SPN info nº 51

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Mito 6. Os professores não querem saber dos alunos Este capítulo é dedicado aos educadores de infância e professores que marcam os alunos de forma negativa para a vida inteira, através da agressão física, psicológica e, mais raramente, sexual. São muitos os casos de humilhações a alunos, por vezes divulgados nos órgãos de comunicação social; mas não há números sobre as queixas contra os docentes. Há casos em que os pais se queixam de os professores ignorarem o que se passa fora das aulas, mesmo quando existem casos de bullying. Multiplica-se, em determinadas áreas geográficas, o uso de violência verbal, psicológica ou física, de maneira persistente e continuada, quer na sala de aula, quer fora. E os casos de ciberbullying, a agressão e difamação através da internet, são mais frequentes do que seria imaginável. Os exemplos são amplamente noticiados em horário nobre. E também neste campo, não raramente, a resolução dos problemas arrasta-se e não são tomadas medidas eficazes contra os autores das agressões.

28 vemos, ouvimos e lemos

Mito 7. Os professores faltam quando querem Embora seja inevitável e os números avançados pelo ministério se revelem enormes, a falta tem sempre uma repercussão maior no ensino do que em qualquer outra profissão, como testemunha uma docente: “se faltar durante um dia, são 180 alunos que não tiveram aula. Se cada um chegar a casa e disser aos pais, são 360 pessoas que ficam a saber e que dizem que a professora faltou”. As faltas estão, contudo, muito reguladas. E apesar de terem direito a um número reduzido de faltas (que ninguém gosta de dar, por se repercutirem no gozo das férias, na avaliação de desempenho e na progressão da carreira), há casos em que os professores têm de repor todas as aulas que não deram, caso dos cursos CEF e EFA. A assiduidade levada ao extremo veio, entretanto, criar situações muito complicadas em professores com doenças graves e em estado de saúde crítico, que, vendo recusada a reforma e tendo esgotado o período de atestado médico, se viram forçados a “dar aulas” em situações deploráveis. Os encarregados de educação parecem, contudo, agradados com esta medida.

Mito 8. Os professores não sabem educar Manter a disciplina na sala de aula não é tarefa fácil e prejudica o cumprimento dos programas. Ultimamente, tem vindo a assistir-se a uma onda de violência por parte de pais e encarregados de educação que não se coíbem de agredir os professores até dentro da sala de aula. Quem são estes rapazes e raparigas que batem nos professores, que lhes chamam nomes ou os agridem? “Para os professores, estes são alunos sem regras que chegam à escola sem saber o essencial, que os adultos devem ser respeitados, que as ordens são para obedecer e não para contestar. Frequentemente ouve-se um professor dizer: «eu não sou o teu pai ou a tua mãe»; «julgas que estás em casa?». Como quem diz, «se os teus pais te permitem falar assim com eles, na escola não podes fazê-lo». E os estudantes, pouco habituados à disciplina, têm dificuldade em respeitar os professores”. Todos se lembram do caso amplamente divulgado sobre a questão do telemóvel que uma docente quis tirar a uma aluna numa escola do Porto ou do professor de música que, de personalidade algo reservada e não aguentando continuar a ser alvo de chacota, pôs termo à vida na Ponte 25 de Abril. As estatísticas apontam para mais de uma agressão por dia. Mas há muitos casos que não são denunciados, por vergonha ou medo de represálias. Há docentes que acham que não vale a pena fazer queixas, devido à fatídica morosidade dos processos e por acabar por nada acontecer, dado que muitos dos agressores são muito jovens.

spninformação 03.2012


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