar a ele contato visual e não olhar para baixo. —Se eu posso te capturar com meu olhar, ambos estamos com medo de que você vá me exilar da sua cama. Sua cama, e a de Jean-Claude. —Eu não estou no comando da cama de Jean-Claude. Você e ele dormem juntos em sua cama sempre que eu durmo na cama dele.


Os dois homens trocaram um olhar que eu não consegui ler. Eu toquei o braço de Asher, trouxe a atenção dele de volta para mim. —O que é? Ele olhou para mim, usando todo aquele cabelo dourado para cobrir o lado cicatrizado de seu rosto. Ele normalmente não se escondia mais de mim. — O que você acha que JeanClaude e eu fazemos em minha cama quando você está dormindo nessa? Eu

franzi

o

cenho,

então

não

pude

exatamente

encontrar seu olhar inteiramente muito franco. Poderes de vampiro não me faziam olhar para longe, constrangimento fazia. —Você está certo, eu não quero honestidade, eu só acho que quero. —Você está corando, — Asher disse, e ele deu uma risada satisfeita. —Você acha que nós somos amantes, não acha? Eu estava corando tanto que eu estava tonta, e eu sentia como se ele estivesse tirando sarro de mim. Então eu fiquei brava. Eu cruzei meus braços sobre minha barriga, e disse, — Sim. Asher olhou para Jean-Claude. —Ela acredita o que muitos acreditam de nós. Eu finalmente olhei para Jean-Claude. Seu rosto estava muito vazio. Eu tive que lamber meus lábios repentinamente secos para dizer, — Você está dizendo que você não está fazendo aquilo, quando eu não estou por perto? —Todo o toque que me é permitido é quando você está conosco, — Asher disse, e foi sua vez de soar bravo.


Mas sua raiva tinha uma cordialidade, para preencher sua voz. Eu continuei encarando Jean-Claude. —Você não acredita em nós?— Jean-Claude perguntou. —Não é isso, é... — Eu tentei colocar em palavras. Finalmente, eu disse, — Como você poderia ser tão próximo dele e continuar recusando-o? —Graças a você, — Asher disse. —E o que você teria feito, ma petite, se você tivesse nos encontrado em um abraço? —Eu... eu não sei. Eu acho que depende no que você quer dizer com abraço. —Sexo, ma petite, sexo. Eu abri minha boca, fechei, e não sabia o que dizer. — Eu não sei. —Eu sei. Você teria feito uma tempestade. Você teria abandonado minha cama, danificado nossa base de poder, o triunvirato. Você poderia correr para nosso tão-conservador Richard, ou deixar nós dois outra vez. Tão chocada você teria ficado, tão despreparada para compreender tais coisas. —Talvez, mas eu não surtei sobre você e Augustine. —Você estava envolvida. Nós dividimos ele. Se você tivesse flagrado nós dois sozinhos, você teria levado isso de um jeito diferente. —Bem, sim, ele é um estranho para começar. —Espere, — Asher disse, — você está dizendo que você compartilharia Jean-Claude comigo? —Nós nos compartilhamos agora.


Ele balançou a cabeça. —Nós compartilhamos você, Anita, nós mal nos tocamos. —Não faça isso essa noite, Asher. Eu vou pedir isso como seu amigo, e como seu mestre. Quando nossos convidados tiverem ido embora, então nós vamos continuar essa discussão. —Dê sua palavra, — Asher disse. —Minha palavra. Eu assenti. —Quando nós não estivermos com nossas bundas enfiadas em jacarés, e eu tiver tido alguns dias para digerir as notícias. —Isso é notícia para você, que eu o quero como meu amante? — Asher perguntou. Eu balancei minha cabeça. —De verdade, eu achei que vocês estivessem fazendo aquilo como coelhos escondido de mim. Você saber, toda a política de não pergunte, não conte. Nunca me ocorreu que todo o toque que vocês tinham era comigo. —Eu achei que você fosse ver como traição, — JeanClaude disse. —Com outra mulher, sim, mas eu não tenho o mesmo equipamento. Quero dizer, se vocês fazem isso por vocês, eu não tenho essas partes. Mas não era com caras que eu achei que estava te dividindo, era Asher. Ele não é só um dos caras para nós. —Você está dizendo que Asher é sua exceção para a regra?


—Eu não tenho certeza se eu tenho uma regra, mas eu não vou dividir você casualmente com ninguém, não mais do que eu espero que você me divida. Mas eu presumi que você e Asher eram amantes, sem mim. Pronto, ali estava a verdade. —Por que você presumiu isso? Eu gesticulei em direção a Asher. —Olhe para ele. Olhe para como ele te observa. Asher riu. —Você está dizendo que eu sou tão adorável, como alguém poderia me recusar? Eu assenti. —Sim, estou. Seu rosto suavizou, e ele veio ficar parado ao meu lado. —Oh, Anita, você deixa meu coração jovem outra vez. Eu peguei sua mão na minha. —E às vezes você faz eu me sentir como um bebê. —Pourquoi? —Porque eu posso levar vocês dois para cama, mas eu presumi que vocês estivessem fazendo um com o outro escondido de mim, para poupar minhas sensibilidades. Era uma solução pura, limpa, eu pensei. Eu não tinha que decidir como eu me sentia sobre vocês dois sendo um casal, mas nós todos tínhamos o que nós precisávamos. Ao invés disso, Jean-Claude tem sido um ótimo, ótimo garoto, e você se sentiu negligenciado. —Rejeitado, — ele disse, e deu a Jean-Claude um olhar sombrio. Eu toquei sei rosto, o virei para me encarar. —Isso foi minha culpa, não dele. Ele está certo, Asher. Você me


conhece. Eu posso ignorar o elefante vivendo no quarto até eu estar enterrada na merda, mas se você me fizer olhar para alguma coisa antes quando é assim tão grande, às vezes eu levo isso mal. Se eu tivesse flagrado vocês dois juntos, eu teria usado isso como uma desculpa para fugir para as colinas. Jean-Claude está certo sobre isso. —E agora?— ele perguntou. —Eu não tenho certeza. Essa é a verdade. Antes de eu ver Jean-Claude beijar Auggie noite passada, antes de nós compartilharmos ele, eu teria simplesmente dito não. Não somente não, mas inferno não. — Eu olhei para baixo, incerta se eu estava constrangida, infeliz, ou só fora do meu lugar. — Mas eu quero que todo mundo que eu amo seja feliz. Eu sei disso. Eu quero que todos nós sejamos felizes, e paremos de fugir. — Eu toquei minha barriga, tão lisa com todo o exercício. — Parar de fingir que nós somos algo que não somos. — Eu olhei para ele. — Ninguém te perguntou como você se sente sobre a coisa do bebê. Quero dizer, você tem tanta chance de ser seu quanto Jean-Claude. Ser o pai, quero dizer. Ele sorriu para mim. —Eu sou um cabeça-dura egoísta. — Ele caiu de joelhos, me olhando. — Eu acordei bêbado de poder, e esqueci que você passou por tanta coisa nas ultimas horas. Me perdoe. Eu balancei minha cabeça. —Não, eu tenho ignorado seu problema por muito mais tempo.


—Eu estou na cama de duas pessoas que eu amo, não há problema. Eu sou mais sortudo, e mais feliz do que eu já sonhei ser outra vez. —Mas... Ele colocou seus dedos contra minha boca. — Silêncio. Você perguntou como eu me sinto com a sua gravidez. Como eu poderia estar além de feliz sobre a possibilidade de uma mini você, ou Jean-Claude, entrando em nossas vidas? Julianna se arrependeu de nunca ter me dado um filho. — Ele disse o nome dela sem nenhuma dor ou tristeza, pela primeira vez. Eu beijei seus dedos e tirei sua mão para que eu pudesse falar, — Você está feliz com a gravidez. —Não feliz, ou infeliz, mas eu estou muito feliz com você agora. Eu estou muito orgulhoso de te chamar de minha amante. Você realmente quer que todos nós sejamos felizes, Anita. Você não tem ideia do quão raro é para duas pessoas em

um

relacionamento

quererem

verdadeiramente

a

felicidade do outro, mas você faz malabarismo com muitos corações e procura felicidade para todos. É um dom raro, esse desejo. —Como você pode amar alguém e não querer que eles sejam felizes? Ele sorriu para mim, seu cabelo caindo para trás. Ele sorriu o bastante para mostrar presas, o que ele fazia raramente. Um sorriso assim tão amplo esticava as cicatrizes, fazia ele notar o quão diferente a pele estava, mas era o efeito nos


outros que fazia ele não fazer isso, ou o efeito percebido nos outros. Eu me lembrei desse rosto de séculos antes de eu nascer. Era um sorriso que ele tinha antes de Julianna morrer, antes da água benta ser jogada sobre ele para tentar afastar o demônio. Eu sorri de volta, porque confortava algo em meu coração ver aquele sorriso outra vez. Eu estava quase certa de que o sentimento de conforto era de JeanClaude e não meu, mas pareceu real. Asher me abraçou, colocando seu rosto contra minha barriga. Ele ficou bem parado, como se ele estivesse escutando. Eu acariciei seu cabelo, sempre uma surpresa, porque era macio e espumante, não tão macio quanto o de Jean-Claude, mas tão suave quanto o meu. Cabelos que parecia com fios de ouro não deviam ser assim tão macios, deviam? Ele falou devagar e suavemente, em Francês. Eu peguei a palavra bebe. Eu esperei ficar irritada, mas tudo que eu consegui pensar enquanto eu o encarava sussurrando com minha barriga era o quão fofo isso era. Aquilo não soava como eu. Eu olhei através do quarto, e encontrei o rosto de Jean-Claude amolecido com emoção. Eu sabia quem achava fofo, e não era eu. Mas com aquele tanto de emoção de JeanClaude passando por mim, eu tive que concordar. Eu estendi minha mão para Jean-Claude, enquanto a outra mão acariciava o cabelo de Asher. Jean-Claude pegou minha mão e me abraçou por trás, pressionando seu corpo nos braços de Asher ao redor da minha cintura. Tão feliz, Jean-Claude estava tão feliz. Nos preencheu, tão quente, tão bom, como


ser enrolado em seu coberto favorito encostado em alguém que você ama. Eu me encostei nos braços de Jean-Claude, e ele pousou um beijo contra meu pescoço. Asher levantou o rosto, e sorriu para nós dois. Seu rosto, de alguma forma, parecia mais novo, do jeito que ele deve ter sido séculos atrás quando ele estava vivo. A felicidade era real, tocável; então o mais pequeno indício de arrependimento entrou na mente de Jean-Claude. Eu peguei o pensamento antes que ele pudesse escondê-lo, que felicidade como essa não dura. Que da ultima vez que ele tinha sido feliz assim, tudo tinha dado horrivelmente errado. Ele enterrou seu rosto na curva do meu pescoço para esconder sua expressão de Asher. Eu toquei seu rosto, dei a ele meus olhos, e deixei ele ver que eu tinha “ouvido” seu pensamento, e que estava tudo bem. Estava tudo bem temer a

grande-coisa-ruim

vindo

para

te

pegar,

porque

eu

acreditava nisso, também. Quando eu era mais nova, eu queria que alguém prometesse que as coisas iam dar certo e que nada ruim iria acontecer outra vez. Mas eu entendia agora que aquele era um desejo de criança. Ninguém podia prometer aquilo. Ninguém. Os adultos podiam tentar, mas eles não podiam prometer, não e realmente dizer a verdade. Eu fiquei parada lá entre os dois, e soube que ia fazer o que quer que fosse para mantê-los seguros, para mantê-los felizes. Eu fui disposta a matar pelas pessoas que eu amava por um longo tempo; agora eu tinha começado a viver por elas.


Capítulo 28 Todo mundo que eu considerava um namorado ou um amante saiu. Eu queria algum tempo sozinha. Mas realmente sozinha era muito perigoso. Requiem e alguns guarda-costas ficaram. Eu me vesti no banheiro, o que parecia estúpido já que todo mundo já tinha me visto pelada, mas eu precisava de privacidade. Enquanto Jean-Claude e Asher estavam comigo, eu me senti completamente calma sobre o bebê, até feliz. Uma vez que eles se foram o pânico voltou. Um deles, eu não tinha certeza qual, tinha usado ardis vampíricos em mim. Ou talvez, eu só estivesse pegando algumas emoções. Inferno, eu estava ligada metafisicamente a tantos homens diferentes, que nem tinha que ter sido as emoções de Jean-Claude que eu estava pegando. Tudo que eu sabia com certeza é que elas não eram minhas. Eu me vesti com as roupas de emergência que eu tinha começado a guardar no quarto de Jean-Claude. Jeans, camiseta preta, sapatos de corrida, cinto de couro bom, e bastante roupa íntima debaixo de tudo isso. O cinto ajudou a segurar meu coldre. O aperto familiar dele fez eu me sentir melhor. Mais segura. A segurança tinha pouco a ver com ser capaz de atirar nas pessoas. A maioria das pessoas que estava deixando minha vida difícil, eu amava, e eu não queria atirar nelas. Não, a arma era melhor psicologicamente do que na vida real. Armas só funcionam contra coisas que você está


disposta a matar. Se você não está disposta a matar, então uma arma é de alguns jeitos, uma sensação falsa de segurança. As bainhas de pulso e as facas com gume de prata, aquilo era segurança extra. A não ser por um golpe no coração, a maioria das pessoas em minha vida sobreviria a uma faca. Eu não esperava discutir tanto assim com ninguém, mas as bainhas de pulso ajudavam eu me sentir melhor. Eu deixei o banheiro vestida e armada. Muito melhor. Eu adicionei outra coisa que eu mantinha no quarto de Jean-Claude, uma cruz extra. Eu a tirei da escrivaninha. Estava

fria contra minha pele,

escondida debaixo da

camiseta. —Eu sou o único monstro no quarto que uma cruz vai parar, você desconfia tanto assim de mim? — Requiem disse da cama. Seu comentário me fez olhar para Remus e o outro novo homem-hiena sentado perto da lareira. — Não é nada pessoal, Requiem, mas eu já fui visitada por Belle e Marmee Noir. A cruz ajuda a mantê-las à distância. —Elas são poderes terríveis. —Sim. — Eu vasculhei na mochila de passar a noite até eu achar meu celular, então fui para o banheiro. —Você pode falar na minha frente, Anita. Eu não vou ostentar contos. —Você é juramentado por sangue a Jean-Claude. Você vai falar se ele quiser, mas francamente, eu só quero um pouco de privacidade. Outra vez, nada pessoal, Requiem. — Eu suspirei, porque esse tipo de merda era uma das razões


pelas quais eu tinha sido capaz de continuar rejeitando ele como pomme de sang. Ele era confuso, ou pelo menos impuro, e eu não precisava de mais homens emocionalmente confusos em minha vida. — Olhe, isso não vai funcionar entre nós se você levar tudo pro lado pessoal. Camaradas de foda não incomodam tanto assim, ok. Seu rosto tinha se fechado naquele vazio. — Ok, — ele disse, e aquela única palavra vazia me deixou saber que seus sentimentos estavam feridos. Merda, eu não preciso disso. Eu fechei a porta do banheiro, e usei meu celular para ligar para meu ginecologista. Eu tinha finalmente percebido que um pequeno pedaço de plástico não era exatamente o bastante. Era noventa e nove por cento preciso; para isso, eu queria cem por cento. Levou quase cinco minutos para convencer a recepcionista de que eu precisava falar com uma enfermeira, ou o médico. O médico, claro, estava com um paciente, mas cinco minutos de espera me deram uma enfermeira. — O que parece ser o problema? — ela perguntou em uma voz que estava parte alegre e parte impaciente. — O quão preciso é um desses testes de gravidez caseiros? Quero dizer, eu sei o que a caixa diz, mas sério, quão bons eles são? —Muito bons, muito precisos. — A voz dela tinha suavizado um pouco. Eu engoli em seco e ela provavelmente me escutou. — Então se um der positivo...


—Então parabéns, — ela disse. —Mas não é cem por cento, certo? —Não, mas um falso positivo é muito raro, Srta. Blake, muito raro. —Não há tipo um teste de sangue que é cem por cento preciso? —Há um teste de sangue, sim, mas normalmente os doutores confiam nos testes caseiros, também. —Mas se eu quisesse marcar um teste de sangue, para ter certeza absoluta, então eu poderia? —Bem, sim. —Hoje. —Srta Blake, se você está assim tão preocupada, faça um segundo teste de gravidez caseiro, mas eu duvido que o segundo teste vá te dar uma resposta diferente. Falsos negativos, esses nós vemos, mas falsos positivos são muito raros. —Quão raros? — eu perguntei. Eu escutei o farfalhar de papeis. —Qual foi a data de sua ultima menstruação? —Primeira semana de setembro. —Você tem a data exata? —Não, não tenho. — Eu lutei para não soar brava. Quem diabos acompanhava a menstruação? —Srta. Blake, Anita, eu acho que nós precisamos agendar para você uma visita pré-natal. —Pré-natal, não, quero dizer, sim, quero dizer, oh, inferno.


—Anita, eu falo com muitas mulheres. A maioria delas fica feliz com as notícias, mas nem todas elas. Não parece que isso foi uma notícia boa para você. —Não foi. —O Dr. North está saindo, eu vou deixar você falar com ele. — Silêncio, então os sons de movimento, farfalhar de roupas, e a voz de um homem. — Hey, Anita, como está a minha caçadora de vampiros favorita? —Não tão bem hoje, — eu disse, e minha voz soou pequena, e ferida. —Sinto muito sobre isso. Nós precisamos te agendar uma consulta. —Eu não quero estar grávida. Ele ficou quieto por um momento. —Você não está com muitos meses Anita; você ainda tem opções. —Aborto, você quer dizer? —Sim. —Eu não posso, a não ser que tenha algo muito errado. Quero dizer, eu vou precisar ser testada para Síndrome de Vlad, e Síndrome de Mowgli. —Eu pensei no teste para Síndrome de Vlad, mas você só precisa do teste de Mowgli se você fez sexo com um transmorfo enquanto ele estava em forma animal. Eu coloquei minha testa contra os azulejos frios de mármore da parede, e disse, — Eu sei disso. —Oh, — ele disse daquele jeito muito alegre, do jeito que as pessoas falam quando o que eles realmente queriam dizer era ‘OH MEU DEUS.’ Ele se recuperou rapidamente; ele era,


afinal de contas, um médico. — Peggy, eu vou atender isso em meu escritório, transfira, por favor. Espere um minuto, Anita, vamos para um lugar privado. — Eu escutei um montante misericordiosamente curto de Muzak, então o telefone foi pego, e ele disse, — Ok, Anita, nós vamos precisar que você venha aqui o mais rápido possível. — Eu ouvi o farfalhar de papel. —Nós tivemos um cancelamento às duas horas essa tarde. —Eu não sei se consigo ir. —Se essa fosse só uma visita pré-natal regular, Anita, eu diria tudo bem, faça na próxima semana, mas se nós vamos testar para ambas as síndromes, e você está me dizendo que há uma chance, especialmente para a síndrome de Mowgli, então nós precisamos fazer os testes de sangue agora. Eu queria dizer que eu só tinha feito sexo com um licantropo em forma animal, só uma vez, mas como eles dizem, só leva uma vez. — Doutor, eu li sobre a síndrome de Vlad. Eu não sei tanto sobre a outra. Quero dizer, se eu estou realmente grávida, então é só esse monte de pequenas células, certo? Quero dizer, eu estaria com no máximo dois meses, certo? Não há nenhuma chance do bebê tentar me comer de dentro pra fora até estar maior, certo? Só dizer aquilo fez meu estômago dar um nó. Pode não haver a opção de manter o bebê. —Humanos tem uma gestação bem longa para um mamífero. Eu estou presumindo que foi um transmorfo mamífero, aqui?


—Sim. Isso faz diferença? —Pode fazer. Veja, o problema com a síndrome de Mowgli é que às vezes o feto cresce no ritmo do animal, e não do humano. Eu voltei em cada aula de biologia que eu já tive, e em lugar algum eu tinha aprendido o período de gestação de um leopardo. Simplesmente não tinha sido coberto. —Anita, fale comigo, Anita. —Estou aqui, doutor, eu só... Eu sei que se for síndrome de Vlad eu tenho que abortar. O bebê não vai viver de qualquer forma, e vai tentar me levar com ele. Mas como eu disse, eu não sei tanto sobre a outra síndrome. É muito mais rara. —Muita rara, de fato menos do que dez casos reportados nesse país. Se o pior acontecer e for síndrome de Vlad, então nós temos tempo para consertar. Se for síndrome de Mowgli, depende do animal. — Eu escutei o teclado do computador batendo. —Você sabe que tipo de transmorfo ele era? —Foi só uma vez, e sim... — eu parei de me defender, e só disse, — ...leopardo, ok, leopardo. Doce Jesus, eu não podia acreditar que eu estava tendo essa conversa. Eu

escutei

o

teclado

do

computador

outra

vez.

— Leopardo está entre noventa e cento e seis dias, uma média de aproximadamente noventa e seis dias. —Então? — eu disse. —A gestação de um humano tem duzentos e oitenta dias.


—Ainda, e dai? —E dai isso: eu você presumir que você não tem síndrome severa de Mowgli, ou você saberia a esse ponto. Você estaria quase pronta para parir. —Você está brincando, — eu disse. —Não, — ele disse, — mas você não tem isso, obviamente. Você podia ainda ter uma versão menos severa da síndrome de Mowgli. Se você tem, então a gravidez poderia vir em alta velocidade, e você poderia passar de mal estar grávida para estar pronta para entregar. —Você está brincando. —Eu estou olhando a literatura medicinal enquanto nos falamos. A internet é uma ferramenta incrível às vezes. Dois casos nesse país de mulheres que tiveram formas mais suaves da síndrome de Mowgli. Mesmo com o teste, Anita, tudo que nós podemos dizer é sim ou não. Pense nisso como síndrome de Down; nós podemos testar e saber se você tem, mas mesmo uma amniocentese não diria a severidade dela. —A síndrome de Vlad é um aborto automático, e sobre a síndrome de Mowgli? — eu perguntei. Ele

hesitou,

então

disse,

lentamente,

Não

é

automática, não, mas os defeitos do nascimento podem ser muito, hum, severos. — Nunca é bom quando um médico soa nervoso, Dr. North. O que eu estou perdendo que eu percebi em seu tom de voz? —Se você tem uma forma mais suave da síndrome de Mowgli, então segunda feira o feto poderia aparecer em um


ultrassom como acima da idade limite para o aborto nesse estado. Você realmente não quer ficar sem opções com esse defeito de nascimento particular, Anita. O-k, eu pensei. — Duas horas, certo? —Me encontre no St. John, e venha direto para a ala da maternidade. Minha cabeça martelou em minha garganta. — Ala da maternidade? Você não está se precipitando um pouquinho, doutor? —No meu escritório, nós vamos ter que mandar o sangue para ser testado. No hospital, nós pegamos os resultados muito mais rápido. Dependendo do resultado, se nós quisermos olhar melhor, o hospital está preparado com o equipamento de ultrassom que nós vamos querer para isso. —Você tem ultrassom no seu escritório, — eu disse. —Nós temos, mas eles têm um equipamento muito mais sensível no hospital. Nós vamos ter informação muito mais rápido, e velocidade é essencial aqui, Anita. — Ok, estarei lá às duas. — Ótimo. —Suas boas maneiras estão horríveis hoje, falando nisso. Ele riu. —Eu te conheço, Anita. Se eu não te assustasse, você acharia desculpas para atrasar vir aqui. —Você exagerou para me assustar? — eu perguntei. —Não, sinto muito, mas não. Eu só te contei mais abruptamente do que eu normalmente teria dito a um


paciente. Mas então a maioria dos meus pacientes não precisa de tratamento duro só para trazê-los ao escritório. —Você não está me querendo no escritório, doutor, você quer me ver no hospital. Eu só vou a hospitais quando eu me machuquei em meu trabalho. —Você está recuando? — ele perguntou. Eu suspirei. —Não, não, estarei ai. — Eu pensei em algo, e percebi que devia perguntar. —Eu posso trazer companhia comigo na ala da maternidade, certo? Quero dizer, não é como quando eu era uma criança, e tudo era restrito, é? —Você pode trazer um amigo para segurar sua mão, se você quiser, mas já que nós talvez tenhamos que fazer um exame pélvico, deveria ser um amigo próximo. Exame pélvico, merda. —Pelo menos um deles vai ser próximo o bastante para ficar na sala. O resto pode esperar do lado de fora. —O resto? — ele fez disso uma pergunta. —Pelo menos um namorado, talvez mais, e guardacostas. —Guarda-costas? Você está em perigo? —Quase sempre, mas isso não é... Não é como caras ruins tentando me machucar, ou algo assim. Só vamos dizer que eu acho que essa vai ser uma visita muito estressante para mim, e pelo previsível futuro eu não deveria estar indo em nenhum lugar estressante sem músculos por perto. —Isso deveria ser um enigma? — ele perguntou. —Não de propósito, — eu disse.


—Normalmente você é muito direta, Anita. —Sinto muito, mas isso é algo que eu realmente não posso explicar pelo telefone. —Ok, isso afeta sua saúde, ou essa situação? Eu pensei sobre isso, então disse, — Talvez, sim. Eu acho que afeta. — Eu percebi que se eu me transformasse de verdade eu perderia o bebê, e toda essa emergência médica estaria no fim antes de eu sequer ter decidido o que fazer sobre isso. Mas eu simplesmente não conseguia pensar em um jeito rápido de explicar o que tinha estado acontecendo comigo. —Posso levar as pessoas extras? —Se eu disser não? —Então nós temos um problema. —Quantas? —Esperançosamente não mais do que quatro. — Eu fiz uma matemática rápida em minha cabeça. Dois guardacostas, e pelo menos um de cada besta que eu tinha dentro de mim. —Cinco. —Cinco, — ele disse. —Pelo menos dois deles vão ser namorados. —Pais em potencial? —Sim. —Se eles não forem perturbar, então eu acho que sim. —Se alguém for perturbar, sou eu, — eu disse, e eu desliguei. Foi rude, mas meus nervos simplesmente não conseguiam aguentar mais nenhuma conversa sobre isso. Eu estava assustada, tão assustada que minha pele parecia fria com o medo.


Fria? Eu toquei minha testa e tentei decidir se eu estava realmente gelada. Se eu estava, então eu estava colocando Damian em perigo, meu pobre servo vampiro, que foi o primeiro dos meus homens metafísicos de quem eu comecei a drenar energia, se eu ficasse muito tempo sem me alimentar. Eu estava drenando ele até a morte, de modo que ele nunca acordaria de seu caixão? Eu domestiquei o ardeur para que ele não fosse tão exigente; eu conseguia afasta-lo por algumas horas, mas o preço era alto. E às vezes o preço quase tinha sido a vida de Damian. Teoricamente, depois de Damian estar morto então eu começaria a drenar Nathaniel. Eu nunca quis descobrir se a teoria estava certa. Eu chequei meu relógio: dez da manhã. Deus, tinha sido uma maldita manhã longa. Estava incrivelmente cedo para tantos dos vampiros de Jean-Claude estarem acordados. Até agora somente mestres vampiros tinham acordado, e aquilo não incluía Damian, mas ainda... Eu já estava drenando ele, só porque eu não tinha alimentado o ardeur ou tomado café da manhã? Comida de verdade ajudava a manter as outras fomes afastadas, do ardeur até as bestas. Eu não tinha sequer tomado uma xícara de café ainda. Não estava na hora, mas a quantidade de tempo que eu estava sem comer tinha tornado isso um erro. Talvez nós tenhamos tido uma refeição muito grande de Auggie noite passada, mas eu não podia arriscar aquilo. Eu precisava de comida. A única pergunta era, qual fome alimentar primeiro? Sexo, ou café? Hum, deixe-me pensar.


