SURGE Skateboard Magazine, 32nd issue: "Bryggeriet Rules!"

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2016 fevereiro/março/abril Trimestral Distribuição gratuita

S K A T E B O A R D

M A G A Z I N E


EVAN SMITH \ WALLIE STALEFISH \ BLABAC PHOTO

FIND OUT WHAT’S IN EVAN’S SOLE AT DCSHOES.COM /EVANSMITH


THE

EVAN SMITH

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Pedro Raimundo “Roskof” editor

a província

Quem me conhece sabe que sabe que sou um otimista-pessimista, que sofro um bom bocado por antecipação. E eu admito que sim, mas também tenho boas razões para isso. Não por estar sempre à espera do mal, que acaba por não acontecer, mas sim porque cada vez que que faço algo, penso sempre no famoso “worst case scenario”. Exemplo? Quando começámos a Surge, sinceramente, pensei que iríamos durar 6 meses, afinal, quase 8 anos depois ainda cá estamos, apesar da anunciada tragédia dos media em papel. E porque será? A verdade é que se pensares em tudo o que pode correr mal e te esforçares para fazer o que é preciso para que corra bem, 99,9% das vezes as coisas vão correr da melhor maneira. Como dizia um famoso astrofísico “não te adianta passares os dias com pensamentos positivos, se depois não fazes nada para que isso aconteça”. E é com esta máxima que não posso deixar de preocupar-me com o que aí vem em relação ao skate em Portugal. Em todos os aspetos, para ser sincero. Numa altura que em as distribuidoras de skate em Portugal cada vez mais são relegadas para meros pontos de venda de marcas sediadas em Espanha, França, ou Alemanha, cada vez será mais difícil aos nossos skaters conseguirem algum tipo de apoio, cada vez serão mais difíceis paras as nossas lojas as condições de acesso a produtos – e não esquecer que as lojas são, muitas vezes, o único meio de ligação das comunidades de skaters à industria – o que só por si é uma pescada de rabo na boca: menos presença de marcas de skate, menos vendas, menos visibilidade, menos notoriedade. Exemplo disso? Lisboa, a maior cidade do país, em breve deixará de ter uma única skate shop... é a lei do mercado? Ou será? Como é possível que cada vez exista mais gente a andar de skate, cada vez existam mais skate parques, melhores condições... raios, até as ruas da capital em breve vão tornar-se skatáveis e cada vez os nossos skaters vão estar mais dependentes de decisões de alguém que possivelmente nunca pôs cá os pés e, claro, sujeitos às condições impostas. E, obviamente, isto irá, ou já está a refletir-se em todo o país. Será que existe alguma solução? Claro que sim mas, lá está, é preciso que as pessoas que estão envolvidas e que gostam do skate se juntem e façam o que é preciso para transformar os nossos problemas em vantagens. Se vamos trabalhar diretamente com marcas através da base europeia, então que aproveitemos os recursos que eles têm. Querem criar marcas nacionais? Siga. Afinal, de Badajoz para lá as pessoas não nascem com um chip diferente que lhes diz que podem fazer produto nacional e prosperar. Queres abrir uma escola de skate? Garanto-te que não vais chegar para as encomendas… Pois é, mas isso não chega, dirão alguns de vocês, e, sim, este é dos textos mais pessimistas que alguma vez escrevi, mas podem crer numa coisa: ao mesmo tempo que aqui na Surge pensamos em tudo o que de mal pode aí vir, estamos de mangas arregaçadas a trabalhar para isso não aconteça. E tu, o que vais fazer? Vais limitar-te a ir para as redes sociais dizer que está um dia lindo e que é maravilhoso estar vivo, ou vais fazer alguma coisa em relação a isso?



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Ficha Técnica Propriedade: Pedro Raimundo Editor: Pedro Raimundo Morada: Rua Fernão Magalhães, 11 São João de Caparica 2825-454 Costa de Caparica Telefone: 212 912 127 Número de Registo ERC: 125814 Número de Depósito Legal: 307044/10 ISSN 1647-6271 Diretor: Pedro Raimundo roskof@surgeskateboard.com Diretor-adjunto: Sílvia Ferreira silvia@surgeskateboard.com Diretor criativo: Luís Cruz roka@surgeskateboard.com Fotógrafos residentes: Luís Moreira João Mascarenhas Publicidade: pub@surgeskateboard.com Colaboradores: Rui Colaço, Renato Laínho, Paulo Macedo, Gabriel Tavares, Luís Colaço, Sem Rubio, Brian Cassie, Owen Owytowich, Leo Sharp, Sílvia Ferreira, Nuno Cainço, João Sales, Rui “Dressen” Serrão, Rita Garizo, Vasco Neves, Yann Gross, Brian Lye, Bertrand Trichet, Jelle Keppens, DVL, Miguel Machado, Julien Dykmans, Joe Hammeke, Hendrik Herzmann, Dan Zavlasky, Sean Cronan, Roosevelt Alves, Hugo Silva, Percy Dean, Lars Greiwe, Joe Peck, Eric Antoine, Eric Mirbach, Marco Roque, Francisco Lopes, Jeff Landi, Dave Chami, Adrian Morris, Alexandre Pires, Vanessa Toledano, Nuno Capela, Ruben Claudino, Rui Miguel Abreu, Telmo Gonçalves. Tiragem Média: 8 000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Printer Portuguesa Morada:Edifício Printer, Casais de Mem Martins 2639-001 Rio de Mouro • Portugal Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusivé comerciais. www.surgeskateboard.com Queres receber a Surge em casa, à burguês? É só pedir. Através de info@surgeskateboard.com assinatura anual em casinha: 15 euros


número 31 disponível online em www.surgeskateboard.com

Colados no 100 Montaditos, ou sobre como um grupo de skaters portugueses entra inocentemente num estabelecimento em Madrid e quando dá por si está o caos instalado Tomates Azuis em Portugal Uma condição que afligiu os skaters da Dime em viagem. Felizmente o remédio não custou nada a tomar.

Em busca do diamante do deserto Tal como acontece no efeito da pedra filosofal, também a areia do deserto pode transformar-se em algo precioso, principalmente quando tens um skate nos pés

Comportamentos de Risco Lrg e Dvs nos Açores Como é que um grupo de rapazes bem-comportados se mete a fazer coisas destas? Ah, é verdade, porque são skaters!

Vanessa Teodoro - Super Van Ao contrário do que muitas vezes lhe disseram, esta mulher portuguesa provou que mesmo no nosso país se consegue viver e crescer como artista e como pessoa a “fazer bonecos”.

Capturas - Jacob Messex Quando te disserem que a malta nova não liga muito à fotografia, mostra-lhe o trabalho deste fotógrafo de skate, que aos 19 anos já pertence ao staff das melhores publicações de skate mundiais.

Capa: O Aníbal não é do tempo de “The Wall”, dos Pink Floyd, mas se fosse, um flip assim seria a solução certa para passar por cima de muros.

Robbin de Wit é dos skaters europeus mais completos. O homem anda em tudo como deve ser, até em paredes. Crooked grind pop-out no Terreiro do Paço

fotografia, Roskof

fotografia, Roskof


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U N

E M

P L O Y A B L E

30 anos de Hardcore, Skate e Street

Escusas de estar para aí com ideias, este livro não tem nada a ver com crise, falta de emprego, poucas oportunidades, ou azares da vida, mas sim exatamente com o oposto! Como dizem os próprios irmãos Hill no início desta obra, o título veio mesmo de uma palavra usada por eles na altura em que sentiam a necessidade de criar algo novo... visto que não se viam como parte do sistema, ou tão pouco se conformavam com as regras estabelecidas. Este é o retorno de uma verdadeira epopeia iniciada há 30 anos pelos irmãos Hill na Austrália, bem longe da costa da Califórnia. E agora estás a perguntar quem são os irmãos Hill, certo? Pois estes três rapazes criaram uma das maiores companhias de skate e surf da atualidade e são reconhecidos pelos seus pares e concorrentes como exemplos, sempre fiéis às suas raízes e aos valores que cultivaram, desde que aos 13 anos começaram a sua primeira equipa de skaters num subúrbio de Melbourne. Hoje em dia conheces, certamente, as suas marcas e o impacto que têm no mundo do skate: Globe Shoes, Almost Skateboards, Cliché, Darkstar, Blind, Enjoi... mas, de certeza que não sabes que alguns dos mais influentes skaters mundiais também saíram do “forno” onde estes três irmãos cozinhavam. Como eles próprios afirmam, quando acreditas nas pessoas e elas confiam em ti, essa base de relacionamento dá-te mais bases para evoluir no competitivo mundo do skate e do surf. Essa sua visão levou a que algumas das lendas do skate mundial, como o Rodney Mullen, ou Lance Mountain, tenham confiado neles para coisas tão importantes como escolher que manobras seriam boas para as suas vídeo-parts. O próprio Mark Gonzalez, o “padrinho” do street skate, confessa no livro que os Hill são das pessoas que mais o influenciaram na sua carreira e na sua forma de ver o skate. Ao longo das 600 páginas deste livro são muitas mais as histórias, aventuras e desventuras, azares e felizes coincidências que, 30 anos depois, levam estes rapazes a continuar a viver a vida “à sua maneira”, fiéis ao seu lema, “hardcore, skate e street”. Nada mau, para 3 irmãos “Unemployables”. Texto Surge


carhartt FELIPE BARTOLOMÉ - OLLIE • PHOTO: SAM ASHLEY


12 ANTIESTÁTICO

Talvez por o skate parque da Expo ser ali perto do aeroporto, o Javi Mendizabal decidiu também levantar voo com este frontside ollie. fotografia, João Mascarenhas


