XX. Pureza, 17h59
(Praça Buenos Aires, na avenida Angélica. Mané veste uniforme de padeiro.)
MANÉ
(Entre inconformado e fascinado.) Você apagou o cara?
PARDAL
Por ela.
MANÉ
Mas era mano seu!
PARDAL
Você precisava estar lá. Foi doideira demais.
MANÉ
Sou mais simples que isso, mermão! Pra mim, basta ir pegar a Nair,
dar uma volta, levar ela em casa e depois comprar uma puta. Não tá bom demais? PARDAL
Você gosta da Nair?
MANÉ
Eu sei lá! Devo gostar. Nair é pra casamento, é diferente... Não é de
gostar... PARDAL
Eu tô apaixonado pela Nina.
MANÉ
Complicação, rapaz. Essas meninas aí são pra outra hora. Uma é de
namorar, outra é de foder. PARDAL
Você não fode com a Nair?
MANÉ
Que é isso, meu? Ó o respeito. (Indignado.) Ninguém fode com a
Nair. Crente, virgem... Só pro dia do casamento. PARDAL
Ela não faz nada? Nem...
MANÉ
Passa a mão, bate punheta... Se não é dia de culto até faz uma
chupetinha atrás de um poste que eu queimei a lâmpada lá da zona leste. Mas é pura... Pura, viu? Pra casar de branco, feito cocaína.
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