Capítulo 29 Aconteceu de ser café primeiro. Requiem não estava no quarto, e Micah passou pela porta com uma bandeja de café da manhã. Ele não disse que eu tinha esperado demais para comer, e talvez colocado Damian em perigo, ou arriscado despertar minhas bestas outra vez e me machucar, ou perder o bebê, ou que por me negligenciar eu poderia ter tornado o ardeur mais incontrolável. Não, ele não disse nada disso. Ele só trouxe a comida e a colocou na escrivaninha. Duas xícaras de café, croissants, queijo, e frutas. Toda a comida no Circo era entrega, porque não havia cozinha. A antiga Mestre da Cidade não tinha mantido muitos humanos com ela, e não tinha dado a mínima pro conforto de ninguém além do dela. Jean-Claude tinha remodelado os banheiros primeiro. Prioridades. Francamente, você podia comprar comida de fora, mas um banheiro decente, aquilo eles não entregavam. Ainda, enquanto eu olhava para a bandeja de comida, eu pensei, Nós precisamos de uma cozinha. Eu peguei um dos pedaços de cheddar primeiro. Nós tínhamos

descoberto

que

proteína

funcionava

melhor

mantendo minha energia alta. Alguns de nós simplesmente não foram feitos para serem vegetarianos. —Você está bem, Anita? Você parece muito... — Micah pareceu desistir de achar uma palavra.


Eu sorri para ele. — Obrigada pela comida, e eu tenho uma consulta às duas horas com meu ginecologista. —Hoje? — ele perguntou, — Isso é sensato? Eu assenti, pegando a primeira xícara de café. Eu tinha sido boa e comido um pedaço de queijo primeiro, mas aquilo não era o que eu realmente queria. Eu dei aquele primeiro gole de café quente, forte. Mais tarde eu me afogaria em açúcar e creme, talvez, mas primeiro, eu queria ele preto, puro, do jeito que eu costumava beber todo meu café. Eu fechei meus olhos enquanto eu engolia, deixando o calor fluir através de mim. Eu era viciada em café? Provavelmente, mas em relação a vícios, poderia ter sido pior. Eu abri meus olhos e olhei para ele. — Café bom. Ele sorriu. — Fico contente que você esteja apreciando, mas lá pelas duas nós vamos ter a maioria dos vampiros acordados e se movimentando por aqui. Nós vamos ter visitantes do dia também. Eu assenti, e dei um gole menor dessa vez. —Eu sei. — Eu contei a Micah o que o médico tinha me dito. Ele piscou para mim, aquela longa piscadela que eu usava às vezes quando eu estava tentando processar muita informação rápido demais. —Você tem que ir. —Eu sei, — eu disse. Eu sentei na beirada da cama, e me forcei a dar uma mordida no croissant. O croissant estava bom, macio e amanteigado, mas eu não estava com fome. Eu queria o café, mas o resto eu estava comendo porque tinha que comer. Comer para manter todo mundo vivo e bem. Eu


nunca tinha sido uma grande comedora de café da manhã, mas hoje eu acho que eu estava simplesmente muito nervosa. Tudo bem, muito assustada. —Eu vou com você, como namorado e leopardo. Eu assenti. — Nathaniel provavelmente não vai estar de volta à forma humana até a consulta, eu sei. —Você sabe que Richard tirou uma folga do trabalho hoje. Eu assenti. —Ele arranjou um substituto. —Ele vai querer ir, você sabe que ele vai. Eu assenti. — Provavelmente. —Ele pode ser seu lobo, — Micah disse. Alguém limpou a garganta. Remus estava mais perto da cama do que eu me lembrava. — Eu não pude evitar escutar. —Eu vou ter que ter pelo menos dois guardas comigo, então você precisava saber de qualquer jeito. Ele assentiu. —Bom, mas Anita, pelo que Claudia me contou, Richard não deixaria você levar as bestas dele. Que bem faz o lobo dele, se ele não vai te deixar levar? Eu assenti. —Ponto, mas ele ainda vai querer ir. —Que tal se eu me certificar de que um dos guardas seja um lobo? — Remus disse. —Faça discretamente. —Eu vou me certificar para que Richard não saiba, — Remus disse. —Embora ele talvez mude de ideia. Eu balancei minha cabeça. — Se ele não mudou aqui, então ele não vai querer mudar no meio da ala de maternidade do St. John.


—Não posso dizer que nenhum de nós ia querer; é um bom jeito de deixar os policiais colados em você, — Remus disse. Eu assenti. —Eu sei, e eu vou fazer o meu melhor para me segurar, mas eu estou assustada, e vai ser estressante. —Você precisa de um leão. O cara novo não vai estar na forma humana a tempo para a consulta, — Remus disse. —Alguém não mencionou que Joseph está trazendo alguns de seus leões hoje para que eu possa escolher alguém? Micah assentiu. — Nós precisamos ligar para ele, e ver o quão cedo ele consegue estar aqui, — eu disse. Eu me forcei a terminar o croissant, e uma xícara de café acabou. Eu tirei a tampa da segunda xícara, e encostei contra a cabeceira da cama. Eu tinha alguma comida em mim agora, então eu podia me permitir tomar essa xícara sem arruiná-la com comida. —Eu vou checar. — Ele tirou um pequeno celular dobrável de algum lugar em sua pessoa, e se afastou da cama para nos dar alguma privacidade. Era uma privacidade ilusória, porque ele escutaria qualquer coisa que nós disséssemos, mas eu apreciava o esforço. Micah estava usando uma camisa branca desabotoada em volta do bronzeado da parte de cima de seu corpo. As mangas estavam bem abotoadas, mas ele a usava mais como uma jaqueta do que como uma camisa. Os jeans um dia tinham sido pretos, mas agora eram meio cinzas. Quando ele subiu na cama ao meu lado, seus pés estavam descalços.


—Você se vestiu com roupas nas quais você não se importaria de se transformar, — eu disse. Ele assentiu. Ele puxou seu cabelo para trás em um rabo de cavalo, mas esqueceu alguns cachos, de modo que eles emolduravam seu rosto aqui e ali. Ele parecia muito cativante, exceto pelos olhos, que estavam muito sérios pro meu gosto. —Você acha que eu vou ter outro, — eu fiz um gesto com a minha mão para frente e para trás — ataque. Ele sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos. — Vamos só dizer que eu estou preparado. Eu bebi meu café um pouco mais rápido, porque estava esfriando. —Eu comi o bastante? —Não, — ele disse suavemente. Eu abaixei minha cabeça. —Minha barriga se sente como um nó duro hoje. —Ou mais um croissant, ou um pedaço inteiro de fruta, ou todo o queijo. Eu terminei o café, e peguei o pão. Quando você não queria comer, pão era menos censurável. Eu comecei a mordisca-lo. —Jean-Claude precisa saber sobre a consulta. —Eu sei. —Eu poderia contar a ele. Eu franzi o cenho para ele. —Você não confia em mim para fazê-lo. Ele se sentou, levantando as mãos. — Eu vou fazer o que quer que deixe isso mais fácil para você, Anita, mas ele


precisa saber o mais cedo possível que você vai levar a serva humana dele, o animal para chamar dele, e pelo menos dois ou três doadores de sangue com você essa tarde. Eu joguei o croissant meio comido de volta na bandeja. — Se há outro jeito de fazer isso, me diga, e eu farei. —Eu não disse isso. Tudo que eu disse foi que JeanClaude precisa saber. —Então vá contar a ele, — eu disse, e a primeira chama de raiva veio. Ele não me deu olhos feridos, ele me deu olhos cuidadosos. Ele tentou segurar minhas mãos, e eu o afastei. — Se você me segurar, eu vou desabar. Ele

se

afastou.

—Ninguém

te

culparia

se

você

desabasse. —Eu iria. Ele suspirou. —Você sempre tem que ser tão forte. Eu assenti. — É, eu tenho. Ele deslizou da cama para ficar ao lado dela, me olhando. Eu não queria que ele ficasse parado ali parecendo esplêndido. Eu queria ficar brava, e eu sempre tinha um problema para ficar brava quando ele parecia fofo. Inferno, eu tinha problemas em manter qualquer briga com qualquer um dos homens em minha vida; tudo que eles tinham que fazer era tirar a roupa, e eles normalmente ganhavam. Era verdade, e aquilo me irritava, também. —Raiva é um luxo, Anita. Eu gritei, do fundo da minha garganta, profundamente e alto. Eu gritei até ecoar nas paredes. Eu gritei até a porta


abrir e mais guardas entrarem. Eu gritei para eles, — Saiam, se mandem daqui! Eles se viraram em uma massa de camisetas pretas para Remus. Ele fez um movimento para eles saírem, mas manteve dois deles, de modo que eu estava de volta com quatro guardas. Eu acho que eu não podia culpa-lo. —Conte a Jean-Claude, e mande Requiem para mim. — Minha voz soava mais profunda, mais grossa. —Anita... —Se você me confortar, eu vou perder a cabeça. — Eu olhei para ele. — Por favor, Micah, por favor, só faça o que eu peço. —Eu vou falar com Jean-Claude, mas você tem certeza sobre Requiem? —Você quer dizer, se eu tenho certeza se quero alimentar o ardeur nele? Ele assentiu. — Não, eu tenho certeza absoluta de que eu não quero alimentar o ardeur nele, mas Jean-Claude e eu conversamos. Se eu alimentar de Requiem e ele ficar com a mente fodida outra vez, então eu sou muito perigosa para os outros candidatos a pomme de sang. Eu preciso alimentar dele antes que Auggie desperte pelo dia. Porque, se eu realmente libertei a mente de Requiem do ardeur, então nós talvez possamos ser capazes de usar a mesma técnica para libertar Auggie de nós. —Muitos se e talvez, — ele disse.


— E talvez eu possa curar Requiem enquanto me alimento. Eu pareço me curar durante sexo metafísico, com ou sem relações, às vezes. A pouca petulância de Meng Die não vai impressionar os mestres visitantes, e nós não podemos esconder se ele estiver machucado como ele está agora. —Você podia se alimentar de outra pessoa, alguém que já é um de seus amantes. — Eu não preciso de outro choque hoje, foi o que você quis dizer, — eu disse, e comecei a rir, mas terminou em um soluço que eu mordi meu lábio para mantê-lo dentro de mim. O pânico estava me corroendo, fazendo buracos em todos meus ossos e órgãos, de modo que eu estava ficando mais e mais frágil, e quando eu precisasse mais, não haveria nada para ser usado; não haveria nada além do medo. Eu sussurrei, porque eu não confiava em minha voz mais alta. Ou eu ia começar a gritar outra vez, ou chorar. Eu não queria fazer nenhum dos dois. — Jean-Claude acha que o poder de Requiem pode superar minha relutância. Eu tenho que alimentar o ardeur, eu não quero. Se o poder de Requiem pode me fazer quere-lo, então o mande, porque agora, eu não quero ninguém. Eu só quero ficar sozinha. Qualquer outra pessoa teria parecido magoada, mas Micah não. Ele aceitou aquilo, com aquele rosto calmo. Ele disse, calmamente, — Nós todos temos um ponto onde desabamos Anita, todos nós. Eu balancei minha cabeça, repetidas vezes. — Nós não podemos nos dar ao luxo de eu desabar hoje, Micah.


Ele suspirou. —Algum dia, eu gostaria que tivéssemos um tempo para você ser capaz de desabar, se você quisesse. — Eu percebi que seus olhos estavam brilhando com lágrimas não derramadas. —Não chore, — eu disse. —Porque não? Um de nós precisa. — Ele se virou, com a primeira lágrima brilhando sua bochecha abaixo. Eu agarrei seu braço, e subi na cama, e o puxei contra mim. E simples assim eu soube que eu iria, e eu perdi a cabeça. Eu chorei, e gritei, e me agarrei nele, e me odiei por fazê-lo. Tão fraca, tão malditamente fraca.


Capítulo 30 Em algum lugar no meio do meu colapso, eu percebi que havia outras mãos me segurando além das de Micah. Eu forcei as mãos, meio-luta, meio-aperto, como se eu não conseguisse decidir se eu não queria ser tocada, ou nunca ser deixada. Eu escutei uma voz, uma voz histérica, dizendo, — Não quero fazer isso... não posso fazer isso. Eu não posso fazer isso. — Eu percebi que era eu, e mesmo percebendo isso, eu não conseguia parar de balbuciar. — Não posso ter um bebê, exames, não quero lidar com o ardeur mais, não mais, sem mais homens, sem mais adicionar à minha vida. — O balbuciar virou soluço, e finalmente até isso parou. No final, eu só deitei na curva dos braços dele, e fiquei quieta. Muito cansada para me mexer, muito cansada para protestar. Porque de alguma forma no meio de isso tudo, Richard acabou me segurando. Seu corpo me acomodando. Eu não senti nada sobre ele me segurar. Nada, eu não senti nada, e eu estava contente. Eu estava sentindo demais ultimamente, demais. — A energia dela está diferente, — ele disse, e sua voz soou mais longe do que deveria. Ele era alto, mas eu estava somente em seu colo, não tão longe. Outras mãos tocaram meu rosto, minhas mãos, meus braços. Meus olhos estavam fechados e eu os mantive daquele jeito; eu não queria vê-los. Não queria ver nenhum


deles. — Ela está fria. — A voz de Jean-Claude, sua mão se afastando da minha bochecha. Fria, sim, eu estava com frio, tanto frio. Frio até o âmago do meu ser, como se eu nunca fosse ficar quente outra vez. Pêlos encostaram-se ao meu braço, e fez eu abrir meus olhos o bastante para ver Nathaniel ajoelhado na cama. Seu rosto ainda era o rosto de um estranho atrás da mistura de animal e humano. Uma vez, só uma vez, aquele rosto tinha estado em cima de mim enquanto nós fazíamos amor. Só aquela única vez. Mãos tocaram meu rosto, me mexeram para olhar para Jean-Claude e Richard. As mãos deles, um em cada lado do meu rosto. As mãos deles tão quentes contra minha pele. Levou um segundo para perceber que ambas as mãos pareciam quentes. Jean-Claude tinha ganhado tanto poder se alimentando de Augustine, tanto que ele estava quente ao toque? Eu estava tendo dificuldade para me focar em seus rostos. Eu sussurrei, — Quentes, vocês dois estão quentes. Richard falou lentamente, cuidadosamente, como se ele pensasse que eu pudesse ter dificuldade em entendê-lo. — Anita, você está mais fria ao toque do que Jean-Claude. Eu franzi o cenho para ele, e tentei me focar em seu rosto. Eu quase conseguia faze-lo, mas era como se minha atenção continuasse vagando antes de eu conseguir fazer meus olhos fazerem o que eu queria. — Errada, alguma coisa está errada. — Ainda um sussurro, mas eu disse em voz alta.


—Sim, — ele disse, — alguma coisa está errada. — Ele olhou para Jean-Claude. — Eu não consigo senti-la. Ela está em meus braços e eu não consigo sentir a energia dela. —Ela está se afastando de nós, — Jean-Claude disse. —Se afastando, o que isso significa? — Richard perguntou. —Eu acredito que ma petite está tentando quebras os laços que a ligam a nós. —Você quer dizer o triunvirato? —Oui. —Ela pode fazer isso? — alguém perguntou. —Anita pode fazer qualquer coisa que ela quiser, — a voz ronronante de Nathaniel disse. —Eu não sei se é possível, mas eu sei que ela está tentando, — Jean-Claude disse. —Vai destruir nossa base de poder, — a voz de Asher, embora eu não conseguisse fazer meus olhos procurarem por ele. —Então que seja, — Jean-Claude disse. Eu lutei para vê-lo claramente, observar ele procurar Richard. —Por que o rosto trágico, Richard? Você poderia ficar livre do triunvirato, Richard, livre de mim. —Você sabe que é o que eu quero, mas o que isso nos custaria? Ela está fria ao toque. O rosto de Jean-Claude apareceu onde eu podia ver. — Ma petite, derrube seus escudos. Derrube-os o bastante para eu te sentir. Deixe-me dividir minha energia com você. Você está indisposta.


Eu balancei minha cabeça, e o mundo mergulhou em flâmulas de cor. Eu tive um momento de náusea, e aquele foi o momento em que eu percebi que eu estava doente. Doente do coração, doente da alma, doente de tudo. Em algum lugar dentro de mim, eu estava tentando desfazer todas minhas decisões. Eu estava tentando fazer uma devolução, em um jogo que eu tinha jogado muito tempo para fazer uma retomada. A parte frontal do meu cérebro sabia que era muito tarde, mas não era a parte frontal do meu cérebro que estava no comando. Como você discute com o subconsciente? Como você discute com uma parte de seu cérebro que você nem sequer sabe que está lá na maior parte do tempo? A verdadeira merda da situação era que eu não tinha certeza se eu queria discutir. Eu senti o cheiro do almíscar de leopardo, e soube que Nathaniel estava ao meu lado antes que sua voz ronronasse, — Damian. Eu abri meus olhos, e me encontrei encarando um borrão azul de um rosto. Nathaniel se afastou o bastante para eu ter uma chance de me focar nele. Eu repeti o que ele tinha dito. —Damian. —Damian vai morrer, — Nathaniel disse. Eu pisquei para ele. Eu tinha escutado o que ele disse, mas não pareceu fazer sentido para mim. Deve ter aparecido em meu rosto porque Jean-Claude disse, — Eu não sei se o que o seu desespero tenta é realmente possível, mas se você suceder, Damian vai morrer. O sangue dele flui somente com


seu poder, Anita. Sem seu poder, seu servo vampiro não vai mais despertar de sua cova. Ele vai morrer, e permanecer morto. Eu o encarei, e outra vez, foi como se suas palavras não me alcançassem realmente. Ele apertou meu braço, apertado, e mais apertado, até doer, mas mesmo aquilo era uma dor distante. — Anita, eu não vou ser culpado por isso. Se você realizar esse milagre, e se libertar de todos nós, então você vai matar Damian. Eu não vou aceitar você mais tarde dizer que você não entendia. Eu não vou levar a culpa, não por isso. Ele estava bravo, mas sua raiva não podia me tocar, e eu estava contente. Sua raiva não era mais minha. Eu podia corta-lo, corta-los todo de mim. A voz de Micah, do outro lado de mim: — Quebrar o triunvirato não vai mudar o fato de que você está grávida, Anita. Você ainda precisa ir ao hospital às duas horas. Isso não muda. Eu me virei e olhei para ele, embora parecesse ter levado um longo tempo para eu fazê-lo. — O ardeur vai embora. —Você tem certeza disso?— ele perguntou, calmamente. A voz de Jean-Claude: — Na verdade, eu não sei se os dons e maldições que você ganha através das marcas de vampiro vai desaparecer se o triunvirato acabar. Pode te deixar como eu te encontrei, sozinha e segura em sua própria pele, se isso é o que você realmente deseja. Ou você pode reter algumas habilidades, mas perder a ajuda de... — Ele


hesitou, finalmente terminando com, — todos nós, em sua luta com o ardeur. Eu me virei até eu encontrar seu rosto, ainda fora de foco, como se eu não estivesse funcionando exatamente bem. —O ardeur vai embora, — eu sussurrei. —Eu simplesmente não sei o que vai acontecer, porque o que eu sinto você fazer é impossível. Somente a verdadeira morte deveria ser capaz de te libertar de minhas marcas. Já que o que você tenta nunca foi feito antes, eu não sei qual vai ser o resultado. — Sua voz estava completamente branda, vazia, como se suas palavras não significassem nada. Eu tentei pensar sobre o que ele havia dito. Até meus pensamentos pareciam lentos. O que estava errado comigo? Eu estava histérica, aquilo era o que estava errado comigo. No momento em que eu pensei isso claramente, eu comecei a me acalmar. Eu não me senti nem um pouco melhor, mas eu conseguia pensar. Aquilo era uma melhoria. Eu pensei sobre ser livre do ardeur, e aquele foi um pensamento bom. Eu pensei sobre estar livre das marcas de Jean-Claude, e toda a bagunça metafísica que vinha com elas. Minha vida sendo minha outra vez, aquilo soava bom. Eu pensei sobre ser somente eu, como Jean-Claude disse, somente eu em minha própria pele. Somente eu, sozinha, outra vez. Sozinha outra vez. Eu tive um momento de nostalgia absolutamente feliz pela minha vida antes de adquirir tantas pessoas. Ir para uma casa vazia não parecia horrível, parecia relaxante.


Micah tocou meu rosto, me virou para olhar para ele. Eu conseguia vê-lo claramente, finalmente. Seus olhos de gato estavam tão sérios. — Não vale a pena morrer por nada do que está acontecendo, Anita, por favor. Eu pensei que ele quisesse dizer Damian, então eu percebi que não. Eu não estava fria só porque eu estava tentando quebrar o triunvirato. Havia somente uma forma de ficar livre. Um de nós tinha que morrer. Eu poderia me libertar? Talvez. Eu morreria tentando? Talvez. O pensamento deveria ter me assustado, mas não assustou. E aquilo me assustou. Eu sei que soa estúpido, mas não me assustou pensar que eu poderia morrer, mas me assustou não estar assustada. Estúpido, mas verdade. Eu tinha que fazer melhor do que isso, Jesus, Maria, e José, eu tinha que fazer melhor do que isso. Richard me abraçou por trás, por trás de todos aqueles três metros a mais de calor e músculos ao redor de mim. —Por favor, Anita, não faça isso. — Sua respiração estava tão quente, quase pelando, contra meu cabelo. Eu olhei para ele, a centímetros de distância. Seus olhos eram perfeitamente marrons, quentes, e cheios de tanta emoção. —Você estaria livre. Ele balançou a cabeça, seus olhos brilhando. —Eu não quero ser livre tanto assim. —Não quer? — eu perguntei. —Não, esse preço é muito alto. Não me deixe, não assim. — Ele me apertou mais, seu cabelo longo o bastante para


fazer cócegas ao longo do meu rosto. Eu enterrei meu rosto no cheiro quente e doce de seu pescoço, mas eu sabia que era uma mentira. Eu me acomodei contra ele, o mais próximo que eu conseguia. Eu me enterrei contra o calor e força dele, e ainda parecia incrível. Ainda parecia tão certo, mas eu sabia que não era. Nós éramos ambos muito teimosos para isso funcionar. Eu estava chorando outra vez, e não tinha certeza do por que. Chorando meus arrependimentos contra o calor do pescoço de Richard. Os poderiam ser, deveriam ser, seriam. Eu me prendi ao redor dele, pernas, braços, tudo, e me agarrei nele, me agarrei nele e chorei. Uma mão acariciou a parte de trás do meu cabelo, e uma voz disse, — Ma petite, ma petite, derrube seus escudos, nos deixe entrar outra vez. Eu virei minha cabeça para olhar para ele enquanto me agarrava em Richard. Eu encarei aquele rosto, aqueles olhos azuis da meia noite. Sua mão acariciou o lado do meu rosto, e não era o bastante. O que quer que eu tenha feito comigo mesma, eu tinha me protegido demais. Já que eu não tinha tentado me cortar do triunvirato de propósito, eu não sabia como desfazer o que eu tinha feito. Como você desfaz um acidente? Eu tentei explicar. —Minha cabeça está cega. Eu não consigo sentir nada metafisicamente. Eu não quis cortar-nos. — Eu sabia agora que eu tinha sobrevivido ao que eu tinha


tentado fazer, mas todo mundo sobreviveria? Eu tentei contatar Damian. Mesmo morto em seu caixão pelo dia, eu deveria ter sido capaz de senti-lo. Nada. Medo veio como uma onda sobre mim, e todo o calor que eu tinha começado a ganhar de novo fluiu para longe naquela maré de medo. Eu agarrei a ponta do roupão de Jean-Claude. —Eu não consigo sentir Damian! Eu não consigo senti-lo, de forma alguma! —Nós devemos quebrar nossos escudos, ma petite. Nós devemos despertar seus poderes. Eu assenti. — Sim. —Eu sou seu mestre, Anita, minhas próprias marcas podem me manter fora de seus escudos. Nós estamos ficando sem tempo para Damian. Eu pediria que você permitisse Asher e Requiem a me ajudar a quebrar seus escudos. —Eu não entendo. —Eu não tenho tempo para explicar, mas não importa realmente qual de nós quebra essas novas fortes paredes, somente que elas quebrem. Uma vez quebradas, então seu próprio poder vai ser libertado, e vai achar Damian. Eu queria discutir, mas aquele vazio onde Damian deveria estar me assustou. Eu assenti. — Faça. —Você deve tirar sua cruz primeiro. Eu não perguntei como ele sabia que eu estava usando uma. Richard me deixou deslizar pelo seu corpo o bastante para eu poder usar minhas mãos para desatar a corrente. Jean-Claude tinha se afastado, não longe, mas longe o


bastante para ele não toca-la acidentalmente. Eu coloquei a corrente na mão de Richard. Eu encontrei seu olhar, enquanto sua mão fechava em volta de minha cruz. — Coloque na gaveta ao lado da cama, — eu disse. Ele assentiu. —Para que não arda. Eu assenti. Eu admiti para mim mesma naquele momento o porquê eu tinha parado de usar uma cruz na maior parte do tempo. Oh, eu mantinha uma na minha mala de caçar vampiros, mas eu não usava uma muito. Para cama, mas, oh, inferno. Eu continuava esperando que a cruz ardesse quando eu fizesse alguma coisa. Eu continuava esperando que a cruz ardesse por causa de alguma habilidade vampírica que eu tinha herdado de Jean-Claude. Eu continuava esperando que ela ardesse contra mim. O que tinha restado de meus nervos não podia ter lidado com isso, hoje. Richard se moveu pela cama o bastante para se inclinar e abrir a gaveta da mesa ao lado da cama. Ele colocou a cruz cuidadosamente, e fechou a gaveta. Ele voltou pela cama, até ele estar ajoelhado na minha frente outra vez. — Eu gastei tanto esforço te mantendo fora da minha mente, meu coração, e agora é como esse vazio dentro de mim. Eu continuo tentando terminar com você, estúpido eu sou. É como tentar terminar com sua própria mão. Você pode viver sem ela, mas você não está inteiro.


—Você

consegue

sentir

Damian?

Jean-Claude

perguntou. —Eu consigo sentir vampiros com uma cruz, JeanClaude; isso nunca fez diferença alguma para a minha necromancia. —Me entretenha, — ele disse. Eu entretinha ele. Eu balancei minha cabeça. —Vazio, como se ele não estivesse lá. — Eu tinha dado um jeito de afastar o medo, mas ele flutuava pela minha barriga, fazia formigar a ponta dos meus dedos. —É muito tarde? Por favor, Deus, não deixe ser muito tarde. — Dentro da minha cabeça, eu adicionei, Não deixe eu ter matado ele. Eu observei os olhos de Jean-Claude derramarem azul, até suas pupilas e o branco estarem perdidas para o azul brilhante, profundo de seu poder. Eu sentei na cama apenas a alguns metros dele, enquanto seu poder despertava o bastante para encher seus olhos com fogo, e eu não senti nada. Pelo menos minha necromancia deveria ter sentido, se não as marcas de vampiro. Eu já fiquei psiquicamente cega, minha cabeça tinha ficado cega, de choque ou doença antes, mas nunca desse jeito. Me assustou, e me deu esperança. Talvez eu não conseguisse sentir Damian porque eu não poderia sentir ninguém naquele momento. Richard tremeu ao meu lado, então deslizou para o chão. —Você não sente isso, sente? — Seus olhos estavam um pouco arregalados. Os pequenos pêlos em seus braços estavam arrepiados. —Não, — eu disse.


