FomeDeBola_LuizZaninOricchio

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passavam muito longe da gente. Quase ninguém ia a estádio. Muitos porque eram pobres. Outros, meu caso, porque o pai não ligava a mínima para futebol. Por isso ia ao estádio raramente. Uma ida ao Parque Antártica, por exemplo, equivalia a longa viagem. Tomava-se um bonde em Santana que nos deixava no Largo São Bento, de onde era preciso caminhar até a Praça do Correio e pegar outro bonde que ia até a Francisco Matarazzo. Não sei se você lembra da velocidade dos bondes... A coisa durava umas duas horas. Na adolescência freqüentei mais os estádios Parque Antártica e Pacaembu. Íamos geralmente em turma, mas não necessariamente membros de uma mesma torcida. Era mais o passatempo. Cheguei a ver jogos do Corinthians com um bando de corinthianos amigos – que Deus me perdoe! Hoje vou pouco a estádios, embora continue palmeirense, ai de mim! Há várias teorias a respeito da popularidade do futebol no Brasil. Qual é a sua? Acho que a popularidade do futebol no Brasil vem do fato que todo mundo jogava bola. Só isso. Era o divertimento popular por excelência. Havia campinhos e campos de várzea por toda parte e, se você jogava, passava automaticamente a apreciar o jogo. A diferença entre nós e jogadores profissionais é que eles faziam o que a gente não conseguia fazer. Daí surgia a admiração. Todo o mundo sabia como era difícil. Há também o fato que de repente o Brasil começou a vencer, a se impor como potência no futebol mundial. Daí a

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