Eweron de Castro

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O produtor tinha dito que não mandaria nem mesmo mais um metro. Daí o Alfredinho reuniu o elenco e explicou a situação e disse que faria a última seqüência num plano só e que ninguém podia errar, porque não seria possível fazer duas tomadas com a quantidade reduzida de negativo que tínhamos à nossa disposição. Então ele marcou a cena, tudo direitinho, e ensaiou várias vezes. Descoberto o fato de o personagem do Adriano Reis estar apaixonado pela personagem da Norma Bengell, eu e a Lola Brah (já falecida, era russa, ou ucraniana, e tinha­um sotaque inesquecível!!), nos sentíamos traídos. Então eu dava um tiro nele. Lola, que era apaixonada por ele, me dava um tiro e eu matava Lola antes de morrer. Está dando para entender? Tudo isso num único plano! O chamado planoseqüência. Outro detalhe: quando eu levava o tiro, estourava uma camisinha cheia de sangue, posicionada no peito embaixo da camisa branca de gola rolê. Naquela época ainda não se usava o tiro detonado a distância, muito mais convincente, forma como já morri tantas vezes em outros filmes e novelas. Tudo pronto e ensaiado, o Alfredinho deu início à filmagem. – Câmera! Ação.

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Começamos a filmar. Tudo ia bem até que ouvi o Alfredinho xingando e vi a Norma e o Adriano, fora de cena, morrendo de rir. Mesmo assim

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