Ele olhou para Micah e Nathaniel, que ainda estavam na cama, embora eles tivesse se afastado para nos dar espaço. —Eu acho que todos nós precisamos dar espaço para eles trabalharem. Micah beijou minha bochecha. Nathaniel roçou sua bochecha contra a minha, me marcando com seu cheiro. Eles deslizaram do lado mais longe da cama. Jean-Claude se moveu até ele estar ao lado da cama. Ele levantou uma mão acima do meu rosto. Eu senti, a pressão de sua aura, mas fracamente, como se minha pele estivesse envolvida por algodão, e ele não pudesse me tocar. Ele pousou sua mão contra meu rosto, e aquele único toque se espalhou em uma linha tremida pela minha pele. — Ma petite. — As palavras respiraram ao longo da minha espinha, como se ele tivesse derramado uma linha de água pela minha pele abaixo. Eu tremi por ele outra vez, e foi ótimo, mas... Eu abri meus olhos e olhei para ele. —É como anos atrás. Eu sempre senti sua voz, seu toque, mas... —Você se fechou, ma petite, em uma torre formada parcialmente por minhas próprias marcas de vampiro. Você usou meu próprio poder contra mim. —Não de propósito, — eu disse. Asher ficou visível. Seus olhos já estavam cheios daquela luz azul pálida. Ele tinha chamado poder, e eu não tinha sentido nada. Ele veio ficar ao lado de Jean-Claude. —Mais medidas drásticas, eu acho. Eu olhei para ele, em seu roupão de seda, o dourado reluzente profundo dele não era nada comparado ao brilho de


seu próprio cabelo. —O que você tinha em mente?— eu perguntei. Jean-Claude deu um passo para trás, dando lugar ao outro homem. Asher levantou sua mão, pousando-a contra meu rosto em um eco do que Jean-Claude tinha feito momentos antes. Eles sempre tinham sido capazes de ecoar um ao outro dessa forma, eu pensei, e na extremidade do pensamento,

memórias

caíram

sobre

mim.

Eu

tinha

compartilhado as memórias de Jean-Claude antes, mas não desse jeito. Não era uma memória, ou duas, mas centenas. Centenas de imagens inundando minha mente, me afogando no cheiro da pele de Asher, o cabelo de Belle derramado ao redor de nossos corpos como um segundo corpo para acariciar todos nós. Uma mulher com o cabelo cor de cobre derramado pelos nossos travesseiros, e bocas em seu pescoço, as mãos dela lutando com os lenços que a prendiam na cama. Uma loira, cujos seios nós marcamos juntos, de modo que ela carregasse mordidas gêmeas de amor. Um homem em uma longa peruca, suas calças ao redor de seus joelhos, e nós dois entre suas coxas, não pelo sexo, mas pelo sangue, e era o que nós queríamos. Mulheres com suas roupas bagunçadas, cabelo vermelho em cada sombra da mais loira até a mais morena; louras do branco ao dourado; morenas do marrom profundo ao verdadeiro preto; pele como grãos, ou café escuro, ou madeira. Alta, baixa, magra, gorda, morta de fome; corpos flutuando por nossas mãos, contra nossos corpos, de modo que era como se eu experimentasse mil noites de devassidão em segundos. Mas


em cada memória eles se moviam como sombras um do outro. Jean-Claude pegava a mulher, ou o homem, para sexo, ou sangue, ou ambos, e eu sabia que sua sombra dourada estaria lá. Que Asher igualaria seus movimentos, que ele estaria lá para ajudar, para pegar o prazer e fazer mais. Eu não tinha percebido até aquele momento que eles não eram amantes, mas mais do que aquilo. Eles tinham sido verdadeiramente a melhor e mais próxima pessoa na vida um do outro. Eu me afoguei em suas memórias, me afoguei no cheiro de mil amantes, mil vítimas, mil prazerosas perdas e ganhos. Eu me afoguei, e como qualquer homem se afogando, eu tentei estender minha mão para me salvar. Eu estendi minha mão metafisicamente para alguém, qualquer um. As memórias atingiram Richard como uma inundação atingindo um pedregulho. Eu senti as memórias baterem contra ele, varrer acima e ao redor dele. Eu senti ele gemer, e esperei ele me afastar, se fechar para mim, mas ele não o fez. Ele deixou eu me agarrar nele, deixou eu tentar fazer dele minha pedra na inundação de sensações e memórias.

Eu

senti

sua

confusão,

seu

medo,

sua

repugnância, e seu desejo de afastar tudo isso, não ter essas memórias, de todas as memórias. O pensamento veio: há memórias piores. A voz de Jean-Claude. —Non, ma petite, mon ami, chega, chega. — Sua voz estava suave, aduladora. Eu estava deitada na cama, com ele segurando minha mão. Ele estava


acariciando minha mão do jeito que as pessoas fazem quando eles estão tentando te aquecer. —Eu estou aqui, — eu disse, mas minha voz soou ecoando, baixa. A

cama

se

mexeu

violentamente.

Richard

tinha

desabado nela. Sua respiração estava regular, seus olhos estavam mostrando muito branco. Ele agarrou minha outra mão. Ele se sentia assustado, chocado, e eu percebi que ele tinha tomado um pouco da minha reação. Ele tinha sugado ela como veneno metafísico. Eu lambi meus lábios secos e disse, — Sinto muito. —Você pediu ajuda, — ele disse, em uma voz tensa. — Eu dei. Ele normalmente se cortava das memórias que eu pegava de Jean-Claude; de todas às vezes para não se afastar, ele tinha escolhido essas memórias. —Eu teria preferido outras memórias, ma petite, mas quando você violou seus escudos não naturais, eu não me arrisquei a restringir seu acesso a mim. Eu não ousei fechar as marcas outra vez. — Ele acariciou meu cabelo como se eu estivesse doente, mas ele lançou um olhar preocupado a Richard. —Eu não vou fugir, — Richard disse, —Eu sabia o que você era, o que vocês dois eram. — Ele olhou para Asher, que ainda estava parado perto da cama. Asher colocou a mão no ombro de Jean-Claude, e foi muito cedo depois de ver as memórias observa-los se tocando. Exceto que dessa vez elas não tinham sido


memórias de Jean-Claude, eu só tinha que prosseguir com o fato de que um pouco daquela inundação de memórias tinha ficado comigo. Richard oscilou como se ele tivesse levado um tapa, e eu soube que eu não era a única que tinha mantido algumas delas. Micah gritou, — Nathaniel! Eu procurei ao redor do quarto por Nathaniel, e não consegui vê-lo. Micah estava no chão. Eu lutei para me sentar, e Richard me ajudou. Jean-Claude já estava perto da cama, e ajoelhado com Micah, ao lado de Nathaniel. Ele era humano outra vez, todo aquele cabelo amável espalhado ao redor de seu corpo. Ele não estava se mexendo. Eu gritei seu nome, e me estendi para ele não com mãos, mas com poder. Eu senti ele respirar, mas seu coração hesitou, como se ele tivesse se esquecido de como bater. Eu gritei, — Nathaniel! Jean-Claude simplesmente apareceu repentinamente ao lado da cama. — Nathaniel está tentando manter Damian vivo, mas ele não sabe como. Você deve alimentar eles com energia, agora, ma petite, agora. —Ou o que? — eu perguntei, e me inclinei no aperto mortal que eu estava dando no braço de Richard. —Ou eles vão morrer, — Jean-Claude disse.


Capítulo 31 Eu

encarei

ele,

porque

eu

acreditava

nele,

mas

alimentar o ardeur significava sexo, e naquele momento eu nunca tinha me sentido menos no clima de sexo em minha vida. Richard disse, — Alimente, Anita, você tem que alimentar. Eu olhei para ele. —Você vai ajudar? Ele balançou a cabeça. —Não eu, minha concentração não é assim tão boa. A voz de Jean-Claude cortou o pânico. —Requiem, seu momento chegou. — Ele olhou para mim. — Se você lutar contra ele, eles vão morrer. Derrube seus escudos, e deixe o poder dele te tomar. Deixe-o despertar o ardeur, e alimentalo. Eu estava repentinamente encarando um peito decorado com feridas de facadas. Eu olhei nos olhos de Requiem, azuis claros, um brilho quase doloroso. Ele tinha despertado seu poder, e eu não senti nada. Ele tinha subido na cama e eu não tinha notado. O choque tinha se instalado outra vez, mas por razões diferentes. Minutos atrás eu queria ficar sozinha, só eu outra vez, mas eu não quis realmente isso. Eu rezei, eu não quis aquilo, como se de alguma forma meu pensamento fosse responsável por esse novo desastre. O corpo de Richard ainda me embalava. Requiem teve que prender suas mãos ao redor dos meus braços e me puxar


dos braços de Richard. Os dedos de Richard deslizaram pela minha pele, e eu senti a perda do seu toque como um golpe. Eu me senti como um pequeno animal arrancado de seu ninho e jogado no coração da tempestade. A tempestade era feita de carne e osso, e olhos que brilhavam como se você pudesse ver o oceano pegando fogo. A voz de Jean-Claude sussurrou através de mim. — Se solte, ma petite, se solte, ou tudo está perdido. Eu fiz o que ele pediu. Eu me soltei. Me soltei, e cai nos olhos

da

cor

da

água

do

oceano

onde

ela

corre

profundamente e limpa e fria, e o azul escuro brilha com a luz fria da fosforescência, brilhando nas costas de criaturas que nunca viram a luz do dia. Eu flutuei naquele frio vazio, com aquela luz obscura, e uma voz sussurrou através de mim, mas não era a de JeanClaude. Era a voz de Nathaniel em minha cabeça. Ele não pediu por ajuda, ou me puniu. Ele sussurrou, — Amo você. — Aquelas palavras ecoaram pelo vazio, e eu as segui, pelo escuro frio. Frio não era o que nós precisávamos, isso não o manteria vivo. Nós precisávamos de calor. Eu atingi a superfície do olhar de Requiem, deixei o poder e o deixei tentar. Eu deixei seus olhos, e fui deixada arquejando,

lutando

para

respirar.

Eu

não

deixaria

Nathaniel, mesmo se isso significava ir com ele. Eu me estendi para ele, senti seu coração parando. Meu peito doeu com aquela necessidade de inspirar fundo. Eu encarei os olhos brilhantes de Requiem, e sussurrei, — Nos ajude.


Ele se virou para Jean-Claude. — Eu não consigo quebra-la. Eu não consigo passar! A última vez que ele tinha usado seus poderes em mim tinha levado um tempo. Nós não tínhamos um tempo. Ele não conseguia me enfeitiçar, mas eu já tinha enfeitiçado ele antes. Eu poderia ativar seus poderes? Eu rezei, rezei por ajuda. Eu sussurrei, — Requiem. — Sua voz ecoou pelo quarto, e ele virou olhos brilhantes para mim. Eu não tinha ar o suficiente para dizer o que eu queria em voz alta. Eu cai de costas na direção da cama, e somente seus braços me pegaram. Eu sabia o que eu queria, o que eu precisava. Eu desejei aquilo, eu ordenei aquilo, e eu empurrei aquele comando nele. Eu estava perdendo minhas palavras, e foi um desejo sem palavras com o qual eu o preenchi. Aquele desejo queimou como calor pela minha pele, me tirou na cama, arquejando. Meu corpo estava repentinamente inchado com necessidade, umidade escorrendo entre minhas pernas. Meus seios doíam com a necessidade de ser tocada. O ardeur despertou com aquela dor, e eu dei boas vindas a ele, o abracei. Eu arranquei a porta do meu autocontrole, e não me importei com onde ela foi parar. Foi a boca de Jean-Claude que achou a minha primeiro. Eu conhecia o gosto dele com meus olhos fechados. Ele se deu para o ardeur, e eu me alimentei através de seu beijo, me alimente em um ímpeto que fluiu pelo meu corpo, em um ímpeto formigante de energia. Eu já tinha alimentado o ardeur centenas de vezes, e nunca tinha sido assim.


Ele se afastou do beijo, olhos cheios com o fogo da meia noite. — Como você se sente? Eu tentei pensar além do pulso do meu próprio corpo. Eu sentia o ardeur, mas o desejo do meu corpo não tinha ido embora. Eu senti pela energia de Nathaniel, e achei ele ainda lá, ainda vivo. Distante como um sonho, a faísca de Damian como uma chama de fósforo no vento. —Mais, — eu sussurrei, — Eu preciso de mais. Ele assentiu. —Eu te dei o bastante para te trazer de volta para nós. — Ele se afastou de mim, e eu tentei segura-lo contra mim. —Non, ma petite, você precisa de comida. — Eu mantive minhas mãos presas ao redor de seu pescoço, e ele estendeu a mão, e trouxe Requiem onde eu podia vê-lo. — Quando você ajudou ele a despertar necessidade em você mesma, você despertou nele, também. Você negaria ele? Eu franzi o cenho para ele. Eu não conseguia pensar. Eu sussurrei, — Não, — mas não estava completamente certa para o que eu estava dizendo não: não, eu não negaria ele, ou não, para outras coisas? A mão de Requiem deslizou pelo meu braço nu. Aquele único toque me fez jogar a cabeça para trás, meus olhos tremularem. Eu sabia de onde minha necessidade tinha vindo, eu conseguia sentir o gosto na minha língua, sentir o gosto de sua necessidade. Jean-Claude deslizou para longe, e Requiem estava em cima de mim. Tão solitário, um coração tão solitário. Solitário por tanto tempo. Você alimenta o ardeur em sexo, mas seus dons são mais do que aquilo. Às vezes você pode ver dentro


das pessoas, ver o que eles mais desejam, mais precisam, e você pode oferecer isso a elas. Você pode oferecer a elas o desejo do coração delas, e às vezes você pode até dar a elas exatamente o que você prometeu. Eu tive um instante para ver tão profundamente em Requiem que eu comecei a chorar. Chorando não minhas lágrimas, mas as dele. Ele queria o ardeur outra vez, sim, mas mais do que aquilo, ele queria um lugar de refúgio. Um lugar onde ele pudesse parar de ter medo; ele tinha estado com medo por tanto tempo. Com medo de que Belle o arrastasse de volta, e o fizesse sofrer por toda a eternidade por se apaixonar por outra pessoa. Eu senti seu medo, sua solidão, sua perda, como golpes em meu coração, e no final, eu fiz a única coisa que o manteria bem e verdadeiramente seguro. Eu o tornei meu.


Capítulo 32 A maioria das roupas desapareceu em um borrão de mãos e corpos, mas foi quando ele prendeu as mãos em volta do meu cinto, e o partiu em dois, tirando meu corpo da cama, que eu me lembrei. Eu tive presença de espírito o suficiente para me certificar que ele não destruísse o coldre, mas caiu no chão com os pedaços de jeans e camiseta. Requiem, com sua poesia, com sua contenção cavalheiresca, desapareceu debaixo do choque do ardeur, e o poder de sua própria mágica. Eu me alimentei do toque de suas mãos, o esbarrar de seus lábios, a sensação de sua pele nua encontrando com a minha, o peso dele sobre mim. Requiem e eu nunca tínhamos estado nus juntos, e aquela primeira vez foi dividida com Nathaniel e Damian. Eles sabiam o que eu estava fazendo, eles podiam sentir, porque eu tinha abrido aquela marca entre nós, para que cada toque, cada beijo, cada movimento desse energia para eles. O coração de Nathaniel começou a bater certo e forte, mas a faísca de Damian ainda vacilava, hesitando entre vida e morte. Nathaniel conseguia fazer seu próprio coração bater, mas Damian não. Damian precisava de mais do que esses pequenos toques do ardeur. Eu tinha chegado onde eu conseguia alimentar o ardeur de pequenos jeitos com menos toque, mas eu precisava de orgasmos para uma alimentação completa. Ok, para uma alimentação, verdadeiramente e


completamente completa você precisava de orgasmos de todo mundo envolvido, mas um era o bastante. Nós precisávamos do bastante. Requiem descansou sobre mim, pressionando cada centímetro de sua nudez contra a minha parte da frente, mas ele pousou seu corpo em cima do meu, não dentro dele. Ele me pressionou na cama, me beijando como se ele fosse me comer a partir da boca, e somente a sorte nos impediu de cortar nossos lábios em suas presas. A sensação dele, inchado e duro, me fez abrir minhas pernas e tentar prender minhas pernas ao redor dele, mas ele se afastou. Se mexeu em cima de mim, segurando a maior parte de seu peso com seus braços e pernas, como se ele estivesse com medo de tocar muito de mim. Tudo parecia estar indo tão bem, e então ele tinha voltado a si, reganhado o controle de alguma forma. Requiem em controle voltava a ser um cavalheiro. Em uma situação onde eu não teria culpado ele sobre tirar vantagem, ele ainda parecia dolorosamente ciente de que ele não era a minha primeira escolha, ou sequer minha sétima. Ele tentou alimentar o ardeur sem cruzar aquela última barreira, porque ele sabia, ou pensava que sabia, que eu não queria ele. — Requiem, por favor, por favor, termine isso. — Termine isso, — ele disse, a voz mostrando o esforço de seu controle. —Suas palavras te traem, Anita. Você me usa somente porque você deve, não porque você me quer. Raiva queimou através de mim. — Meu corpo te quer, Requiem.


—Mas seu coração não. Eu gritei, metade de raiva, e metade por causa da necessidade em meu corpo que ele tinha despertado, e não ia satisfazer. O pensamento veio de que eu podia fazer o ardeur mais forte, que eu podia oprimi-lo com ele. Um pensamento antigo das memórias de Belle, eu acho. Mas de seu próprio jeito, Requiem tinha deixado claro que ele não queria ser comida, ou meu parceiro de foda. Quando o impulso veio empurrar, ele queria ser mais do que aquilo. Eu entendia aquilo, mas eu não podia dar isso a ele. Essa era uma coisa que eu não podia fazer. Eu não podia ama-lo. —Eu preciso de comida, Requiem. Se você não é, então saia. Eu observei emoções lutarem pelo seu rosto. Eu acho que ele estava lutando contra a própria necessidade de seu corpo, mas finalmente aquela tão-refinada sensação de vitória, e ele deslizou para o lado, enterrando seu rosto em seus braços. Ele não saiu da cama, mas ele não estava me tocando. O ardeur ainda estava ali, mas desapareceu debaixo da raiva e frustração do enigma que era Requiem. Eu me estendi para Damian, e ele ainda estava frágil. A energia que eu senti nele agora nunca iria acordar; não era o bastante trazer ele de volta a vida pela noite. Se ele tentasse acordar agora, e falhasse, ele morreria? Aquela faísca frágil iria despertar, e cair, nunca mais queimar em vida? Eu gritei, — Jean-Claude!


Ele veio ficar ao lado da cama do outro lado da forma suavemente chorosa que era Requiem. Eu tentei alcança-lo, mas ele deu um passo para trás, para fora do alcance. —Eu faço todos os outros vampiros dessa cidade acordar ao crepúsculo. Nós não podemos arriscar trocar uma vida por muitas. Eu gritei, sem palavras, minha mão se estendendo para o céu, procurando qualquer um. Naquele momento eu usei o ardeur para chamar comida, não deliberadamente, porque eu nunca usaria isso de propósito para chamar uma vítima para mim. Jean-Claude tinha dito que o ardeur estava chamando comida que ele gostava; agora eu sabia que ele estava certo, porque eu podia sentir isso. Eu senti o ardeur se espalhar não aleatoriamente como algum tipo de estilhaço de bomba, mas como um míssil de calor de alta tecnologia. Eu senti o ardeur esbarrar em Asher; eu conhecia o gosto dele, mas seu sinal de energia estava fraco. Ele ainda não tinha se alimentado. O ardeur esbarrou contra uma dúzia de fogos menores, mas finalmente achou um que ele gostava. Eu sabia somente três coisas sobre a energia que ele chamou; era um vampiro, não era ninguém que eu já tinha tocado, e era poderoso. Uma mão agarrou a minha, e aquele único toque me apunhalou, uma investida forte e exata de energia que apertou meu corpo, e arrancou um gemido da minha boca. Tanta necessidade, Deus!


Foi London que subiu pelo pé da cama. London cuja mão na minha já tinha me alimentado mais energia do que todos os toques de Requiem. Eu não sabia por que, eu não ligava. Era muito tarde para me importar. Ele pressionou seu corpo todo vestido sobre mim, se acomodando entre minhas pernas, de modo que eu pude senti-lo duro pelas suas roupas. A sensação disso fez meus olhos tremularem. Eu senti seu rosto sobre o meu, e abri meus olhos para vê-lo, tão perto que era assustador. Eu encarei seus olhos a centímetros de distância, e percebi que eles não eram castanhos de forma alguma, eles eram pretos. Um preto que fazia suas pupilas desaparecerem neles, uma ilha de escuridão no branco de seus olhos. Seu rosto abaixou em minha direção, sua respiração escapando em um som como um soluço, antes de ele pressionar sua boca contra a minha. Aquele som me fez lembrar que havia algo importante sobre London e o ardeur. Algo que eu precisava lembrar, mas ele me beijou, e eu parei de pensar em qualquer coisa além da sensação de sua boca na minha. Não era só a força do beijo, mas que eu me alimentei daquele beijo. Como se sua energia fosse algum licor doce, derramado na minha boca, minha garganta abaixo. Não havia esforço em me alimentar de London. Ele se dava ao ardeur com um abandono que era exatamente o que eu precisava. Eu derramei aquela energia em Damian, e senti sua faísca começar a se transformar em uma pequena e vacilante chama.


Eu prendi meus braços e pernas em volta do corpo de London, pressionei minhas partes mais intimas contra a dureza ainda presa atrás de suas roupas. Ele fez aquele som de soluço outra vez, sua respiração quente dentro da minha boca. Eu pensei que ele ia se afastar do beijo, mas ele me beijou mais forte, pressionando, explorando, e eu o beijei de volta, mandando minha língua entre as suas presas afiadas. Era como se eu tivesse mais espaço para explorar, como se sua boca fosse mais larga que a de Jean-Claude. Foi quase um pensamento claro, e eu poderia ter lembrado o que eu tinha esquecido, mas London escolheu aquele momento para se alimentar dos meus lábios, me beijando ferozmente, com língua e lábios e dentes, e com a intensidade do beijo, o ardeur se alimentou ainda mais. O doce sal de sangue encheu minha boca, e eu soube que um de nós tinha sido cortado em suas presas. Se ele tivesse me dado tempo para pensar, eu poderia até saber quem tinha sido, mas ele não me deu tempo para pensar. Ele pegou meu seio em uma mão, tirou sua boca da minha, e pressionou sua boca ao redor do meu seio. Ele chupou, rápido e forte, a língua passando rapidamente pelo meu mamilo. Eu gemi pra ele, meus braços e pernas caindo dele o bastante para ele poder se mover aquela fração de centímetro que o deixou me chupar mais forte, mais rápido, sempre a pressão de suas presas como uma promessa, ou uma ameaça, contra minha carne. Ele fez um som, ardente, quase choramingando, então ele me mordeu, presas afundando em meus seios. Isso me fez


gozar gritando, e somente seu peso impediu meu corpo de levantar da cama. Ele levantou, seus lábios decorados com meu sangue. Seus olhos afogados em fogo preto, cheios com seu próprio poder. Ele pressionou sua boca de volta na minha, mas levantou seu corpo de cima de mim. O gosto do meu próprio sangue era como metal doce em minha boca. Eu tentei puxar seu corpo de volta para cima de mim, mas somente sua boca me tocou. Quando ele deitou de volta em cima de mim, suas calças

tinham

saído,

e

toda

aquela

dura

espessura

pressionada contra meu corpo nu. A sensação dele me fez quebrar o beijo para que eu pudesse gemer. Ele levantou a parte de cima de seu corpo de cima de mim, procurando um ângulo para entrar em mim. Eu peguei só um vislumbre dele, antes dele se empurrar dentro de mim, e meu olhar ser arrancado de seu corpo, para seu rosto acima de mim. Seus olhos estavam arregalados, perdidos mesmo para o brilho de vampiro; havia algo frenético sobre eles. Ele colocou seu corpo o mais profundamente dentro de mim quanto ele podia, enfiou até não ter mais espaço, então ele congelou sobre mim. Ele congelou com seu corpo dentro de mim, e me encarou. Seu rosto estava lento com necessidade, e desejo, mas debaixo de tudo aquilo, estava o medo. Aquele único olhar, e eu me lembrei. Ele era viciado no ardeur. Merda. Eu disse, — London, London, sinto muito, sinto muito... Ele começou a se tirar de dentro de mim. Eu pensei que ele quisesse parar. Mas ele só tirou um pouco, então se


enfiou de volta, e ele me fodeu. Ele me fodeu o mais forte e mais rápido que ele podia. Eu encarei meu próprio corpo, e observei ele enfiar e tirar de mim, e em algum lugar no meio disso, eu gozei. Eu gozei gritando, minhas mãos agarrando sua jaqueta, tentando achar carne para tocar, mas havia muitas roupas. Ele me fez gozar, e o ardeur se alimentou nas ondas de prazer, na sensação dele entrando e saindo de mim, no som de sua respiração, enquanto ela mudava. Ele me pegou, no ultimo minuto, ele me pegou, me sentou no seu colo, com seu corpo ainda dentro do meu. Ele me sentou em seu corpo, e eu prendi meus braços e pernas em volta dele para ajudar a me segurar no lugar. Ele sentou de volta na cama, ainda entrando e saindo de mim, mas menos fundo desse ângulo. Eu encarei seu rosto a centímetros de distância, minhas mãos nos cachos curtos nas costas de seu pescoço. Eu observei seu rosto ficar frenético, senti seu ritmo mudar. Ele enterrou sua mão na parte de trás do meu cabelo me segurou no lugar, para que nós tivéssemos que olhar nos olhos um do outro. Com uma última investida forte ele gozou, e me fez gozar com ele. Eu gritei, e teria curvado meu pescoço para trás, mas ele me segurou no lugar, nos forçou a encarar o rosto um do outro. Enquanto seu corpo tinha espasmos dentro de mim, eu não pude olhar para longe. Eu tive que ver seu prazer, e sua dor. Sua mão afrouxou um pouco o aperto em meu cabelo, e ele me abraçou, seus braços soltos ao invés de frenéticos. Seu coração batendo contra meu corpo, sua respiração tão


rápida, tão terrivelmente rápida. Ele se agarrava a mim agora, suavemente, e eu o abracei de volta. Ele tinha me dado tudo. Ele tinha deixado eu me alimentar. Damian estava acordado, eu conseguia sentir. London tinha me ajudado à salva-lo, mas enquanto eu segurava ele, seu pulso pulsando contra minha bochecha, eu tive que me perguntar a que preço. O que tinha custado ao homem em meus braços?