Quando estiveres encurralado entre duas paredes não te preocupes, olha para cima. Há sempre uma saída. David Santiago - Flip fotografia, Ruben Claudino


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Como sabemos, o Mouga anda sempre à procura de spots diferentes. Mas, raios, também não precisa de exagerar... blunt-drop. fotografia, Renato Laínho


Este homem produz mais fotos e vídeos que a Kim Kardashian em ácido. João Allen, frontside boardslide - Leiria fotografia, Roskof


16 ANTIESTĂ TICO

Quando toda a gente te diz que para skatar este spot, em Almada, tens de usar a rampa e provas que estĂŁo todos errados... - Julian Ruhe - Smithgrind do flat fotografia, Hendrik Herzman



18 ANTIESTÁTICO


O Macba, em Barcelona, jรก viu muitas manobras, sรฃo centenas os skaters que lรก deixaram a sua marca. Pois agora o Tiago Lopes junta-se a esse grupo, com este Footplant Flip No Comply fotografia, Leandro Moska


Vê-se logo que este homem constrói skate parques, está sempre à vontade em sítios de obras. Francisco Lopez, Backside Wallride Melon fotografia, Vasco Neves


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Não interessa o muito que andas, mas sim como andas. O Luís Coutinho é uma prova disso, backside tailslide, com classe fotografia ,Vasco Neves


24 ANTIESTÁTICO

Para algumas pessoas o vertical não chega, vivem sempre em “oververt”. O Mouga é um deles. fotografia, Renato Laínho


Quando pensas que já não tens o skate nos pés, mas afinal tens… Alexis Santos, Nollie 360º flip fotografia, Roskof


26 ANTIESTÁTICO

É cada vez mais difícil skatar este corrimão, no Areeiro, mas enquanto os seguranças não olham, há sempre tempo para umas destas. Helder Lima, backside nosegrind fakie fotografia, Roskof

Gostamos sempre quando os seguranças aparecem e dizem “só mais esta”. É que assim a malta tem de dar corda aos sapatos. No caso de Hélder Lima isso nem é preciso, é que ele tem sempre o motor ligado. Backside Lipslide – Olaias. fotografia, Roskof



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Sim, leste bem, essa tua tábua nojenta que lambe tudo que é chão, risca bancos e paredes, que te mantém pobre e rico ao mesmo tempo, passou a ser um jogo. Sim, um jogo. E se por agora não desviaste o teu olhar de volta para o teu “Querido Líder”, o teu smartphone, então não o faças agora pois vais ficar a saber tudo a que terás direito como nosso atleta de alta competição. Antes de tudo, esta federação portuguesa, a que tem mais groupies per capita do mundo, saúda todos os atletas mundiais de skate por terem conseguido aparecer em mais spots publicitários que o Herman de José, Rita de Pereira e Cristiano de Ronaldo todos juntos numa salada comercial intragável, representando com precisão a rebeldia dos seus atletas, conseguindo assim estabelecer a ponte entre o desporto e o mundo comercial milionário que nada fez em toda a história do skate senão educar uma legião de Mallgrabs profissionais um pouco por todo o mundo. Um grande bem-haja. Para começares esta tua jornada gloriosa até à Champions dos patinetes dirige-te à primeira loja de vestuário urbano, sim, aquela em que ninguém sabe o porquê das tábuas que têm à venda terem todas o defeito de ter um lado maior que o outro, pede o formulário de admissão onde juntamente com a tua informação pessoal e Número de Identificação Bancária deves anexar os links para o teu instagram, tweeter e a password do wi-fi de tua casa, a fim de os nossos júris poderem seriar as admissões que nos são enviadas diariamente. O prazo de resposta é entre os cinco dias úteis até uma eternidade sem resposta alguma. Desafiem-nos. Segundo. Depois da admissão, o Federado terá que atender aos treinos no skate parque do seu clube, no mínimo cinco vezes por semana. A fim de aumentar o potencial de cada atleta, a federação tomou a iniciativa de contratar treinadores pessoais espalhados por todos os parques de skate em Portugal, aumentando assim as hipóteses de Portugal ter representantes desta modalidade prontos a tempo de competir nos Jogos Olímpicos de 2016. Filmagens? Quanto a isso, a direção garante que os federados com mais seguidores no redtube terão vida fácil, pois temos para oferecer mil GoPros com ultra hd e slow-motion incorporado, para que possam divulgar nas redes sociais os vossos truques novos, em cima ou fora do skate, com a máxima qualidade de imagem do mercado. Futuro, baby! Terceiro. Esquece tudo que escrevi até agora e vai skatar. Skate não é um desporto. Felizmente. No skate não existem campeões, não existe tal coisa como o melhor ou o pior skater do mundo, existe, sim, skaters, ponto. Interessante, como o skate está cada vez mais domesticado pela sociedade ao ponto de se assemelhar com desportos como a ginástica artística, onde um pobre coitado tem que demonstrar num espaço delimitado que é superior a todos os da competição, à frente de um público babado com os seus telemóveis no ar à espera daquela queda predestinada a ser viral na Internet. Skate não é um jogo. Skate é diversão sem regras, sem pressão, sem merdas. Skate na veia, Afonso Menezes


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COLADOS NO “100 MONTADITOS” Ahhh, Madrid, aquela cidade em Espanha, aqui tão perto, mas ou mesmo tempo tão longe. Ou não? Pois, se calhar é situada tão perto de nós que raramente nos lembramos dela como destino para viagens de skate. Serão resquícios de quando éramos governados pelos Filipes? Será que esta malta nova sabe que Madrid já foi a nossa capital? Será que alguma destas coisas importa hoje em dia? A verdade é só uma, cada vez que lá vamos pensamos sempre a mesma coisa, “que cidade brutal aqui apenas a algumas horas... e andamos sempre a fazer planos para destinos exóticos, em que muitas vezes temos de passar horas até descobrir um bom spot”.

texto e fotografia Roskof

O João Allen já é praticamente “local” de Madrid. Afinal a desculpa de ir visitar a irmã é sempre uma boa desculpa para skatar spots como estes. Backside tailslide transfer



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COLADOS NO “100 MONTADITOS”

Em Madrid, se existe alguma coisa em abundância são spots, e bons! Ah e, claro, também as cervejarias “100 Montaditos”. Existem tantas em Madrid como o número de pessoas nas ruas de Lisboa que nos tentam vender estupefacientes feitos de orégãos e farinha… por isso já estão a imaginar, são mesmo muitas. E claro, quando no primeiro dia em Madrid a chuva decidiu aparecer, pensámos em ir almoçar a uma dessas famosas cervejarias low-cost. O que não sabíamos era que esse almoço transformar-se-ia em lanche, jantar, ceia e terminaria com este simpático grupo a ser expulso do estabelecimento. Se perguntarem a razão pela qual fomos expulsos, nenhum de nós sabe, mas também se calhar nenhum de nós se lembra do que se passou ali naquela tarde… é o que dá, cervejas e tapas a 1€! A culpa não é nossa! O modelo de negócio deles é que é perigoso! A última coisa de que me lembro dessa noite foi do Ruca, o Bp, o Anibal e o Guimby em coro comigo a cantar a música do genérico do “Star Wars” e de as espanholas a dizerem que éramos muito giros, - “estan borrachos” – foi o que nós ouvimos!

O Bp não conseguiu visitar o Santiago Barnabéu como queria, mas foi lá perto dar este frontboard fakie,



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COLADOS NO “100 MONTADITOS”


Qualquer dia temos de lhe começar a chamar Aníbal ”Pop-Shove It“ Martins

Felizmente, no dia seguinte o sol da Meseta abençoou-nos e lá pudemos expiar os nossos pecados da noite anterior nos spots da cidade. E, claro, com tantos, nem sequer precisamos de muitas viagens, basta explorarmos a famosa avenida Castellana e temos ali horas e horas de skate para nos entretermos. O João Allen, que é dos poucos skaters nacionais que já é quase local da cidade, abriu logo o dia em grande na Ponte Juan Bravo, com algumas manobras que, de certeza, queimaram qualquer resto de tapa do estômago: drops em paredes, corrimões com buracos… temos a noção de que se alguém alguma vez dropar o Cristo Rei um dia, será este skater lisboeta. O Aníbal e o Bp também não se fizeram rogados e aqueceram os pés neste spot, que tem um pouco de tudo. Sim, aqueceram é mesmo o termo, ainda não vos dissemos? Madrid é muito fixe, mas no Inverno é frio como o raio! Tinhas 3 hipóteses para te safares das baixas temperaturas: ou ficavas em casa, ou skatavas, ou colavas-te outra vez no “100 Montaditos”. Ah, esperem, mas depois do primeiro dia fomos banidos... ok,


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COLADOS NO “100 MONTADITOS”

Apenas uma foto não serve para explicar o abuso que isto é. Precisas pelo menos de uma dúzia delas. João Allen, 50-50 drop.

duas opções, então. Felizmente contámos com a ajuda do Filipe Bartolomé para nos indicar ainda mais coisas na cidade e acabámos na casa de Tapas mais incrível daquelas bandas... do nome não me lembro mas a rapidez e quantidade de comida que, literalmente, nos mandavam para cima, fez com esta fosse a refeição mais rápida da história. De certeza que só não batemos nenhum recorde do Guiness porque se esta competição fosse aceite, os júris teriam que lá ir todos os dias. Vimos mesmo pratos com tapas a voar por cima das cabeças, ainda bem que não somos muito altos, senão poderia ter acontecido algum acidente.


