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Marcus Edwards
ACADEMIA CRISTIANO RONALDO SINDICATO DOS JOGADORES DA SUÍÇA VISITA ACADEMIA CRISTIANO RONALDO
GRUPO DE 18 ATLETAS ACTUALMENTE SEM CLUBE PARTICIPOU NUM TORNEIO EM PORTUGAL E APROVEITOU A OCASIÃO PARA PASSAR UM DIA EM ALCOCHETE.
Texto: Pedro Ferreira Fotografia: Isabel Silva
O Sindicato dos Jogadores de Futebol da Suíça fez uma visita à Academia Cristiano Ronaldo, na última sexta-feira, aproveitando o facto de estar em Portugal para disputar o Ultimate Football Draft Tournament, torneio que juntou vários sindicatos de jogadores profissionais da Europa. Os helvéticos trouxeram até ao nosso país 18 dos 43 jogadores que integram o plantel, todos eles com o desejo de voltarem a jogar profissionalmente, sendo esta uma oportunidade única para se mostrarem. Para isso, vão realizar um estágio de cinco semanas em diferentes locais. Paulo Gomes, director da Academia, deu as boas-vindas ao grupo, que fez uma visita guiada ao quartel-general do futebol Leonino e teve a oportunidade de conhecer o Modelo Centrado no Jogador, tendo assistido também a uma palestra sobre a importância da nutrição no desporto. Para João Paiva, antigo jogador Leonino que é director-técnico e treinador no Sindicato dos Jogadores da Suíça há quatro anos, este foi um dia “especial”. “Foi especial porque os jogadores puderam ver onde cresci como jogador, e foi importante para que eles percebessem de onde vim e de onde vieram muitas das ideias que partilho com eles. Além disso, foi bom ver algumas pessoas que me ajudaram como jogador e homem, como o professor João Couto ou o Paulo Gomes. Foi bom voltar a um sítio onde fiz muitos golos”, começou por dizer o ex-avançado, que foi um dos primeiros a estrear a Academia, em 2002, ao lado de… Cristiano Ronaldo (ver caixa). Quanto ao estágio, João Paiva explicou que o objectivo passa por trabalhar “tal como qualquer clube profissional”. “Com isso, conseguimos criar condições para os atletas treinarem com qualidade e estabelecemos também contactos com equipas suíças para jogarmos e os jogadores mostrarem-se. (…) A viagem a Portugal é apenas uma parte do estágio, mas é importante pois traz os jogadores a outro mercado, que é o português. Eles estão livres, têm qualidade e estão treinados, estão prontos para entrar nas equipas”, frisou, acrescentando: “É uma situação difícil, mas temos casos de jogadores que estiveram neste estágio e na mesma temporada ainda foram ganhar troféus. O futebol é isto”, explicou, destacando a importância de conhecer a Academia. “Nem todos os jogadores actuaram em equipas de topo e nenhum deles foi formado numa academia de topo como esta. É importante perceberem o que se faz numa academia deste nível e verem o que os clubes de topo estão a fazer, até mesmo para os jogadores que já têm 29 ou 30 anos, pois mesmo esses podem aprender. Vir a um sítio onde se trabalha com a qualidade com que se trabalha na Academia é sempre muito importante para todos os atletas”, garantiu. Ivan Audino, futebolista de 30 anos que integra a equipa do Sindicato Suíço, não se mostrou surpreendido com as condições que encontrou em Alcochete. “Não fiquei surpreendido porque sabemos que o Sporting CP e Portugal têm feito um grande trabalho no futebol. Nos últimos anos saíram daqui muitos jogadores e é necessário boas infra-estruturas e uma boa filosofia para isso acontecer”, argumentou o médio, que está concentrado em “montar uma boa equipa”. “No final de contas não somos uma equipa, mas vamos sê-lo durante estas cinco semanas enquanto tentamos solucionar a nossa carreira. Viemos para dar o máximo e para vencer o torneio. Vamos focar-nos no que podemos fazer em campo e depois logo se vê o que acontece”.

A comitiva de 18 jogadores suíços posou para a fotografia
João Paiva viu a Academia nascer ao lado de Cristiano Ronaldo
Aos 39 anos, João Paiva regressou a uma casa que bem conhece. O antigo ponta-de-lança, que na carreira passou por emblemas como CS Marítimo e SC Espinho, Apollon Limassol e AEK Larnaca (Chipre) ou Grasshoppers e FC Dietikon (Suíça), fez boa parte da formação no Sporting CP e foi um dos jogadores que estrearam a Academia, em 2002, ao serviço da equipa B. Pelo meio, muitos momentos ficaram guardados, em especial os que passou com Cristiano Ronaldo. “Tive o prazer de jogar com ele na formação, apesar de eu ser dois anos mais velho, e apadrinhar um pouco o início da sua carreira profissional, até nas selecções jovens. Ganhámos juntos o Torneio de Toulon, em 2003, antes de ele partir para o Manchester United FC, e durante estes anos todos, enquanto estive fora do país, o Cristiano Ronaldo passou a ser uma bandeira não só de Portugal, mas também do Sporting CP e de todos os que se formaram neste Clube”, afirmou. “É um orgulho ter jogado com ele e, principalmente, ver a carreira que fez com muito sacrifício desde muito pequeno. Continua a fazer a sua caminhada, não só ele mas outros colegas e amigos como o Miguel Garcia ou o José Fonte, que conseguiram percursos melhores do que o meu. Fico feliz por ter partilhado momentos com eles, temos muito boas memórias juntos e ainda hoje formamos um bom grupo de amigos”, disse, fazendo também uma comparação com o presente. “Há 20 anos, quando vim para a Academia, o Sporting CP era diferente. Também formava muitos bons jogadores, mas agora tornou-se um Clube que quer realmente apostar nos jovens. Antes era muito mais difícil chegar à primeira equipa, mas isso mudou com um grande amigo que é o Hugo Viana e com a escolha do Rúben Amorim para treinador. É importante ter essa coragem e por isso é que agora há mais jovens. É bom ver que podem realmente triunfar na equipa A”.