Capítulo 33 Quando o pulso de London diminuiu, ele me sentou, gentilmente, na cama, e pediu a permissão de Jean-Claude para ir ao banheiro se limpar. Jean-Claude permitiu. London tirou suas calças no resto do caminho, de modo que ele estava nu da cintura para baixo, embora sua camisa e paletó fossem longos o bastante para cobri-los por trás. Ele segurou sua camisa na frente para impedi-la de se sujar, e suas calças amassadas em sua outra mão. Ele não olhou para ninguém enquanto ele entrava, e fechava a porta atrás dele. Ele deixou atrás dele um silêncio tão alto que eu podia escutar o sangue em minha própria cabeça. Eu sabia que os vampiros podiam ficar tão parados que era como se eles não estivessem ali, mas foi a primeira vez que eu percebi que os licantropos tinham sua própria versão de imobilidade. Claro, tinha menos pessoas no quarto do que quando nós começamos. Era quase como se as pessoas tivessem fugido antes das coisas ficarem ruins. Alguns guarda-costas. Embora, admitidamente, eu não tivesse olhado ao redor muito, para ver quem ainda restava nos cantos do quarto. Talvez todos eles estivessem ali, amontoados ao redor um do outro, tentando manter o grande mal súcubo de pegalos.


Jean-Claude se mexeu primeiro, e foi como se a pausa em um programa de televisão tivesse acabado. Ele se mexeu, e todo mundo respirou, se mexeu. Vozes quebraram em um baixo murmúrio. Jean-Claude ajudou Requiem a ficar de pé, de onde ele tinha aparentemente caído no chão. Ele deve ter deixado a cama em algum momento durante a pequena... Alimentação. Mesmo na minha própria cabeça, eu ouvi, Então é assim que eles estão chamando hoje em dia. Requiem agarrou forte o braço de Jean-Claude. Ele falou baixo, urgentemente, como se ele tivesse algo importante para dizer. —Damian está vindo. — A voz de Nathaniel me virou para olhar para ele. Micah estava ajudando ele a subir na cama. Nathaniel deitou ao meu lado, seus olhos de lavanda piscando para o teto como se ele ainda estivesse tendo problemas para se focar. Ele estava certo sobre Damian. Eu podia senti-lo vindo corredor abaixo do salão dos caixões onde ele tinha passado seu dia adormecido. Levaria alguns minutos para ele chegar aqui, então eu me virei para Nathaniel. — Nunca mais faça isso outra vez. —Tentar salvar Damian? — Ele tentou fazer uma piada, e eu não deixei. Eu toquei seu rosto. —Não brinque, Nathaniel. Ele colocou sua bochecha contra minha mão. — Você nos salvou. Minha garganta estava apertada, e eu me amaldiçoaria se eu chorasse outra vez hoje. — Foi uma coisa arriscada, e você sabe disso.


Micah colocou uma mão em ambos nossos ombros. Ele nos apertou, como se ele estivesse lutando contra uma necessidade de nos sacudir. Seu rosto disse o quão assustado ele tinha estado, mais claramente do que qualquer palavra. Requiem pegou sua capa do chão, a colocou em volta de si, e foi para a porta. Ele nunca olhou para trás. Talvez ele finalmente tivesse entendido que ele não era comida. Eu esperei que sim, porque eu precisava de menos complicações em minha vida, não mais. Remus foi até Jean-Claude. Ele ficou parado bem reto e começou uma saudação, então parou no meio do movimento, como um antigo hábito que tinha voltando para assombra-lo. A voz que ele usou era uma dessas vozes de soldados destemidos. — Peço permissão para sair e tirar meus homens daqui. Jean-Claude olhou para ele, sua cabeça pendendo para um lado, como se Remus tivesse feito algo mais interessante do que eu estava vendo. — E se nós precisarmos de proteção, Remus? Remus balançou a cabeça. —Nós não podemos te proteger disso, senhor. Jean-Claude olhou atrás dele, mais perto da lareira. Eu ainda estava deitada, de modo que eu não pude ver para o que ele estava olhando. —Eu acho que alguns de seus homens discordariam, Remus. Eu acho que muitos deles ficariam mais do que felizes em ajudar a proteger ma petite, nessas circunstâncias. — Sua voz estava suave como manteiga enquanto ele dizia isso.


A mandíbula de Remus cerrou tanto que parecia doloroso. Sua voz saiu tensa, como se ele estivesse rangendo os dentes. — Eu não acredito que isso era o que nosso Oba tinha em mente quando ele deixou você nos contratar, senhor. —Talvez você deva perguntar a Narcissus quais são regras de compromisso, Remus, — Jean-Claude disse. Remus assentiu. — Eu vou fazer isso, senhor, mas com sua permissão, eu posso tirar meus homens daqui? Eu observei o pensamento viajar pelo rosto de JeanClaude, que ele poderia dizer não. Mas se estava assim tão claro para ler significava que ele estava fazendo isso para Remus ver. —Vá, e leve os homens que desejam partir com você. Remus balançou a cabeça, mãos em punhos ao seu lado. —Não, senhor, eu estou no comando aqui, e eu digo que todos nós vamos. Jean-Claude olhou ao redor do quarto, como se memorizando rostos. Ele finalmente assentiu. —Vá, e leve seus homens, Remus. Eu vou falar com Narcissus. Remus pareceu incerto então, mas balançou a cabeça outra vez. — Eu não estou dizendo que Narcissus não gostaria do show, senhor, mas eu acho que se o item incluía esse tipo de coisa, ele não teria te enviado ex-militares e expoliciais. — Ele encarou o ombro de Jean-Claude o mais forte que ele pode. Eu percebi que Remus estava evitando o olhar do vampiro. — Se Narcissus queria nossos deveres, — ele


pareceu procurar por palavras — expandidos, ele tem outros... Homens para mandar. —Mas nem todos os homens no quarto são hienas, Remus, — Jean-Claude disse. —Você fala pelos ratos de Raphael também? —Eu estou no comando até me liberarem, então sim, sim, senhor, eu falo. Outra voz veio da parede mais longe, masculina, e profunda, mas eu não consegui dar um rosto para ele, no começo. Pepito entrou no meu campo de visão. — Eu sou um homem de Raphael, e eu concordo com Remus. — Pepito era um grande homem inabalável, mas ele parecia abalado agora. Positivamente pálido, ele estava. O que eles tinham sentido quando o ardeur se moveu pelo quarto testando eles por gostosura? O que quer que eles tenham sentido, tinha assustado muito ambos Remus e Pepito. Ou talvez ofendido eles? Talvez. —Então, certamente, vão, — Jean-Claude disse, e ele fez um gesto de varredura em direção à porta. Remus foi para a porta, mas ele não passou por ela. Ele a abriu, e a segurou. Pepito fez um gesto para o homem mais longe no quarto. Eu teria que ter sentado para ver depois da cabeceira, e eu não estava certa se eu queria ver. Eu comecei a puxar os lençóis. Por alguma razão eu queria me cobrir enquanto os guardas saiam. Micah puxou os lençóis para cima e cobriu a maior parte de mim e Nathaniel. Micah ficou ajoelhado perto de nós na cama, enquanto os guarda-costas saiam. Eu lutei contra


dois instintos opostos. Eu queria me esconder debaixo dos lençóis, para que ninguém me visse, e eu não tivesse que encontrar os olhos de ninguém. Mas eu sabia que se eu fizesse isso eu nunca seria capaz de olhar na cara de nenhum deles outra vez. Eu fiz a única coisa que eu podia fazer; eu olhei para eles. Uma frente desafiadora era toda a esperança que eu tinha para manter qualquer nível de controle ou respeito de qualquer um deles. Sim, tinha sido uma emergência e eu tive que alimentar o ardeur. Tecnicamente, os guardas entendiam aquilo. Mas na realidade, como Remus tinha dito, a maioria deles era exmilitares ou ex-policiais. O que significava que uma mulher estava sempre trabalhando morro acima com eles de qualquer forma. Eles tinham me visto fazer sexo com um homem, e uma vez que a história circulasse ia ser mais. A coisa realmente estranha sobre os rumores ia ser que alguns dos homens que tinha realmente presenciado tudo estariam convencidos de que eu tinha feito sexo com mais homens. Eu seria sortuda se algum deles não dissesse que eles mesmos tinham feito sexo comigo. Eu já tive rumores que começaram depois de cenas de crimes onde eu não tinha feito nada sexual. Isso não tinha sido nada. A maioria dos guardas parecia tão ansiosa em evitar contato visual quanto eu. Mas não todo mundo. Eu encarei a maioria deles, mas alguns me deram olhares atrevidos. O tipo de olhar que você não quer ver fora de um clube de strip. O olhar que dizia que você tinha passado de um ser humano a somente peitos e bunda. Eu tentei me lembrar de


quem me olhou daquele jeito, para que eu pudesse mantê-los longe de mim mais tarde. Micah se inclinou sobre Nathaniel, sussurrando, — Eu vejo eles. — Ele estava memorizando rostos, também. Bom, porque eu ainda estava abalada, e eu não confiava em meus próprios olhos para me lembrar dos rostos certos. Eu sempre tive um problema em segurar um olhar quando eu estou mais nua do que o resto das pessoas no quarto. Nathaniel se aconchegou contra mim, debaixo dos lençóis. Ele tirou um braço dos lençóis, para que ele pudesse deitar seu braço pela minha cintura coberta. Ele passou seu queixo ao longo do lado do meu seio, arrastando o lençol para baixo de modo que eu tive que segura-lo. Eu olhei para ele, pronta para brigar com ele, mas o olhar em seu rosto parou as palavras antes que elas pudessem começar. Ele estava encarando os homens, também, mas ele não estava olhando feio. Seu rosto tinha calor, e a promessa de sexo, mas sobre isso tudo estava possessividade. Aquele olhar que um homem tem quando outro homem ameaça sua “mulher”. Nathaniel, que dividia melhor do que qualquer homem em minha vida, estava marcando seu território. Aquele olhar sombrio e possessivo nunca desviou do desfile de homens. Ele descansou o lado de seu queixo contra meus seios, deixando claro que ele tinha um direito de estar ali, daquele jeito, comigo, e eles não. Eu não achei que Nathaniel iria compreender o problema, mas ele tinha compreendido. Teve uma pausa na porta, uma confusão de movimento, como um congestionamento. Eu vi um relance de cabelo


vermelho-sangue, e esperei ser Damian em seu próprio poder, mas não era. Richard passou pela porta, seu braço ao redor da cintura de Damian, o braço do vampiro sobre seu ombro. Damian estava tão apoiado nele que Richard meio arrastou ele em direção à cama. Eu me sentei, deixando o lençol na minha cintura e não ligando que eu estava sem blusa. Nathaniel se sentou, também; nós dois nos estendemos em direção a eles. Eu disse, — Damian! — Eu me estendi para ele com menos partes físicas. Sua energia estava fraca, mas era mais como se ele não tivesse acordado completamente de sua sonolência do dia. Suas pernas cederam completamente, e Richard o carregou em seus braços como uma criança. Ele deitou Damian ao meu lado. O longo cabelo vermelho escondeu o rosto do vampiro. Eu movi o cabelo para que eu pudesse ver seu rosto. Ele piscou para mim, os olhos de um verde brilhante perfeito, verde como a grama do verão. Foram os olhos de Damian que tinha subido tanto a barra nos olhos de cor verde. Os olhos de ninguém se comparavam. Ele tentou se focar em mim, mas ele não pareceu se capaz de fazê-lo. Eu toquei seu rosto, e sua pele estava gelada. —Eu alimentei o ardeur – porque ele não está melhor? Jean-Claude veio colocar sua mão na testa de Damian. Richard disse, — Eu encontrei ele caído contra a parede logo depois do salão dos caixões. Quando Remus chamou reforço, todos os guardas vieram pra cá. Damian estava tentando rastejar até você.


—O que te fez pensar em checa-lo? — Micah perguntou, ainda ajoelhado na cama. — Eu lembrei do quão ruim ele ficou da ultima vez que seu laço com Anita quebrou. Eu pensei que alguém devia checar. —Pensamento muito bom, mon ami. — Jean-Claude tocou minha bochecha, então a de Nathaniel enquanto ele mantinha sua outra mão no rosto de Damian. Ele finalmente deu um passo para longe de todos nós, franzindo o cenho. — Eu acredito que parte do que está errado é simplesmente que Damian tenha acordado muito cedo. Somente os mestres muito poderosos entres nós acordaram antes do meio dia, mesmo que bem abaixo. Damian não é um mestre. Eu acredito, ma petite, que você tenha chamado ele de seu caixão, mas mesmo com energia extra foi muito cedo. Eu segurei uma mão gelada em ambas as minhas. —Ele vai ficar bem? Eu machuquei ele? —Eu vou ficar bem. — A voz de Damian estava lenta, pesada, como se ele estivesse drogado. Eu sorri para ele. —Damian, sinto muito. Ele deu um jeito de dar um sorriso fraco. —Seria legal, — ele inspirou dificilmente, — se você parasse de quase me matar porque você não quer foder com outras pessoas. Eu não sabia se sorria ou se ficava exasperada. — Eu acredito que Damian se sentiria melhor se Nathaniel tocasse ele, também, — Jean-Claude disse. Nathaniel pegou a outra mão de Damian na sua, e o poder pulou entre nós. Me fez arfar. Foi como se um circuito


tivesse sido completado. A energia zumbiu da minha mão, pelo corpo de Damian, até a mão de Nathaniel e assim de volta. Damian inspirou muito ar, quase como se doesse. Ele praguejou, suavemente. —Dói? — Nathaniel perguntou, parecendo preocupado. —Maravilhoso, — Damian sussurrou, — é maravilhoso. Você é tão quente. Estranhamente, eu tinha quase certeza de que ele estava falando com Nathaniel. —Senhor, com licença, senhor. — Era Remus; nervos sempre faziam ele falar de um jeito militar. Claro, funcionou. Jean-Claude e Richard ambos viraram para olhar para ele. Nós todos olhamos para ele, exceto Damian, que tinha fechado os olhos. —Sim, Remus, — Jean-Claude disse. Ele finalmente olhou para mim, mais ou menos. Ele nunca gostou de contato visual direto, mas ele parecia incapaz de encarar meu ombro, como normal, porque muito de meus seios estavam no caminho. —Eu te devo uma desculpa, Blake. — Ele disse de um jeito que, desculpa ou não, era obvio que ele não queria estar dizendo aquilo. Eu dei a ele o máximo de contato visual que ele me deixou. — Que desculpa você me deve, Remus? Ele corou, e isso encheu algumas partes de seu rosto com uma cor brilhante, mas algumas linhas pálidas, de modo que você podia ver onde todos os pedaços de seu rosto não combinavam. —Eu achei que você só fosse uma... — Ele


parou, pareceu pensar sobre isso, e finalmente disse, — Bem, você sabe o que eu estava pensando. Eu poderia ter sido má, e dito não, eu não sabia, e tentado forçar ele a dizer tudo em voz alta. Mas de verdade, eu não queria ouvir ele me chamando de vadia. Pensar tinha sido o bastante. —Está tudo bem, Remus, eu poderia ter pensado a mesma coisa se eu estivesse do lado de fora. Ele deu um pequeno sorriso. — Se é realmente vida e morte para você e seu povo, então você precisa falar com Narcissus sobre guardas e comida. — Ele quase riu. — Talvez dar a eles uma cor de camiseta diferente. Ele balançou a cabeça, e só parou de falar. Ele se virou, e saiu, como se o que quer que ele estivesse prestes a dizer, ele queria parar antes de dizer, e sair era a única solução. Quando a porta fechou atrás dele, e nós estávamos totalmente livres de guardas, Micah falou pela maioria de nós, eu acho. — Ele é estranho. Eu só assenti. Estranho descrevia Remus. Eu achei que eu não entender ele era porque eu não o conhecia tão bem, mas eu estava começando a achar que daqui a alguns meses, eu não teria muita ideia do porque ele fazia ou não fazia as coisas. Algumas pessoas são misteriosas, e conhece-las bem não faz delas menos misteriosas. Menos confusas às vezes, mas não menos misteriosas. Asher encostou contra o poste da cama, perto de nós. Ele tinha um olhar em seu rosto que eu costumava pensar que

significava

provocação,

mas

agora

eu

sabia

que


significava coisas piores e mais sombrias. —Richard, — ele disse, tão agradável, — você realmente nos deixou porque você se preocupou com a segurança de Damian? Richard estreitou os olhos para ele. —Sim. —Sério? — Asher deu um jeito de colocar naquele única palavra um mundo de dúvida. Richard mudou de posição, desconfortavelmente, como se ele não soubesse o que fazer com suas mãos. —Eu não queria ver Anita se alimentando em Requiem. Isso te deixa feliz, saber isso? — ele perguntou para Asher. Asher

encostou

sua

bochecha

contra

a

madeira

esculpida, e assentiu. —Na verdade, sim, deixa. — Por quê? Porque meu desconforto te agrada? Asher prendeu suas mãos em volta do poste, usando-o como um apoio, como se a cena fosse ensaiada. A maioria dos vampiros tinha um certo gosto pelo drama. Os vampiros de Belle tinham mais do que precisavam às vezes. Ele não respondeu a pergunta de Richard, mas fez uma afirmação. —Você poderia ter ficado, Richard, porque ela não se alimentou em Requiem. — Pare, Asher, — eu disse. —Pare o que? — ele perguntou, e o brilho em seus olhos me deixou saber que ele sabia exatamente o que e que ele estava bravo com alguma coisa. Bravo com Richard, talvez, ou bravo sobre alguma coisa inteiramente diferente. Misterioso e confuso não se aplicava somente a Remus. —Se você está bravo com alguma coisa, diga. Se você não está, então pare toda a provocação de raiva.


O aperto de Damian no meu braço apertou. Talvez ele só estivesse se sentindo mais forte, ou talvez ele estivesse tentando me lembrar para não ficar brava. Um de seus trabalhos como meu servo vampiro era me ajudar a lutar contra esses impulsos de raiva. Seu próprio autocontrole de ferro tinha sido forjado por aquela-que-tinha-criado-ele. Qualquer

emoção

forte

era

eventualmente

punida,

horrivelmente punida. Eu tinha compartilhado o bastante das memórias de Damian para saber que sua criadora fazia Belle Morte parecer um coração de gentileza em comparação. Damian tinha aprendido a controlar todas suas emoções, suas necessidades, porque fazer o contrário tinha sido um desastre. Ele apertou minha mão, não tão forte quanto o normal. Ele não estava bem, certamente, mas eu senti calma fluindo dele para mim. A calma não de meditação gentil e o ideal moderno de paz mental, mas o ideal mais antigo, quando controle era esculpido da dor e dificuldade, e pintado em cicatrizes pela sua pele. —Damian está sussurrando coisas pacíficas em sua cabeça, Anita? — Asher perguntou. Seu tom ainda estava provocante e suave, mas debaixo estava um fio de navalha de rancor. —Você sabe como querer honestidade total é só outro jeito de eu ser um pé no saco, — eu disse. Asher olhou para mim, seus olhos como céu de inverno. —Sim.


— O que você está fazendo agora é seu próprio jeito de ficar bravo sem ficar bravo. Provocando com uma mordida. Ele prendeu os braços ao redor do poste, deixando seu cabelo deslizar para frente para esconder o lado cicatrizado de seu rosto. Era um truque antigo, um que ele raramente usava quando era só Jean-Claude e eu. Ele olhou para o quarto com a perfeição de seu perfil emoldurada pela sua espuma brilhante de cabelo. —Eu estou bravo? — Ele fez disso uma pergunta cativante. —Sim, — eu disse, e foi uma afirmação. —A pergunta é, com o que você está bravo? —Eu não admiti estar bravo. — Mas ele manteve aquele perfil perfeito, aquele brilhante cabelo, de modo que ele se mostrou ao que ele considerava sua melhor vantagem. Ele estava de tirar o fôlego, mas eu tinha começado a valorizar a visão do rosto todo, imperfeições e tudo mais, mais do que essa timidez raivosa. Esse show significava que ele estava desconfortável, ou tentando nos persuadir a fazer alguma coisa. Asher raramente flertava sem uma programação. Às vezes eram preliminares, ou só para nos fazer sorrir, mas outras vezes... Bem, eu não confiava em seu humor. —Asher quer que eu saiba em quem você se alimentou, e você não quer que eu saiba. — Richard tinha resumido satisfatoriamente. Eu abaixei a cabeça. Damian pousou seus lábios contra minhas juntas, não exatamente um beijo. Eu só tive que abrir


meus olhos para encarar seu rosto, onde ele estava deitado na cama. Ele me olhou, e seus olhos continham não simpatia, mas força, controle. Você pode fazer isso, seus olhos pareciam dizer, você consegue fazer isso, porque você deve. Ele estava certo. Eu olhei para Richard. Eu pensei em levantar o lençol e esconder meus seios, mas todo mundo que sobrava no quarto já tinha visto eles antes. Modéstia não ia me livrar da reação de Richard para a minha mais nova conquista. —Quem foi?— ele perguntou. Eu me virei para Asher, e disse, — Você me disse mais cedo que você sentia muito, que você estava colocando seus sentimentos feridos na frente do meu desastre. Você se desculpou, e tentou fazer as pazes. É só isso que sua desculpa vale, Asher? Uma hora de remorso, e você volta a ser um babaca? Seus olhos brilharam com raiva, e seu poder trilhou pelo meu corpo como um vento frio. Então ele engoliu, o poder, a raiva. Ele virou um rosto suave, se vazio, para mim. —Eu só posso me desculpar mais uma vez, ma cherie, você está absolutamente certa. Eu estou fazendo birra. — Ele deu um passo para longe da cama, e fez uma reverência lenta, que trilhou a ponta de seu cabelo até o chão. Ele levantou com um floreio, como se ele estivesse movendo uma capa com uma mão. —Por que você está dando birra?— eu perguntei. —Verdade?— Ele fez disso uma pergunta.


Eu assenti, não verdadeiramente certa se eu queria essa verdade particular. —Porque ele nunca será meu amante. Ele vai ser seu amante, mas nunca nosso junto. Por um momento eu não tive certeza de qual ele ele estava falando. A confusão deve ter aparecido em meu rosto, porque ele disse, — Você vê, ma cherie, é isso, é isso, exactement. Minha frase poderia se referir a tantos de seus homens que você não sabe sequer a quem eu me refiro. A mão de Damian apertou a minha outra vez. Eu não estava certa se era para me confortar, ou para confortar ele. Damian era um homofóbico de toque, e Asher não era uma

presença

reconfortante

se

aquela

era

sua

fobia

particular. —Você está dizendo que está bravo comigo, porque eu continuo escolhendo homens que não são bissexuais? Asher pareceu pensar sobre isso por um momento, então assentiu. —Eu acredito que sim. Eu não acho que eu sabia até você perguntar tão diretamente, mas sim, eu acredito que é por isso que estou bravo. — Ele olhou de mim para Jean-Claude. —Ele não vai vir para mim por medo de você deixa-lo, então eu não vou para outros por medo de que ele vá usar isso como uma desculpa para se afastar ainda mais de mim. —Nós concordamos que nós íamos ter essa discussão mais tarde, — Jean-Claude disse, em uma voz que estava tão vazia quanto qualquer uma que eu já tinha escutado dele.


Asher assentiu. —Eu pensei que eu podia esperar, mas eu estou sufocando com coisas não ditas, Jean-Claude. — Ele apontou para Richard. —Mas nós devemos ser cuidadosos na frente dele, também. Não daria para assustá-lo e ele ir embora. Nós não gostaríamos que ele soubesse que nós achamos ele lindo, não é? —Asher, — eu comecei a dizer, mas Micah terminou por mim. —Depois que os mestres visitantes deixarem a cidade, e nós sabermos o que nós vamos fazer sobre o bebê, então todos nós vamos nos sentar e conversar sobre as suas... Queixas. —Não, nós não vamos, — Asher disse, — pois haverá outra crise, outra razão para não acontecer. —Eu te dou minha palavra de que Nathaniel, Anita, e eu vamos nos sentar e falar sobre isso. Eu não posso prometer por mais ninguém. Asher virou aquele olhar azul de inverno para mim. — Ele fala por você? Eu assenti. —Ele fala. Asher se virou para Jean-Claude. —E você, mestre? — Havia muito sarcasmo no mestre. —Eu não vou ser ligado nas palavras de Micah em todas as coisas, mas nisso, eu concordo. Nós vamos discutir em detalhes, mas se você deixar isso pra lá por mais um tempo. —Sua palavra, — Asher disse. Jean-Claude assentiu. —Você a tem. Um pouco de tensão deixou Asher, quase como uma liberação de energia. O quarto pareceu mais leve, o ar mais


fácil de respirar. —Eu vou me comportar. — Ele olhou para Micah. —Obrigado, Micah. —Não me agradeça Asher, você é parte da vida de Anita. Se nós vamos fazer isso funcionar, então nós temos que conversar. —Sempre perfeito, não é?— Richard disse, e sua própria raiva despertou o calor no quarto. —Não, — eu disse, — não, sem mais brigas. Até eu ver o médico essa tarde, eu quero que todos vocês se comportem como um maldito adulto, ok? Richard teve a graça de parecer constrangido. Ele assentiu. —Eu vou tentar. Herdar seu temperamento deixa tão difícil não ficar puto o tempo todo. — Ele deu uma pequena risada. — Se isso é só uma sombra do quão brava você se sente o tempo todo, eu estou assombrado que você simplesmente não começa a matar coisas. Deus, tanta raiva. — Ele olhou para mim, seus olhos castanhos cheios de tantas emoções. —Você me disse uma vez que sua raiva era como minha besta, e eu menosprezei você. Eu te disse que sua raiva não poderia se comparar a minha besta, que você não sabia do que você estava falando. Eu estava errado. Deus, Anita, Deus, você é tão cheia de raiva. —Todo mundo precisa de um hobby, — eu disse. Ele sorriu e balançou a cabeça. —Você precisa aprender a controlar a raiva, Anita. Se você realmente vai se transformar, você tem que lidar com a raiva primeiro. — Seu rosto ficou sério, e ele chegou mais perto o bastante para ele poder tocar meu rosto. No momento que ele o fez, nossa


energia pulou para ele, ambos oferecendo energia, e pedindo por ela. Richard e eu nos afastamos ao mesmo tempo, porque quase tinha doido, um tapa de eletricidade. Ele esfregou as mãos. — Jesus, Anita. Eu usei minha mão livre para tocar meu rosto. A pele formigava onde ele tinha tocado. — Eu tenho os escudos bem abertos entre nós três aqui. —Você poderia adicionar a energia dos dois triunviratos de Anita? — Micah perguntou. —Adicionar?— Jean-Claude fez disso uma pergunta. —Dobrar a energia, — eu disse. —Já que ninguém já forjou dois triunviratos ao mesmo tempo, eu não tenho resposta. A energia respondeu ao toque de Richard. Eu esfreguei minha bochecha. —Você podia dizer isso outra vez. —Você está machucada?— Richard perguntou. Eu balancei minha cabeça. —Só formigando. Ele assentiu. —Sim. — Ele esfregou sua mão ao longo do lado de seu jeans, como se ele estivesse tentando acabar com a sensação esfregando as mãos. A porta do banheiro abriu. London saiu, totalmente vestido agora, ajustando sua gravata preta-em-preto. Exceto que seus olhos ainda estavam afogados em preto com poder, ele parecia normal como sempre. Ele parou e olhou para todos nós, porque nós estávamos olhando para ele. Seu rosto estava arrogante, sua versão de vazio. Eu encarei ele, e não pareceu muito real que nós tínhamos feito


sexo. Ele nunca tinha estado realmente em meu radar de caras, e agora ele era comida. Maldito mundo engraçado. —Onde está todo mundo? — Sua voz estava friamente arrogante, e não combinava com as palavras de forma alguma. —Os guardas pediram para sair, — eu disse, — e de verdade, eu não me lembro quando todo o resto saiu. London andou ao longo da beirada da cama sem olhar para mim. Ele tinha voltado ser sua versão fria, isolada, como se o sexo nunca tivesse acontecido. Ele quase deu a volta na cama, mas seu pé prendeu nas cobertas no chão, e ele caiu. Seu braço parou na cama, e ele ficou de joelhos. Ele nos espreitou na cama, como um gato que acabou de cair de alguma coisa, e está tentando fingir que ele quis fazer aquilo. Ele ficou de pé, encostado na cama. Ele afastou o cobertor caído para um lado, então chutou ele repetidamente, mãos na cama para firma-lo. Ele chutou o cobertor como se ele fosse algum tipo de inimigo que ele tinha que derrotar. Quando o chão estava limpo o bastante para ele, ele alisou suas

roupas

outra

vez,

então

começou

a

andar

cuidadosamente em volta da cama. Seu ombro bateu na cabeceira da cama, e ele caiu na cama outra vez. Dessa vez ele deu um jeito de sentar nela, e não acabar no chão, mas ele não tentou levantar outra vez tampouco. Ele sentou lá na cama, seu terno preto muito reto. Ele continuou olhando para a parede mais distante. —Você está bêbado, — eu disse.


