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CARTA AO LEITOR
A Transição para uma Economia Sustentável
om tantas crises nos
Cúltimos anos – a pandemia de Covid-19, a invasão da Ucrânia pela Rússia, a tentativa de golpe do expresidente Donald Trump, inflação global –, nós paramos de prestar atenção às terríveis consequências do aquecimento global. Ou, talvez, como na história do sapo colocado numa panela de água para ser fervido lentamente, simplesmente aprendemos a viver com isso.
Nesta edição da Stanford Social
Innovation Review, trazemos o tema de volta para a pauta com o artigo “É Hora de Colocar o Setor de Combustíveis
Fósseis sob Cuidados Paliativos”, de
Andrew J. Hoffman e Douglas M. Ely, respectivamente professor e aluno de pósgraduação da Ross School of Business e
School for Environment and Sustainability, da University of Michigan.
É um artigo interessante porque analisa o aquecimento global como um problema corporativo cuja causa principal é a indústria de combustível fóssil. Um dos desafios que enfrentamos, sustentam os autores, é descobrir uma forma de acabar gradualmente com uma indústria tão ampla e fundamental sem provocar novos problemas sociais. Que tipo de problemas? O impacto que a perda de dezenas de milhões de empregos em todo o mundo causará nos trabalhadores e nas comunidades em que vivem é um deles. Ou ainda o peso que o fechamento de poços de petróleo e de jazidas de carvão terá na economia dos países que dependem sobremaneira da extração de combustíveis fósseis.
Ainda que o problema seja claro, nossa capacidade de gerir essa transição de maneira organizada será um desafio. Pense em como tem sido difícil para os Estados Unidos oferecer fontes confiáveis de energia nos últimos anos. A energia elétrica é uma das indústrias mais regulamentadas no país. Mesmo assim, todos os anos ocorrem mais e mais apagões, porque o investimento na melhoria da rede elétrica, antiga e frágil, não é suficiente. As usinas elétricas de combustível fóssil antigas permanecem sem que se promovam usinas elétricas sustentáveis de uma forma organizada.
E a eletricidade é apenas uma pequena parcela da indústria de combustíveis fósseis, também usados para aquecer nossas casas, escritórios e fábricas; alimentar nossos carros, caminhões e aviões; e que são um ingrediente essencial para a produção de fertilizantes, plásticos e produtos domésticos. A lista continua.
Às vezes, quando estou me sentindo pessimista, penso que, se não conseguimos sequer arrumar nosso sistema de energia, como vamos poder lidar com o encerramento das atividades de toda essa indústria? Porém, na maior parte do tempo, sou otimista. O artigo de Hoffman e Ely nos oferece um modo útil e até esperançoso de pensar a respeito de como pôr fim à indústria de combustível fóssil e sobre o papel que o mundo corporativo desempenhará nesse processo.
Como mostram os autores, essa transição nem sempre será benéfica para todas as empresas e outras partes da sociedade envolvidas. E não podemos depender apenas das forças do mercado para solucionar, por conta própria, esse problema. Se quisermos evitar as calamidades do aquecimento global, será preciso que organizações da sociedade civil e movimentos sociais fortes e atuantes, junto com Estado e empresas, promovam as mudanças necessárias.
ssir.com.br Publicação trimestral Volume 1 I número 2 I Dezembro 2022
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