Ainda bem que os artistas sabem que a arte ĂŠ para ser usada. JoĂŁo Allen, drop.


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COLADOS NO “100 MONTADITOS”

Num local de culto, o noseblunt do Rui “Ruca” Ferreira, com esta categoria, também merece um “Amém”, não acham?

Nessa última noite acabámos num dos históricos bares da movida dos anos 80, onde passámos horas a ouvir The Smiths e companhia, e a discutir a última manobra que o Allen queria dar antes de regressarmos a Portugal. Depois de uma batalha com um spot, onde muitos de nós nem em pé nos sentíamos bem, o Allen aterrou uma das manobras mais incríveis que já vi ao vivo! E estava feito, Lisboa era já ali ao lado. Por isso isso, já sabes, tens a tarde a livre? Skate na mala? Estás a precisar de uns petiscos? Faz-te à estrada. Mas cuidado, ao contrário do ditado, Madrid [não] me mata, mas que ela mói, é verdade!



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C O M

P O R T A M

E N T O S

D E

R I S C O Lrg e Dvs em São Miguel

texto e fotografia Roskof

Numa viagem de apenas 3 dias, as possibilidades de acontecerem coisas extraordinárias serão, sem dúvida, menores do que nas típicas viagens de duas semanas, a que a malta do skate se habituou de forma a produzir conteúdos vídeo e fotos... no entanto, esta rápida “visita de médico” a São Miguel ficaria marcada por uma sucessão de acontecimentos que certamente não iremos esquecer tão depressa. Para começar, ficámos literalmente boquiabertos mal chegámos, com o trabalho que a malta da Black Sand Box conseguiu implementar em Ponta Delgada. Um excelente skate parque indoor, escola de skate, café, balneários, todas as condições necessárias não só para ajudar os skaters de São Miguel a evoluir, como também para que a cena local cresça. Um exemplo para a malta do continente, onde toda a gente fala, mas poucos fazem. Nessa primeira tarde e depois de aquecer as pernas no skate parque, ainda tivemos tempo de dar uma pequena volta pela cidade, onde o segundo acontecimento extraordinário teria lugar... embora só tivéssemos perceção disso no dia seguinte, quando nos ligaram nessa manhã a dizer: “malta, uma tarde aqui na ilha e já estão no jornal local a levar nas orelhas”! Pois, na edição desse sábado, uma foto do Ruben Rodrigues estava em destaque no periódico de São Miguel com a seguinte legenda “uma imagem assustadora, um comportamento de risco que deve ser evitado para evitar danos graves”.

Pensavas que a primeira foto de um artigo nos Açores seria de uma bela paisagem? Nada disso, que isto é só malta de trabalho, incluindo a mula!


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COMPORTAMENTOS DE RISCO

A imagem do Ruben Rodrigues pronto para dropar a bancada do terminal de cruzeiros de Ponta Delgada tinha sido capturada por um paparazi à socapa. O maroto! Afinal, os avisos da segurança quando lá fomos fazer a foto talvez tivessem fundamento: “vejam lá que já morreram aí dois a descer de skate”. Felizmente, o Ruben é um skater habituado a “comportamentos de risco” e dropou a bancada sem causar mais nenhuma baixa. Quanto aos supostos dois skaters mortos, ninguém na ilha sabia disso! E se uma foto de uma pessoa de pé na bancada apareceu no jornal, seria normal que duas mortes fossem destaque de primeira página… talvez nesse dia a jornalista tivesse bebido uns cafés com cheirinho a mais… não pudemos deixar de sorrir quando vimos a cópia do jornal. “Comportamentos de risco”? Afinal, não é essa a ideia da evolução como skaters? Senão teríamos ficado todos a fazer tic-tacs até aos 40.


Depois de uma tentativa abortada que nos ia colocando o coração a sair pela boca, o Ruben Rodrigues dropou esta bancada com um sorriso na cara


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COMPORTAMENTOS DE RISCO

E quando sais de casa e tens logo ali um spot à porta, é tão bom, não é? Tiago Pinto, backside tailslide fakie


Depois da tarde em que os rapazes foram júris no campeonato local no Black Sand Box, chegava a hora de relaxar um pouco ou, mais propriamente, encher a pança e o local escolhido seria o “Rotas”, o restaurante vegetariano que a minha amiga Catarina abriu há 10 anos na cidade e onde teria lugar o terceiro acontecimento extraordinário. O restaurante está sempre à pinha e nesse fim de tarde a Catarina ligou-me a perguntar se nos importávamos de ceder uma das nossas mesas para que um outro grupo pudesse jantar... nem mais, nem menos que os “Sonic Youth”! Depois de um minuto de boca aberta lá respondi: “claro”! Afinal, é “só” a minha banda favorita desde os 13 anos, não ia deixá-los a comer na rua! Desculpem, Tiago Pinto e João Santos, sei que não era o “Juicy J” ou o “Asap Roc”, mas assim também ficámos mais juntinhos a discutir os efeitos vocais que a malta do “Trap” usa. Segundo o Nuno Cardoso existem apenas uma dúzia de pre-sets oficiais que podes usar para te poderes incluir no “Trap”. Depois de muita discussão à volta deste e de outros assuntos metafísicos, como ângulos de filmagens só com uma mão e telemóvel na outra, lá cravámos a malta da banda para uma foto... e enquanto me sentia como um puto outra vez na linha da frente do primeiro concerto que vi deles, no Campo Pequeno, o Tiago e o João olhavam para eles como “mas quem é que são estes gajos?”… clássico!

Se houvesse uma licenciatura em skatar telhados e gaps gigantes, o Ruben Rodrigues seria professor, doutor e mestre, tudo ao mesmo tempo… Flip


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COMPORTAMENTOS DE RISCO

No domingo, para acordar, decidimos por as cabeças de molho nas famosas furnas e apesar de estar à espera de mais um acontecimento extraordinário, - como uma erupção vulcânica, ou algo do género, tendo em conta os últimos dias, - as coisas correram bem calmas. Ainda tentámos recriar uma foto de uma tour da Clean Spirit em 2002, mas as águas já tinham tomado conta do local. Estava na hora de regressar ao continente, mas desta vez com uma certeza: se tens vontade de ver e fazer coisas extraordinárias, mesmo em pouco tempo, os Açores são o teu local… e não, o Turismo dos Açores não nos está a pagar nada por estas palavras… também, com “comportamentos de risco” como os nossos, não os censuramos! Querem saber como se mete qualquer curb a grindar? Perguntem ao João Santos a técnica que lhe ensinámos… switch crooked


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texto e fotografia Kevin Mettalier

Por trás desta parede as dunas são infinitas – TjarkThielker, Wallie

Em busca do diamante do deserto Uma viagem de skate na Namíbia Poupado à evolução do tempo, preservado das loucuras devastadoras do homem, o deserto Namibe estende-se pelo oeste Namibiano até mergulhar as suas dunas no Oceano Atlântico. Ritmado por um silêncio ensurdecedor, a vastidão hipnotiza os viajantes errantes que nós somos. Pouco a pouco o universo árido dos sonhos parece abrir-nos as suas portas.


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EM BUSCA DO DIAMANTE DO DESERTO

Nem Saint-Exupéry com a sua imaginação poderia sonhar em algo assim, Antony Lopez, Switch Frontside Flip no Deserto de Nonidas

Boris Proust, Kinked 5050


Num sítio assim, muitas vezes é difícil acreditares onde estás. Em vez de se beliscar, o Antony Lopez dá frontsides noseslide para acordar

Antony Lopez, Fakie Nosegrind, numa das muitas cidades fantasma da Namíbia

Windhoek, o ponto de partida. É aí, no coração da atípica capital da Namíbia, que a nossa equipa se junta e passa as suas primeiras 48 horas em território africano. Solitária entre extensões desérticas, a antiga cidade colonial alemã agita-se e tenta sobreviver. À primeira vista, este destino parece, no mínimo, inesperado e inadaptado aos aficionados do skate. Contudo, errantes através das artérias, interrompendo metodicamente o espaço urbano, não tardamos a descobrir diversos edifícios e outras curiosidades arquitetónicas propícias à prática do skate. Aproveitámos para rapidamente recolher as primeiras imagens de ação do nosso périplo. A sorte fez mesmo com que nos cruzássemos com um jovem skater namibiano, acabado de chegar de uma escapadela sul-africana, que se revelou uma preciosa ajuda e que não hesitou em mostrar-nos alguns dos melhores spots da sua cidade. Windhoek, que significa “o canto do vento”, em Africano, está empoleirado sobre colinas semidesérticas, a 1700m de altitude e oferece uma mistura arquitetónica improvável, principalmente devido à influência germânica herdada do período colonial do início do século XX. Assim, uma monumental igreja luterana datada de 1910 domina orgulhosamente a capital, numerosas “villas” coloniais de fachadas imponentes sucedem-se nas ruas do centro da vila, ao mesmo tempo que algumas torres envidraçadas, símbolo da modernidade, à imagem do luxuoso Hilton, procuram crivar os céus. Na periferia do aglomerado, o enorme distrito de Katatura reúne a grande maioria da população negra desfavorecida. Tal como na vizinha África do Sul, de quem foi um protetorado até à sua independência em 1990, a Namíbia conserva numerosos estigmas do apartheid, que se sentem no dia-a-dia e que nos reenviam até aos dias negros da sua história.