Ele assentiu sem se virar. —Não precisamente, mas bêbado serve como uma descrição. Jean-Claude andou em volta da cama até ele estar parado na frente do outro homem. Ele encarou ele, e eu não consegui dizer se London encontrou seu olhar, ou não. —Como você se sente?— ele perguntou para ele enfim. Alguém riu, um som alto, quase histérico. Foi um momento antes de eu perceber que era London. Ele caiu de volta na cama com seus braços abertos, e suas pernas penduradas na beirada. Ele deitou lá todo preto e forte contra os lençóis pálidos, dando risadinhas. As risadinhas viraram risada. Ele se entregou a risada, como se ele tivesse se dado ao ardeur. A risada era uma risada boa e limpa, um som bom, mas nenhum de nós se juntou a ele, porque London não ria. Esse não era o Cavaleiro Sombrio com seu amor por sombras e desgosto por tudo mais. Esse homem risonho, agradável, na cama era alguém que nós nunca tínhamos visto antes. Lágrimas saíram de seus olhos, fracamente rosas com sangue como todas as lágrimas de vampiros. Ele virou sua cabeça para trás para que ele pudesse me ver. —Eu queria esconder de você, mas eu nunca poderia esconder. —Esconder o que? — eu perguntei, e minha voz soou quase assustada. —O quão bom é o ardeur. Belle disse uma vez que ela nunca tinha conhecido alguém que alimentasse o ardeur tão bem quanto eu, ou tão viciado a ele tão rapidamente. — A risada desapareceu de seus olhos, os deixando desolados.


De tanta alegria, para tanta perda, em um piscar de olhos. —Você está viciado mais uma vez, mon ami? — JeanClaude perguntou. Ele virou a cabeça para olhar para Jean-Claude. —Eu não sei com certeza, mas provavelmente, oui, eu estou. — Ele não soou nem feliz ou triste sobre isso. Ele estava quase como se falando apenas um fato. —Deus, London, sinto muito, — eu disse. Damian tentou se sentar, mas Nathaniel e eu tivemos que ajuda-lo, de modo que ele estava levantado entre nós. —Sinto muito, também. London se enrolou na cama de modo que ele estava deitado de lado, e podia nos ver. — Não sinta muito, eu me sinto melhor do que eu já me senti em séculos. — Ele fechou os olhos, e inspirou tremulamente. —Eu me sinto tão quente, tão... Vivo. Eu me lembrei de quando o ardeur estava procurando por comida, como ele tinha atingido o radar. Tão poderoso, mas mais do que aquilo. — O ardeur te reconheceu como o poder saboroso do quarto. É porque você foi viciado nele uma vez? —Requiem foi viciado uma vez, — London disse. —Ele pareceu saboroso, também? —Não tanto quanto você. —Belle disse que meu poder é para alimentar o ardeur. Para usar uma linguagem moderna, eu sou uma bateria para ele.


—Se você é uma alimentação tão boa, então porque Damian não se sente melhor? — Nathaniel perguntou. —Eu não quis fazê-lo, mas eu acho que eu bebi uma grande quantidade de energia. Foi como estar perdido no deserto por anos, e de repente ver um rio, correndo fria e profundamente. Minha pele o absorveu, eu não podia parar. Eu mantive a maior parte da energia, e eu sinto muito por isso. —Não, você não sente, — Nathaniel disse, sua voz suave, mas certa. London riu, um som feliz e abrupto. —Você está certo, não sinto. Eu sabia que seria energia o bastante para manter Damian vivo, e além disso eu não me importei. — Ele curvou toda aquela forma alta e forte em uma bola, e olhou para mim com um rosto mais incerto do que qualquer um que eu já tinha visto de London. —Eu estou a sua mercê. Eu tentei esconder o quanto isso significou para mim, mas eu não posso. Eu nunca pude esconder de Belle tampouco. Ela me torturou com isso. — Ele olhou para mim com aqueles olhos perdidos, e disse, — Você vai me torturar, Anita? Você vai me fazer implorar por outra prova? Meu pulso estava repentinamente em minha garganta, não de paixão, mas de medo. O orgulhoso, assustador London estava enrolado em uma cama me encarando com um olhar que eu só tinha visto nos olhos de Nathaniel. Eu conhecia aquele olhar. Ele dizia, Você pode fazer o que você quiser, mas fique comigo. Eu vou fazer o que você quiser, mas fiquei comigo.


Ronnie sempre tinha sido capaz de achar homens para foder sem complicaçþes. Eu, eu parecia estar concorrendo por

homens

incrivelmente

complicados.

JĂĄ

por

fodas

descomplicadas, eu nĂŁo conheceria uma nem se ela mordesse em minha bunda.


Capítulo 34 Lá pelas duas e quarenta e cinco nós estávamos na ala de maternidade no hospital St. John. Se eu estivesse com mais

tempo

alguém

poderia

ter

chamado

de

ala

da

maternidade, mas não na minha frente, não se eles quisessem continuar vivos. Dizer que eu não estava feliz de estar ali era um eufemismo de proporções gigantescas. O Dr. North tinha dado uma olhada na multidão comigo, e deu um jeito de arrumar um quarto privado para o exame. Ou talvez ele me conhecesse o bastante para ter arranjado antes. O quarto tinha um papel de parede de flores rosas, e toda a mobília tentava ser acolhedora, ou pelo menos fingia que nós estávamos em um hotel legal. Tudo exceto a cama. A cama era mais legal que a maioria, mas ainda tinha grades, e uma dessas bandejas sobre rodas no pé dela. Ainda era uma cama de hospital, não importava o quão embonecado os arredores fossem. Eu não estava deitada na cama. Eu estava caminhando no quarto, porque nós estávamos esperando pelos resultados do exame de sangue. Nós íamos descobrir em minutos o quão ruim as notícias iam ser. Micah estava em uma cadeira no canto, fora do meu caminho. Homem esperto. Nós tínhamos dois homens-leão conosco, um parado quieto contra uma parede, e o outro na outra única cadeira do quarto, lendo. Joseph tinha aparecido


com seis homens-leão para eu escolher. Joseph realmente não gostava de Haven, o leão de Auggie, e estava esperando que eu escolhesse outros, leões menos dominantes para brincar. Tudo bem para mim. Mas como você escolhe entre estranhos relativos? Como você escolhe aqueles que vão te deixar no mínimo transforma-los, violentamente, para suas formas animais? Como você confia que eles não vão lutar contra você? Joseph assegurou a mim e Jean-Claude, — Eu escolhi submissos, como eu discuti com Jean-Claude. Eu acho que eles vão ser como Nathaniel foi para você um dia, para o ardeur. —O que isso deveria significar? — Eu perguntei. —Eu acho que você vai ser capaz de alimentar o ardeur deles sem contato sexual completo. Se eu entendo como o ardeur funciona, é somente dominância e poder que te impede de se alimentar de um beijo. —Essa é a teoria, — eu disse. Todos eles pareciam suaves e incompletos e muito frágeis para minha vida, mas eu escolhi dois deles. Travis e Noel; loiro e o respectivamente moreno. Travis era um grande empresário e Noel um universitário de graduação em inglês. Noel usava óculos e tinham uma prova Segunda. Ele tinha trazido livros para estudar. Travis só trouxe ele mesmo. Noel estava lendo para sua prova e ignorando tudo ao redor dele. Travis estava observando tudo com aqueles olhos marrons pálidos dele. Ele observava do jeito que policiais


observam, como se eles estivessem memorizando tudo. Ele parecia particularmente interessado em Richard. O turno dos meus guarda-costas tinha mudado, de modo que Claudia e Lisandro estavam no canto mais longe perto da porta, fazendo aquela pose de guarda costa casual que era quase uma crise, mas não exatamente. Se qualquer um deles já tinha sido militar ou policial, nunca parecia. Eles eram só fodões, e aquilo era o bastante. Havia mais dois guardas fora do quarto, perto da porta, o que o Dr. North tinha protestado contra também, mas Claudia tinha olhado feio para ele, e ele tinha deixado. Um dos guardas do lado de fora da porta era Graham, o outro era um homem-hiena que eu não conhecia. Ixion era seu nome, embora ele dissesse isso como se ele odiasse o nome, e nunca tivesse gostado. Narcissus se divertia mais do que ele deveria, distribuindo nomes para alguns de seus homens novos. Ixion era tão exmilitar que ele ainda tinha o corte de cabelo, e parecia desconfortável em roupas civis. Nós não precisávamos realmente de quatro guardacostas, mas foi o único jeito que Claudia pode ver para nos arrumar um lobo que iria se transformar por mim no hospital se eu precisasse, sem deixar Richard saber que nenhum de nós

confiava

nele

para

tomar

minha

besta

em

uma

emergência. Graham era meu lobo no buraco, por assim dizer, e Ixion veio junto porque Claudia preferia todos os guardas em pares. Se nós estávamos fingindo, nós tínhamos que fingir bem. —Você vai se desgastar, Anita, — Richard disse.


—Então eu vou me desgastar, — eu surtei, e soube que eu tinha surtado, e não tinha mais nervos para me importar. Ele se afastou da parede, e andou em minha direção. Ele estendeu a mão, como se ele fosse me abraçar, ou me confortar. —Não, — eu disse, e continuei andando até a janela me fazer parar e me virar. —Eu só quero ajudar, Anita, — ele disse. —Caminhar ajuda, — eu disse, não olhando para ele. Porque ele não podia entender que eu só queria ser deixada sozinha, porra? Micah entendia. Nathaniel queria vir, mas se transformar tão cedo tinha deixado ele exausto. Uma vez que você atinge a forma animal você normalmente passa entre seis e oito horas nela; se você se transforma de volta cedo demais isso vem com um preço. Se ele ia estar bem hoje a noite ele precisava descansar. Eu tinha deixado ele com Damian, para que ambos pudessem se sentir melhor antes do cair da noite. Richard tocou meu ombro quando eu passei. Eu me afastei

dele

e

continuei

andando.

Se

nós

tivéssemos

descoberto um jeito de trazer Damian comigo, nós teríamos trazido. Ele me ajudava a ficar calma, e eu precisava disso. Mas vampiros não viajam bem na luz do dia. —Se você não se acalmar, — Richard disse, — você pode chamar sua besta. Você não quer isso, não aqui. Eu parei e olhei para ele. —Tomaria conta do problema, todavia, não tomaria? —Você não quer isso, — ele disse.


—Inferno que não. —Ulfric, ela está queimando a energia nervosa dela caminhando. —Eu sei disso, — Richard disse em uma voz nada amigável. —Se você a fizer parar de caminhar, então aonde a energia vai? Richard abriu a boca, fechou, e assentiu. —Você tem um ponto. Eu acho que está me deixando nervoso a ver caminhar. —Então não veja,— Travis disse, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Richard inspirou profundamente, e disse, — Eu vou pegar um pouco de ar. Eu vou estar do lado de fora, eu prometo. Eu pausei meu andar para dizer, — Eu sei que vai. Ele assentiu, então saiu. Quando a porta fechou atrás dele, Travis disse, — Graças a Deus. Um de vocês nervoso é o bastante para um quarto desse tamanho. Eu olhei para ele. —Richard está assim tão nervoso? Micah riu. — Sim. Eu abracei meus braços apertado. —Eu acho que eu estou tão nervosa que eu não percebi; —Você tem o direito de estar nervosa, — Claudia disse de perto da porta. Eu assenti, mas não como se eu acreditasse nisso. Houve uma batida na porta. Eu pulei, e me virei na direção da porta, meus dedos afundando em meus próprios braços.


Eu não estava me abraçando agora, eu estava me apertando, como se minhas unhas estivessem afundando naquele último pedaço do penhasco antes de você cair gritando no abismo. Graham abriu a porta o bastante para colocar sua cabeça, e disse, — O médico está aqui. —Deixe-o entrar, — Claudia disse, e sua voz estava tensa. Eu estava deixando todo mundo louco com nervos? O Dr. North entrou, com uma olhada em Ixion, parado perto da porta. —Seus homens estão deixando as enfermeiras e pacientes um pouco nervosos. Eles podem entrar no quarto? Eu olhei para Claudia. Ela que estava no comando. Ela assentiu, e eu mandei Lisandro abrir a porta e convidar Graham e Ixion para entrar. Graham simplesmente achou um pedaço de parede para encostar. Ele me deu um sorriso nervoso que eu acho que era para ser confortante. Ixion fez uma careta para o quarto todo, e não pareceu saber onde ficar. O quarto estava ficando um pouco cheio. —A janela, Ixion, — Claudia disse. —Nem tudo que nos caça vem pelas portas. — Nós não estávamos realmente em tanto perigo de ataques diretos, mas deu ao homem um lugar para ficar que era longe da cama e o que quer que nós estivéssemos fazendo. Embora se houvesse um exame pélvico vindo, então todo mundo que não podia ser o pai ia sair. Quando Ixion se acomodou contra a janela, Dr. North olhou em volta do quarto. — Você quer discutir isso na frente de todo mundo?


—Você acabou de me fazer trazer mais duas pessoas para dentro, doutor. Ele sorriu. — Quero dizer, talvez você queira que alguns deles vá até a cafeteria. Eu suspirei, e balancei minha cabeça. Como eu podia explicar que se as notícias fossem ruins o bastante eu poderia precisar de um, ou toda a minha esquipe de apoio? Eu não podia, então eu não o fiz. — Só desembuche doutor, tudo bem? O suspense está me afetando. Ele assentiu, ajustando seus óculos. A porta abriu atrás dele, e Richard entrou. —Eu perdi alguma coisa? Eu balancei minha cabeça. —Anita, — Dr. North disse, — você vai sangrar se você não parar de afundar suas unhas em seus braços. Eu encarei minhas mãos como se elas só tivessem aparecido no fim dos meus braços. Meus dedos estavam rígidos com tensão quando eu tirei eles dos meus braços. Pequenas meias-luas das minhas unhas decoravam minha pele. Quase sangrou, quase. Richard me ofereceu sua mão. Eu hesitei, então a peguei. A energia disparou entre nós; nós dois estávamos muito nervosos para ajudar um ao outro. Ele se desligou, se escudou, e sua mão ficou só quente e real na minha mão. Eu apreciei o esforço de sua parte, depois de ele ter visto o que eu tinha feito com meus próprios braços, mas eu finalmente perdi a batalha para não olhar atrás de mim para Micah. Eu


estava muito assustada para brincar com o ego de qualquer pessoa. Muito assustada para não querer me prender no máximo de conforto que eu podia achar. Micah veio e pegou minha outra mão. Richard ficou rígido, não querendo isso, e não sendo capaz de esconder que ele não queria isso, mas ele não deu birra. Eu apertei sua mão, e coloquei minha cabeça contra seu ombro para deixa-lo saber o quanto o esforço significava para mim, porque significava. Realmente significava. A atenção extra fez ele sorrir, aquele sorriso que iluminava todo seu rosto. O sorriso pelo qual uma vez eu tinha dado meu coração para ver. Eu me virei de volta para o doutor, me segurando nos dois, e me sentindo melhor por isso. Eu teria gostado de bancar a calma, mas eu segurei a mão deles como se eles fossem os últimos pedaços de madeira em um oceano. —Eu fiz eles testarem seu sangue uma segunda vez, Anita. —Isso não pode ser bom, — eu disse. —Essa é a parte em que você pede para ela se sentar?— Claudia perguntou. Dr. North olhou para ela. —Ela pode se sentar se ela quiser. — Ele se virou de volta para mim, com um sorriso. — Você quer se sentar? —Eu preciso me sentar? Seu sorriso aumentou, e ele olhou para os homens em ambos os lados. —Eu acho que não, mas se você se sentar,


eu acho que você tem apoio o bastante. — Ele assentiu para Micah e Richard. —Só me conte doutor, — eu disse. Minha voz tensa, mas quase normal. Pontos para mim. —Eu posso ser absolutamente sincero na frente de todo mundo aqui?— ele perguntou. Eu lutei contra a necessidade de gritar, e dei um jeito de dizer, — Sim, sim, só fale. Deus, por favor, só diga. Ele assentiu, outra vez. —Você está ciente de que você tem licantropia? Eu assenti, então franzi o cenho. —Eu estou ciente de que eu carrego licantropia. —Engraçado você dizer isso desse jeito, — ele disse. — Seu exame de sangue é simplesmente único, Anita. —Eu descobri alguns semanas atrás que eu estou carregando leopardo, lobo, leão, e alguma coisa que os médicos não conseguiram sequer identificar. Ele me deu um olhar. —Você sabe que é impossível carregar mais do que uma raça de licantropia. Cada uma cancela a outra. Você não pode pegar mais de uma vez. Eu assenti outra vez, apertando as mãos que me seguravam. —Eu sei de tudo isso. É um milagre médico, blá blá blá, só chegue na parte da gravidez. Eu tenho a síndrome de Mowgli, ou de Vlad? Ele me deu um contato visual muito bom, muito sério, e disse, — Sim, até onde os testes podem nos dizer. Meus joelhos cederam, e eu poderia ter atingido o chão, mas Micah e Richard me pegaram. Alguém trouxe uma das


cadeiras, e os homens me abaixaram nela. Eles mantiveram as mãos nas minhas, e cada um deles colocou uma mão em um ombro, como se eles não confiassem em mim em não cair para frente. Não estava tão ruim, não ainda. Não ainda. —O que você quer dizer, “até onde os testes podem nos dizer”? — Micah perguntou. —As duas síndromes são como licantropia; você não pode ter ambas. Um feto não pode carregar tanto a síndrome de Vlad e a síndrome de Mowgli. Se Anita não estivesse carregando quatro tipos diferentes de licantropia, uma impossibilidade médica, eu diria que nós poderíamos ter gêmeos, mas por causa do outro exame de sangue, e alguns dos outros exames... Sua boca continuou se mexendo, mas tudo que eu conseguia ouvir em meus ouvidos era o sangue correndo. Richard e Micah me ajudaram a colocar minha cabeça entre meus joelhos, e me impedir de cair da cadeira. A cabeça entre meus joelhos ajudou depois de um tempo. Mas eu estava contente pelas mãos deles em mim, me segurando no lugar. Eu não desmaiei, mas eu já tinha desmaiado antes, e isso parecia horrivelmente similar. Jesus, gêmeos. Nem me fale sobre troco cármico, com interesse. Gêmeos com dois dos piores defeitos de nascença conhecidos pela ciência moderna. Doce Maria, Mãe de Deus, me ajude nessa. A voz do Dr. North veio da minha frente. Ele estava ajoelhado ao meu lado. — Anita, Anita, você consegue me ouvir? Anita! Eu dei um jeito de assentir com minha cabeça.


—Eu não quero te dar uma esperança falsa aqui, porque com meu conhecimento o único jeito de testar positivo para essas síndromes é estando grávida, mas seu teste deu negativo para gravidez. Duas vezes. Eu levantei minha cabeça, lentamente; um, porque era o mais rápido que eu podia mexê-la seguramente, e dois, porque eu não acreditava que eu tinha escutado o que eu tinha escutado. —O que? — eu perguntei, em uma voz que não soava como eu de forma alguma. Ele estava ajoelhado na minha frente, e ele era alto o bastante e eu baixa o bastante para nós termos contato visual perfeito. Seu rosto estava sincero, preocupado. Ele falou

lentamente,

cuidadosamente.

— Seu

exame

deu

negativo para gravidez. Eu franzi o cenho para ele. —Mas você disse... Ele assentiu. —Eu sei. Eu não entendo os resultados tampouco. De fato, as enfermeiras e internos estão fazendo queda de braço para disputar quem vai me ajudar a fazer um ultrassom. —Queda de braço? —Você quer a verdade? —Sim. —Não importando o que acontecer com o ultrassom, isso é uma novidade médica, até onde nós sabemos. Ou você não está gravida, e seu teste deu positivo para duas síndromes que nós pensávamos que precisava de um teste de gravidez positivo. Ou você está carregando gêmeos, de pais diferentes, e por alguma razão nossos testes negaram que


você está gravida. Incomum o bastante. E não esqueça, como nós discutimos no telefone, o bebê Mowgli poderia estar viável em semanas, mas o outro bebê não estaria. Eu só olhei para ele. —O que você quer dizer, doutor? — Richard perguntou. Ele deu uma lição abreviada sobre Mowgli, e o potencial para uma gravidez veloz. —Ou algo no exame de Anita fez ela dar positivo para tudo isso. — Ele olhou para mim, ainda de joelhos. —Você

é

um

licantropo?

Quero

dizer,

você

se

transforma? Eu balancei minha cabeça, então adicionei, — Não até agora. —O que “até agora” significa?— ele perguntou. —Quer dizer que eu cheguei perto. Micah disse, — Nós pensamos que ela ia se transformar mais cedo hoje. —Há quanto tempo ela carrega raças múltiplas de licantropia? Micah olhou para mim. Eu dei de ombros. — Quase seis meses, nós achamos. Quando ela não se transformou, nós simplesmente assumimos que ela não tinha pegado. O Dr. North assentiu como se aquilo fizesse sentido. —Logico, até um ponto. A literatura diz que na primeira lua cheia você se transforma, ponto. Mas você está dizendo que ela teve seis luas cheias, e nada. —Não fale sobre mim como se eu não estivesse aqui, — eu disse.


—Sinto muito, Anita. Eu pensei em te dar alguns minutos para se recuperar. —Eu estou o melhor que eu posso ficar, — eu disse. Eu inspirei profundamente e expirei lentamente. Eu empurrei os braços deles. —Eu consigo me sentar, eu estou bem. —Anita, — e dessa vez foi Micah — deixe-nos ajudar, por favor. Eu tentei achar a energia para ficar ranzinza com isso, mas eu não tinha mais nenhuma. — Tudo bem, só me segure, não me segure na cadeira. É como estar presa. — Presa, sim, isso praticamente descrevia a situação. Micah colocou sua mão para baixo, e depois de uma batida de coração, eu a peguei. Richard fez o mesmo no outro lado, e eu peguei sua mão, também. Eu estava sendo corajosa, mas se as notícias continuassem sendo tão interessantes, eu poderia precisar de algo em que me segurar. —Os resultados dos exames voltaram com os mesmos resultados em todos os testes duas vezes. Já que de acordo com tudo que nós achamos que sabemos, isso é impossível, eu quero fazer um ultrassom. O ultrassom irá mostrar se você está grávida ou não. Nós vamos ser capazes de ver. Se nós não vermos, então você não está grávida. O teste caseiro foi um falso positivo, e o exame está certo. —E se eu estiver grávida? Ele lutou com seu rosto, tentando achar alguma boa maneira que iria com o momento. —Então nós vamos fazer isso.


—Dois bebês, um que pode crescer tão rápido que vai estar pronto para nascer em semanas, e um segundo bebê que pode tentar me comer de dentro para fora, ou comer seu gêmeo. — Minha voz era minha outra vez. Eu poderia estar falando sobre o que eu ia comer no jantar. Alguém disse, — Jesus. — A mão de Richard apertou a minha até quase doer, mas eu não falei para ele solta-la. Eu queria senti-lo ali. Micah adicionou uma segunda mão, segurando meu braço, também. Pelo menos nenhum deles contou a grande mentira, que iria ficar tudo bem. Não ia ficar tudo bem. O Dr. North piscou para mim. Nunca é bom ver seu médico fazer aquela piscada lenta de oh-meu-Deus. —Eu acho que isso seria o pior cenário possível, Anita. Vamos fazer o ultrassom, então nós vamos saber com o que nós estamos lidando. — Ele ficou em pé, balançando suas calças, e não encontrando os olhos de ninguém. Eu acho que eu era um pouquinho precisamente pessimista para o Dr. North. Eu, sendo muito pessimista, inferno, sim.


Capítulo 35 Eu tive que deitar na cama. O Dr. North abaixou as grades para que ele e o equipamento de ultrassom pudessem chegar perto o bastante. As grades do outro lado foram abaixadas para que a multidão pudesse se juntar ao redor. Ele não tinha exagerado sobre os residentes e enfermeiras fazendo queda de braço. Bem, talvez sobre o método de escolha, mas todos eles queriam estar ali. Nós estávamos fazendo uma excentricidade médica, se não história médica, não importando o que acontecesse. Eu me sentia como uma exposição no zoológico. O Dr. North me passou, dizendo, — Nós não precisamos de tanta gente. Um dos residentes disse, — Vamos tirar um pouco do pessoal dela. Eu olhei diretamente para ele, e disse, — Saia! Ele começou a discutir. Dr. North disse, — Saia. O residente saiu. Os médicos-estagiários que sobraram foram muito mais educados. As enfermeiras ficaram completamente espremidas, embora um dos médicos fosse uma mulher. Claudia salvou o dia, um pouco, dizendo, — Anita, ele foi um babaca, mas para isso, nós podemos tirar alguns de nós. Eu vou assumir, — e ela olhou para os jalecos brancos, — que algumas dessas pessoas estão aqui para ajudar.


Indiferentemente do que o ultrassom mostrar, nós não temos a experiência médica

para oferecer

sugestões.

— Ela

gesticulou para o pessoal dela sair, dizendo, — Nós vamos estar logo ali fora se você precisar de nós. Ela chamou Travis e Noel. — Vocês dois, venham conosco. —Nós não somos guardas, — Travis disse. — Joseph nos deu para Anita, não você. —Agora não é o momento de se um pé no saco, Travis, — eu disse; minha voz não estava mais calma. Estava começando a se desfazer. Ele não discutiu depois daquilo. Ele só saiu. Noel seguiu ele, agarrado ao seu livro e sua mochila. Claudia me deu um olhar antes de sair. Eu quase a chamei de volta, mas não o fiz. Nós não éramos amigas próximas, mas eu confiava nela. Eu confiava em Micah, e em certo ponto eu confiava em Richard. Mas eles não eram partidos neutros, e nós poderíamos precisar de uma cabeça mais fria, uma não tão pessoalmente envolvida. A porta fechou atrás dela antes de eu poder decidir dizer Fique. Decisão feita. O Dr. North começou a mandar os residentes saírem, até nós ficarmos com três. Aquilo deixou espaço o bastante para Micah e Richard ficarem perto da cabeceira da cama do lado oposto das coisas do ultrassom. Eu só tinha uma mão para oferecer, e Micah a pegou. Richard acabou apertando meu ombro, mas abençoe ele, ele não discutiu. Talvez a fase adulta realmente tenha finalmente atingido todos nós, e as brigas fossem parar.


