O Convento da Penha

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Segundo BRUNEL, o culto a Ísis só perde em prestígio com a ascensão do cristianismo, e “o mito de Ísis parece ter preparado o terreno para esse novo monoteísmo em que uma Providência promete também, à custa de purificações, a sobrevivência no além. Tal como Ísis, a Virgem é representada carregando um filho, e as duas mães criam seus filhos às escondidas de um assassino” (BRUNEL, P. Id., p. 500). Entre os Babilônios, acreditava-se em Inana, deusa-terra e deusa-mãe sumeriana, e Istar, deusa semítica dos combates e da estrela-da-manhã. No correr dos séculos, Istar adquiriu uma importância crescente para os povos babilônicos, fundindo-se nela outras divindades femininas: a Istar babilônica é transformada de deusa em rainha pela Bíblia, na figura de Ester. Em Cartago, Istar é Astart, a Grande Deusa, protetora da cidade. Entre os gregos, Astartéia, a deusa do amor (BRUNEL, p. 505-508). Entre as culturas meso-americanas, havia o mito de Coatlicue (“serpente de saia”), a deusa-mãe, também chamada coração-da-terra, mãe-dos-deuses, deusa da vegetação, das colheitas e da caça (Id., p. 176-7). Tanto entre os povos da América quanto entre os povos da África havia crenças diversas em deidades femininas, sejam como auxiliares ou rivais de deuses masculinos. Os padres que vieram catequizar esses povos e torná-los cristãos procuraram fazer uma correspondência entre esses cultos primitivos e as crenças da religião católica, dentre as quais a da Virgem Maria, a mãe de Deus e dos Homens. Havia um terreno fértil para a proliferação do culto à Virgem Maria, em todas as suas variações, e que se estendeu do México, com a Virgem de Guadalupe, ao Brasil, com Nossa Senhora da Penha, Aparecida, de Nazaré, dentre outras. .

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