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EM BUSCA DO DIAMANTE DO DESERTO

A julgar pela foto, quase parece mais fรกcil dar este gap para crooked do que pronunciar o nome do Tjark Thielker

OlliIl Monen, Flip


Titi Gormit, Wallie

Titi Gormit, Flip

Ao fim de dois dias passados a calcorrear a vila, decidimos mudar de décor, para Sul. O entusiasmo era imenso, já que partíamos à descoberta deste misterioso país, que pertence aos que contam menor densidade populacional do planeta (a Namíbia figura em 2º lugar do ranking mundial). À medida que nos embrenhávamos num denso negro que serpenteia a perder de vista, abrindo caminho entre areia e rochedos, era todo um mundo novo que se nos revelava. O deserto imenso, desconhecido, tão fascinante quanto assustador. À medida que ultrapassamos as colinas áridas, perdemos as nossas referências. Apenas o horizonte parece, doravante, guiar o nosso caminho, encarnando um ponto de chegada ilusório. É inútil procurar acelerar para ganhar tempo, o deserto não se coaduna com correrias. O asfalto rugoso encarrega-se de nos lembrar isso mesmo. O isolamento e a vulnerabilidade ganham aqui novo sentido. Conforme a luz laranja do crepúsculo vem namorar o topo das dunas, tal como uma miragem, uma vila desenha-se ao longe. Estamos em Keetmanshoop, um pequeno parêntesis humano, onde nos refugiamos pela noite.

Como pontos e vírgulas que pontuam o nosso longo périplo, as poucas aldeias que cruzamos no caminho são etapas de salvamento. Aí comemos, dormimos e skatamos o máximo possível. Mariental, Lüderitz, Swakopmund... sonoridades estranhas, sendo que nos encontramos no mais profundo deserto namibiano. Pontos em comum? São todas antigas cidades colonias alemãs. Os décors que elas nos oferecem são por norma improváveis, quase irreais, à imagem da vila fantasma de Kolmanskop, antiga cidade de diamantes, desertada pelos garimpeiros falhados, depois dos anos 50. Aqui, como noutro lugar, a areia recupera pouco a pouco os seus direitos, m2 a m2. Apesar de tudo, acabamos sistematicamente a descobrir spots. Uma estação de serviço, um rebordo de janela... cada um consegue a sua pequena contribuição, mesmo sendo o skate algo quase anedótico nesta região da África Austral.


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EM BUSCA DO DIAMANTE DO DESERTO

O Oceano Atlântico já não está muito longe. Como se tivessem sido dobradas pelo vento, a dunas de areia invadem pouco a pouco a paisagem. À medida que os minutos passam, os raios de sol tornam-se pesados. A temperatura sobe bruscamente, mas o ar seco torna este calor suportável. O deserto continua a mostrar-se sob as nossas rodas com enorme diversidade de paisagens. Entre esplendor e pureza. Até os estúdios de Hollywood acabam de aproveitar este esplêndido décor para rodar o Mad Max, alguns meses antes. À borda da estrada um grupo de nómadas refugia-se à sombra de uma figueira. Um pouco mais à frente um rebanho de Órix, estas gazelas de cornos longos e cabeça zebrada, pastam pacificamente as ervas queimadas pelo sol. Admiramo-los alguns instantes, antes de seguir o nosso caminho, deixando atrás de nós uma nuvem de pó, espécie de assinatura efémera da nossa passagem. Como que capturados por este deserto hipnotizante, tentaremos ao longo de mais de 3500km descobrir as jóias secretas que nos queira oferecer. No final do trilho, lençóis de neblina vêm acariciar as colinas dando ao cenário um ambiente ainda mais místico...

Epílogo... No coração da imensidão do deserto, o imaginário abraça o real tão bem que o visitante não chega a distinguir um do outro. Olhando para trás, compreendo melhor as palavras de Saint-Exupéry a seu respeito: “Sempre amei o deserto. Sentamo-nos numa duna de areia. Não vemos nada. Não entendemos nada. E no entretanto há algo que irradia em silêncio”.

OlliIl Monen, Backside Tailslide em Luderitz. Com esta legenda poderia ser na Alemanha. Mas não, é mesmo na Namíbia.

texto e fotografia Renato Laínho

Mouga e Gui, frontside e backsid Mesmo quando se sente como se vivesse debaixo da ponte, um skater nunca está sozinho. Eddy e Esfómia num momento de partilha e no skate, claro...

Quem disse que no deserto os diamantes não andam? OlliIl Monen, Backside Noseblunt


K O S T O N ’ S

C H O I C E :

L E A R N

M O R E

B O A R D F E E L A T

P E R F E C T I O N

N I K E S B . C O M


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fotografia Nate Ethier-Myette texto Roskof


Tomates azuis em Portugal Não, não é nenhuma espécie nova de legumes, nada de conspirações de alimentos GMO produzidos por alguma obscura multinacional com o objetivo de reduzir a população mundial. Tomates azuis é uma síndroma que acontece a skaters com namoradas, quando passam muito tempo em tour, neste caso a rapaziada da Dime, depois de 2 meses em viagem pelo velho continente.


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TOMATES AZUIS EM PORTUGAL

Quando tens este pop num half-cab, hรก poucas coisas que se metem no teu caminho. Kevin Lowry


O remédio para esta condição, bom, é um bocado nojento e pessoal para expor nas páginas de tão íntegra publicação. Adiante. Mesmo com a recordação dessa condição colada no banjo do Alexi Lacroix, a malta ainda conseguiu produzir qualquer coisa, numa curta visita a Lisboa e arredores, antes de rumarem à primavera canadiana.


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TOMATES AZUIS EM PORTUGAL

Quando precisarem de alguĂŠm para lavar janelas, chamem o Kevin Lowry, o homem sabe tudo sobre paredes, janelas e afins. Backside 5-0 - Alfragide


Se conhecem o trabalho que estes rapazes têm feito nos últimos tempos, sabem que a maneira como eles vêm o skate é um bocadinho diferente. O campeonato organizado por eles em Montreal é um clássico da internet, quase rivalizando com o nosso “Saí da frente Guedes”. De facto, eles são fãs desse tralho do Hélder Imaginário, infelizmente não conseguiram conhecê-lo e dar-lhe uma t-shirt da Dime, como planeado, mas prometemos que para a próxima tudo faremos para que isso aconteça.


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TOMATES AZUIS EM PORTUGAL

Nas poucas vezes que largou o Banjo, o Alexi Lacroix fez destas brincadeiras. Backside lipslide revert, Telheiras


Na reta final de tão longa viagem pela Europa os rapazes chegaram um pouco cansados e o plano, mais do que passar dias a skatar, era descomprimir um bocado, de meses na estrada com o mesmo grupo. Afinal, já tinha sido há muito ultrapassada a “regra dos 10 dias” e ainda ninguém se tinha matado. Era um bom sinal e os rapazes mereciam uma recompensa… ah, esperem, não sabem o que é a “regra dos 10 dias”? Deixem-me explicar: está provado cientificamente que numa skate trip ao décimo dia toda a gente tem um momento de estupidez. Basicamente, todos se transformam em gajas com o período durante um dia ou dois, há discussões, empurrões, amuos e, até, choro, mas passando um ou dois dias as coisas voltam ao normal e a festa regressa ao grupo. E foi com esse espírito que percorremos alguns spots da capital, mas sempre sem grande stress, os níveis de ansiedade apenas dispararam quando o Alexi decidiu fazer um roll up grind, que se corresse mal podia por-nos a todos na prisão por homicídio por negligência.


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TOMATES AZUIS EM PORTUGAL

Nรฃo dรก para ver, mas neste front blunt o Will Marshal ainda teve tempo de apanhar umas azeitonas para fazer um azeite caseiro



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TOMATES AZUIS EM PORTUGAL

Nos últimos dias foi tempo mesmo só de festejar e, apesar de termos sido barrados em mais de 30 bares da cidade, talvez pelo chulé acumulado de dois meses, a última noite terminou em grande com o Alexi, o único tomate azul do grupo que não tinha namorada, a libertar o stress com uma espanholita que conheceu enquanto tocava banjo na rua… como é que se dirá tomates azuis em castelhano? Tomatines azules? Já sabem, quando forem a Espanha têm sempre esta dica...

Ainda bem que nesta altura os tomates do Alexis Lacroix já não estavam azuis, é que senão ainda o desequilibravam e vinha cá parar abaixo - Ride on 50 – Almada


Skater: Daniel Liñan

Fotógrafo: André Pires Santos

MOSTRA O TEU ESTILO www.niobo.pt


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Temos de admitir que quando pusemos os olhos pela primeira vez neste rapaz franzino tivemos alguma dificuldade em associar a sua cara ao nome Jacob Messex. Já sabíamos que o agora staff photographer da conceituada “The Skateboard Mag” era um miúdo, mas uma coisa é ver o seu trabalho, outra coisa é falar com ele e perceber de onde vem a paixão deste rapaz de 19 anos pela fotografia. Curiosamente, esta viagem a Portugal seria a sua primeira fora dos Estados Unidos, mas isso não o perturbou nem um pouco. Na primeira noite no Porto saiu sozinho de skate pela cidade e só voltou ao apartamento às duas da manhã. Sozinho descobriu spots, claro ,sempre com a sua máquina de médio formato na mão e trouxe logo histórias para contar. E se ele gosta de contar histórias... talvez por isso aos 19 anos também já tenha a sua própria fanzine, a “Filmus” que, ao contrário do que possam pensar, só encontram mesmo em versão impressa. É cá dos nossos!