Nós podíamos ter esperança. Eu tive que tirar minha jaqueta, o que mostrou a arma e seu coldre. Eu estava usando o cinto extra que eu deixava na casa de Jean-Claude, mas eu só tinha dois, então eu tinha que mandar Nathaniel ir comprar mais cintos de couro logo. A única residente mulher continuava olhando para a arma, pequenos relances de seus olhos, como se ela nunca tivesse visto uma antes. Eu tive que tirar o cinto, e soltar a parte inferior do equipamento do ombro, para que o doutor pudesse descer meus jeans até abaixo do meu quadril. A arma não ficou parada quando eu deitei na cama, e eu tive que usar ambas as mãos para puxa-la para abaixo. Eu acho que eu poderia ter tirado ela e deixado Micah segura-la, mas eu queria a arma me tocando. Era o único cobertor de segurança que eu tinha comigo, exceto por Micah e Richard. E já que ambos eram um pouquinho responsável por eu estar nessa bagunça, bem, eu estava tendo sentimentos misturados sobre me apoiar em qualquer um que poderia até remotamente ter me deixado grávida. Pela primeira vez, eu me perguntei se uma vasectomia em um licantropo era uma coisa absolutamente certa. —Isso vai estar gelado, — O Dr. North disse, antes de colocar gel transparente por toda minha barriga. Estava frio, mas me deu algo com o que ocupar minha mente, e eu estava aceitando isso.


—Micah fez uma vasectomia há quase três anos atrás. Nós o descontamos como o possível pai, mas ele é um licantropo, quero dizer... Dr. North olhou para Micah. —Ele só queimou as pontas ou ele colocou clipes de prata? —Ambos, e eu fui testado há quase seis meses atrás e veio tudo certo. —Eu já escutei sobre usar clipes de prata; você está ciente de que houve dois casos de envenenamento por prata de vasectomias que nem as sua? Micah balançou a cabeça. — Não, eu não estava ciente. —Você deveria deixar seu médico fazer um exame de sangue para níveis de prata, só por segurança. — O Dr. North olhou para mim, e seu rosto estava todo suave. Boas maneiras. Ele levantou um pedaço robusto de plástico. —Eu vou passar isso pela sua pele. Não dói. Eu assenti. —Você explicou como funciona, doutor, só faça isso. Ele começou a passar o bastão robusto pela minha barriga, espalhando o gel transparente ao redor enquanto ele trabalhava. Eu observei a pequena tela de TV atrás dele. Ele estava olhando para ela, também. Estava cinza, branca, e preta, e borrada. Se fosse minha televisão de casa eu teria chamado a empresa da TV a cabo e feito um inferno. As imagens pareciam fazer mais sentido para ele do que para mim, porque ele olhava e mexia o bastão. Então ele só começou a mover o bastão sem olhar para ele, olhando somente para a tela.


O residente mais alto disse, — Bem, inferno. — Ele soou terrivelmente desapontado. North nem olhou para ele. Ele só disse, — Saia. —Mas... —Agora, — e meu gentil médico soou tão mau e sério quanto eu já tinha ouvido ele. Ele poderia ter boas maneiras com os pacientes, mas eu estava começando a ter uma ideia de que era ai que suas boas maneiras acabavam. Tudo bem por mim. —O que há de errado? — Richard disse. Ele estava inclinado sobre mim, tentando decifrar as imagens. Eu perguntei. — O que você está vendo que eu não estou? —Nada está errado, Sr. Zeeman, — O Dr. North disse sem olhar para ele. —E o que eu estou vendo? Nada. —O que isso significa, nada? — Micah perguntou, e pela primeira vez eu escutei uma ameaça de tensão em sua voz. Aquele controle de ferro, quebrando só um pouquinho. North se virou de volta para mim com um sorriso. —Você não está grávida. Eu pisquei para ele. —Mas o exame... Ele deu de ombros. —Um falso positivo raro, muito raro. Anita, você está fora dos parâmetros normais em cada exame que nós fizemos, porque nós deveríamos ficar surpresos se um teste de gravidez caseiro fica um pouco confuso com sua química interna? Eu o encarei, não sendo capaz de acreditar nisso ainda. —Você tem certeza. Eu não estou grávida.


Ele balançou a cabeça. Ele colocou o bastão de volta na minha barriga. Ele fez um pequeno círculo em uma área surpreendentemente pequena. —Nós o veríamos aqui. Seria pequenino, mas nós veríamos, se houvesse algo para ver. Não há. —Então como meu teste deu positivo para a síndrome de Mowgli e Vlad? —Eu não sei com certeza, mas eu adivinharia que as mesmas enzimas que o teste procura voltariam positivas se você mesma fosse um licantropo. É designado para testar mães humanas, não mães que já são licantropo. —E a síndrome de Vlad? — Isso da residente mulher. North franziu o cenho para ela. —Nós vamos discutir o caso quando a paciente tiver suas perguntas respondidas, Dr. Nichols. Ela pareceu adequadamente mortificada. —Sinto muito, Dr. North. —Não, ela tem um ponto, — eu disse, — e a síndrome de Vlad? Ele tocou meu queixo, moveu minha cabeça para que as marcas de Requiem aparecessem. —Você doa sangue em uma base regular? —Sim, — eu disse. —Nós estamos testando para enzimas no sangue nessa etapa, Anita. Eu nunca li um estudo em o que uma doação de sangue regular faz com os resultados do exame de sangue. Nós sabemos que pode causar anemia, mas além disso, eu não acho que alguém já estudou isso.


—Posso perguntar uma coisa, por favor? — Foi a residente mulher, Nichols. North deu a ela um olhar gelado. —Depende da pergunta, doutora. — Ele disse a parte da doutora como se fosse um insulto. Eu estava vendo um lado completamente novo do meu médico. —Não é sobre a gravidez, é sobre a mordida. —Você pode perguntar. — Ele fez soar como se ele fosse ela ele não faria, mas Nichols era mais dura do que isso, e não

desistiu,

embora

ela

parecesse

nervosa

beirando

assustada. —Há muitas feridas ao redor da mordida. Eu achei que fossem só duas puras marcas de perfuração. Eu olhei para ela. —Você só viu marcas de mordida no necrotério, certo? — eu fiz disso uma pergunta. Ela assentiu. —Eu fiz um curso de forense sobrenatural. —O que você está fazendo em obstetrícia? — eu perguntei. —Nichols vai ser uma das primeiras médicas que nós vamos

formar

com

uma

especialidade

em

obstetrícia

sobrenatural. Eu franzi o cenho para ambos. —Eu acho que essa seria uma especialidade bem limitada. —Crescendo a cada ano, — North disse. Eu respondi a pergunta dela. —Uma mordida de vampiro é como qualquer outro machucado; se a morte resulta da mordida, então você não tem o mesmo ferimento. Pode deixar duas perfurações limpas, porque uma vez que as


presas entram, o sangue flui facilmente por causa do anticoagulante na saliva deles. É beber, não comer. Alguns dos vampiros mais velhos se regozijam em ser capaz de não deixar nenhuma marca além das duas perfurações limpas. Vampiros mais novos vão deixar mais impressões de dentes, mas é raro para eles rasgar a pele, exceto com as presas. As poucas vezes em que eu tive vampiros deixando marcas de mordidas que envolviam mais do que presas, eles vão atrás da dor, não só a alimentação. Eles queriam que doesse. —Nós vimos um corpo que eles pensaram que um vampiro e um homem-animal tinham atacado, porque eles tinham impressões de presas, mas a clavícula e pescoço estavam destruídos. Eu balancei minha cabeça, e agora que North tinha trazido o machucado para a minha atenção, ele doía um pouco. Requiem não tinha sido um cavalheiro sobre essa mordida. No calor de sua necessidade, ele tinha feito mais do que só inserir presas. —Eu não conheço o caso, mas poderia ter sido só um vampiro. Ela balançou a cabeça. —Foi muito estrago. Eu estendi meu braço direito com seu monte de marcas de mordida na dobra. —Vampiro, — eu disse. Eu puxei para baixo o pescoço da minha camiseta, estendendo um pouco o pescoço, para que eu pudesse mostrar a ela as cicatrizes na minha clavícula.


—Vampiro diferente. Ele quebrou minha clavícula, e se preocupou com o machucado como um cão de toca com um rato. Ela empalideceu um pouco, mas disse, — Eu adoraria contatar o programa forense e sugerir que você viesse dar uma palestra. Eu acho que só ver as suas cicatrizes e falar com você em mais detalhes podem ajudar legistas e examinadores

médicos

pelo

país

em

atribuir

o

dano

corretamente em algumas das vítimas. — Ela começou a estender a mão, então parou. Eu disse, — Você pode tocar as cicatrizes, se você quiser. Ela olhou para North; ele assentiu. Ela tocou a cicatriz da clavícula, muito timidamente, como se fosse mais íntimo do que deveria ter sido. Na dobra do meu braço, ela trilhou os dedos

sobre

aquelas

cicatrizes

como

se

ela

estivesse

memorizando elas. Ela trilhou abaixo até as marcas de garras mais baixo no braço. —Licantropo? —Bruxa transmorfo, na realidade. Os olhos dela arregalaram. —Uma bruxa transmorfo de verdade, com um objeto de pele animal, não um licantropo? — Ela estava animada com isso, e eu estava impressionada que ela sabia a diferença; a maioria das pessoas não sabia. — Sim. Ela finalmente tocou a cicatriz em forma de cruz, um pouco torta agora por causa das marcas de garra. —Isso deveria significar que você é um vampiro, mas você não é.


Legal alguém que tinha certeza. Em voz alta, eu disse, — Alguns capangas de um vampiro se divertiram me marcando enquanto esperavam o mestre deles despertar pela noite. Ela me deu olhos arregalados. —Eu amaria falar com você com um tempo maior. Muito obrigada por responder minhas perguntas em um momento assim. —Eu caio no modo de palestra muito fácil, — eu disse. —Eu estou acostumada a ser a residente expert no sobrenatural. —Obrigada, — ela disse, e soou como se ela realmente quisesse dizer aquilo. Eu finalmente me virei de volta para North. Eu observei seu rosto. —Eu não estou grávida, você promete, sua maldita palavra de honra, que eu não estou grávida? Ele sorriu para mim. — Eu juro, minha mão para Deus, que não há nada dentro de você além de você. Você não está grávida. Eu precisei da distração de Nichols para dar tempo a minha mente para processar. Eu precisei de tempo para absorver. Eu me virei para Micah e Richard. Eu olhei de um para o outro. O outro residente estava usando uma toalha para limpar a gosma do meu abdômen. Eu o deixei fazer aquilo. Eu encarei dois dos homens em minha vida, e disse, como se eles não tivessem ouvido, — Eu não estou grávida. —Nós escutamos,— Micah disse, sorrindo. —Bem, diga alguma coisa, — eu disse.


Richard disse, — O que você quer que nós digamos? —Vocês estão desapontados? Felizes? Aliviados? —Nós estamos esperando você dizer qual reação não vai te deixar brava, — Micah disse. Por alguma razão aquilo me fez rir, e a risada virou choro, embora eu não tivesse ideia do por que. Eu me encolhi de lado e chorei, enquanto eles tentavam me abraçar. O Dr. North e os residentes nos deixaram. Me deixaram para eu chorar todo o estresse e medo, e debaixo daquilo, um pedacinho bem pequeno de arrependimento.


Capítulo 36 Aquele tanto microscópico de arrependimento deu lugar a uma onda gigante de alivio. Quando todos nós deixamos o hospital, eu queria pular e gritar para estranhos que eu não estava grávida. Eu não o fiz, mas eu estava o mais perto de insana que eu podia ficar; insana com alivio. Era como estar bêbada e feliz. Estava tão ruim que Micah sugeriu que ele dirigisse de volta para o Circo. Dois milagres ocorreram; eu deixei ele dirigir, e Richard não discutiu que ele devia dirigir. De fato, Richard estava positivamente quieto. Ele deslizou para o banco de trás sem uma palavra, um olhar em seu rosto como se ele estivesse pensando em coisas muito serias. Eu deixei ele, porque eu não estava pensando em nada triste. Claudia e Lisandro se enfiaram no banco ao lado dele. Os três tinham ombros tão largos que eu sempre me perguntei se todos eles cabiam, mas eles couberam. Noel foi bem lá no fundo. Travis foi com Graham e Ixion no segundo carro. Eu comecei a usar o celular para contar a Jean-Claude, então eu percebi que eu não precisava do celular, não para isso. Eu abri as marcas, só um pouco, até eu poder sentir ele no final da linha do poder. —O que você está fazendo, Anita? — Richard perguntou. —Contando a Jean-Claude as boas notícias. —Use um celular, por favor, comigo assim tão perto no carro.


Eu olhei para ele. Sua pele estava toda arrepiada com o pouco que eu tinha acabado de fazer. Eu pensei em ignora-lo, mas aquilo pareceu cruel, e eu não queria ser cruel. Mas eu não tive uma chance para decidir; Jean-Claude sussurrou pela minha cabeça, — Ma petite... Richard fechou os olhos, como se isso machucasse ele, mas eu conhecia aquele olhar. Não era que doía. Era o oposto, era bom. Ele não gostava que fosse bom. Eu disse em voz alta, — Estou aqui. Ele sussurrou pela minha cabeça, — Você não precisa dizer. Eu posso ler na beirada da sua mente, tão alto você pensa. Você não está grávida. Eu lutei contra a vontade de pular em meu banco, mas dei um jeito de dizer, — Sim, sim. Eu senti ele sorrir. —Eu estou muito feliz que você esteja tão feliz com isso. Você se sente leve, como se você pudesse voar. Era como eu me sentia, então eu só concordei com ele. A ameaça de calor de Richard trilhou pela minha mente. Mas ele falou em voz alta, para mim e Jean-Claude, — Vocês, por favor, podem parar com isso enquanto eu estou preso no carro? A voz de Jean-Claude pareceu crescer, de modo que encheu nós dois. —Nós vamos conversar mais tarde sobre essas notícias felizes. — Então ele se foi. Eu me virei para eu poder ver o rosto de Richard. — Porque isso te incomoda?


—Eu não quero ele rastejando pela minha mente nesse momento. A voz de Noel veio lá de trás. —Eu não consigo estudar se poder estar passando por toda minha pele, sinto muito. Eu olhei para Claudia. —Você sentiu, também? Ela lutou contra isso, então finalmente tremeu. —Eu normalmente posso dizer quando vocês estão usando o triunvirato, mas parece mais poderoso hoje. — Ela tentou esfregar as mãos nos braços, mas com eles três apertados no banco

realmente

não

havia

espaço

para

terminar

o

movimento. Mas ela fez o ponto dela. —Ok, — eu disse, e me virei para encarar a frente. Micah ofereceu sua mão sobre o meio do banco, e eu a peguei. Sua mão estava quente, mas não muito quente na minha. Ele estava tentando não levantar o nível de poder no carro. Eu já tive pequenas versões do ardeur despertando enquanto eu estava dirigindo – nada bom, realmente nada bom. Eu segurei sua mão, e tentei não deixar meu alivio delirante trazer meu poder a tona, e fazer sua besta despertar por mim. Nossas bestas podiam fluir para dentro e para fora um do outro, mas aquilo seria ruim nesse momento, então eu tentei manter meus escudos firmes, e não deixar a felicidade derruba-los. Eu sabia que tristeza, e raiva, podiam fazer minha concentração quebrar, mas eu nunca percebi que felicidade podia fazer isso, também.


Eu controlei minha felicidade por todo o caminho até o Circo. As longas escadas de pedra voaram debaixo dos meus pés. Jean-Claude me encontrou na sala de estar, e eu pulei em seus braços, prendendo meus braços e pernas em volta dele. Eu o beijei longa e profundamente, e somente quando nós paramos para respirar eu percebi que nós tínhamos companhia. Agustine estava sentado em uma cadeira coberto em um xale de seda preto que deixava o topo de seus ombros nus como ilhas pálidas. Seus cachos amarelos estavam em desordem, como se tudo que ele tivesse feito fosse correr os dedos sobre eles. Ele estava usando as calças de pijama de seda preta que eram demasiado longas para ele. Parecia errado chamar um homem tão musculoso de encantador, mas aquela era a palavra que vinha a mente. Eu olhei para ele, e senti algo similar ao que eu sentia quando eu olhava para Jean-Claude. Não tinha a profundidade e riqueza que meus sentimentos por Jean-Claude, ou Micah, ou até mesmo Richard tinham, mas era aquela primeira explosão de amor quando o desejo está um pouco desgastado, e você percebe que você ainda gosta de alguém. Que não era só desejo, mas algo mais profundo. Eu fiquei parada ali, encarando Auggie, e pensei que soava como uma boa ideia acordar alguma manhã ao lado dele quando ele estava todo sonolento e encantador. Eu estava apaixonada por ele. Eu deveria estar aterrorizada, ou brava, mas eu não estava. Não foram poderes de vampiros que

me

fizeram

ficar

calma

sobre

isso.

Talvez

nós


pudéssemos consertar isso, do jeito que nós consertamos a atração de Requiem por mim. Havia opções. Nós podíamos dar um jeito. Eu não estava grávida; nós podíamos dar um jeito em qualquer coisa. —Ma petite. Eu me virei para olhar para Jean-Claude. Eu sequer tinha notado o roçar da camisa de cetim preto por baixo das minhas mãos. A camisa estava para fora da calça sobre o jeans preto. Ele tinha poucos jeans. Ele normalmente só os usava se ele suspeitasse que ele fosse arruinar as roupas, ou ele estava tentando se portar como acessível em algum evento de mídia. Seus pés estavam descalços, a carne somente um pouco menos branca do que o carpete. —Ma petite, — ele disse outra vez, e dessa vez o apelido me fez olhar de volta para seu rosto. Seu cabelo era uma cuidadosa cascata de curvas – sua versão de casual. —Como você se sente quando você olha para Agustine? Eu comecei a olhar de volta para o outro vampiro, mas Jean-Claude pegou meu braço, me virou para olhar para ele. —Responda antes de você olhar de novo, ma petite. —Eu acho que soa como uma ideia realmente boa ter ele acordando ao meu lado todo sonolento e meio nu. —É somente desejo? Eu balancei minha cabeça. —Não, não, é o começo do negócio real. É amor, não só desejo. —Você não soa chateada.


Eu sorri para ele. —Eu não estou grávida, nós podemos dar um jeito em qualquer coisa. Quero dizer, isso não é parecido com o que eu fiz com Requiem com o ardeur? Eu pude liberta-lo, então um Mestre da Cidade não deveria ser capaz de me libertar? —Jean-Claude, como você se sente sobre Augustine?— Isso de Richard, que tinha vindo ficar logo atrás de nós. —Eu vejo ele como amável, mas estranhamente, eu não estou apaixonado por ele. Ele não está apaixonado por mim. Eu tinha esperado que isso significasse que o pior, ou o melhor, não tivesse acontecido, mas... — Ele olhou além de nós para Augustine. Eu olhei com ele. Eu notei que dessa distância os olhos carvão-cinzentos de Auggie pareciam quase pretos. —Você precisa perguntar como eu me sinto sobre sua serva humana? — ele perguntou. Jean-Claude assentiu. —É tudo que eu posso fazer para ficar aqui nesse banco. Eu quero toca-la, segura-la. Se meu coração pudesse bater, ele quebraria. —Porque seu coração devia quebrar?— eu perguntei, e estava surpresa com o quão comum eu soei, me senti. —Porque você pertence a outro, e eu amo você. Eu dei um passo para frente, e os dedos de Jean-Claude começaram a me soltar. Richard agarrou meu outro braço. —Não, Anita, não vá até ele. —Porque não?— eu perguntei, olhando naqueles olhos marrons.


Ele começou a dizer varias coisas, mas finalmente disse a única coisa que era realmente verdade. —Porque eu não quero que você vá. Aquilo me parou mais certamente do que qualquer raiva poderia ter parado. Eu fui deixada encarando ele, observando a dor em seu rosto, e não sabendo o que fazer sobre isso. — Porque me dividir com Auggie é diferente de me dividir com todo o resto? —Você não ama o resto. Eu comecei a sorrir, parei, então disse, — Quem eu não amo? Ele me soltou então, como se minha pele tivesse ficado quente repentinamente. —Eu vou me trocar para o ballet. — Ele começou a ir para o corredor. —É um pouco cedo para ir se trocar, mon ami. Richard balançou a cabeça. —Eu não posso assistir isso, eu simplesmente não posso. —O que você acha que vai acontecer, Richard?— eu perguntei. Ele respondeu sem se virar. —Você vai fazer sexo com ele outra vez. Talvez você e Jean-Claude. — Ele balançou a cabeça outra vez. —Foi ruim o bastante sentir um pouco, eu não quero ver. —Eu estou apaixonada por ele, Richard, isso não significa que nós vamos foder. Você, de todas as pessoas, deveria saber que só porque alguém tem meu coração isso não significa que ele tem meu corpo.


Isso o parou, logo perto da porta. Ele se virou, olhou para mim. —Você não se sente compelida a foder ele? Eu balancei minha cabeça. —Eu estou perdendo meu toque, — Auggie disse. Isso fez eu me virar e gastar um sorriso com ele. Meu sorriso fez ele sorrir, aquele sorriso bobo que você só da quando você está realmente afim de alguém. —Você não perdeu nada, e você sabe disso. Ele fez um gesto que era metade uma reverência, e metade um dar de ombros. Ele deu um jeito de parecer modesto, mas não como se ele realmente quisesse parecer assim. —Se eu não perdi nada, e você não teme o que nós sentimos um pelo outro, então venha até mim, Anita. —Venha você até mim, — eu disse. Ele sorriu para mim, o bastante para mostrar presas, o que era raro para um vampiro de sua idade. Ele ficou em pé, o xale ainda cobrindo quase tudo nele. —Mestre, não vá até ela. — Octavius, seu servo humano, deu a volta do lado do banco. O homem-leão Pierce foi com ele. Eu acho que eles queriam flanqueá-lo e impedi-lo de me tocar. Ele ficou na frente de Auggie, bloqueando nossa visão um do outro. —Você é o Mestre da Cidade de Chicago, você não vai até as mulheres. Elas vêm até você. Auggie moveu Octavius para um lado, gentilmente, mas firmemente. —Eu não acho que essa virá. — Ele olhou para mim, meio sorrindo. —Você vai vir até mim? —Porque eu deveria?


Ele sorriu outra vez. —Eu não sei se é meu próprio poder contra-atacando, mas eu vejo o que você viu nela, Jean-Claude. Um alvo ambicioso para amar, e eu acho que perigoso para o ego, mas vale o esforço, oh, sim, vale o esforço. — Ele empurrou seus homens, atirando o xale no ar, de modo que ele estava repentinamente nu da cintura para cima. A visão dele desse jeito empurrou meu pulso para minha garganta. Eu me lembrei como era ser presa por aquele corpo, como era segurar toda aquela força musculosa em meus braços. Eu dei um passo para frente, e eu acho que nós teríamos nos encontrado no meio da sala, mas eu repentinamente senti o cheiro de grama no verão, senti o calor, leão. Eu senti o cheiro de leão. Eu me virei para procurar por Noel e Travis. Eles estavam parados perto da porta distante, como se eles não tivessem certeza do que fazer. Eu não podia culpa-los por isso, mas não eram eles que eu estava sentindo. Eu me virei para o outro lado, em direção ao corredor distante, onde Richard ainda estava parado. Mas não era Richard que estava fazendo minha pele rastejar com poder. Haven espreitava corredor abaixo, humano outra vez, nu, e lindo. Na verdade ele era um pouco magro para o meu gosto, mas não era verdadeiramente o tanquinho, ou o quadril esguio, as longas pernas graciosas, ou sequer a dilatação de promessa entre aquelas pernas, mas sua beleza como um todo que me atraia. Se ele não fosse atrativo, eu teria sentido o mesmo sobre ele andando em minha direção? Eu teria sido


capaz de resistir andar em direção a ele, se ele não parecesse tão malditamente lindo? Minha visão foi repentinamente bloqueada por Travis e Noel. De todos os homens na sala que poderiam interferir, eles não estavam na minha lista. O rosto suave de Travis estava completamente sério enquanto ele dizia, — Nosso Rex disse que você não deveria toca-lo outra vez antes de você ter se alimentado de um de nós. Eu conseguia sentir Haven atrás deles, chegando mais perto. —Saia, Travis, — eu disse. Ele balançou a cabeça. Os olhos de Noel estavam arregalados atrás de seus óculos, mas ele adicionou, — Joseph quer que você alimente o ardeur, ou nos dê seu leão, antes que você toque ele outra vez. Eu soube que ele estava perto antes que Haven pairasse sobre os dois homens mais baixos. Eu acho que ele pairou sobre mim, também, mas ele não ia me tirar de seu caminho. Seus olhos azuis me encararam com um olhar que estava quase frenético. Eu senti, também, uma vontade quase esmagadora de toca-lo. O que havia de errado comigo? Minha mão começou a levantar, tentar se mexer entre Noel e Travis, para que eu pudesse tocar o peito nu de Haven. Eu queria, precisava, tocar sua pele. O olhar em seu rosto dizia que ele sentia o mesmo. O que diabos estava acontecendo agora? Noel e Travis chegaram mais perto um do outro e deram um passo para frente ao mesmo tempo, esbarrando em mim,


me forçando a voltar alguns centímetros. Mais longe do homem às costas deles. Eu não queria ficar mais longe, e nem Haven. Ele tentou agarra-los pelo colarinho, mas eles devem ter sentido, porque eles se jogaram para frente, em cima de mim, levando todos nós para o chão. —Saiam de mim, — eu disse. Mas eu não tinha que me preocupar; Haven se estendeu e agarrou Travis. De repente, Travis não estava em cima de mim mais. Ele estava voando pelo ar, e atingiu a parede com um som quebradiço e afiado, e eu soube que um osso tinha quebrado em algum lugar de seu corpo. Aquilo consertou o que quer que estivesse errado; eu conseguia pensar outra vez. Haven se estendeu para Noel, e eu prendi meus braços e pernas ao redor dele, apertado, de modo que se o grande homem-leão jogasse ele, ele teria que jogar nos dois. Era a única coisa na qual eu consegui pensar em um segundo. Ele agarrou os cachos de Noel, inclinou seu pescoço para trás em um ângulo horrível. Eu gritei, — Solte ele! Haven rosnou para mim, e caiu em um joelho ao nosso lado. —Eu sou seu leão, você não consegue sentir? Eu conseguia, mas aquilo não dava a ele o direito de quebrar o pescoço de Noel, que era o que ia acontecer se ele não parasse de puxar a cabeça dele para trás. Eu não podia pegar minha arma; estava presa debaixo do corpo de Noel. Se eu o soltasse, eu tinha medo do que Haven faria com ele.


