JoaoBatistaDeAndrade_MariaDoRosarioCaetano

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por exemplo o crítico da revista da Embrafilme, o de que eu mostrava um general bonzinho, o que, diz ele, “não condiz nem com a história do JBA nem com a minha”. Para se ver a que nível pode baixar a “crítica” (que aliás era de uma revista de divulgação, produzida pela distribuidor do filme!). O general “bonzinho” é o Gui que, vendo-se à beira da morte, se deixa envolver pela sua memória, repassando o longo processo de apodrecimento, de corrupção, que consumiu sua própria história. Para esse tipo de crítica, a revisão crítica de uma vida só vale quando é feita pela esquerda ou, quem sabe, por personagens que o crítico aprova. 344

Quem sabe se eu tivesse pedido sugestão a ele, antes de filmar... O outro suposto pecado foi não ter feito do filme um épico centrado no Cavaleiro da Esperança e ter, pelo contrário, justamente mergulhado num filme de crise. A polêmica era incomodatícia, como sempre. Mas era inevitável. A primeira exibição do filme se deu em Fortaleza, no Festival, em 87. Como acontecia sempre, dividiu as opiniões. E assim foi sua carreira por todo o país, dividindo a própria crítica. No Rio, uma crítica elogiosa no JB, outra ruim em O Globo.


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