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Brad Cromer fsflip, Los Angeles


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CAPTURAS: JACOB MESSEX

A história de qualquer fotógrafo começa, literalmente, com o seu primeiro click. Como é que foi contigo, como é que te tornaste num “adicted” do som do obturador? Isso no meu caso é mesmo verdade. A minha primeira máquina fotográfica, que era uma Canon AE-1 tinha um obturador barulhento (!)... Na altura nem era que quisesse ser fotógrafo, era mesmo por ser algo divertido para fazer com os meus amigos à medida que íamos crescendo. Costumava filmar muito e quando eles acertavam a manobra, normalmente tentava fotografar. Muitas vezes era mesmo só uma foto rápida e depois mais tarde é que entrava a produção. Enquanto skater de certeza que vens consumindo uma série de vídeos... como é que nesta Era do digital, o período mais documentado da história, optaste pela imagem estática em vez de fazer toneladas de clips... ou se calhar também acabas por fazer? Eu comecei com as filmagens. Comprei uma VX2000 num verão enquanto estava no liceu e filmei muito, até à transição para o vídeo digital, uns anos mais tarde. Mas sim, curto muito mais a fotografia, estática, do que a imagem em movimento. Sinto que se conseguir abrandar mais e focar-me em criar uma imagem estática de verdadeiro impacto, consigo melhorar a minha vertente de vídeo mais tarde. Consegues perceber-me?

Diego Johnson fsfeeble, Los Angeles


Dick Rizzo Matt Gottwig, São Francisco


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CAPTURAS: JACOB MESSEX

Pierce Brunner fs boardslide


Paul Flores, Los Angeles

Quando falei contigo no Porto, senti que curtes mesmo não só o digital, mas também o rolo, andavas sempre com a tua câmara analógica contigo – cá temos uma famigerada história de skaters que nem sabiam que existia algo como o rolo fotográfico – porque é que também trabalhas com rolo fotográfico, gostas de experimentar, ou é a diferença na qualidade da imagem que te faz gastar dinheiro em rolos? Sim, isso é brutal. Sempre curti bué experimentar câmaras fotográficas diferentes e aprender sobre os diferentes formatos existentes. Felizmente frequento uma escola onde posso revelar, imprimir e digitalizar todos os meus rolos em todos os formatos que eu queira, gratuitamente, por isso procuro aproveitar isso enquanto posso.

O Marty, da HUF, uma vez disse-me que tu eras o exemplo do novo tipo de media de skate... tu sabes skatar, sabes fotografar, sabes filmar... por isso a minha pergunta é: o que é que tu te consideras e porquê? Tem piada, já ouvi essa referência algumas vezes. O Marty é um produtor brutal e tenho o maior respeito por ele e pela forma como ele desenvolve os seus projetos. Acho que tudo parte do facto de eu gostar mesmo de skate. Se tiver que descrever este trabalho, acho que diria que estou apenas a documentar os meus amigos, à medida que vamos crescendo.

Conta-nos um pouco mais sobre o teu projeto FilmUs Zine, como é que começou e para onde achas que está a dirigir-se? FilmUsZine é um projeto independente que decidi começar é um projeto independente que decidi começar há cerca de de dois anos. Tinha acabado de comprar um hassellblade e o fisheye de 30 mm do Arto Saari. Estava obcecado em usá-lo e andava a fotografar vários editoriais para a TheSkateboardMag. Comecei a alternar entre o digital e o filme de vez em quando, assim conseguia produzir tanto para a TSM como para a minha zine. Crescer em L.A. é, certamente, uma overdose visual, já para não falar de ser a cidade onde o skate nasceu, achas que o sítio onde nasceste moldou a tua forma de ver a fotografia? Sim, não podia estar mais de acordo com isso, ter sido “nascido e criado” em Los Angeles moldou quem eu sou hoje. A minha mãe trabalhava em produção de vídeos de música, por isso fui criado em cenário de atores e realizadores famosos. Quando tinha pr’aí uns 12 anos, eu e os meus amigos conhecemos o Steve Berrae, ele era praticamente nosso vizinho, assim como o Eric Koston. Eles sempre nos convidaram para skatar no The Berrics e desde muito novos começámos a conhecer toda a gente.

No dia em que te conheci no Porto, acabavas de chegar pela primeira vez à Europa. Enquanto esteve a chover, os teus companheiros de viagem disseram-me que tinhas ido explorar a cidade, ver spots e skatar a meio da noite. Encontrei-te mais tarde e percebi que tu sozinho tinhas encontrado muitos dos spots da cidade... isto é algo que gostas de fazer? Explorar e vaguear mesmo em locais onde nunca estiveste, mesmo num país estrangeiro? Sim, isso foi brutal, tinha acabado de sair do avião. Todos os filmers do Berrics estavam ainda a assentar, numa tour AirBnB, mas eu só queria skatar e procurar spots. Fiz a mesma coisa quando chegámos a Barcelona, skatámos até ao MACBA e mal saí do avião quis ir dar um ollie nos blocos atrás do museu. Hahaha


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CAPTURAS: JACOB MESSEX

VictorGaribay wallie, Los Angeles


Ainda és novo e eu lembro-me de que quando tinha a tua idade muita gente me perguntava o que é que eu queria fazer com a minha vida... e o que é que eu estava a fazer no skate... também te acontece, tens algum plano, ou estás mesmo numa de “go with the flow”? Yap, acabei de fazer 20 anos e estou abismado com tudo o que está a acontecer, porque também tenho que ir à escola 4 dias por semana. Felizmente tenho conseguido lidar com mais uns quantos trabalhos, por isso estou sempre ocupado. Espero no futuro conseguir expandir o meu trabalho a mais estilos e conseguir levar a minha fotografia a lugares diferentes para assim crescer.

Trevor Colden sw fs flip, Los Angeles


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CAPTURAS: JACOB MESSEX

Dick Rizzo, São Francisco

Enquanto fotógrafo procuras sempre o melhor estilo, o skater que pode oferecer a melhor imagem? Quem são os skaters com quem gostas mais de fotografar? Ya, felizmente alguns dos meus melhores amigos são os mais fáceis de fotografar. Por exemplo, o Trevor Colden... costumamos fotografar muito juntos e ele é brutal, porque é como chegar ao spot, eu estar a montar o equipamento a correr e ele já estar a aterrar as manobras. Também com o Victor Garibay... andamos sempre em busca de spots únicos e ele também me desafia a sair da minha zona de conforto para conseguir imagens únicas. Por exemplo, tenho uma foto dele a dar fs wallride numa parede de vidro e eu pensei que podia ficar porreiro fotografar pelo interior... por isso ele fez-me entrar na escola para fazer a foto para depois sair a correr dali. Essa imagem é uma das minhas favoritas, até hoje. Últimas palavras e conselhos para futuros fotógrafos? Vou ter que falar na minha cirurgia ao joelho. Desloquei o joelho quando estava a skatar em Barcelona... pu-lo de novo no sítio, mas há duas semanas num evento da HUF, quando estava a filmar dei cabo do menisco, que é como cartilagem no joelho. Durante um mês não consegui andar e ainda tenho 6 meses de recuperação. Isto podia ter sido o fim desta ratazana do skate... agora quero mesmo centrar o foco a documentar os meus melhores amigos, dentro e fora do skate.


Curren Caples bs 360, Califรณrnia


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25 maneiras de teres novidades nos pés

Fucking Awesome 1

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Palace 6

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Polar 11 12 13 14 15

Quasi 16 17 18 19 20

Welcome 21 22 23 24 25

1 - Fucking awesome Michelle 8.25” Jason Dill - 75,00€ | | 2 - Fucking awesome Acid Does It 8.00” Red - 75,00€ | | 3 - Fucking awesome Dionysus 8.18” Dylan rider - 75,00€ | | 4 - Fucking awesome Nak Gold 8.25” Kel Smith - 75,00€ | | 5 - Fucking awesome 8.18” Kevin Terpening - 75,00€ | | 6 - Palace 8.50’’ Powers No Two - 70,00€ | | 7 - Palace 8.30’’ Chewy - 70,00€ | | 8 - Palace 8.10’’ Fairfax - 70,00€ | | 9 - Palace 8.30’’ Thames Score - 70,00€ | | 10 - Palace 8.20’’ Thames Tenner - 70,00€ | | 11 - Polar 8.75’’ Team - 53,80€ | | 12 - Polar MyShoes 8.75’’ Pontus Alv - 53,80€ | | 13 - Polar Halberg - 53,80€ | | 14 - Polar Drone Fighter- 53,80€ | | 15 - Polar 8.25’’ Halberg - 53,80€ | | 16 - Quasi D.O.C. Pink 8.125’’ Tyler Bledsoe - 60,00€ | | 17 - Quasi No Master Red 8.125” - 60,00€ | | 18 - Quasi Run 8.375” Whitewash - 60,00€ | | 19 - Quasi 8.25” Skully - 60,00€ | | 20 - Quasi Vibes 8.50” Teal - 60,00€ | | 21 - Welcome 8.25” Goathead on Waxing Moon - 71,80€ | | 22 - Welcome 8.25’’ Rhiannon on Son of Moontrimmer - 71,80€ | | 23 - Welcome 8.40’’ Sea Bear on Wormtail - 71,80€| | 24 - Welcome 8.80’’ Self Portrait on Basilisk - 71,80€ | | 25 -Welcome 10.00’’ Triger o Early Grab - 71,80€


@: rogerio@tribestation.com

t: 933796560


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entrevista Carla Guedes fotografia Pedro Sadio

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“Acho que ter um skate sem uma bruta de uma imagem por baixo a complementar é como um Natal sem presentes!” Vanessa Teodoro/SuperVan A SURGE foi entrevistar a ilustradora Super Van e acabou por conhecer a Vanessa Teodoro, que não sabe andar de Skate mas, se soubesse, partiria a loiça toda! A miúda que nasceu em África do Sul e chegou a Lisboa já com 9 anos, sempre soube que não precisava de muita gente à sua volta para atingir os seus objetivos. Profundamente criativa e feminista por natureza, sonha em pintar um super mural só com outras mulheres igualmente talentosas e fortes. Até lá, vai segurando um business seu cada vez mais do Mundo todo, do qual muito se orgulha. Ela e nós!