Eu deslizei uma mão pelo cabelo de Noel, até eu tocar a mão de Haven. No momento em que nos tocamos, energia disparou pelo meu corpo como se eu tivesse tocado um fio vivo. Tanta energia que eu gemi de dor. Noel ecoou, recebendo a repercussão. Haven jogou sua cabeça para trás e rugiu, um som duro saindo de sua garganta humana. Ele olhou para mim com olhos que tinham ficado dourados leão. —Oh, Deus, sim, sim! Eu estava balançando minha cabeça. Eu sussurrei, — Não, não. Auggie tentou mandar Haven para longe de nós, mas não funcionou. Octavius era um pé no saco, mas estava certo sobre uma coisa: Haven não pertencia a Auggie mais. Ele poderia não ser meu completamente, mas ele não era mais de Auggie. Richard pairou sobre nós. —Você quer ele fora daqui? — Sua voz estava lenta e cuidadosa, seu rosto cheio de uma ansiedade sombria. Eu conhecia aquele olhar; era meu olhar, o olhar quando você quer uma briga. Quer machucar alguma coisa, porque é simples, e você pode parar de pensar. Eu disse, — Sim. — Eu disse sim, com a energia de Haven correndo pelo meu corpo como um cobertor quente e nocivo. Richard disse, — Obrigada. — Eu não tinha certeza pelo que ele estava me agradecendo, mas ele se ajoelhou ao nosso lado. Ele estava em um joelho, encarando Haven. Ele prendeu sua mão em volta da cintura do outro homem, onde ele


estava tentando puxar para trás a cabeça de Noel. A pressão diminuiu no cabelo de Noel, e sua cabeça começou a abaixar. A mão de Haven balançou com o esforço de puxar a cabeça de Noel para trás, mas Richard empurrou sua mão para baixo. Era uma luta, e lenta, mas era como uma partida de queda de braço quando uma pessoa é simplesmente a mais forte das duas. A partida não estava acabada, mas um braço contra um braço, Richard era o homem mais forte. Ele simplesmente era. Mas Haven era uma coisa que Richard não era, um assassino profissional. Ele fez duas coisas simultaneamente. Ele soltou o cabelo de Noel, e ele tentou atingir Richard com sua outra mão. Aquele punho vindo sobre nós foi como uma piscadela, muito rápido para ver, mais uma ciência de ar se mexendo, e a imagem posterior. Richard viu, porque quando o punho tentou pousar em seu rosto, ele não estava ali para levar o soco. Ele rolou para trás, e puxou Haven com ele, com uma mão na cintura do outro homem. O próprio ímpeto de Haven fez ele cair para frente, e Richard fez um movimento que eu mostrei a ele há muito tempo atrás. Seu esporte era karatê, o meu era judô. Mas se fosse eu tentando jogar ele daquele jeito, eu tinha falhado. Porque Haven tinha meio que caído nas pernas de Richard, não alto o bastante acima do chão, a não ser que você tenha a força para plantar seus pés na barriga do homem e levantar com suas pernas. Eu teria acabado com Haven em cima de mim, não um avanço em uma luta, mas


Richard empurrou ele para cima e foi forte o bastante para manter o ímpeto. Haven voou pela sala e atingiu a lareira. Richard teve tempo de ficar de pé antes do outro homem ficar de joelhos, então cobrar dele. A luta tinha começado.


Capítulo 37 A luta rolou sobre o sofá, e desapareceu por um minuto. Noel tremeu em cima de mim, e não foi de prazer. — Você está machucado? — eu perguntei. Sua voz estava sem fôlego de dor ou medo. Eu não o conhecia bem o bastante para adivinhar qual. —Anita, você está prestes a escolher um animal para chamar. Eu afaguei seus cachos, gentilmente. —Você não está pensando claramente, Noel. — Eu comecei a tentar me sentar, mas ele se prendeu em volta de mim. Não me prendendo, mas tornando o ato de me sentar um esforço. Richard foi aquele que cambaleou de trás do sofá, sangue salpicado em seu rosto. Haven ficou de pé como se ele estivesse sobre molas, e eles se defrontaram. Os dois desceram para a postura de combate que dizia que Haven sabia algum tipo de arte marcial, também. Nada bom. —Deixe eu me levantar, Noel. Ele levantou o rosto, para que eu pudesse ver o quão assustados seus olhos estavam atrás dos óculos. —Você está prestes a ter outro animal para chamar. —Nathaniel é meu animal para chamar. —Ele é seu animal para Damian e você, mas Richard é seu animal com Jean-Claude.


Richard e Haven estavam circulando a área exposta logo na frente do corredor distante. Eles simulavam com pernas e mãos, mas eles não estavam lutando. Eles estavam se medindo. Uma vez que eles tivessem feito isso, a luta ia ficar séria. Eu não queria aquilo. Noel apertou meus braços, virou minha atenção de volta para ele. — Joseph acha que algo nas marcas de vampiro está te dando um animal para chamar para combinar com cada uma de suas bestas. —Isso não é possível. —Tudo que você faz é possível, Anita. Meu Rex acha que é possível. Ele espera que se você se alimentar de mais do que um leão, seu poder não vai se ligar a uma pessoa. Travis caiu de joelhos ao nosso lado, bloqueando minha visão da briga crescente. Ele estava embalando seu braço apertado contra seu peito. O lado da sua cabeça estava sangrando em seus cachos marrom-dourados. —Mas se você tem que se ligar a um leão, Joseph iria preferir que o poder sobrenatural mais poderoso em seu território não se ligasse a um leão que tentaria assumir o controle de seu sistema. Parecia estúpido ter essa conversa de costas com um estranho em cima de mim, mas eu não conseguia pensar em como me sentar sem atacar Noel, e Haven tinha sido difícil o bastante. —Porque Joseph mandou vocês para mim? Travis deu de ombros, e estremeceu, seus ombros se curvando ao redor de seu braço. — Nossa primeira tarefa é te impedir de se ligar com o garoto azul ali. O que quer que custe, impedir de acontecer.


Eu olhei para os dois. —Vocês são crianças. Vocês não querem estar ligados a minha vida, a mim, para sempre. Vocês não querem isso, vocês não podem querer isso. —Eu só sou cinco anos mais novo do que você, — Travis disse. —Inferno, eu sou dois anos mais velho do que Nathaniel. —Mas Nathaniel precisava de mim. Você foi selecionado. Noel se apoiou nos braços, o que significava que eu era capaz de alcançar minha arma, não que fosse ajudar, mas ainda era um pensamento. A parte de baixo de seu corpo estava pressionada um pouco mais perto da parte de baixo do meu corpo, mas pela primeira vez não era erótico. Não era nada. —Nosso grupo de leões, nossa soberba, funciona, Anita, é nossa casa. Eu senti o poder do garoto azul só ao andar corredor abaixo. Você pode sentir agora, vindo dele em ondas. — Noel lambeu os lábios. — Joseph é poderoso, mas eu não estou cem por cento de que ele é mais poderoso do que o que está atrás de nós. —Deixe eu me sentar, Noel. Noel olhou para Travis, e o outro homem assentiu levemente, então se curvou em volta de seus braços outra vez. Noel foi para trás para que eu pudesse sentar, mas ele ficou ajoelhado entre meus joelhos, eu acho que era para ficar perto o bastante para me pegar se eu tentasse ir até Haven, outra vez. Richard e Haven estavam lutando agora. Lutando com um L maiúsculo, se você não está planejando matar um ao outro. Era um tipo de luta que eu nunca seria capaz de fazer.


Bater muito um no outro, e ser capaz de tomar o prejuízo. Era a luta de dois caras, pelo bem de um ponto, sim. Eu pediria ajuda para mover Haven e proteger os outros homens. O punho de Haven passou pelos braços de Richard, e Richard cambaleou dois passos para trás, mas ele curvou seu corpo, de modo que os socos que Haven tinha tentado fazer chover sobre ele atingiu somente ombros e braços. Richard, por outro lado, pousou dois sólidos socos que dobrou os de Haven. Richard seguiu com um punho em seu queixo, e somente ao se jogar para trás Haven impediu o ultimo soco de atingi-lo. Richard não deu há ele tempo para se recuperar. Ele foi até ele com uma excitação de socos cegantes que colocou o outro homem em uma posição defensiva contra a parede distante. Richard estava ganhando. Eu percebi naquele momento que eu não tinha pensando que ele iria. Noel tocou meu rosto, virou meu olhar de volta para seu rosto assustado. —Anita, por favor, não toque ele, não até você ter pelo menos experimentado um de nós. Eu chequei o progresso de Richard mais uma vez. Haven estava contra a parede, simplesmente tentando impedir os socos de atingi-lo, nem mesmo tentando lutar de volta agora. Eu olhei para Travis e seus machucados. Os olhos de Noel tão assustados. O sistema dos leões funcionava; eles eram um dos poucos grupos de homens-animal que deixava seu povo levar vidas quase comuns. Sem lutas por poder, sem contratar guarda-costas. O povo de Joseph era pessoa primeiro, animal em segundo. Se Haven ficasse na cidade,


viciado no poder que eu tinha através das marcas de JeanClaude, os leões entrariam em combustão? —Você não acha que Joseph ganharia a luta? — eu perguntei. —Ele não é o lutador que seu Ulfric é, — Travis disse. Travis disso isso como se fosse simplesmente verdade, não uma grande coisa. Essa era a maior diferença entre a cultura de lobos e leões; todos os transmorfos gatos pareciam ser menos sobre combate, e mais sobre o que era melhor para o grupo. A cultura dos lobos era muito mais sobre forte é certo, fraco é morto. Alguém tinha sugerido que era porque a cultura dos lobisomens tinha passado através da cultura dos Vikings, mais do que qualquer outra sociedade transmorfa. Talvez. Lobos de verdade certamente não eram mais perversos do que leões, ou leopardos. —Espere um minuto, — eu disse. — Joseph venceu a luta contra Haven. —Joseph teve sorte, — Travis disse. Ele gesticulou para a briga. —Ele foi realmente sortudo. Richard tinha o outro homem em uma bola defensiva contra a parede. Haven tinha desistido de lutar de volta, e estava só tentando manter os danos baixos. Richard fez uma coisa muito Richard. Ele se afastou. A luta estava acabada, até onde ele sabia. Já que ele não ia matar Haven, a luta deveria ter acabado. Mas o trabalho diário de Haven era ser capanga da máfia; é uma mentalidade diferente. A voz de Richard soou cansada, mas não tensa. —Fique ai.


Haven ficou de joelhos, balançando a cabeça. —Eu não posso. —Você não pode ganhar, — Richard disse. —Não importa, — Haven disse, —ainda tenho que levantar. —Fique ai, — Richard disse. —Não, — Haven disse, e ele usou a parede para ficar de pé. Ele caiu de volta de joelhos, uma mão segurando ele contra a parede. Eu disse, — Fiquei ai, Haven. —Não posso, — foi tudo que ele disse, e ele se preparou para uma arremetida. Ele levantou do chão em um borrão de velocidade, ainda perigoso, com todo o dano que ele tinha sofrido. Richard se esquivou dele, deixou seu próprio ímpeto manda-lo ao chão. —A luta acabou, — Richard disse, e ele cometeu o erro. Ele ofereceu uma mão a Haven para levanta-lo. Eu tive tempo para gritar, — Não! — Eu nem sequer tinha certeza pra quem eu estava gritando isso. Haven chutou com tudo que ele tinha; ele tentou deslocar o joelho de Richard. Richard teve tempo para evitar um pouco do impacto, mas não tudo. Seu joelho entrou em colapso e ele caiu. Minha arma estava fora do coldre e apontada. Eu fiquei de pé. Se Haven tivesse continuado com o ataque eu teria atirado nele, mas ele não o fez. Ele deitou de costas no chão como se aquele ultimo chute tivesse tirado toda a luta dele. — A luta acabou, — eu disse, só por precaução.


—Sim, — Haven disse, e tinha dor na sua voz, — agora acabou. Eu encarei ele, e ele não pareceu sequer ter visto a arma. Ele certamente não reagiu a ela. A maioria das pessoas não gosta que armas sejam apontadas para elas; se ele não gostou, ele não mostrou. —Eu acho que você precisa voltar para Chicago. — Por quê? Porque eu machuquei seu namorado? —Não, porque você machucou duas pessoas que não podiam lutar de volta. E, a luta tinha acabado; você não ganhou nada com esse ultimo chute. —Ele está machucado, eu ganhei isso. Eu balancei minha cabeça. — Não é assim que a gente joga aqui. Ele deitou de costas, coberto em sangue, e muito cansado, ou muito machucado, para se sentar. Ele ainda estava respirando duramente. —Me diga as regras daqui, e eu as segurei. Pergunte a Agustine – eu sigo as regras, uma vez que você torne elas claras para mim. Eu gritei, sem olhar para longe de Haven. — Isso é verdade, Auggie? Ele segue as regras, uma vez que ele as sabe? —É verdade, mas você tem que se certificar muito bem que ele saiba as regras, e as consequências se ele quebra-las. Aquela única frase me deixou saber que eu devia mandar a bunda dele de volta para Chicago, mas eu não consegui faze-lo.


Parada ali enquanto ele sangrava, sabendo o que ele tinha acabado de fazer com Richard e os dois jovens homensleão, sabendo de tudo aquilo, eu ainda queria cair e derramar meu corpo sobre ele. Porra. Eu estabilizei minha respiração, e mirei a arma no meio daquele rosto. Os olhos tinham voltado ao azul; eles pareciam quase artificiais com todo o sangue em volta deles. Eu engoli em seco, e deixei meu corpo ficar bem parado. Minha voz estava suave, mas estranhamente carregada pelo lugar, como se todo mundo tivesse ficado quieto. —As regras são, você não machuca os fracos. Eu não tenho uso algum para bullies. Se você entrar em outra briga como essa noite, quando você sabe que você perdeu, você perdeu. Você não tenta fazer mais um pouco de estrago. Isso é luta de rua, e não é assim que a gente faz aqui. —Você não vai atirar em mim, — ele disse, e ele soou certo daquilo. Eu me senti sorrir, e soube que era aquela sorriso que me assustava quando eu o via em um espelho. Era um sorriso cruel, um sorriso que dizia Não somente eu te mataria, mas eu gostaria disso. Seus olhos ficaram um pouco incertos com aquele sorriso. Bom. —Eu vou atirar em você. Eu vou te matar, se eu tiver que fazê-lo. —Você quer me tocar? — ele perguntou, sua voz menos ofegante agora.


—Sim, — eu disse, — eu quero tirar minhas roupas e rolar em cima de você como um cachorro marcando território. — Eu assenti levemente. —Eu sinto a chamada do seu poder, Haven. —Se você me matar tudo isso vai embora. —Então vai embora. Eu não comprometo minhas regras, Haven, não por desejo, ou poder, ou amor. — Eu ia ter que ou atirar nele logo, ou abaixar a arma. Dica importante de segurança: se você vai fazer o grande discurso ameaçador, esteja em uma posição de tiro confortável quando você o fizer. Minhas mãos não tinham começado a tremer, mas elas iriam logo. — Pergunte aos homens em minha vida, eu não comprometo. Eu observei ele pensar sobre isso. Pensar sobre sair do chão e me testar. — Não, Haven. —Não o que? — ele perguntou, todo inocente, mas inocente não combinava com ele. —Não me teste agora. Se você o fizer, eu vou apertar o gatilho. —Por quê? Eu não vou te machucar. Eu só vou tentar tirar sua arma. —Eu vou atirar em você, porque esse é nosso momento de entendimento. Ou você vai viver pelas minhas regras, ou você vai morrer por elas. —Eu não acredito em você, — ele disse. Eu soltei todo o ar do meu corpo, e a posição de atirar com as duas mãos não parecia tão difícil de manter de forma alguma.


Eu estava repentinamente focada, e pronta. Eu me senti afundar naquele lugar branco, estático, onde eu matava. Eu não sei como meus olhos aparentam quando eu estou assim, mas o que quer que estivesse em meu rosto, Haven viu. Eu vi seu rosto mudar, e parar de estar tão certo de si. Tensão correu pelo seu corpo, seus músculos, e ele ficou quieto no chão, e muito parado, como se ele estivesse com um pouco de medo de se mexer repentinamente. Bom. —É do meu jeito, ou de jeito nenhum, — eu disse, e as palavras saíram espremidas, porque eu tinha soltado todo o ar para que eu pudesse atirar nele. Ele

lambeu

os

lábios,

e

falou

suavemente,

cuidadosamente, se certificando de não mexer nada além de sua boca. —Seu jeito. —Se eu abaixar essa arma, você vai tentar me machucar? —Não, — ele disse. —Porque não? — eu perguntei, ainda encarando ele. —Você vai me matar. —Você tem certeza disso? Algum olhar passou pelos seus olhos – dor, medo, alguma coisa perto disso. —Eu conheço esse olhar, esse no seu rosto. Eu o conheço, porque eu tenho um exatamente igual. Você vai me matar, e eu não quero matar você. Eu não posso ganhar, então eu não vou jogar. Eu o encarei por mais uma batida de coração. Eu pensei em apertar o gatilho. Um, porque eu estava pronta para fazê-


lo; dois, porque eu estava quase certa de que ele ia ser problema. Mas no final eu abaixei a arma, e me afastei até eu estar fora do alcance dele. Eu me afastei e me certifiquei que eu não virasse minhas costas. Eu não ofereci uma mão para ajuda-lo a se levantar, e nem mais ninguém.



Capítulo 38 Eu caí em um joelho ao lado de Richard, minha arma não mais apontada para Haven, mas ainda a mostra. Nós simplesmente não estávamos assim tão longe do homem-leão caído. Dizer que eu não confiava nele era um eufemismo. A coisa horrível era, mesmo sabendo que ele era coisa ruim, sabendo que ele tinha tentado aleijar Richard só porque ele o queria machucado, sabendo tudo aquilo, parte de mim ainda queria toca-lo. Parte de mim queria examina-lo e começar a lamber o sangue de suas feridas. Mas a imagem na minha cabeça de eu fazer isso não era eu, não o eu humano. A imagem na minha cabeça era de uma grande leoa dourada lambendo suas feridas. Eu balancei minha cabeça para limpar a imagem. Eu olhei para Richard. Ele estava encolhido sobre sua perna, mãos no joelho, mas não tocando ele, como se isso doesse. Nada bom. Eu joguei meu olhar de volta em Haven. Eu não queria que ele se levantasse sem eu saber. Se eu atirasse nele, eu não queria que fosse porque ele me assustou, e anos de treinamento com uma arma tomaram o controle. Não, se eu atirasse nele, eu queria que fosse de propósito. —O quão ruim está? — eu perguntei. Ele falou entre dentes cerrados. — Não está deslocado, mas dói. Eu chamei, — Claudia.


Ela veio ficar perto de nós. —Nós precisamos de um médico. — Eu pensei no braço de Travis. — Talvez mais do que um. — A Dra. Lillian está a caminho. — A Dra. Lillian era uma mulher-rato, e a médica mais popular dos transmorfos locais para emergências que nós não queríamos que mais ninguém soubesse. —Bom. — Eu lutei contra a urgência de olhar para ela, e mantive meu olhar em Haven. Ele não parecia querer fazer alguma coisa além de ficar deitado ali e sangrar, mas eu queria estar certo sobre ele. Certa significava olhar para ele. —Vocês podiam merecer o pagamento de vocês, e realmente vigia-lo? — Eu não tentei manter a irritação fora da minha voz. —Sim, madame, — ela disse. Ela gesticulou e Lisandro, Ixion, e Graham virem ficar ao redor do homem-leão caído. Haven não pareceu notar. Ele tinha desmaiado? Não era meu problema mais imediato. Eu tive a chance de guardar minha arma sem atira-la, uma raridade para mim. Eu toquei o rosto de Richard. —A doutora está vindo. Ele só assentiu, rosto pálido de dor. Eu olhei para Claudia. — Onde diabos vocês estavam enquanto Haven estava abusando de Travis e Noel? —Se eu disser “bem aqui”, você vai ficar brava? Eu fiquei de pé. — Sim. Ela me deu o rosto vazio de policial, embora eu soubesse que ela nunca tinha sido uma policial. —Esse era um desafio


de dominância. Nós não podemos interferir nos desafios de outros grupos de animais. —Isso não foi um desafio para a liderança de nada, — eu disse. Claudia me deu um olhar que dizia, claramente, que eu tinha perdido alguma coisa. O que quer que meu rosto tenha mostrado finalmente a deixou saber que eu não sabia do que diabos ela estava falando. Ela suspirou. — Às vezes eu esqueço que você perde o óbvio. —O que eu perdi? — eu perguntei. —Seu Ulfric se estabeleceu dominante a esse cara. — Ela sorriu para Richard. —De verdade, eu não achava que o Ulfric podia. — Havia um elogio relutante em sua voz. —Você precisava que alguém estabelecesse dominância sobre ele, se você planeja mantê-lo. — Ela balançou um dedo na direção de Haven. —Caras como esse tem que ser forçados a obedecer à hierarquia. —Você quer dizer a hierarquia dos homens-leão? Ela balançou a cabeça. — Anita, se você adicionar esse cara aos seus homens, então alguém tinha que bater muito nele, pelo menos uma vez, para que ele soubesse quem era o chefe. —Eu sou o chefe, — eu disse. Ela sorriu para mim. —Eu gosto de você, Anita. Eu te respeito. Eu recebo ordens de você. Mas um cara como Haven vai ver você como uma garota, um pedaço de bunda. A não ser que você possa pessoalmente bater nele até reduzi-lo a


poupa, ele não vai se comportar por você. Ele vai dizer na sua cara o que você quer escutar, mas você tem Nathaniel, Micah, Damian. Eu quero dizer que você tem muitos subordinados ao redor de você. Você não quer levar para casa um leão para brincar com seus gatos a não ser que você tenha um grande cachorro para balancear. Eu franzi o cenho para ela. —Você está dizendo que Richard é meu cachorrão? —Talvez seja um exemplo ruim, mas é o melhor que eu tenho. —Você não acha que ele me respeitaria, Haven, eu digo? Ela balançou a cabeça. —Ele tem problema escrito nele todo, Anita. —Você acha que eu deveria manda-lo de volta? Os olhos escuros dela se arregalaram, surpresos. — Minha opinião conta? —Eu confio no seu julgamento, e você é a única garota aqui. —Por que você precisa da opinião de uma garota? — ela perguntou. —Porque

eu

estou

cansada

de

toda

a

maldita

testosterona. Ela sorriu para mim. —Eu não tenho certeza se vou dizer alguma coisa que os homens não dirão sobre isso, Anita. Estrogênio não me torna estúpida, e você teria que ser estúpida para querer manter o Monstro do Biscoito aqui. Quero dizer, ele poderia ser um guarda-costas, se nós


deixarmos as regras claras, mas para levar para casa como um amante, de forma alguma. Eu assenti. —Eu concordo. —Então porque perguntar? Eu me abracei. —Porque, sabendo de tudo isso, eu ainda quero toca-lo. Ela deu de ombros com todo aquele corpo musculoso. — Então você está fodida. A voz de Richard saiu tensa. —Você não pode querer mantê-lo, não agora, não depois disso. Eu me ajoelhei ao lado dele. Ele agarrou minha mão, tão forte e de repente isso me assustou. —Eu não quero mantêlo. Eu observei ele tentar pensar através da dor. —Mas, — ele disse. —Mas não é sempre sobre o que eu quero. Sua mão convulsionou em volta da minha, até eu ter que lutar para não gemer. —Se transforme, Richard, você pode curar isso se você se transformar. Ele balançou a cabeça. —Se eu me transformar eu vou ter que gastar pelo menos quatro horas na forma animal. Não posso ir ao ballet como um lobo. —Você não vai aproveitar a noite desse jeito. Seu

aperto

em

minha

mão

enfraqueceu,

me

segurando por um momento. Ele encarou meu rosto como se ele estivesse tentando memoriza-lo. —Você quer que eu não vá?


Eu franzi o cenho para ele. —Porque você perguntaria isso? Claro que eu quero que você vá. Ele quase sorriu, mas estremeceu ao invés. —Você tem muitos homens para lidar, talvez um a menos deixasse a noite mais fácil. Eu puxei sua mão contra meu peito, e toquei seu rosto. —Você não presumiu simplesmente que eu precisava de ajuda para lidar com Haven. Você me perguntou primeiro, e esperou eu responder. Eu sei que você queria entrar no meio e puxa-lo de cima de nós. Obrigada por perguntar, por esperar. Ele fez uma careta, e tentou transformar em um sorriso. —Estou contente que você esteja feliz com isso, mas minha espera custou a Travis um braço quebrado. Joseph não vai querer que nós peguemos seus leões emprestado, se nós continuarmos quebrando eles. Eu olhei para a parede, porque eu conseguia sentir aquela besta se mexendo dentro de mim, como se ela estivesse caminhando na jaula do meu corpo. Eu não queria outra rodada de quase – me - transformar. Eu levantei a mão de Richard até o meu rosto. Eu a cheirei, e isso não ajudou. Sim, era Richard, mas ele tinha tocado Haven, e o cheiro de leão estava em sua pele, junto com o lobo. O calor formigante começou a inchar dentro de mim. Eu soltei a mão dele, e fiquei de pé. —O que há de errado?— Claudia perguntou. —A besta dela está tentando despertar outra vez, — Richard disse do chão.


Eu assenti, e me afastei mais de Richard, e continuei me movendo. Eu queria distância entre eu e Haven. Isso não parecia o jeito que eu tinha me ligado a Nathaniel. Essa atração instantânea a Haven parecia como... Eu me virei e achei Micah parado ali, mais perto do que eu tinha percebido. Ele não quis interferir comigo e Richard. Eu pude sentir meus olhos se arregalando. Eu tentei alcança-lo, e o lobo e leão se aquietaram. O leopardo se agitou, e o movimento quase me dobrou em duas. Micah me pegou, me ajudou a ficar de pé. Mas o leopardo gostava muito dele, e eu tive que empurra-lo para longe de mim. Eu tropecei, e Jean-Claude estava ali para me pegar. Eu me agarrei nele, enterrando meu rosto contra seu peito, inalando o cheiro de seda limpa e dele. Eu, na verdade, rasguei sua camiseta, para que eu pudesse colocar meu rosto diretamente contra sua pele. Eu inalei o cheio doce, limpo dele, como se ele fosse ar, e eu estivesse sufocando. Sua colônia era doce, e sempre cheirava tão cara quanto era, mas era o cheiro de sua pele debaixo dela, misturado com a colônia, de que eu precisava. Isso ajudou a limpar minha cabeça, me ajudou a colocar as bestas para dormir. Eu esfreguei meu rosto ao longo do contorno suave de sua cicatriz de queimadura em forma de cruz. Jean-Claude não via a cicatriz como uma imperfeição, e nem eu. Era algo extra para brincar quando eu beijava seu peito. Seus braços me seguraram apertado, e ele sussurrou, —Eu senti seu medo ganhar vida, ma petite. O que aconteceu?


Eu falei com meu rosto ainda enterrado contra seu peito. —Eu estou tentando não tornar Haven meu animal para chamar. Jean-Claude

acariciou

meu

cabelo,

tentando

me

acalmar, como uma criança que acordou de um sonho ruim, mas esse sonho ruim não ia terminar com eu acordando. Não ia ficar tudo bem. —Você está atraída por Haven, e ele por você, ma petite. Você quebrou a ligação dele a Augustine. Eu assenti, minha testa contra seu peito. —Sim, mas ele não é o animal para chamar de Auggie, ele é só um de seus leões. Eu senti Jean-Claude olhar atrás dele. —Isso mesmo, — e lá estava Auggie. Ele tinha vindo ficar perto de nós. —Ele está ligado a mim, mas não como meu animal para chamar. Eu assenti outra vez, meu rosto ainda enterrado contra Jean-Claude. Eu não queria ver o peito nu de Auggie. Eu não queria ser distraída por outro ainda problema metafísico; um de cada vez já era muito. —O que eu fiz com os leopardos antes de eu ter um animal para chamar, Jean-Claude? —Eu não entendo, ma petite, o que... — Então ele ficou muito parado. Ele ainda estava me abraçando. Eu ainda estava agarrada a ele, respirando o cheiro de sua pele, mas seu

coração

tinha

parado

de

bater,

sua

respiração,

paralisado. Ele estava fazendo aquilo de ficar bem parado que os vampiros mais velhos conseguiam fazer, mas dessa vez eu estava pressionada contra ele enquanto ele o fazia. Eu nunca


tinha estado tão perto dele enquanto ficava assim tão parado. Até parar, eu não tinha sequer ficado ciente de que seu coração estava batendo. Isso fez me olhar para ele. Fez eu encontrar aquele lindo, perfeito rosto, e ver que parecia irreal, quase uma máscara, enquanto ele encarava, não a mim, mas atrás de mim. Eu me virei e olhei para onde ele estava olhando. Micah estava parado ali, olhando para nós. O olhar em seu rosto foi o bastante; ele tinha tido o mesmo pensamento horrível que eu tive. Eu lambi meus lábios e sussurrei, — Os leões tem um nome para a rainha deles? Ele disse em voz alta. —Eu senti, quando você viu ele descendo pelo corredor. Ele não vai ser seu animal para chamar. Ele vai ser o Rex para a sua Regina.


Capítulo 39 Richard acabou de volta no quarto de Jason. A Dra. Lillian encheu ele de analgésicos, para que ele pudesse dormir e se curar. Eu tive que prometer a ele guardas em que eu confiava na sua porta para se certificar que nenhum de nossos “convidados” o visitasse enquanto ele estava drogado e desamparado. Parecia um pedido razoável para mim. De fato era tão prático que me deu esperança de que ele estivesse finalmente começando a perceber que a vida não era uma comemoração de escoteiros. Lillian disse que se Richard fosse humano, ele estaria a caminho da emergência, e de muletas por semanas depois. Mas ele não era humano e duas horas de sono curariam muitos danos. Porque não tentar cura-lo com metafísica? Porque Richard nunca tinha me deixado cura-lo com mágica. Era a escolha dele, e eu estava bem com ela. Ele tinha feito tanta coisa boa na ultima hora que eu lhe daria uma folga. Acres1 de folga. Haven estava inconsciente no quarto de visitas onde ele tinha começado o dia, com guardas adicionais. Ele não iria a lugar algum por pelo menos quarenta e oito horas, assim disse a doutora. Tudo bem por mim; fora de vista era simplesmente majestoso para o Monstro do Biscoito e eu. Eu tinha começado a ficar chateada outra vez, andar pelo quarto chateada, mas Jean-Claude tinha me tocado, e 1 Acre: uma medida de área bem extensa de terra


Auggie tinha se juntado a ele. Eu acabei no sofá aconchegada entre eles e me sentindo estranhamente calma. —Você mexeu com a minha mente, não mexeu? —Você tem a habilidade de me manter de fora, ma petite. Meramente decida me afastar, e eu vou ser forçado a ir. Eu acho que você precisa da calma. Eu não podia discutir com aquilo. Eu virei minha cabeça no colo de Jean-Claude, e olhei para Auggie, que tinha minhas pernas pelo seu colo. —Mas ele está te ajudando. —Muito pouco, — Auggie disse, e fez aquela expressão que deveria ser humilde, mas nunca chegava a isso. —Você realmente devia tentar parar de parecer humilde, — eu disse, — não funciona com você. Ele me deu olhos arregalados inocentes, eu acho que ele estava tentando parecer. Ele não conseguiu fazer aquilo tampouco. —Você está dizendo que eu não sou humilde? — Ele sorriu, estragando qualquer tentativa de inocência. Aquele sorriso dizia que ele estava pensando coisas nefastas, coisas engraçadas, mas nefastas mesmo assim. —Você não conheceria a humildade nem se ela te mordesse na bunda. Ele riu, boca aberta, mostrando presas. Se você não visse as presas você poderia dizer que era uma risada muito humana. Jean-Claude tinha explicado uma vez para mim que vampiros aprendem a controlar o rosto, voz, cada reação, para esconder de seus mestres. Porque qualquer emoção forte pode ser usada contra você. Depois de alguns séculos você


podia perder a habilidade da risada verdadeira, ou sorrir só porque você está feliz, não porque você pensou que isso te levaria a algum lugar. Expressões faciais para os vampiros muito velhos se tornam mais um flerte: algo que você faz de propósito, para um propósito. Auggie simplesmente pareceu rir. Eu levantei minha cabeça para que eu pudesse olhar para o rosto de Jean-Claude. Eu perguntei, — Isso é real, essa risada, ou é parte do plano de jogo de Auggie? —Pergunte a ele, ma petite. Eu olhei para o outro vampiro. —Bem?— eu disse. —Bem, o que?— ele perguntou. —A risada é real, ou uma atuação? Ele deu de ombros com aqueles ombros massivos, deixando o xale preto deslizar um pouco para baixo. No ritmo que estava deslizando, ele ficaria nu da cintura para cima outra vez. Eu não tinha certeza se eu queria que o xale caísse mais rápido, ou queria fazê-lo colocar de volta. Vê-lo nu soava bom, e a vontade disso me fazia não querer isso de modo algum. Loucura, eu sei, mas verdade. Eu raramente confiava em qualquer coisa que eu queria demais. Eu senti cheiro de baunilha, baunilha quente. Nathaniel estava vindo. Eu escutei pés descalços correndo, e no momento seguinte ele estava no ar sobre mim. Ele se pegou com mãos e dedos no sofá, logo antes de ele pousar em mim. Ele tinha feito isso antes, mas sempre me assustava, e me fazia dar aquele gritinho de garota. Eu odiava que eu sequer tinha aquele som dentro de mim em algum lugar. Nathaniel


riu, seu rosto aceso com isso. Eu tentei ficar carrancuda sobre ele me assustando, mas falhei. A carranca sumiu debaixo da alegria de estar assim tão perto dele, e o toque tranquilizante dos vampiros. —Não está grávida, — ele disse. Eu balancei minha cabeça, e ri, também. De repente, eu me lembrei do quão gloriosamente aliviada eu tinha ficado. Ele trouxe de volta o ímpeto de alegria que eu tinha tido antes de Haven se comportar mal. Nathaniel

deixou

seu

corpo

cair

àqueles

poucos

centímetros, então ele pressionou seu peso contra mim. Ele me beijou, e eu o beijei de volta. Minhas mãos deslizaram pelo calor musculoso de sua pele, e o calor sedoso de seu cabelo, solto e caindo sobre todos nós. Seu corpo começou a reagir à proximidade, e o beijo cresceu. —Se eles realmente fizerem sexo no nosso colo, nós podemos nos juntar?— Auggie perguntou. Eu me afastei do beijo, e Nathaniel parou, mas ele não se mexeu. Eu tive que mover um pouco do cabelo grosso castanho-avermelhado para um lado para que eu pudesse ver o rosto de Auggie. —Não, — eu disse. —Então, eu estou perdido a respeito de onde colocar minhas mãos. Eu olhei através do ombro de Nathaniel para perceber que o lugar mais natural para Auggie colocar suas mãos era provavelmente a bunda de Nathaniel, onde ela aparecia de entre a queda de seu próprio cabelo.


Auggie levantou uma mecha daquele cabelo. —Eu não vejo cabelo assim por um século. — Ele esfregou o cabelo ao longo de sua bochecha. —Traz de volta memórias, embora o corpo fosse de uma mulher. — Ele olhou para Nathaniel. —É o cabelo mais comprido que eu já vi em um homem. Eu não gostei do jeito que ele estava olhando para Nathaniel, não que nós realmente pudéssemos culpa-lo. Não foi Auggie que pulou nu em nosso colo. Eu empurrei o peito de Nathaniel. —Se mexa ok? Ele me deu um olhar que deu um jeito de parecer tanto inocente, e não inocente, então ele rolou para o chão. Sim, ele queria me surpreender, mas ele era um exibicionista, e amava flertar. Isso não significava que ele queria sexo, só que ele gostava do jeito que as pessoas reagiam ao seu corpo. Ou pelo menos era aquilo que eu e Micah pensávamos. Era inteiramente possível que Nathaniel não soubesse por que ele fazia isso. Micah apareceu atrás do sofá. —Seu leopardo não pareceu despertar quando Nathaniel te tocou, — Micah disse de trás do sofá. —Não, não despertou. — Eu olhei para ele, e descobri que o cabelo de Jean-Claude bloqueava minha visão. Micah se moveu de modo que ele estivesse parado mais entre os dois vampiros, para que eu não tivesse que me esticar. —Você tocou muito menos de mim, e ela despertou.


—Tente outra vez, — eu disse, e estendi minha mão para ele. Ele hesitou, como se ele estivesse com um pouco de medo do que poderia acontecer, mas ele pegou minha mão. Eu esperei minha besta despertar, mas ela não o fez. Era só a mão de Micah na minha. Eu apertei sua mão, e dei a ele um sorriso. Um pouco da tensão nele desapareceu, como se ele tivesse estado prendendo a respiração por causa de alguma coisa. Ele ainda parecia tão sério, quase triste. Ele estava com ciúmes? O homem que me dividia melhor estava com ciúmes? Não havia nenhuma ansiedade com o pensando, foi só um pensamento. O poder de Jean-Claude deixou ser só um pensamento, sem a bagagem emocional ligada a ele. Era assim que as pessoas bem-ajustadas raciocinavam? Se sim, era malditamente pacífico. Eu queria reassegura-lo e tirar aquela preocupação dos seus olhos. Não houve nenhum pensamento para isso, nenhuma racionalização. Eu queria reassegurar Micah, então eu me sentei, e usei nossas mãos juntas para puxa-lo para baixo. Nós nos beijamos, mas ele se afastou. Aqueles olhos verdes-amarelados ainda continham uma sombra de preocupação. Eu queria que a sombra desaparecesse. Eu queria que ele soubesse o quanto ele significava para mim. Eu usei ambas as mãos para arrasta-lo meio sobre as costas do sofá, e dar a ele o beijo que ele merecia. Eu lambi, beijei, comi na sua boca, como se o gosto dele fosse uma droga, e eu precisasse de uma dose. Ele caiu naquele beijo, e


se derramou sobre o sofá, em cima de mim, e no colo de todo mundo. Ele levantou do beijo, rindo, a preocupação apagada de seus olhos. Nós acabamos rindo juntos em uma grande pilha. Não só Micah e eu, mas Nathaniel, e Auggie com sua grande risada que mostrava as presas. A risada de JeanClaude se derramou sobre todos nós, como algum espesso e doce que você devia ser capaz de lamber da sua pele. A sensação disso me fez prender a respiração. Micah tremeu sobre mim. A mão de Nathaniel agarrou meu braço, e o de Micah, seus dedos convulsionando contra nossa pele. A mão de Auggie apertou quase dolorosamente minha perna. Eu não conseguia ver além do corpo de Micah, mas eu podia sentir seu corpo reagindo àquela risada tocável. Não foi só o corpo de Auggie que reagiu. Seu poder queimou de sua mão, e o calor de seu colo, através do pijama de seda, e meu jeans. Eu senti seu corpo como calor através do tecido. Aquele calor achou o ardeur encolhido dentro do meu corpo. Auggie o chamou, e como um cachorro bemtreinado, ele seguiu seu poder. Micah sussurrou, — Oh, Deus.— Eu achei que ele teria rolado para longe e fugido para segurança, mas o braço de Nathaniel apertou nós dois, e a outra mão de Auggie pressionou suas costas. Ele não estava preso, mas com o ardeur, força de vontade é tão difícil de vir que essas coisas pequenas podem virar a balança. O poder de Jean-Claude pulsou ganhando vida contra mim, mas não foi seu ardeur que despertou. O poder frio dos túmulos se espalhou do seu corpo como água gelada e


tranquilizante

para

apagar

o

calor

que

Auggie

tinha

despertado. O poder de Jean-Claude se derramou através de mim, sobre mim, e se espalhou. Se espalhou para Micah, de modo que seus olhos perderam o pânico. A mão de Nathaniel começou a relaxar em seu aperto desesperado em nossos corpos. A respiração de Auggie saiu em um longo e trêmulo suspiro. —Isso foi muito ruim da sua parte, Augustine, — JeanClaude disse em uma voz que estava mais grossa que o normal com seu sotaque francês. O que significava que ele teve que fazer mais esforço para parar o ardeur do que o fluxo fácil de poder tinha nos deixado acreditar. Micah meio caiu em cima de mim, sua cabeça se enterrando

contra

meu

ombro,

de

modo

que

eu

repentinamente pude ver o rosto sorridente de Auggie. Ele estava totalmente impertinente. — Jean-Claude, você pode verdadeiramente me culpar com toda essa recompensa se contorcendo em meu colo?— Ele deu um tapa na bunda de Micah. Micah rolou do sofá, e me levou com ele, porque eu deixei. Nós acabamos no chão perto de Nathaniel. Micah e eu ficamos

de

pé,

puxando

Nathaniel

também.

Nós

nos

afastamos do sofá, de modo que nós três encarássemos os vampiros, rostos não mais amigáveis. Eu tinha tirado os dois vampiros da minha cabeça, porque eu não tinha certeza de como tirar Auggie sem tirar Jean-Claude, também. Eu só não tinha os pontos mais legais da metafísica ainda.


—Eu posso não te culpar, mas eles vão, — Jean-Claude disse, e ele soou quase satisfeito. Eu tive um relance do por que: ele estava satisfeito que Auggie estivesse caindo nas mesmas armadilhas que uma vez tinham sido sua própria queda. Então ele fechou a ligação entre nós, fechou bem, como se ele não quisesse que eu soubesse o que mais ele estava pensando. Tudo bem por mim; eu tinha minhas próprias razões para não querer compartilhar. Houve um segundo, só um segundo, quando o ardeur estava despertando com todos os quatro me tocando que não tinha parecido uma ideia ruim. Micah, Nathaniel, e JeanClaude eram uma coisa, mas Auggie tinha me enganado. Sim, eu estava apaixonada por ele, também, mas era por causa de artimanhas vampíricas. Auggie tinha me prendido em uma armadilha de amor, e aquilo devia ser punido, não recompensado. Richard provavelmente diria que eu era muito boa em punir amor verdadeiro, então amor por engano devia carregar uma pena maior, não devia? —Eu não sei, — Micah disse, — e você não pode me tocar. Auggie abriu suas mãos, e fez um gesto de como-eu-iasaber. —Minhas mais profundas desculpas, mas se as pessoas continuarem a cair no meu colo, eu posso tirar alguma vantagem. —Não, — eu disse, —você não pode. Ele estreitou aqueles olhos verdes-amarelados para mim. —Eu amo você, Anita. Você me ama?


Eu quase disse não, mas soube que ele sentiria o cheiro da mentira. Eu dei de ombros. —Sim, graças a seu poder, sim, eu amo. — Eu dei de ombros outra vez. —Mas o que isso tem a ver com alguma coisa? —A maioria das mulheres que me ama não age assim tão brava. A maioria das mulheres apaixonadas é generosa com seus amantes. —No sexo, eu sou generosa; em tudo mais, você tem que se esforçar. Auggie olhou para Jean-Claude. —Ela tem o gosto da verdade. Jean-Claude assentiu. —Ma petite é uma amante exigente de todas as formas. —Normalmente quando um homem diz que uma mulher é uma amante exigente, é uma coisa boa, mas de alguma forma eu acho que não foi isso o que você quis dizer, — Auggie disse. Jean-Claude me deu um sorriso, aquele sorriso que era só para mim, a às vezes para Asher. O sorriso dizia que ele me amava, e eu tive que sorrir de volta. Eu senti meu rosto suavizar, e a raiva desaparecer. Eu não estava brava com Jean-Claude. Eu finalmente tinha ficado melhor em não espalhar minha raiva sobre todo mundo. —Ma petite e eu trabalhamos muito, juntos, para formar o amor que você ganhou por subterfúgio. — Ele se virou e olhou para Auggie. —Eu era seu amigo, mas você usou suas artes para me fazer sentir por você o que você não ganhou. Mas eu, como ma petite, sei como amar e não ser um prisioneiro desse amor.


Você pode ganhar, ou roubar, nosso amor, mas você não pode roubar um relacionamento verdadeiro conosco; isso deve ser merecido. — Ele se virou, e enrolou suas longas pernas no sofá. Ele colocou seu braço através das costas do sofá, não exatamente tocando o ombro nu do outro homem. Ele embalou sua cabeça em seu braço estendido, deixando todos aqueles cachos se derramarem ao longo do branco do sofá. Eu não conseguia ver seu rosto, mas eu conhecia o olhar.

Era

um

olhar

charmoso,

sedutor,

seu

olhar

provocante, quando ele realmente não esperava que nada acontecesse. Ele só queria te lembrar do quão esplêndido era. Ele normalmente usava o olhar somente quando estava bravo, ou eu estava. Era um olhar para terminar uma briga, ou começar uma. Auggie olhou para ele, e o olhar foi triste. Ele viu JeanClaude, entendeu o potencial naquele corpo, e soube naquele momento que ter uma vez não significava que ele ia ter de novo. Jean-Claude era difícil quando achava que isso daria a ele uma vantagem. O olhar no rosto de Auggie dizia que era uma vantagem bem grande nesse momento. Se era amor de verdade, amor verdadeiro, então não devia ter feito eu me sentir mal ver Auggie querendo, doendo com dúvida? Talvez, mas não o fez. Isso me deixou feliz, daquele jeito pequeno, trivial, vingativo que sempre promete um relacionamento bem ruim. Há tipos diferentes de amor, eu tinha aprendido aquilo, não menos real, ou mais real, só diferente. Talvez o que Auggie conseguia fazer uma pessoa sentir não era amor verdadeiro, afinal.


Talvez fosse aquele tipo de amor que parece vir rápido, e parte devagar, mas no meio só tem brigas, e dor, pontuadas com um ótimo sexo, até um dos dois ter a coragem de terminar, e ir embora. Auggie virou aquela expressão triste para mim. —Vocês dois me recusariam. — Ele pareceu genuinamente surpreso. Ele olhou de volta para Jean-Claude. —Eu entendo JeanClaude, ele está manobrando por poder, embora meu orgulho esteja ferido. Eu não devo ser tão bom com outros homens quanto eu pensava que era. Jean-Claude respondeu com sua cabeça ainda pousada em seu braço. —Se eu alimentar seu ego agora, então eu posso perder a vantagem que eu ganhei. Auggie assentiu. —Eu entendo isso. — Ele olhou para mim. —Mas ela, eu não a entendo. Eu sei que eu sou bom com mulheres. Inferno, eu sou um amante incrível. Eu ri, eu não consegui evitar. Ele me deu um olhar obsceno. —Você discorda? Eu balancei minha cabeça. —Não, você é ótimo. — Não soou como se eu realmente quisesse dizer isso, mas eu quis. —Talvez eu só goste dos meus homens um pouco mais modestos, é tudo. Ele apontou um dedo para Jean-Claude. —Se ele já foi modesto sobre sua maestria na cama, foi uma modéstia falsa. —Porque, obrigada, — Jean-Claude disse. Auggie balançou a cabeça. —Não foi isso que eu quis dizer. —O que você quis dizer?— eu perguntei.


—Que ele não tem um osso modesto no corpo. Na verdade, eu não concordava com aquilo, mas Auggie não merecia a explicação que vinha com isso, então eu o deixei mentir. —Você tem direito a sua opinião. —O que significa que você não concorda comigo, — Auggie disse. —Significa o que eu disse. Auggie mudou seu olhar para Micah. Ele olhou para ele, olhou para ele do jeito que homens normalmente marcam mulheres. Como se ele estivesse se perguntando como Micah seria sem roupas. —Aqui estou eu, parado, sem roupas, e você nem sequer está olhando para mim, — Nathaniel disse. —Eu deveria me sentir insultado? Ele deu alguns passos à frente de Micah, jogando todo aquele cabelo castanho-avermelhado sobre seus ombros, de modo que seu corpo ficasse emoldurado por ele. Ele ficou parado ali e olhou para o vampiro. Ele olhou para ele com aqueles olhos lavanda, com aquele corpo lindo. —Talvez eu goste de um pouco de modéstia, também — Auggie disse. Nathaniel moveu seus braços musculosos para se cobrir, deixou o cabelo cair sobre um ombro, de modo que mais dele ficasse escondido. Ele espiou timidamente em volta de seu próprio corpo e cabelo, deu olhos inocentes, deixou seu rosto ser tão jovem quanto era em anos. Eu nunca tinha certeza de como ele fazia isso, mas ele podia bancar o


inocente até os dedos.

Ele podia esconder aqueles olhos

cansados, e bancar o ingênuo. Auggie riu, aquela risada brilhante, feliz. —Ele é bom. — Ele se virou para Jean-Claude. —Onde você achou homens tão bonitos? —Eu não achei, — ele disse. Ele olhou através de Nathaniel para mim. —Anita, você tem um olho muito bom para talento. —Eles não são talento para mim. Eles são pessoas com as quais eu me importo, e eu não gosto de jogos. Ele gesticulou para Nathaniel. —Esse joga jogos, e muito bem, penso eu. Eu assenti. —Nathaniel gosta de jogos mais do que eu, mais do que Micah gosta, mas ele não os joga conosco. Auggie me deu um olhar que parecia implicar que eu estava sendo ingênua. —Uma vez um prostituto, sempre um prostituto, Anita. —Isso deveria ter sido vil? — eu perguntei. —Eu achei que você gostava de honestidade, — ele disse. —Era pra ter sido vil, — Micah disse. —Eu conheço um prostituto quando eu vejo, porque eu era um. Assim como era Jean-Claude, e Asher, e Requiem, e London. Não devo deixar de fora as senhoras: Elinore, Cardinal, qualquer um que já foi da linhagem de Belle era um prostituto. Nós fomos criados para ser prostitutos.


—Nathaniel não é um prostituto, — eu disse, e estendi a mão para ele. Ele se afastou do toque, e me deu olhos cheios de perda. —Eu era. —Você nos pesquisou, antes de vir aqui, — Micah disse. —Pode apostar, — Auggie disse. Eu toquei o rosto de Nathaniel, e tentei colocar nos meus olhos o quanto ele significava para mim. O que quer que ele tenha visto em meu rosto o fez sorrir, um pouco. Ele pressionou sua mão sobre a minha, pressionando minha mão contra a curva de sua mandíbula. Micah ficou na frente de nós dois. —Você sabia que olhar para mim daquele jeito seria um insulto. Nathaniel tomou meu lugar, tirou a atenção, porque não iria incomodar ele. Algo sobre ele me proteger te incomodou. Por quê? Jean-Claude levantou a cabeça, cruzou suas pernas uma sobre a outra de um jeito que te deixava saber o quão flexível ele era, mas ainda deu um jeito de ser “elegante”, por falta de uma palavra melhor. —Eu sei por quê. Eu coloquei um braço pelas costas de Nathaniel, e perguntei, — Por quê? Jean-Claude e Auggie trocaram um olhar. —Se você acha que pode me ler assim tão bem, vá em frente, — Auggie disse. Jean-Claude

assentiu,

então

olhou

para

nós.

Augustine prefere mulheres a homens, mas alguém teria que ser muito, muito heterossexual de fato para ignorar a beleza de vocês dois. Na defesa dele, você caiu no colo dele. Ele se comportou admiravelmente. Há vampiros entre nossos beijos


que não teriam mostrado a restrição dele. Ele ofereceu um insulto pequeno, e você tomou como um grande. Anita e eu não estamos caindo um no outro para confessar nosso amor por ele, e isso aborrece ele. Isso intriga ele, também. Mas eu acho que é mais do que isso. — Ele olhou para Auggie. —Eu acho que ele observou Nathaniel usar o único dom que ele tinha para proteger Micah. Isso traz de volta memórias antigas, Augustine? Memórias ruins? — Ele se inclinou em direção ao outro homem. Auggie ficou de pé, e não olhava para ele. —Minhas memórias são minhas. — Então ele percebeu o que tinha dito, e deu uma risada amarga. —Por agora, pelo menos, até ela ditar o contrário. — Ele não estava se referindo a mim. Jean-Claude deitou de volta no sofá, espalhando seu cabelo pelo braço dele, um braço descuidadamente sobre sua cabeça, o outro pela barriga. Um pé descalço trilhou o tapete; o outro estava em cima do sofá, seu joelho encostado contra as costas do sofá branco. Ele parecia atraente, e ele sabia disso. Mas foi o jeito que Auggie observou ele que fez o show. Havia uma angustia real em seus olhos. Me machucava ver seu rosto assim. —Você me dá outra prova do céu, e eu sei que eu estou no purgatório outra vez. Você, e ela — e ele apontou para mim — podem me levar ao céu como um capricho, e me jogar no inferno se é a sua vontade. — Ele fechou os olhos, seu rosto marcado com dor. —Eu me lembro de você mais gentil


do que isso, Jean-Claude. Eu me lembro de você como meu amigo. —Amigos não usam seus poderes uns contra os outros. Você despertou o ardeur de ma petite deliberadamente. Você queria ter ela. O fato de que nós dois tivemos você foi um acidente de poder. Você se lembra de mim mais gentil, e menos poderoso. Você me subestimou, e você confundiu ma petite. Auggie abriu os olhos, e encarou o outro vampiro. —Eu não entendo o que você quer dizer com isso. —Pergunte ao nosso Nathaniel como ele ganhou o coração dela. —Eu vejo o corpo dele; eu sei como ele ganhou o coração dela. —Você não vê nada, não sabe nada, — Jean-Claude disse. —Mon minet, diga a ele como você ganhou o coração dela. —Você o chama de “meu gatinho” e eu estou errado sobre ele?— Auggie disse. Nathaniel se encostou um pouco mais contra a mão que eu tinha em suas costas nuas. —Eu não apressei Anita, — Nathaniel disse. —Mas você tentou. — Auggie fez disso uma afirmação. Nathaniel assentiu. —Eu queria que ela me quisesse. Eu não conhecia nenhum outro jeito de fazer isso. —Funcionou, — Auggie disse. Nathaniel me olhou de volta, me deu um sorriso, então se virou de volta para Auggie. —Não, não funcionou.


Ele gesticulou para todos nós. —Claro que funcionou. —Só quando eu parei de tentar apressa-la, e só tentei aprender como ama-la. —Aprender como ama-la, você faz soar como uma aula, ou um diploma. Você simplesmente ama as pessoas. Nathaniel riu. Jean-Claude fez um barulho como se ele estivesse tentando não rir. Eu olhei para Micah. —Você vai rir, também? Micah balançou a cabeça. —Eu não, sei melhor. — Embora houvesse uma pontada de um sorriso em seus lábios. Eu fiz uma careta para todos eles. —Tudo bem, riam. —Eu não entendo a piada tampouco, — Auggie disse. —Você vai, — Micah disse, e isso soou como uma ameaça. —É assim tão difícil me namorar? Dessa vez Claudia e alguns dos outros guarda-costas riram. Eu simplesmente estava divertindo todo mundo.


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