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Gostaria muito de começar por conhecer a Vanessa Teodoro… a que vive escondida na Super Van? Sou a Vanessa Teodoro, alguém com apenas estes dois nomes. O que já diz alguma coisa acerca da pessoa que sou… (lol) Nasci em Cape Town, África do Sul, há mais de 30 anos. Ainda não acredito que já tenho 32 anos! Tenho péssima memória, mas lembro-me dos meus primeiros anos de escola em África, os uniformes que tínhamos que usar e a disciplina e organização que me era imposta. Por exemplo, os nossos elásticos do cabelo e as cuecas tinham que ser da mesma cor da farda! (lol) Lembro-me ainda do hino da escola e dos intervalos em que comíamos os nossos lanches. Tínhamos os nossos juice bottles tipo Tupperwares para os sumos e fazíamos brindes enchendo as tampinhas. No meu último dia de escola antes de viajar para Portugal cada um dos meus colegas escreveu um cartão de despedida que só pude ler no avião. Chorei imenso e ainda guardo as cartas. Nem eu nem a minha irmã sabíamos falar português, por isso foi uma aventura. Eu atrasei dois anos na escola e por esse motivo sempre fui a mais velha da turma e sentia me sempre um pouco outsider. Sempre fui boa aluna e dei-me sempre bem com os professores. (Há pouco tempo, a professora da 4ª classe adicionou-me no Facebook!) Acho que o facto de eu vir de um background com muita disciplina ajudou. Isso… e querer ser sempre a melhor. Hoje em dia, já não quero ser propriamente a melhor mas, sim, fazer o meu melhor.


A minha primeira memória aqui em Portugal é ainda dos primeiros tempos de escola. Recordo-me perfeitamente de que para ir para a escola tinha que apanhar um autocarro e, numa dessas manhãs, cheguei à paragem de autocarro e já não estava lá nada! Mudaram a paragem de sítio e eu entrei em pânico. Fui a correr para casa a chorar: “the bus stop is gone!!!” Os meus pais obrigaram-me a voltar sozinha e a encontrar a paragem. Do tipo…”vá, desemerda-te”. Cheguei a casa no fim do dia toda orgulhosa por ter encontrado a paragem que, afinal, tinha mudado para a rua da frente. A minha infância/adolescência está cheia de episódios desses, dos lixados de engolir na altura, mas que me fizeram crescer e ser mais independente. E isto é muito do “todo” que é a Vanessa Teodoro. O meu padrasto era designer gráfico e acho que isso ajudou um pouco a definir o meu caminho. Ele tinha uma gráfica de impressão rápida (muito “pá frentex” na altura em Portugal) e eu passei muitas férias de Verão a ajudar. Odiava! Queria era boa vida e “fazer nenhum” como os meus colegas de escola. Mas tive mesmo que ajudar, desde os 14 aos 17 anos. Fiz de tudo: tirava fotocópias, enrolava fotolitos (usavam-se para a impressão em offset), tirava cafés e ajudava nos acabamentos das encomendas. Cheguei a receber uns patacos nessas férias e, olhando para trás, aquela experiência ajudou-me. Custou-me horrores, mas cresci muito! Sempre trabalhei em part-time enquanto estudava, (é muito comum na África do Sul e até

nos EUA). Os meus amigos não podiam, porque os pais deles diziam sempre – “quando se anda na escola é para se estudar”. Mas comigo era diferente. O meu primeiro emprego oficial, já com 18 anos, foi a servir gelados enquanto fazia o 12º (2003). Depois do 12º, não consegui entrar nas Belas Artes e fui para a Etic tirar Design Gráfico. Claro que quando acabei o curso não fiz nada do que tinha planeado e andei o ano seguinte com crises existenciais típicas d’”o que vou fazer à minha vida”. Ao mesmo tempo trabalhava no HardRock Café e fazia umas figurações para anúncios. Em 2005, tirei outro curso na Etic, desta vez de Criatividade Publicitária, porque tinha ficado com o bichinho da pub devido a um dos módulos que tive no 1º curso. Nesta altura ganhei um estágio na McCann. Estive 6 meses lá e depois achei que não tinha estofo para as “agências tubarão” e fui para a “Arco” tirar Ilustração e Banda Desenhada. O curso era 3 anos, mas saí após terminar o primeiro. Tinha as bases que queria e conheci ilustradores que me ajudaram muito: os professores. No final do meu curso fui convidada por uma galeria (Work&Shop) a expor ao lado de nomes grandes da ilustração, inclusive um dos meus professores (2007). No final desse curso decidi arriscar de novo nas agências e fui estagiar para a Proximity (do Grupo BBDO). Estive lá uns 4 meses e saí porque recebi um convite do Pedro Pires, da Adore Ativism. Estive na Ativism quase 2 anos como diretora de arte júnior e mesmo antes de sair comecei a fazer ilustrações para a Vodafone. O ano de 2009 foi quando arrisquei na ilustração. Comecei a ver uma luz ao fim do túnel e saltei. Foram


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anos puxados, de altos e baixos, em que cheguei a ter só 20€ na conta. Aos poucos e com muita paciência e pensamento positivo, fui ganhando portfólio. Estou nisto até aos dias de hoje. Et voilá! Eis que surge a Super Van! (lol) Com que idade sentiste que o desenho era a tua cena? Tens algum desenho de que te lembres de ter sido o primeiro? Ou alguma tendência particular de desenhos? Tipo... só desenhavas pessoas? Só desenhavas bonecos da Disney?... Só senti que a ilustração era o meu “calling”, quando vi que podia ganhar a vida com isso. Quando fui para o curso da “Arco” apercebi-me disso pelos meus professores. Quando fui convidada a expor, comecei a acreditar mais no meu trabalho. Nunca fui propriamente encorajada a acreditar que “fazer bonecos” era uma profissão sólida. Talvez por isso tenha ido para o design gráfico e depois para a publicidade. Não me arrependo de me ter formado em design, ou pub. Ajudou-me muito para que hoje em dia consiga vender melhor o meu “peixe”. As experiências nas agências ajudaram-me a criar a minha marca, a saber ter uma boa apresentação, a perceber melhor como chegar aos clientes e a ser pró-activa. Bom, mas voltando à pergunta… Sempre desenhei desde miúda! Não me lembro do meu primeiro desenho mas lembro-me de um em particular, que fiz ainda em África do Sul. Foi na escola, tivemos que fazer um auto-retrato e lembro-me de chegar ao ponto de querer desenhar o número certo de pestanas que tinha. Até as veias nos olhos! Claro que o resultado foi uma espécie de Twiggy com conjuntivite. Mas a verdade é que sempre gostei mais de desenhar pessoas do que outra coisa qualquer, não sei bem porquê?! Gostava de desenhar as personagens dos desenhos animados que via na época, desde A Pequena Sereia (mais nova) até aos Simpsons, Ren and Stimpy e South Park.

Já trabalhaste para muitas marcas. Diz-nos quais consideras as mais proeminentes e comenta a tua relação com esses clientes, especialmente os maiores? Foi fácil a relação de trabalho? Gostas de responder a “encomendas”? Tens tido liberdade para escolher a tua onda ou os clientes grandes briefam e pedem milhares de alterações às tuas peças? Já trabalhei para algumas marcas grandes: MTV, Canon, IKEA, RedBull, Coach Bags, YouTube, EDP, Lacoste e Vodafone. Trabalhei com alguns via agência e outras diretamente na marca. De todas as vezes gostei de criar para estas marcas! Às vezes, chega a ser um pouco assustador no início… tipo “OMG, Youtube!”, “Não posso falhar, tem que estar perfeito”. São oportunidades que aparecem poucas vezes no início da carreira de um ilustrador. Tenho tido sorte, tenho estado no sítio certo, à hora certa e vou atrás daquilo que quero. Não vou mentir e dizer que todos os meus clientes são fáceis, mas como profissional desta área tenho que saber adaptar a nossa arte. Nunca tive nenhum cliente que me tenha dito “não é nada disto”. Tenho tido liberdade. Normalmente, quando vêm ter comigo já sabem o que podem esperar receber. Já tive pedidos do tipo: “só não podes meter maminhas nem caveiras”, mas de resto é tranquilo… (lol) Agora, pensando bem, quando trabalho diretamente com as marcas tenho menos pedidos de alterações do que quando trabalho via agência. Cenas!

O que representa a Urban Art para ti e como te vês enquanto player na área? A Urban Art na sua essência é uma forma de os artistas comunicarem com o resto de mundo de uma forma menos selectiva e mais vulnerável. No sentido em que o que criamos está lá para ser visto pelo mundo, está sujeito a interpretações várias e até a “colaborações” posteriores dos que por “lá” passam (tags, bigodes e afins). É uma arte efémera que evolui com o espaço em redor. O que gosto mais é do facto de deixar um pouco de mim por onde quer que eu pinte. Não sei se me considero propriamente uma player na Urban Art. Gosto mais de me imaginar como sendo apenas mais uma artista que aproveitou a crescente procura de Street Art para mostrar o seu trabalho. Não sou “writer”, nem sou do “graffiti”. Sou uma artista que adora pintar seja em que superfície for. Tive a sorte de começar a pintar na rua na altura certa e, sendo mulher, ainda chamei mais atenção. Para ti, que peso têm as mulheres na Urban Art do momento? Em Portugal, em particular, mas também no Mundo... Quando leio as listas dos artistas que participam nos festivais de Street Art pelo Mundo, 75%, ou mais, são homens. Não é novidade que a Arte Urbana é maioritariamente masculina… por enquanto! Em Portugal, por exemplo, há pouquíssimas mulheres a pintar. Somos um “fenómeno raro” que até levou o Expresso a fazer um artigo sobre nós: “Miúdas com muita lata”. Lá fora, sigo o trabalho de algumas mulheres que fazem da Arte Urbana o seu ganha-pão. As minhas preferidas são: Faith47, MadC, Miss Van (roubou-me o nome! Lol), Maya Hayuk, Fefe Talavera e Swoon. No meu caso a Street Art é um complemento do meu trabalho de ilustração. Nem sequer me imagino a pintar exclusivamente na rua. Até porque com o hype da Arte Urbana pelo Mundo, as galerias estão cada vez mais a aderir à moda. (Sim, acho que a Arte Urbana é uma moda e que eventualmente vai cair no banal, tal é a procura! Agora ainda é uma novidade, como tudo… há um ciclo e enquanto houver demand, vou aproveitando). Como te sentes recebida pelos homens da Urban Art na tua condição de mulher (ainda por cima, estando as mulheres em inferioridade numérica neste contexto)? Há dois tipos de homens que reagem de maneiras diferentes: os que estranham… desconfiam e nunca aceitam, na totalidade, o trabalho que fazes; e há os que acham piada e te protegem como se fosses uma irmã mais nova. Em qualquer um destes sou vista como uma outsider neste contexto. Em que país ou lugar, parede, tela, objeto ou edifício sonhas um dia deixar a tua marca? Nunca pensei muito nisso… Só sei que quero, e preciso muitíssimo, de viajar e deixar a minha marca! Tanto gostava de pintar nas grandes capitais como no meio de um aldeamento, na selva, ou deserto… desde que deixe a minha marca.

Já ilustraste vários objetos diferentes (pranchas de surf, capas de telemóvel, t-shirts, ténis, skates, etc...), o que é que te dá mais pica? Preferes desenvolver telas artísticas e mais livres no sentido conceptual, ou preferes ilustração associada a um objeto e “viajar na maionese” com base no objeto? Já sou frequent flyer na maionese! Adoro trabalhar em qualquer tipo de objeto. É sempre uma aventura quando pinto algo novo e diferente. Geralmente tenho sempre alguma ideia do estilo que quero para determinado objeto/superficie mas, a partir daí, é o “salve-se quem puder”! Também gosto muito de criar em telas, com ideias mais trabalhadas, com conceitos por trás que vão de encontro a encomendas e temas para exposições específicas. Não tenho um trabalho ou objeto favoritos, até porque acho que as duas formas de produzir arte vão ao encontro uma da outra… já não vemos só telas em galerias. O que é bom é que hoje vale tudo!

Tens um atelier teu onde estás e onde crias diariamente. Fala-nos um pouco da tua situação profissional atual e do crescimento do teu business pessoal. Tenho um pequeno espaço onde a magia acontece, no Príncipe Real! Gostaria de dizer que faço lá toda a minha criação, mas o facto de estar dentro de um palacete não me deixa soltar mais as tintas. (lol) Seja como for, até ver chega-me perfeitamente, até porque até agora tenho-me focado mais na ilustração e trabalhos de rua, o que ajuda a não dar um ataque cardíaco aos meus senhorios! Este ano tem corrido tudo super bem! Acho que de ano para ano vou tendo mais e melhores clientes. Isso ajuda-me a estar focada e a não desmotivar pelo facto coisas não estarem a acontecer ao ritmo que quero exactamente. Sou ambiciosa! Mas é importante olhar para trás e ver o caminho que percorri até ao dia de hoje. Estou orgulhosa de mim! Como referi numa das primeiras perguntas desta entrevista: o meu início não foi fácil e é sempre assustador para quem quer arriscar só viver da Ilustração.


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Que projeto tens em mãos neste momento? Estou a terminar as ilustrações para o próximo álbum de uma banda Sul Africana, “Mi Casa”. É refrescante poder trabalhar para o meu país de nascença, mostrar-lhe que “hey, estou longe mas ainda estou aqui”. Estou também envolvida num projeto que vai juntar o trabalho artesanal de um grupo de mulheres do interior do país às minhas personagens (não posso dizer muito mais sobre isto, por agora. Mas estou a adorar)! Além disto, estou a fechar duas campanhas de publicidade, que devem já ter saído na altura da publicação desta entrevista. Estive presente numa mini exposição numa loja de design português em Lisboa (no mês de Setembro) e vou voltar a trabalhar com a YouTube num projeto de ilustração para um evento deles em Lisboa. Estou a criar dois designs para uma marca da longboards americana. Dá para viver exclusivamente da ilustração em Portugal? Ou sobrevives com encomendas de clientes estrangeiros? Fala-nos um pouco dessa dinâmica de sobrevivência face à tua escolha pessoal artística. Sim dá para sobreviver da ilustração em Portugal. Sobrevivo com clientes nacionais, mas aos poucos vou começando a ter clientes de fora e, aí sim, vou deixar de sobreviver para passar a viver. Ainda não chegou o momento mas para lá caminho. É uma luta e é frustrante ver as diferenças entre os orçamentos cá e lá fora. Desde que me dediquei à ilustração que tenho aprendido a gerir melhor o meu dinheiro. Acho que, como em qualquer atividade de freelance, há meses bons e outros que nem tanto. Não tenho opção de tirar férias quando quero, mas sim quando posso ou quando penso que não vai entrar trabalho. Tem sido assim, desde que esta aventura começou. Posso dizer que no final de Outubro vou tirar as primeiras duas semanas de férias à séria desde que sou freela. Não que devesse… porque tenho trabalho para fazer. Mas preciso mesmo de desligar. Acho que quando fazemos o que gostamos não nos importamos tanto em abdicar de férias e até dos fins de semana. Extra trabalho, ilustração, Urban Art e clientela… que formas artísticas adoras e que artistas admiras? A minha paixão pela arte está muito ligada ao que eu faço. Algo que ainda não explorei muito é a decoração de interiores e o vitrinismo. Gosto de música mas não tenho uma banda favorita, nem sou muito de ir a concertos (não lido muito bem com grandes molhadas de gente). Moda também gosto, mas irritam-me as modelos “XXS”. Não tento seguir muito as tendências e gosto de criar o meu próprio estilo, em todos os campos da minha existência. Adoro escultura, especialmente quando são criadas com materiais reciclados, como o exemplo dos skates da Kelly Wearstler, ou do projecto alucinante dos skates derretidos de Xavier Manosa e Alex Trochut. Se pudesses escolher um local para viver e um projeto para abraçar, o que escolherias e porquê? Sabes que nunca pensei muito nisso?! Tenho estado tão absorvida com trabalho e em garantir o dia de amanhã que não sei bem o que quero fazer, nem onde ir. Já quis ir para Londres, já fui e já voltei. É um mundo, mas não o local ideal para eu viver (preciso de sol)! Gostava de conhecer São Francisco pelo seu feel artsy e livre. Australia é um local onde tenho que ir em breve… dizem que é parecido com África do Sul, mas sem o stress da insegurança. Bom, resumindo, acho que se eu pudesse usaria Lisboa como base e iria passar 3 a 6 meses a saltar de um lado para outro. Nesse tempo no exterior, gostaria de interagir com os locais e absorver muito da sua cultura, criando peças e murais que conseguissem unir a minha realidade à realidade local. Quase como se fosse um camaleão: seria eu mesma, mas emergida na estética do local. Como por exemplo: ir ao México e trabalhar o visual do dia dos mortos, as caveiras, flores e, óbvio, a Frida Kahlo. Ou trabalhar mais na estética Africana, enquanto fico uns tempos por África do Sul… os padrões, as máscaras e as cores fortes. Por aí… O que mais te dá prazer fazer nos teus tempos livres? Viajar? Sair à noite? O quê?... A verdade é que não tenho muitos tempos livres e do pouco que tenho aproveito para estar com a minha família e amigos. Acredito que é fundamental para nós, seres humanos, o contacto e a partilha de momentos e ideias. Posso falar-te de um projeto pessoal que comecei entre amigas chamado “Jantar das Fridas”. É um evento por norma bimensal, em que convido diferentes mulheres a partilharem projetos e ideias. A ideia começou pelo facto de achar que as mulheres não se dão geralmente bem entre elas, há muita rivalidade e isso irrita-me profundamente. Porquê o nome “Jantar das Fridas”? Porque queria que o jantar fosse temático e que fosse inspirado numa mulher forte, lutadora e criativa (Frida Kahlo). Sendo temático, há um dress-code

que são flores no cabelo, uma forma que arranjei de meter toda a gente ao mesmo nível (do tipo… eu estou a fazer figuras, mas tu também estás). E claro, as fotos ficam com muito mais piada! Falamos do nosso trabalho, de projetos que estamos a desenvolver e o que queremos fazer no futuro, trocamos ideias e até fazemos parcerias. O evento já faz dois anos. Quem é a pessoa na tua vida que mais te guia em termos artísticos e a pessoa que mais idolatras em termos pessoais? Não tenho ninguém que esteja presente na minha vida que me guie a nível artístico, se calhar deveria ter… Não sei, fui sempre um pouco autodidata e talvez um pouco fechada relativamente ao meu trabalho. Deixei de pedir opinião aos meus pais já cedo na minha carreira, porque eles diziam coisas como “ah, está giro, mas fazes sempre a mesma coisa?!” Isso irritava-me profundamente, ao ponto de deixar de lhes mostrar o que faço (lol). Vão vendo de vez em quando, quando são trabalhos maiores em que não consigo conter a alegria! Admiro, sim, o trabalho de outros artistas e vou inspirar-me nos seus percursos e nas soluções que encontraram para se exprimirem. Tenho o Keith Haring no meu pedestal de “bosses da arte” e, olhando mais para o panorama actual, sou fã do Barry McGee, da Niagara, do Ryan Heshka e o Anthony Lister. Como defines a Vanessa SuperVan num parágrafo? E porquê a escolha desse nickname? Definição: “Eterna insatisfeita à procura da próxima oportunidade para crescer e mostrar ao mundo o meu trabalho”. Good is not enough. E o nome surgiu enquanto procurava um nome para o meu site. Achava www.vanesssateodoro.com muito boring, e queria algo catchy. Comecei a fazer uma associação de palavras fun que iam beber ao meu imaginário, como é o caso dos super-heróis. Van é o diminutivo do meu nome, algo que algumas pessoas já me chamavam. Com quem sonhas um dia dividir um projeto de Urban Art e porquê? Sonho pintar um mural com outras mulheres criativas de todo o mundo, que nunca tenham pintado na rua. Gostava de fazer um projeto que mostrasse como é libertador e refrescante mostrar o nosso trabalho numa escala maior e mais exposta. Desmistificando o que é ser street artist numa male dominated zone e mostrar como qualquer pessoa e mulher, neste caso (que tenha o mínimo de criatividade e jeitinho para a coisa) consegue fazer. Sou um pouco feminista nestas coisas, acredito que as mulheres são capazes de fazer o que querem, independentemente do que a “sociedade” as pressiona a fazer. Como está a Urban Art em Lisboa especificamente? Que artistas estão a bombar, onde e quem segues com interesse? Lisboa está cada vez mais on fire! Demorou, mas veio e está para ficar por uns tempos. É uma boa forma de meter Lisboa no mapa das tendências da arte contemporânea mundiais. Portugueses, sigo e admiro o trabalho do Pantónio - ele está a bombar tanto e consegue manter a humildade e não perder o foco (nem a cabeça). Outros artistas não portugueses que adoro e sigo: Anthony Lister, Maya Hayuk, Faith47, Bicicleta Sem Freio, Mobster, Escif, Eine, Remed e Sam3.


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Sabes andar de skate? Gostas da modalidade? Que relação consegues arranjar que una o skate, a ilustração e a Urban Art enquanto forma e estilo de vida? Nop… não sei andar. Adorava aprender, mas tenho dois pés esquerdos… if you know what I mean. Gosto de ver, fico sempre admirada como eles conseguem desafiar a gravidade sem partirem (muitos) ossos e afins. Andar de skate é um lifestyle, é uma espécie de religião e a arte sempre esteve ligada ao movimento. O tipo de arte que se fazia, em especial para decorarem as pranchas, no início era muito específico (ver Dogtown skate art). Hoje em dia, sendo algo que passou um pouco para o mainstream “socialmente aceite”, há uma variedade maior de formas de encaixar a arte e neste caso a ilustração também. Cada vez mais aparecem marcas com novos modelos e edições limitadas pintadas por artistas xpto, acho que ter um skate sem uma bruta de uma imagem por baixo a complementar é como um “Natal sem presentes”. A street art vai beber muito ao estilo de vida dos skaters, sendo que os dois movimentos nasceram e vivem maioritariamente na rua. Vemos muitos skate parks “intervencionados” e também vemos skates pintados em muitas exposições de street art em galerias.



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Em pleno fevereiro, quando a Holanda estava inundada de chuva, neve e tempo de merda, a Skatestore teve a sorte de viajar atĂŠ Lisboa. A juntar a isso veio uma grande equipa, que incluiu Shajen Willems, Robbin de Wit, Sebastiaan Vijverberg, Wouter de Jong, Lex van der Does e Pascal Moelaert, o que foi garantia de uma semana com alto nĂ­vel de skate e bons tempos em Portugal.


fotografia e texto Mathijs Tromp

O Pascal Moelaert não fala muito, talvez o tenhamos ouvido dizer duas ou três palavras em uma semana, mas também não precisava porque sempre que skatava punha-nos a “falar” como umas madalenas… nosegrind pop-out.


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SKATESTORE TOUR A LISBOA

Devido ao seu clima, o sul da Europa sempre foi um destino cobiçado para skatar durante o inverno. Barcelona é sempre porreiro, mas estávamos à procura de algo diferente. Nenhum de nós tinha estado alguma vez a skatar em Lisboa, por isso era o plano perfeito! Claro que conhecíamos muitos spots cá, dos vídeos que vimos de Portugal, mas o difícil mesmo é encontrá-los. Felizmente tivemos a sorte de ter o Pedro Raimundo como guia para levar-nos aos melhores spots de Lisboa e arredores.

Robbin de Wit Switch Crooked


Enquanto alguns apanhavam comboios, o Lex van der Does apanhava smith-grinds pop-out. Quase a mesma coisa, em termos de peso e velocidade.


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SKATESTORE TOUR A LISBOA

Quando o Pedro nos apanhou no aeroporto com o seu “Skate Tank” fomos diretos ao primeiro spot, que foi o supermercado. O tempo estava brutal, as primeiras cervejas já estavam na carrinha, estávamos prontos para começar o dia!

Sebastiaan Vijverberg chegou a Leiria com o tornozelo feito num oito, mas quando viu a “Cerâmica” passou logo de oito a oitenta. Smith grind tailgrab


O Afonso Nery não andou só a mostrar as vistas aos rapazes, também lhes explicou como se dá 360 flips “à la tuga”


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SKATESTORE TOUR A LISBOA

Wouter de Jong combina skate com yoga, ou assim parece neste tucknee bem puxado… como diriam os professores de yoga…Ohmmmm


O principal objetivo da viagem era tirar fotos para a nova edição da “Skatestore Magazine”, que é oferta com as compras feitas nas lojas Skatestore na Holanda, fazer um vídeo e também a apresentação de dois novos riders: Wouter de Jong e Lex van der Does. Um team que começou só com três riders, Sebastiaan Vijverberg, Robbin de Wit e Ricardo Paterno, agora é uma verdadeira família. O ambiente é brutal e estamos sempre a puxar uns pelos outros. O mais velho tem 27, o mais novo tem 15, por isso temos todos muito a aprender uns com os outros.

Com uns pezinhos como os do Shajen Willems também nós dávamos backside nosebluntks assim… ou talvez não.


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SKATESTORE TOUR A LISBOA

Desde o primeiro dia, toda a gente curtiu Portugal. Os “locals” são super hospitaleiros. Em comparação com a Holanda, é um país nada caro e há montes de spots de skate. Alguns de nós já conhecíamos alguns skaters locais, com quem nos encontrámos: o Carlos Mileu e o Bruno Senra, que nos mostraram alguns dos melhores spots em Almada... também o Afonso Nery, que nos fez uma visita guiada alguns dias por Lisboa. E todos deram cartas em todos os spots!

O Marc Bolhuis estava encarregado de filmar a malta, mas, ainda assim, teve tempo para provar os spots portugueses. Não tinha piada nenhuma vir cá e provar só bacalhau. Frontside-noseslide


Mais um bocado e passava, literalmente, por cima da Ponte 25 de Abril, Lex-van-der-Does num footplant como deve ser.


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SKATESTORE TOUR A LISBOA

Só falhou uma coisa: a noite lisboeta. Nunca chegaremos a perceber porquê, mas todas as noites havia sempre alguém que ficava doente e acabávamos por passar a noite no apartamento. E talvez tenha sido do nosso apartamento... – que se chamava “Pirate Love” – que não estava assim tão limpo quanto isso, talvez pudesse ser de não estarmos habituados à comida, ou por causa de outra coisa qualquer... uma coisa é certa, não vão ser umas míseras indisposições que vão impedir-nos de voltar a Portugal!

Obrigado aos nossos amigos Pedro, Carlos, Bruno, Afonso, ao “Skate Tank” e a Portugal por esta semana brutal!

Robbin de Wit ficou impressionado com o Mosteiro da Batalha, mas aposto que o Mosteiro também ficou impressionado com este nosegrind, mesmo na sua cara


Cons One Star Pro

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ZACK WALLIN


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